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Editora Pragmatha
Porto Alegre, Junho/2013
Ano 06. Número 46
Circulação gratuita
02
03 - Líquido do Éden / Valesca Pederiva
04 - Café com saudade / Lin Quintino
05 - Café e amor / Elaine Maria Nunes
06 - Eu não sabia o que digo /
Alessandro Reiffer
07 - Pretinho básico / Mara Carvalho
Leite
08 - Café da manhã / Isi Caruso
09 - Hora da pausa / Rosalva Rocha
10 - Raios caminhos / Wagner R. A.
Chaves
11 - Café na vida / Edilson Nascimento
Leão
12 - Santo remédio / Valquíria Gesqui
Malagoli
13 - Saborosa companhia / Isabel C S
Vargas
14 - Sonhos no café / Robinson Silva
Alves
15 - Poemas de café / Carlos Leser
16 - Erotique / Jusberto Cardoso Filho
17 - Café rima com fé / Maria Moreira
18 - Café / Antonio Cabral
19 - Um amigo de fé / Celso Oliveira
20 - Haicaffe / Tchello d´Barros
21 - Café / Fábio Daflon
Índice
22 - Café cheiroso / Mardilê Fridrich
Fabre
23 - Café temperado / Bilá Bernardes
24 - Sonolento / Ricardo Mainieri
25 - Café / Graça Carpes
26 - Litros diários / Gabriel Felipe
Jacomel
27 - Gostoso / Diva Vasquez
28 - Cafés / Zenilda Silveira Z
29 - Cafe(zinho) encantado / Artur
Pereira dos Santos
30 - Sabor de café / Anna Maria
Gazzaneo
31 - Variação sobre o mesmo tema /
Roberto Prado Barbosa Jr
32 - O café / Ed Carlos Santana
33 - Dias sem fim / Maurício Duarte
34 - Chá ou Café? / Douglas Fantineli
35 - Café / Edi Mar Silveira
36 - A magia do café / Jania Souza
37 - No popular / Adilson Roberto
Gonçalves
38 - Café / Elvandro Buruty
39 - A magia do café / Edith León
Orellana
No frasco
O segredo
O aroma exala
Toca meu rosto
O calor espalha
Envolve minhas mãos
Flui para o céu
Dos meus olhos
Penetra na alma
E ali permanece
Atiça meus lábios
Bebo
O líquido do Éden
Invade minhas veias
Penetra meu coração
Voo mais alto
Em suas asas
Saboreio
Amargo ou doce
Poção mágica
De todos os mestres
Une
Aquece
Traz para perto
Os amantes
E os desafetos
Valesca Pederiva
Encantado / RS
Líquido do Éden
03
Na manhã fria de junho,
passos anunciam um novo dia.
Minha avó rompe a madrugada
trazendo nos atos a poesia.
Da lenha crepitando, de repente,
sinto o forte aroma, no ar.
O café feito na hora
Me convidando a levantar.
O que existe por trás de um ato tão simples,
Como este de preparar um café.
A resposta ficou na lembrança,
na saudade, no sentimento que nos conforta.
Hoje, o café exala seu aroma,
anuncia a saudade de outras manhãs.
E traz de volta o tempo distante
que se prende na lágrima
que ficou suspensa no olhar.
Lin Quintino
Belo Horizonte / MG
Café com saudade
04
O teu café, meu amor
Que com tanto carinho eu faço
Existe de muitos jeitos
Do mais rústico ao de fino trato!
Aquele cheiro gostoso
Que inaugura nossas manhãs
Que invade nossos silêncios
Que nos acompanha sempre
Em casa, no trabalho, na viagem
É certeza, é presságio
De momentos mais amenos!
Café coado ou instântaneo
Colonial ou percolato
Expresso ou executivo
Sabores dos deuses, divinos!
Mas nada, nada se iguala
A duas taças de cappuccino
Em um momento aconchegante
Aquecendo, dando o tom
Temperando o amor da gente!
Elaine Maria Nunes
Rio Grande / RS
Café e amor
05
o Horror veio e jantou comigo
e em nele eram
os todos em que já não
(que ele existe-me no que te sigo)
e falamos como se insanos
entre um copo de água quente
(daquela, água ardente)
e um prato de feijão
alguma coisa não estava bem
(era como se um algo me olhasse além)
e gritei oh Mãe do que me era
para onde foi o teu foste?
e qual dos 7 é que me é?
e era vasto o cheiro de café
quando uma voz me sorriu estranha...
(o Caos me serviu outro trago de canha)
era o Horror que me perguntava
se (r)indo:
“então amar já não está mais
na moda?”
e eu não sabia o que digo
(ao Horror, o meu melhor amigo)
e proferi:
é foda!
Alessandro Reiffer
Santiago / RS
Eu não sabia o que digo
06
Quente e gostoso
Forte e cheiroso
É assim que os brasileiros gostam
Um café é sempre um pretexto
Para alguém se encontrar
Trocar uma ideia
Falar de bobagens
Ou simplesmente viajar
Fico louca de alegria
Quando posso partilhar
Um pretinho básico
Ou um Cappuccino espetacular
Mara Carvalho Leite
Porto Alegre / RS
Pretinho básico
07
Ele lê o jornal,
o café esfria.
Ela, excluída das notícias.
Isi Caruso
São Paulo / SP
Café da manhã
08
Lá vou eu
em busca do que não sei
saracoteando pela rua
como se fosse só minha
cabeça baixa
alma nua
Paro em frente a uma galeria
entro e, subitamente
o aroma (o inconfundível aroma)
me chama - clama
Sento - jornal aberto na mesa
passo por ele meus olhos
ao lado - olhares dispersos
quem sabe vidas adversas
como a minha, tão minha
tão fugidia
Sorvo um café
p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e
respiro, sorrio
a energia retorna
penso na vida
tão simples
amante - errante
saio diferente - contente
Rosalva Rocha
Santo Antônio da Patrulha / RS
Hora da pausa
09
O que se sonha?
Os vultos que da noite saltam assustadoramente!
Medo de assombração do que se nega em ser.
Paraíba, terra da filosofia, Recife, política e poesia,
dos ratos das praças, Treze de Maio, República, Derby,
bacurau que não passa...
A cama desejada, conquistada, indefesa,
ação dos mosquitos no calor, o corpo picado, sangrado,
espera a brisa da manhã, o cheiro do café fervendo,
o conforto do olhar Materno, azul do céu que se abre...
Lembranças dos colégios e dos amigos,
amores cambiantes em lambadas descalças,
partituras desconexas pelas vidas imprecisas,
sonâmbulos desejos por musas estrelares,
portas entreabertas pelas frestas bichos procuram companhia
nos caminhos tortos... interstícios...
Desesperos nas sombras, nucleares suspiros ergométricos,
trajetórias ao cais, bocas em ritmos afetuosos,
meridiano nascente, beijos e haveres evaporados
em esquinas sublunares, arvoredo cúmplice,
arquitetura disforme, tempos inesquecíveis, casas fantasmas.
Wagner R. A. Chaves
Vila Velha / ES
(para Márcio Borges)
Raios caminhos
10
É o café do José, do João,
Da Maria e dos irmãos.
É o café do povão!
Estejamos aonde for
É o café com pão
Que é tão essencial
Quanto o arroz e o feijão.
É o café social do executivo
Do professor, do pastor,
É o café do agricultor na roça,
E na lida, ele faz parte da vida.
Degustando o café eu tenho fé
Que ele me estimulará
A ter mais vontade
De tomar outros cafés.
Tenha café na vida.
Edilson Nascimento Leão
Urandi / BA
Café na vida
11
Não, não basta andar com fé...
Preciso é que se rebole
e do dito-cujo um gole:
Bendito-cujo-café!
Valquíria Gesqui Malagoli
Jundiaí / SP
Santo remédio
12
Para um despertar feliz,
Um cafezinho com muito aroma
É o pedido certo, acompanhado de um sorriso.
Em qualquer momento é a bebida
Que traz tranquilidade aproxima os amigos
Aquece a alma, deixando, sempre,
Uma sensação de plenitude.
Isabel C S Vargas
Encantado / RS
Saborosa companhia
13
De uma distante nação
Um povo chamado desafio
Vem a bordo de um navio
Atravessando o continente distância
Um mar de ilusão
Longe de sua pátria
De seu amado Japão
Com honra e brio
Enfrentam fome e frio
Aportam sonhos no cais
Soldados da fortuna
Procuram felicidade
O ouro que chamam café
Encontram lágrimas
Triste saudade
Nobres samurais
Seu destino se fez
Nos cafezais dos sonhos
Bravo, brasileiro, japonês.
Robinson Silva Alves
Coaraci / BA
Sonhos no café
14
Tenho, para noites frias,
poemas guardados
em um vidro de café.
Coloridos de um gris selecionado,
possuem um aroma de insônia
e são solúveis em mágoa.
Carlos Leser
Montenegro / RS
Poemas de café
15
16
Café-com-pão
Café-com-pão
Café-com-pão
Vai o vagão...
Sorvete-de-café
Chocolate-de-café
Torta-de-café
Café-com-angu
Café-com-farinha
Café-com-saudade
CAFÉ NA CAMA
CAFÉ NA CAMA
CAFÉ NA CAMA
Jusberto Cardoso Filho
Belo Horizonte / MG
Erotique
Parece brincadeira
Esta bebida primeira
torrado e moído na hora
Feito por muitas senhoras!
Acompanhado de bolachinha
Na sala na copa ou na cozinha
Nos copos, ou nas xícaras
Ou até nas canequinhas
Será sempre bem vindo
O café de todo dia!
Com leite com pão
Com queijo ou requeijão
Até nas fogueiras de São João,
Ele acompanha o quentão!
Para o deleite brasileiro
O café vem primeiro.
Deu impulso no comércio
Fez ricos muitos fazendeiros
Para além mar se espalhou ligeiro
Na Alemanha foi beneficiado
E vendido aos os brasileiros.
Árvore de ramas verdes
Que dão frutos vermelhinos!
É bebida muito gostosa
O café brasileirinho!
Maria Moreira
Belo Horizonte / MG
Café rima com fé
17
Minha paixão por café
vem desde a mais tenra infância,
pois poucos sabem como é
a flor e sua fragrância.
&
Só Cascatinha e Inhana(*)
cantam cafezal em flor,
sabem do amor na cabana
e da chaleira em vapor.
*- Cascatinha e Inhana
é o nome de uma dupla sertaneja
dona dos maiores sucessos da música caipira.
Antonio Cabral
Jacarepaguá / RJ
Café
18
Escrevo a minha vida, o meu destino
a minha vontade de viver, de ajudar
De ser fraterno, de ser eterno,
De poder ser, de poder estar,
De poder falar, de poder rir
De poder cantar e de poder amar
Em tudo isto que falei acima
Tenho um amigo de fé
Que sabe me ouvir, me acalmar,
Me ajuda a pensar, sentado ou em pé
Companheiro de noites frias
E você sabe quem é?
o querido amigo CAFÉ.
Celso Oliveira
Balneário Pinhal / RS
Um amigo de fé
19
Tarde sonolenta
bebo outro capuccino
mas sonho acordado
Tchello d´Barros
Rio de Janeiro / RJ
Haicaffe
20
21
Café forte, café fraco, café com leite
na superfície diametral da xícara;
odores, sabores, cores de muitas peles,
impacto quente na língua e na cara.
Sobrolhos que se erguem na cúmplice
troca de olhares após a sobremesa;
um sorriso se abre nos olhos da morena:
- O jantar estava uma completa delícia!
Mas este café, este café... Faz não
merecer que peçamos nenhum licor.
- Vamos embora, então, meu amor?
- Posso pedir antes mais um cafezinho?
Fábio Daflon
Vitória / ES
Café
O café a evolar-se cheiroso...
Ante a xícara, bela mulher.
Um sorriso o olhar solto requer.
Não percebe, abstraída, sequer,
O café a evolar-se cheiroso.
Em que pensa? Na vida sem gozo?
Sua face, um contraste curioso
Com o azul. Em um tempo qualquer,
O café a evolar-se cheiroso.
Mardilê Friedrich Fabre
São Leopoldo / RS
Café cheiroso
22
O café da minha mãe
era temperado
com vários temperos
herança de família
que recebia toda visita
com café na mesa
ou na bandeja
Havia amor, carinho, raiva
dor, noite mal dormida
choro incontido, saudade
Tudo misturado
dava o tempero certo
do café temperado
com vida
Bilá Bernardes
Santo Antônio do Monte / MG
Café temperado
23
Sonolento:
lá fora
em cio o dia.
Sonoplastia
de bocejos.
Desejos adiados
cotidiano em tons
desafinados.
Procuro um café
como o ébrio busca
o vício.
Encaro o calendário.
E não é
segunda-feira...
Ricardo Mainieri
Porto Alegre / RS
Sonolento
24
algo no ar invisível
aroma de vida em
frio
as tardes de inverno o
vento sul e
a sorte de ter
casa
cama e café quente esse
que me é memória
(tanta gente
sem
a casa a cama o café)
insolúvel e sã a
memória
na água fervente agora
escorre
sobre o pó marrom
às vezes penso que aqueces
por ser tua árvore mãe quem fez
nasceres assim
vermelho feito
sangue
Graça Carpes
Rio de Janeiro / RS
Café
25
me dizem não ser suco
como não? se vem do fruto
daquele que pega no pé
que chamem então 'té de chá
desde que tinto me pinte
o
e
s
ô
f
a
g
o
que amargo me jogue a real
pois de doce me basta a vida...
e se um dia, quiçá
a pressão não 'guentar
fraca é ela
não meu café
Gabriel Felipe Jacomel
São Paulo / SP
Litros diários
26
Por um longo tempo de ti apartei-me
Não porque não gostasse
Mas para tentar proteger-me
Quando distante de mim estavas
Teu cheiro vinha sentir
Aspirava avidamente
Adivinhando o porvir.
A boca se enchia de água
Tal qual um beijo de amor
Pois teu cheiro me cativa
Assim como tua cor.
Já se passou tanto tempo
Que estive de ti ausente
De novo estás em minha casa
Te quero sempre presente.
Te ponho entre minhas mãos
Aspiro teu cheiro gostoso
Entreabro os meus lábios
Deslizas dentro de mim
Tanto, tanto que te gosto
Que me roubas até o sono
Novamente me entrego a ti
Ficando nesse mavioso abandono.
Desfrutando tuas delícias
Fico a suspirar até
Ah! meu negrinho gostoso
Meu saboroso CAFÉ!
Diva Vazquez
Rio Grande / RS
Gostoso
27
O café está presente em nossas vidas
Acho que posso dizer, sem medo de pecar, que, em todos os
nossos momentos, desde o café nosso de cada dia, ao
romântico café na cama com uma delicada flor num mini
vazinho de cristal.
Na roda de prosa com os amigos, despojado cada um com
uma caneca na mão, num causo, uma risada entre um e
outro gole de café, segue a conversa e o riso.
Café hospitalidade; pra recepcionar uma visita com um
cafezinho autêntico e incorpado servido com requinte em
xicará de porcelana e bandeja de inox.
Café intantâneo; prático na correria do dia-a-dia da vida
moderna.
Café de saco; como se diz aqui em "Lombas" interior,
passadinho na hora, com aroma gostoso e convidativo que
se espalha pela casa toda, pelo ar e nos chama a degustá-lo
com vontade.
Café amigo; que ajuda a espantar o sono quando precisamos
ficar acordados.
Café acalanto; na hora do choro, - toooma, tá quentinho e
vai "ty" fazer bem.
Café carinho de mãe; -tô com uma dor de cabeça! - é falta
de café, a mãe vai preparar um café especial pra ti.
Café manhoso; -faz um cafezinho pra "eeeu???"
Café criança; -mamãezinha... Me dá uma dedera de café? Dá
dá dá!!!
Café matador; vou acabar com esta ressaca com um café
bem forte.
Café da manhã, café da tarde, a qualquer hora... CAFÉS!!
Café preto, café com leite, café com chocolate, café doce,
café amargo, de qualquer jeito... CAFÉS!!
Zenilda Silveira Z
Viamão / RS
Cafés
28
Trazes no gosto a sensação dos séculos.
E no odor o doce perfume dos lares.
Cativas pela sensação de liberdade.
Nos combates com vigor e sem tréguas.
Ao âmago da embriaguês de tantos males.
Se por razões diversas te apequenam.
Deixando-te, porém, forte ou suave.
Servindo-te nos rasos mais humildes.
Maldizes o tempo que contra ti conspira.
Se tua doce lembrança inspirar saudades.
Artur Pereira dos Santos
Porto Alegre / RS
Cafe(zinho) encantado
29
Entra o sol pela cortina
o teu corpo ilumina
entre os lençóis de cetim...
Vejo a cena, bebo o vinho
do seu sabor, tu em mim,
das horas ternas, tecidas...
Fiz um café para nós...
Brindemos o amor que após,
nos encanta e nos fascina...
Nos sabores misturados
ao teu beijo, nacarado
toda a delícia sentida...
Ana Maria Gazzaneo
Bragança Paulista / SP
Sabor de café
30
sim ela virá
com seu avental preto
caminhando
como quem anda nas nuvens
com passos leves
delicados
como uma bailarina
tocará o solo
com as pontas do pés
ela vira na sua direção
trará no rosto
um sorriso
(profissional, não se iluda)
ela olhará através de você
(sim esse é o seu olhar)
seu café se aproxima
na bandeja
a xícara
o peti-four
o copo d'água
ela se aproxima de sua mesa
falta pouco para chegar até você
e a poucos passos
ela tropeça
cai
a bandeja, a xícara, o peti-four, a água e ela
vão ao
chão
você sorri
você ri
você gargalha
seu dia está ganho
(murmurará você entre dentes)
e no chão frio do Café
as lágrimas dela se confundirão
à cor negra do café...¹
¹ Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada (Vingança Lupicínio
Rodrigues)
Roberto Prado Barbosa Jr
São Vicente / SP
Variação sobre o
mesmo tema
31
Em frias noites de estudos
esta clássica bebida
marca sua presença de aromar e sabor perfeito.
Um gole acalma e dar paz,
relaxa o espírito.
Bom mesmo é acordar de manhã
ao perfume insessante deste líquido sagrado.
Sou adepto deste combustível que me mantém nos estudos
e nas salas de espera.
Nos finais de tarde ele cai muito bem
acompanhado ou não
é sempre bem vindo.
Adoro café preto, as vezes com leite e biscoitos
Não precisa ser amargo,
Nem doce demais,
nem fraco e nem forte
Só precisa ser café.
Ed Carlos Santana
Salvador / BA
O café
32
33
Tomo meu café
e imagino o que o dia será.
De manhã, o café revigora
a noite passada em jejum,
dormindo.
Dias sem fim,
passo por entre as frestas
da porta.
Trabalhando, trabalhando...
Sempre há o que fazer.
Tomo meu café
e imagino o que o dia será.
De manhã, o café revigora
a noite passada em jejum,
dormindo.
Ad infinitum...
Mauricio Duarte
São Gonçalo / RJ
Dias sem fim
Chá ou Café?
Escolha o que quiser.
Chá aos inspirados,
Café para os cansados.
Chá ou Café?
Tem que saber ao pé.
Café dá energia,
Chá traz simpatia.
Emoção ou Razão?
Essa é a questão.
Podes acordar a mente,
Ou o coração da gente.
Douglas Fantineli
Porto Alegre / RS
Chá ou Café?
34
Saboroso café
O néctar dos gãos que um dia gerou riqueza para nosso país,
Que juntava os amigos nos bares, lancherias ou nas padarias,
Grande, pequeno, meia ou taça cheia, puro ou pingado, café
saboroso
Para fartar o estômago ou para um papo gostoso
Mas que sempre nós une em pé ou em volta da mesa
tomando um recém passado café espumoso.
Edi Mar Silveira
Porto Alegre / RS
Café
35
Ah! Havia uma relação simbiótica
Entre eles de longa data remota
Quase comunhão de casamento.
Jamais enveredaram jornada
Sem a cúmplice companhia.
Auxílio permanente a passagem
Do dia, da hora, de cada segundo.
No decorrer do dia, entre uma e outra tarefa
A garrafa quentinha aguardava
O melhor momento
Para saciar o prazeroso saboreio
E dissipava a fadiga, a dor, o estresse.
Ela fazia suas orações, logo cedinho
A rede balançava enroscada em seu corpo
Seu pensamento, ave de arribação
Volteava resistente
No retorno de seus fartos dias
Quando ainda criança o conhecera
Em grão, tirado do cafeeiro.
Livre corria nos arrozais a beira do rio
E espantava a tagarelice das lavadeiras
Em suas batalhas diárias de panos.
A água ainda era cristalina
E podia apropriar-se dos pequenos girinos
Filhotes como ela mesma
Em busca de oxigênio.
A sujeira corria por entre a água límpida
E ela não sentia nem bactérias, nem vírus
Sua inocência resplandecia em seus
movimentos.
O cheiro do café fresquinho
Rasgou as leves fronteiras do ar
E achegou-se as suas sensíveis narinas.
Maravilhada! Praticamente enfeitiçada
Ela fugiu do transparente tecido das águas
Jania Souza
Natal / RN
Para a avó Joana
A magia do café
36
Foi aninhar-se entre as lavadeiras
E a fogueira de lenha
Com o saboroso e escuro líquido.
Cresceu, apaixonou-se, casou-se
Semeou a terra com suas lágrimas
E o sangue com que pariu seus filhos.
Seu querido e inseparável café
Escuro, moreno, amargo às vezes
Quase sempre tão doce
Em seus contatos frequentes.
Fiel parceiro na sobrevivência
Acompanhou-a no Planalto
De Vitória da Conquista
Entre as magníficas e belas flores
E os cantos das aves silvestres
A olhar a imensa paisagem
De incansáveis trabalhadores
Em sua labuta diária nos cafezais.
Nessa viagem sem fronteiras
Retoma seu apego outra vez a existência.
O balé da rede agora é lento
O galo canta mais uma hora
O café a chama de volta ao seu novo
tempo
É o momento de mais um gostoso gole.
Sente-se completa nesse exato instante
Alcançou a plenitude dos anos com
muita fé
E a eternidade, ao deleitar-se com o
sabor
De um gole revigorante do mais puro
café quente.
37
Diga-me com quem andas
e eu te direi: café!
E iremos juntos, nós três,
sorver o precioso e cálido líquido
puro ou com leite,
deixando de lado de uma vez
diferenças de voto e de cupido,
de rejeição ou de aceite,
de ciência ou de fé.
Quem não gosta de samba
também é sujeito a café...
todo o tempo, noite e dia
na tristeza e na alegria.
Pode ser à mineira, bem fraco,
como em casa, passado no saco,
ou mais moderno, como no norte,
o expresso italiano, bem forte,
ou gelado em sorvete até.
Se a montanha não vai a Maomé,
somente nos resta tomar um café.
O machiatto e o capuccino
são outras variantes italianas
deste rico arbusto franzino,
brasileiro de origens africanas.
Paro aqui, porque vindo do fogão
sinto um aroma tão 'bão'...
Adivinhe o que é?
Adilson Roberto Gonçalves
Lorena / SP
No popular
Diante de um dilema.
A solução não está no beber café...
Café servido quente ou gelado
que delícia de bebida.
No sabor do café
Não busque inspiração...
Receita prática e fácil...
Café cappuccino cremoso e quente
que delícia de bebida.
Pingado e quente.
Melhor se acompanhado
de pão e manteiga.
Elvandro Burity
Rio de Janeiro / RJ
Café
38
A primeira coisa que procuro de manhã é o cheiro de café.
Melhor ainda em diferentes pontos da cidade,
Descobrindo e cheirando ao mesmo tempo...,
Café cortado, expresso ou capuchino,
Café de todos os graus e de todos os tipos.
Café com espuma e desenhos,
Café acompanhado ou sozinho,
Café forte ou fraco,
Finalmente o grande convite:
Café junto aos amigos.
Edith León Orellana
Porto Alegre / RS
Cheiro de café
39
Caderno Literário é uma publicação da Pragmatha Laboratório de Ideias e Gestão de Projetos. Porto Alegre/RS. Fone 51 3398 0134.
www.pragmatha.com.br, e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br. Ano 06. Número 46. Junho/2013. Editora: Sandra Veroneze.
Skype: sandrazveroneze. O conteúdo dos poemas é de responsabilidade de seus autores.
Contato: sandra.veroneze@pragmatha.com.br
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Caderno Literário Pragmatha nº46

  • 1. Editora Pragmatha Porto Alegre, Junho/2013 Ano 06. Número 46 Circulação gratuita
  • 2. 02 03 - Líquido do Éden / Valesca Pederiva 04 - Café com saudade / Lin Quintino 05 - Café e amor / Elaine Maria Nunes 06 - Eu não sabia o que digo / Alessandro Reiffer 07 - Pretinho básico / Mara Carvalho Leite 08 - Café da manhã / Isi Caruso 09 - Hora da pausa / Rosalva Rocha 10 - Raios caminhos / Wagner R. A. Chaves 11 - Café na vida / Edilson Nascimento Leão 12 - Santo remédio / Valquíria Gesqui Malagoli 13 - Saborosa companhia / Isabel C S Vargas 14 - Sonhos no café / Robinson Silva Alves 15 - Poemas de café / Carlos Leser 16 - Erotique / Jusberto Cardoso Filho 17 - Café rima com fé / Maria Moreira 18 - Café / Antonio Cabral 19 - Um amigo de fé / Celso Oliveira 20 - Haicaffe / Tchello d´Barros 21 - Café / Fábio Daflon Índice 22 - Café cheiroso / Mardilê Fridrich Fabre 23 - Café temperado / Bilá Bernardes 24 - Sonolento / Ricardo Mainieri 25 - Café / Graça Carpes 26 - Litros diários / Gabriel Felipe Jacomel 27 - Gostoso / Diva Vasquez 28 - Cafés / Zenilda Silveira Z 29 - Cafe(zinho) encantado / Artur Pereira dos Santos 30 - Sabor de café / Anna Maria Gazzaneo 31 - Variação sobre o mesmo tema / Roberto Prado Barbosa Jr 32 - O café / Ed Carlos Santana 33 - Dias sem fim / Maurício Duarte 34 - Chá ou Café? / Douglas Fantineli 35 - Café / Edi Mar Silveira 36 - A magia do café / Jania Souza 37 - No popular / Adilson Roberto Gonçalves 38 - Café / Elvandro Buruty 39 - A magia do café / Edith León Orellana
  • 3. No frasco O segredo O aroma exala Toca meu rosto O calor espalha Envolve minhas mãos Flui para o céu Dos meus olhos Penetra na alma E ali permanece Atiça meus lábios Bebo O líquido do Éden Invade minhas veias Penetra meu coração Voo mais alto Em suas asas Saboreio Amargo ou doce Poção mágica De todos os mestres Une Aquece Traz para perto Os amantes E os desafetos Valesca Pederiva Encantado / RS Líquido do Éden 03
  • 4. Na manhã fria de junho, passos anunciam um novo dia. Minha avó rompe a madrugada trazendo nos atos a poesia. Da lenha crepitando, de repente, sinto o forte aroma, no ar. O café feito na hora Me convidando a levantar. O que existe por trás de um ato tão simples, Como este de preparar um café. A resposta ficou na lembrança, na saudade, no sentimento que nos conforta. Hoje, o café exala seu aroma, anuncia a saudade de outras manhãs. E traz de volta o tempo distante que se prende na lágrima que ficou suspensa no olhar. Lin Quintino Belo Horizonte / MG Café com saudade 04
  • 5. O teu café, meu amor Que com tanto carinho eu faço Existe de muitos jeitos Do mais rústico ao de fino trato! Aquele cheiro gostoso Que inaugura nossas manhãs Que invade nossos silêncios Que nos acompanha sempre Em casa, no trabalho, na viagem É certeza, é presságio De momentos mais amenos! Café coado ou instântaneo Colonial ou percolato Expresso ou executivo Sabores dos deuses, divinos! Mas nada, nada se iguala A duas taças de cappuccino Em um momento aconchegante Aquecendo, dando o tom Temperando o amor da gente! Elaine Maria Nunes Rio Grande / RS Café e amor 05
  • 6. o Horror veio e jantou comigo e em nele eram os todos em que já não (que ele existe-me no que te sigo) e falamos como se insanos entre um copo de água quente (daquela, água ardente) e um prato de feijão alguma coisa não estava bem (era como se um algo me olhasse além) e gritei oh Mãe do que me era para onde foi o teu foste? e qual dos 7 é que me é? e era vasto o cheiro de café quando uma voz me sorriu estranha... (o Caos me serviu outro trago de canha) era o Horror que me perguntava se (r)indo: “então amar já não está mais na moda?” e eu não sabia o que digo (ao Horror, o meu melhor amigo) e proferi: é foda! Alessandro Reiffer Santiago / RS Eu não sabia o que digo 06
  • 7. Quente e gostoso Forte e cheiroso É assim que os brasileiros gostam Um café é sempre um pretexto Para alguém se encontrar Trocar uma ideia Falar de bobagens Ou simplesmente viajar Fico louca de alegria Quando posso partilhar Um pretinho básico Ou um Cappuccino espetacular Mara Carvalho Leite Porto Alegre / RS Pretinho básico 07
  • 8. Ele lê o jornal, o café esfria. Ela, excluída das notícias. Isi Caruso São Paulo / SP Café da manhã 08
  • 9. Lá vou eu em busca do que não sei saracoteando pela rua como se fosse só minha cabeça baixa alma nua Paro em frente a uma galeria entro e, subitamente o aroma (o inconfundível aroma) me chama - clama Sento - jornal aberto na mesa passo por ele meus olhos ao lado - olhares dispersos quem sabe vidas adversas como a minha, tão minha tão fugidia Sorvo um café p-a-u-s-a-d-a-m-e-n-t-e respiro, sorrio a energia retorna penso na vida tão simples amante - errante saio diferente - contente Rosalva Rocha Santo Antônio da Patrulha / RS Hora da pausa 09
  • 10. O que se sonha? Os vultos que da noite saltam assustadoramente! Medo de assombração do que se nega em ser. Paraíba, terra da filosofia, Recife, política e poesia, dos ratos das praças, Treze de Maio, República, Derby, bacurau que não passa... A cama desejada, conquistada, indefesa, ação dos mosquitos no calor, o corpo picado, sangrado, espera a brisa da manhã, o cheiro do café fervendo, o conforto do olhar Materno, azul do céu que se abre... Lembranças dos colégios e dos amigos, amores cambiantes em lambadas descalças, partituras desconexas pelas vidas imprecisas, sonâmbulos desejos por musas estrelares, portas entreabertas pelas frestas bichos procuram companhia nos caminhos tortos... interstícios... Desesperos nas sombras, nucleares suspiros ergométricos, trajetórias ao cais, bocas em ritmos afetuosos, meridiano nascente, beijos e haveres evaporados em esquinas sublunares, arvoredo cúmplice, arquitetura disforme, tempos inesquecíveis, casas fantasmas. Wagner R. A. Chaves Vila Velha / ES (para Márcio Borges) Raios caminhos 10
  • 11. É o café do José, do João, Da Maria e dos irmãos. É o café do povão! Estejamos aonde for É o café com pão Que é tão essencial Quanto o arroz e o feijão. É o café social do executivo Do professor, do pastor, É o café do agricultor na roça, E na lida, ele faz parte da vida. Degustando o café eu tenho fé Que ele me estimulará A ter mais vontade De tomar outros cafés. Tenha café na vida. Edilson Nascimento Leão Urandi / BA Café na vida 11
  • 12. Não, não basta andar com fé... Preciso é que se rebole e do dito-cujo um gole: Bendito-cujo-café! Valquíria Gesqui Malagoli Jundiaí / SP Santo remédio 12
  • 13. Para um despertar feliz, Um cafezinho com muito aroma É o pedido certo, acompanhado de um sorriso. Em qualquer momento é a bebida Que traz tranquilidade aproxima os amigos Aquece a alma, deixando, sempre, Uma sensação de plenitude. Isabel C S Vargas Encantado / RS Saborosa companhia 13
  • 14. De uma distante nação Um povo chamado desafio Vem a bordo de um navio Atravessando o continente distância Um mar de ilusão Longe de sua pátria De seu amado Japão Com honra e brio Enfrentam fome e frio Aportam sonhos no cais Soldados da fortuna Procuram felicidade O ouro que chamam café Encontram lágrimas Triste saudade Nobres samurais Seu destino se fez Nos cafezais dos sonhos Bravo, brasileiro, japonês. Robinson Silva Alves Coaraci / BA Sonhos no café 14
  • 15. Tenho, para noites frias, poemas guardados em um vidro de café. Coloridos de um gris selecionado, possuem um aroma de insônia e são solúveis em mágoa. Carlos Leser Montenegro / RS Poemas de café 15
  • 17. Parece brincadeira Esta bebida primeira torrado e moído na hora Feito por muitas senhoras! Acompanhado de bolachinha Na sala na copa ou na cozinha Nos copos, ou nas xícaras Ou até nas canequinhas Será sempre bem vindo O café de todo dia! Com leite com pão Com queijo ou requeijão Até nas fogueiras de São João, Ele acompanha o quentão! Para o deleite brasileiro O café vem primeiro. Deu impulso no comércio Fez ricos muitos fazendeiros Para além mar se espalhou ligeiro Na Alemanha foi beneficiado E vendido aos os brasileiros. Árvore de ramas verdes Que dão frutos vermelhinos! É bebida muito gostosa O café brasileirinho! Maria Moreira Belo Horizonte / MG Café rima com fé 17
  • 18. Minha paixão por café vem desde a mais tenra infância, pois poucos sabem como é a flor e sua fragrância. & Só Cascatinha e Inhana(*) cantam cafezal em flor, sabem do amor na cabana e da chaleira em vapor. *- Cascatinha e Inhana é o nome de uma dupla sertaneja dona dos maiores sucessos da música caipira. Antonio Cabral Jacarepaguá / RJ Café 18
  • 19. Escrevo a minha vida, o meu destino a minha vontade de viver, de ajudar De ser fraterno, de ser eterno, De poder ser, de poder estar, De poder falar, de poder rir De poder cantar e de poder amar Em tudo isto que falei acima Tenho um amigo de fé Que sabe me ouvir, me acalmar, Me ajuda a pensar, sentado ou em pé Companheiro de noites frias E você sabe quem é? o querido amigo CAFÉ. Celso Oliveira Balneário Pinhal / RS Um amigo de fé 19
  • 20. Tarde sonolenta bebo outro capuccino mas sonho acordado Tchello d´Barros Rio de Janeiro / RJ Haicaffe 20
  • 21. 21 Café forte, café fraco, café com leite na superfície diametral da xícara; odores, sabores, cores de muitas peles, impacto quente na língua e na cara. Sobrolhos que se erguem na cúmplice troca de olhares após a sobremesa; um sorriso se abre nos olhos da morena: - O jantar estava uma completa delícia! Mas este café, este café... Faz não merecer que peçamos nenhum licor. - Vamos embora, então, meu amor? - Posso pedir antes mais um cafezinho? Fábio Daflon Vitória / ES Café
  • 22. O café a evolar-se cheiroso... Ante a xícara, bela mulher. Um sorriso o olhar solto requer. Não percebe, abstraída, sequer, O café a evolar-se cheiroso. Em que pensa? Na vida sem gozo? Sua face, um contraste curioso Com o azul. Em um tempo qualquer, O café a evolar-se cheiroso. Mardilê Friedrich Fabre São Leopoldo / RS Café cheiroso 22
  • 23. O café da minha mãe era temperado com vários temperos herança de família que recebia toda visita com café na mesa ou na bandeja Havia amor, carinho, raiva dor, noite mal dormida choro incontido, saudade Tudo misturado dava o tempero certo do café temperado com vida Bilá Bernardes Santo Antônio do Monte / MG Café temperado 23
  • 24. Sonolento: lá fora em cio o dia. Sonoplastia de bocejos. Desejos adiados cotidiano em tons desafinados. Procuro um café como o ébrio busca o vício. Encaro o calendário. E não é segunda-feira... Ricardo Mainieri Porto Alegre / RS Sonolento 24
  • 25. algo no ar invisível aroma de vida em frio as tardes de inverno o vento sul e a sorte de ter casa cama e café quente esse que me é memória (tanta gente sem a casa a cama o café) insolúvel e sã a memória na água fervente agora escorre sobre o pó marrom às vezes penso que aqueces por ser tua árvore mãe quem fez nasceres assim vermelho feito sangue Graça Carpes Rio de Janeiro / RS Café 25
  • 26. me dizem não ser suco como não? se vem do fruto daquele que pega no pé que chamem então 'té de chá desde que tinto me pinte o e s ô f a g o que amargo me jogue a real pois de doce me basta a vida... e se um dia, quiçá a pressão não 'guentar fraca é ela não meu café Gabriel Felipe Jacomel São Paulo / SP Litros diários 26
  • 27. Por um longo tempo de ti apartei-me Não porque não gostasse Mas para tentar proteger-me Quando distante de mim estavas Teu cheiro vinha sentir Aspirava avidamente Adivinhando o porvir. A boca se enchia de água Tal qual um beijo de amor Pois teu cheiro me cativa Assim como tua cor. Já se passou tanto tempo Que estive de ti ausente De novo estás em minha casa Te quero sempre presente. Te ponho entre minhas mãos Aspiro teu cheiro gostoso Entreabro os meus lábios Deslizas dentro de mim Tanto, tanto que te gosto Que me roubas até o sono Novamente me entrego a ti Ficando nesse mavioso abandono. Desfrutando tuas delícias Fico a suspirar até Ah! meu negrinho gostoso Meu saboroso CAFÉ! Diva Vazquez Rio Grande / RS Gostoso 27
  • 28. O café está presente em nossas vidas Acho que posso dizer, sem medo de pecar, que, em todos os nossos momentos, desde o café nosso de cada dia, ao romântico café na cama com uma delicada flor num mini vazinho de cristal. Na roda de prosa com os amigos, despojado cada um com uma caneca na mão, num causo, uma risada entre um e outro gole de café, segue a conversa e o riso. Café hospitalidade; pra recepcionar uma visita com um cafezinho autêntico e incorpado servido com requinte em xicará de porcelana e bandeja de inox. Café intantâneo; prático na correria do dia-a-dia da vida moderna. Café de saco; como se diz aqui em "Lombas" interior, passadinho na hora, com aroma gostoso e convidativo que se espalha pela casa toda, pelo ar e nos chama a degustá-lo com vontade. Café amigo; que ajuda a espantar o sono quando precisamos ficar acordados. Café acalanto; na hora do choro, - toooma, tá quentinho e vai "ty" fazer bem. Café carinho de mãe; -tô com uma dor de cabeça! - é falta de café, a mãe vai preparar um café especial pra ti. Café manhoso; -faz um cafezinho pra "eeeu???" Café criança; -mamãezinha... Me dá uma dedera de café? Dá dá dá!!! Café matador; vou acabar com esta ressaca com um café bem forte. Café da manhã, café da tarde, a qualquer hora... CAFÉS!! Café preto, café com leite, café com chocolate, café doce, café amargo, de qualquer jeito... CAFÉS!! Zenilda Silveira Z Viamão / RS Cafés 28
  • 29. Trazes no gosto a sensação dos séculos. E no odor o doce perfume dos lares. Cativas pela sensação de liberdade. Nos combates com vigor e sem tréguas. Ao âmago da embriaguês de tantos males. Se por razões diversas te apequenam. Deixando-te, porém, forte ou suave. Servindo-te nos rasos mais humildes. Maldizes o tempo que contra ti conspira. Se tua doce lembrança inspirar saudades. Artur Pereira dos Santos Porto Alegre / RS Cafe(zinho) encantado 29
  • 30. Entra o sol pela cortina o teu corpo ilumina entre os lençóis de cetim... Vejo a cena, bebo o vinho do seu sabor, tu em mim, das horas ternas, tecidas... Fiz um café para nós... Brindemos o amor que após, nos encanta e nos fascina... Nos sabores misturados ao teu beijo, nacarado toda a delícia sentida... Ana Maria Gazzaneo Bragança Paulista / SP Sabor de café 30
  • 31. sim ela virá com seu avental preto caminhando como quem anda nas nuvens com passos leves delicados como uma bailarina tocará o solo com as pontas do pés ela vira na sua direção trará no rosto um sorriso (profissional, não se iluda) ela olhará através de você (sim esse é o seu olhar) seu café se aproxima na bandeja a xícara o peti-four o copo d'água ela se aproxima de sua mesa falta pouco para chegar até você e a poucos passos ela tropeça cai a bandeja, a xícara, o peti-four, a água e ela vão ao chão você sorri você ri você gargalha seu dia está ganho (murmurará você entre dentes) e no chão frio do Café as lágrimas dela se confundirão à cor negra do café...¹ ¹ Só vingança, vingança, vingança Aos santos clamar Ela há de rolar como as pedras Que rolam na estrada (Vingança Lupicínio Rodrigues) Roberto Prado Barbosa Jr São Vicente / SP Variação sobre o mesmo tema 31
  • 32. Em frias noites de estudos esta clássica bebida marca sua presença de aromar e sabor perfeito. Um gole acalma e dar paz, relaxa o espírito. Bom mesmo é acordar de manhã ao perfume insessante deste líquido sagrado. Sou adepto deste combustível que me mantém nos estudos e nas salas de espera. Nos finais de tarde ele cai muito bem acompanhado ou não é sempre bem vindo. Adoro café preto, as vezes com leite e biscoitos Não precisa ser amargo, Nem doce demais, nem fraco e nem forte Só precisa ser café. Ed Carlos Santana Salvador / BA O café 32
  • 33. 33 Tomo meu café e imagino o que o dia será. De manhã, o café revigora a noite passada em jejum, dormindo. Dias sem fim, passo por entre as frestas da porta. Trabalhando, trabalhando... Sempre há o que fazer. Tomo meu café e imagino o que o dia será. De manhã, o café revigora a noite passada em jejum, dormindo. Ad infinitum... Mauricio Duarte São Gonçalo / RJ Dias sem fim
  • 34. Chá ou Café? Escolha o que quiser. Chá aos inspirados, Café para os cansados. Chá ou Café? Tem que saber ao pé. Café dá energia, Chá traz simpatia. Emoção ou Razão? Essa é a questão. Podes acordar a mente, Ou o coração da gente. Douglas Fantineli Porto Alegre / RS Chá ou Café? 34
  • 35. Saboroso café O néctar dos gãos que um dia gerou riqueza para nosso país, Que juntava os amigos nos bares, lancherias ou nas padarias, Grande, pequeno, meia ou taça cheia, puro ou pingado, café saboroso Para fartar o estômago ou para um papo gostoso Mas que sempre nós une em pé ou em volta da mesa tomando um recém passado café espumoso. Edi Mar Silveira Porto Alegre / RS Café 35
  • 36. Ah! Havia uma relação simbiótica Entre eles de longa data remota Quase comunhão de casamento. Jamais enveredaram jornada Sem a cúmplice companhia. Auxílio permanente a passagem Do dia, da hora, de cada segundo. No decorrer do dia, entre uma e outra tarefa A garrafa quentinha aguardava O melhor momento Para saciar o prazeroso saboreio E dissipava a fadiga, a dor, o estresse. Ela fazia suas orações, logo cedinho A rede balançava enroscada em seu corpo Seu pensamento, ave de arribação Volteava resistente No retorno de seus fartos dias Quando ainda criança o conhecera Em grão, tirado do cafeeiro. Livre corria nos arrozais a beira do rio E espantava a tagarelice das lavadeiras Em suas batalhas diárias de panos. A água ainda era cristalina E podia apropriar-se dos pequenos girinos Filhotes como ela mesma Em busca de oxigênio. A sujeira corria por entre a água límpida E ela não sentia nem bactérias, nem vírus Sua inocência resplandecia em seus movimentos. O cheiro do café fresquinho Rasgou as leves fronteiras do ar E achegou-se as suas sensíveis narinas. Maravilhada! Praticamente enfeitiçada Ela fugiu do transparente tecido das águas Jania Souza Natal / RN Para a avó Joana A magia do café 36 Foi aninhar-se entre as lavadeiras E a fogueira de lenha Com o saboroso e escuro líquido. Cresceu, apaixonou-se, casou-se Semeou a terra com suas lágrimas E o sangue com que pariu seus filhos. Seu querido e inseparável café Escuro, moreno, amargo às vezes Quase sempre tão doce Em seus contatos frequentes. Fiel parceiro na sobrevivência Acompanhou-a no Planalto De Vitória da Conquista Entre as magníficas e belas flores E os cantos das aves silvestres A olhar a imensa paisagem De incansáveis trabalhadores Em sua labuta diária nos cafezais. Nessa viagem sem fronteiras Retoma seu apego outra vez a existência. O balé da rede agora é lento O galo canta mais uma hora O café a chama de volta ao seu novo tempo É o momento de mais um gostoso gole. Sente-se completa nesse exato instante Alcançou a plenitude dos anos com muita fé E a eternidade, ao deleitar-se com o sabor De um gole revigorante do mais puro café quente.
  • 37. 37 Diga-me com quem andas e eu te direi: café! E iremos juntos, nós três, sorver o precioso e cálido líquido puro ou com leite, deixando de lado de uma vez diferenças de voto e de cupido, de rejeição ou de aceite, de ciência ou de fé. Quem não gosta de samba também é sujeito a café... todo o tempo, noite e dia na tristeza e na alegria. Pode ser à mineira, bem fraco, como em casa, passado no saco, ou mais moderno, como no norte, o expresso italiano, bem forte, ou gelado em sorvete até. Se a montanha não vai a Maomé, somente nos resta tomar um café. O machiatto e o capuccino são outras variantes italianas deste rico arbusto franzino, brasileiro de origens africanas. Paro aqui, porque vindo do fogão sinto um aroma tão 'bão'... Adivinhe o que é? Adilson Roberto Gonçalves Lorena / SP No popular
  • 38. Diante de um dilema. A solução não está no beber café... Café servido quente ou gelado que delícia de bebida. No sabor do café Não busque inspiração... Receita prática e fácil... Café cappuccino cremoso e quente que delícia de bebida. Pingado e quente. Melhor se acompanhado de pão e manteiga. Elvandro Burity Rio de Janeiro / RJ Café 38
  • 39. A primeira coisa que procuro de manhã é o cheiro de café. Melhor ainda em diferentes pontos da cidade, Descobrindo e cheirando ao mesmo tempo..., Café cortado, expresso ou capuchino, Café de todos os graus e de todos os tipos. Café com espuma e desenhos, Café acompanhado ou sozinho, Café forte ou fraco, Finalmente o grande convite: Café junto aos amigos. Edith León Orellana Porto Alegre / RS Cheiro de café 39
  • 40. Caderno Literário é uma publicação da Pragmatha Laboratório de Ideias e Gestão de Projetos. Porto Alegre/RS. Fone 51 3398 0134. www.pragmatha.com.br, e-mail sandra.veroneze@pragmatha.com.br. Ano 06. Número 46. Junho/2013. Editora: Sandra Veroneze. Skype: sandrazveroneze. O conteúdo dos poemas é de responsabilidade de seus autores. Contato: sandra.veroneze@pragmatha.com.br INSCREVA-SE