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FACULDADE EBRAMEC
CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA
GHEORGHIU GOMES SOUZA
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO
SÃO PAULO
2016
GHEORGHIU GOMES SOUZA
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO
Trabalho de Conclusão de Curso de
Acupuntura, apresentado à Faculdade
EBRAMEC – Escola Brasileira de
Medicina Chinesa, sob orientação do (a)
Prof. (a) Eduardo Vicente Jofre e co-
orientador Reginaldo de Carvalho Silva
Filho.
SÃO PAULO
2016
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO
BANCA EXAMINADORA
______________________________
_____
______________________________
_____
______________________________
_____
Eduardo Vicente Jofre
ORIENTADOR
Gheorghiu Gomes Souza
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus o Criador do Universo pela oportunidade de aprender essa técnica tão
maravilhosa que é a Acupuntura.
Agradeço também aos meus familiares, amigos e colegas que depositam em mim e em
meu trabalho confiança.
Fica também minha gratidão aos professores que ao longo dessa jornada de estudos, nos
prestigiaram com seus conhecimentos.
RESUMO
Historicamente, o comportamento de mulheres de meia idade, tem sido explicado a partir
de supostas alterações relacionadas ao climatério. A estes acontecimentos eram atribuídas
as conotações negativas: operariam uma desfeminilização do corpo da mulher, além de
alterar sua saúde física e psíquica. Nas primeiras do Século XX, novos saberes sobre o
corpo humano foi instaurado, destacando-se o estabelecimento da função endócrina dos
ovários e a definição e isolamento dos denominados hormônios sexuais. Nesse momento,
a compreensão médica sobre o climatério altera-se sob o impacto destes novos
conhecimentos. Para a medicina, o corpo no climatério sofre de uma sintomatologia
típica, dada pela drástica redução dos níveis séricos dos hormônios sexuais,
principalmente o 17 B estradiol. Esta concepção hormonal que hoje vigora e informa o
conhecimento e prática médica. O corpo feminino passa a ser compreendido como
resultante de ações hormonais e. sofre alterações radicais no climatério.
Palavras-chave: Acupuntura, Climatério.
ABSTRACT:
Historically, the behavior of middle-aged women, has been explained from alleged
changes related to menopause. At these events the negative connotations were assigned:
one desfeminilizacion operate the woman's body, in addition to changing their physical
and mental health. In the early twentieth century, new knowledge about the human body
was established, highlighting the establishment of the endocrine function of the ovaries
and the definition and isolation of so-called sex hormone. At this point, the medical
understanding of the climacteric changes under the impact of new knowledge. For
medicine, the body during menopause suffer from a typical symptoms, given the drastic
reduction in serum levels of sex hormones, especially o estradiol 17 B. This hormonal
conception that stands today and informs the knowledge and medical practice. The female
body becomes understood as resulting from hormonal action and. undergoes radical
changes during menopause.
Keywords: Climacteric, Acupuncture.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 1
2 JUSTIFICATIVA 3
3 DESENVOLVIMENTO 3
4 OBJETIVO 3
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4
5.1- Saúde Segundo a Visão Ocidental 4
5.2-Saúde Segundo a Medicina Chinesa 5
5.3- Climatério Segundo a Medicina Ocidental 5
5.4- Climatério segundo a Medicina Chinesa 5
6 CAUSAS E ORIGENS 6
7 MATERIAIS E MÉTODO 8
8 PONTOS UTILIZADOS 8
8.1 – Função dos Pontos 9
9 RESULTADOS 9
10 DISCUSSÃO 10
11 CONCLUSÃO 11
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12
1
1- INTRODUÇÃO:
Vivemos numa sociedade que tem vindo a sofrer grandes transformações ao longo dos
anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), desde o início da última década
do século XX, a esperança média de vida à nascença aumentou 2,05 anos para as
mulheres, sendo que atualmente a esperança média de vida para as mulheres é de 81,74
anos. Prevê-se que em 2060 a população com 65 ou mais anos de idade, quase duplicará
“passando de 17,4% em 2008 para 32,3% em 2060” (INE, 2009).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê-se que até 2030, mais de
um bilhão de mulheres estejam na Menopausa, passando, desta forma,
aproximadamente, um terço da sua vida no climatério. Apesar da área da Saúde da
Mulher ser muito vasta e com vários domínios, relativos às várias etapas da vida,
amplamente estudadas, o climatério permanece um domínio pouco explorado.
A pertinência desde tema pode ainda ser justificada por reconhecermos que a visão
biomédica, imposta pela sociedade é visível nos artigos pesquisados, sendo pouco
representativa quanto às vivências psicológicas e familiares desta etapa da vida da
mulher e do casal.
A literatura encontrada relativa ao climatério tem sido desenvolvida majoritariamente
na América do Norte e América Latina, sendo muito deficitária em Portugal.
O termo menopausa só foi reconhecido como tal, há cerca de 200 a 300 anos, visto que
a esperança média de vida da mulher era de 30 ou 35 anos, falecendo ainda em idade
fértil.
A menopausa, sendo um fenômeno normal no percurso vital de uma mulher, não deixa
de ser também um período crítico do seu desenvolvimento pessoal, psicológico e social.
São múltiplas as necessidades de adaptação considerando as alterações físicas,
psicoafetivas e socioculturais inerentes a este processo com repercussões na saúde e
qualidade de vida.
A definição de saúde da OMS, em 1946-1948, como sendo “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença” é uma
visão positiva da saúde transmitida após a 2ª Guerra Mundial, que faz parecer que a
saúde é algo quase inatingível.
O conceito de saúde tem sofrido alguma evolução no sentido de se adequar o conceito
ao contexto atual, contemplando algumas variáveis no caminho do bem-estar
atribuindo aos indivíduos a responsabilidade de satisfazer as suas necessidades em
harmonia com o meio ambiente sendo a saúde vista como um recurso da vida diária que
deve abranger não só as capacidades físicas bem como os recursos pessoais e sociais.
2
Consideramos que uma definição utópica de saúde é útil como um horizonte para os
serviços de saúde por estimular a priorização das ações. A descrição pouco restritiva dá
liberdade necessária para ações em todos os níveis da organização social. No entanto,
pouco tem sido feito em termos de capacitar a mulher para a vivência desta etapa de
vida com qualidade, tendo em consideração os valores, preconceitos, nível
sociocultural, ou seja, a cultura, as condições e o estilo de vida no contexto onde está
inserida.
Podemos concordar com a Organização Mundial da Saúde quando defende que o
contexto em que um indivíduo vive é de grande importância na sua qualidade de vida e
no seu estado de saúde.
Desde os anos 60 do século XX que o termo Qualidade de Vida (Qdv) tem sido utilizado
de forma cada vez mais frequente. Na década de 70, tentou-se explicitar as dificuldades
que cercavam a conceptualização deste termo e até se considerou a Qualidade de Vida
como algo vago sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que
é. O fato deste conceito aparecer ligado a diferentes referenciais teóricos como sejam a
satisfação com a vida, felicidade, existência com significado e bem-estar subjetivo, tem
dificultado de alguma forma a sua delimitação científica, diz-nos que, ainda que estas
designações estejam relacionadas, são estruturalmente diferentes do conceito de
Qualidade de Vida.
Na década de 90, a OMS reuniu peritos de diferentes culturas para formarem o
WHOQOL Group (World Health Organization Quality of Life Group), com o objetivo de
debater e definir o conceito de Qualidade de Vida que é definido como “a percepção do
indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e
valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (CANAVARRO, 2005).
3
2- JUSTIFICATIVA:
Demonstrar que através da Acupuntura, é possível minimizar os sintomas do climatério,
proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres nessa fase de suas vidas.
3- DESENVOLVIMENTO:
As demandas apontadas pelas mulheres climatéricas vão além de aspectos meramente
biológicos e, tem intensa relação com os aspectos subjetivos, que apontam para a
necessidade de uma visão biopsicossocial do processo.
Identificamos por meio de estudos, a importância de que ações de melhoria na atenção
à saúde das mulheres climatéricas sejam desenvolvidas a fim de minimizar as
dificuldades vivenciadas por elas. Os profissionais das equipes de saúde em sua maioria,
têm adotado medidas que não contemplam integralmente as necessidades das
mulheres climatéricas, o que pode estar relacionado à sua formação profissional. Assim,
consideramos fundamental que novos estudos direcionados para atuação dos
profissionais com essas mulheres, sejam desenvolvidos.
Não entender o climatério como um ponto final, mas compreendê-lo como uma fase
do ciclo vital, no qual ocorrem mudanças, mas que com acesso à informação em saúde,
as mulheres podem vivenciar esta fase com qualidade de vida. Assim, espera-se que os
profissionais de saúde sejam promissores da autoestima, confiança e entendimento
destas mulheres sobre as mudanças no período que compreende o climatério,
estimulando sua participação ativa no processo de autoconhecimento, compartilhando
opiniões, dúvidas e questionamentos a respeito dessa fase do ciclo vital, o que
proporcionará autoconfiança e afastará o sentimento de inutilidade, que muitas vezes
permeia a vida das mulheres climatéricas, transformando a vivência do climatério em
um processo natural e prazeroso.
4- OBJETIVO:
O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo sobre os princípios da Medicina Chinesa,
utilizando a técnica da Acupuntura e sua ação sobre os sintomas apresentados por
mulheres no período do climatério, utilizando combinação de pontos específicos para o
tratamento dessa síndrome, demonstrando através da Acupuntura que é possível
promover o equilíbrio energético, visando aliviar os incômodos causados nesse período,
melhorando a qualidade de vida da mulher.
4
5- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA:
A Organização Mundial da Saúda (OMS), define menopausa como a parada
permanente da menstruação em consequência da perda definitiva da atividade folicular
ovariana, ocorrendo, na maioria dos países industrializados, em torno dos 50 anos de
idade (48-52 anos). Admite-se que já deva ter ocorrido um período de pelo menos 12
meses de ausência do fluxo, para que seja considerada como última menstruação
(LIBERALI; VIEIRA; GOULART, 2004).
A menopausa é definida na literatura médica como a cessação dos ciclos menstruais e,
que ocorre dentro do período denominado climatério, onde gradualmente, a mulher
passa por mudanças hormonais com diminuição do estrogênio e progesterona e, da fase
reprodutiva.
A expressão síndrome do climatério é aplicada ao conjunto de sinais e sintomas que
provocam mal-estar físico e emocional, resultantes da insuficiência estrogênica (LUCA,
1994).
Na origem do termo, grego Klimáter, com significado de “período crítico da vida,”
temos que os sinais da menopausa (mens=mês: pausis=pausa) são visíveis e, como tais,
marcam um dos significados da menopausa, o início do envelhecimento da mulher com
suas alterações físicas, biológicas e psíquicas (BRONSTEIN, 1994).
5.1 Saúde segundo a Medicina Ocidental:
A organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece: Saúde é o estado de completo
bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de moléstia ou
enfermidade.
A saúde é uma condição que abrange diversos aspectos do ser humano. O conceito de
saúde é amplo e não pode ser resumido como ausência de doenças, embora essa
associação seja normalmente realizada. Não ter doença significa ter saúde. Essa visão
simplificada atrapalha também o conceito de saúde de trabalho, por que as pessoas só
descobrem um ambiente físico, social e psicológico à medida que manifestam alguns
sinais ou sintomas de doença.
A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não com objetivo de viver. Nesse
sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem
como as capacidades físicas. Assim a promoção de saúde não é responsabilidade
5
exclusiva do setor de saúde, e vai além de um estilo de vida saudável na direção de um
bem-estar global. (CINTRA, FIGUEIREDO, 2008).
5.2 Saúde segundo Medicina Chinesa:
O conceito Shen é talvez, um dos mais belos da Medicina Chinesa. Nele temos
representados a parte mais subjetiva e dificilmente mensurável da natureza humana, os
sentimentos. Sinais de um Shen saudável e “assentado” são o equilíbrio a felicidade e a
satisfação pessoal, do contrário, podem ocorrer manifestações como infelicidade,
depressão ou insegurança extrema (para citar somente algumas). Exatamente por isso
a saúde do Shen esteja tão intimamente ligada à saúde do corpo e, por que não, a
manifestação da beleza? (FERNANDES, 2008).
A Medicina Chinesa enfatiza o equilíbrio como uma questão chave da saúde: o
equilíbrio entre repouso e o exercício, na dieta, nas atividades sexuais e no clima.
Qualquer desarmonia contínua, pode se tornar uma causa patológica. (MACIOCIA,
2006).
5.3 Climatério segundo a Medicina Ocidental:
Para a Medicina ocidental o climatério revela-se como uma deficiência hormonal,
também normal para uma determinada faixa etária. Ao deixar de produzir óvulos, os
ovários perdem também a capacidade de produzir estrogênio e progesterona,
ocasionando uma série de consequências no corpo biológico que responde a estímulos
e neurotransmissores. Para diminuir os sintomas dessa deficiência hormonal, é indicado,
em alguns casos, uma terapêutica estrogênio (Terapia de Reposição hormonal): que
“fornece alívio nos sintomas vasomotores e minimiza os atróficos das vias genitais. Há
possibilidades de riscos como: aumento da frequência de carcinoma de endométrio,
possivelmente das mamas, risco de enfarte do miocárdio.
Esse método, antes de ser aceito como terapêutico, tem que ser muito bem avaliado
quanto aos seus efeitos colaterais, contraindicações, condições prévias, ação sobre as
mamas, útero, ovário e demais órgãos, tempo de duração do tratamento, estatísticas
sobre o uso a longo prazo, além das alterações fisiológicas que poderão ocorrer.
5.4 Climatério segundo a Medicina Chinesa:
Para a Medicina Chinesa a síndrome do climatério ocorre quando o Qi dos Rins está
gradualmente enfraquecido, Chong Mai e Ren Mai estão vazios e o Tian Gui esgotado;
6
então as menstruações param progressivamente (AUTEROCHE E NAVAILH, 1987). O
enfraquecimento dos Rins, nesse caso, se dá pelo ciclo de vida (no período de 7 em 7
anos), mas também pelos excessos diante das emoções (preocupação, ansiedade,
medo, etc), do trabalho físico ou mental, da atividade sexual e das gestações.
No ciclo das transformações fisiológicas a mulher apresenta alterações em períodos de
7 em 7 anos. Após o 7º período, aos 49 anos, a fraqueza do Qi dos Rins é mais evidente,
com isso, as funções sexuais e a capacidade reprodutiva vão enfraquecendo até
desaparecer. Têm-se então que, o quadro da síndrome do climatério é um quadro de
Deficiência da Essência (Jing) do Rim (Shen) em aspecto Yin ou Yang. Se um dos aspectos
estiver deficiente haverá uma tendência à manifestação do outro, não existindo o caso
de apenas Yin ou Yang apresentarem-se desarmonia. Como o Shen (Rim) é considerado
a raiz de todo o Yin e de todo Yang do corpo, consequentemente, uma Deficiência Yin
do Rim acarretará igual deficiência em outros órgãos ou manifestações de aspectos
Yang.
Entre as desarmonias energéticas mais identificadas a partir desse quadro inicial
podemos ter, de acordo com GUANG (2004): deficiência do Yin ou Yang do Rim,
Deficiência de Yin do Coração e Excesso de Fogo, Hiperatividade do Yang do Fígado ou
Estagnação de Mucosidade.
6- CAUSAS E ORIGENS:
A Medicina Tradicional Chinesa não estabelece o Climatério como um quadro nosológico
específico, como é colocado pela Medicina Ocidental. Conceitualmente, Climatério não
é uma enfermidade e sim uma passagem fisiológica que vive a mulher, da fase
reprodutiva, para a fase não reprodutiva. Teoricamente não existe a necessidade de
tratamento para a mulher, somente se impondo quando houver manifestação clínica
importante.
As manifestações clínicas mais comumente encontradas são: cefaleia, astenia, letargia,
irritabilidade, depressão, insônia, perda de concentração, fogachos, rubor facial, secura
vaginal, sudorese, irregularidade menstrual (amenorreia, poli menorreia, menorragia,
etc). A fora esta sintomatologia, como visto dentro da Medicina Ocidental, temos
enfermidades associadas a este evento e, que na visão da Medicina Chinesa, estão
harmoniosamente integrados na fisiopatologia da Síndrome de Deficiência do Rim.
Exemplo disso temos a osteoporose que na Medicina Chinesa é de responsabilidade do
Rim.
Na visão da Medicina Chinesa, os sintomas apresentados nessa fase, se enquadram como
uma Deficiência da Essência do Rim em seu aspecto Yin ou Yang, subentendendo que
dentro dessa classificação básica pode-se encontrar todas as nuances possíveis dessa
7
deficiência. Essa deficiência pode também estar associada a alterações de outros Órgãos,
levando a Síndromes Mistas.
É claro que a gravidade dos sintomas está diretamente relacionada ao estilo de vida e
alimentação da mulher no decorrer de toda sua vida. Portanto a Síndrome Climatérica é
uma Síndrome de Deficiência do Rim e, portanto, sua evolução clínica irá depender da
higidez que se encontra a mulher no momento do seu aparecimento.
Na concepção da Medicina Chinesa, tanto as emoções, entendidas como preocupações,
ansiedade e medo, o excesso de trabalho, tanto mental como físico, gestações muito
próximas e a atividade sexual excessiva, levam ao esgotamento precoce da Essência do
Rim.
Como foi exposto a cima, a Deficiência do Rim pode se apresentar como Deficiência de
Yin ou Yang ou de ambas, sendo a forma mista a mais comum. Esta Deficiência irá
acarretar duas situações que são:
Se o Yin do Rim estiver deficiente, o Yang Rim tende a se elevar;
Se o Yang do Rim estiver deficiente, o Fogo Ming Men será fraco.
Estas deficiências irão repercutir em outros Órgãos, levando aos seguintes modelos:
Rim (Shen) e Coração (Xin) não se comunicam. O Coração entre suas inúmeras funções,
governa o Sangue (Xue) e sua circulação através da transformação do Qi dos alimentos
em Sangue (Xue), está conectado como Útero, pelo Canal do Útero (Chong Mai), abriga
a Mente, além de participar na formação do Qi Celestial, através da presença do Yang do
Coração junto com a Essência do Rim.
O Coração (Xin) pelo conceito dos Cinco Movimentos, se encontra no Aquecedor
Superior, pertence ao Movimento Fogo, sendo de natureza Yang. O Rim (Shen) se
encontra no Aquecedor Inferior, pertence ao Movimento Água, sendo de natureza Yin.
Por estas características esses dois Órgãos devem estar em harmonia, pois representam o
Fogo e a Água, que pode ser explicado pelo movimento descendente do yang do Coração
(Xin) em direção do Rim (Shen), aquecendo assim o Yin do Rim, que por sua vez ascende
para nutrir o Yang do Coração, o que significa dizer que o Qi do Coração e do Rim estão
em constante movimento, caracterizando o que a Medicina Chinesa chama de suporte
mútuo do Fogo e da Água.
Na deficiência do Yang do Rim, observa-se um comprometimento da função do Rim em
transformar os fluídos corpóreos (Jin Ye), provocando mudanças em seu fluxo, em
direção ao topo, causando um padrão chamado de “Água afetando o Coração.” Na
Deficiência do Yin do Rim, não haverá nutrição do Yin do Coração, levando a uma
hiperatividade do Fogo do Coração. Como explicado pela Medicina Chinesa, o Coração
abriga a Mente e o Rim estoca a Essência. A Essência junto com o Qi forma a base física
da Mente, portanto a Mente é a manifestação externa da Essência, o que nos permite
afirmar que um suplemento amplo de Essência (Jing), é uma pré-condição para um
8
adequado desempenho da Mente e, uma Mente hígida é uma pré-condição para uma
Essência produtiva. Se a Essência estiver debilitada, a Mente sofrerá. Se a Mente estiver
afetada por alterações emocionais, a Essência não será direcionada pela Mente.
Essas alterações configuram o quadro “Coração e Rim não se comunicam” muito comum
no Climatério que se manifesta clinicamente com os seguintes sintomas: palpitações,
insônia, sudorese noturna, ansiedade, zumbido, agitação, fogachos, rubor facial, perda de
memória, depressão, melancolia, boca e garganta seca, visão borrada, dor nas costas,
lombalgia.
Pulso: rápido e fino.
Língua: vermelha, ponta avermelhada, rachadura central, alcançando a ponta.
7- MATERIAL E MÉTODO:
A paciente é uma mulher, 51 anos, não realiza tratamento convencional de reposição
hormonal. Histórico de duas gravidezes, excesso de trabalho, frequentemente sob
pressão. Sente rubores quentes na região do tórax até a cabeça quando conversa algo
importante, insônia, tonturas, zumbido, dor nas costas na região cervical e torácica,
mamas inchadas, dor nas articulações das mãos e pés, mãos úmidas e frias, intercurso
doloroso, pele seca. Sente dificuldade na digestão de alimentos gordurosos e muito
temperados, relata que não fica “bem” do Estômago. Em alguns momentos sente-se
triste, com vontade de chorar.
A paciente apresenta-se com a língua vermelha sem revestimento, curta e edemaciada,
com fissuras centrais. Entrou na menopausa há dois anos. Sente-se cansada e
desanimada. Pulso forte e em corda.
Diagnóstico: Deficiência de Yin e Yang do Rim, com predominância de Deficiência de Yin
e Ascensão do Yang do Fígado.
8- PONTOS UTILIZADOS:
Os pontos selecionados para esse tratamento foram:
P7 (lado direito) e R6 (lado esquerdo) para regular o Canal Ren Mai juntamente com
PC6, VC4, VC6, R3, F3, Yintang (ponto extra).
9
8.1- FUNÇÃO dos PONTOS:
P7: Abre e regula o Ren Mai (Vaso Concepção, harmoniza o Qi do Pulmão, expele vento
frio ou vento calor, regula a Via das Águas, comunica-se com o Intestino Grosso (IG);
R6: Regula o Yin Qiao Mai, nutre o Yin do Rim, resfria o calor e o Sangue (Xue), tranquiliza
o Shen, beneficia a garganta e os olhos;
R3: Beneficia o Rim (Qi, Yin, Yang e Jing), estabiliza a recepção do Qi do Pulmão,
tranquiliza o Shen, fortalece a lombar e os joelhos;
PC6: Move estagnações (Qi, Xue e Fleuma), tranquiliza o Shen, libera o Qi do Fígado e
Vesícula Biliar, redireciona o Qi do Pulmão e Estômago, relaxa o tórax, acalma a dor;
VC4: Fortalece todos os Zang-Fu, regula o Útero, estabiliza as emoções, beneficia (Yin,
Yang, Xue, Qi, Yuan Quê, Wei Qi, Ying Qi, Jing);
VC6: Move, tonifica e ergue o Qi, tonifica o Yang e o Yuan Qi, move o Qi e a Umidade do
Jiao Inferior;
F3: Circula o Qi e Xue de todo o corpo, pacifica o Yang do Fígado, elimina a Umidade-
Calor, tranquiliza o Shen, nutre o Sangue (Xue) do Fígado.
9- RESULTADOS:
A paciente foi submetida a sessões semanais de Acupuntura. O tratamento foi realizado
em apenas uma paciente, para melhor controle e acompanhamento do quadro. Após
diagnóstico seguindo os padrões de base da Medicina Tradicional Chinesa, foi
identificada uma Síndrome de Deficiência de Yin e Yang, padronizando uma Síndrome
Mista.
Após primeira sessão, a paciente sentiu melhora do quadro sintomatológico. Assim
seguiu-se o tratamento, totalizando um ciclo de 10 sessões de Acupuntura, sendo as
aplicações realizadas uma vez por semana.
10
10- DISCUSSÃO:
O aumento da expectativa de vida tem possibilitado que um número cada vez maior de
mulheres vivencie o climatério. Assim, com a expectativa de vida da mulher em torno
de 75 anos, ela passará um terço de sua vida no climatério. Este dado, por si só, justifica
a necessidade de se discutir o assunto com as mesmas, permitindo que se manifestem
suas percepções em relação a esta etapa.
Isso possibilita que elas possam conhecer o seu corpo e os aspectos culturais que
envolvem o tema, além de revelar suas necessidades de saúde e buscar caminhos que
venham a satisfazê-las. É possível que as mulheres, lidando melhor com as mudanças
físicas e emocionais do climatério, possam desmistificar a realidade socialmente
construída, geralmente de conotação negativa em relação a este período. O climatério
necessita, portanto, ser entendido como uma transição normal da vida.
Esse aumento da expectativa de vida das mulheres com certeza favorece o crescimento
da demanda para o atendimento às queixas relacionadas ao climatério. O aumento
considerável do número de mulheres com mais de 50 anos na população mundial,
chegando a 1,2 bilhões em2030, é determinante na consideração da suma importância
de sua abordagem na saúde pública. O envelhecimento populacional no Brasil mostra
uma clara tendência à feminização. Assim, as mulheres com mais de 40 anos
correspondem a 32% da população feminina.
11
11- CONCLUSÃO:
Diante desse estudo, pode-se concluir que com o aumento da expectativa de vida, há
um número cada vez maior de mulheres que vivenciam as manifestações clínicas do
climatério e, tanto a Medicina Ocidental, quanto a Medicina Chinesa têm recursos para
minimizar os sintomas do climatério, apesar de possuírem abordagens diferentes sobre
fisiopatologias e o tratamento. O conceito de Yin e Yang, Essência, Qi, Meridianos e
Órgãos, em parte explicam a abordagem holística em relação ao ser humano, tanto no
diagnóstico, quanto no tratamento utilizado pela Medicina Chinesa.
Diante das contraindicações da terapia de reposição hormonal, o uso da acupuntura
para alívio dos sinais e sintomas do climatério, constitui uma opção segura, com eficácia
comprovada, que proporciona alívio dos sintomas e consequentemente, melhor
qualidade de vida para a mulher.
12
12- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AUTEROCHE, B; NAVAILH, P., O Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo- SP,
Ed: Andrei- 1986.
BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos da Atenção Básica: Programa Saúde Família.
Caderno 3. Brasília- 2000.
CAIRO, CRISTINA., Linguagem do Corpo: aprenda a ouvi-lo para uma vida saudável.
São Paulo- SP, Ed: Mercuryo- 1999.
CUNHA, R,G., Maria Elisa Rizzi.Acupuntura como Promoção e Saúde Mental,
disponível em: http://biblioteca.univap.br/dados/00000223.pdfxx. Acesso
em:29/05/2016.
DELIBERATO., Paulo Cesar Porto. Fisioterapia Preventiva Fundamentos e Aplicações,
Barueri- SP, Ed: Manole- 2002.
FERNANDEZ, M. R.; GIR, E.;HAYSHIDA, M. Sexualidade no período Climatérico:
situações vivenciadas pela mulher. Ver. Bras. Enferm USP.v.39, n.2, p. 129-35, 2008.
HIKS, ANGELA. Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos. São Paulo- SP, Ed:
Roca, 2007.
LIMA, J. V.; ANGELO, M. Vivenciando a inexorabilidade do tempo e as mudanças com perdas e
possibilidades: a mulher na fase do climatério. Ver. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v.35, n.4, dez.
2001.Disponívelem:http://www.scielo.br/scielo.php/scrit=sciarttex
&pid=S008062342001000400013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 12/05/2016.
MACIOCIA, GIOVANNI.; Os Fundamentos da medicina tradicional Chinesa: Um
Texto Abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas- São Paulo-SP, Ed: Rocca- 2006.
MENDES LEITE. Acupuntura como tratamento alternativo. Revisão bibliográfica,
2006. Centro Integrado de Terapias. Campina Grande, Paraíba- PB, 2006.
ROSS, JEREMY.; Zang Fu- Sistema de Órgãos e Vísceras de Medicina Tradicional
Chinesa. Tradução: Norma de Paula Palomas. São Paulo- SP, Ed: Rocca, 1994.
SOCIEDADE BRASILEIRA DO CLIMATÉRIO. Menopausa e Climatério.
www.sobrac.org.br. Acesso em: 06/06/16.

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Acupuntura no tratamento do climatério

  • 1. FACULDADE EBRAMEC CURSO DE FORMAÇÃO EM ACUPUNTURA GHEORGHIU GOMES SOUZA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO SÃO PAULO 2016
  • 2. GHEORGHIU GOMES SOUZA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO Trabalho de Conclusão de Curso de Acupuntura, apresentado à Faculdade EBRAMEC – Escola Brasileira de Medicina Chinesa, sob orientação do (a) Prof. (a) Eduardo Vicente Jofre e co- orientador Reginaldo de Carvalho Silva Filho. SÃO PAULO 2016
  • 3. ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DO CLIMATÉRIO BANCA EXAMINADORA ______________________________ _____ ______________________________ _____ ______________________________ _____ Eduardo Vicente Jofre ORIENTADOR Gheorghiu Gomes Souza
  • 4. AGRADECIMENTOS: Agradeço a Deus o Criador do Universo pela oportunidade de aprender essa técnica tão maravilhosa que é a Acupuntura. Agradeço também aos meus familiares, amigos e colegas que depositam em mim e em meu trabalho confiança. Fica também minha gratidão aos professores que ao longo dessa jornada de estudos, nos prestigiaram com seus conhecimentos.
  • 5. RESUMO Historicamente, o comportamento de mulheres de meia idade, tem sido explicado a partir de supostas alterações relacionadas ao climatério. A estes acontecimentos eram atribuídas as conotações negativas: operariam uma desfeminilização do corpo da mulher, além de alterar sua saúde física e psíquica. Nas primeiras do Século XX, novos saberes sobre o corpo humano foi instaurado, destacando-se o estabelecimento da função endócrina dos ovários e a definição e isolamento dos denominados hormônios sexuais. Nesse momento, a compreensão médica sobre o climatério altera-se sob o impacto destes novos conhecimentos. Para a medicina, o corpo no climatério sofre de uma sintomatologia típica, dada pela drástica redução dos níveis séricos dos hormônios sexuais, principalmente o 17 B estradiol. Esta concepção hormonal que hoje vigora e informa o conhecimento e prática médica. O corpo feminino passa a ser compreendido como resultante de ações hormonais e. sofre alterações radicais no climatério. Palavras-chave: Acupuntura, Climatério.
  • 6. ABSTRACT: Historically, the behavior of middle-aged women, has been explained from alleged changes related to menopause. At these events the negative connotations were assigned: one desfeminilizacion operate the woman's body, in addition to changing their physical and mental health. In the early twentieth century, new knowledge about the human body was established, highlighting the establishment of the endocrine function of the ovaries and the definition and isolation of so-called sex hormone. At this point, the medical understanding of the climacteric changes under the impact of new knowledge. For medicine, the body during menopause suffer from a typical symptoms, given the drastic reduction in serum levels of sex hormones, especially o estradiol 17 B. This hormonal conception that stands today and informs the knowledge and medical practice. The female body becomes understood as resulting from hormonal action and. undergoes radical changes during menopause. Keywords: Climacteric, Acupuncture.
  • 7. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 1 2 JUSTIFICATIVA 3 3 DESENVOLVIMENTO 3 4 OBJETIVO 3 5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4 5.1- Saúde Segundo a Visão Ocidental 4 5.2-Saúde Segundo a Medicina Chinesa 5 5.3- Climatério Segundo a Medicina Ocidental 5 5.4- Climatério segundo a Medicina Chinesa 5 6 CAUSAS E ORIGENS 6 7 MATERIAIS E MÉTODO 8 8 PONTOS UTILIZADOS 8 8.1 – Função dos Pontos 9 9 RESULTADOS 9 10 DISCUSSÃO 10 11 CONCLUSÃO 11 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12
  • 8. 1 1- INTRODUÇÃO: Vivemos numa sociedade que tem vindo a sofrer grandes transformações ao longo dos anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), desde o início da última década do século XX, a esperança média de vida à nascença aumentou 2,05 anos para as mulheres, sendo que atualmente a esperança média de vida para as mulheres é de 81,74 anos. Prevê-se que em 2060 a população com 65 ou mais anos de idade, quase duplicará “passando de 17,4% em 2008 para 32,3% em 2060” (INE, 2009). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê-se que até 2030, mais de um bilhão de mulheres estejam na Menopausa, passando, desta forma, aproximadamente, um terço da sua vida no climatério. Apesar da área da Saúde da Mulher ser muito vasta e com vários domínios, relativos às várias etapas da vida, amplamente estudadas, o climatério permanece um domínio pouco explorado. A pertinência desde tema pode ainda ser justificada por reconhecermos que a visão biomédica, imposta pela sociedade é visível nos artigos pesquisados, sendo pouco representativa quanto às vivências psicológicas e familiares desta etapa da vida da mulher e do casal. A literatura encontrada relativa ao climatério tem sido desenvolvida majoritariamente na América do Norte e América Latina, sendo muito deficitária em Portugal. O termo menopausa só foi reconhecido como tal, há cerca de 200 a 300 anos, visto que a esperança média de vida da mulher era de 30 ou 35 anos, falecendo ainda em idade fértil. A menopausa, sendo um fenômeno normal no percurso vital de uma mulher, não deixa de ser também um período crítico do seu desenvolvimento pessoal, psicológico e social. São múltiplas as necessidades de adaptação considerando as alterações físicas, psicoafetivas e socioculturais inerentes a este processo com repercussões na saúde e qualidade de vida. A definição de saúde da OMS, em 1946-1948, como sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença” é uma visão positiva da saúde transmitida após a 2ª Guerra Mundial, que faz parecer que a saúde é algo quase inatingível. O conceito de saúde tem sofrido alguma evolução no sentido de se adequar o conceito ao contexto atual, contemplando algumas variáveis no caminho do bem-estar atribuindo aos indivíduos a responsabilidade de satisfazer as suas necessidades em harmonia com o meio ambiente sendo a saúde vista como um recurso da vida diária que deve abranger não só as capacidades físicas bem como os recursos pessoais e sociais.
  • 9. 2 Consideramos que uma definição utópica de saúde é útil como um horizonte para os serviços de saúde por estimular a priorização das ações. A descrição pouco restritiva dá liberdade necessária para ações em todos os níveis da organização social. No entanto, pouco tem sido feito em termos de capacitar a mulher para a vivência desta etapa de vida com qualidade, tendo em consideração os valores, preconceitos, nível sociocultural, ou seja, a cultura, as condições e o estilo de vida no contexto onde está inserida. Podemos concordar com a Organização Mundial da Saúde quando defende que o contexto em que um indivíduo vive é de grande importância na sua qualidade de vida e no seu estado de saúde. Desde os anos 60 do século XX que o termo Qualidade de Vida (Qdv) tem sido utilizado de forma cada vez mais frequente. Na década de 70, tentou-se explicitar as dificuldades que cercavam a conceptualização deste termo e até se considerou a Qualidade de Vida como algo vago sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é. O fato deste conceito aparecer ligado a diferentes referenciais teóricos como sejam a satisfação com a vida, felicidade, existência com significado e bem-estar subjetivo, tem dificultado de alguma forma a sua delimitação científica, diz-nos que, ainda que estas designações estejam relacionadas, são estruturalmente diferentes do conceito de Qualidade de Vida. Na década de 90, a OMS reuniu peritos de diferentes culturas para formarem o WHOQOL Group (World Health Organization Quality of Life Group), com o objetivo de debater e definir o conceito de Qualidade de Vida que é definido como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (CANAVARRO, 2005).
  • 10. 3 2- JUSTIFICATIVA: Demonstrar que através da Acupuntura, é possível minimizar os sintomas do climatério, proporcionando melhor qualidade de vida às mulheres nessa fase de suas vidas. 3- DESENVOLVIMENTO: As demandas apontadas pelas mulheres climatéricas vão além de aspectos meramente biológicos e, tem intensa relação com os aspectos subjetivos, que apontam para a necessidade de uma visão biopsicossocial do processo. Identificamos por meio de estudos, a importância de que ações de melhoria na atenção à saúde das mulheres climatéricas sejam desenvolvidas a fim de minimizar as dificuldades vivenciadas por elas. Os profissionais das equipes de saúde em sua maioria, têm adotado medidas que não contemplam integralmente as necessidades das mulheres climatéricas, o que pode estar relacionado à sua formação profissional. Assim, consideramos fundamental que novos estudos direcionados para atuação dos profissionais com essas mulheres, sejam desenvolvidos. Não entender o climatério como um ponto final, mas compreendê-lo como uma fase do ciclo vital, no qual ocorrem mudanças, mas que com acesso à informação em saúde, as mulheres podem vivenciar esta fase com qualidade de vida. Assim, espera-se que os profissionais de saúde sejam promissores da autoestima, confiança e entendimento destas mulheres sobre as mudanças no período que compreende o climatério, estimulando sua participação ativa no processo de autoconhecimento, compartilhando opiniões, dúvidas e questionamentos a respeito dessa fase do ciclo vital, o que proporcionará autoconfiança e afastará o sentimento de inutilidade, que muitas vezes permeia a vida das mulheres climatéricas, transformando a vivência do climatério em um processo natural e prazeroso. 4- OBJETIVO: O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo sobre os princípios da Medicina Chinesa, utilizando a técnica da Acupuntura e sua ação sobre os sintomas apresentados por mulheres no período do climatério, utilizando combinação de pontos específicos para o tratamento dessa síndrome, demonstrando através da Acupuntura que é possível promover o equilíbrio energético, visando aliviar os incômodos causados nesse período, melhorando a qualidade de vida da mulher.
  • 11. 4 5- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: A Organização Mundial da Saúda (OMS), define menopausa como a parada permanente da menstruação em consequência da perda definitiva da atividade folicular ovariana, ocorrendo, na maioria dos países industrializados, em torno dos 50 anos de idade (48-52 anos). Admite-se que já deva ter ocorrido um período de pelo menos 12 meses de ausência do fluxo, para que seja considerada como última menstruação (LIBERALI; VIEIRA; GOULART, 2004). A menopausa é definida na literatura médica como a cessação dos ciclos menstruais e, que ocorre dentro do período denominado climatério, onde gradualmente, a mulher passa por mudanças hormonais com diminuição do estrogênio e progesterona e, da fase reprodutiva. A expressão síndrome do climatério é aplicada ao conjunto de sinais e sintomas que provocam mal-estar físico e emocional, resultantes da insuficiência estrogênica (LUCA, 1994). Na origem do termo, grego Klimáter, com significado de “período crítico da vida,” temos que os sinais da menopausa (mens=mês: pausis=pausa) são visíveis e, como tais, marcam um dos significados da menopausa, o início do envelhecimento da mulher com suas alterações físicas, biológicas e psíquicas (BRONSTEIN, 1994). 5.1 Saúde segundo a Medicina Ocidental: A organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de moléstia ou enfermidade. A saúde é uma condição que abrange diversos aspectos do ser humano. O conceito de saúde é amplo e não pode ser resumido como ausência de doenças, embora essa associação seja normalmente realizada. Não ter doença significa ter saúde. Essa visão simplificada atrapalha também o conceito de saúde de trabalho, por que as pessoas só descobrem um ambiente físico, social e psicológico à medida que manifestam alguns sinais ou sintomas de doença. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não com objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim a promoção de saúde não é responsabilidade
  • 12. 5 exclusiva do setor de saúde, e vai além de um estilo de vida saudável na direção de um bem-estar global. (CINTRA, FIGUEIREDO, 2008). 5.2 Saúde segundo Medicina Chinesa: O conceito Shen é talvez, um dos mais belos da Medicina Chinesa. Nele temos representados a parte mais subjetiva e dificilmente mensurável da natureza humana, os sentimentos. Sinais de um Shen saudável e “assentado” são o equilíbrio a felicidade e a satisfação pessoal, do contrário, podem ocorrer manifestações como infelicidade, depressão ou insegurança extrema (para citar somente algumas). Exatamente por isso a saúde do Shen esteja tão intimamente ligada à saúde do corpo e, por que não, a manifestação da beleza? (FERNANDES, 2008). A Medicina Chinesa enfatiza o equilíbrio como uma questão chave da saúde: o equilíbrio entre repouso e o exercício, na dieta, nas atividades sexuais e no clima. Qualquer desarmonia contínua, pode se tornar uma causa patológica. (MACIOCIA, 2006). 5.3 Climatério segundo a Medicina Ocidental: Para a Medicina ocidental o climatério revela-se como uma deficiência hormonal, também normal para uma determinada faixa etária. Ao deixar de produzir óvulos, os ovários perdem também a capacidade de produzir estrogênio e progesterona, ocasionando uma série de consequências no corpo biológico que responde a estímulos e neurotransmissores. Para diminuir os sintomas dessa deficiência hormonal, é indicado, em alguns casos, uma terapêutica estrogênio (Terapia de Reposição hormonal): que “fornece alívio nos sintomas vasomotores e minimiza os atróficos das vias genitais. Há possibilidades de riscos como: aumento da frequência de carcinoma de endométrio, possivelmente das mamas, risco de enfarte do miocárdio. Esse método, antes de ser aceito como terapêutico, tem que ser muito bem avaliado quanto aos seus efeitos colaterais, contraindicações, condições prévias, ação sobre as mamas, útero, ovário e demais órgãos, tempo de duração do tratamento, estatísticas sobre o uso a longo prazo, além das alterações fisiológicas que poderão ocorrer. 5.4 Climatério segundo a Medicina Chinesa: Para a Medicina Chinesa a síndrome do climatério ocorre quando o Qi dos Rins está gradualmente enfraquecido, Chong Mai e Ren Mai estão vazios e o Tian Gui esgotado;
  • 13. 6 então as menstruações param progressivamente (AUTEROCHE E NAVAILH, 1987). O enfraquecimento dos Rins, nesse caso, se dá pelo ciclo de vida (no período de 7 em 7 anos), mas também pelos excessos diante das emoções (preocupação, ansiedade, medo, etc), do trabalho físico ou mental, da atividade sexual e das gestações. No ciclo das transformações fisiológicas a mulher apresenta alterações em períodos de 7 em 7 anos. Após o 7º período, aos 49 anos, a fraqueza do Qi dos Rins é mais evidente, com isso, as funções sexuais e a capacidade reprodutiva vão enfraquecendo até desaparecer. Têm-se então que, o quadro da síndrome do climatério é um quadro de Deficiência da Essência (Jing) do Rim (Shen) em aspecto Yin ou Yang. Se um dos aspectos estiver deficiente haverá uma tendência à manifestação do outro, não existindo o caso de apenas Yin ou Yang apresentarem-se desarmonia. Como o Shen (Rim) é considerado a raiz de todo o Yin e de todo Yang do corpo, consequentemente, uma Deficiência Yin do Rim acarretará igual deficiência em outros órgãos ou manifestações de aspectos Yang. Entre as desarmonias energéticas mais identificadas a partir desse quadro inicial podemos ter, de acordo com GUANG (2004): deficiência do Yin ou Yang do Rim, Deficiência de Yin do Coração e Excesso de Fogo, Hiperatividade do Yang do Fígado ou Estagnação de Mucosidade. 6- CAUSAS E ORIGENS: A Medicina Tradicional Chinesa não estabelece o Climatério como um quadro nosológico específico, como é colocado pela Medicina Ocidental. Conceitualmente, Climatério não é uma enfermidade e sim uma passagem fisiológica que vive a mulher, da fase reprodutiva, para a fase não reprodutiva. Teoricamente não existe a necessidade de tratamento para a mulher, somente se impondo quando houver manifestação clínica importante. As manifestações clínicas mais comumente encontradas são: cefaleia, astenia, letargia, irritabilidade, depressão, insônia, perda de concentração, fogachos, rubor facial, secura vaginal, sudorese, irregularidade menstrual (amenorreia, poli menorreia, menorragia, etc). A fora esta sintomatologia, como visto dentro da Medicina Ocidental, temos enfermidades associadas a este evento e, que na visão da Medicina Chinesa, estão harmoniosamente integrados na fisiopatologia da Síndrome de Deficiência do Rim. Exemplo disso temos a osteoporose que na Medicina Chinesa é de responsabilidade do Rim. Na visão da Medicina Chinesa, os sintomas apresentados nessa fase, se enquadram como uma Deficiência da Essência do Rim em seu aspecto Yin ou Yang, subentendendo que dentro dessa classificação básica pode-se encontrar todas as nuances possíveis dessa
  • 14. 7 deficiência. Essa deficiência pode também estar associada a alterações de outros Órgãos, levando a Síndromes Mistas. É claro que a gravidade dos sintomas está diretamente relacionada ao estilo de vida e alimentação da mulher no decorrer de toda sua vida. Portanto a Síndrome Climatérica é uma Síndrome de Deficiência do Rim e, portanto, sua evolução clínica irá depender da higidez que se encontra a mulher no momento do seu aparecimento. Na concepção da Medicina Chinesa, tanto as emoções, entendidas como preocupações, ansiedade e medo, o excesso de trabalho, tanto mental como físico, gestações muito próximas e a atividade sexual excessiva, levam ao esgotamento precoce da Essência do Rim. Como foi exposto a cima, a Deficiência do Rim pode se apresentar como Deficiência de Yin ou Yang ou de ambas, sendo a forma mista a mais comum. Esta Deficiência irá acarretar duas situações que são: Se o Yin do Rim estiver deficiente, o Yang Rim tende a se elevar; Se o Yang do Rim estiver deficiente, o Fogo Ming Men será fraco. Estas deficiências irão repercutir em outros Órgãos, levando aos seguintes modelos: Rim (Shen) e Coração (Xin) não se comunicam. O Coração entre suas inúmeras funções, governa o Sangue (Xue) e sua circulação através da transformação do Qi dos alimentos em Sangue (Xue), está conectado como Útero, pelo Canal do Útero (Chong Mai), abriga a Mente, além de participar na formação do Qi Celestial, através da presença do Yang do Coração junto com a Essência do Rim. O Coração (Xin) pelo conceito dos Cinco Movimentos, se encontra no Aquecedor Superior, pertence ao Movimento Fogo, sendo de natureza Yang. O Rim (Shen) se encontra no Aquecedor Inferior, pertence ao Movimento Água, sendo de natureza Yin. Por estas características esses dois Órgãos devem estar em harmonia, pois representam o Fogo e a Água, que pode ser explicado pelo movimento descendente do yang do Coração (Xin) em direção do Rim (Shen), aquecendo assim o Yin do Rim, que por sua vez ascende para nutrir o Yang do Coração, o que significa dizer que o Qi do Coração e do Rim estão em constante movimento, caracterizando o que a Medicina Chinesa chama de suporte mútuo do Fogo e da Água. Na deficiência do Yang do Rim, observa-se um comprometimento da função do Rim em transformar os fluídos corpóreos (Jin Ye), provocando mudanças em seu fluxo, em direção ao topo, causando um padrão chamado de “Água afetando o Coração.” Na Deficiência do Yin do Rim, não haverá nutrição do Yin do Coração, levando a uma hiperatividade do Fogo do Coração. Como explicado pela Medicina Chinesa, o Coração abriga a Mente e o Rim estoca a Essência. A Essência junto com o Qi forma a base física da Mente, portanto a Mente é a manifestação externa da Essência, o que nos permite afirmar que um suplemento amplo de Essência (Jing), é uma pré-condição para um
  • 15. 8 adequado desempenho da Mente e, uma Mente hígida é uma pré-condição para uma Essência produtiva. Se a Essência estiver debilitada, a Mente sofrerá. Se a Mente estiver afetada por alterações emocionais, a Essência não será direcionada pela Mente. Essas alterações configuram o quadro “Coração e Rim não se comunicam” muito comum no Climatério que se manifesta clinicamente com os seguintes sintomas: palpitações, insônia, sudorese noturna, ansiedade, zumbido, agitação, fogachos, rubor facial, perda de memória, depressão, melancolia, boca e garganta seca, visão borrada, dor nas costas, lombalgia. Pulso: rápido e fino. Língua: vermelha, ponta avermelhada, rachadura central, alcançando a ponta. 7- MATERIAL E MÉTODO: A paciente é uma mulher, 51 anos, não realiza tratamento convencional de reposição hormonal. Histórico de duas gravidezes, excesso de trabalho, frequentemente sob pressão. Sente rubores quentes na região do tórax até a cabeça quando conversa algo importante, insônia, tonturas, zumbido, dor nas costas na região cervical e torácica, mamas inchadas, dor nas articulações das mãos e pés, mãos úmidas e frias, intercurso doloroso, pele seca. Sente dificuldade na digestão de alimentos gordurosos e muito temperados, relata que não fica “bem” do Estômago. Em alguns momentos sente-se triste, com vontade de chorar. A paciente apresenta-se com a língua vermelha sem revestimento, curta e edemaciada, com fissuras centrais. Entrou na menopausa há dois anos. Sente-se cansada e desanimada. Pulso forte e em corda. Diagnóstico: Deficiência de Yin e Yang do Rim, com predominância de Deficiência de Yin e Ascensão do Yang do Fígado. 8- PONTOS UTILIZADOS: Os pontos selecionados para esse tratamento foram: P7 (lado direito) e R6 (lado esquerdo) para regular o Canal Ren Mai juntamente com PC6, VC4, VC6, R3, F3, Yintang (ponto extra).
  • 16. 9 8.1- FUNÇÃO dos PONTOS: P7: Abre e regula o Ren Mai (Vaso Concepção, harmoniza o Qi do Pulmão, expele vento frio ou vento calor, regula a Via das Águas, comunica-se com o Intestino Grosso (IG); R6: Regula o Yin Qiao Mai, nutre o Yin do Rim, resfria o calor e o Sangue (Xue), tranquiliza o Shen, beneficia a garganta e os olhos; R3: Beneficia o Rim (Qi, Yin, Yang e Jing), estabiliza a recepção do Qi do Pulmão, tranquiliza o Shen, fortalece a lombar e os joelhos; PC6: Move estagnações (Qi, Xue e Fleuma), tranquiliza o Shen, libera o Qi do Fígado e Vesícula Biliar, redireciona o Qi do Pulmão e Estômago, relaxa o tórax, acalma a dor; VC4: Fortalece todos os Zang-Fu, regula o Útero, estabiliza as emoções, beneficia (Yin, Yang, Xue, Qi, Yuan Quê, Wei Qi, Ying Qi, Jing); VC6: Move, tonifica e ergue o Qi, tonifica o Yang e o Yuan Qi, move o Qi e a Umidade do Jiao Inferior; F3: Circula o Qi e Xue de todo o corpo, pacifica o Yang do Fígado, elimina a Umidade- Calor, tranquiliza o Shen, nutre o Sangue (Xue) do Fígado. 9- RESULTADOS: A paciente foi submetida a sessões semanais de Acupuntura. O tratamento foi realizado em apenas uma paciente, para melhor controle e acompanhamento do quadro. Após diagnóstico seguindo os padrões de base da Medicina Tradicional Chinesa, foi identificada uma Síndrome de Deficiência de Yin e Yang, padronizando uma Síndrome Mista. Após primeira sessão, a paciente sentiu melhora do quadro sintomatológico. Assim seguiu-se o tratamento, totalizando um ciclo de 10 sessões de Acupuntura, sendo as aplicações realizadas uma vez por semana.
  • 17. 10 10- DISCUSSÃO: O aumento da expectativa de vida tem possibilitado que um número cada vez maior de mulheres vivencie o climatério. Assim, com a expectativa de vida da mulher em torno de 75 anos, ela passará um terço de sua vida no climatério. Este dado, por si só, justifica a necessidade de se discutir o assunto com as mesmas, permitindo que se manifestem suas percepções em relação a esta etapa. Isso possibilita que elas possam conhecer o seu corpo e os aspectos culturais que envolvem o tema, além de revelar suas necessidades de saúde e buscar caminhos que venham a satisfazê-las. É possível que as mulheres, lidando melhor com as mudanças físicas e emocionais do climatério, possam desmistificar a realidade socialmente construída, geralmente de conotação negativa em relação a este período. O climatério necessita, portanto, ser entendido como uma transição normal da vida. Esse aumento da expectativa de vida das mulheres com certeza favorece o crescimento da demanda para o atendimento às queixas relacionadas ao climatério. O aumento considerável do número de mulheres com mais de 50 anos na população mundial, chegando a 1,2 bilhões em2030, é determinante na consideração da suma importância de sua abordagem na saúde pública. O envelhecimento populacional no Brasil mostra uma clara tendência à feminização. Assim, as mulheres com mais de 40 anos correspondem a 32% da população feminina.
  • 18. 11 11- CONCLUSÃO: Diante desse estudo, pode-se concluir que com o aumento da expectativa de vida, há um número cada vez maior de mulheres que vivenciam as manifestações clínicas do climatério e, tanto a Medicina Ocidental, quanto a Medicina Chinesa têm recursos para minimizar os sintomas do climatério, apesar de possuírem abordagens diferentes sobre fisiopatologias e o tratamento. O conceito de Yin e Yang, Essência, Qi, Meridianos e Órgãos, em parte explicam a abordagem holística em relação ao ser humano, tanto no diagnóstico, quanto no tratamento utilizado pela Medicina Chinesa. Diante das contraindicações da terapia de reposição hormonal, o uso da acupuntura para alívio dos sinais e sintomas do climatério, constitui uma opção segura, com eficácia comprovada, que proporciona alívio dos sintomas e consequentemente, melhor qualidade de vida para a mulher.
  • 19. 12 12- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AUTEROCHE, B; NAVAILH, P., O Diagnóstico na Medicina Chinesa. São Paulo- SP, Ed: Andrei- 1986. BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos da Atenção Básica: Programa Saúde Família. Caderno 3. Brasília- 2000. CAIRO, CRISTINA., Linguagem do Corpo: aprenda a ouvi-lo para uma vida saudável. São Paulo- SP, Ed: Mercuryo- 1999. CUNHA, R,G., Maria Elisa Rizzi.Acupuntura como Promoção e Saúde Mental, disponível em: http://biblioteca.univap.br/dados/00000223.pdfxx. Acesso em:29/05/2016. DELIBERATO., Paulo Cesar Porto. Fisioterapia Preventiva Fundamentos e Aplicações, Barueri- SP, Ed: Manole- 2002. FERNANDEZ, M. R.; GIR, E.;HAYSHIDA, M. Sexualidade no período Climatérico: situações vivenciadas pela mulher. Ver. Bras. Enferm USP.v.39, n.2, p. 129-35, 2008. HIKS, ANGELA. Acupuntura Constitucional dos Cinco Elementos. São Paulo- SP, Ed: Roca, 2007. LIMA, J. V.; ANGELO, M. Vivenciando a inexorabilidade do tempo e as mudanças com perdas e possibilidades: a mulher na fase do climatério. Ver. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v.35, n.4, dez. 2001.Disponívelem:http://www.scielo.br/scielo.php/scrit=sciarttex &pid=S008062342001000400013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 12/05/2016. MACIOCIA, GIOVANNI.; Os Fundamentos da medicina tradicional Chinesa: Um Texto Abrangente para acupunturistas e fisioterapeutas- São Paulo-SP, Ed: Rocca- 2006. MENDES LEITE. Acupuntura como tratamento alternativo. Revisão bibliográfica, 2006. Centro Integrado de Terapias. Campina Grande, Paraíba- PB, 2006. ROSS, JEREMY.; Zang Fu- Sistema de Órgãos e Vísceras de Medicina Tradicional Chinesa. Tradução: Norma de Paula Palomas. São Paulo- SP, Ed: Rocca, 1994. SOCIEDADE BRASILEIRA DO CLIMATÉRIO. Menopausa e Climatério. www.sobrac.org.br. Acesso em: 06/06/16.