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[Jean piaget] seis_estudos_de_psicologia(z-lib.org)
1.
DUASOBRASFUNDAMENTAIS PARAUMANOVAVISÃODAFILOSOFIA EDACIÊNCIACONTEMPORÂNEAS ESTUDOSDEHISTÓRIADO PENSAMENTOFILOSÓFICO e ESTUDOSDEHISTÓRIADO PENSAMENTOCIENTÍFICO AlexandreKoyré Nestasobras,editadasnoBrasilpelaEditoraFORENSEUNIVERSITÁRIA, oleitortomaráconhecimentodaspesquisasrealizadasporKoyrésobreahistória dosgrandessistemasdeconhecimentofilosóficoecientíficoeosseusefeitos sobrearevoluçãofilosóficaecientíficadonossotempo. NosEstudosdeHistóriadoPensamentoFilosófico,onotávelpensadorde origemrussa,naturalizadofrancês,aborda,comextremaoriginalidade,aspectos dopensamentodeumgrupodefilósofos,desdeZenãoeoseliatas,atéHegt.ea fenomenologiadeHusserleHeidegger,alcançandoosfundadoresdomoderno pensamentológico-matemático,comoRussel. Nocampodahistóriadaciência,Koyréreúne,comextraordinária profundidade,nosseusEstudosdeHistóriadoPensamentoCientífico,ensaios críticossobreasorigensdaciênciamoderna,apartirdostrabalhospioneirosde Copérnico,Newton,DescarteseGalileu,atéoadventodaeraatómicaeespacial, comEinsteineBohr. Koyrésustentaqueopensamentocientíficonãopodeserseparadodo filosófico,comoodemonstramseusestudosdefilosofiaehistóriadasciências, queaFORENSEUNIVERSITÁRIAcolocaaoalcancedopúblicobrasileiro. JEANPIAGET 24-EDIÇÃOREVISTA f§ 151,.4 P579s 04078758 FORENSE UVERSITÁRIA
2.
JEANPIAGET SEISESTUDOS DEPSICOLOGIA 24âEDIÇÃOREVISTAp5^9^Q} 0 PUCRS/BC 0-407.875-8 FORENSE UNIVERSITÁRIA PRESERVESUAFONTE
3.
24!edição-1999 ©Copyright EditionsGonthierS.A.Genève CIP-Brasil.Catalogação-na-fonte SindicatoNacionaldosEditoresdelivros,RJ Pó42sPiaget,Jean,1896-1950 24.ed.Seisestudosdepsicologia/JeanPiaget;traduçãoMariaAliceMagalhãesD'AmorimePaulo SérgioLimaSilva.-24.ed.-RiodeJaneiro:ForenseUniversitária,1999. Traduçãode:Sixétudesdepsychologie Contémdadosbiográficos Inchúbibliografia ISBN85-218-0246-3 1.Psicologiainfantil.2.Cogniçãonascrianças.I.Título. 99-1265.CDD155.4 CDU159.922.7 ProibidaareproduçãototaloupardaLbemcomoareproduçãodeapostilasapartirdestelivro,de qualquerformaouporqualquermeioeletrônicooumecânico,inclusiveatravésdeprocessosxerográficos,de fotocópiaedegravação,sempermissãoexpressadoEditor(Lein29.610,de19.02.98). i PUC"3 BlBL!0"ic/^^ ;ENTRAL DATA Reservadososdireitosdepropriedadedestaediçãopeta EDITORAFORENSEUNIVERSITÁRIA RiodeJaneiro:RuadoRosário,100-20041-002-Tels:509-3148/509-7395 SãoPaulo:LargodeSãoFrancisco,20-01005-010-Tels:3104-2005/3104-0396 e-mail:foruniv@unisys.com.brhttp://www.editoras.coni/forenseuniversitária ImpressonoBrasil PrintedtnBrazil BIOGRAFIADOAUTOR JeanPiagetnasceuemNeuchâtel(Suíça)em1896. Desdeos16anos,empreendecomsucessocertonúmerodeestudos sobreZoologia,mostrandoassimraraprecocidadecientífica. Aos21anos,obtémotítulodelicenciadoemCiênciasNaturaise,no anoseguinte,odedoutoremCiênciascomtesededicadaàdivisãodos moluscosnosAlpesvalesianos. Mas,logoozoologistadeveriacederseulugaraopsicólogoeepiste- mologistaderenomemundial. Sucessivamente,échefedetrabalhosnoInstitutoRousseauelivre-do- centenaFaculdadedeCiências,daUniversidadedeGenebra,professorde PsicologiaeFilosofiadasCiênciasnaUniversidadedeNeuchâtel,dePsico- logiaGenéticanaUniversidadedeLausanne,deSociologiaePsicologia ExperimentalnaUniversidadedeGenebra,sendofinalmentenomeadopro- fessortitulardePsicologiaGenéticadaSorbonne,em1952. Atualmente,co-diretordoInstitutodasCiênciasdaEducaçãoem Genebra,aomesmotempoqueprofessordePsicologiaExperimentalna FaculdadedeCiências,JeanPiagetéuminovador.Dedicousuaspesquisas, deumaoriginalidadeerigorexcepcionais,àdescobertasistemáticada evoluçãomentaldacriança,assimcomoaosproblemasepistemológicos. Suanumerosaobra,traduzidaemváriaslínguas,pode-sedizer,jáé clássicanaliteraturapsicológica. Éofundador,emGenebra,doCentrodeEpistemologiaGenética,que reúnepesquisadoresdetodosospaísesdaEuropaedoMundo.
4.
PREFÁCIO AspesquisaspsicológicasdeJeanPiagetgozamderenomemundial. Iniciadashácercadequarentaanos,nãovisamapenasconliecermelhora criançaeaperfeiçoarosmétodospedagógicosoueducativos,mas,antes, compreenderohomem. AideiamestradePiagetconsiste,comefeito,nófatodepermanecer indispensávelcompreenderaformaçãodosmecanismosmentaisnacriançapara todosaquelesquedesejarementendersuanaturezaeseufuncionamentonoadulto. Quersetrate,noplanodainteligência,dasoperaçõeslógicas,dasnoçõesde número,deespaçooudetempo,ou,noplanodapercepção,dasconstantes perceptivas,dasilusõesgeométricas,aúnicainterpretaçãopsicológicaquepossa serdadaéagenética,queserelacionacomaanálisedeseudesenvolvimento. Nolimite,emboraesforçando-seporpermanecernoterrenodaciên- ciapositivaeexperimental,oquetentaapsicologiadePiageté,naverdade, umaepistemologia. Asomadeexperiênciasacumuladaspelosábioeseuscolaboradores, noentanto,bemcomosuadescriçãoesuainterpretaçãonasinúmerasobras especializadassão,emprimeirolugar,difíceis.Suacomplexidade,sua tecnicidade,aimportânciadosseusdiversosdesenvolvimentos,osconheci- mentosdeordemmatemática,biológica,físicaquesupõem,tornam-nas, quasesempre,poucoacessíveisaograndepúblico. Estafoiarazãoporquejulgamosútilreunirosdiversosartigose conferênciasqueconstituemopresentevolume.Emumaprimeiraparte, apresentamoessencialdasdescobertasdePiagetnodomíniodapsicologia dacriança.Emumasegundaparte,relacionam-secomcertosproblemas centrais-comoosdopensamento,dalinguagem,daafetividade-segundo umaduplaperspectivagenéticaeestruturalista. Naformaemqueospublicamos,estesSeisEstudosdePsicologia traçamumasínteseprecisadaobradePiaget,daqualsãoamelhoreamais rigorosadasintroduções. OEditor.
5.
ÍNDICE PRIMEIRAPARTE 1-Odesenvolvimentomentaldacriança13 I-Orecém-nascidoeolactente17 II-Aprimeirainfância:dedoisaseteanos*...24 III-Ainfânciadeseteadozeanos40 IV-Aadolescência57 SEGUNDAPARTE 2-Opensamentodacriança69 3-Alinguagemeopensamentodopontodevistagenético77 4-Opapeldanoçãodeequilíbrionaexplicaçãopsicológica87 5-Problemasdepsicologiagenética99 6-Géneseeestruturanapsicologiadainteligência121 Referências133 Bibliografia135
6.
PRIMEIRAPARTE
7.
1 ODESENVOLVIMENTO MENTALDACRIANÇA Odesenyj)lvjmavtopsjquico.jue_começaquandonascemosetermina naidadeadulta,.écomparávelaocrescimentoorgânico:comoeste,orienta- se,essencialmente,paraoequilíbrio.Damesmamaneiraqueumcorpoestá emevoluçãoatéatingirumnívelrelativamenteestável-caracterizadopela conclusãodocrescimentoepelamaturidadedosórgãos-,tambémavida mentalpodeserconcebidacomoevoluindonadireçãodeumaformade equilíbriofinal,repj^senjtaJajKdoespíritoadulto.Odesenvolvimento,por- tanto,éumaequilibraçãoprogressiva,umapassagemcontínuadeumestado demenorequilíbrioparaumestadodeequilíbriosuperior.Assim,doponto devistadainteligência,éfácilseoporainstabilidadeeincoerênciarelativas dasideiasinfantisàsistematizaçãoderaciocíniodoadulto.Nocampoda vidaafetiva,notou-se,muitasvezes,quantooequilíbriodossentimentos aumentacomaidade.E,finalmente,tambémasrelaçõessociaisobedecem àmesmaleideestabilizaçãogradual. Noentanto,respeitandoodinamismoinerenteàrealidadeespiritual, deveserressaltadaumadiferençaessencialentreavidadocorpoeado espírito.Aformafinaldeequilíbrioatingidapelocrescimentoorgânicoé maisestáticaqueaquelaparaaqualtendeodesenvolvimentodamente,e sobretudomaisinstável,detalmodoque,concluídaaevoluçãoascendente, começa,logoemseguida,automaticamenteumaevoluçãoregressivaque conduz-àvelhice.Certasfunçõespsíquicasquedependem,intimamente,do estadodosórgãos,seguemumacurvaanáloga.Aacuidadevisual,por 13
8.
exemplo,atingeummáximonofimdainfância,diminuindoemseguida; muitascomparaçõesperceptivassãotambémregidasporestamesmalei.Ao contrário,asfunçõessuperioresdainteligênciaedaafetividadetendemaum "equilíbriomóvel",istoé,quantomaisestáveis,majs_hayerámobilidade, pois,nasjdmassadias^afiirtdoxrescimentonãodeterminadomadoalgum ocomeçodadecadência,mas,sim,autorizaumprogressoespiritualquenada possuidecontraditóriocomoequilíbriointerior. É,portanto,emtermosdeequilíbrioquevamosdescreveraevolu- çãodacriançaedoadolescente.Destepontodevista,odesenvolvimento mentaléumaconstruçãocontínua,comparávelàedificaçãodeumgrande prédioque,jj^edjidajme,3eacrescentaalgo,ficarámaissólido^ouà mõntagenTdeummecanismodelicado,cujasfasesgradativasdeajusta- mentoconduziriamaumaflexibilidadeeumamobilidadedaspeçastanto maioresquantomaisestávelsetornasseoequilíbrio.Mas,épreciso introduzirumaimportantediferençaentredoisaspectoscomplementares desteprocessodeequilibração.Devem-seopor,desdelogo,asestruturas variáveis-definindoasformasouestadossucessivosdeequilíbrio—a umcertofuncionamentoconstantequeasseguraapassagemdequalquer estadoparaonívelseguinte. Comparando-seacriançaaoadulto,oraseésurpreendidopelaidenti- dadedereações-fala-seentãodeuma"pequenapersonalidade"para designaracriançaquesabebemoquequereage,comonós,emfunçãode uminteressedefinido-orasedescobreummundodediferenças-nas brincadeiras,porexemplo,ounomododeraciocinar,dizendo-seentãoque "acriançanãoéumpequenoadulto".Asduasimpressõessãoverdadeiras. Dopontodevistafuncional,istoé,considerandoasmotivaçõesgeraisda condutaedopensamento,existemfunçõesconstantesecomunsatodasas idades.Emtodososníveis,aaçãosupõesempreuminteressequeadesen- cadeia,podendo-setratardeumanecessidadefisiológica,afetivaouintelec- tual(anecessidadeaprescnta-senesteúltimocasosobaformadeuma perguntaoudeumproblema)._gptnHr.spSníveis^^-iateligênciaprocura ^nmprrpnrirr,fvpiir;)rpig;sóqueseasfunçõesdointeresse,daexplicação etc.sãocomunsatodososestágios,istoé,"invariáveis"comofunções,não émenosverdade-que"osinteresses"(emoposiçãoao"interesse")variam, consideravelmente,deumnívelmentalaoutro,equeasexplicaçõesparti- culares(emoposiçãoàfunçãodeexplicar)assumemformasmuitodiferentes deacordocomograudedesenvolvimentointelectual.Aoladodasfunções -constantes,éprecisodistinguirasestruturasvariáveis,eéprecisamentea análisedessasestruturasprogressivasouformassucessivasdeequilíbrioque 14 marcaasdiferençasouoposiçõesdeumníveldacondutaparaoutro,desde oscomportamentoselementaresdolactenteatéàadolescência. Asestruturasvariáveisserão,então,asformasdeorganizaçãoda. atividademrnta^sobumduploaspecto:motorouintelectual,deumaparte, eafetivo,deoutra,comsuasduasdimensõesindividualesocial(interindi- vidual).Distinguiremos,paramaiorclareza,seisestágiosouperíodosdo desenvolvimento,quemarcamoaparecimentodessasestruturassucessiva- menteconstruídas^lajOestágiodosreflexos,oumecanismoshereditários, assimcomotambémdasprimeirastendênciasinstintivas(nutrições)e dasprimeirasemoções.2a)Oestágiodosprimeiroshábitosmotoresedas primeiraspercepçõesorganizadas,comotambémdosprimeirossentimentos diferenciados.3°;Oestágiodainteligênciasenso-motoraouprática(anterior àlinguagem),dasregulaçõesafetivaselementaresedasprimeirasfixações exterioresdaafetividade.Estestrêsprimeirosestágiosconstituemoperíodo dalactância(atéporvoltadeumanoemeioadoisanos,istoé,anteriorao desenvolvimentodalinguagemedopensamento),4o.Oestágiodainteligên- ciaintuitiva,dossentimentosinterindividuaisespontâneosedasrelações sociaisdesubmissãoaoadulto(dedoisaseteanos,ousegundaparteda "primeirainfância")(5a/Oestágiodasoperaçõesintelectuaisconcretas (começodalógica)edossentimentosmoraisesociaisdecooperação(desete aonze-dozeanos).6oOestágiodasoperaçõesintelectuaisabstratas,da formaçãodapersonalidadeedainserçãoafetivaeintelectualnasociedade dosadultos(adolescência). Caâaestágioérarartpri7adopelaapariçãodeestruturasoriflinajs,cuja construçãoodistinguedosestágiosanteriores.Oessencialdessasconstru- çõessucessivaspermanecenodecorrerdosestágiosulteriores,comosubes- truturas,sobreasquaisseedificamasnovascaracterísticas.Segue-seque, noadulto,cadaumdosestágiospassadoscorrespondeaumnívelmaisou menoselementarouelevadodahierarquiadascondutas.Masacadaestágio correspondemtambémcaracterísticasmomentâneasesecundárias,quesão modificadaspelodesenvolvimentoulterior,emfunçãodanecessidadede melhororganização.Cadaestágioconstituientão,pelasestruturasqueo definem,umaforniaparticulardeequilíbrio,efetiiahdo-seaevõluçãómental nosentidodcuniaequilibraçãosempremaiscompleta. Podemosagoracompreenderóquesãoosmecanismosfuncionais comunsatodososestágios.Pode-sedizerdemaneirageral(nãocomparando somentecadaestágioaoseguinte,mascadaconduta,nointeriordequalquer estágio,àcondutaseguinte)quetodaação-istoé.todoiuovimento1pensa— mentoousentimento-correspondeaumanecessidade.Acriança,comoo 15
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adulto,sóexecuta^algumaaçãoexterioroumesmointeiramenteinterior quandoimpulsionadaporummotivoeestesetraduzsempresobaformade umanecessidade(umanecessidadeelementarouuminteresse,umapergunta ^tejjOra,comojábemmostrouClaparède.jmancccssidadeésemprea maiwieste^dejiindesequilíbrio.Elaexistequandoqualquercoisa,forade nósouemnós(nonossoorganismofísicooumental)semodificou,tratan- do-se,então,deumreajustamentodacondutaemfunçãodestamudança.jíar exemplo,afnmpnnafaHigaprnvnrarftr»aprnrnradoaljinentOOUdorepouso. Oencontrodoobjetoexteriordesencadearáanecessidadedemanipulá-lo; suautilizaçãoparafinspráticossuscitaráumaperguntaouumproblema teórico.Umapalavradealguémexcitaráanecessidadedeimitar,desimpa- tizaroulevaráareservaeoposiçãoquandoentraemconflitocomasnossas tendências.Inversamente,aaçãosefindadesdequehajasatisfaçãodas necessidades,istoé,logoqueoequilíbrio-entreofatonovo,quedesenca- deouanecessidade,eanossaorganizaçãomental,talcomoseapresentava anteriormente-érestabelecido. Comeroudormir,brincarouconseguirsuasfinalidades,respondera perguntasouresolverproblemas,serbem-sucedidonaimitação,estabelecer umlaçoafetivo,sustentarseupontodevista,sãooutrassatisfaçõesque,nos exemplosprecedentes,darãofimàcondutaespecíficasuscitadapelaneces- sidade.Acadainstante,pode-sedizer,aaçãoédesequilibradapelastrans- formaçõesqueaparecemnomundo,exteriorouinterior,ecadanovaconduta vaifuncionarnãosópararestabeleceroequilíbrio,comotambémparatender aumequilíbriomaisestávelqueodoestágioanterioraestaperturbação. Aaçãohumanaconsiste_nestemovimentocontínuoeperpétuode j^ajustamiejUojni^^Eporjstõque,nasfasesdeconsjnicãp inicial,sepodeconsiderarasestrutujaS-inentais-sucessivayTiue-produzemo desenvolvimentocomoformasdeequilíbrio,ondecadaumaco^mum. progressosobreas^ecedente.s-.Maslãmbéméprecisocompreenderqueeste mecanismofuncional,pormaisgeralqueseja,nãoexplicaoconteúdooua estruturadasdiferentesnecessidades,poiscadaumadentreelasérelativaà organizaçãodonívelconsiderado.Porexemplo,avisãodeummesmoobjeto suscitarádiferentesperguntasemumacriançaaindaincapazdeclassificação eemumamaior,cujasideiassãomaisamplasemaissistemáticas.Os interessesdeumacriançadependem,portanto,acadamomentodoconjunto desuasnoçõesadquiridasedesuasdisposiçõesafetivas,jáqueestastendem acompletá-losemsentidodemelhorequilíbrio. Antesdeexaminarmosodesenvolvimentoemdetalhes,devemos precisaraformageraldasnecessidadeseinteressescomunsatodasasidades. 16 Pode-sedizerquetodanecessidadetende:Ia.aincorporarascoisasepessoas àatividadeprópriadosujeito,istoé,"assinalar"omundoexterioràsestru- turasjáconstruídas,e2a.areajustarestasúltimasemfunçãodastransforma- çõesocorridas,ouseja,"acomodá-las"aosobjetosexternos.Nessepontode vista,todavidamentaleorgânicatendeaassimilarprogressivamenteomeio ambiente,realizandoestaincorporaçãograçasàsestruturasouórgãospsí- quicos,cujoraiodeaçãosetornacadavezmaisamplo.Apercepçãoe movimentoselementares(preensãoetc.)referem-se,primeiramente,aos objetospróximosnosseusestadosmomentâneos,jáqueamemóriaea inteligênciapráticapermitem,aomesmotempo,reconstituiroestadoime- diatamenteanterioreanteciparastransformaçõespróximas.Opensamento intuitivoreforça,emseguida,estasduascapacidades.Estaevoluçãoculmina comainteligêncialógica,sobaformadeoperaçõesconcretasefinalmente dededuçãoabstrata,tornandoosujeitosenhordosacontecimentosmais longínquosnoespaçoenotempo.Emcadaumdessesníveis,oespírito desempenhaamesmafunção,istoé,incorporarouniversoasipróprio;a estruturadeassimilação,noentanto,vaivariardesdeasformasdeincorpo- raçãosucessivasdapercepçãoedomovimentoatéàsoperaçõessuperiores. Ora,assimilandoassimosobjetos,aaçãoeopensamentosãocompe- lidosaseacomodaremaestes,istoé,asereajustaremporocasiãodecada variaçãoexterior.Pode-sechamar"adaptação"aoequilíbriodestasassimi- laçõeseacomodações.Estaéaformageraldeequilíbriopsíquico.O desenvolvimentomentalaparecerá,então,emsuaorganizaçãoprogressiva comoumaadaptaçãosempremaisprecisaàrealidade.Sãoasetapasdesta adaptaçãoquevamosagoraestudarconcretamente. I.ORECÉM-NASCIDOEOLACTENTE Operíodoquevaidonascimentoatéaaquisiçãodalinguagemé marcadoporextraordináriodesenvolvimentorn^n^--K44Mt«vezesmalse suspeitoudaimportânciadesseperíodo;eistoporqueelenãoéacompanhado depalavrasquepermitamseguir,passoapasso,oprogressodainteligência edossentimentos,comomaistarde.Mas,naverdade,^tWUivpparatp^p omrsn<Jaevoluçãopsíquica:representaaconquista,atravésdapercepção e^jojsmovimentos,detodoouniversopráticoquecercaajerianca.Ora,esta "assimilaçãol5ensÕ:rrlOT0r^exteriorimediatorealiza,emdezoito mesesoudoisanos,todaumarevoluçãocopérnicaemminiatura.Enquanto que,nopontodepartidadestedesenvolvimento,orecém-nascidotraztudo parasiou,maisprecisamente,paraoseucorpo,nofinal,istoé,quando começamalinguagemeopensamento;ciesecoloca,praticamente,como 17
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umelementoouumcorpoentreosoutros,emumuniversoqueconstruiu poucoapouco,equesentedepoiscomoexteriorasipróprio. Vamosdescreverpassoapassoasetapasdestarevoluçãocopérnica, sobduploaspecto:odainteligênciaeodavidaafetivaemformação.No primeirodestesdoispontosdevistapodem-se;comojávimosatrás,distin- guirtrêsestágiosentreonascimentoeofimdesteperíodo:odosreflexos,o daorganizaçãodaspercepçõesehábitoseodainteligênciasenso-motora propriamentedita. Norecém-nascido,avidamentalsereduzaoexerçíçiajdfaparelhos reflexos,istoé,àscoordenaçõessensoriaisemotorasde„fujndg_he£editária, quecorrespondematend^nclaTInstintivas,comoanutrição.Aesserespeito noslimitamosaobservarqueestesreflexos,enquantoestãoligadosàs condutasquedesempenharãoumpapelnodesenvolvimentopsíquicoulte- rior,nãotêmnadadestapassividademecânicaqueselhesatribui,mas manifestamdesdeocomeçoumaatividadeverdadeiraqueatesta,precisa- mente,aexistênciadeumaassimilaçãosenso-motoraprecoce.Desdeo início,osreflexosdasucçãomelhoramcomoexercício:umrecém-nascido mamamelhordepoisdeumaouduassemanasquenosprimeirosdias.Em seguida,essesreflexosconduzemadiscriminaçõesoureconhecimentos práticosfáceisdeseremnotados.Enfim,elesdãolugar,sobretudo,auma espéciedegeneralizaçãodaatividade:olactentenãosecontenta_de_sugar quandomama,sugandotambémnovazio,seus"3edos(quandoosencontra) equalquerobjetoapresentadofortuitamente.Coordenaosmovimentosdós braçoscomasucção,atélevar,sistematicamente-àsvezesdesdeosegundo mês-,seupolegaràboca.Emsuma,assimilaumapartedeseuuniversoà sucção,apontoquesepoderiaexprimirseucomportamentoinicial,dizen- do-seque,paraele,omundoéessencialmenteumarealidadeasugar.É verdadeque,rapidamente,omesmouniversosetornarátambémumareali- dadeparaseolhar,Ouvire,logoqueosmovimentospróprioslhepermitam, paramanipular. Masestesdiversosexercícios,reflexosquesãooprenúnciodaassimi- laçãomental,vãorapidamentesetornarmaiscomplexosporintegraçãonos hábitosepercepçõesorganizados,constituindoopontodepartidadenovas condutas,adquiridascomajudadaexperiência.Asucção^^tgjaáticajlo polegarpertencejáaesjesegundoestágio,assimccoriojajnbém^^geilxisjle _viraracabeçanadireçãodeumruídoToudjsiguirumobjetoemmovimento _£íç^Dopontodevistaperceptivo,constatamosque,logoqueacriança começaasorrir(quintasemanaemdiante),reconhececertaspessoasem oposiçãoaoutrasetc.(masguardemo-nosdelheatribuir,poristo,anoção 18 depessoaoumesmodeobjeto:sãoapariçõessensíveiseanimadasqueela reconhece,nessafase,oquenãoprovanadaquantoàsuasubstancialidade, nemquantoàdissociaçãodoeuedouniversoexterior).Entretrêseseisi meses(comumenteporvoltadequatromesesemeio),olactentecomeçaa* pegaroquevê,eestacapacidadedepreensão,depoisdemanipulação, aumentaseupoderdeformarhábitosnovos. Osconjuntosmotores(hábitos)novoseosconjuntosperceptivos,no início,formamapenasumsistema;aesserespeito,pode-sefalarde"esque- massenso-motores".jMascomoseconstroemestesconjuntos?Umciclo reflexoésempre,nopontodepartida,maisumciclocujoexercício,emlugar deserepetir,incorporanovoselementos,constituindocomelestotalidades organizadasmaisamplas,pordiferenciaçõesprogressivas.Aseguir,basta queosmovimentosdolactente,quaisquerquesejam,atinjamumresultado interessante-interessanteporqueosmovimentossãoassimiláveisaum esquemaanterior-paraqueosujeitoreproduzalogoessesnovosmovimen- tos.Esta"reaçãocircular",comoachamaram,desempenhapapelessencial nodesenvolvimentosenso-motorerepresentaformamaisevoluídadeassi- milação. Mas,vamosaoterceiroestágio,queémaisimportanteaindaparao cursododesenvolvimento:odainteligênciapráticaousenso-motora._A_ inteligênciaaparece,comefeito,bemantesdalinguagem,istoé,bemantes dopensamentointeriorquesupõeoempregodesignosverbais(dalinguagem interiorizada).MasJéumainteligênciatotalmenteprática,queserefereà ^manipulaçãodosobjetosequesóutiliza,emlugardepalavraseconceitos, percepçõesemovimentosj|jrganizadosem"esquemasdeação".Pegaruma vareta,parapuxarumobjetodistante,éassimumatodeinteligência(e mesmobastantetardio:porvoltadedezoitomeses).Nesteato,ummeio,que éumverdadeiroinstrumento,écoordenadoaumobjetivoprevisto;no exemplodavareta,éprecisocompreender,antecipadamente,arelaçãoentre elaeoobjetivo,paradescobri-lacomomeio.Umatodeinteligênciamais precoceconsistiráemaproximaroobjetivo,puxandoacoberturaouosuporte sobreoqualestácolocado(porvoltadofimdoprimeiroano).Váriosoutros exemplospoderiamsercitados. Investiguemoscomoseconstroemestesatosdeinteligência.Pode-se falardedoistiposdefatores.Primeiramente,ascondutasprecedentesse multiplicamesediferenciamcadavezmais,atéalcançarumamaleabilidade suficientepararegistrarosresultadosdaexperiência.Éassimquenas "reaçõescirculares"obebénãosecontentamaisapenasemreproduziros movimentosegestosqueconduziramaumefeitointeressante,masosvaria 19
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intcncionahncntejaraestudarosresujtadosdestasvariações,entregando-se averdadeirasexploraçõesou"experiênciasparaver".Todospuderam observar,porexemplo,ocomportamentodecriançasdedozemeses, aproximadamente,queconsistiaemjogarobjetosnochão,emumaou outradireção,paraanalisarquedasetrajetórias.Deoutrolado,os"esque- mas"deação,construídosdesdeoníveldoestágioprecedenteemultipli- cadosgraçasaessasnovascondutasexperimentais,tornam-sesuscetíveis desecoordenarementresi,porassimilaçãorecíproca,talcomofarãomais tardeasnoçõesouconceitosdopensamento.Comefeito,umaaçãoapta aserrepetidaegeneralizadaparasituaçõesnovasécomparávelauma espéciedeconceitosenso-motor.Éassimque,empresençadeumnovo 'objeto,ver-se-áobebéincorporá-losucessivamenteacadaumdeseus esquemasdeação(agitar,esfregaroubalançaroobjeto),comosese tratassedecompreendê-loatravésdouso|Sabe-seque,porvoltadecinco aseisanos,ascriançasaindadefinemosconceitoscomeçandopelas palavras"épara":umamesa"éparaescreveremcima"etc.Há,então,aí uinaassimilaçãosenso-motoracomparávelàquelaqueserámaistardea assimilaçãodarealidadepormeiodasnoçõesedopensamento.Enatural, portanto,queestesdiversosesquemasdeaçãoseassimilementresi,isto é,secoordenemdemaneiraqueunsdeterminemfimàaçãototal,enquan- tooutroslhesirvamdemeios.Eéporestacoordenação,comparávelàdo estágioprecedente,maismóveleflexível,quecomeçaainteligência práticapropriamentedita. Afinalidadedestedesenvolvimentointelectualé,comojádissemos acima,transformararepresentaçãodascoisas,apontodeinvertercomple- tamenteaposiçãoinicialdosujeitoemrelaçãoaelas.Nopontodepartida daevoluçãomental,nãoexiste,certamente,nenhumadiferenciaçãoentreo eueomundoexterior,istoé,asimpressõesvividasepercebidasnãosão relacionadasnemàconsciênciapessoalsentidacomoum"eu",nemaobjetos concebidoscomoexteriores.Sãosimplesmentedadosemumblocoindisso- ciado,oucomoqueexpostossobreummesmoplano,quenãoéneminterno nemexterno,masmeiocaminhoentreessesdoispólos.Estessóseoporão umaooutropoucoapouco.Ora,porcausadestaindissociaçãoprimitiva, tudoqueépercebidoécentralizadosobreaprópriaatividade.Oeu,noinício, estánocentrodarealidade,porqueéinconscientedesimesmo,eàmedida queseconstróicomoumarealidadeinternaousubjetivaomundoexterior vai-seobjetivando.Emoutraspalavras,aconsciênciacomeçaporumego- centrismoinconscienteeintegral,atéqueosprogressosdainteligência senso-motoralevemàconstruçãodeumuniversoobjetivo,ondeopróprio 20 corpoaparececomoumelementoentreosoutros,eaoqualseopõeavida interior,localizadanestecorpo. Quatroprocessosfundamentaiscaracterizamestarevoluçãointelec- tualrealizadaduranteosdoisprimeirosanosdeexistência:sãoasconstru- çõesdecategoriasdoobjetoedoespaço,dacausalidadeedotempo,todas quatronaturalmenteatítulodecategoriaspráticasoudeaçãopuraenãoainda comonoçõesdopensamento. Oesquemapráticodoobjetoéapermanênciasubstancialatri- buídaaosquadrossensoriais.E,portanto,acrençasegundoaqualuma figurapercebidacorrespondea"qualquercoisa"quecontinuaaexistir, mesmoquandonãoapercebemosmais.Ora,éfácilmostrarque, ^duranteosprimeirosmeses,qlactentenãopercebeobjetospropria- menteditos..Reconhececertosquadrossensoriaisfajnjliajes^jnaso fatodereconhecê-losquandopresentesnãoequivale,deformaneunu- ma—asj^uá-losemqualquerparte£uárido_estão_foradocampopercep- tivo.Reconheceemparticularaspessoasesabeque,gritando,fará retornarsuamãe,logoqueeladesaparece.Masistonãoprovaqueele lheatribuiumcorpoexistentenoespaço,quandonãoavêmais.De fatoolactente,quandocomeçaapegaroquevê,nãoapresenta,de início,nenhumcomportamentonosentidodebuscarosobjetosdese- jadosqueestãocobertoscomumlenço,emboraeletenhaseguidocom osolhostudooquefoifeito.Emseguida,procuraráoobjetoescondi- do,massemsedarcontadosdeslocamentossucessivos,comosecada objetoestivesseligadoaumasituaçãodeconjuntoenãoconstituísse ummotivoindependente.Sóporvoltadofimdoprimeiroanoéque osobjetossãoprocuradosdepoisquesaemdocampodapercepção,e ésobestecritérioquesepodereconhecerumcomeçodeexterioriza- çãodomundomaterial.Resumindo,aausênciainicialdeobjetos substanciais,depoisaconstruçãodeobjetossólidosepermanentes,é umprimeiroexemplodestapassagemdoegocentrismointegralprimi- tivoparaaelaboraçãofinaldeumuniversoexterior. Aevoluçãodoespaçopráticoéinteiramentesolidáriacomaconstru- çãodosobjetos.Nocomeçohátantosespaços,nãocoordenadosentresi, quantodomíniossensoriais(espaçobucal,visual,tátiletc.)ecadaumdeles estácentralizadosobremovimentoseatividadespróprias.Oespaçovisual, emesnecial,nãotemnocomeçoasmesmasprofundidadesqueconstruirá emseguida.Nofimdosegundoano,aocontrário,estáconcluídoumespaço geralquecompreendetodososoutros,caracterizandoasrelaçõesdosobjetos entresieoscontendonasuatotalidade,inclusiveoprópriocorpo.Ora,a 21
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elaboraçãodoespaçoédevidaessencialmenteàcoordenaçãodemovimen- tos,sentindo-scaquiaestreitarelaçãoqueuneestedesenvolvimentoaoda inteligênciasenso-motora. Acausalidadeé,primeiramente,ligadaàatividadeemseuegocentris- mo:éaligaçãoqueficamuitotempofortuitaparaosujeito,entreum resultadoempíricoeumaaçãoqualquerqueoatraiu. Éassimque,puxandooscordõesquependemdoaltodeseuberço,o lactentedescobreaagitaçãodetodososbrinquedossuspensosnacobertura, unindoentãocausalisticamenteopuxaroscordõeseoefeitogeraldesta agitação.Eleseservirálogodesteesquemacausalparaagiràdistânciasobre qualquercoisa:elepuxaráocordãoparacontinuarumbalançoqueobserva adoismetrosdeseuberço,parafazerdurarumassovioouvidodofundode seuquartoetc.Estaespéciedecausalidademágicaou"mágico-fenomenista" mostraoegocentrismocausalprimitivo.Nocursodosegundoano,ao contrário,acriançareconheceasrelaçõesdecausalidadedosobjetosentre si,objetivandoeespacializando,destemodo,ascausas. Aobjetivaçãodassériestemporaiséparalelaàcausalidade.Emsuma, emtodososdomíniosencontramosestaespéciederevoluçãocopérnica.Esta permiteàinteligênciasenso-motorasairdoseuegocentrismoinconsciente radicalparasesituaremum"universo",nãoimportandoquãopráticoepouco "reflexivo"esteseja. Aevoluçãodaafetividadeduranteosdoisprimeirosanosdálugara umquadroque,noconjunto,corresponde,exatamente,àqueleestabelecido atravésdoestudodasfunçõesmotorasecognitivas.Existe,comefeito, umparaleloconstanteentreavidaafetivaeaintelectual.Demosaíapenasum exemplo,masveremosqueesseparalelismoseseguiránocursodetodoo desenvolvimentodainfânciaeadolescência.Talconstataçãosósurpreende quandosereparte,deacordocomosensocomum,avidadoespíritoemdois compartimentosestanques:odossentimentoseodopensamento.Mas,nada émaisfalsoesuperficial.Narealidade,oelementoqueéprecisosempre focalizar,naanálisedavidamental,éa"conduta"propriamentedita,conce- bida-comoprocuramosexporrapidamentenanossaintrodução—comoum restabelecimentooufortalecimentodoequilíbrio.Ora,todacondutasupõe instrumentosouumatécnica:sãoosmovimentoseainteligência.Mas,toda condutaimplicatambémmodificaçõesevaloresfinais(ovalordosfins):são ossentimentos.Afetividadeeinteligênciasão,assim,indissociáveisecons- tituemosdoisaspectoscomplementaresdetodacondutahumana. Sendoassim,éclaroqueaoprimeiroestágiodetécnicasreflexas corresponderãoosimpulsosinstintivoselementares,ligadosàalimentação, 22 assimcomoestasespéciesdereflexosafetivosquesãoasemoçõesprimárias. Mostrou-se,comefeito,recentemente,aproximidadedasemoçõescomo sistemafisiológicodasatitudesouposturas;osprimeirosmedos,porexem- plo,podemestarligadosàperdadeequilíbrioouabruscoscontrastesentre umacontecimentofortuitoeaatitudeanterior. Aosegundoestágio(percepçõesehábitos),assimcomoaocomeçoda inteligênciasenso-motora,correspondeumasériedesentimentoselementa- resouafetosperceptivosligadosàsmodalidadesdaatividadeprópria:o agradáveleodesagradável,oprazereadoretc.,assimcomoosprimeiros sentimentosdesucessoefracasso.Namedidaemqueestesestadosafetivos dependemdaprópriaaçãoenãoaindadaconsciênciadasrelaçõesmantidas comasoutraspessoas,esteníveldaafetividadetestemunhaumaespéciede egocentrismogeral,edáailusão,seatribuímosfalsamenteaobebéuma consciênciadeseueu,deumaespéciedeamorasipróprioedeumaatividade desseeu.Defato,olactentecomeçaporseinteressaressencialmenteporseu corpo,seusmovimentosepelosresultadosdestasações.Ospsicanalistas chamaramde"narcisismo"aesteestágioelementardaafetividade,masé precisocompreenderqueéumnarcisismosemNarciso,istoé,sema consciênciapessoalpropriamentedita.j£ Aocontrário,como^esenyolvimentodainteligênciaecomaconse- quenteelaboraçãodeumuniversoexterior,eprincipalmentecomaconstru- çãodoesquemado"objeto",apareceumterceironíveldeafetividade:este écaracterizado,retomandoovocabuláriodapsicanálise,pela"escolhado objeto",istoé,pelaobjetivaçãodossentimentosepelasuaprojeçãosobre outrasatividadesquenãoapenasadoeuJNote-sequecomoprogressodas condutasinteligentes,ossentimentosligadosàprópriaatividadesediferen- ciamesemultiplicam:alegriasetristezasligadasaosucessoeaofracasso dosatosintencionais,esforçoseinteressesoufadigasedesinteressesetc. Masestesestadosafetivospermanecemmuitotempoligadosapenas,como osafetosperceptivos,àsaçõesdosujeito,semdelimitaçãoprecisaentre aquiloquelhepertenceespecificamenteeaquiloquepodeseratribuídoao mundoexterior,istoé,aoutrasfontespossíveisdeatividadesedecausali- dade.Poroutrolado,quandodoquadroglobaleindiferenciadodasaçõese percepçõesprimitivas,destacam-se,cadavezmaisnítidos,os"objetos" concebidoscomoexterioresaoeueindependentesdele,asituaçãose transformacompletamente.Deumaparte,encontramosaestreitacorrelação comaconstruçãodoobjeto,aconsciênciado"eu"começandoaseafirmar comopólointeriordarealidade,emoposiçãoaopóloexternoobjetivo;mas, deoutraparte,osobjetosconcebidos,emanalogiaaesse"eu",comoativos, 23
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vivoseconscientes.Eistoacontece,emespecial,comessesobjetos, excepcionalmenteimprevistoseinteressantes,quesãoaspessoas.Os sentimentoselementaresdealegriaetristeza,desucessosefracassosetc. serãoentãoexperimentadosemfunçãodestaobjetivaçãodascoisasedas pessoas,originando-sedaíossentimentosinterindividuais.A"escolha (afetiva)doobjeto",queapsicanáliseopõeaonarcisismo,correspondeà construçãointelectualdoobjeto,assimcomoonarcisismocorrespondia àindiferenciaçãoentreomundoexterioreoeu.Esta"escolhadoobjeto" refere-se,primeiramente,àpessoadamãe,depois(emnegativacomo positivo)àpessoadopaiedospróximos.Taléocomeçodassimpatiase antipatiasquesevãodesenvolvertãoamplamentenocursodoperíodo seguinte. II.APRIMEIRAINFÂNCIA:DEDOISASETEANOS Comoaparecimentodalinguagem,ascondutassãoprofundamente modificadasnoaspectoafetivoenointelectual.Alémdetodasasaçõesreais oumateriaisqueécapazdeefetuar,comonocursodoperíodoprecedente, acriançatorna-se,graçasàlinguagem,capazdereconstituirsuasações passadassobformadenarrativas,edeanteciparsuasaçõesfuturaspela representaçãoverbal.Daíresultamtrêsconsequênciasessenciaispara odesenvolvimentomental:umapossíveltrocaentreosindivíduos,ou seja,oiníciodasocializaçãodaação;umainteriorizaçãodapalavra,istoé, aapariçãodopensamentopropriamentedito,quetemcomobasealinguagem interioreosistemadesignos,e,finalmente,umainteriorizaçãodaaçãocomo tal,que,puramenteperceptivaemotoraqueeraatéentão,podedaíemdiante sereconstituirnoplanointuitivodasimagensedas"experiênciasmentais". Dopontodevistaafetivo,ségue-seumasériedetransformaçõesparalelas, desenvolvimentodesentimentosinterindividuais(simpatiaseantipatias, respeitoetc.)edeumaafetividadeinferiororganizando-sedemaneiramais estáveldoquenocursodosprimeirosestágios./ Vamosprimeiramenteexaminaressastrêsmodificaçõesgeraisda conduta(socialização,pensamentoeintuição),edepoissuasrepercussões afetivas.Mas,parasecompreenderemdetalhesestasmúltiplasmanifesta- çõesnovas,éprecisoinsistiraindasobresuacontinuidaderelativacomas condutasanteriores.Nomomentodaapariçãodalinguagem,acriançase achaàsvoltas,nãoapenascomojiniyjersQ-físicocomoanteymascomdois mundosnovoseintimamentesolidários:omundosocialeojias_repre- sentaçõesinteriores.LémT>rcmo-nòsdequeTTrespeitodbsobjetosmateriais oucorpos,olactentecomeçaporumaatitudeegocêntrica-naquala 24 incorporaçãodascoisasàsuaatividadepredominasobreaacomodação— conseguindo,apenasgradativamente,situar-seemumuniversoobjetivado (ondeaassimilaçãoaosujeitoeaacomodaçãoaorealseharmonizamentre si).Damesmamaneira,ajeriançareagiráprimeiramenteàsrelaçõessociais eaopensamentoemformaçãocomumegocentrismoinconsciente[que prolongaodobebê.Elasóseadaptará,progressivamente,obedecendoàs leisdeequilíbrioanálogasàsdobebê,mastranspostasemfunçãodestas novasrealidades.Éporestemotivoqueseobserva,durantetodaaprimeira infância,umarepetiçãoparcial,emplanosnovos,daevoluçãojárealizada pelolactentenoplanoelementardasadaptaçõespráticas.Estasespéciesde repetição,comdefasagemdeumplanoinferioraosplanossuperiores,são extremamentereveladorasdosmecanismosíntimosdaevoluçãomental. A.Asocializaçãodaação 'Atrocaeacomunicaçãoentreosindivíduossãoaconsequênciamais Ievidentedoaparecimentodalinguagem.Semdúvida,estasrelaçõesinterin- dividuaisexistememgermedesdeasegundametadedoprimeiroano,graças àimitação,cujosprogressosestãoemíntimaconexãocomodesenvolvimen- tosenso-motor.Sabe-sequeolactenteaprendepoucoapoucoaimitar,sem queexistaumatécnicahereditáriadaimitação.Primeiramente,ésimples excitação,pelosgestosanálogosdooutro,movimentosvisíveisdocorpo (sobretudodasmãos)queacriançasabeexecutarespontaneamente;em seguida,aimitaçãosenso-motoratorna-seumacópiacadavezmaisprecisa demovimentosquelembramosmovimentosconhecidos;e,finalmente,a criançareproduzosmovimentosnovosmaiscomplexos(osmodelosmais difíceissãoosqueinteressamàspartesnãovisíveisdoprópriocorpo,como orostoeacabeça).Aimitaçãodesonstemumaevoluçãosemelhante. Quandoossonssãoassociadosaaçõesdeterminadas,aimitaçãoprolonga-se comoaquisiçãodalinguagem(palavras-fraseselementares,depois,substan- tivoseverbosdiferenciadose,finalmente,frasespropriamenteditas).En- quantoalinguagemseestabelecesobformadefinida,asrelaçõesinterindi- viduaisselimitamàimitaçãodegestoscorporaiseexteriores,eaumarelação afetivaglobalsemcomunicaçõesdiferenciadas.Comapalavra,aocontrário, éavidainteriorcomotal,queépostaemcomume,deve-seacrescentar,que seconstróiconscientemente,namedidaemquepodesercomunicada. Ora,emqueconsistemasfunçõeselementaresdalinguagem?É interessante,aesserespeito,observaremcriançasdedoisaseteanos,tudo quedizemefazemdurantealgumashoras,emintervalosregulareseanalisar estaamostradelinguagemespontâneaouprovocada,dopontodevistadas 25
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relaçõessociaisfundamentais.Trêsgrandescategoriasdefatospodem, assim,serpostosemevidência. Emprimeirolugar,existemosfatosdesubordinaçãoeasrelaçõesde coaçãoespiritualexercidapeloadultosobreacriança.Comalinguagem,a criançadescobreasriquezasinsuspeitasdeummundoderealidadessupe- rioresaela;seuspaiseosadultosqueacercamlheaparecemjácomoseres grandesefortes,comofontesdeatividadesimprevistasemisteriosas.Mas agoraessesmesmosseresrevelamseuspensamentosevontades,eestenovo iuniversocomeçaaseimporcomseduçãoeprestígioincomparáveis.Um"eu ideal",comodisseBaldwin,sepropõeaoeudacriança,eosexemplosvindos doaltoserãomodelosqueacriançadeveprocurarcopiarouigualar.São dadosordenseavisos,sendo,comomostrouBovet,orespeitodopequeno pelograndequeostornaaceitáveiseobrigatóriosparaascrianças.Mas, mesmoforadestesnúcleosdeobediência,desenvolvessetodaumasubmis- sãoinconsciente,intelectualeafetiva,devidaàcoaçãoespiritualexercida peloadulto. Emsegundolugar,existemtodososfatoresdetroca,comoadultoou comoutrascrianças.Essasintercomunicaçõesdesempenhamigualmente papeldecisivoparaosprogressosdaação;namedidaemquelevama formularaprópriaaçãoenarraçãodasaçõespassadas,estasintercomunica- çõestransformamascondutasmateriaisempensamento.ComodisseJanet, amemóriaestáligadaànarrativa;areflexão,àdiscussão;acrençaao engajamentoouàpromessaeopensamentoàlinguagemexteriorouinterior. Mas,sabeacriançacomunicarinteiramenteseupensamento(eaísenotam asdefasagensdequefalamosacima),eperceberopontodevistadosoutros? Ou,melhor,umaaprendizagemdasocializaçãoénecessáriaparaalcançara cooperaçãoreal?Énestepontoquesetornaútilaanálisedasfunçõesda linguagemespontânea.Comefeito,éfácilconstatarcomoasconversações entrecriançassãorudimentareseligadasàaçãomaterialpropriamentedita. fAproximadamenteatéseteanos,ascriançasnãosabemdiscutirentreelase selimitamaapresentarsuasafirmaçõescontrárias.Quandoseprocuradar ,umasàsoutras,conseguemcomdificuldadesecolocardoponto [_devistadaquelaqueignoradoquesetrata,falandocomoqueparasimesmas. .Esobretudoacontece-lhes,trabalhandoemummesmoquartoouemuma imesmamesa,defalarcadaumaporsi,acreditandoqueseescutamese ^compreendemumasàsoutras.Estaespéciede"monólogocoletivo"consiste maisemmútuaexcitaçãoàaçãodo_que^emjrocaiJ|e_jjensajaejitQ5.reais. Notemos^enfimTqúeascaracterísticasdestalinguagementrecriançassão encontradasnasbrincadeirascoletivasõúderegra;empartidasdebolasde 26 gude,porexemplo,osgrandessesubmetemàsmesmasregraseajustamseus jogosindividuaisaosdosoutros,enquantoqueospequenosjogamcadaum porsi,semseocuparemdasregrasdocompanheiro. rDaíumaterceiracategoriadefatos:acriançanãofalasomenteàs outras,fala-seasiprópria,semcessar,emmonólogosvariadosqueacompa- nhamseusjogosesuaatividade.Comparadosaoqueserãomaistarde,a linguageminteriorcontínuanoadultoounoadolescente,estessolilóquios sãodiferentes,pelofatodequesãopronunciadosemvozaltaepela característicadeauxiliaresdaaçãoimediata.Estesverdadeirosmonólogos, comooscoletivos,constituemmaisdeumterçodalinguagemespontânea entrecriançasdetrêsequatroanos,diminuindoporvoltadosseteanos. Emsuma,oexamedalinguagemespontâneaentrecrianças,comoo docomportamentodospequenosnosjogoscoletivos,mostraqueasprimei- rascondutassociaispermanecemaindaameiocaminhodaverdadeira socialização.Emlugardesairdeseuprópriopontodevistaparacoordená-lo comodosoutros,oindivíduopermaneceinconscientementecentralizadoem simesmo;esteegocentrismofaceaogruposocialreproduzeprolongaoque notamosnolactentefaceaouniversofísico.Nosdoiscasos,háumaindife- renciaçãoentreoeuearealidadeexterior,aquirepresentadapelosoutros indivíduosenãomaispelosobjetosisolados;estetipodeconfusãoinicial estabeleceaprimaziadoprópriopontodevista.Quantoàsrelaçõesentrea criançaeoadulto,éevidentequeacoaçãoespiritual(eafortiorimaterial) exercidapelosegundosobreoprimeironãoexcluiemnadaesteegocentris- mo.Quandosesubmeteaoadultoeocolocamuitoacimadesi,acriançavai reduzi-lo,muitasvezes,àsuaescala,comocertoscrentesingénuosarespeito dasuadivindade,chegandomaisaummeio-term.oentreopontodevista superioreoseupróprio,doqueaumacoordenaçãobemdiferenciada. B.Agénesedopensamento Emfunçãodestasmodificaçõesgeraisdaação,assiste-sedurantea primeiraTnlanciaaumatransformaçãodainteligênciaque,deapenassenso- motoraoupráticaqueénoinício,seprolongadoravantecomopensamento propriamenteditosobaduplainfluênciadalinguagemedasocialização.A linguagem,permitindoaosujeitocontarsuasações,fornecedeumasóvez acapacidadedereconstituiropassado,portanto,deevocá-lonaausênciade objetossobreosquaissereferiramascondutasanteriores,deanteciparas açõesfuturas,aindanãoexecutadas,eatésubstituí-las,àsvezes,pelapalavra isolada,semnuncarealizá-las.Esteéopontodepartidadopensamento.Mas, aí,deve-seacrescentarquealinguagemconduzàsocializaçãodasações; 27
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|estasdãolugar,graçasaela,aatosdepensamentoquenãopertencem exclusivamenteaoeuqueosconcebe,mas,sim,aumplanodecomunicação quelhesmultiplicaaimportância.Alinguageméumveículodeconceitose noçõesquepertenceatodosereforçaopensamentoindividualcomumvasto sistemadepensamentocoletivo.Neste,acriançamergulhalogoquemaneja apalavra. Masacontececomopensamentooqueacontececomacondutaglobal. Emvezdeseadaptarlogoàsrealidadesnovasquedescobreequeconstrói poucoapouco,osujeitodevecomeçarporumaincorporaçãolaboriosados dadosaoseueueàsuaatividade;estaassimilaçãoegocêntricacaracteriza tantooiníciodopensamentodacriançacomoodasocialização.Paraser maisexato,éprecisodizerque,duranteasidadesdedoisaseteanos, encontram-setodasastransiçõesentreduasformasextremasdepensamento, representadasemcadaumadasetapaspercorridasduranteesteperíodo, sendoqueasegundadominapoucoapoucoaprimeira.Aprimeiradestas formaséadopensamentoporincorporaçãoouassimilaçãopuras,cujo egocentrismoexclui,porconsequência,todaobjetividade.Asegundadestas formaséadopensamentoadaptadoaosoutroseaoreal,queprepara,assim, opensamentológico.Entreosdoisseencontraagrandemaioriadosatosdo pensamentoinfantilqueoscilaentreestasdireçõescontrárias. Opensamentoegocêntricopuroaparecenestaespéciedejogo,quese podechamardejogosimbólico.Sabe-sequeojogoconstituiaformade atividadeinicialdequasetodatendência,oupelomenosumexercício funcionaldestatendênciaqueoativaaoladodaaprendizagempropriamente dita,eque,agindosobreeste,oreforça.Observa-seentão,bemantesda linguagem,umjogodefunçõessenso-motorasqueéumjogodepuro exercício,semintervençãodopensamentonemdavidasocial,poissóativa movimentosepercepções.Noníveldavidacoletiva(deseteadozeanos), aocontrário,vê-seconstituirnascriançasjogoscaracterizadosporcertas obrigaçõescomuns,istoé,asregrasdojogo.Entreduascrianças,aparece umaformadiferentedejogo,muitocaracterísticadaprimeirainfânciaeque sofreintervençãodopensamento,masumpensamentoindividualquasepuro comminimumdeelementoscoletivos:éojogosimbólicooujogode imaginaçãoeimitação.Osexemplossãoabundantes:jogodeboneca,brincar decomidinha.Éfácildar-secontadequeestesjogossimbólicosconstituem umaatividaderealdopensamento,emboraessencialmenteegocêntrica,ou melhor,duplamenteegocêntrica.Suafunçãoconsisteemsatisfazeroeupor meiodeumatransformaçãodorealemfunçãodosdesejos:acriançaque brincadebonecarefazsuaprópriavida,corrigindo-aàsuamaneira,erevive 28 todososprazeresouconflitos,resolvendo-os,compensando-os,ouseja, completandoarealidadeatravésdaficção.Emsuma:ojogosimbóliconão éumesforçodesubmissãodosujeitoaoreal,mas,aocontrário,uma assimilaçãodeformadadarealidadeaoeu.Deoutrolado,alinguagem intervémnestaespéciedepensamentoimaginativo,tendocomoinstrumento aimagemousímbolo.Ora,osímboloéumsigno-comoapalavraousigno verbal-maséumsignoindividualelaboradosemorecursodosoutrose muitasvezescompreendidopeloindivíduo,jáqueaimagemsereferea lembrançaseestadosíntimosepessoais.É,portanto,nesteduplosentidoque ojogosimbólicoconstituiopóloegocêntricodopensamento.Pode-sedizer, mesmo,queeleéopensamentoegocêntricoemestadoquasepuro,só ultrapassadopelafantasiaepelosonho. Nooutroextremo,encontra-seaformadepensamentomaisadaptada aorealqueacriançaconhece,equesepodechamardepensamentointuitivo. É,emcertosentido,aexperiênciaeacoordenaçãosenso-motoras,mas reconstituídaseantecipadas,graçasàrepresentação.Voltaremosaela(na parteC),poisaintuiçãoé,sobcertoaspecto,alógicadaprimeirainfância. Entreestesdoistiposextremosseencontraumaformadepensamento simplesmenteverbal,sériaemoposiçãoaojogo,porémmaisdistantedoreal doqueaprópriaintuição:éopensamentocorrentedacriançadedoisasete anos.Émuitointeressanteconstataroquantoeleprolongaosmecanismos deassimilaçãoeaconstruçãodoreal,própriasaoperíodopré-verbal. Parasaber-secomoacriançapensaespontaneamente,nãohámétodo maiseficientequeodepesquisareanalisarasperguntasquefaz,abundantes àsvezes,quaseaomesmotempoemquefala.Entreestasperguntas,asmais primitivastendemsimplesmenteasaber"onde"seencontramosobjetos desejadosecomosechamamascoisaspoucoconhecidas:"oqueé?"Mas desdetrêsanos,emuitasvezesantes,apareceumaformabásicadepergunta quesemultiplicaatéosseteanos:sãoosfamosos"porquês"dascrianças, aosquaisoadultotantasvezestemdificuldadeemresponder.Qualosentido geraldessapalavra?Noadultopodeterdoissignificadosdistintos:afinali- dade("porquevocêvaiporestecaminho?")ouacausaeficiente("porque oscorposcaem?").Tudosepassa,aocontrário,comoseos"porquês"da primeirainfânciaapresentassemumsignificadoindiferenciado,meiocami- nhoentreofimeacausa,implicando,noentanto,umeoutroaomesmo tempo."Porqueéqueestárolando?",pergunta,porexemplo,ummeninode seisanosàpessoaquetomacontadele.Refere-seaumaboladegudeque, emumterraçolevementeinclinado,dirige-seàpessoasituadanapartemais baixa;comorespostadir-se-á:"Porqueinclinado",oqueé"umaexplicação 29
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puramentecausal;masacriança,nãosatisfeita,perguntanovamente:"Ela sabequevocêestáembaixo?"Seguramente,nãosedevetomaraopédaletra estareação:acriançanãoemprestaàboladegudeumaconsciênciahumana. Sebemqueexista,comoveremos,umaespéciede"animismo"infantil,não sepoderiainterpretá-locomoumantropomorfismotãogrosseiro.Todavia, aexplicaçãomecânicanãosatisfazàcriança,porqueelaentendeummovi- mentocomonecessariamenteorientadoparaumfime,emconsequência, comointencionaledirigido.Portanto,éacausaeofimdomovimentoda boladegudequeestacriançaqueriaconhecer,eéporistoqueesteexemplo étãorepresentativodos"porquês"iniciais. Umdosmotivosquetornaos"porquês"infantistãoobscurosparaa consciênciaadultaequeexplicaasdificuldadesquesentimospararesponder àscrianças,équeumagrandepartedestasperguntasserelacionaafenóme- nosouacontecimentosquenãocomportamprecisamente"porquês",jáque ocorremaoacaso.Assim,équeomesmomeninodeseisanos,cujareação aomovimentoacabamosdedescrever,espanta-sequehajaemGenebradois Salève,enquantoquenãohádoisCervinemZermatt:"Porqueexistem doisSalève?"Outrodiapergunta:"PorqueolagodeGenebranãovaiaté Berna?"Nãosabendocomointerpretarestasperguntasestranhas,resolve- mospropô-lasaoutrascriançasdamesmaidade,perguntando-lhesoque teriamrespondidoaseucompanheiro.Arespostaparaelesnãoapresentou nenhumadificuldade:háumGrandeSalèveparaosgrandespasseiose adultos,eumPequenoSalèveparaospequenospasseioseparaascrianças, eolagodeGenebranãochegaatéBernaporquecadacidadedeveteroseu lago.Emoutraspalavras,nãoháacasonanatureza,porquetudoé"feitopara" oshomensecrianças,segundoumplanosábioeestabelecido,noqualoser humanoéocentro.É,portanto,a"razãodeser"dascoisasqueprocurao "porquê",istoé,umarazãocausalefinalística,eéexatamenteporqueé precisoquehajaumarazãoparatudoqueacriançafracassanosfenómenos fortuitosefazperguntassobreeles. Einsuma,aanálisedamaneiracomoacriançafazsuasperguntas colocaemevidênciaocaráteraindaegocêntricodeseupensamento,neste novocampodarepresentaçãodomundo,emoposiçãoaodaorganizaçãodo universoprático.Tudosepassa,então,comoseosesquemaspráticosfossem transferidosparaonovoplanoeaíseprolongassem,nãoapenasemfinalis- mo,comoacabamosdever,mas,ainda,sobasformasseguintes. Oanimismoinfantiléatendênciaaconceberascoisascomovivase dotadasdeintenção.Noinício,serávivotodoobjetoqueexerçauma atividade,sendoestaessencialmenterelacionadacomasuautilidadeparao 30 homem;alâmpadaqueacende,ofornoqueesquenta,aluaquedáclaridade. Depois,avidaestarádestinadaaosagentesecorposqueparecem-semover porsipróprios,comoosastroseovento.Deoutrolado,àvidaéacrescentada aconsciência;nãoumaconsciênciaidênticaàdoshomens,masumaquetem ominimumdesabereintencionalidade,suficientesparaascoisasrealizarem suaaçõese,sobretudo,parasemoveremoudirigiremparafinsquelhessão determinados.Assiméqueasnuvenssabemquesedeslocam,poislevama chuvae,sobretudo,anoite(anoiteéumagrandenuvemnegraquecobreo céunahoradedormir).Maistarde,sóomovimentoespontâneoserádotado deconsciência.Porexemplo,asnuvensnãosabemmais"porqueoventoas empurra";masoventonãosabeascoisas"porquenãoéumapessoa"como nós,mas"sabequesopra,porqueéelequemsopra".Osastrossãoespecial- menteinteligentes:aluanossegueemnossospasseiosereaparecequando voltamosparacasa.Umsurdo-mudo,estudadoporW.James,pensava, mesmo,quealuaodenunciavaquandoeleroubavaànoiteedesenvolveu estetipodereflexõesatéseperguntarseelanãotinharelaçãocomsuaprópria mãe,enterradapoucoantes.Quantoàscriançasnormais,elassãoquase unânimesemseacreditaremacompanhadasporela;esteegocentrismoas impededepensarnoquefariaaluadiantedepessoasviajandoemsentido opostoumadaoutra.Depoisdeseteanos,aocontrário,estaperguntaé suficienteparaconduzi-lasàopiniãodequeosmovimentosdaluasão simplesmenteaparentesquandoseudisconossegue. Éevidentequetalanimismoprovémdeumaassimilaçãodascoisasà própriaatividade,comoofinalismoexaminadoacima.Mas,damesma maneiraqueoegocentrismosenso-motordolactenteresultadeumaindife- renciaçãoentreoeueomundoexterior,enãodeumahipertrofianarcísica daconsciênciadoeu,domesmomodooanimismoeofinalismoexprimem umaconfusãoouindissociaçãoentreomundointerioreosubjetivoeo universofísico,enãoumprimadodarealidadepsíquicainterna.Opensa- mentoparaacriança-jáqueestaanimaoscorposinertesematerializaa vidadaalma-éumavoz,vozessaqueestánabocaou"umapequenavoz queestáportrás",eestavozé"dovento"(termosantigosanima,psique, rouchetc).Ossonhossãoimagens,emgeral,umpoucoterríveis,enviadas pelasluzesnoturnas(alua,aslâmpadas)oupelopróprioar,quevêmencher oquarto.Ou,umpoucomaistarde,sãoconcebidoscomovindodenós,mas comoimagensqueestãonacabeçaquandoseestáacordadoequesaempara secolocarsobreacamaounoquarto,logoquesedorme.Quandoalguémse vêasipróprionosonho,éporqueestáduplo;apessoaestánacamaolhando osonho,mastambém"nosonho",comoduplicataimaterialouimagem.Na 31
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nossaopinião,nãoacreditamosqueestaspossíveissemelhançasentreo pensamentodacriançaeodosprimitivos(veremosmaislongecomafísica grega)sejamdevidosaumahereditariedadequalquer.Apermanênciadas leisdodesenvolvimentomentalsãosuficientesparaexplicarestasconver- gências,ecomotodososhomens,incluindoos"primitivos",começaram sendocrianças,opensamentoinfantilprecedeodenossoslongínquos antepassados,domesmomodoqueprecedeonosso. Aofinalismoeaoanimismopode-seacrescentaroartificialismooua crençadequeascoisasforamconstruídaspelohomemouporumaatividade divinaoperandodomesmomodoqueafabricaçãohumana.Paraascrianças, istonãotemnadadecontraditóriocomoanimismo,jáque,segundoelas,os própriosbebéssãoaomesmotempoconstruídosevivos.Todoouniversoé feitoassim:asmontanhas"crescem"porqueseplantarampedrinhasdepois detê-lasfabricado,oslagosforamescavados,eatébemtarde,acriança imaginaqueascidadesexistiamantesdeseuslagosetc. Emsuma,todaacausalidade,desenvolvidanaprimeirainfância, participadasmesmascaracterísticasde:indiferenciaçãoentreopsíquicoeo físicoeegocentrismointelectual.Asleisnaturaisacessíveisàcriançasão confundidascomasleismoraiseodeterminismocomaobrigação:osbarcos flutuamporquedevemflutuarealuailuminasomenteànoite"porquenãoé elaquemmanda".Omovimentoéconcebidocomoumestadodetransição tendenteaumafinalidadequeocompleta:osriachoscorremporquetêmum impulsoqueosconduzparaoslagos,impulsoessequenãolhespermite voltarparaasmontanhas.Anoçãodeforça,emespecial,dálugaracuriosas constatações;ativaesubstancial,istoé,ligadaacadacorpoeintransmissível, elaexplica,comonafísicadeAristóteles,omovimentodoscorpospelaunião deumacionamentoexternoedeumaforçainterior,ambosnecessários.Por exemplo:asnuvenssãoempurradaspelovento,maselasprópriasproduzem umventoquandoavançam.Estaexplicação,quelembraocélebreesquema peripatéticodomovimentodosprojéteis,éampliadapelacriançaparaincluir estesúltimos.Seumabolanãocaiimediatamentenaterradepoisdelançadapor umamão,éporqueelaéimpulsionadapeloarqueamãofazquandosemovimenta epeloarqueaprópriabolafazrefluiratrásdesiquandosemovimenta.Damesma forma,osriachossãomovidospeloimpulsoquetomamnocontatocompedrinhas sobreasquaisdevempassaretc Noconjunto,vê-seoquantoasdiversasmanifestaçõesdestepensa- mentoemformaçãosãocoerentesentresi,noseupré-logismo.Consistem todasemumaassimilaçãodeformadadarealidadeàprópriaatividade.Os movimentossãodirigidosparaumfim,porqueosprópriosmovimentossão 32 orientadosassim;aforçaéativaesubstancial,porquetaléaforçamuscular; arealidadeéanimadaeviva;asleisnaturaistêmobediência,emsuma,tudo émodeladosobreoesquemadopróprioeu.Estesesquemasdeassimilação egocêntrica,queseexpandemnojogosimbólicoedominamassimopensa- mentoverbal,nãoserãosuscetíveisdeacomodaçõesmaisprecisasemcertas situaçõesexperimentais?Éoqueveremos,agora,apropósitododesenvol- vimentodosmecanismosintuitivos. C.Aintuição Háumacoisaquesurpreendenopensamentodacriança:osujeito afirmatodootempo,semnuncademonstrar.Note-se,aliás,queestacarência deprovasdecorredascaracterísticassociaisdacondutanestaidade,istoé, doegocentrismoconcebidocomoindiferenciaçãoentreopontodevista próprioeodosoutros.Naverdade,quandoseestáfrenteaosoutroséquese procuramprovas,poisaconfiançaemsipróprioexisteantesqueosoutros tenhamensinadoadiscutirasobjeçõeseantesquesetenhainteriorizadotal condutasobformadestadiscussãointerior,aquesechamareflexão.Quando fazemosperguntasacriançasdemenosdeseteanos,semprenossurpreen- demospelapobrezadassuasprovas,pelaincapacidadedemotivaras afirmaçõeseatépeladificuldadequesentememacharporretrospecçãoa maneiracomoseconduziram.Domesmomodo,acriançadequatroasete anosnãosabedefinirosconceitosqueempregaeselimitaadesignaros objetoscorrespondentesouadefinirpelouso("épara...")sobadupla influênciadofinalismoedadificuldadedejustificação. Pode-seobjetar,semdúvida,queacriançadestaidadenãopossuiainda umdomínioverbalacentuado,comojáopossuinaaçãoemanipulação.Isto éverdade,masmesmonesteterrenoseráelamais"lógica"?Distinguiremos doiscasos:odainteligênciapropriamentepráticaeodopensamentotenden- doaoconhecimentonocampoexperimental. Existeuma"inteligênciaprática"quedesempenhaumimportante papelentredoiseseteanos,prolongando,deumlado,ainteligênciasenso- motoradoperíodopré-verbalepreparando,deoutrolado,asnoçõestécnicas quesedesenvolverãoatéaidadeadulta.Estudou-sebastanteestainteligência práticaemformação,pormeiodeengenhososdispositivos(alcançarobjeti- vosporintermédiodeinstrumentosvariados;varetas,ganchos,interruptores etc.)eefetivamenteseconstatouqueacriançaeramuitomaisadiantadanas açõesdoquenaspalavras.Mas,mesmonesteterrenoprático,encontraram-se todosostiposdecomportamentoprimitivo,quelembramemtermosdeação ascondutaspré-lógicasobservadasnopensamentodomesmonível(A.Rey). 33
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Voltandoaopensamentoprópriodesteperíodododesenvolvimento, procuraremosanalisá-losobperspectivanãomaisverbal,massimexperi- mental.Comosevaicomportaracriançaempresençadeexperiências precisas,comamanipulaçãodeummaterial,detalmodoquecadaafirmação possasercontroladaporumcontatodiretocomosfatos?Raciocinará logicamenteouosesquemasdeassimilaçãovãoconservarpartedeseu egocentrismo,acomodando-se,tantoquantosãocapazes,àexperiênciaem curso?Aanálisedegrandenúmerodefatosmostrou-sedefinitiva.Atécerca deseteanosacriançapermanecepré-Iógicaesuplementaalógicapelo mecanismodaintuição;éumasimplesinteriorizaçãodaspercepçõesedos movimentossobaformadeimagensrepresentativasede"experiências mentais"queprolongam,assim,osesquemassenso-motoressemcoordena- çãopropriamenteracional. Partamosdeumexemploconcreto.Apresenta-seaossujeitosseisa oitofichasazuisenfileiradascompequenosintervalos,epede-se-lhespara pegaroutrasfichasvermelhasquepoderãotirardeummonteàdisposição. Porvoltadequatroacincoanosemmédia,ascriançasconstruirãoumafileira defichasvermelhasdemesmotamanhoqueadasazuis,massemse preocuparemcomonúmerodeelementosnemcomacorrespondênciatermo atermodecadafichavermelhacomaazul.Há,aí,umaformaprimitivade intuição,queconsisteemavaliaraquantidadesomentepeloespaçoocupado, istoé,pelasqualidadesperceptivasglobaisdacoleçãofocalizada,semse importarcomaanálisedasrelações.Porvoltadecincoaseisanos,poroutro lado,observa-seumareaçãomuitointeressante:acriançacolocaumaficha vermelhaemfrenteacadafichaazul,concluindo,destacorrespondência termoatermo,umaigualdadedasduascoleções.Noentanto,seafastarmos umpoucoasfichasextremasdafileiradasvermelhas,demodoaquenão fiquemexatamentedebaixodasazuis,umpoucoaolado,acriançaqueviu quenãosetirounemacrescentounada,avaliaqueasduascoleçõesnãosão iguaiseafirmaqueafileiramaislongacontém"maisfichas".Colocando-se, simplesmente,umadasfileirasemumpacotesemtocarnaoutra,aequiva- lênciadasduascoleçõesperdemaisainda.Emsuma,háequivalência enquantoexistecorrespondênciavisualouótica.Aigualdadenãoseconserva porcorrespondêncialógica,nãohavendo,portanto,umaoperaçãoracional, massimumasimplesintuição.Estaéarticuladaenãomaisglobal,perma- necendoaindaintuitiva,istoé,submetidaaoprimadodapercepção. Emqueconsistemtaisintuições?Doisoutrosexemplosnosfarão compreendê-las.1".Tomam-setrêsbolasdecoresdiferentesA,BeC,que circulamemumtubo.Vendo-aspartirnaordemABC,ascriançasesperam 34 encontrá-lasnooutroextremodotubonamesmaordemABC.Aintuiçãoé, portanto,exata.Masseseinclinaotubonosentidodevolta?Osmaisjovens nãoprevêemaordemCBAeficamsurpresosaoconstatarem-na.Quando conseguemprevê-laporumaintuiçãoarticulada,imprime-seentãoaotubo ummovimentodesemi-rotação.Trata-seagoradecompreenderqueaida dará,daípordiante,CBA,eavolta,ABC.Maselesnãoentendem,e,além disso,constatandoqueoraA,oraC,sainafrente,esperamqueapareçadepois emprimeirolugarabolaintermediáriaB.2".Doismóveisseguemomesmo trajetonamesmadireção,umultrapassandoooutro.Emqualqueridade,a criançaconcluique"vaimaisdepressa".Mas,seoprimeiropercorreno mesmotempoumcaminhomaislongosemalcançarosegundo,ouseandam emsentidoinverso,ouainda,seseguemumemfrentedooutroduaspistas circularesconcêntricas,acriançanãocompreendemaisessadesigualdade derapidez,mesmoseasdiferençasdadasentreoscaminhospercorridossão bemgrandes.Aintuiçãoderapidezreduz-se,então,àdaultrapassagem efetivaenãochegaàrelaçãodotempoedoespaçotranspostos. Emqueconsistem,então,estasintuiçõeselementaresdacorrespon- dênciaespacialouótica,daordemdiretaABCouultrapassagem?Elassão apenasesquemasperceptivosouesquemasdeação,esquemassenso-moto- res,portanto,mastranspostosouinteriorizadoscomorepresentações.São imagensouimitaçõesdarealidade,ameiocaminhoentreaexperiência efetivaea"experiênciamental",nãoseconstituindoaindaemoperações lógicaspassíveisdeseremgeneralizadasecombinadasentresi. Equefaltaaestasintuiçõesparasetornaremoperatóriasesetransfor- marem,assim,emsistemalógico?Simplesmente,prolongaraaçãojáconhe- cidadosujeitonosdoissentidos,demaneiraatornarestasintuiçõesmóveis ereversíveis.Acaracterísticadasintuiçõesprimáriaséarigidezeairre- versibilidade;elassãocomparáveisaesquemasperceptivoseaatoshabituais globaisquenãopodemserrevertidos.Todohábito,naverdade,éirreversível: escreve-sedaesquerdaparaadireita,porexemplo,eseriaprecisotodauma novaaprendizagemparaseconseguirbomresultadodadireitaparaa esquerda(evice-versa,paraosárabes).Omesmoacontececomaspercep- ções,queseguemocursodascoisasecomosatosdainteligênciasenso-mo- tora,quetendem,tambémeles,paraumfimenãovoltamatrás(anãoserem certoscasosespeciais).Portanto,énormalqueopensamentodacriança comeceporserirreversível,eespecialmente,quandoelainteriorizapercep- çõesemovimentossobformadeexperiênciasmentais,estespermanecem poucomóveisepoucoreversíveis.Aintuiçãoprimáriaéapenasumesquema senso-motortranspostocomoatodopensamento,herdando-lhe,naturalmen- 35
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te,ascaracterísticas.Masestasconstituemumaaquisiçãopositiva,bastando prolongarestaaçãointeriorizada,nosentidodamobilidadereversível,para transformá-laem"operação". Aintuiçãoarticuladaavançanestadireção.Enquantoqueaintuição primáriaéapenasumaaçãoglobal,aintuiçãoarticuladaaultrapassanadupla direçãodeumaantecipaçãodasconsequênciasdestaaçãoedeumareconstitui- çãodosestadosanteriores.Semdúvida,elapermaneceaindairreversível.Basta alterarumacorrespondênciaóticaparaqueacriançanãopossaarranjaros elementosnasuaordemprimitivanopensamento.Ésuficientedarmeia-volta aotuboparaqueaordeminversaescapeaosujeitoetcMasoiníciodesta antecipaçãoereconstituiçãopreparaareversibilidade,constituindoumaregula- çãodasintuiçõesiniciais;estaregulaçãoprenunciaasoperações.Aintuição articuladaé,portanto,suscetíveldeatingirumníveldeequilíbriomaisestávele maismóvelaomesmotempodoqueaaçãosenso-motorasozinha,residindoaí ograndeprogressodopensamentoprópriodesteestágiosobreainteligênciaque precedealinguagem.Comparadaàlógica,aintuição,dopontodevistado equilíbrio,émenosestável,dadaaausênciadereversibilidade;mas,emrelação aosatospré-verbais,representaumaautênticaconquista. D.Avidaafetiva •fAstransformaçõesdaaçãoprovenientesdoiníciodasocializaçãonão têmimportânciaapenasparaainteligênciaeparaopensamento,mas repercutemtambémprofundamentenavidaafetiva.Comojáentrevimos, desdeoperíodopré-verbal,existeumestreitoparalelismoentreodesenvol- vimentodaafetividadeeodasfunçõesintelectuais,jáqueestessãodois aspectosindissociáveisdecadaação.Emtodaconduta,asmotivaçõeseo dinamismoenergéticoprovêmdaafetividade,enquantoqueastécnicase oajustamentodosmeiosempregadosconstituemoaspectocognitivo (senso-motorouraciona1)*Nuncaháaçãopuramenteintelectual(sentimen- tosmúltiplosintervêm,porexemplo:nasoluçãodeumproblemamatemáti- co,interesses,valores,impressãodeharmoniaetc),assimcomotambémnão háatosquesejampuramenteafetivos(oamorsupõeacompreensão).Sempre eemtodolugar,nascondutasrelacionadastantoaobjetoscomoapessoas, osdoiselementosintervêm,porqueseimplicamumaooutro.Existemapenas espíritosqueseinteressammaispelaspessoasdoquepelascoisasou abstrações,enquantoquecomoutrossedáoinverso.Istofazcomqueos primeirospareçammaissentimentaiseosoutrosmaissecos,mastrata-se, apenas,decondutasesentimentosqueimplicamnecessariamenteaomesmo tempoainteligênciaeaafetividade. 36 Noníveldedesenvolvimentoqueconsideramosagora,astrêsnovida- desafetivasessenciaissãoodesenvolvimentodossentimentos*interindivi- duais(afeições,simpatiaseantipatias)ligadosàsocializaçãodasações,a apariçãodesentimentosmoraisintuitivos,provenientesdasrelaçõesentre adultosecrianças,easregularizaçõesdeinteressesevalores,ligadasàsdo pensamentointuitivoemgeral. Comecemosporesteterceiroaspecto,queépmaiselementar.O interesseéoprolongamentodasnecessidades.Éarelaçãoentreumobjetoe umanecessidade,poisumobjetotorna-seinteressantenamedidaemque correspondeaumanecessidade.Assimsendo,ointeresseéaorientação própriaatodoatodeassimilaçãomental.Assimilar,mentalmente,éincor- porarumobjetoàatividadedosujeito,eestarelaçãodeincorporaçãoentre oobjetoeoeunãoéoutraqueointeressenosentidomaisdiretodotermo ("inter-esse").Assimsendo,ointeressecomeçacomavidapsíquica,pro- priamentedita,edesempenha,emparticular,papelessencialnodesenvolvi- mentodainteligênciasenso-motora.Mas,comodesenvolvimentodopen- samentointuitivo,osinteressessemultiplicamesediferenciam,dandolugar aumadissociaçãoprogressivaentreosmecanismosenergéticos,queo interesseimplica,eosprópriosvaloresqueesteproduz. Ointeresseapresenta-se,comosesabe,sobdoisaspectoscomplemen- tares.Deumlado,éreguladordeenergia,comomostrouClaparède.Sua intervençãomobilizaasreservasinternasdeforça,bastandoqueumtrabalho interesseparaparecerfácileparaqueafadigadiminua.Époristoque,por exemplo,osescolaresalcançamumrendimentoinfinitamentemelhorquan- doseapelaparaseusinteressesequandoosconhecimentospropostos correspondemàssuasnecessidades.Mas,poroutrolado,ointeresseimplica umsistemadevalores,quealinguagemcorrentedesignapor"interesses" (emoposiçãoa"interesse")equesediferenciam,precisamente,nodecurso dodesenvolvimentomental,determinandofinalidadessempremaiscomple- xasparaaação.Ora,estesvaloresdependemdeumoutrosistemade regulações,quecomandaasregulaçõesdasenergiasinterioressemdelas dependerdiretamenteequetendeaassegurarourestabeleceroequilíbriodo eu,completandosemcessaraatividadepelaincorporaçãodenovasforças oudenovoselementosexteriores.Éassimque,duranteaprimeirainfância, senotaminteressesatravésdaspalavras,dodesenho,dasimagens,dos ritmos,decertosexercíciosfísicosetc.Todasestasrealidadesadquiremvalor paraosujeitonamedidadesuasnecessidades,estasdependendodoequilí- briomentalmomentâneoesobretudodasnovasincorporaçõesnecessáriasà suamanutenção. 37 L
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Aosinteressesouvaloresrelativosàprópriaatividade,estãoligados depertoossentimentosdeautovalorização:osfamosos"sentimentosde inferioridadeoudesuperioridade".Todosossucessosefracassosdaativida- deseregistramemumaespéciedeescalapermanentedevalores,osprimeiros elevandoaspretensõesdosujeitoeossegundosabaixando-ascomrespeito àsaçõesfuturas.Daíresultaumjulgamentodesimesmoparaoqualo indivíduoéconduzidopoucoapoucoequepodetergrandesrepercussões sobretodoodesenvolvimento.Certasansiedades,emparticular,resultamde fracassosreaise,sobretudo,imaginários. Masosistemaconstituídoporestesmúltiplosvalorescondiciona sobretudoasrelaçõesafetivasinterindividuais.Domesmomodoqueo pensamentointuitivoourepresentativoestáligado,graçasàlinguagemeà existênciadossignosverbais,àstrocasintelectuaisentreosindivíduos, tambémossentimentosespontâneosdepessoaparapessoanascemdeuma troca,cadavezmaisrica,devalores.Desdequesetornapossívelacomuni- caçãoentreacriançaeoseuambiente,umjogosutildesimpatiaseantipatias vai-sedesenvolver,completandoediferenciandoindefinidamenteossenti- mentoselementaresjáobservadosnodecorrerdoestágioprecedente.Como regrageral,haverásimpatiaemrelaçãoàspessoasquerespondemaos interessesdosujeitoequeovalorizam.Asimpatia,então,deumladosupõe umavalorizaçãomútuae,deoutro,umaescaladevalorescomumque permitaastrocas.Éoquealinguagemexprime,dizendoqueaspessoasse gostam:"concordamentresi","têmosmesmosgostos"etc.É,portanto,com basenestaescalacomumqueseefetuamasvalorizaçõesmútuas.Inversa- mente,aantipatianascedaausênciadegostoscomunsedaescaladevalores comuns.Bastaobservaracriançanaescolhadeseusprimeiroscompanheiros ounareaçãoaadultosestranhosàfamília,parasepoderseguirodesenvol- vimentodasvalorizaçõesinterindividuais.Quantoaoamordacriançapor seuspais,oslaçosdesangueestãolongedepoderexplicá-lo,senãose considerarestaíntimacomunidadedevalorizaçãoquefazcomquetodosos valoresdascriançassejammoldadosàimagemdeseupaiedesuamãe.Ora, entreosvaloresinterindividuaisassimconstituídos,existemalgunsespecial- menteimportantes;sãoosqueacriançareservaparaaquelesquejulgacomo superioresasi,algumaspessoasmaisvelhaseseuspais.Umsentimento especialcorrespondeaestasvalorizaçõesunilaterais:éorespeito,queéum compostodeafeiçãoetemor,estabelecendoestesegundoadesigualdadeque intervémemtalrelaçãoafetiva.Orespeito,comoBovetjámostrou,estána origemdosprimeirossentimentosmorais.Comefeito,ésuficientequeos seresrespeitadosdêemaosqueosrespeitamordensesobretudoavisos,para 38 queestassejamsentidascomoobrigatóriaseproduzamassimosentimento dodever.Aprimeiramoraldacriançaéadaobediênciaeoprimeirocritério dobemédurantemuitotempo,paraospequenos,avontadedospais.1Então, osvaloresmoraisassimconcebidossãovaloresnormativos,nosentidoque nãosãomaisdeterminadosporsimplesregulaçõesespontâneascomoas simpatiasouantipatias,masgraçasaorespeito,porregraspropriamente ditas.Mas,deve-seconcluirque,desdeaprimeirainfância,ossentimentos interindividuaissãosuscetíveisdealcançaroníveldaquiloquechamaremos aseguirdeoperaçõesafetivasemcomparaçãocomasoperaçõeslógicas? Ou,melhor,ossistemasdevaloresmoraisseimplicamumaooutro,racio- nalmente,comoéocasoemumaconsciênciamoralautónoma?Nãoparece, poisosprimeirossentimentosmoraisdacriançapermanecemintuitivos,à maneiradopensamentopróprioatodoesteperíodododesenvolvimento.A moraldaprimeirainfânciafica,comefeito,essencialmenteheterônoma,isto é,dependentedeumavontadeexterior,queéadosseresrespeitadosoudos pais.Éinteressante,aesserespeito,analisarasvalorizaçõesdacriançaem umcampomoralbemdefinido,comoéocasodamentira.Graçasao mecanismodorespeitounilateral,acriançaaceitaereconhecearegrade condutaqueimpõeaveracidadeantesdecompreender,porsisó,ovalorda verdade,assimcomoanaturezadamentira.Porseushábitosdejogoe imaginaçãoeportodaatitudeespontâneadeseupensamento,queafirmasem provaseassimilaorealàprópriaatividadesemseimportarcomaverdadeira objetividade,acriançaélevadaadeformararealidadeesubmetê-laaseus desejos.Acontece-lhe,assim,deturparumaverdadesemseaperceber, constituindooquesechamaa"pseudomentira"dascrianças(oScheinliige deStern).Noentanto,elaaceitaaregradeveracidadeereconhececomo legítimoquearepreendamoupunamporsuasprópriasmentiras.Mas, comoelaavaliaasúltimas?Primeiramente,ascriançasafirmamquea mentiranãotemnadade"ruim"quandoédirigidaacompanheiros,oquesó érepreensívelquandoemrelaçãoaosadultos,jáquesãoestesqueaproíbem. Mas,eraseguida,esobretudo,imaginamqueumamentiraétantopior quandoaafirmaçãofalsasedistanciamaisdarealidade,eistoinde- pendentementedasintençõesemjogo.Pede-se,porexemplo,àcriançapara compararduasmentiras:contaràsuamãequetirouboanotanaescola quando,naverdade,nãohaviaprestadoexames,oucontar,apóstersido amedrontadaporumcachorro,queesteeragrandecomoumavaca.As 1Istoiverdadeiro,mesmoseacriançanãoobedece,defato,comoaconteceduranteesteperíodo deresistênciaqueseobserva,muitasvezes,porvoltadetrêsaquatroanosequeosautores alemãesdesignaramporTrotzalter. 39
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criançascompreendembemqueaprimeiradestasmentirasédestinadaa obter,indevidamente,umarecompensa,enquantoqueasegundaéapenas umsimplesexagero.Noentanto,aprimeiraparece"menosruim",porque acontecequeelatemboasnotase,sobretudo,porque,aafirmaçãosendo verossímil,aprópriamãepoderiater-seenganado.Asegunda"mentira",ao contrário,épior,emerececastigomaisexemplar,porque"nuncaacontece queumcachorrosejatãogrande".Estasreações,queparecemtãogerais (foram,particularmente,confirmadashápoucoemestudorealizadona UniversidadedeLouvain),sãomuitoimportantes.Mostramoquantoos primeirosvaloresmoraissãomoldadosnaregrarecebida,graçasaorespeito unilateral,equeestaregraétomadaaopédaletraenãoemsuaessência. Paraqueosmesmosvaloresseorganizememumsistemacoerenteegeral, seráprecisoqueossentimentosmoraisconsigamumacertaautonomia, sendo,então,necessárioqueorespeitocessedeserunilateralesetorne mútuo.Éemparticularquandoestesentimentosedesenvolveentrecompa- nheirosouiguais,queamentiraaumamigoserásentidatambémcomotão "ruim"oupioraindaqueadacriançaparaoadulto. Emsuma,interesses,autovalorizações,valoresinterindividuaisespon- tâneosevaloresintuitivosparecemserasprincipaiscristalizaçõesdavida afetivaprópriaaesteníveldodesenvolvimento. III.AINFÂNCIADESETEADOZEANOS Aidademédiadeseteanos,quecoincidecomocomeçodaescolari- dadedacriança,propriamentedita,marcaumamodificaçãodecisivano desenvolvimentomental.Emcadaumdosaspectoscomplexosdavida psíquica,quersetratedainteligênciaoudavidaafetiva,dasrelaçõessociais oudaatividadepropriamenteindividual,observa-seoaparecimentode formasdeorganizaçõesnovas,quecompletamasconstruçõesesboçadasno decorrerdoperíodoprecedente,assegurando-lhesumequilíbriomaisestável equetambéminauguramumasérieininterruptadenovasconstruções. Seguiremos,paranosguiarnestelabirinto,amesmamarchaque anteriormente,partindodaaçãoglobaltantoindividualcomosocial,anali- sando,emseguida,osaspectosintelectuaisedepoisafetivosdestedesenvol- vimento. A.Osprogressosdacondutaedasocialização Quandosevisitamasdiversasclassesemumcolégio"ativo",ondeé dadaàscriançasaliberdadedetrabalhartantoemgruposcomoisoladamente edefalarduranteotrabalho,fica-sesurpresocomadiferençaentreosmeios 40 escolaressuperioresaseteanoseasclassesinferiores.Nospequenos,nãose conseguedistinguircomnitidezaatividadeprivadadafeitaemcolaboração. As_criançasfalam,masnãopodemossaberseseescutam.Aconteceque váriosscdediquemaomesmotrabalho,masnãosabemosserealmenteexiste ajudamútua.Observandoosmaiores,emseguida,fica-sesurpreendidopor umduploprogresso:concentraçãoindividual,quandoosujeitotrabalha sozinho,ecolaboraçãoefetivaquandohávidacomum.Ora,estesdois aspectosdaatividadejnjejejniciamporvoltadeseteanossão,naverdade, complementareseresultamdasmesmascausas.Sãodetalmodosolidários que,àprimeiravista,édifícildizerseéporqueacriançasetornoucapazde umacertareflexãoqueconseguecoordenarsuasaçõescomasdosoutros, ouseéoprogressodasocializaçãoquefazcomqueopensamentoseja reforçadoporinteriorização. Dopontodevistadasrelaçõesinterindividuais,acriança,depoisdos seteanos,torna-secapazdecooperar,porquenãoconfundemaisseupróprio pontodevistacomodosoutros,dissociando-osmesmoparacoordená-los. Istoévisívelnalinguagementrecrianças.Asdiscussõestornam-sepossíveis, porquecomportamcompreensãoarespeitodospontosdevistado^adyersário eprocuradejustificaçõesouprovasparaaafirmaçãoprópria.Asexplicações mútuasentrecriançassedesenvolvemnoplanodopensamentoenão somentenodaaçãomaterialjAlinguagem"egocêntricaj1desaparecequase totalmenteeospropósitosespontâneosdacriançatestemunham^íeTFj^pTia estruturagramatic^j-a-aecessidadedeconexãoentreasideiasedejustifica^ çãológica. Quantoaocomportamentocoletivodascrianças,constata-sedepois dosseteanosnotávelmudançanasatitudessociaiscomo,porexemplo,no casodosjogoscomregra.Sabeseumabrincadeiracoletiva,comoadasbolas degude,supõeumgrandeevariadonúmeroderegras,sobreomododejogar asbolas,aslocalizações,aordemsucessivadoslançamentos,osdireitosde apropriaçãonocasodeganharetc.Ora,trata-sedeumjogoque,nonosso paíspelomenos,permaneceexclusivamenteinfantileterminanofimda escolaprimária.Todoestecorpoderegras,comajurisprudêncianecessária àsuaaplicação,constituiumainstituiçãoprópriaàscrianças,masquese transmitedegeraçãoemgeraçãocomumaforçadeconservaçãosurpreen- dente.Naprimeirainfância,osjogadoresdequatroaseisanosprocuram imitarosexemplosdosmaisvelhoseobservammesmoalgumasregras;mas cadaumsóconheceumapartedelaseduranteojogonãoseimportacomas regrasdovizinho,quandoesteédamesmaidade.Naverdade,cadaqualjoga àsuamaneira,semcoordenaçãonenhuma.Quandoseperguntaaospequenos 41
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quemganhounoGmdapartida,ficarabastantesurpreendidos,poistodo mundoganhaeganharsignificater-sedivertidobastante.Aocontrário,os jogadoresapartirdeseteanosapresentamumduploprogresso.Semconhecer aindadecoFtodasasregrasdojogoasseguram-se,aomenos,daunidade dasregrasadmitidasduranteumamesmapartidaesecontrolamunsaos outros,demodoamanteraigualdadefrenteaumaleiúnica.Foroutro lado,otermo"ganhar"assumesentidocoletivo:éserbem-sucedido depoisdeumacompetiçãocomregras.Éclaroqueoreconhecimento davitóriadeumjogadorsobreosoutros,assimcomoodireitode ganharasbolasdegudecomorecompensa,supõemdiscussões,bem orientadasedefinitivas. Emestreitaconexãocomosprogressossociais,assiste-seatrans- formaçõesdeaçãoindividual,emquecausaeefeitosseconfundem.O essencialéqueacriançasetornasuscetívelaumcomeçodereflexão.Em vezdascondutasimpulsivasdaprimeirainfância,acompanhadasda crençaimediataedoegocentrismointelectual,acriança,apartirdesete oudeoitoanos,pensaantesdeagir,começando,assim,aconquistadeste processodifícilqueéareflexão.Masumareflexãoéapenasumadelibe- raçãointerior,istoé,umadiscussãoquesetemconsigomesmo,domodo comoseagiriacominterlocutoresouopositoresreaiseexteriores.Pode- seentão,porumlado,dizerqueareflexãoéumacondutasocialde discussãointeriorizada(comoopensamentoquesupõeumalinguagem interior,portantointeriorizada),deacordocomaleigeral,segundoaqual seacabamporaplicarasipróprioascondutasadquiridasemfunçãode outros,ou,poroutrolado,queadiscussãosocializadaéapenasuma reflexãoexteriorizada.Narealidade,talproblema,comotodososanálo- gos,levaàquestãoqualnasceuprimeiro:agalinhaouoovo,jáquetoda condutahumanaéaomesmotemposocialeindividual. Oessencialdestasconstataçõeséque,sobesteduploaspecto,acriança deseteanoscomeçaa^seliberardeseuj^ocerítfísrnr^socialeintelectual, tornando-se,então,capazdenovascoordenações,queserãodamaiorimpojr- Jâncja^tantoparaainteligênciaquantoparaaafetividade.Paraainteligência, trata-sedoiníciodaconstruçãológica,queconstitui,precisamente,osistema derelaçõesquepermiteacoordenaçãodospontosdevistaentresi.Estes pontosdevistasãotantoaquelesquecorrespondemaindivíduosdiferentes, comoaquelescorrespondentesapercepçõesouintuiçõessucessivasdo mesmoindivíduo.Paraaafetividade,omesmosistemadecoordenações sociaiseindividuaisproduzumamoraldecooperaçãoedeautonomia pessoal,emoposiçãoàmoralintuitivadeheteronomiacaracterísticadas 42 crianças.Ora,estenovosistemadevaloresrepresenta,nocampoafetivo,o equivalentedalógicaparaainteligência.Osinstrumentosmentaisquevão permitirestaduplacoordenação,lógicaemoral,sãoconstituídospela operação,notocanteàinteligência,epelavontade,noplanoafetivo.Como veremos,sãoduasrealidadesnovas,muitopróximasumadaoutra,jáque resultamdeumamesmainversãoouconversãodoegocentrismoprimitivo. B.Osprogressosdopensamento Quandoasformasegocêntricasdecausalidadeederepresentaçãodo mundo,ouseja,aquelasmoldadasnaprópriaatividade,começamadeclinar sobainfluênciadosfatoresqueacabamosdever,aparecemnovasformasde explicação,procedentes,emcertosentido,dasanteriores,emboracorrigin- do-as.Ésurpreendenteconstatarque,entreasprimeirasaaparecer,há algumassemelhantesàquelasadoradaspelosgregos,exatamentenaépoca dodeclíniodasexplicaçõesmitológicas. Umadasformasmaissimplesdestasrelaçõesracionaisdecausae efeitoéaexplicaçãoporidentificação.Lembremo-nosdoanimismoe artificialismomisturados,doperíodoprecedente.Nocasodaorigemdos astros(perguntaestranhadesefazeraumacriança,emboraaconteçaque elasprópriasafaçammuitasvezes,espontaneamente),estestiposprimitivos decausalidadelevamadizer,porexemplo,que"osolnasceuporquenós nascemos",eque"elecresceporquenóscrescemos".Ora,comadiminuição desteegocentrismogrosseiro,acriança,emboramantenhaaideiadocresci- mentodosastros,nãoosconsideramaiscomoumaconstruçãohumanaou antropomórfica,e,sim,comocorposnaturais,cujaformaçãoparecemais clara,àprimeiravista.Assiméqueosolealuasaíramdasnuvens,são pedacinhosdenuvemincandescentesquesedesenvolveram(e"asluas"se desenvolvemclaramenteaosnossosolhos!).Asprópriasnuvensprovêmda fumaçaoudoar.Aspedrassãoformadasdeterra,eestadaáguaetc. Finalmente,quandoestescorposnãotêmmaisumcrescimentoàsemelhança dosseresvivos,estasfiliaçõesaparecemparaacriançanãomaiscomo processodeordembiológica,mascomotransmutaçõespropriamenteditas. Nota-se,comfrequência,arelaçãoentreestesfatoseaexplicaçãopor reduçãodasmatériasumasàsoutras,emvoganaescoladeMileto(embora a"natureza"ouphysisdascoisasfosse,paraestesfilósofos,umaespéciede crescimento,eoseu"hilozoísmo"nãoestivesselongedoanimismoinfantil). Emqueconsistemestesprimeirostiposdeexplicação?Devemos admitirque,nascrianças,oanimismodálugaraumaespéciedecausalidade, fundadanoprincípiodeidentidade,comoseestecélebreprincípiológico 43
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dominassearazão,comocertosfilósofosnosquiseramfazeracreditar? Certamente,hánessesdesenvolvimentosaprovadequeaassimilação egocêntrica(princípiodoanimismo,finalismoeartificialismo)estáemvias desetransformaremassimilaçãoracional,istoé,emestruturaçãodareali- dadepelaprópriarazão,sendoestaassimilaçãoracionalbemmaiscomplexa queumaidentificaçãopuraesimples. Masse,emvezdeseguirascriançasnassuasperguntasarespeito destasrealidadesafastadasouimpossíveisdemanipular,comoosastros,as montanhasouaságuas,sobreasquaisopensamentosópodepermanecer verbal,selheperguntarmossobrefatostangíveisepalpáveis,maiores surpresasnosestãoreservadas.Descobre-seque,desdeosseteanos,acriança setornacapazdeconstruirexplicaçõesatomísticas,istonaépocaemque começaasabercontar.Continuandocomanossacomparaçãoinicial,lem- bremo-nosdequeosgregosinventaramoatomismo,logodepoisdeterem especuladosobreatransmutaçãodassubstâncias.Observemos,sobretudo, queoprimeirodosatomistasfoisemdúvidaPitágoras,queacreditavana composiçãodoscorposnabasedenúmerosmateriais,oupontosdescontí- nuosdasubstância.Commuitopoucasexceções(que,noentanto,existem), acriançanãogeneraliza,diferindodosfilósofosgregosnamedidaemque1 nãoconstróisistema.Mas,quandoaexperiênciasepresta,elarecorreaum atomismoexplícitoeatébastanteracional. Aexperiênciamaissimplesaesserespeitoconsisteemapresentarà criançadoiscoposdeáguadeformassemelhantesedimensõesiguais,cheios/ atéunstrêsquartos.Emumdelesjogamosdoispedaçosdeaçúcar,pergun- tando,antes,seaáguavaisubir.Umavezimersooaçúcar,constata-seonovo nívelepesam-seosdoiscopos,demodóarealçarqueaáguacontendoo açúcarpesamaisqueaoutra.Pergunta-se,então,enquantooaçúcarse dissolve:Io.se,umavezdissolvido,aindaficaráalgumacoisanaágua;2o. seopesoficarámaiorouigualaodaáguaclaraepura;3o.seoníveldaágua açucaradaabaixaráatéseigualarcomodooutrocopo,ousepermanecerá comoestá.Pergunta-seoporquêdetodasasafirmaçõesdacriançae,depois, terminadaadissolução,retoma-seaconversa,apósconstatarapermanência dopesoevolume(donível)daáguaaçucarada.Asreaçõesobservadasnas diferentesidadesforamextremamenteclaras;aordemdesucessãofoitão regular,quesepodeextrairdestasperguntasconsideraçõesdiagnosticaspara oestudodosatrasosmentais.Primeiramente,osmenoresdeseteanosnegam, emgeral,qualquerconservaçãodoaçúcardissolvido,eafortioridopesoe dovolumeaeleligados.Paraeles,ofatodeoaçúcarderreterimplicasua totalexterminaçãoe,portanto,nasuadesapariçãodarealidade.Segundoos mesmossujeitos,permaneceogostodeáguacomaçúcar,masvaidesapare- ceremalgumashorasoudias,comoumodor,ou,maisexatamente,como umasombraatrasada,destinadaaonada.Porvoltadeseteanos,aocontrário, oaçúcarderretidopermanecenaágua,istoé,existeumaconservaçãoda substância.Mas,sobqueforma?Paracertossujeitos,setransformaem águaouseliquefazemumxaropequesemisturaiágua:éaexplicação portransmutaçãodequefalamosacima.Mas,paraosmaisadiantados, aconteceoutracoisa.Vê-se,dizacriança,opedaçoquesedesfazem "pedacinhos"duranteadissolução.Bastaadmitir,então,queestes"peda- cinhos"setornamcadavezmenores,parasecompreenderqueexistem naáguasobformade"bolinhas"invisíveis."Éistoquedáogosto açucarado",acrescentamossujeitos.Oatomismo,então,nasceusoba formadeuma"metafísicadapoeira"oudopó,comodisseumfilósofo francês.Maséumatomismoaindaqualitativo,jáqueestas"bolinhas" nãotêmnempesonemvolume,equeacriançaesperaodesaparecimento doprimeiroeabaixadoníveldaáguadepoisdadissolução.Nocursode umaetapaseguinte,cujaapariçãoseobservaporvoltadenoveanos,a criançafazomesmoraciocínio,notocanteàsubstância,masacrescenta umprogressoessencial.Cadaumadasbolinhasteráseupesoe,somando todosestespesosparciais,vai-seencontraropesodosdoispedaços imersosinicialmente.Poroutrolado,emborasejacapazesdeumaexpli- caçãotãosutilparaafirmaraprioriaconservaçãodopeso,falhampara ovolumeeesperamqueoníveldaáguadiminuadepoisdadissolução. Finalmente,porvoltadeonzeadozeanos,acriançageneralizaseu esquemaexplicativoparaoprópriovolume,edeclaraqueasbolinhas ocupamcadaumaumlugar,sendoasomadosespaçosigualàdospedaços imersos,demaneiraqueonívelnãodesçamais. Assiméoatomismoinfantil.Estenãoéoúnicoexemplo.Asmesmas explicaçõessãoobtidasemsentidoinverso,quandosefazdilatar,frentea umacriança,umgrãodemilhoamericanocolocadosobreumachapaquente. Paraosmenores,asubstânciaaumenta;aosseteanos,conserva-sesem crescer,masinchaeopesomuda;denoveadezanos,opesoseconserva, masnuncaovolume;eporvoltadedozeanos,comoafarinhaécomposta degrãosinvisíveis,devolumeconstante,estesgrãosseafastamsimplesmen- teunsdosoutrosseparadospeloarquente. Esteatomismoédignodenota,nãotantopelarepresentaçãodos grânulos,sugeridapelaexperiênciadopóoudafarinha,masemfunçãodo processodedutivodecomposiçãoquerevela.Otodoéexplicadopela composiçãodaspartes,eestasupõe,então,operaçõesreaisdesegmentação 4445
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oudivisãoe,inversamente,dereuniãoouadição,assimcomodeslocamentos porconcentraçãoouafastamento(semprecomonospré-socráticos!).Além disso,supõe,sobretudo,verdadeirosprincípiosdeconservação,oquetorna evidentequeasoperaçõesemjogosãogrupadasemsistemasfechadose coerentes,cujasconservaçõesrepresentamas"invariantes". Asnoçõesdepermanência,cujaprimeiramanifestaçãoacabamosde constatar,sãosucessivamenteasdasubstância,pesoevolume.Ora,éfácil encontrá-lasemoutrasexperiências.Porexemplo,dá-seàcriançaduasbolinhas demassaparamodelar,demesmotamanhoepeso.Umaélogodeformadaem panqueca,emsalsichaoucortadaempedaços.Antesdeseteanos,acriança admiteaconstânciadamatériaemjogo,acreditandoaindanavariaçãodasoutras qualidades;porvoltadenoveanos,reconheceaconservaçãodopeso,masnão adovolume;e,porvoltadeonze-dozeanos,adovolume(pordeslocamentos donível,nocasodeimersãodeobjetosemdoiscoposdeágua).Sobretudo,é fácilmostrarque,desdeosseteanos,sãoadquiridossucessivamenteoutros princípiosquefaltavamcompletamentenospequenos.Estesmarcambemo desenvolvimentodopensamento:aconservaçãodoscomprimentos,nocasode deformaçãodoscaminhospercorridos,conservaçãodassuperfícies,dosconjun- tosdescontínuosetc.Estasnoçõesdeinvariânciasãooequivalente,noplanodo pensamento,daquiloquevimosacimacomrespeitoàconstruçãosenso-motora doesquemado"objeto",invariantepráticadaação. Como,então,seelaboramestasnoçõesdeconservação,quedife- renciamtãoprofundamenteopensamentodasegundainfânciadaquele anterioraseteanos?Exatamenteàsemelhançadopróprioatomismoou, parafalardemaneiramaisgenérica,comoexplicaçãocausalporcompo- siçãopartitiva.Resultam,portanto,deumjogodeoperações,coordenadas entresiemsistemasdeconjuntos,ecujapropriedademaisnotável,em oposiçãoaopensamentointuitivodaprimeirainfância,éadeserem reversíveis.Comefeito,averdadeirarazão,quelevaascriançasdeste períodoaadmitiraconservaçãodeumasubstância,oudeumpesoetc, nãoéaidentidade(osmenoresvêemtãobemquantoosgrandesque"não setirounemacrescentounada"),mas,sim,apossibilidadederetorno vigorosoaopontodepartida.Assimsendo,apanquecapesatantoquanto abola,dizemeles,porquevocêpodefazerumabolacomapanqueca. Veremos,maisadiante,asignificaçãoverdadeiradestasoperações,cujo resultadoé,portanto,corrigiraintuiçãoperceptiva,vítima,sempre,das ilusõesmomentânease,porconsequência,de"descentralizar"oegocen- trismo,seassimsepodedizer,paratransformarasrelaçõesimediatasem umsistemacoerentederelaçõesobjetivas. 46 Mas,antes,assinalemosaindaasgrandesconquistasdopensamento assim(tansformado:asdetempo(ecomeleodevelocidadeeespaço),além dacausalidadeenoçõesdeconservação,comoesquemasgeraisdopensa- mento,enãomais,simplesmente,comoesquemasdeaçãoouintuição. Odesenvolvimentodasnoçõesdetempoduranteaevoluçãomental dacriançalevantaosproblemasmaiscuriosos,emconexãocomasperguntas colocadaspelaciênciamaismoderna.Éclaroque,emqualqueridade,a criançasaberádizerqueummóvel,quepercorreocaminhoABC...,estava emA"antes"deestaremBouC,equeleva"maistempo"parapercorrero trajetoACqueoAB.Porém,émaisoumenosaistoqueselimitamas intuiçõestemporaisdaprimeirainfância,esesecomparardoismóveis,um còmooutro,segundocaminhosparalelos,mascomvelocidadesdiferentes, constata-se:Io.osmenoresnãotêmaintuiçãodasimultaneidadedospontos dechegada,poisnãocompreendemaexistênciadeumtempocomumaos doismovimentos;2o.elesnãotêmaintuiçãodaigualdadedosdoisintervalos sincrônicos,eistopelamesmarazão;3".elesnãorelacionamosintervalose assucessões:admitemqueummeninoXémaisjovemqueumY,por exemplo,emboranãoconcluamqueosegundo,necessariamente,nasceu "depois"dooutro.Comoseforma,então,otempo?Porcoordenaçõesde operaçõesanálogasàquelasqueacabamdeserestudadas:osacontecimentos serãocolocadosemordemdesucessãodeumlado,esimultaneidadedas duraçõesconcebidascomointervalosentreestesacontecimentos,ficandoos doissistemas,então,coerentes,jáqueligadosentresi. Quantoàvelocidade,ospequenostêm,emtodasasidades,aintuição correiadequeummóvelultrapassaoutroporquevaimaisrápido.Mas,basta quenãohajamaisultrapassagemvisível(escondendoosmóveissobtúneis dediferentestamanhosoutornandoaspistasdiferentes,circulareseconcên- tricas)paraqueaintuiçãodevelocidadesejafalseada.Anoçãoracionalde velocidade,aocontrário,concebidacomoumarelaçãoentretempoeespaço percorrido,seelaboraemconexãocomotempo,porvoltadeoitoanosmais oumenos. Restaaconstruçãodoespaço,cujaimportânciaéimensa,tantoparaa compreensãodasleisdodesenvolvimento,quantoparaasaplicaçõespeda- gógicas,reservadasaestegénerodeestudos.Infelizmente,seconhecemos razoavelmenteodesenvolvimentodestanoção,sobaformadeesquema prático,duranteosdoisprimeirosanos,oestadodaspesquisasrelativasà geometriaespontâneadacriançaestálongedeestartãoavançadoquanto paraasnoçõesprecedentes.Tudoquepodeserditoéqueasideiasfunda- mentaisdeordem,continuidade,distância,comprimento,medidaetc,na 47
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pequenainfância,sódãolugaraintuições,extremamentelimitadasedefor- madas.Oespaçoprimitivonãoéhomogéneo,nemisótropo(apresenta dimensõesprivilegiadas),nemcontínuoetc.Sobretudo,estácentradono sujeito,emvezdeserrepresentávelsobqualquerpontodevista.É,denovo, depoisdosseteanosqueumespaçoracionalcomeçaaseconstruir,eistose fazpormeiodasmesmasoperaçõesgerais,cujaformação,propriamentedita, vamosagoraestudar. C.Asoperaçõesracionais As.operaçõesdopensamento,depoisdosseteanos,correspondemà intuição,queéaformasuperiordeequilíbrioqueopensamentoatingena primeirainfância.Éporestemotivoqueonúcleooperatóriodainteligência mereceumexamedetalhado,jáqueseuestudoforneceachavedeumaparte essencialdodesenvolvimentomental. Convém,primeiramente,notarqueanoçãodeoperaçãoseaplicaa realidadesbemdiversas,emborabemdefinidas.Existemoperaçõeslógicas, comoasquecompuseramumsistemadeconceitosouclasses(reuniãode indivíduos)ouderelações;operaçõesaritméticas(adição,multiplicação etc),eseusinversos;operaçõesgeométricas(seções,deslocamentosetc); temporais(seriaçãodosacontecimentos,e,portanto,desuassucessões,e simultaneidadedeintervalos),mecânicas,físicasetc.Umaoperaçãoéentão, psicologicamente,umaaçãoqualquer(reunirindivíduosouunidadesnumé- ricas,deslocaretc),cujaorigemésempremotora,perceptivaouintuitiva. Estasações,quesão,nopontodepartida,operações,têm,assim,elas próprias,porraízes,esquemassenso-motores,experiênciasafetivasoumen- tais(intuitivas),constituindo,antesdesetornaremoperatórias,matéria mesmadainteligênciasenso-motorae,depois,daintuição.Mas,comose explicaapassagemdasintuiçõesparaasoperações?Asprimeirassetrans- formamnassegundas,desdequeconstituamsistemasdeconjuntos,ao mesmotempo,passíveisdecomposiçãoerevisão.Ou,melhor,demaneira geral,asaçõestornam-seoperatórias,logoqueduasaçõesdomesmogénero possamcomporumaterceira,quepertenceaindaaestegénero,edesdeque estasdiversasaçõespossamserinvertidas.Assiméqueaaçãodereunir (adiçãológicaouadiçãoaritmética)éumaoperação,porqueváriasreuniões sucessivasequivalemaumasóreunião(composiçãodasadições)eas reuniõespodemserinvertidasemdissociações(subtração). Ora,éimportanteconstatarque,porvoltadeseteanos,seconstitui, precisamente,todaumasériedestessistemasdeconjunto,quetransformam asintuiçõesemoperaçõesdetodasasespécies.Éoqueexplicaastransfor- 48 maçõesdopensamento,analisadasacima.Sobretudo,ésurpreendentever comoestessistemas,porumaespéciedeorganizaçãototaleàsvezesmuito rápida,seconstituemsempreemfunçãodatotalidadedasoperaçõesdo mesmogénero,nãoexistindonenhumaoperaçãoemestadodeisolamento. Porexemplo,umconceitoouumaclasselógica(reuniãodeindivíduos)não seconstróiisoladamente,masnecessariamentenointeriordeumaclassifi- caçãodeconjunto,doqualrepresentaumaparte.Umarelaçãológicade família(irmão,tioetc.)sóécompreendidaemfunçãodeumconjuntode relaçõesanálogas,cujatotalidadeconstituiumsistemadeparentesco.Os númerosnãoaparecemcomoindependentesunsdosoutros(3,10,2,5etc.) esósãotomadoscomoelementosdeumasérieordenada1,2,3...etc.Os valoressóexistem,portanto,emfunçãodeumsistematotalou"escalade valores".Umarelaçãoassimétrica,comoBC,sóéinteligívelquandorela- cionadacomumaseriaçãodeconjuntopossível:OABCD...etc.Aindamais importanteéofatodeossistemasdeconjuntosóseformaremnopensamento dacriançaemconexãocomumareversibilidadeprecisadasoperações, adquirindo,assim,umaestruturadefinidaeacabada. UmexemploespecialmenteclaroéodaseriaçãoqualitativaABC... etc.Emtodasasidades,umacriançasaberádistinguirdoisbastõespelo comprimentoejulgarqueoelementoBémaiorqueoA.Mas,naprimeira infância,istoéapenasumarelaçãoperceptivaouintuitiva,enãooperação lógica.Comefeito,sesemostraprimeiroAB,depoisosdoisbastõesBC, escondendoAsobamesa,eseperguntaseA(quehavíamoscomparadoa B)émaioroumenorqueC(queestásobreamesacomB),acriançaserecusa aconcluir(contantoque,naturalmente,asdiferençasnãosejammuito grandesenãosubsistamnamemória,ligadasàsimagens-lembranças)epede paravê-losjuntos,poisnãosabededuzirAC,deABedeBC.Quandosaberá efetuarestadedução?Somentequandosouberconstruirumasérieouescala debastõessobreamesae,coisacuriosa,elasnãooconseguemantesdosseis ouseteanos.Éevidenteque,desdecedo,saberáordenarosbastõesde comprimentosdiferentes,porém,limita-se,então,aarrumá-losemformade escada,istoé,deumafiguraperceptiva.Poroutrolado,seoscomprimentos diferempouco,tomando-senecessáriocompararoselementosdoisadois paraordená-los,começaráentãoporenfileirá-losaospares:CE;AC;BD etc,semcoordená-losentresi.Depois,fazpequenassériesdetrêsouquatro elementos,massempresemcoordená-losentresi.Emseguida,conseguea sériecompleta,masportentativas,esemsaberintercalarnovoselementos distintos,umavezconstruídaasérietoda.Finalmente,porvoltadosseisanos emeioousete,descobreummétodooperatório,queconsisteemprocurar 49
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