O documento descreve a formação de uma raça de vaqueiros no vale do rio no sul do Brasil, similar aos mamelucos de São Paulo. Estes vaqueiros permaneceram isolados do resto do Brasil e do mundo, cercados pelas montanhas e campos, o que preservou suas características aventureiras ao longo do tempo. O meio ambiente os atraía e os mantinha isolados.

1. História – Módulo 15
O Homem – capítulo II
O Homem – capítulo II
O vaqueiro
É que já se formara no vale médio do grande rio uma raça de cruzados
idênticos àqueles mamelucos estrênuos que tinham nascido em S. Paulo. E
não nos demasiamos em arrojada hipótese admitindo que este tipo
extraordinário do paulista, surgido e decaindo logo no sul, numa degeneração
completa ao ponto de declinar no próprio território que lhe deu o nome, ali
renascesse e, sem os perigos das migrações e do cruzamento, se conservasse
prolongando, intacta, ao nosso tempo, a índole varonil e aventureira dos avós.
Porque ali ficaram, inteiramente divorciados do resto do Brasil e do mundo,
murados a leste pela Serra Geral, tolhidos no ocidente pelos amplos campos
gerais, que se desatam para o Piauí e que ainda hoje o sertanejo acredita sem
fins.
O meio atraía-os e guardava-os.
CUNHA, Euclides da . Os sertões . Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional,
versão eletrônica acessada em 14 out. 2010, p. 42.