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Interação Social
O aspecto mais importante da interação social é que ela
provoca uma modificação de comportamento importante
nos indivíduos envolvidos, como resultado do contacto e da
comunicação que se estabelece entre eles. Desse modo, fica
claro que o simples contacto físico não é suficiente para que
haja interação social. Por exemplo, se alguém se senta ao
lado de outra pessoa num ônibus, mas ambos não
conversam, não está havendo interação social (embora
presença de uma das pessoas influencie, às vezes, o
comportamento da outra). Os contactos sociais e a
interação constituem condições indispensáveis à associação
humana. Os indivíduos se socializam através dos contactos e
da interação social.
A interação assume formas diferentes. A forma que a
interação social assume chama-se relação social. Um
professor dando aula tem um tipo de relação social com
seus alunos, a relação pedagógica. Da mesma forma, uma
pessoa comprando e outro vendendo estabelecem uma
relação económica. Além dessas, as relações sociais podem
ser políticas, religiosas, culturais, familiares etc.
A forma mais típica de interação social é aquela em que há
influência recíproca entre os participantes. Mas alguns
autores falam de interação social quando apenas um dos
elementos influencia o outro. Isso acontece quando um dos
polos de interação está representado por um meio de
comunicação apenas físico, como a televisão ou o livro.
Ocorre, nesse caso, uma interação não recíproca. Neste tipo
de interação, apenas um dos lados influencia o outro.
Park e Burgess são considerados como os primeiros autores
que aplicaram o conceito de interação às relações sociais.
Entende-se por interação social o processo através do qual
as pessoas se relacionam umas com as outras, num
determinado contexto social. A interação apoia-se no
princípio da reciprocidade da ação e é reconhecida como
condição necessária para a organização espaciotemporal.
Isto significa que os actos dos indivíduos não são
independentes, mas condicionados pela percepção do
comportamento do outro. Foi isto que, de certo modo, K.
Lewin procurou ilustrar ao elaborar o conceito de "campo
psicológico" (campo das interações entre o organismo e o
ambiente). Para este autor, a interação é a base para a
compreensão dos processos psicológicos, condicionados pela
relação do indivíduo concreto com a situação. E. Marc e D.
Picard referem que, "já que a interação é o campo onde as
relações sociais se actualizam e se reproduzem, ela constitui
também um espaço de jogo onde se podem introduzir a
invenção e a troca e onde, a cada instante, se funda uma
nova [relação] social ".
Não se reduzindo apenas a um processo de comunicação
interpessoal, a interação é também um fenómeno social,
situado num determinado contexto espácio-temporal de
natureza cultural e marcado por códigos e rituais sociais
(Marc e Picard). Este conceito foi desenvolvido a partir dos
modelos de Schütz e Mead. Apesar das divergências entre
eles, a ideia-base assenta no princípio de que, como aponta
Turner, a interação é possível porque os indivíduos
presumem que têm em comum um determinado conjunto
de conhecimentos que usam para se orientarem a si
próprios, no tempo e no espaço, determinando o
significado dos gestos, categorizando os objetos e as pessoas
e, desse modo, definindo a forma mais apropriada para,
eles próprios, emitirem sinais. Segundo este autor, a
interação é, pois, uma maneira de testar continuamente a
conceção que cada um tem do papel do outro.
Cicourel e Garfinkel concebem a interação social como uma
construção condicionada: para o primeiro, a interação é
determinada pelas estruturas da mente, muitas vezes
inacessíveis à introspecção, embora presentes em todas as
situações de interação; para o segundo, as regras não são
as que residem nas estruturas cognitivas, mas aquelas que
são públicas, acessíveis a todos os participantes e
observadores da interação (Hardin, Power e Sugrue). Entre
os anos 50 e inícios dos anos 80 do século XX, E. Goffman
procurou compreender o modo como a estrutura da
interação (face-to-face) se encontra ligada às tarefas
interactivas da vida quotidiana, desenvolvendo uma série
de conceitos que, ainda hoje, são contributos importantes
ao nível do estudo da interação social.
GruposSociais
Em sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais,
de interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser
definido como uma coleção de várias pessoas que
compartilham certas características, interajam uns com os
outros, aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo
e compartilhem uma identidade comum — para haver um
grupo social, é preciso que os indivíduos se percebam de
alguma forma afiliados ao grupo.
Uma tendência natural do ser humano é a de procurar
uma identificação em alguém ou em alguma coisa. Quando
uma pessoa se identifica com outra e passa a estabelecer
um vínculo social com ela, ocorre uma associação humana.
Com o estabelecimento de muitas associações humanas, o
ser humano passou a estabelecer verdadeiros grupos
sociais.
Podemos definir que grupo social é uma forma básica de
associação humana que se considera como um todo, com
tradições morais e materiais. Para que exista um grupo
social é necessário que haja uma interação entre seus
participantes. Um grupo de pessoas que só apresenta uma
ligação entre si, como numa fila de cinema, por exemplo,
não pode ser considerado como grupo social, visto que estas
pessoas não interagem entre si.
Os grupos sociais possuem uma forma de organização,
mesmo que subjetiva. Outra característica é que estes
grupos são superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se
uma pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não irá
acabar. Os membros de um grupo também possuem uma
consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), certos valores,
princípios e objetivos em comum.
Os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato de
seus membros. Os grupos primários são aqueles em que os
membros possuem contatos primários, mais íntimos.
Exemplos: família, grupos de amigos, vizinhos, etc.
Diferentemente dos grupos primários, os secundários são
aqueles em que os membros não possuem tamanho grau de
proximidade. Exemplos: igrejas, partidos políticos, etc.
Outro tipo de grupos sociais são os intermediários, que
apresentam as duas formas de contato: primário e
secundário. Exemplo: escola; trabalho.

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Interacao Social

  • 1. Interação Social O aspecto mais importante da interação social é que ela provoca uma modificação de comportamento importante nos indivíduos envolvidos, como resultado do contacto e da comunicação que se estabelece entre eles. Desse modo, fica claro que o simples contacto físico não é suficiente para que haja interação social. Por exemplo, se alguém se senta ao lado de outra pessoa num ônibus, mas ambos não conversam, não está havendo interação social (embora presença de uma das pessoas influencie, às vezes, o comportamento da outra). Os contactos sociais e a interação constituem condições indispensáveis à associação humana. Os indivíduos se socializam através dos contactos e da interação social. A interação assume formas diferentes. A forma que a interação social assume chama-se relação social. Um professor dando aula tem um tipo de relação social com seus alunos, a relação pedagógica. Da mesma forma, uma pessoa comprando e outro vendendo estabelecem uma relação económica. Além dessas, as relações sociais podem ser políticas, religiosas, culturais, familiares etc.
  • 2. A forma mais típica de interação social é aquela em que há influência recíproca entre os participantes. Mas alguns autores falam de interação social quando apenas um dos elementos influencia o outro. Isso acontece quando um dos polos de interação está representado por um meio de comunicação apenas físico, como a televisão ou o livro. Ocorre, nesse caso, uma interação não recíproca. Neste tipo de interação, apenas um dos lados influencia o outro. Park e Burgess são considerados como os primeiros autores que aplicaram o conceito de interação às relações sociais. Entende-se por interação social o processo através do qual as pessoas se relacionam umas com as outras, num determinado contexto social. A interação apoia-se no princípio da reciprocidade da ação e é reconhecida como condição necessária para a organização espaciotemporal. Isto significa que os actos dos indivíduos não são independentes, mas condicionados pela percepção do comportamento do outro. Foi isto que, de certo modo, K. Lewin procurou ilustrar ao elaborar o conceito de "campo psicológico" (campo das interações entre o organismo e o ambiente). Para este autor, a interação é a base para a compreensão dos processos psicológicos, condicionados pela relação do indivíduo concreto com a situação. E. Marc e D. Picard referem que, "já que a interação é o campo onde as relações sociais se actualizam e se reproduzem, ela constitui
  • 3. também um espaço de jogo onde se podem introduzir a invenção e a troca e onde, a cada instante, se funda uma nova [relação] social ". Não se reduzindo apenas a um processo de comunicação interpessoal, a interação é também um fenómeno social, situado num determinado contexto espácio-temporal de natureza cultural e marcado por códigos e rituais sociais (Marc e Picard). Este conceito foi desenvolvido a partir dos modelos de Schütz e Mead. Apesar das divergências entre eles, a ideia-base assenta no princípio de que, como aponta Turner, a interação é possível porque os indivíduos presumem que têm em comum um determinado conjunto de conhecimentos que usam para se orientarem a si próprios, no tempo e no espaço, determinando o significado dos gestos, categorizando os objetos e as pessoas e, desse modo, definindo a forma mais apropriada para, eles próprios, emitirem sinais. Segundo este autor, a interação é, pois, uma maneira de testar continuamente a conceção que cada um tem do papel do outro. Cicourel e Garfinkel concebem a interação social como uma construção condicionada: para o primeiro, a interação é determinada pelas estruturas da mente, muitas vezes inacessíveis à introspecção, embora presentes em todas as situações de interação; para o segundo, as regras não são as que residem nas estruturas cognitivas, mas aquelas que são públicas, acessíveis a todos os participantes e observadores da interação (Hardin, Power e Sugrue). Entre
  • 4. os anos 50 e inícios dos anos 80 do século XX, E. Goffman procurou compreender o modo como a estrutura da interação (face-to-face) se encontra ligada às tarefas interactivas da vida quotidiana, desenvolvendo uma série de conceitos que, ainda hoje, são contributos importantes ao nível do estudo da interação social.
  • 5. GruposSociais Em sociologia, um grupo é um sistema de relações sociais, de interações recorrentes entre pessoas. Também pode ser definido como uma coleção de várias pessoas que compartilham certas características, interajam uns com os outros, aceitem direitos e obrigações como sócios do grupo e compartilhem uma identidade comum — para haver um grupo social, é preciso que os indivíduos se percebam de alguma forma afiliados ao grupo. Uma tendência natural do ser humano é a de procurar uma identificação em alguém ou em alguma coisa. Quando uma pessoa se identifica com outra e passa a estabelecer um vínculo social com ela, ocorre uma associação humana. Com o estabelecimento de muitas associações humanas, o ser humano passou a estabelecer verdadeiros grupos sociais.
  • 6. Podemos definir que grupo social é uma forma básica de associação humana que se considera como um todo, com tradições morais e materiais. Para que exista um grupo social é necessário que haja uma interação entre seus participantes. Um grupo de pessoas que só apresenta uma ligação entre si, como numa fila de cinema, por exemplo, não pode ser considerado como grupo social, visto que estas pessoas não interagem entre si. Os grupos sociais possuem uma forma de organização, mesmo que subjetiva. Outra característica é que estes grupos são superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo também possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), certos valores, princípios e objetivos em comum. Os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato de seus membros. Os grupos primários são aqueles em que os membros possuem contatos primários, mais íntimos. Exemplos: família, grupos de amigos, vizinhos, etc. Diferentemente dos grupos primários, os secundários são aqueles em que os membros não possuem tamanho grau de
  • 7. proximidade. Exemplos: igrejas, partidos políticos, etc. Outro tipo de grupos sociais são os intermediários, que apresentam as duas formas de contato: primário e secundário. Exemplo: escola; trabalho.