O documento discute as tendências da moda de usar capacetes cor-de-rosa para motociclistas em Belo Horizonte. A cor está se tornando popular entre os homens e é vista como um símbolo de união e estilo pela categoria dos motoboys. Alguns criticam o uso da cor rosa por homens, mas a maioria vê isso como uma "bobeira" sem importância. O documento também descreve cenas do trânsito e vendedores ambulantes na Avenida Afonso Pena.

1. E STA D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 7 D E F E V E R E I R O D E 2 0 0 8
2 CLASSIFICADOSVEÍCULOS
ROLIMÃ FOTOS: DANIEL CAMARGOS/EM
CHIC NA MOTO
Uma das tendências da moda de in-
verno é peças em rosa forte, o pink.
No verão, o rosa está sempre presen-
te, pois a estação permite cores cha-
mativas. Na cabeça do desemprega-
do Tiago Jesus (foto ao lado), o rosa
de seu capacete “é chic e a mulhera-
da gosta”. Há três meses, ele trocou o
tradicional preto pelo modelo cor-
de-rosa e ajuda a espalhar o colorido
pelas ruas de Belo Horizonte.
RESERVA Em frente a tudo isso, dois
UNIÃO A categoria dos motoboys, homens ocupam a vaga de estaciona-
maior representante dos motociclis- mento com três cadeiras (fotos
tas nas ruas, é marcada pela união. acima). Também ficam cercando e
Basta um deles ir ao chão, ou colidir impedindo que outros veículos esta-
com um carro, para formar-se, em cionemnolocal,atéachegadadeuma
poucos minutos, um grupo ao lado Kombi picape, que é carregada com
do acidente. Fazem pressão sobre os móveis de escritório. Nesse intervalo,
policiais, agilizam o socorro e ten- Ernane Inácio Pereira e Adilson Oscar
tam, no grito, garantir o direito da ca- de oliveira chegam e param a moto
tegoria, muitas vezes malvista pelos gerou uma grande movimentação em frente ao espaço das cadeiras.
motoristas de veículos de quatro ro- no mercado de capacetes.
das, mas essencial para a dinâmica BOBEIRA Ernane usa o capacete cor-
ensandecida da cidade. UNISSEX O vendedor da loja Terra de-rosa (foto abaixo), mas diz que é
Motos, Laeisson Luiz Lima, diz que, da esposa. Enquanto explica, Adilson
ROSINHA A união dá força à moda, de cada 10 capacetes vendidos, cinco entrega o colega e diz que ele não pára
mas deixa brechas para gozações. O são cor-de-rosa. Não tem diferença de de usá-lo. Ambos afirmam não ter
guardador de motos Helbert Guerk preço entre uma cor e outra, e nem preconceito com a cor, mas que prefe-
diz que, se os capacetes cor-de-rosa de disponibilidade de outras cores, rem as mais sóbrias Já o pedreiro Ilton
continuarem sendo vendidos em tal tradicionalmente mais identificadas Moura (foto ao lado) diz que não se
escola, em breve ele terá que mudar com o sexo masculino. Laeisson con- sente bem usando o “capacete da mo-
de profissão. “Vou ser jardineiro para ta, inclusive, que o rosa surgiu com as da”, mas, depois ter a blusa cor-de-ro-
cuidar das rosinhas”, brinca, ressal- mulheres, mas que, atualmente, a sa apontada pelo repórter, reconhece:
tando que “não desfaz de ninguém”. maioria dos compradores é homem. “Esse tipo de preconceito é bobeira”.
Helbert trabalha na esquina da Rua
dos Tupis com Rua Rio de Janeiro, no ESQUISITO A comerciante Stela Ma-
Centro, e, quando precisa chamar res Machado (foto ao lado) tem o seu
por um motociclista adepto do rosa, cor-de-rosa há um mês e escolheu por
não hesita e grita: “ô rosinha”. acharbonitoe,éclaro,porestarnamo- sentado em um banquinho na calça-
da. Porém, se seu marido, que tenta da, repete de 30 em 30 segundos, co-
TROCA-TROCA No primeiro dia des- conseguirahabilitaçãoparamoto,op- mo um mantra: “celular: compro,
se ano, entrou em vigor uma resolu- tar por um igual, ela não vai gostar. vendo, troco, conserto e desblo-
ção do Conselho Nacional de Trânsi- “Achoesquisito,poisorosaémuitofe- queio”. Ao lado dele, outro oferece
to (Contran) que obrigou o uso dos minino”, explica. Já o irmão dela está papéis e grita “dentista”, em um rit-
selos do Inmetro e adesivos refleti- para comprar um. “Ele diz que está na mo que não tromba com a voz do ra-
vos nos capacetes. Mas, na semana moda e que todo mundo está usando, paz do celular. Já um aposentado fica
passada, o prazo foi adiado e o uso mas eu não aprovo”, firma a opinião. estático e mudo no meio da calçada,
dos adesivos somente será obrigató- com uma camisa amarela que anun-
rio a partir de junho. Mas valerá so- BARULHO Na Avenida Afonso Pena, cia compra e venda de ouro. No edi-
mente para os capacetes fabricados em frente ao Edifício Clemente de fício ao lado, um barulho de furadei-
depois de agosto do ano passado. De Faria, um rapaz com os óculos de ra, funcionando no hall em obras,
qualquer forma, a mudança na lei lentes multicoloridas e refletivas, completa a sinfonia urbana.
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