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Primeiro Tema: O AMOR CONJUGAL
T e x t o s d e inspiração: " O a m o r é f o r t e
c o m o a m o r t e . O a m o r h u m a n o é u m a
faísca d o a m o r d e Javé" ( C t 8 , 6 ) .
" A m a i - v o s u n s aos outros, assim c o m o
e u v o s a m e i . Ninguém t e m m a i o r a m o r d o
q u e aquele q u e dá a v i d a p o r seus a m i g o s "
(Jo 15,12). " T u d o o q u e quereis q u e o s h o -
m e n s v o s façam, fazei-o vós a eles" ( M t 7,12).
Comissão N a c i o n a l d a P a s t o r a l F a m i l i a r
1 . O S e n t i m e n t o
O casal p a l e s t r a n t e começa c o n t a n d o c o m o f o i q u e se c o n h e c e r a m o u
se e n c o n t r a r a m p e l a p r i m e i r a v e z e c o m o p e r c e b e r a m q u e s e n t i a m a l g o
especial u m p e l o o u t r o . C a d a u m descreve c o m o e r a e c o n t a m u m f a t o
o c o r r i d o q u e d e m o n s t r e a i n t e n s i d a d e desse s e n t i m e n t o .
R e c o r d a r u m a frase d o " P o e m a d a F i d e l i d a d e " , d e Vinícius d e M o r a e s :
"...Eu possa dizer do amor que tive
que não seja imortal, posto que é chama
mas que seja infinito enquanto dure".
E m geral, o c o n c e i t o e m o d e l o d e a m o r q u e s e t e m e m nossos dias é
este: " i n f i n i t o e n q u a n t o d u r e " . Será q u e a m o r e paixão s i g n i f i c a m a m e s m a
coisa? Q u a n t a s vezes a g e n t e vê, n a s n o v e l a s o u n a v i d a r e a l , a s p e s s o a s
d i z e r e m q u e f a r i a m q u a l q u e r coisa p o r u m g r a n d e a m o r , e q u e isso justifica
t u d o . M a s s e f o r m o s b e m a f u n d o , v e r e m o s q u e h o j e , g e r a l m e n t e , trata-se
m a i s d e u m a paixão egoísta e p r a z e r o s a d o q u e d e v e r d a d e i r o a m o r .
A p e s s o a h u m a n a é c o r p o e espírito, c o m s u a s manifestações diversas,
c o m o a constituição física, o s i m p u l s o s (instintos), o t e m p e r a m e n t o , a inteli-
gência, a v o n t a d e e a l i b e r d a d e . O s s e n t i d o s e o s i m p u l s o s são " m a n e i r a s "
q u e o c o r p o t e m p a r a reagir d i a n t e d o s fatos e a c o n t e c i m e n t o s . Eles a l e r t a m
s o b r e a l g u m a providência a ser t o m a d a , m a s é a razão e a inteligência q u e
a j u d a m a v o n t a d e a t o m a r u m a decisão livre c consciente. O s i n s t i n t o s
são energias e i m p u l s o s a s e r e m c a n a l i z a d o s e s u b l i m a d o s . Eles p o d e m ,
f r e q u e n t e m e n t e , n o s e n g a n a r o u iludir q u a n t o a o q u e é b o m o u m e l h o r
p a r a nós, p e s s o a s h u m a n a s .
( C o n t a r u m f a t o q u e t e n h a a c o n t e c i d o c o m o casal, o q u a l , a o agir
s e m pensar, t e n h a c a u s a d o u m a confusão, m a l - e s t a r o u d a n o ) .
P o r m e i o d o s sentidos, o c o r p o capta o q u e v e m d e f o r a . A m e n s a g e m
q u e eles t r a z e m d e v e ser i n t e r p r e t a d a p e l a inteligência, seja ela e m o c i o n a l
o u r a c i o n a l . Daí s e p o d e m e n c o n t r a r critérios p a r a a s decisões e ações.
O s s e n t i m e n t o s p o d e m n o s l e v a r a t e r b o a s a t i t u d e s : s e n s i b i l i z a m o - n o s
c o m o s o f r i m e n t o d e alguém, e g o s t a m o s d e ajudá-lo. O s e n t i m e n t o , e m
si, não é e r r a d o n e m certo. A s a t i t u d e s q u e t o m a m o s e m resposta a eles
é q u e p o d e m s e r b o a s o u não p a r a nós. O s s e n t i m e n t o s p o d e m também
ser i n d u z i d o s e , c o m isso, n o s e n g a n a r m o s n a s e s c o l h a s q u e f a z e m o s . E
o q u e a c o n t e c e , c o m m u i t a evidência, n a s p r o p a g a n d a s d e T V : o c i g a r r o
e a b e b i d a são a s s o c i a d o s a esportes, m a s s a b e m o s q u e q u e m o s p r a t i c a
não f u m a n e m b e b e , o u não t e r i a o d e s e m p e n h o q u e t e m .
2. A Decisão de A m a r
M u i t a g e n t e c o n f u n d e gostar c o m a m a r . P o r quê? P o r q u e é m u i t o m a i s
fácil a m a r a q u e l a s p e s s o a s d e q u e m g o s t a m o s , a s q u e n o s são simpáticas.
3 7
Amar, no sentido cristão, significa "querer o bem". D i s c e r n i r u m a
coisa d a o u t r a (gostar e a m a r ) é i m p o r t a n t e p a r a q u e c o m p r e e n d a m o s a
m e n s a g e m d e Jesus: " A m a r a D e u s s o b r e t o d a s a s coisas e a m a r a o próxi-
m o c o m o a nós m e s m o s e c o m o E l e n o s a m o u " . S e " m i s t u r a r m o s " a m a r
c o m gostar, fica m u i t o m a i s difícil. C o m o gostar d e q u e m n o s faz m a l , se
esse alguém p r o v o c a e m nós reações e s e n t i m e n t o s contrários a o a m o r ? O
n o s s o s e n t i m e n t o reage d e a c o r d o c o m estímulos e x t e r n o s . N o r m a l m e n t e
não c o n s e g u i m o s u m domínio d o cérebro sobre os sentidos p a r a não sentir-
m o s . M a s o espírito p o d e s u p e r a r esses s e n t i m e n t o s e a m a r , q u e r e r o b e m ,
t o m a r a t i t u d e s p o s i t i v a s e m relação a o o u t r o . Isso d e p e n d e d e u m a decisão
íntima, pessoal. P o r t a n t o , amar é uma decisão consciente e livre.
S e g u n d o Jesus, a m e d i d a d o cristão é a m a r até o s i n i m i g o s . Isso não
significa, porém, q u e n a decisão p e l o matrimónio n o s c a s e m o s c o m q u e m
n o s d e s a g r a d e o u c o m q u e m t e m o s d i f i c u l d a d e s d e r e l a c i o n a m e n t o s . P o -
d e m o s escolher a p e s s o a q u e m a i s n o s a t r a i , c o m q u e m t e m o s a confiança
d e c o n s t r u i r j u n t o s u m a v i d a n o v a , d e estabelecer u m a a m o r o s a parceria,
d e c o m p a r t i l h a r t u d o o q u e s o m o s e t e m o s , n u m a v i d a d e mútua e íntima
doação pessoal. É u m a escolha pessoal, livre, q u e d e v e a g r a d a r nossos sen-
tidos, n o s s o coração, n o s s a razão, d e a c o r d o c o m n o s s a fé e nossos ideais.
I n f e l i z m e n t e , às vezes os n o i v o s t o m a m essa decisão m o v i d o s a p e n a s p e l o
"gostar", n a p r o c u r a d o " p r a z e r " . N u m a relação mútua, isso p o d e c a u s a r
d a n o s a o u t r a p e s s o a q u e , não s e s e n t i n d o a m a d a , m a s a p e n a s u s a d a ,
retira-se, reserva-se, e o r e l a c i o n a m e n t o recíproco t o r n a - s e desagradável
e até c o n f l i t i v o . Isso d e i x a a m b o s insatisfeitos. E p o d e levá-los até a u m
fracasso m a t r i m o n i a l .
A decisão d e a m a r faz c o m q u e t o m e m o s atitudes q u e a g r a d a m a o
o u t r o , m e s m o n o s m o m e n t o s e m q u e isso n o s custa. A o a m o r t u d o é p o s -
sível. A o u t r a p e s s o a , a o s e sentir a m a d a , retribui, t o r n a - s e c a d a vez m a i s
agradável, fortalece o s e n t i m e n t o . Isso t o r n a m a i s fácil, p a r a c a d a u m a
decisão d e a m a r . A regra d e o u r o d o c a s a m e n t o é esta: " O que quer para
você, faça-o ao outro; o que não quer para você, não o faça ao outro''
( O casal p o d e c o n t a r a q u i u m c a s o q u e d e m o n s t r e u m m o m e n t o e m q u e
p e r c e b e u a decisão d e a m a r d o s e u cônjuge).
3. Os C o m p o n e n t e s do A m o r C o n j u g a l
O a m o r p o s s u i m u i t a s dimensões e tipos: a m o r f r a t e r n o , p a t e r n o e
m a t e r n o , filial etc.
D e n t r e t o d a s a s f o r m a s d e a m o r h u m a n o , sobressai o a m o r c o n j u g a l .
É o m a i s i n t e n s o q u e existe, e m nível h u m a n o , p o i s e n v o l v e o coração e a
razão, s e n t i m e n t o s e emoções, c o r p o e a l m a . D e u s o " t o m a e m p r e s t a d o "
p a r a r e v e l a r a i n t e n s i d a d e p r o f u n d a d o s e u a m o r . Além disso, d o mistério
d a relação e d a v i d a c o n j u g a l b r o t a m a s o u t r a s f o r m a s possíveis d e c o m u -
nhão interpessoal, t a n t o n o âmbito f a m i l i a r , q u a n t o n o social e eclesial.
N a Bíblia i n t e i r a D e u s se c o m p a r a c o m o E s p o s o q u e a m a i n t e n s a -
m e n t e o s e u p o v o , c o n s i d e r a d o c o m o s u a e s p o s a .
D e u s c r i o u o h o m e m e a m u l h e r p o r a m o r e p a r a a m a r . E l e m e s m o ,
e m s u a v i d a d i v i n a , é comunhão d e v i d a , d e a m o r , d e r e l a c i o n a m e n t o s .
" D e u s é a m o r e v i v e e m si m e s m o u m mistério d e comunhão pessoal d e
a m o r . D e u s inscreve n a h u m a n i d a d e d o h o m e m e d a m u l h e r a vocação
e, a s s i m , a c a p a c i d a d e e a r e s p o n s a b i l i d a d e d o a m o r e d a comunhão. A
s e x u a l i d a d e , m e d i a n t e a q u a l o h o m e m e a m u l h e r se d o a m u m a o o u t r o
c o m atos próprios e exclusivos d o s esposos, não é, e m a b s o l u t o , a l g o p u -
r a m e n t e biológico, m a s diz respeito a o núcleo íntimo d a p e s s o a h u m a n a
c o m o tal."i5
Há intensidades diferentes n a m a n e i r a d e a m a r , e s p e c i a l m e n t e n o a m o r
c o n j u g a l . P o d e m o s d i s t i n g u i r o amor: eros (= prazer), filo (=amizade) e
ágape (=caridade cristã).
• "Eros" é o a m o r "paixão"; faz p a r t e d o a m o r h u m a n o . A t i n g e o
a s p e c t o físico e p s i c o - c o r p o r a l , a b u s c a d a complementação, d a
atração p r a z e r o s a q u e o o u t r o p r o p o r c i o n a . Está m a i s n a esfera d o
gostar, das carícias, d o prazer sensível. Isso é a l g o belo, e t o r n a o
r e l a c i o n a m e n t o d e l i c a d o e agradável.
• "Filo" é o a m o r d e a m i z a d e . E n v o l v e o mútuo interesse, a c o m p l e -
mentação recíproca, o c o m p a n h e r i s m o , a parceria, o e n r i q u e c i m e n t o
d e a m b o s . E x p r e s s a a felicidade, a alegria d o v i v e r u m c o m o o u t r o
e p a r a o o u t r o ; o dar-se b e m n a mútua convivência. M a s o próprio
" e u " a i n d a o c u p a a q u i , u m l u g a r c e n t r a l e m relação a o " t u " .
• "Ágape" é o a m o r - c a r i d a d e , s o b r e n a t u r a l . I n c l u i a doação total, até
a o p o n t o d e d a r a v i d a . E o a m o r cristão, a s s i m c o m o nô-lo p r e v i -
v e u Cristo, p r o n t o e c a p a z d e d o a r t u d o , a própria v i d a , a doar-se
p l e n a m e n t e p e l a c a u s a d o o u t r o , p e l o R e i n o .
A beleza d o a m o r c o n j u g a l é u m m a r i m e n s o , f o r m a d o p o r esses três
" r i o s " .
S e h o u v e r s o m e n t e "eros", o a m o r c o n j u g a l não s o b r e v i v e , p o i s a m e r a
atração física t e n d e a d i m i n u i r c o m o t e m p o , e a convivência a m e n i z a a
i n t e n s i d a d e d a paixão. Q u a n d o n o s a p a i x o n a m o s , p r o j e t a m o s n o o u t r o
nossas fantasias e altas expectativas. M a s o coração h u m a n o está s e m p r e
insatisfeito. A n o s s a n a t u r e z a t e n d e a se encantar, p o i s isso facilita a v i d a
a f e t i v a . P o d e acontecer, porém, q u e c o m o t e m p o , a convivência diária
revele o l a d o m e n o s p e r f e i t o d o o u t r o cônjuge. Daí e n t r a m o s n u m a fase d e
desilusão, d e crise. Q u e m não estiver consciente disso, a c h a q u e "o a m o r
a c a b o u " o u " q u e não e r a a m o r " , e é até t e n t a d o a p r o j e t a r suas e x p e c -
15 "Familiaris Consortio", N°. 11
tativas e m o u t r a p e s s o a . Porém, s a b e m o s q u e a p e s s o a só v a i e n c o n t r a r
a satisfação p l e n a d o coração e m D e u s , n a e t e r n i d a d e . " O D e u s , t u n o s
criaste p a r a t i , e i n q u i e t o estará o n o s s o coração e n q u a n t o não r e p o u s a r
e m t i " ( S a n t o A g o s t i n h o ) .
A dimensão d o a m o r "///os" já i n c l u i e l e m e n t o s m a i s d u r a d o u r o s , e m -
b o r a p o s s a também ser m o v i d o p e l o m e u interesse e m relação a o o u t r o ,
q u e m e faz b e m e s p i r i t u a l m e n t e e m e traz realização. E u m a v i a d e mão
única. Não m e p r e o c u p o m u i t o c o m o q u e o o u t r o r e a l m e n t e necessita, o u
c o m o q u e e u p o d e r i a fazer p a r a c o l a b o r a r c o m u m a m a i o r r i q u e z a dele
c o m o p e s s o a . P o d e h a v e r até p o u c a preocupação pelas n e c e s s i d a d e s m a i s
p r o f u n d a s d o o u t r o e são e s q u e c i d a s a s expressões c a r i n h o s a s e t e r n a s d o
a m o r erótico, q u e t o r n a m a s relações c a r i n h o s a s e delicadas. S e m isso, a
p e s s o a a m a d a p o d e sentir-se d e s c o n s i d e r a d a , e corre o risco d e b u s c a r
m e l h o r r e c i p r o c i d a d e o u b e m - e s t a r f o r a d o lar.
O a m o r "ágape" é o amor-doação; t a n t o s e d o a q u e s e e s q u e c e até
d e si m e s m o . Porém, não p o d e h a v e r s o m e n t e essa dimensão d e a m o r n a
relação c o n j u g a l , p o i s também essa é u m a v i a d e mão única. T o d o relacio-
n a m e n t o c o n j u g a l é recíproco, u m necessita d o o u t r o . R e q u e r o c u l t i v o d a
t e r n u r a , d o c a r i n h o , d a compreensão mútua, d o diálogo a m o r o s o . E x i g e
a complementação física e psicológica, não a p e n a s a e s p i r i t u a l . P o r isso,
d u a s p e s s o a s não s e p o d e m casar p o r c a r i d a d e . T o d o s nós t e m o s neces-
sidades a s e r e m satisfeitas. M e s m o q u e b u s q u e m o s a felicidade d o o u t r o ,
i n c o n s c i e n t e m e n t e e s p e r a m o s também q u e ele se p r e o c u p e c o m a nossa.
4. Conclusão
É b e l o e feliz o p r o j e t o d e D e u s - C r i a d o r p a r a a pessoa h u m a n a . C r i a d o s
p a r a v i v e r e m n a " u n i d a d e dos dois", o h o m e m e a m u l h e r são c h a m a d o s ,
desde o início d a criação, não só a e x i s t i r e m " u m a o l a d o d o o u t r o " , o u
" j u n t o s " , m a s também a existirem reciprocamente: " u m p a r a o o u t r o " .
H u m a n i d a d e significa c h a m a d a à comunhão, aos r e l a c i o n a m e n t o s d e a m o r
interpessoal. O l i v r o d o Génesis, (2, 1 8 - 2 4 ) indica q u e o matrimónio é a pri-
m e i r a e, n u m certo sentido, a f u n d a m e n t a l dimensão dessa c h a m a d a " . S u a s
características são d e u m a m o r p l e n a m e n t e h u m a n o , total, fiel e exclusivo,
f e c u n d o . "
E b o m frisar, porém, q u e a o l o n g o deste t e m a não s e está p r o p o n d o
u m a e s c o l h a a p e n a s r a c i o n a l d o f u t u r o cônjuge, m a s q u e é i m p o r t a n t e
usar a razão nesta h o r a . O a m o r c o n j u g a l e n v o l v e vários aspectos, e t o d o s
d e v e m ser l e v a d o s e m c o n t a , p a r a q u e ele d e s a b r o c h e n a beleza d a s u a
s i m p l i c i d a d e e p l e n i t u d e .
16 A Dignidade e a Vocação da Mulher, N°. 7.
17 "Humanae Vitae", N°. 9.
C o n c l u i r c o m a frase: "Não é bom que o homem esteja só. Dar-
Ihe-ei uma auxiliar (companheira) que lhe seja semelhante" (Gên
2,18).

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  • 1. Primeiro Tema: O AMOR CONJUGAL T e x t o s d e inspiração: " O a m o r é f o r t e c o m o a m o r t e . O a m o r h u m a n o é u m a faísca d o a m o r d e Javé" ( C t 8 , 6 ) . " A m a i - v o s u n s aos outros, assim c o m o e u v o s a m e i . Ninguém t e m m a i o r a m o r d o q u e aquele q u e dá a v i d a p o r seus a m i g o s " (Jo 15,12). " T u d o o q u e quereis q u e o s h o - m e n s v o s façam, fazei-o vós a eles" ( M t 7,12). Comissão N a c i o n a l d a P a s t o r a l F a m i l i a r 1 . O S e n t i m e n t o O casal p a l e s t r a n t e começa c o n t a n d o c o m o f o i q u e se c o n h e c e r a m o u se e n c o n t r a r a m p e l a p r i m e i r a v e z e c o m o p e r c e b e r a m q u e s e n t i a m a l g o especial u m p e l o o u t r o . C a d a u m descreve c o m o e r a e c o n t a m u m f a t o o c o r r i d o q u e d e m o n s t r e a i n t e n s i d a d e desse s e n t i m e n t o . R e c o r d a r u m a frase d o " P o e m a d a F i d e l i d a d e " , d e Vinícius d e M o r a e s : "...Eu possa dizer do amor que tive que não seja imortal, posto que é chama mas que seja infinito enquanto dure". E m geral, o c o n c e i t o e m o d e l o d e a m o r q u e s e t e m e m nossos dias é este: " i n f i n i t o e n q u a n t o d u r e " . Será q u e a m o r e paixão s i g n i f i c a m a m e s m a coisa? Q u a n t a s vezes a g e n t e vê, n a s n o v e l a s o u n a v i d a r e a l , a s p e s s o a s d i z e r e m q u e f a r i a m q u a l q u e r coisa p o r u m g r a n d e a m o r , e q u e isso justifica t u d o . M a s s e f o r m o s b e m a f u n d o , v e r e m o s q u e h o j e , g e r a l m e n t e , trata-se m a i s d e u m a paixão egoísta e p r a z e r o s a d o q u e d e v e r d a d e i r o a m o r . A p e s s o a h u m a n a é c o r p o e espírito, c o m s u a s manifestações diversas, c o m o a constituição física, o s i m p u l s o s (instintos), o t e m p e r a m e n t o , a inteli- gência, a v o n t a d e e a l i b e r d a d e . O s s e n t i d o s e o s i m p u l s o s são " m a n e i r a s " q u e o c o r p o t e m p a r a reagir d i a n t e d o s fatos e a c o n t e c i m e n t o s . Eles a l e r t a m s o b r e a l g u m a providência a ser t o m a d a , m a s é a razão e a inteligência q u e a j u d a m a v o n t a d e a t o m a r u m a decisão livre c consciente. O s i n s t i n t o s são energias e i m p u l s o s a s e r e m c a n a l i z a d o s e s u b l i m a d o s . Eles p o d e m , f r e q u e n t e m e n t e , n o s e n g a n a r o u iludir q u a n t o a o q u e é b o m o u m e l h o r p a r a nós, p e s s o a s h u m a n a s . ( C o n t a r u m f a t o q u e t e n h a a c o n t e c i d o c o m o casal, o q u a l , a o agir s e m pensar, t e n h a c a u s a d o u m a confusão, m a l - e s t a r o u d a n o ) . P o r m e i o d o s sentidos, o c o r p o capta o q u e v e m d e f o r a . A m e n s a g e m q u e eles t r a z e m d e v e ser i n t e r p r e t a d a p e l a inteligência, seja ela e m o c i o n a l o u r a c i o n a l . Daí s e p o d e m e n c o n t r a r critérios p a r a a s decisões e ações. O s s e n t i m e n t o s p o d e m n o s l e v a r a t e r b o a s a t i t u d e s : s e n s i b i l i z a m o - n o s c o m o s o f r i m e n t o d e alguém, e g o s t a m o s d e ajudá-lo. O s e n t i m e n t o , e m si, não é e r r a d o n e m certo. A s a t i t u d e s q u e t o m a m o s e m resposta a eles é q u e p o d e m s e r b o a s o u não p a r a nós. O s s e n t i m e n t o s p o d e m também ser i n d u z i d o s e , c o m isso, n o s e n g a n a r m o s n a s e s c o l h a s q u e f a z e m o s . E o q u e a c o n t e c e , c o m m u i t a evidência, n a s p r o p a g a n d a s d e T V : o c i g a r r o e a b e b i d a são a s s o c i a d o s a esportes, m a s s a b e m o s q u e q u e m o s p r a t i c a não f u m a n e m b e b e , o u não t e r i a o d e s e m p e n h o q u e t e m . 2. A Decisão de A m a r M u i t a g e n t e c o n f u n d e gostar c o m a m a r . P o r quê? P o r q u e é m u i t o m a i s fácil a m a r a q u e l a s p e s s o a s d e q u e m g o s t a m o s , a s q u e n o s são simpáticas. 3 7
  • 2. Amar, no sentido cristão, significa "querer o bem". D i s c e r n i r u m a coisa d a o u t r a (gostar e a m a r ) é i m p o r t a n t e p a r a q u e c o m p r e e n d a m o s a m e n s a g e m d e Jesus: " A m a r a D e u s s o b r e t o d a s a s coisas e a m a r a o próxi- m o c o m o a nós m e s m o s e c o m o E l e n o s a m o u " . S e " m i s t u r a r m o s " a m a r c o m gostar, fica m u i t o m a i s difícil. C o m o gostar d e q u e m n o s faz m a l , se esse alguém p r o v o c a e m nós reações e s e n t i m e n t o s contrários a o a m o r ? O n o s s o s e n t i m e n t o reage d e a c o r d o c o m estímulos e x t e r n o s . N o r m a l m e n t e não c o n s e g u i m o s u m domínio d o cérebro sobre os sentidos p a r a não sentir- m o s . M a s o espírito p o d e s u p e r a r esses s e n t i m e n t o s e a m a r , q u e r e r o b e m , t o m a r a t i t u d e s p o s i t i v a s e m relação a o o u t r o . Isso d e p e n d e d e u m a decisão íntima, pessoal. P o r t a n t o , amar é uma decisão consciente e livre. S e g u n d o Jesus, a m e d i d a d o cristão é a m a r até o s i n i m i g o s . Isso não significa, porém, q u e n a decisão p e l o matrimónio n o s c a s e m o s c o m q u e m n o s d e s a g r a d e o u c o m q u e m t e m o s d i f i c u l d a d e s d e r e l a c i o n a m e n t o s . P o - d e m o s escolher a p e s s o a q u e m a i s n o s a t r a i , c o m q u e m t e m o s a confiança d e c o n s t r u i r j u n t o s u m a v i d a n o v a , d e estabelecer u m a a m o r o s a parceria, d e c o m p a r t i l h a r t u d o o q u e s o m o s e t e m o s , n u m a v i d a d e mútua e íntima doação pessoal. É u m a escolha pessoal, livre, q u e d e v e a g r a d a r nossos sen- tidos, n o s s o coração, n o s s a razão, d e a c o r d o c o m n o s s a fé e nossos ideais. I n f e l i z m e n t e , às vezes os n o i v o s t o m a m essa decisão m o v i d o s a p e n a s p e l o "gostar", n a p r o c u r a d o " p r a z e r " . N u m a relação mútua, isso p o d e c a u s a r d a n o s a o u t r a p e s s o a q u e , não s e s e n t i n d o a m a d a , m a s a p e n a s u s a d a , retira-se, reserva-se, e o r e l a c i o n a m e n t o recíproco t o r n a - s e desagradável e até c o n f l i t i v o . Isso d e i x a a m b o s insatisfeitos. E p o d e levá-los até a u m fracasso m a t r i m o n i a l . A decisão d e a m a r faz c o m q u e t o m e m o s atitudes q u e a g r a d a m a o o u t r o , m e s m o n o s m o m e n t o s e m q u e isso n o s custa. A o a m o r t u d o é p o s - sível. A o u t r a p e s s o a , a o s e sentir a m a d a , retribui, t o r n a - s e c a d a vez m a i s agradável, fortalece o s e n t i m e n t o . Isso t o r n a m a i s fácil, p a r a c a d a u m a decisão d e a m a r . A regra d e o u r o d o c a s a m e n t o é esta: " O que quer para você, faça-o ao outro; o que não quer para você, não o faça ao outro'' ( O casal p o d e c o n t a r a q u i u m c a s o q u e d e m o n s t r e u m m o m e n t o e m q u e p e r c e b e u a decisão d e a m a r d o s e u cônjuge). 3. Os C o m p o n e n t e s do A m o r C o n j u g a l O a m o r p o s s u i m u i t a s dimensões e tipos: a m o r f r a t e r n o , p a t e r n o e m a t e r n o , filial etc. D e n t r e t o d a s a s f o r m a s d e a m o r h u m a n o , sobressai o a m o r c o n j u g a l . É o m a i s i n t e n s o q u e existe, e m nível h u m a n o , p o i s e n v o l v e o coração e a razão, s e n t i m e n t o s e emoções, c o r p o e a l m a . D e u s o " t o m a e m p r e s t a d o " p a r a r e v e l a r a i n t e n s i d a d e p r o f u n d a d o s e u a m o r . Além disso, d o mistério d a relação e d a v i d a c o n j u g a l b r o t a m a s o u t r a s f o r m a s possíveis d e c o m u - nhão interpessoal, t a n t o n o âmbito f a m i l i a r , q u a n t o n o social e eclesial. N a Bíblia i n t e i r a D e u s se c o m p a r a c o m o E s p o s o q u e a m a i n t e n s a - m e n t e o s e u p o v o , c o n s i d e r a d o c o m o s u a e s p o s a . D e u s c r i o u o h o m e m e a m u l h e r p o r a m o r e p a r a a m a r . E l e m e s m o , e m s u a v i d a d i v i n a , é comunhão d e v i d a , d e a m o r , d e r e l a c i o n a m e n t o s . " D e u s é a m o r e v i v e e m si m e s m o u m mistério d e comunhão pessoal d e a m o r . D e u s inscreve n a h u m a n i d a d e d o h o m e m e d a m u l h e r a vocação e, a s s i m , a c a p a c i d a d e e a r e s p o n s a b i l i d a d e d o a m o r e d a comunhão. A s e x u a l i d a d e , m e d i a n t e a q u a l o h o m e m e a m u l h e r se d o a m u m a o o u t r o c o m atos próprios e exclusivos d o s esposos, não é, e m a b s o l u t o , a l g o p u - r a m e n t e biológico, m a s diz respeito a o núcleo íntimo d a p e s s o a h u m a n a c o m o tal."i5 Há intensidades diferentes n a m a n e i r a d e a m a r , e s p e c i a l m e n t e n o a m o r c o n j u g a l . P o d e m o s d i s t i n g u i r o amor: eros (= prazer), filo (=amizade) e ágape (=caridade cristã). • "Eros" é o a m o r "paixão"; faz p a r t e d o a m o r h u m a n o . A t i n g e o a s p e c t o físico e p s i c o - c o r p o r a l , a b u s c a d a complementação, d a atração p r a z e r o s a q u e o o u t r o p r o p o r c i o n a . Está m a i s n a esfera d o gostar, das carícias, d o prazer sensível. Isso é a l g o belo, e t o r n a o r e l a c i o n a m e n t o d e l i c a d o e agradável. • "Filo" é o a m o r d e a m i z a d e . E n v o l v e o mútuo interesse, a c o m p l e - mentação recíproca, o c o m p a n h e r i s m o , a parceria, o e n r i q u e c i m e n t o d e a m b o s . E x p r e s s a a felicidade, a alegria d o v i v e r u m c o m o o u t r o e p a r a o o u t r o ; o dar-se b e m n a mútua convivência. M a s o próprio " e u " a i n d a o c u p a a q u i , u m l u g a r c e n t r a l e m relação a o " t u " . • "Ágape" é o a m o r - c a r i d a d e , s o b r e n a t u r a l . I n c l u i a doação total, até a o p o n t o d e d a r a v i d a . E o a m o r cristão, a s s i m c o m o nô-lo p r e v i - v e u Cristo, p r o n t o e c a p a z d e d o a r t u d o , a própria v i d a , a doar-se p l e n a m e n t e p e l a c a u s a d o o u t r o , p e l o R e i n o . A beleza d o a m o r c o n j u g a l é u m m a r i m e n s o , f o r m a d o p o r esses três " r i o s " . S e h o u v e r s o m e n t e "eros", o a m o r c o n j u g a l não s o b r e v i v e , p o i s a m e r a atração física t e n d e a d i m i n u i r c o m o t e m p o , e a convivência a m e n i z a a i n t e n s i d a d e d a paixão. Q u a n d o n o s a p a i x o n a m o s , p r o j e t a m o s n o o u t r o nossas fantasias e altas expectativas. M a s o coração h u m a n o está s e m p r e insatisfeito. A n o s s a n a t u r e z a t e n d e a se encantar, p o i s isso facilita a v i d a a f e t i v a . P o d e acontecer, porém, q u e c o m o t e m p o , a convivência diária revele o l a d o m e n o s p e r f e i t o d o o u t r o cônjuge. Daí e n t r a m o s n u m a fase d e desilusão, d e crise. Q u e m não estiver consciente disso, a c h a q u e "o a m o r a c a b o u " o u " q u e não e r a a m o r " , e é até t e n t a d o a p r o j e t a r suas e x p e c - 15 "Familiaris Consortio", N°. 11
  • 3. tativas e m o u t r a p e s s o a . Porém, s a b e m o s q u e a p e s s o a só v a i e n c o n t r a r a satisfação p l e n a d o coração e m D e u s , n a e t e r n i d a d e . " O D e u s , t u n o s criaste p a r a t i , e i n q u i e t o estará o n o s s o coração e n q u a n t o não r e p o u s a r e m t i " ( S a n t o A g o s t i n h o ) . A dimensão d o a m o r "///os" já i n c l u i e l e m e n t o s m a i s d u r a d o u r o s , e m - b o r a p o s s a também ser m o v i d o p e l o m e u interesse e m relação a o o u t r o , q u e m e faz b e m e s p i r i t u a l m e n t e e m e traz realização. E u m a v i a d e mão única. Não m e p r e o c u p o m u i t o c o m o q u e o o u t r o r e a l m e n t e necessita, o u c o m o q u e e u p o d e r i a fazer p a r a c o l a b o r a r c o m u m a m a i o r r i q u e z a dele c o m o p e s s o a . P o d e h a v e r até p o u c a preocupação pelas n e c e s s i d a d e s m a i s p r o f u n d a s d o o u t r o e são e s q u e c i d a s a s expressões c a r i n h o s a s e t e r n a s d o a m o r erótico, q u e t o r n a m a s relações c a r i n h o s a s e delicadas. S e m isso, a p e s s o a a m a d a p o d e sentir-se d e s c o n s i d e r a d a , e corre o risco d e b u s c a r m e l h o r r e c i p r o c i d a d e o u b e m - e s t a r f o r a d o lar. O a m o r "ágape" é o amor-doação; t a n t o s e d o a q u e s e e s q u e c e até d e si m e s m o . Porém, não p o d e h a v e r s o m e n t e essa dimensão d e a m o r n a relação c o n j u g a l , p o i s também essa é u m a v i a d e mão única. T o d o relacio- n a m e n t o c o n j u g a l é recíproco, u m necessita d o o u t r o . R e q u e r o c u l t i v o d a t e r n u r a , d o c a r i n h o , d a compreensão mútua, d o diálogo a m o r o s o . E x i g e a complementação física e psicológica, não a p e n a s a e s p i r i t u a l . P o r isso, d u a s p e s s o a s não s e p o d e m casar p o r c a r i d a d e . T o d o s nós t e m o s neces- sidades a s e r e m satisfeitas. M e s m o q u e b u s q u e m o s a felicidade d o o u t r o , i n c o n s c i e n t e m e n t e e s p e r a m o s também q u e ele se p r e o c u p e c o m a nossa. 4. Conclusão É b e l o e feliz o p r o j e t o d e D e u s - C r i a d o r p a r a a pessoa h u m a n a . C r i a d o s p a r a v i v e r e m n a " u n i d a d e dos dois", o h o m e m e a m u l h e r são c h a m a d o s , desde o início d a criação, não só a e x i s t i r e m " u m a o l a d o d o o u t r o " , o u " j u n t o s " , m a s também a existirem reciprocamente: " u m p a r a o o u t r o " . H u m a n i d a d e significa c h a m a d a à comunhão, aos r e l a c i o n a m e n t o s d e a m o r interpessoal. O l i v r o d o Génesis, (2, 1 8 - 2 4 ) indica q u e o matrimónio é a pri- m e i r a e, n u m certo sentido, a f u n d a m e n t a l dimensão dessa c h a m a d a " . S u a s características são d e u m a m o r p l e n a m e n t e h u m a n o , total, fiel e exclusivo, f e c u n d o . " E b o m frisar, porém, q u e a o l o n g o deste t e m a não s e está p r o p o n d o u m a e s c o l h a a p e n a s r a c i o n a l d o f u t u r o cônjuge, m a s q u e é i m p o r t a n t e usar a razão nesta h o r a . O a m o r c o n j u g a l e n v o l v e vários aspectos, e t o d o s d e v e m ser l e v a d o s e m c o n t a , p a r a q u e ele d e s a b r o c h e n a beleza d a s u a s i m p l i c i d a d e e p l e n i t u d e . 16 A Dignidade e a Vocação da Mulher, N°. 7. 17 "Humanae Vitae", N°. 9. C o n c l u i r c o m a frase: "Não é bom que o homem esteja só. Dar- Ihe-ei uma auxiliar (companheira) que lhe seja semelhante" (Gên 2,18).