1) O artigo descreve a preparação de um Opala Chevrolet de 21 anos pilotado por Toninho da Matta para corridas no circuito do Mineirão em Belo Horizonte na década de 1960.
2) O carro teve seu motor, suspensão e carroceria modificados para reduzir peso e aumentar potência, incluindo a remoção de portas, vidros e forros.
3) As corridas no Mineirão eram populares e arriscadas, com o público perto da pista e curvas fechadas, e reuniram
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12 VEÍCULOS
MATÉRIA DE CAPA
Opala 21 de Toninho da Matta tinha uma excelente relação peso/potência e foi totalmente
modificado para se tornar o símbolo da era dourada do automobilismo da capital mineira
Anatomia
FOTOS: ARQUIVO EM
da feraDANIEL CAMARGOS CARROCERIA
“Depois liguei para o Wilsinho e para
Instigados a comentar suas lem- o Emerson (os irmãos Fittipaldi), na
branças das corridas no Mineirão, verdade mais para o Wilsinho. Voltei
nas décadas de 1960 e 1970, no Blog para São Paulo e fiquei 10 dias lá. Me-
do Boris (www.vrum.com.br/blogdo- xemos no carro todo. Tiramos as por-
boris), os internautas deixaram di- tas de chapa, os vidros e os forros e co-
versos comentários (leia alguns ao locamos outras de plástico. Ficou só a
lado), que quase sempre se referem casca. O capô e a tampa traseira pas-
ao Opala 21, o carro guiado por Toni- saram a ser de fibra de vidro.”
nho da Matta. O piloto estima que
na melhor fase, o peso do carro era SUSPENSÃO
900kg e a potência de quase 400cv. “Arrumei pneus Firestone Indie de
“Ali na Catalão (Avenida Carlos Luz) 12” na traseira e 10” na frente. Man- Além dos 500 quilômetros de BH, Toninho também venceu outras disputas no circuito do Mineirão e até fora da cidade com o Opala
que era terra de ninguém chegava a dei fazer as rodas. Tinha uma cami-
7.000rpm em quarta marcha, perto nhonete da Chevrolet com tração
dos 200km/h”, lembra Toninho, que positiva, não era a mesma coisa des-
detalha a preparação do carro. sas autoblocantes. Nós colocamos o
eixo dessa caminhonete na traseira. Estive lá e era realmente a
MOTOR As rodas ficavam um palmo e meio maior loucura. A galera do
“Era um Opala seis cilindros de três para fora da carroceria, por causa Eu participa das
marchas. Liguei para o Chico Landi e disso colocamos quatro amortece- volante fazia a curva do
levei o carro para São Paulo. Passei dores na traseira.” cotovelo e não podia errar, corridas. Tinha
uma semana lá com ele fazendo o
senão era poste ou meio-fio. de 10 para 11
motor. Virou um carro de rua com FIM anos e me recordo
motorzão. Eu vi que era uma droga de “Esse carro não existe mais. Fizeram Lembro-me também dos
guiar, mas o Chico era da velha guar- uma rifa com ele e foi mudando de loucos Jarjour (Martius Jarjou do Opala 21 do
da e achava que só o motor ganhava dono até acabar. Já fui procurado pa- Toninho, do Karman
corrida. Depois (já em Belo Horizonte) ra fazer uma réplica, pode ser uma Carneiro) capotando uma
coloquei mais três carburadores du- boa ideia. Foi um carro que fez histó- Alfeta e o Da Matta sempre à Ghia e do Gordini. A
plos e trocamos o câmbio para um de ria. Todos os boys da cidade anda- frente. O Kid Cabeleira em um coisa era tão simples
quatro marchas.” vam de Opala.” que não se tinha
monoposto com retrovisor de
FERNANDO ARMINIO/MUSEU VIRTUAL DA FMA/DIVULGAÇÃO um metro de altura. qualquer proteção
para o público.
■ RONALDO
Assisti a todas as corridas ■ RENATO LÚCIO
com meu marido, então FERNANDO ARMINIO/MUSEU VIRTUAL DA FMA/DIVULGAÇÃO
noivo à época, e realmente
eram o máximo! Pena que
alguns dos poçotos da época
não estejam mais conosco,
mas quem daquela época
não se lembra do Opala 21
da Motorauto.
■ LILI
Carros de rua modificados dividiam o grid e as curvas com exóticos protótipos
Emerson
Fittipaldi e
Boris Feldman
no Corcel
número 74
FERNANDO ARMINIO/MUSEU VIRTUAL DA FMA/DIVULGAÇÃO
OUTROS CARROS
Foram cerca de cinco provas no circuito do Mineirão. Antes, em 1949,
houve corridas de carreteras em volta da Lagoa da Pampulha e, em 1967,
uma corrida no Bairro Cidade Nova, recém-loteado. No circuito do
Mineirão, além de Toninho com o Opala, outros carros e pilotos
dividiam a atenção da torcida. Kid Cabeleira dirigiu dois protótipos e um
Simca GTX Esplanada número 82 (acima). Os protótipos eram feitos em
BH, como lembra Kid: “Fazíamos a gaiola de arame macio, passávamos
os moldes de madeira e depois soldávamos em um chassi encurtado de
Volkswagen”. Outros que se destacaram foram o Puma GT de Marcelo
Campos, o Corcel de Boris Feldman, o Fusca de Clóvis Banana, o Opala de
Ronaldo Augusto Ferreira e a Alfa de Martius Jarjour Carneiro.