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Imperialismo e colonialismo: a partilha do Mundo
A supremacia europeia
Nos finais do século XIX e inícios do século XX, a economia mundial era ainda
dominada pela Europa. Entre as potências com maior poder económico destacavam-
se a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha, que, graças à sua industrialização e à
posse de importantes domínios coloniais, gozavam de uma incontestável
superioridade, pois:
 Cerca de metade da produção industrial do mundo era europeia;
 Os capitais investidos na construção de infra-estruturas, como vais férreas,
pontes, canais, e na criação de empresas agrícolas e de extracção mineira, tanto na
Europa como noutros continentes, eram maioritariamente europeus;
 Grande parte das trocas comerciais era feita por navios mercantes europeus, o
que demonstrava o grande desenvolvimento das actividades comercial na Europa.
Este continente importava matérias-primas (como algodão, borracha e metais) e
exportava produtos industriais (principalmente máquinas e tecidos) para outras
partes do mundo.
Tudo isto beneficiou fundamentalmente a burguesia, agravando as desigualdades
sociais. Estas desigualdades, aliadas à explosão demográfica que caracterizou a
Europa neste período, levaram os mais pobres a emigrarem para outros continentes
à procura de melhores condições de vida. De facto na primeira década do século
XX, assistiu-se a uma das maiores vagas de emigração de sempre.
Outras potências ema ascensão
Fora da Europa verifica-se, entretanto, a ascensão económica dos Estados Unidos
da Américo e do Japão.
Os EUA, país rico em matérias-primas, desenvolveram, desde finais século XIX, a
sua indústria. Graças, em grandes parte, à utilização de mão-de-obra europeia
emigrada para este país e à introdução de inovadores processos de produção, como
irás estudar.
O Japão, copiando as práticas industriais e comerciais dos países mais
desenvolvidos da Europa Ocidental e utilizando uma mão-de-obra barata, emergia
como principal potência industrial da Ásia, tornando-se num estado industrial
moderno.
As exigências do crescimento industrial
O crescimento industrial e financeiro conduziu as potências europeias a uma
corrida desenfreada pela posse de novos territórios, onde procuravam obter:
 Matérias-primas mais baratas para alimentar a sua indústria;
 Novos mercados para onde pudessem escoar os seus excedentes da produção
industrial;
 Novas possibilidades de investir capitais na criação de indústrias e na produção
de infra-estruturas.
Foi desta forma que as potências industrializadas (não só as europeias como,
também os Estados Unidos da América), ocuparam novos territórios, procurando,
assim aumentar o seu espaço colónia, e exercer a sua influência sobre outros
países (teoricamente independentes) em África, Ásia e na América.
Para além das motivações económicas referidas, a corrida pela pose de novos
territórios por parte das potências europeias teve ainda outras razões:
 O reforço do poder militar e estratégico de cada potência, o que fazia crescer
a competição entre elas;
 A ideia de superioridade da raça branca – racismo – que justificava a «missão
civilizadora» dos europeus em relação a outros povos que consideravam menos
desenvolvidos, ou mesmo inferiores.
 A possibilidade de, pela ocupação de novos territórios, criar melhores condições
de vida a uma população europeia em crescimento que optava, muitas vezes, pela
emigração.
Nos finais do século XIX e início do século XX, o imperialismo europeu exerceu-se,
essencialmente, em África.
A corrida a novas áreas de influência
As viagens para o interior do continente africano de exploradores como, por
exemplo, o escocês Livingstone, o americano de origem britânica Stanley e o
português Serpa Pinto, realizadas na segunda metade do século XIX, revelaram a
existência de muitas riquezas naturais – matérias-primas -, o que provocou a cobiça
dos países industrializados. Estas viagens tinham também objectivos científicos.
Por outro lado, como já sabes, os europeus entendiam ser seu dever levar a sua
«civilização superior» aos povos menos desenvolvidos. África foi, assim, o
continente mais cobiçado. Surgiram, deste moo, alguns conflitos entre as potências
europeias, provocados pela redistribuição das colónias já existentes e pela
ocupação de novos território neste continente.
Portugal e a questão do «Mapa Cor-de-Rosa»
Face às disputas pela posse de territórios em África, o chanceler alemão Bismarck
propôs a reunião dos países com interesses naquele continente. Realizou-se, então,
a Conferência de Berlim (1884-1885), onde, para além da definição das fronteiras
das colónias, se estabeleceu também um novo direito colonial: só a ocupação
efectiva de um território justificava a sua posse. Era o fim do direito histórico da
descoberta.
A Sociedade de Geografia publicou, entretanto, um mapa, onde se assinalava, a cor-
de-rosa, a pretensão de Portugal ocupar toda a região que ligava a Costa Ocidental
África (Angola) à Costa Oriental (Moçambique). Este mapa ficou conhecido como o
«Mapa Cor-de-Rosa». A Grã-Bretanha, que pretendia ligar o Cabo (África do Sul)
ao Cairo (Egipto) através de construção de uma via-férrea, enviou, em 1890, um
ultimato ao governo português. Neste documento exigia-se a retirada imediata das
forças militares portuguesas localizadas na região Chire (actual Malawi) e nas
terras dos Macololos e dos Machonas (actual Zimbabué).
Os impérios coloniais europeus nos finais do século XIX
A política expansionista dos países industrializados levou, assim, à formação de
grandes impérios.
O maior império colonial pertencia à Grã-Bretanha, que dominava regiões em todos
os continentes, bem como importantes rotas comerciais, como, por exemplo, a do
Canal do Suez e a do Cabo da Boa Esperança.
A França possuía também um vasto império, com territórios em África, no Extremo
Oriente e na América Central e do Sul.
O Império Russo juntava à grande Rússia europeia enormes territórios na Sibéria e
na Ásia Central.
Alguns países europeus como a Espanha, a Itália, Portugal, a Holanda e a Bélgica
possuíam impérios mais pequenos.
A Alemanha, país que havia iniciado mais tarde o seu desenvolvimento industrial e o
domínio colonial, era já, neste período, uma potência em ascensão, dominando
territórios em África e no Pacífico.
A I Grande Guerra
Rivalidade económica e nacionalismo
Além das disputas pela posse de territórios e mercados em África e na Ásia, alguns
países europeus, no início do século XX, confrontavam-se também com questões e
reivindicações nacionalistas que, ao exaltarem os valores da nação e o orgulho
patriótico, agudizavam os conflitos entre as potências rivais:
 A Alemanha, com um crescimento económico rápido, disputava a supremacia da
Grã-Bretanha e da França, procurando impor a sua hegemonia na Europa;
 A Grã-Bretanha, a França e a Alemanha disputavam territórios ultramarinos
ricos em matérias-primas e estrategicamente situados;
 A França ambicionava recuperar a Alsácia e a Lorena, territórios perdidos para
a Alemanha na guerra franco-prussiana (1870-1871);
 O Império Austro-Húngaro pretendia expandir o seu território e a sua
influência à região dos Balcãs, deparando-se, no entanto, com a oposição da Sérvia.
 A Itália ambicionava territórios que considerava seus, mas que estavam
integrados no Império Austro-Húngaro, e pretendia também ocupar novas terras
em África.
Apolítica de alianças
As rivalidades que abalavam a Europa neste período conduziram á formação de
duas alianças:
 A Tríplice Aliança, formada, em 1882, pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália;
 A Tríplice Entente, formada, 1907, pela Grã-Bretanha, França e Rússia.
Em 1915, a Itália passou a fazer parte da Tríplice Entente, na expectativa de
conseguir os territórios que disputava à Áustria-Hungria.
Esta política de alianças manteve uma relativa estabilidade no equilíbrio europeu,
mas não evitou a corrida aos armamentos.
Vivia-se nesta época um clima de paz armada, pois qualquer incidente poderia
comprometer esse frágil equilibro. Foi o que aconteceu em 1914, quando o
arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono austro-húngaro, foi assassinado
em Sarajevo, na Bósnia, por um estudante nacionalista sérvio. A Áustria-Hungria
acusou o governo sérvio de ter preparado o atentado e, com o apoio da Alemanha,
declarou guerra à Sérvia. A Rússia, aliada tradicional da Sérvia e membro da
Tríplice Entente, envolveu-se no conflito, desencadeando o funcionamento do
sistema de alianças. Era o início da I Guerra Mundial.
O primeiro conflito à escala mundial
Os países inicialmente envolvidos na guerra pensaram que esta iria ser curta; os
Aliados (países da Tríplice Entente) contavam com a superioridade numérica dos
seus efectivos; as Potências Centrais (Tríplice Aliança) confiavam superioridade
técnica do seu armamento. Num primeira fase, os dois blocos confrontaram-se em
três frentes;
 A frente ocidental, do Mar do Norte até à Suíça;
 A frente balcânica, do Mar Adriático ao Império Otomano (actual Turquia);
 A frente leste, que se estendia do Mar Báltico até ao Mar Negro.
Estas frentes de batalha, as estrategas militares baseavam-se numa guerra de
movimentos, caracterizada por rápidos avanços e recuos no terreno com vista à
aniquilação do inimigo.
No final de 1914, a guerra de movimento deu lugar à guerra de posições ou de
trincheiras, na qual cada uma das forças em confronto procurava manter as suas
posições no terreno, impedindo-se mutuamente de avançar.
Em 1916, Portugal entrou no conflito ao lado dos Aliados.
A intervenção dos Estados Unidos e a vitória dos Aliados
A partir de 1917, após uma fase de impasse, importantes acontecimentos definiram
o rumo do conflito:
 Entrada dos Estados Unidos na guerra, em Abril de 1917. A sua participação
desequilibrou as forças em confronto, entrando-se, de novo, numa frase de guerra
de movimentos;
 Retirada da Rússia da guerra. Por este tratado, a Rússia perdia o controlo sobre
vários territórios, como por exemplo: a Finlândia, as províncias bálticas, a Polónia, a
Bielorússia e a Ucrânia, e era obrigada a pagar pesadas indemnizações à Alemanha.
Em 11 de Novembro de 1918, foi assinado o armistício, ou seja o fim das
hostilidades, em que a Alemanha reconheceu a derrota.
Uma paz precária: o novo mapa político da Europa
Em Janeiro de 1919, os países vencedores da guerra reuniram-se em Paris na
Conferência de Paz. Já em Janeiro de 1918, o Presidente norte-americano Wilson
apresenta ao Congresso dos EUA, num documento intitulado «Catorze Pontos», os
objectivos para esta Conferência, entre os quais se destacaram:
 O reconhecimento do direito dos povos à autonomia, de acordo com o princípio
das nacionalidades;
 A criação de um organismo para defesa da paz.
Na Conferência de Paz foram assinados vários tratados, mas o que estabeleceu as
condições da paz foi o Tratado de Versalhes. Nele constavam as duras condições
impostas à Alemanha pelos vencedores:
 A restituição de territórios à França (Alsácia e Lorena) e à constituída Polónia,
e a distribuição das suas colónias africanas pelos vencedores;
 A limitação a um máximo de 100 000 homens no seu exército e a proibição de
possuir artilharia pesada, aviação e marinha de guerra;
 O pagamento de pesadas indemnizações aos países ocupados durante a guerra.
Os impérios russos, turco, austro-húngaro e alemão desmembraram-se, surgindo
vários estados independentes, como, por exemplo, a Polónia, os países bálticos, a
Finlândia, a Áustria, a Hungria e a Checoslováquia.
A Sociedade das Nações
Conforme Wilson havia sugerido nos seus «Catorze Pontos», a conferência de Paz
criou também a Sociedade das Nações (SDN), com sede em Genebra. Dela faziam
parte, inicialmente, os 32 países vencedores da guerra e 13 neutrais. Este
organismo internacional propunha-se a:
 Assegurar a paz, resolvendo conflitos entre os Estados-membros através do
diálogo e da diplomacia;
 Promover a cooperação económica e cultural entre as nações.
Desde logo, a eficácia da SDN ficou comprometida pelo facto de o Congresso
norte-americano ter recusado a participação dos Estados Unidos e da Alemanha
ter sido excluída. Assim, conforme irás estudar, a SDN revelar-se, ao longo dos
anos 30, incapaz de resolver os conflitos internacionais. Em 1939, com a eclosão da
II Guerra Mundial, o seu fracasso tornar-se-ia evidente.
As transformações económicas do pós-guerra no mundo
Ocidental
O fim da supremacia europeia
Além das alterações políticas, a guerra causou ainda graves problemas na Europa,
nomeadamente a nível:
 Demográfico – o continente europeu perdeu cerca de oito milhões de homens e
perto de seis milhões ficaram inválidos;
 Económico e financeiro – os países envolvidos na guerra sofreu a destruição de
casas, hospitais, fábricas, vias de comunicação e meios de transportes; campos de
cultivo foram destruídos pela construção de trincheiras ou pelos
bombardeamentos. A produção de bens desceu vertiginosamente, continuando a
procura a ser elevada. Surgiu, assim, uma inflação incontrolável, isto é, um aumento
de preços generalizado e um consequente agravamento do custo de vida. Enquanto
as exportações europeias diminuíam, as importações aumentavam;
 Social – a fome, o desemprego e a agitação social tornaram-se uma constante
em países como a Alemanha, a Grã-Bretanha, a França e a Itália.
A I Guerra Mundial contribuiu, assim, para o fim da hegemonia europeia.
A I Guerra Mundial e o crescimento económico dos EUA
Em contraste com os países europeus, os Estados Unidos da América aceleraram o
seu crescimento económico com o conflito. Este facto ficou a dever-se,
essencialmente, ao abastecimento de matérias-primas, de bens de consumo e de
armas aos países em guerra, o que lhes permitiu aumentar consideravelmente as
suas reservas de ouro, as quais atingiam 50% das reservas mundiais.
Pode, assim, concluir-se que durante a I Guerra Mundial a Europa tornou-se, em
grande parte, economicamente dependente dos Estados Unidos, invertendo-se a
tendência verificada antes da guerra: passou de credora a devedora. O
desenvolvimento industrial, comercial e financeiro desta grande potência ficou a
dever-se, também, à sua organização económica que se baseava na liberdade de
actuação dos investidores particulares, permitindo a livre concorrência e a
liberalização dos salários.
Tendo-se tornado no principal credor da Europa e me constante crescimento
económico, os Estados Unidos da América tornam-se na maior potência económica
do mundo.
O modelo americano: produção em massa e crescimento acelerado
Para além das razões que contribuíram para o crescimento económico dos EUA
relacionadas com a I Guerra Mundial, que já estudaste, há ainda a salientar o
aumento verificado no consumo interno e nas exportações, o que conduziu a um
acentuado crescimento da produção. Para dar resposta ao aumento na segunda
metade do século XIX: a electricidade e o petróleo substituíram o carvão como
fontes principais de energia, passando a produzir-se, por exemplo,
electrodomésticos e automóveis em grandes quantidades.
Surgiu, também um novo método de produção, introduzido, em primeiro lugar, por
Henry Ford nas suas fábricas de automóveis. Este método de produção, conhecido
por fordismo, baseava-se:
 Na divisão do trabalho em tarefas simples e rápidas, executadas repetidamente
pelos mesmos operários, procurando, assim, evitar-se perdas de tempo. O
taylorismo, que ficou conhecido por trabalho e, cadeia, foi desenvolvido por
Frederick Taylor;
 Na produção em série das mesmas peças e modelos uniformizada
estandardização;
 Na atribuição de prémios de produção e na subida de salários, que motivaram os
operários a produzir e a consumir mais.
Incentivou-se, assim, a produção em massa, que fez baixar os preços dos produtos
e, consequentemente, aumentar o seu consumo.
Por sua vez, a crescente competitividade nacional e internacional conduziu a um
novo sistema de organização das empresas, reforçando-se a tendência para a sua
concentração o que deu origem a monopólios, ou seja, sociedades que controlam
todos os sectores da produção, desde a extracção de matérias-primas até à
comercialização do produto final.
O modelo americano de produção e de consumo estendeu-se a toda a Europa
industrializada. Países como a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França foram,
gradualmente, modernizando os seus métodos, entrando em competição com os
Estados Unidos.
A frágil prosperidade dos anos 20
Os Estados Unidos encontravam-se, assim, desde o final da guerra num período de
prosperidade. Produtos mais baratos, em maior abundância, e salários mais
elevados faziam disparar o consumo e levavam as pessoas a adoptar um novo estilo
de vida. Também na Europa, as feridas causadas pela guerra foram
progressivamente ultrapassadas. Viveu-se, a partir de meados dos anos 20, um
período de euforia, com as pessoas a aderirem a uma vida despreocupada e de
divertimento que, no entanto, pouco durou, como irás estudar.

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Imperialismo e colonialismos

  • 1. Imperialismo e colonialismo: a partilha do Mundo A supremacia europeia Nos finais do século XIX e inícios do século XX, a economia mundial era ainda dominada pela Europa. Entre as potências com maior poder económico destacavam- se a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha, que, graças à sua industrialização e à posse de importantes domínios coloniais, gozavam de uma incontestável superioridade, pois:  Cerca de metade da produção industrial do mundo era europeia;  Os capitais investidos na construção de infra-estruturas, como vais férreas, pontes, canais, e na criação de empresas agrícolas e de extracção mineira, tanto na Europa como noutros continentes, eram maioritariamente europeus;  Grande parte das trocas comerciais era feita por navios mercantes europeus, o que demonstrava o grande desenvolvimento das actividades comercial na Europa. Este continente importava matérias-primas (como algodão, borracha e metais) e exportava produtos industriais (principalmente máquinas e tecidos) para outras partes do mundo. Tudo isto beneficiou fundamentalmente a burguesia, agravando as desigualdades sociais. Estas desigualdades, aliadas à explosão demográfica que caracterizou a Europa neste período, levaram os mais pobres a emigrarem para outros continentes à procura de melhores condições de vida. De facto na primeira década do século XX, assistiu-se a uma das maiores vagas de emigração de sempre. Outras potências ema ascensão Fora da Europa verifica-se, entretanto, a ascensão económica dos Estados Unidos da Américo e do Japão. Os EUA, país rico em matérias-primas, desenvolveram, desde finais século XIX, a sua indústria. Graças, em grandes parte, à utilização de mão-de-obra europeia emigrada para este país e à introdução de inovadores processos de produção, como irás estudar. O Japão, copiando as práticas industriais e comerciais dos países mais desenvolvidos da Europa Ocidental e utilizando uma mão-de-obra barata, emergia como principal potência industrial da Ásia, tornando-se num estado industrial moderno.
  • 2. As exigências do crescimento industrial O crescimento industrial e financeiro conduziu as potências europeias a uma corrida desenfreada pela posse de novos territórios, onde procuravam obter:  Matérias-primas mais baratas para alimentar a sua indústria;  Novos mercados para onde pudessem escoar os seus excedentes da produção industrial;  Novas possibilidades de investir capitais na criação de indústrias e na produção de infra-estruturas. Foi desta forma que as potências industrializadas (não só as europeias como, também os Estados Unidos da América), ocuparam novos territórios, procurando, assim aumentar o seu espaço colónia, e exercer a sua influência sobre outros países (teoricamente independentes) em África, Ásia e na América. Para além das motivações económicas referidas, a corrida pela pose de novos territórios por parte das potências europeias teve ainda outras razões:  O reforço do poder militar e estratégico de cada potência, o que fazia crescer a competição entre elas;  A ideia de superioridade da raça branca – racismo – que justificava a «missão civilizadora» dos europeus em relação a outros povos que consideravam menos desenvolvidos, ou mesmo inferiores.  A possibilidade de, pela ocupação de novos territórios, criar melhores condições de vida a uma população europeia em crescimento que optava, muitas vezes, pela emigração. Nos finais do século XIX e início do século XX, o imperialismo europeu exerceu-se, essencialmente, em África. A corrida a novas áreas de influência As viagens para o interior do continente africano de exploradores como, por exemplo, o escocês Livingstone, o americano de origem britânica Stanley e o português Serpa Pinto, realizadas na segunda metade do século XIX, revelaram a existência de muitas riquezas naturais – matérias-primas -, o que provocou a cobiça dos países industrializados. Estas viagens tinham também objectivos científicos. Por outro lado, como já sabes, os europeus entendiam ser seu dever levar a sua «civilização superior» aos povos menos desenvolvidos. África foi, assim, o continente mais cobiçado. Surgiram, deste moo, alguns conflitos entre as potências europeias, provocados pela redistribuição das colónias já existentes e pela ocupação de novos território neste continente.
  • 3. Portugal e a questão do «Mapa Cor-de-Rosa» Face às disputas pela posse de territórios em África, o chanceler alemão Bismarck propôs a reunião dos países com interesses naquele continente. Realizou-se, então, a Conferência de Berlim (1884-1885), onde, para além da definição das fronteiras das colónias, se estabeleceu também um novo direito colonial: só a ocupação efectiva de um território justificava a sua posse. Era o fim do direito histórico da descoberta. A Sociedade de Geografia publicou, entretanto, um mapa, onde se assinalava, a cor- de-rosa, a pretensão de Portugal ocupar toda a região que ligava a Costa Ocidental África (Angola) à Costa Oriental (Moçambique). Este mapa ficou conhecido como o «Mapa Cor-de-Rosa». A Grã-Bretanha, que pretendia ligar o Cabo (África do Sul) ao Cairo (Egipto) através de construção de uma via-férrea, enviou, em 1890, um ultimato ao governo português. Neste documento exigia-se a retirada imediata das forças militares portuguesas localizadas na região Chire (actual Malawi) e nas terras dos Macololos e dos Machonas (actual Zimbabué). Os impérios coloniais europeus nos finais do século XIX A política expansionista dos países industrializados levou, assim, à formação de grandes impérios. O maior império colonial pertencia à Grã-Bretanha, que dominava regiões em todos os continentes, bem como importantes rotas comerciais, como, por exemplo, a do Canal do Suez e a do Cabo da Boa Esperança. A França possuía também um vasto império, com territórios em África, no Extremo Oriente e na América Central e do Sul. O Império Russo juntava à grande Rússia europeia enormes territórios na Sibéria e na Ásia Central. Alguns países europeus como a Espanha, a Itália, Portugal, a Holanda e a Bélgica possuíam impérios mais pequenos. A Alemanha, país que havia iniciado mais tarde o seu desenvolvimento industrial e o domínio colonial, era já, neste período, uma potência em ascensão, dominando territórios em África e no Pacífico.
  • 4. A I Grande Guerra Rivalidade económica e nacionalismo Além das disputas pela posse de territórios e mercados em África e na Ásia, alguns países europeus, no início do século XX, confrontavam-se também com questões e reivindicações nacionalistas que, ao exaltarem os valores da nação e o orgulho patriótico, agudizavam os conflitos entre as potências rivais:  A Alemanha, com um crescimento económico rápido, disputava a supremacia da Grã-Bretanha e da França, procurando impor a sua hegemonia na Europa;  A Grã-Bretanha, a França e a Alemanha disputavam territórios ultramarinos ricos em matérias-primas e estrategicamente situados;  A França ambicionava recuperar a Alsácia e a Lorena, territórios perdidos para a Alemanha na guerra franco-prussiana (1870-1871);  O Império Austro-Húngaro pretendia expandir o seu território e a sua influência à região dos Balcãs, deparando-se, no entanto, com a oposição da Sérvia.  A Itália ambicionava territórios que considerava seus, mas que estavam integrados no Império Austro-Húngaro, e pretendia também ocupar novas terras em África. Apolítica de alianças As rivalidades que abalavam a Europa neste período conduziram á formação de duas alianças:  A Tríplice Aliança, formada, em 1882, pela Alemanha, Áustria-Hungria e Itália;  A Tríplice Entente, formada, 1907, pela Grã-Bretanha, França e Rússia. Em 1915, a Itália passou a fazer parte da Tríplice Entente, na expectativa de conseguir os territórios que disputava à Áustria-Hungria. Esta política de alianças manteve uma relativa estabilidade no equilíbrio europeu, mas não evitou a corrida aos armamentos. Vivia-se nesta época um clima de paz armada, pois qualquer incidente poderia comprometer esse frágil equilibro. Foi o que aconteceu em 1914, quando o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono austro-húngaro, foi assassinado em Sarajevo, na Bósnia, por um estudante nacionalista sérvio. A Áustria-Hungria acusou o governo sérvio de ter preparado o atentado e, com o apoio da Alemanha, declarou guerra à Sérvia. A Rússia, aliada tradicional da Sérvia e membro da Tríplice Entente, envolveu-se no conflito, desencadeando o funcionamento do sistema de alianças. Era o início da I Guerra Mundial.
  • 5. O primeiro conflito à escala mundial Os países inicialmente envolvidos na guerra pensaram que esta iria ser curta; os Aliados (países da Tríplice Entente) contavam com a superioridade numérica dos seus efectivos; as Potências Centrais (Tríplice Aliança) confiavam superioridade técnica do seu armamento. Num primeira fase, os dois blocos confrontaram-se em três frentes;  A frente ocidental, do Mar do Norte até à Suíça;  A frente balcânica, do Mar Adriático ao Império Otomano (actual Turquia);  A frente leste, que se estendia do Mar Báltico até ao Mar Negro. Estas frentes de batalha, as estrategas militares baseavam-se numa guerra de movimentos, caracterizada por rápidos avanços e recuos no terreno com vista à aniquilação do inimigo. No final de 1914, a guerra de movimento deu lugar à guerra de posições ou de trincheiras, na qual cada uma das forças em confronto procurava manter as suas posições no terreno, impedindo-se mutuamente de avançar. Em 1916, Portugal entrou no conflito ao lado dos Aliados. A intervenção dos Estados Unidos e a vitória dos Aliados A partir de 1917, após uma fase de impasse, importantes acontecimentos definiram o rumo do conflito:  Entrada dos Estados Unidos na guerra, em Abril de 1917. A sua participação desequilibrou as forças em confronto, entrando-se, de novo, numa frase de guerra de movimentos;  Retirada da Rússia da guerra. Por este tratado, a Rússia perdia o controlo sobre vários territórios, como por exemplo: a Finlândia, as províncias bálticas, a Polónia, a Bielorússia e a Ucrânia, e era obrigada a pagar pesadas indemnizações à Alemanha. Em 11 de Novembro de 1918, foi assinado o armistício, ou seja o fim das hostilidades, em que a Alemanha reconheceu a derrota.
  • 6. Uma paz precária: o novo mapa político da Europa Em Janeiro de 1919, os países vencedores da guerra reuniram-se em Paris na Conferência de Paz. Já em Janeiro de 1918, o Presidente norte-americano Wilson apresenta ao Congresso dos EUA, num documento intitulado «Catorze Pontos», os objectivos para esta Conferência, entre os quais se destacaram:  O reconhecimento do direito dos povos à autonomia, de acordo com o princípio das nacionalidades;  A criação de um organismo para defesa da paz. Na Conferência de Paz foram assinados vários tratados, mas o que estabeleceu as condições da paz foi o Tratado de Versalhes. Nele constavam as duras condições impostas à Alemanha pelos vencedores:  A restituição de territórios à França (Alsácia e Lorena) e à constituída Polónia, e a distribuição das suas colónias africanas pelos vencedores;  A limitação a um máximo de 100 000 homens no seu exército e a proibição de possuir artilharia pesada, aviação e marinha de guerra;  O pagamento de pesadas indemnizações aos países ocupados durante a guerra. Os impérios russos, turco, austro-húngaro e alemão desmembraram-se, surgindo vários estados independentes, como, por exemplo, a Polónia, os países bálticos, a Finlândia, a Áustria, a Hungria e a Checoslováquia. A Sociedade das Nações Conforme Wilson havia sugerido nos seus «Catorze Pontos», a conferência de Paz criou também a Sociedade das Nações (SDN), com sede em Genebra. Dela faziam parte, inicialmente, os 32 países vencedores da guerra e 13 neutrais. Este organismo internacional propunha-se a:  Assegurar a paz, resolvendo conflitos entre os Estados-membros através do diálogo e da diplomacia;  Promover a cooperação económica e cultural entre as nações. Desde logo, a eficácia da SDN ficou comprometida pelo facto de o Congresso norte-americano ter recusado a participação dos Estados Unidos e da Alemanha ter sido excluída. Assim, conforme irás estudar, a SDN revelar-se, ao longo dos anos 30, incapaz de resolver os conflitos internacionais. Em 1939, com a eclosão da II Guerra Mundial, o seu fracasso tornar-se-ia evidente.
  • 7. As transformações económicas do pós-guerra no mundo Ocidental O fim da supremacia europeia Além das alterações políticas, a guerra causou ainda graves problemas na Europa, nomeadamente a nível:  Demográfico – o continente europeu perdeu cerca de oito milhões de homens e perto de seis milhões ficaram inválidos;  Económico e financeiro – os países envolvidos na guerra sofreu a destruição de casas, hospitais, fábricas, vias de comunicação e meios de transportes; campos de cultivo foram destruídos pela construção de trincheiras ou pelos bombardeamentos. A produção de bens desceu vertiginosamente, continuando a procura a ser elevada. Surgiu, assim, uma inflação incontrolável, isto é, um aumento de preços generalizado e um consequente agravamento do custo de vida. Enquanto as exportações europeias diminuíam, as importações aumentavam;  Social – a fome, o desemprego e a agitação social tornaram-se uma constante em países como a Alemanha, a Grã-Bretanha, a França e a Itália. A I Guerra Mundial contribuiu, assim, para o fim da hegemonia europeia. A I Guerra Mundial e o crescimento económico dos EUA Em contraste com os países europeus, os Estados Unidos da América aceleraram o seu crescimento económico com o conflito. Este facto ficou a dever-se, essencialmente, ao abastecimento de matérias-primas, de bens de consumo e de armas aos países em guerra, o que lhes permitiu aumentar consideravelmente as suas reservas de ouro, as quais atingiam 50% das reservas mundiais. Pode, assim, concluir-se que durante a I Guerra Mundial a Europa tornou-se, em grande parte, economicamente dependente dos Estados Unidos, invertendo-se a tendência verificada antes da guerra: passou de credora a devedora. O desenvolvimento industrial, comercial e financeiro desta grande potência ficou a dever-se, também, à sua organização económica que se baseava na liberdade de actuação dos investidores particulares, permitindo a livre concorrência e a liberalização dos salários. Tendo-se tornado no principal credor da Europa e me constante crescimento económico, os Estados Unidos da América tornam-se na maior potência económica do mundo.
  • 8. O modelo americano: produção em massa e crescimento acelerado Para além das razões que contribuíram para o crescimento económico dos EUA relacionadas com a I Guerra Mundial, que já estudaste, há ainda a salientar o aumento verificado no consumo interno e nas exportações, o que conduziu a um acentuado crescimento da produção. Para dar resposta ao aumento na segunda metade do século XIX: a electricidade e o petróleo substituíram o carvão como fontes principais de energia, passando a produzir-se, por exemplo, electrodomésticos e automóveis em grandes quantidades. Surgiu, também um novo método de produção, introduzido, em primeiro lugar, por Henry Ford nas suas fábricas de automóveis. Este método de produção, conhecido por fordismo, baseava-se:  Na divisão do trabalho em tarefas simples e rápidas, executadas repetidamente pelos mesmos operários, procurando, assim, evitar-se perdas de tempo. O taylorismo, que ficou conhecido por trabalho e, cadeia, foi desenvolvido por Frederick Taylor;  Na produção em série das mesmas peças e modelos uniformizada estandardização;  Na atribuição de prémios de produção e na subida de salários, que motivaram os operários a produzir e a consumir mais. Incentivou-se, assim, a produção em massa, que fez baixar os preços dos produtos e, consequentemente, aumentar o seu consumo. Por sua vez, a crescente competitividade nacional e internacional conduziu a um novo sistema de organização das empresas, reforçando-se a tendência para a sua concentração o que deu origem a monopólios, ou seja, sociedades que controlam todos os sectores da produção, desde a extracção de matérias-primas até à comercialização do produto final. O modelo americano de produção e de consumo estendeu-se a toda a Europa industrializada. Países como a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França foram, gradualmente, modernizando os seus métodos, entrando em competição com os Estados Unidos. A frágil prosperidade dos anos 20 Os Estados Unidos encontravam-se, assim, desde o final da guerra num período de prosperidade. Produtos mais baratos, em maior abundância, e salários mais elevados faziam disparar o consumo e levavam as pessoas a adoptar um novo estilo de vida. Também na Europa, as feridas causadas pela guerra foram progressivamente ultrapassadas. Viveu-se, a partir de meados dos anos 20, um período de euforia, com as pessoas a aderirem a uma vida despreocupada e de divertimento que, no entanto, pouco durou, como irás estudar.