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Falando sobre Cinema
                                    Autora: Elizete Arantes


       O cinema mundial está sempre buscando novas formas de narrar uma história sem
perder a essência natural de convencer o espectador da casualidade, causa e efeito e fundo
moral, seja tradicional ou experimental. Proponho estudar os aspectos associados ao
naturalismo realista do cinema contemporâneo e os elementos característicos de uma
produção mais experimental. Primeiro, fiz uma relação dos filmes que mais me
impressionaram e dentre eles, escolhi Amnésia, de Christopher Nolan (2000), 113 min., e
Irreversível, de Gaspar Noé (2002), 99 min.




       I                          magem1.
       Ambos utilizam-se do formato narrativo de trás para frente, ou seja, a primeira cena é
o final da história e a última é a primeira. Eles também possuem dois aspectos dos gêneros
cinematográficos, suspense e drama, e têm como fio condutor a vingança. Estes filmes foram
escolhidos, pois diferem dos filmes clássicos, cuja narrativa é transparente e totalmente
amarrada em sua lógica de espaço e tempo. Por isso, não são filmes compreensíveis a
primeira vista, ao contrário, induz o espectador a assistir várias vezes a fim de alcançar a
compreensão da trama. Além disso, não fazem chorar de emoção como os filmes
considerados família, aqueles que levam multidões ao cinema, ao contrário, são filmes para
uma platéia mais curiosa, seleta e exigente.
Imagem 2-
       O drama no filme Amnésia se fundamenta na história de um rapaz que teve a mulher
brutalmente assassinada e parte em busca de seu criminoso. O suspense fica por conta do que
vem depois do ocorrido, quando o personagem central não consegue se lembrar por muito
tempo de situações recentes, o que o deixa a mercê de anotações e fotografias. A lógica da
narração está na cronologia inversa, intercaladas com cenas sequenciais de pequenos lances
de memória, a qual faz com que a imagem fique em segundo plano, pois o que interessa são
os acontecimentos que o espectador é induzido a organizar mentalmente para compreender o
que aconteceu e quem é quem na história e o porquê dos fatos.
       Essa nova forma de narrativa joga com o grau de compreensão do espectador, que é
uma das características do cinema experimental, e é o que difere do cinema tradicional, que já
traz uma cronologia traçada e não exige esforço para entender a trama. Outra característica
são os protagonistas psicologicamente afetados, que vivem à margem da sociedade. Estes
filmes também trazem em suas propostas imagens que se movem desvairadamente, restando a
quem assiste apenas a possibilidade de entregar-se à experiência.
       No filme Irreversível, o drama fica por conta do estupro e do espancamento violento
que envolve uma jovem, bem como da sede de vingança do seu companheiro. O suspense é
revelado em duas cenas: a primeira, com a busca frenética por vingança na boate de
sadomasoquismo, e a segunda acontece na passagem subterrânea para pedestre, onde, enfim,
o espectador compreende o porquê de tanta violência e a sua raiz.
       A lógica dessa narração é mexer com os instintos mais animalescos do espectador,
pois até compreender a trama alguns sentimentos são desconfortadamente suscitados, do
repúdio a compaixão, entre tantos outros. Dessa forma, o realismo da cena inicial com a busca
agitada ao desconhecido e o assassinato com o extintor de incêndio, esmagando a cabeça do
vilão, como também o estupro, provoca estranhamento, ao ponto de querer voltar no tempo
para que as coisas se apresentem de forma diferente. Particularmente, no referido filme, a
inversão narrativa permite ao espectador um maior esforço para compreender os blocos de
cenas e refletir sobre o tema, bem como se colocar na condição das personagens.
        Com isso, o espectador passa a fazer parte da trama mudando o tempo dos
acontecimentos ao comando da frase “O tempo tudo destrói”, não dá para reverter. Sendo
assim, o mínimo que o espectador pode fazer é avançar no controle remoto na esperança de
um final feliz, nesse caso, um começo feliz.
        No entanto, no filme anterior, o tempo é aliado do protagonista, pois fica a expectativa
de que com o passar do tempo a trama se revele favorável, mostrando quem é o verdadeiro
vilão. Nesse sentido, a tragédia já aconteceu e espera-se que a memória seja restabelecida e
elucide os acontecimentos. Contudo, nada é o que parece ser, uma vez que os mocinhos e os
vilões de narrativas experimentais, são diferentes das tradicionais, sendo protótipos de pessoas
reais, causas reais, efeitos reais, não há finais felizes.
        Em ambos os filmes, a linearidade clássica tornaria a narração comum, fatídica e o
impacto emocional não seria o mesmo, pois seria mais um filme sobre violência, iguais a
tantos outros apresentados em Hollywood, até então. Porém, eles não deixam de ser Cult, pois
inovam na narrativa, dão margens às múltiplas interpretações, não fogem ao realismo da
sociedade contemporãnea, levam a reflexão da vida cotidiana e dos sentimentos humanos.
        Nessa perspectiva, o espectador se identifica com as cenas apresentadas como se
fossem reais, as quais podem acontecer com qualquer pessoa do seu convívio. Apesar de ser
uma ficção, é também recortes dos acontecimentos das ruas apresentadas nos telejornais, e
ainda há o fundo moral que leva o espectador a se questionar: vale a pena a vingança? A
violência advinda da vingança não gera mais violência? E se fosse comigo, como reageria?
Com isso, a trama convence o espectador, instiga-o a refletir nos males da sociedade atual.
Afinal, é cinema contemporâneo, experimental, original, inovador, polêmico, inteligente e
audacioso.




Referências:



VIEIRA. João Luiz. Cinema. Material didático do curso de Artes Visuais: Cultura e
Criação. SENAC/RN, 2005.


BRATFISCH, Allan. Resenha Crítica do Filme Irreversível. Disponível em:
<http://www.cranik.com/irreversivel.html>. Acesso em: 16 mar. 2011.
CÔRTES. Norma. AMNÉSIA, O TEMPO COMO CONSTRUÇÃO. Resenha Crítica
do Filme Amnésia. Disponível em:
<http://www.espacoacademico.com.br/022/22ccortes.htm>. Acesso em: 16 mar.
2011.

AMNÉSIA (Memeto) Direção: Christopher Nolan, Ano: 2000. Duração: 113 minutos.
Estados Unidos.
IRREVERSÍVEL (Irreversible). Direção: Gaspar Noé. Ano 2002. Duração: 99 min. França.


Endereço das imagens:


Imagem 1-http://www.adorocinema.com/filmes/irreversivel/trailers-e-imagens/#26487
Imagem2- http://www.cineplayers.com/filme.php?id=68

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  • 1. Falando sobre Cinema Autora: Elizete Arantes O cinema mundial está sempre buscando novas formas de narrar uma história sem perder a essência natural de convencer o espectador da casualidade, causa e efeito e fundo moral, seja tradicional ou experimental. Proponho estudar os aspectos associados ao naturalismo realista do cinema contemporâneo e os elementos característicos de uma produção mais experimental. Primeiro, fiz uma relação dos filmes que mais me impressionaram e dentre eles, escolhi Amnésia, de Christopher Nolan (2000), 113 min., e Irreversível, de Gaspar Noé (2002), 99 min. I magem1. Ambos utilizam-se do formato narrativo de trás para frente, ou seja, a primeira cena é o final da história e a última é a primeira. Eles também possuem dois aspectos dos gêneros cinematográficos, suspense e drama, e têm como fio condutor a vingança. Estes filmes foram escolhidos, pois diferem dos filmes clássicos, cuja narrativa é transparente e totalmente amarrada em sua lógica de espaço e tempo. Por isso, não são filmes compreensíveis a primeira vista, ao contrário, induz o espectador a assistir várias vezes a fim de alcançar a compreensão da trama. Além disso, não fazem chorar de emoção como os filmes considerados família, aqueles que levam multidões ao cinema, ao contrário, são filmes para uma platéia mais curiosa, seleta e exigente.
  • 2. Imagem 2- O drama no filme Amnésia se fundamenta na história de um rapaz que teve a mulher brutalmente assassinada e parte em busca de seu criminoso. O suspense fica por conta do que vem depois do ocorrido, quando o personagem central não consegue se lembrar por muito tempo de situações recentes, o que o deixa a mercê de anotações e fotografias. A lógica da narração está na cronologia inversa, intercaladas com cenas sequenciais de pequenos lances de memória, a qual faz com que a imagem fique em segundo plano, pois o que interessa são os acontecimentos que o espectador é induzido a organizar mentalmente para compreender o que aconteceu e quem é quem na história e o porquê dos fatos. Essa nova forma de narrativa joga com o grau de compreensão do espectador, que é uma das características do cinema experimental, e é o que difere do cinema tradicional, que já traz uma cronologia traçada e não exige esforço para entender a trama. Outra característica são os protagonistas psicologicamente afetados, que vivem à margem da sociedade. Estes filmes também trazem em suas propostas imagens que se movem desvairadamente, restando a quem assiste apenas a possibilidade de entregar-se à experiência. No filme Irreversível, o drama fica por conta do estupro e do espancamento violento que envolve uma jovem, bem como da sede de vingança do seu companheiro. O suspense é revelado em duas cenas: a primeira, com a busca frenética por vingança na boate de sadomasoquismo, e a segunda acontece na passagem subterrânea para pedestre, onde, enfim, o espectador compreende o porquê de tanta violência e a sua raiz. A lógica dessa narração é mexer com os instintos mais animalescos do espectador, pois até compreender a trama alguns sentimentos são desconfortadamente suscitados, do repúdio a compaixão, entre tantos outros. Dessa forma, o realismo da cena inicial com a busca agitada ao desconhecido e o assassinato com o extintor de incêndio, esmagando a cabeça do vilão, como também o estupro, provoca estranhamento, ao ponto de querer voltar no tempo para que as coisas se apresentem de forma diferente. Particularmente, no referido filme, a
  • 3. inversão narrativa permite ao espectador um maior esforço para compreender os blocos de cenas e refletir sobre o tema, bem como se colocar na condição das personagens. Com isso, o espectador passa a fazer parte da trama mudando o tempo dos acontecimentos ao comando da frase “O tempo tudo destrói”, não dá para reverter. Sendo assim, o mínimo que o espectador pode fazer é avançar no controle remoto na esperança de um final feliz, nesse caso, um começo feliz. No entanto, no filme anterior, o tempo é aliado do protagonista, pois fica a expectativa de que com o passar do tempo a trama se revele favorável, mostrando quem é o verdadeiro vilão. Nesse sentido, a tragédia já aconteceu e espera-se que a memória seja restabelecida e elucide os acontecimentos. Contudo, nada é o que parece ser, uma vez que os mocinhos e os vilões de narrativas experimentais, são diferentes das tradicionais, sendo protótipos de pessoas reais, causas reais, efeitos reais, não há finais felizes. Em ambos os filmes, a linearidade clássica tornaria a narração comum, fatídica e o impacto emocional não seria o mesmo, pois seria mais um filme sobre violência, iguais a tantos outros apresentados em Hollywood, até então. Porém, eles não deixam de ser Cult, pois inovam na narrativa, dão margens às múltiplas interpretações, não fogem ao realismo da sociedade contemporãnea, levam a reflexão da vida cotidiana e dos sentimentos humanos. Nessa perspectiva, o espectador se identifica com as cenas apresentadas como se fossem reais, as quais podem acontecer com qualquer pessoa do seu convívio. Apesar de ser uma ficção, é também recortes dos acontecimentos das ruas apresentadas nos telejornais, e ainda há o fundo moral que leva o espectador a se questionar: vale a pena a vingança? A violência advinda da vingança não gera mais violência? E se fosse comigo, como reageria? Com isso, a trama convence o espectador, instiga-o a refletir nos males da sociedade atual. Afinal, é cinema contemporâneo, experimental, original, inovador, polêmico, inteligente e audacioso. Referências: VIEIRA. João Luiz. Cinema. Material didático do curso de Artes Visuais: Cultura e Criação. SENAC/RN, 2005. BRATFISCH, Allan. Resenha Crítica do Filme Irreversível. Disponível em: <http://www.cranik.com/irreversivel.html>. Acesso em: 16 mar. 2011.
  • 4. CÔRTES. Norma. AMNÉSIA, O TEMPO COMO CONSTRUÇÃO. Resenha Crítica do Filme Amnésia. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/022/22ccortes.htm>. Acesso em: 16 mar. 2011. AMNÉSIA (Memeto) Direção: Christopher Nolan, Ano: 2000. Duração: 113 minutos. Estados Unidos. IRREVERSÍVEL (Irreversible). Direção: Gaspar Noé. Ano 2002. Duração: 99 min. França. Endereço das imagens: Imagem 1-http://www.adorocinema.com/filmes/irreversivel/trailers-e-imagens/#26487 Imagem2- http://www.cineplayers.com/filme.php?id=68