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O HOMEM MODERNO – A LUTA CONTRA O VAZIO - Enrique Rojas
O fim de uma civilização em que se assiste a derrubada dos sistemas totalitários aponta para a geração do homem light, que nada mais
é do que a criação de um indivíduo superficial, leve, volátil, banal, permissivo. O viver bem a qualquer custo passa a ser a nova tônica do
comportamento. De repente, o homem se vê frente-a-frente com o drama das drogas, a marginalização de jovens, greves dos
trabalhadores, dentre outros fatos. Tudo isso contribui para que o homem se torne frio, não acreditando em quase nada, deixando para trás
os valores transcendentes. É um homem sem vínculos, descomprometido e indiferente. Adepto da permissividade, o homem moderno vai
trilhando seus caminhos, sem proibições, nem territórios vedados ou limitações, ele arrisca tudo, é vítima do consumismo.
Esse perfil do homem moderno, traçado por Enrique Rojas, mostra que o ser humano foi rebaixado a objeto, repleto de consumo e
bem-estar, cujo fim é despertar admiração ou inveja. Com esses valores, o homem vai se tornar mais vulnerável e sem firmeza. O autor
acredita que o homem moderno vai passar por um sofrimento para iniciar uma mudança radical que o impulsione a um caminho mais
digno e humano. Com todos esses predicados, o homem moderno vai montando uma sociedade desorientada, perplexa, desenganada,
cética, à deriva, mas orgulhoso e radiante por caminhar para trás. Este protótipo do homem livre nada mais é do que um ser piorado,
degradado. Muitos homens de hoje não sabem para onde vão, estão perdidos e desorientados. Este estado de coisas aconteceu por causa de
vários filósofos como Sócrates, Camus, Descartes, Pascal, Kant dentre outros, cujas vidas serviram de exemplo de fracasso total para seus
seguidores. Nesta crítica, o autor esqueceu de dizer que os filósofos que ele citou foram grandes pensadores e trouxeram à humanidade
muita evolução, como Sartre, Kierkegaard, Unamuno e outros.
Rojas faz uma diferença entre o homem moderno e o homem sólido. O primeiro é aquele que mostra uma curiosidade incessante, mas
sem bússola e mal dirigida. Já o homem sólido busca a verdade, para que esta o faça avançar em direção ao crescimento pessoal. Mais
adiante, o autor defende a idéia de que o homem deve combater o cinismo, mediante convicções firmes e não jogar-se ao consumismo. A
partir dessas considerações, enfoca-se o niilismo, enfocando assuntos como a liberdade, relativismo e cinismo. O niilismo, assim como
relativismo e o ceticismo, tem um tom devorador, desiludido, indiferente à verdade por comodismo e por não se aprofundar em questões
substanciais. A felicidade é a realização mais completa do ser humano e indica que o ser humano que a possui se encontrou de fato e tem
um projeto de vida coerente. Já o homem moderno tem uma ausência quase absoluta de cultura, pois só procura aquilo que tem relação
com sua vida profissional, com assuntos triviais como a vida alheia, as viagens e os episódios nela ocorridos.
No que se refere ao amor humano, ele acredita que uma das formas mais representativas dele é o que se pratica entre homem e mulher.
Essa forma de amor é um sentimento de aprovação e afirmação do outro, ou mais precisamente, o que o homem necessita na vida. Na
relação sexual, sem amor autêntico o outro é um objeto de prazer, leva a um vazio gradual que desemboca no tédio. Os vícios do homem
moderno são muitos, como a busca por psicoterapeutas, reflexo das pessoas que sofrem de crises de identidade, ou mesmo, os vícios de
perder peso, buscando-se o emagrecimento como meta, dentre outros. Todas essas formas de “fugas” são vícios do consumo, o que traduz
uma clara insatisfação de tudo. E assim, vão se somando as várias condutas do homem moderno, que adota uma vida ligh, que consiste
numa vida que conduz a uma existência vazia. O ser humano passa a ser narcisista, concentrado em si próprio, em seu corpo. Este homem
light viveria sem ideal e sem objetivos transcendentes. O ideal seria que o ser humano procurasse novos valores e metas concretas e
estivesse disposto a lutar por elas.
O homem moderno não procura a religião, mas também não é ateu. Ele construiu uma forma particular de espiritualidade segundo sua
própria perspectiva. É ele quem decide o que está bem e o que está mal e termina fabricando uma ética à sua medida. Com essas
considerações fica claro que o homem moderno distanciou-se da religião por não acreditar na sua eficácia. Poderia se dizer que o homem
light virou cético, duvida de tudo, trata os outros como objetos, tem no materialismo e no consumismo suas formas de vida.
Todo este estado de coisas conduzem ao cansaço da vida e o homem fica fraco, extenuado, lânguido, uniforme com alguma coisa
nebulosa coberta por um tom cinza. Esta é a psicologia do fracasso, na qual o homem navega cada vez mais frágil, indiferente e
permissivo e sem rumo. Diante das diversas situações que o homem atravessa, ter vontade própria é um dos objetivos primordiais e que
auxiliam o homem a chegar mais longe. As soluções para o homem moderno passam pela recuperação do humanismo. Mas será que o
humanismo resolveria o problema? Nessas considerações há uma busca aos valores do passado, às raízes do pensamento humano, como as
escolas gregas, romanas e judaico-cristãs. É fácil dizer que o homem vai mudar adotando em seu interior a sabedoria clássica, mas é
preciso observar que muitos conceitos de filosofias antigas já estão superados e não se adaptam mais atualmente. É preciso entender que o
homem moderno quer mais, quer conquistar, quer extrapolar fronteiras e qualquer sugestão de melhoria deve enfocar uma reconstrução
dos valores e isso exige muita disciplina, coisa bastante difícil atualmente, pois o ser humano ficou cínico, pragmático, pensa uma coisa e
faz outra diferente.
Depois de mostrar um cenário sombrio para o homem moderno, há que se fazer uma terapia, que consiste em reformular a vida,
colocá-la em ordem e aplicar uma vontade firme para realizar o propósito de aproveitar a vida com empenho inquebrantável.
Concluindo, a obra de Rojas fala da falta de valores que cercam o homem moderno, criticando veemente todos os aspectos que o levam
ao vazio, apontando caminhos em que a felicidade, o amor e outros valores precisam fazer parte de sua vida. Neste sentido, a obra é mais
uma tentativa de fazer o homem mais feliz interiormente, com espírito de luta, garras e firmeza nos objetivos. Contudo, é contraditório
dizer que o homem deve fugir do culto à novidade, ou que a religião deve fazer parte de uma renovação do homem moderno. Ora, se o
homem fugir à novidade, ele vai ficar embotado e vítima do tradicionalismo que pouco progresso trouxe à humanidade. E a religião serviu
para condicionar o homem, não permitindo que ele abra seus horizontes. Desse modo, a reconstrução do homem moderno é trabalho
profundo, exige não só a disciplina, mas tudo o que ele puder usar em prol do amor, felicidade, solidariedade, respeito aos direitos
humanos, não-violência, nem busca pelas drogas.

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Nesta crítica, o autor esqueceu de dizer que os filósofos que ele citou foram grandes pensadores e trouxeram à humanidade muita evolução, como Sartre, Kierkegaard, Unamuno e outros. Rojas faz uma diferença entre o homem moderno e o homem sólido. O primeiro é aquele que mostra uma curiosidade incessante, mas sem bússola e mal dirigida. Já o homem sólido busca a verdade, para que esta o faça avançar em direção ao crescimento pessoal. Mais adiante, o autor defende a idéia de que o homem deve combater o cinismo, mediante convicções firmes e não jogar-se ao consumismo. A partir dessas considerações, enfoca-se o niilismo, enfocando assuntos como a liberdade, relativismo e cinismo. O niilismo, assim como relativismo e o ceticismo, tem um tom devorador, desiludido, indiferente à verdade por comodismo e por não se aprofundar em questões substanciais. A felicidade é a realização mais completa do ser humano e indica que o ser humano que a possui se encontrou de fato e tem um projeto de vida coerente. Já o homem moderno tem uma ausência quase absoluta de cultura, pois só procura aquilo que tem relação com sua vida profissional, com assuntos triviais como a vida alheia, as viagens e os episódios nela ocorridos. No que se refere ao amor humano, ele acredita que uma das formas mais representativas dele é o que se pratica entre homem e mulher. Essa forma de amor é um sentimento de aprovação e afirmação do outro, ou mais precisamente, o que o homem necessita na vida. Na relação sexual, sem amor autêntico o outro é um objeto de prazer, leva a um vazio gradual que desemboca no tédio. Os vícios do homem moderno são muitos, como a busca por psicoterapeutas, reflexo das pessoas que sofrem de crises de identidade, ou mesmo, os vícios de perder peso, buscando-se o emagrecimento como meta, dentre outros. Todas essas formas de “fugas” são vícios do consumo, o que traduz uma clara insatisfação de tudo. E assim, vão se somando as várias condutas do homem moderno, que adota uma vida ligh, que consiste numa vida que conduz a uma existência vazia. O ser humano passa a ser narcisista, concentrado em si próprio, em seu corpo. Este homem light viveria sem ideal e sem objetivos transcendentes. O ideal seria que o ser humano procurasse novos valores e metas concretas e estivesse disposto a lutar por elas. O homem moderno não procura a religião, mas também não é ateu. Ele construiu uma forma particular de espiritualidade segundo sua própria perspectiva. É ele quem decide o que está bem e o que está mal e termina fabricando uma ética à sua medida. Com essas considerações fica claro que o homem moderno distanciou-se da religião por não acreditar na sua eficácia. Poderia se dizer que o homem light virou cético, duvida de tudo, trata os outros como objetos, tem no materialismo e no consumismo suas formas de vida. Todo este estado de coisas conduzem ao cansaço da vida e o homem fica fraco, extenuado, lânguido, uniforme com alguma coisa nebulosa coberta por um tom cinza. Esta é a psicologia do fracasso, na qual o homem navega cada vez mais frágil, indiferente e permissivo e sem rumo. Diante das diversas situações que o homem atravessa, ter vontade própria é um dos objetivos primordiais e que auxiliam o homem a chegar mais longe. As soluções para o homem moderno passam pela recuperação do humanismo. Mas será que o humanismo resolveria o problema? Nessas considerações há uma busca aos valores do passado, às raízes do pensamento humano, como as escolas gregas, romanas e judaico-cristãs. É fácil dizer que o homem vai mudar adotando em seu interior a sabedoria clássica, mas é preciso observar que muitos conceitos de filosofias antigas já estão superados e não se adaptam mais atualmente. É preciso entender que o homem moderno quer mais, quer conquistar, quer extrapolar fronteiras e qualquer sugestão de melhoria deve enfocar uma reconstrução dos valores e isso exige muita disciplina, coisa bastante difícil atualmente, pois o ser humano ficou cínico, pragmático, pensa uma coisa e faz outra diferente. Depois de mostrar um cenário sombrio para o homem moderno, há que se fazer uma terapia, que consiste em reformular a vida, colocá-la em ordem e aplicar uma vontade firme para realizar o propósito de aproveitar a vida com empenho inquebrantável. Concluindo, a obra de Rojas fala da falta de valores que cercam o homem moderno, criticando veemente todos os aspectos que o levam ao vazio, apontando caminhos em que a felicidade, o amor e outros valores precisam fazer parte de sua vida. Neste sentido, a obra é mais uma tentativa de fazer o homem mais feliz interiormente, com espírito de luta, garras e firmeza nos objetivos. Contudo, é contraditório dizer que o homem deve fugir do culto à novidade, ou que a religião deve fazer parte de uma renovação do homem moderno. Ora, se o homem fugir à novidade, ele vai ficar embotado e vítima do tradicionalismo que pouco progresso trouxe à humanidade. E a religião serviu para condicionar o homem, não permitindo que ele abra seus horizontes. Desse modo, a reconstrução do homem moderno é trabalho profundo, exige não só a disciplina, mas tudo o que ele puder usar em prol do amor, felicidade, solidariedade, respeito aos direitos humanos, não-violência, nem busca pelas drogas.