O documento discute os desafios da fluência tecnológica e literacia digital entre crianças e jovens online, incluindo os riscos e benefícios educacionais de suas apropriações autônomas da tecnologia. Defende que é importante entender o que procuram e aprendem online, em vez de apenas monitorar seu acesso. Também destaca a necessidade de promover estratégias que garantam uma literacia digital efetiva, envolvendo diversos atores sociais.
1. Fluência tecnologia ou literacia digital
Estas e outrasquestõesestãoemcimada mesae necessitamde umconhecimentobastante
maisconsistente sobre oque efetivamenteascriançase os jovensfazemquandoentãoonline.
Em causa esta nãosó o modocomo estãoem risco,mastambéma validade educacional ou
lúdicadasapropriaçõesque autonomamente têmmoldado,sendoque oscruzamentose
influênciasreciprocasentre conhecimentoe economiasãoigualmente incontornáveis.Trata-
se sobretudode encontrarum equilíbriosaudávelentre benefíciose malefícios.Emais
importante doque sabercomo,quandoe com que frequênciaacedemosmaisjovensaweb,
parece serpercebero que procurame porquê,oque aprendem, que conceções
desenvolveramsobre osperigosque issocomportae comoreagemas nossassituações.Além
das questõesde acessoe preferências,importatambémsaberasimplicaçõesdestesusosdas
novastecnologiasnaconstruçãode identidades,naregulaçãode conflitos,naformaçãode
valores,noconceitode grupoe respetivasrepercussões.Járeferimosigualmentea
necessidadede atenderaidentificaçãodascompetênciasoucapacidadesexigidaspela
sociedade de conhecimento,ouseja,garantira promoçãode uma efetivaliteraciadigital.
Neste complexomapade desafios,que aqui tentamossintetizar,masque,comosabemos,se
renovarápidae continuamente,descobrirestratégiasque nosencaminhemnadireçãocerta
não cabe,estão,apenasàs ciênciasdaEducação, mas tambémà Psicologia,àSociologia,à
Comunicação,entre outras.Encontrarum equilíbrionesteenredopressupõe,assim, a
intervençãode váriosatoressociais:educadores,paislegisladores,fornecedoresde serviços,
produtoresde conteúdos,indústriae comunicaçãosocial.Emesmonãoretirando
responsabilidadesaestesintervenientes,estamosconvictosde qualquercaminhoimplicará
uma grande dose de autorregulação,tantonoque respeitaaoaproveitamentode
oportunidadescomoàgestãodo risco.
Terminamos citandonovamentePapert.Maisimportante doque ensinaraosalunasa utilizaro
processadorde textoe a pesquizanainternet,dizoautorque a escoladeveriaapostarnuma
preparaçãomaisampla, fomentando acriação consciênciacriticae habilitando osalunosa
resolversozinhos osproblemas,inclusiveasdificuldadestécnicas.Oautorfalade uma
“fluênciatecnologia”,valorizandoaface a noçãomais tradicional de literacia,enquanto
aquisiçãode conhecimentos descontextualizados(1997:56).A internetjáfornece informação
vasta que nosajuda a transpormuitosdestesobstáculos,algunsdosquais,comosviros,
propagadospor elaprópria.Verifica-se,nestase outrasáreasde conhecimento,umacultura
de partilhae,pelomenosnestadimensãomaistécnica,parece-nosefetivamente estarjá
alargada a aprendizagemportentativaerro.RecordemosnovamenteosdadosdoINE que
apontavamentre as camadasetáriasmaisbaixas,para uma pré-disposiçãoparaaauto-
aprendizagem, em detrimentofrequênciade açõesde formação(2007). Refira-se que estamos
conscientesque estaafirmaçõessãodemasiadoligeirasface aossériosdesafiosque encerram
e sabemosque se referemaamadae odiadafilosofiaconstrutivistadoensino.Contudo,e
apesardo objetivonãosero de tomar partidodeste amplodebate,nãoqueremosdeixarde
reconheceraimportânciae avalidade daautoaprendizagem, especialmente porque nos
situamosnocomplexoemque progressoé,parao beme para o mal,perturbadoramente
veloz.
2. Neste quadroaindabastante obscuro,parece-nos,emsuma,que tantoao nível daprevenção
ou reaçãoface ao perigo,comono que dizrespeitoaodesenvolvimentodasoportunidades
abertaspelautilizaçãodasnovastecnologias,nãosódesconhecemosomelhorrumoaseguir,
como aindanão ultrapassamosumpatamar inferior:ode definire demarcarbemo problema.