4. agradecimentos
ESPECIAIS
Ao excelente trio de professores.
Ao Elcio Sartori, professor dedicado, com uma didáti-
ca perfeita, olhar detalhista, apaixonado pelo que faz
e com uma baita conhecimento que poucas vezes por
introspecção, consegui sugar.
À Christiane Wagner,
que me ensinou que só desenhar bem não garante
nada, que é sempre preciso dizer algo mais e que
também me ensinou a ser menos orgulhoso e recon-
hecer meus erros. Tentei fazer “a grande iilustração”
mas parece que ainda não foi desta vez. Continuarei
treinando.
À Marina que eu só fui descobrir que era a Chaccur,
que eu tanto queria conhecer, depois de não entender
bem porque “duas aulas” de tipografia em “direção de
arte”. Entende tudo de tipografia e até hoje, considero
a melhor no quesito “avaliação de trabalhos”.
Obrigado a todos
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5. inventaria-te
antesnum que
te transformem
MAL ENTENDIDO
glauber rocha
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6. pioneiro
TRANSGRESSOR
Designer, poeta, músico e tradutor da cultura e identidade vi-
sual do Brasil. Rogério Duarte é o guru da estética tropica-
lista que influenciou inúmeros artistas e designers. Rogério
“Caos” como ficou conhecido, desenvolveu vários projetos
para amigos e colegas, entre eles: Glauber Rocha, Caetano
Veloso e Gilberto Gil.
Interessou-se pelo design porque acreditava que a
arte não devia ficar confinada em galerias e defendia a possi-
bilidade de se comunicar através das técnicas de reprodução
gráfica para a grande massa.
Rogério Duarte é uma figura importantíssima para a cultura
e o design. Reconhecido, porém não popularmente, ele foi
pioneiro no design brasileiro que se instituía no Brasil no fim
dos anos 60. Aprendeu a cartilha racionalista da Bauhaus e
Ulm e rompeu com o modernismo, assimilando novas influên-
cias, fazendo com que seu trabalho gráfico ganhasse status
de inovador e experimental.
Em 1965, publica na revista Civilização Brasileira, um dos pri-
meiros textos sobre design, o artigo “Notas sobre o desenho
Industrial”. Unindo novidade e tradição, as capas que realizou
para o movimento tropicalista e os cartazes para o Cinema
novo, traziam esta personalidade múltipla, que compreendeu
aquelas transformações surgidas nos anos 60 e as projetou
graficamente, fazendo como que no caso de cartaz do filme
“Deus e o Diabo na terra do sol”, além de ser um marco no ci-
nema nacional, também tornasse um ícone do design gráfico,
apesar dos poucos recursos existentes naquela época.
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7. Algumas de suas obras mais famosas, que em sua maioria,
foram realizadas com total liberdade, sem a necessidade de
aprovação de clientes, artistas e gravadoras. Dedicou-se à
militância política e acabou sendo preso e torturado pela Dita-
dura Militar em abril de 1968. Após a prisão, viveu na clandes-
tinidade e passou a freqüentar clínicas psiquiátricas.
Duarte foi esquecido. Sua genialidade foi posta de
lado. Poucos quiseram compreender profundamente a sua
obra, que poderia ter sido maior, se a ditadura não o tivesse
escolhido para a tortura.
Mesmo sem diploma universitário, tornou-se profes-
sor, primeiro na Universidade de Brasília e na Faculdade de
Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Quem já
assistiu a suas aulas se impressiona com sua erudição e inte-
ligência.
Tem dois títulos de notório saber, um concedido pelo
Ministério da Educação em 1997 e outro pela UNB em 1998.
Em 2000, recebeu uma homenagem da ADG com a exposi-
ção Resgatando Rogério Caos. Em 2003, fez o projeto gráfico
do disco da banda Titãs e publicou “Tropicaos”, livro em que
ele narra as torturas que sofreu na prisão.
Agora nos últimos anos tem se dedicado mais a poesia e a
escrita.
“
O Brasil vai apresentar uma grande novidade.Um índio descerá uma
estrela colorida, brilhante. E quando o oculto e o obvio se revelarem
idênticos, então o coração do povo reverenciará, se não um nome
- Rogério Duarte-, um ponto gerador de energia,perdido em algum
lugar da pré-história do grande acontecimento.
Caetano Veloso
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9. “ Uma das coisas que mais me enriqueceu foi ter querido ser
um Anti-Wollner
rigor
rigor
e PAIXÃO
e PAIXÃO
Rogério Duarte teve papel importante como um dos teóri-
cos do design brasileiro. Em 1965, escreveu o que seria, um dos
primeiros textos brasileiros sobre design, o artigo Notas sobre
o desenho industrial, publicado na revista Civilização Brasileira.
Nele, discute as origens do design, critica a ESDI e a influência
demasiada do formalismo da escola de ULM no design brasileiro.
Com o profundo conhecimento que tinha do design gráfico,
não foi difícil que incorporasse a tipografia suíça e ainda sentisse
a necessidade de transgredir: “Alguns professores tentavam nos
impor um formalismo racionalista europeu sem levar em conta nos-
sa singularidade e individualidade como cultura e nação”, relata.
Fez questão de aplicar o rigor técnico e funcional, mas,
ao mesmo tempo, não deixou de pinçar elementos da cultura
popular brasileira a serem mantidos nos projetos.
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10. SIGNOS DO CAOS Eis aqui alguns exemplos de projetos voltados para o mundo corporativo que revelam o profundo conhe-
cimento de Rogério Duarte adquirido com o aprendizado no escritório de Aloísio Magalhães. Logotipo da Fundação CINEME-
MÓRIA(1993), Pólo de Cinema e Vídeo de Brasília(1992), Desígnio Estúdio de Comunicação Visual, Fundação Roquete Pinto
- emissora educativa TVE, logotipo do disco Refazenda (1975), Letras S.A. Letras de Câmbio, grupo Palhaços da Alvorada
(1998), empresa GG - Produções Artísticas ltda(1975) Núcleo de Saúde e Sexualidade de Brasília, Centenário Villa Lobos
(1987) e Renovadora de pneus Amazonas (1989).
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11. O grande feito de Rogério Duarte para o design
foi ter tido uma preocupação com a identidade brasileira, e
conseguido representar uma brasilidade, nunca antes vista.
Assim como Aluisio Magalhães , com quem trabalhou, Rogé-
rio Duarte tinha a preocupação em expressar a nacionalida-
de em seus projetos gráficos. Foi onde aprendeu mesmo a
exercer a profissão. A experiência de trabalhar com Aloísio
Magalhães, foi fundamental para seu desenvolvimento como
designer, pois segundo Rogério Duarte a rigorosa metodolo-
gia lá utilizada se diferenciava da prática comum das agências
da época que era a de imitar padrões internacionais.
POSTURA RADICAL
Rogério Duarte saiu do escritório de Aloísio Magalhaes muita
em voga por causa de sua postura radical. Ele conta que Aloi-
sio Magalhães o indicou para fazer a direção de arte do Labo-
ratório Maurício Vilela. Ele fez o projeto, e apresentou para o
diretor, que segundo Rogério, ficou raivoso e gritando: “ Isso é
fascismo, você deveria ter me apresentado várias possibilida-
des para eu escolher uma”. Duarte respondeu:
“ O senhor é médico, Eu não tenho que fazer
outro. Por acaso você apresenta vários diag-
nósticos para o paciente escolher um? Isso
aqui que eu estou fazendo é sério, rapaz. Isso
é ciência. Se você não quer vários, chame vá-
rios profissionais, cada um tem uma lingua-
gem. A minha é esta.
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12. Intervenção gráfica no trabalho de Rogério Duarte
para a capa Folias Brejeiras
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13. “
Não seremos mais colonizados. Não haverá nada
nos indicando o rumo a seguir. Vamos seguir só a
bússula do nosso coração
desbunde
desbunde
TOTAL
TOTAL
A trajetória do designer Rogério Duarte, obteve laços estrei-
tos com o movimento Tropicália. Imprimiu no conjunto de sua
obra, a linguagem tropicalista -de liberdade e irreverência
e uma preocupação em expressar a nacionalidade, mesmo
com o fim do movimento, que ocorre com a prisão de Caetano
e Gil, em Dezembro de 1968. O período vai ser influenciado
pelas novos modos de vida pregados pelo movimento que
ressoariam até 1972, quando se inicia o período conhecido
como “desbunde” termo originado do verbo desbundar, que,
segundo o dicionário, significa: “perder o autodomínio, enlou-
quecer, loucura, desvario”.
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14. Projeto Gráfico do Tablóide Flor
do Mal (1969) que foi criado junto
com Luiz Carlos Maciel, Tite de
Lemos e Torquato. Produzido com
grande liberdade e de forma arte-
sanal, reunia poesia e prosa era
quase todo escrito a mão. Durou
apenas cinco edições. Na capa,a
imagem polêmica de um menina
negra seminua sorrindo.
Cartaz do filme Meteorango Kid Heroi intergalático(1969).
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15. Surgem nessa época, no Brasil e no mundo, jornais alternati-
vos que anunciam esse novo modo de vida. Na Bahia, surge
o Verbo encantado, no Rio, os jornais Flor do Mal e Presença.
É publicado, também no Rio, o primeiro e único número da
revista Navilouca.
PSICODELIA MARGINAL
O designer Rogério Duarte opera com criatividade na com-
plexa concepção do cartaz do filme Meteorango Kid: O herói
Intergaláctico, de André Luis Oliveira. O designer se diverte
com o desenho da tipografia, o fundo branco e as cores vi-
Capa do livro Folias brejeiras (1975).
brantes. A tipografia é deformada e substituída pelo desenho
libertário. O cartaz não tem a menor preocupação de oferecer
legibilidade. A figura do herói intergaláctico verde, de cabelos
compridos unida aos peixes disformes exige decifração de
quem vê o cartaz. As escamas dos peixes cobrem a leitura
das palavras “herói” e “intergaláctico”, tornando a compreen-
são ainda mais difícil. A psicodelia usada no cartaz fascinava
os jovens, por sua linguagem libertária e influenciou bastante
os tropicalistas tanto na música, como no design. Rogério Du-
arte, ao criar o pôster psicodélico, acaba por colocar o design
brasileiro definitivamente no pós-modernismo.
NAVILOUCA Em 1974, Duarte partici-
pou da primeira e única edição da re-
vista NAVILOUCA, projeto editorial de
Torquato Neto e Waly Salomão .
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17. “
Para criar capas de discos, tornei-me músico; para fazer carta-
zes de cinema, tornei-me cineasta e para fazer capas de livros
tive que virar escritor
multimídia
TIDIRECIONADO O designer colecionou diversas atividades e define-se como um
“artista multimídia”, ou “multidirecionado, confuso, até”. Foi poe-
ta, músico, ator, professor universitário, pintor, escritor, jornalis-
ta, tradutor de sânscrito e acima de tudo, tropicalista.
Rogério Duarte não gosta quando dizem que ele é tradutor do
tropicalismo: “O que se traduz é uma obra alheia, eu fui autor
também. O tropicalismo é um movimento que nasce no âmbito
das artes visuais, com Hélio Oiticica e comigo. O Caetano e Gil
é que fizeram a tradução do movimento”.
Rogério Duarte foi o designer que esteve mais próximo dos tro-
picalistas. Amigo de Hélio Oiticica e Glauber Rocha, costumava
visitar Caetano Veloso no Solar da Fossa, e foi um dos próceres
do tropicalismo. Ele é quem inicia Caetano nas primeiras dis-
cussões sobre o tropicalismo.
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18. A estética tropicalista criada por Rogério Duarte trouxe uma
brasilidade nunca antes vista para o design. Na metade dos
anos 60, quando haviam poucos profissionais trabalhando na
área e pouco conhecimento sobre a profissão, Rogério Duar-
te, foi importante referência para os designers do período, já
incorporava antropofagicamente, em seu trabalho, a preocu-
pação em representar a nacionalidade, em juntar tradição e
inovação e também realizar a mistura de elementos díspares,
como na antropofagia.
A grande contribuição de Rogério Duarte, segundo o
próprio, foi ter assumido uma posição radical. Ele procurou
aplicar seus conhecimentos em busca de uma linguagem
nova para o design que incorporasse influencias variadas, que
assim como a cultura brasileira, fosse heterogênea e múltipla.
Esta postura, se deu basicamente de investigações pessoais,
Como músico, Rogério Duarte fez a tri- que resultaram em trabalhos gráficos conceituais que foram
lha sonora e como designer, o cartaz marcos de uma estética revolucionária que se assemelhava
para o filme A Idade da Terra (1980) de
com o que viria a se chamar posteriormente de tropicalismo.
Glauber Rocha. No cartaz, a imagem
da terra está invertida e a tipografia do O experimentalismo constante no trabalho gráfico que
título é escrita com dentes de um colar buscava transformar estilos que eram predominantes naquela
semelhante ao que Rogério Duarte utili- época e somá-los com outras fórmulas que resultou nesta
zou no filme Câncer fig. abaixo) . de
Glauber Rocha (1970) nova linguagem que apareceu com maior força no tropica-
lismo. Isto permitiu que Duarte realizasse experimentações
maiores e mais caras nas capas de discos.
Rogério Duarte tinha a preocupação em criar uma
nova indústria cultural, que não se transformasse em estilo
ou que fosse fácil de ser digerida. Ele propôs uma nova lin-
guagem para o design que captasse as influencias estrangei-
ras e mesclasse com a cultura nacional , criando assim, algo
novo e interessante. Figura importantíssima para a cultura e
o design nacional. Reconhecido, porém não popularmente,
seus trabalhos transformaram-se em ícones do design nacio-
nal. Ele foi pioneiro no design que se instituía no Brasil no
fim dos anos 60, com a chegada da Esdi (Escola Superior
de Desenho Industrial). Aprendeu a cartilha racionalista das
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19. escolas que foram referência no mundo e ao propor unir arte
e indústria, Bauhaus e Escola de Ulm e rompeu com o moder-
nismo, assimilando novas influências de uma época eferves-
cente tanto na área cultural, política como comportamental e
sexual.
Em seu primeiro artigo “Notas sobre o Desenho Industrial”
publicado na Revista Civilização Brasileira em 1965, Rogério
Duarte debate a relação do design e a arte, e contesta influ-
ência ulmiana no design. Sugere a antropofagia - nome que
se dava às práticas sacrificais, comuns, em algumas tribos
indígenas que viviam no Brasil e consistia na visão do escritor
Oswald de Andrade a valorização das raízes nacionais e de- MESTRE NO XADREZ
glutição das influências estrangeiras, resultando na devolução Projeto de peças e pictogramas para o
ensinando Xadrez. 1994. Rogério Duar-
de um produto novo de exportação, original e brasileiro como te criou novos sistemas de anotação de
solução para libertar o Brasil da forte presença colonialista. xadrez.
Participou intensamente de um dos movimentos cul-
turais mais importantes num momento político marcado pelo
Golpe Militar, em 1964. Amigo de vários dos participantes que
integrariam o movimento tropicalista, como o artista plástico
Hélio Oiticica, o cineasta Glauber Rocha, e os cantores Cae-
tano Veloso, Gilberto Gil.
Artista e músico e unindo novidade e tradição, as capas que
realizou para o movimento tropicalista e os cartazes para o
Cinema novo, traziam esta personalidade múltipla, que com-
preendeu as transformações de uma época e as projetou
graficamente em seu trabalho, apesar dos poucos recursos
financeiros existentes naquela época. alguns cartazes, como
para o filme “Deus e o Diabo na terra do sol”, ficaram reco-
nhecidos internacionalmente, além de marco no cinematogra-
fia nacional, também tornasse um ícone do design gráfico.
Polêmico e irreverente, Duarte traduziu graficamente o tropi- Rogério Duarte e seu projeto de design
calismo e acredita que “o verdadeiro tropicalismo ainda está Cúpulas Neodésicas (1989)
para ser inventado”.
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20. CAOS ESQUECIDO PORÉM ATIVO
No ano 2000, ele recebe sua primeira exposição “Resgatando
Rogério Caos”, pela ADG (Associação de Designers Gráficos
do Brasil). A mostra apresenta parte de sua produção gráfica
que revela a personalidade múltipla do designer.
Com a exposição realizada pela ADG e o lançamento de Tro-
picaos, em 2003, é que o trabalho de Duarte passou a voltar
a ganhar dimensão e reconhecimento.
Pictograma para a seção de rou- Entender as propostas de Rogério Duarte para o design bra-
bos e furtos da Polícia Técnica de sileiro, é revelar a face de um designer que contribuiu imensa-
Salvador.
mente para o crescimento do design, e que uniu conhecimen-
to técnico e ousadia em sua linguagem, quando a profissão
era ainda desconhecida no Brasil.
Em “Tropicaos”, publicado também em 2003, o designer con-
ta suas experiências e reúne poesias, entrevistas e artigos
publicados em revistas. No livro, o designer expõe sua versão
do tropicalismo e também conta seus dias de tortura em um
texto de memórias sobre o período da ditadura militar.
Cartaz da Primeira Mostra de Ar- PÓS-TROPICÁLIA
tesanato da Região Centro-oeste. Alguns artistas que vieram depois, acabaram ficando mais conhecidos na Bahia.
1978. É o caso de Walter Smetak(1974) e É a Massa/Trio Eletrico Dodô e Osmar(1976)
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21. Ao lado, Cartazes para o Parque do Fla-
gengo no IV Centenário do Rio de Ja-
neiroCartaz do filme Erotique (1992), de
Ana Maria Magalhães.Cartaz da Peça
Teatral As Mãos Sujas. 1995.
MISTISCISMO
Após sair da prisão Rogério Duarte
converteu-se ao budismo. Fez a tradu-
ção do Bragavah Gita. Em 1998, lançou
o disco Canções do Divino Mestre
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22. TITÃS VERDE E AMARELO
Rogério Duarte foi convidado pela banda TITÃS para fazer
a capa do disco “Como estão vocês?”. Em parceria com o
filho Rogério Duarte Filho, a capa traz a novidade de alguns
recursos produzidos com o auxílio de programas gráficos em
que o designer bebe novamente na pop arte e reacende o
tropicalismo. A capa imprime a estética pop tropicalista de
Rogério Duarte cujos tons verde, amarelo e vermelho recorda
bastante o primeiro album de Gilberto Gil. Lembrando que, no
período de 2003, a esquerda estava ingressando no poder
com a posse do presidente Lula e levando junto um tropi-
PAI E FILHO JUNTOS
Capa do disco para a banda
TITAS (2003). Feita em par-
ceria com o filho, somente
reforça que a estética de Ro-
gério Duarte continua viva
e transcendendo o tempo,
surgindo na capa do disco
de uma banda de rock-pop.
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23. calista (Gilberto Gil) como ministro da cultura. A explIcação
de Rogério é que o vermelho seja diretamente o PT (Partido
dos Trabalhadores), embora ache que o Brasil vive um mo-
mento que merecia essa citação. Representando o sangue e
a carne, o vermelho também critica o verde-amarelo.
Desta vez, o espaço de 30x30 do vinil foi reduzido
para o formato CD de 12x12.O título do álbum na cor vermel-
ha vibrante, explodindo a pergunta na capa do “Como estão
vocês?” - com uma multidão de rostos, ao fundo, que inclui a
banda Titãs. A pergunta é direcionada à banda, ao público, e
a nação.
“ Tive que dar uma de estrela. Não estava
ali para escolher qual titã está mais bo-
nitinho na foto. Disse que se me chama-
ram iam ter que me engolir
E O POETA CONTINUA...
Pouco a pouco, Rogério Duarte vem sendo descoberto por
outros designers. No livro “O design Brasileiro: Anos 60”, or-
ganizado por Chico Homem de Melo, é dedicado um fascículo
ao designer.
Recentemente ele fez o projeto para a sinalização do
Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha e está sendo
produzido um documentário sobre sua carreira. Em parceria SINALIZAÇÃO
com o poeta Narlan Matos, Rogério Duarte compôs algumas Rogério Duarte foi convidado a fazer a si-
nalização do Espaço Unibanco de Cinema
músicas para um novo disco que aguarda interesse de al- Glauber Rocha (2008). Ele desenvolveu a
guma gravadora. Agora nos últimos anos ele tem se dedicado identidade visual do Cinema em parceria
mais a poesia e ao tratamento de uma doença. com o artista plástico Bel Borba, à partir
da rosácea existente no cartaz, que é tra-
balhada em mosaico.
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TORTURADOR
Retrato falado do policial que iniciou
uma série de violência contra Ro-
gério e seu irmão Ronaldo Duarte,
publicado no jornal Última Hora em
26 de Abril de 1968.
em termos da minha obra
Sou um cara destruído pela ditadura mesmo, pelo menos
“