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A Canção é uma arma
Em resposta ao regime de Salazar, encontraram-se formas de combater a
ditadura vigente. Uma delas foi a música, que através das suas letras,
expressava descontentamento e revolta, que não poderiam ser demonstrados
fisicamente, pois era punido e torturado o indivíduo que ousasse enfrentar
forças superiores.
Trabalho realizado por:
Maria Eduarda Gameiro nº20
Inês Brites nº9
João Henriques nº12
João Maia nº10
João Ferreira nº11
Diogo Lopes nº7
Música de intervenção
Canção com Lágrimas- Adriano Correia de
Oliveira
Letra:
Eu canto para ti o mês das giestas
O mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave
mês
Em que os mortos amados batem à porta do
poema
Porque tu me disseste quem me dera em
Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu
cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera.
O intérprete canta o mês das giestas (Maio- associado ao
florescer e crescer das giestas) para o amigo, com um
sentimento triste e amarguroso, relembrando todos os bons
momentos que passaram.
Canta o mês que é agora marcado pela morte e ausência do
amigo, que nunca mais o poderá rever, após a sua morte tão
longe de Lisboa (na Guerra Colonial).
O povo está à sua espera, relembrando-o em todo o lado,
desde as águas até à paredes de todas as ruas, em que ele não
irá passar, e não irá trazer de volta a flor de Maio (início da
Primavera, uma nova época de felicidade, que não iria voltar,
pois o seu amigo morrera).
O povo chora com dor a perda do indivíduo, podendo fazer-se
uma relação com todos os Homens que morreram na Guerra
Colonial.
Este tema foi interpretado por Adriano de
Oliveira, escrito por Manuel Alegre, que perdera
um conterrâneo na Guerra Colonial.
Política- José Afonso- Vampiros
No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Censura- A trova do vento que passa- Adriano
Correia de Oliveira
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
Pergunto ao vento que
passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.
(…)
Pergunto à gente que
passa
por que vai de olhos no
chão.
Silêncio -- é tudo o que
tem
quem vive na servidão.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das
águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes
mágoas).
José Afonso-Os índios da meia-praia
Aldeia da Meia-Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço
De Monte-Gordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha a ré
Quando os teus olhos
tropeçam
No voo duma gaivota
Em vez de peixe vê peças
De ouro caindo na lota
Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente
tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Monte-Gordo
(Nada o prende ao mal
passado)
Mas nada o prende ao
presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um c'o seu tijolo
"Isto aqui era uma
orquestra"
Quem diz o contrário é tolo
E se a má lingua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixar tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade
própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar pra trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um c'o seu tijolo
"Isto aqui era uma
orquestra"
Quem diz o contrário é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada
Emigração – Zeca Afonso – Canção do
DesterroVieram cedo
Mortos de cansaço
Adeus amigos
Não voltamos cá
O mar é tão grande
E o mundo é tão largo
Maria Bonita
Onde vamos morar
Na barcarola
Canta a Marujada
- O mar que eu vi
Não é como o de lá
E a roda do leme
E a proa molhada
Maria Bonita
Onde vamos parar
Nem uma
nuvem
Sobre a maré
cheia
O sete-estrelo
Sabe bem onde
ir
E a velha
teimava
E a velha dizia
Maria Bonita
Onde vamos cair
À beira de àgua
Me criei um dia
- Remos e velas
Lá deixei a arder
Ao sol e ao
vento
Na areia da praia
Maria Bonita
Onde vamos
viver
Ganho a camisa
Tenho uma
fortuna
Em terra alheia
Sei onde ficar
Eu sou como o
vento
Que foi e não veio
Maria Bonita
Onde vamos
morar
Sino de bronze
Lá na minha aldeia
Toca por mim
Que estou para
abalar
E a fala da velha
Da velha matreira
Maria Bonita
Onde vamos
penar
Vinham de longe
Todos o sabiam
Não se importavam
Quem os vinha ver
E a velha teimava
E a velha dizia
Maria Bonita
Onde vamos morrer
Zeca Afonso- A morte saiu à rua- CensuraA morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pra qualquer
fim.
Uma gota rubra sobre a calçada cai E
um rio de sangue dum peito aberto
sai.
O vento que dá nas canas do canavial.
E a foice duma ceifeira de Portugal. E o
som da bigorna como um clarim do
céu.
Vão dizendo em toda a parte o pintor
morreu.
Teu sangue, Pintor, reclama outra
morte igual.
Só olho por olho e dente por dente
vale.
À lei assassina à morte que te matou.
Teu corpo pertence à terra que te
abraçou.
Aqui te afirmamos dente por dente
assim.
Que um dia rirá melhor quem rirá por
fim.
Na curva da estrada há covas feitas no
chão.
E em todas florirão rosas duma nação.
Zeca Afonso homenageou o
pintor José Dias Coelho, que
fora morto pela PIDE,
através da música ‘’A morte
saiu à rua’’.

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Música contra a ditadura

  • 1. A Canção é uma arma Em resposta ao regime de Salazar, encontraram-se formas de combater a ditadura vigente. Uma delas foi a música, que através das suas letras, expressava descontentamento e revolta, que não poderiam ser demonstrados fisicamente, pois era punido e torturado o indivíduo que ousasse enfrentar forças superiores. Trabalho realizado por: Maria Eduarda Gameiro nº20 Inês Brites nº9 João Henriques nº12 João Maia nº10 João Ferreira nº11 Diogo Lopes nº7
  • 2. Música de intervenção Canção com Lágrimas- Adriano Correia de Oliveira Letra: Eu canto para ti o mês das giestas O mês de morte e crescimento ó meu amigo Como um cristal partindo-se plangente No fundo da memória perturbada Eu canto para ti o mês onde começa a mágoa E um coração poisado sobre a tua ausência Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês Em que os mortos amados batem à porta do poema Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa Quem me dera em Maio depois morreste Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro Eu canto para ti Lisboa à tua espera Teu nome escrito com ternura sobre as águas E o teu retrato em cada rua onde não passas Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio Porque tu me disseste quem me dera em Maio Porque te vi morrer eu canto para ti Lisboa e o sol, Lisboa com lágrimas Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve Eu canto para ti Lisboa à tua espera. O intérprete canta o mês das giestas (Maio- associado ao florescer e crescer das giestas) para o amigo, com um sentimento triste e amarguroso, relembrando todos os bons momentos que passaram. Canta o mês que é agora marcado pela morte e ausência do amigo, que nunca mais o poderá rever, após a sua morte tão longe de Lisboa (na Guerra Colonial). O povo está à sua espera, relembrando-o em todo o lado, desde as águas até à paredes de todas as ruas, em que ele não irá passar, e não irá trazer de volta a flor de Maio (início da Primavera, uma nova época de felicidade, que não iria voltar, pois o seu amigo morrera). O povo chora com dor a perda do indivíduo, podendo fazer-se uma relação com todos os Homens que morreram na Guerra Colonial. Este tema foi interpretado por Adriano de Oliveira, escrito por Manuel Alegre, que perdera um conterrâneo na Guerra Colonial.
  • 3. Política- José Afonso- Vampiros No céu cinzento sob o astro mudo Batendo as asas Pela noite calada Vêm em bandos Com pés veludo Chupar o sangue Fresco da manada Se alguém se engana com seu ar sisudo E lhes franqueia As portas à chegada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada [Bis] A toda a parte Chegam os vampiros Poisam nos prédios Poisam nas calçadas Trazem no ventre Despojos antigos Mas nada os prende Às vidas acabadas São os mordomos Do universo todo Senhores à força Mandadores sem lei Enchem as tulhas Bebem vinho novo Dançam a ronda No pinhal do rei Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada No chão do medo Tombam os vencidos Ouvem-se os gritos Na noite abafada Jazem nos fossos Vítimas dum credo E não se esgota O sangue da manada Se alguém se engana Com seu ar sisudo E lhe franqueia As portas à chegada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada Eles comem tudo Eles comem tudo Eles comem tudo E não deixam nada
  • 4. Censura- A trova do vento que passa- Adriano Correia de Oliveira Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindo nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles pra quem eu escrevo. Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz. o vento nada me diz. (…) Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão. Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas).
  • 5. José Afonso-Os índios da meia-praia Aldeia da Meia-Praia Ali mesmo ao pé de Lagos Vou fazer-te uma cantiga Da melhor que sei e faço De Monte-Gordo vieram Alguns por seu próprio pé Um chegou de bicicleta Outro foi de marcha a ré Quando os teus olhos tropeçam No voo duma gaivota Em vez de peixe vê peças De ouro caindo na lota Quem aqui vier morar Não traga mesa nem cama Com sete palmos de terra Se constrói uma cabana Tu trabalhas todo o ano Na lota deixam-te mudo Chupam-te até ao tutano Levam-te o couro cabeludo Quem dera que a gente tenha De Agostinho a valentia Para alimentar a sanha De esganar a burguesia Adeus disse a Monte-Gordo (Nada o prende ao mal passado) Mas nada o prende ao presente Se só ele é o enganado Oito mil horas contadas Laboraram a preceito Até que veio o primeiro Documento autenticado Eram mulheres e crianças Cada um c'o seu tijolo "Isto aqui era uma orquestra" Quem diz o contrário é tolo E se a má lingua não cessa Eu daqui vivo não saia Pois nada apaga a nobreza Dos índios da Meia-Praia Foi sempre a tua figura Tubarão de mil aparas Deixar tudo à dependura Quando na presa reparas Das eleições acabadas Do resultado previsto Saiu o que tendes visto Muitas obras embargadas Mas não por vontade própria Porque a luta continua Pois é dele a sua história E o povo saiu à rua Mandadores de alta finança Fazem tudo andar pra trás Dizem que o mundo só anda Tendo à frente um capataz Eram mulheres e crianças Cada um c'o seu tijolo "Isto aqui era uma orquestra" Quem diz o contrário é tolo E toca de papelada No vaivém dos ministérios Mas hão-de fugir aos berros Inda a banda vai na estrada
  • 6. Emigração – Zeca Afonso – Canção do DesterroVieram cedo Mortos de cansaço Adeus amigos Não voltamos cá O mar é tão grande E o mundo é tão largo Maria Bonita Onde vamos morar Na barcarola Canta a Marujada - O mar que eu vi Não é como o de lá E a roda do leme E a proa molhada Maria Bonita Onde vamos parar Nem uma nuvem Sobre a maré cheia O sete-estrelo Sabe bem onde ir E a velha teimava E a velha dizia Maria Bonita Onde vamos cair À beira de àgua Me criei um dia - Remos e velas Lá deixei a arder Ao sol e ao vento Na areia da praia Maria Bonita Onde vamos viver Ganho a camisa Tenho uma fortuna Em terra alheia Sei onde ficar Eu sou como o vento Que foi e não veio Maria Bonita Onde vamos morar Sino de bronze Lá na minha aldeia Toca por mim Que estou para abalar E a fala da velha Da velha matreira Maria Bonita Onde vamos penar Vinham de longe Todos o sabiam Não se importavam Quem os vinha ver E a velha teimava E a velha dizia Maria Bonita Onde vamos morrer
  • 7. Zeca Afonso- A morte saiu à rua- CensuraA morte saiu à rua num dia assim Naquele lugar sem nome pra qualquer fim. Uma gota rubra sobre a calçada cai E um rio de sangue dum peito aberto sai. O vento que dá nas canas do canavial. E a foice duma ceifeira de Portugal. E o som da bigorna como um clarim do céu. Vão dizendo em toda a parte o pintor morreu. Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual. Só olho por olho e dente por dente vale. À lei assassina à morte que te matou. Teu corpo pertence à terra que te abraçou. Aqui te afirmamos dente por dente assim. Que um dia rirá melhor quem rirá por fim. Na curva da estrada há covas feitas no chão. E em todas florirão rosas duma nação. Zeca Afonso homenageou o pintor José Dias Coelho, que fora morto pela PIDE, através da música ‘’A morte saiu à rua’’.