O artigo analisa o desempenho técnico individual de jogadores de basquete nas posições de armador, ala e pivô nos Jogos Olímpicos de 2008. Os pivôs tiveram as melhores médias de pontos e rebotes, enquanto os armadores se destacaram em assistências. A análise pode auxiliar treinadores a entender melhor o rendimento de seus times.
1. Volume 1 | N° 2 | DEZEMBRO /2012
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
2. SUMÁRIO
Editorial
Álvaro Flávio Guimarães 4
Desempenho técnico individual no basquetebol masculino: relação
entre posições específicas, classificação das equipes e indicadores
6
do jogo
Dante de Rose Júnior
O treino metabólico de jogadores de basquetebol: ênfase nos
componentes aeróbios e anaeróbios
11
Fabrício Boscolo Del Vecchio
A psicologia do esporte e o basquetebol
Sílvia Regina Deschamps 17
Massagem esportiva: muito mais que uma opção
Claudio Maradei 25
Há sucesso esportivo sem sustentabilidade econômica?
Jorge Eduardo Scarpin 29
A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo bra-
sileiro
34
Viviane Peres
Macedônia: o treinador invisível
por Miguel Panadés (Tradução de Mário Brauner) 37
Mundial Masculino Sub-19 e Universíade de Shanzen 2011
Walter Roese 40
ENTREVISTA: Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais Pau-Lacq-
Orthez (FRA)
46
Álvaro Flávio Guimarães
Coluna Eu fui! ... Para a Argentina estudar basquete!
Álvaro Guimarães 50
Jogo das Estrelas 2012: a hora da verdade
Álvaro F. Guimarães 56
Posfácio: erros que nos ajudam a crescer
Carlos Alex Soares 58
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 |
3. CLUBE DE REGATAS FLAMENGO
CAMPEÃO DA LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 3
4. EDITORIAL
Álvaro Flavio Guimaraes
A Revista Mais Basquete está de de educação física e massagista da Se-
volta. Em sua segunda edição apresenta leção Brasileira Cláudio Maradei assina
a seus leitores uma série de artigos que o artigo Massagem Esportiva: Muito
abordam os mais diferentes ângulos des- Mais do que Uma Opção no qual revela
te esporte que a todos nós fascina e como o trabalho do massagista influen-
apaixona. cia no preparo físico e resistência dos
O basquetebol internacional é cer- jogadores.
cado de uma cobertura midiática fantásti- Este segundo número da Mais Bas-
ca que transforma jogadores e treinado- quete traz, ainda, análise do professor
res em estrelas, faz seus nomes ficarem Carlos Alex Soares sobre a influência do
gravados na memória dos fãs e reserva basquete universitário brasileiro na for-
lugar de destaque aos gigantes do es- mação de técnicos e jogadores.
porte. Mas às vezes a história é escrita A partir da próxima página você en-
pelos “nanicos”. Este é o tema de Mace- contra isso tudo e muito mais.
dônia: o treinador invisível, artigo assi-
nado por Miguél Panadés e traduzido Então está esperando o quê?
com maestria por Mário Brauner para a Boa Leitura!
Revista Mais Basquete.
Também nesta edição o coordena-
dor pedagógico da Escola Nacional de
Treinadores de Basquetebol, Dante de
Rose Júnior e a pesquisadora Liz Imyrá
Oliveira mostram como a análise estatís-
tica do desempenho técnico individual a
partir da relação entre posições específi-
cas, classificação das equipes e indica-
dores de jogo podem auxiliar treinadores
a entender melhor o rendimento de seus
times.
Em A Psicologia do Esporte e o
Basquetebol, a psicóloga Sílvia Des-
champs mostra como a intervenção psi-
cológica pode garantir melhores resulta-
dos dentro das quadras. Já o professor
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 4
5. BAURU
LIGA DE DESENVOLVIMENTO OLÍMPICO 2011
PAULISTANO
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 5
6. DESEMPENHO TÉCNICO INDIVIDUAL NO
BASQUETEBOL MASCULINO: RELAÇÃO ENTRE
POSIÇÕES ESPECÍFICAS, CLASSIFICAÇÃO DAS
EQUIPES E INDICADORES DE JOGO
Dante de Rose Junior & Liz Imyra Oliveira
Introdução táticas de uma partida e represen-
tam as situações ou ocorrências
Muitos estudos no basquetebol
mensuráveis como por exemplo:
são baseados na análise técnica de
número e percentual de arremessos
desempenho, através de dados es-
(certos ou errados), faltas cometi-
tatísticos dos jogos que são divul-
das, bolas recuperadas, incidência
gados nos sites oficiais das entida-
de algum tipo de ataque, rebote ob-
des que realizam os campeonatos.
tidos, entre outros.
Segundo De Rose Jr. et al
Levando em consideração a ne-
(2005) a analise estatística baseia-
cessidade de se ter um referencial
se na coleta e a interpretação de
baseado em um dos principais
dados obtidos nas ocorrências do
eventos de basquetebol realizado
jogo, dando-lhes significado para
no mundo, o presente estudo teve
possíveis interferências individuais e
como objetivo determinar o perfil
coletivas. Para esta análise são con-
de desempenho técnico individual
siderados os indicadores de jogo.
dos atletas de equipes adultas mas-
Esses indicadores são, segundo
culinas no torneio de basquetebol
Sampaio (1999), um conjunto refe-
dos
rencial das principais ações técnico-
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 6
7. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
POSIÇÕES n M PTS REB ASS BR BP
18,9 6,9 2,2 1,7 0,8 1,5
Armadores 56
(6,8) (3,8) (0,9) (1,0) (0,5) (0,7)
15,7 5,9 2,7 0,7 0,7 1,1
Laterais 47
(7,3) (4,0) (2,6) (0,4) (0,6) (0,9)
18,5 8,3 (4,2) 0,8 0,6 1,4
Pivôs 41
(6,8) (4,1) (1,8) (0,6) (0,4) (0,7)
Tabela 1: Médias e Desvios Padrão dos indicadores de jogo dos atletas, por posição específica
Para a definição do perfil téc- por jogo
nico foram utilizados os dados ofici- A análise estatística do pre-
ais da Federação Internacional de sente estudo foi realizada da se-
Basketball (FIBA), disponíveis no guinte maneira:
site www.fiba.com.
Médias e desvios padrão de ca-
Os indicadores de jogo utiliza- da indicador de jogo, em cada
dos na pesquisa foram os seguin- posição específica para o esta-
tes: belecimento do perfil do atleta,
M/j: média de minuto jogador em função do número diferente
por jogo de jogos das equipes e dos
próprios atletas.
PTS/j: média de pontos con-
vertidos por jogo
REB/j: média de rebotes por Resultados
jogo
A partir das análises realiza-
ASS/j: média de assistências das a amostra foi composta por 56
por jogo armadores, 47 alas e 41 pivôs.
BR/j: média de bolas recupera- As médias e desvios padrão de
das por jogo cada indicador de jogo analisado
BP/j: média de bolas perdidas para cada posição específica são
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 7
8. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
apresentados na tabela 1. diferem de outros estudos já reali-
zados e que, de certa forma, confir-
Conclusão
mam as definições que são estipu-
Os resultados mostram clara- ladas para cada uma das posições.
mente que nos Jogos Olímpicos de
Esses resultados também podem
Beijing, 2008:
servir de referência para que técni-
Os armadores e os pivôs tive- cos e jogadores possam estipular
ram a maior média de tempo objetivos de desempenho em trei-
de quadra; namentos e jogos.
Os pivôs tiveram as melhores
médias de pontos convertidos
Referências Bibliográficas
e rebotes;
De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As-
Os armadores tiveram as me- sumpção, R. M. Análise estatísti-
lhores médias em assistências; ca de jogo. In: De Rose Junior.
D.; Tricoli, V. (eds). Basquete-
Os armadores e os pivôs são
bol: uma visão integrada entre a
os jogadores com as maiores ciência e prática. Barueri-SP:
médias de bolas perdidas; Malole, 2005. Cap.7
Não houve praticamente dife- Ferreira, A.E.X.; De Rose Jr., D.
renças nas médias de bolas re- Basquetebol: técnicas e táticas.
cuperadas entre as três posi- Uma abordagem didático –
pedagógica. São Paulo: EPU,
ções.
2010.
Evidentemente que esses re- FIBA – site oficial, www.fiba.com
sultados devem ser analisados em
um contexto não só técnico. As
Leituras complementares — es-
questões táticas também deveriam tudos similares
ser exploradas para que se pudesse
De Rose Jr, D.; Gaspar, A.B. & As-
ter uma ideia da organização tática sumpção, R. M. Analise Esta-
das equipes, pois essa organização tística do Campeonato Paulis-
poderia determinar o comporta- ta de Basquetebol Masculino:
mento técnico dos jogadores em comparação entre 2001 e 2002;
função de suas posições específi- Federação Paulista de Basquete-
bol, 2003. Disponível em:
cas.
(www.fpb.com.br)
Analisando-se estritamente
pela questão estatística, conclui-se
que os resultados encontrados não
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 8
9. ROSE JÚNIOR, Dante; OLIVEIRA, Liz Imyrá. Desempenho técni-
co individual no basquetebol masculino: relação entre Posi-
ções especificas, classificação das equipes e indicadores de
jogo. . Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
De Rose Jr, D.; Tavares, A. C. Ortega, E.; Cardenas, D.; Sainz de
&Gitti, V. Perfil Técnico de joga- Baranda, P.; Palao,J.M. Differen-
dores brasileiros de basquetebol: ces in competitive participation
Relação entre os indicadores de according to player’s position in
jogo e posições especificas. Re- formative basketball. Journal of
vista brasileira de Educação Human Movement Studies, 50,
Física e Esporte, 2004. 103,122, 2006.
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e Movimento, 12(4): 19-24, ción Física Y Deportes-Revista
2004. Digital, 3, 11, 1999
DANTE DE ROSE JÚNIOR
Licenciado em Educação Física pela Escola de Educação Física da Universidade de
São Paulo (USP), em 1974, possui doutorado em Psicologia Social pelo Instituto
de Psicologia da USP, em 1996. Atualmente é professor titular da Universidade de
São Paulo. Atuou por 28 anos na Escola de Educação Física e Esporte da USP. Di-
retor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo de
janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Professor do Curso de Ciências da Atividade Físi-
ca da EACH-USP. Tem experiência na área de Educação Física e Esporte, atuando
principalmente nos seguintes temas: basquetebol, análise de jogo esporte infantil,
stress esportivo e psicologia do esporte. Coordenador Pedagógico da Escola Nacio-
nal de Treinadores de Basquetebol
LIZ IMYRÁ OLIVEIRA
Aluna do curso de Ciências da Atividade Física da EACH-USP, mesária de basketball
da Federação Paulista de Basketball (FPB), Bolsista de Iniciação Científica orientada
pelo Prof. Dante de Rose Júnior neste artigo, tem interesse na psicologia do esporte
e atividade física
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 9
10. Liga de Desenvolvimento Olímpico (LDO) ou NBB Sub-21: palestra de
abertura do Grupo A, em 08/10/2011, São Sebastião do Paraíso-MG.
Bola ao Alto Histórico: primeiro
jogo da LDO/2011: Vivo/Franca
75 x 58 Tijuca Tênis Clube, dia
08/10, as 14h.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 10
11. O TREINO METABÓLICO DE JOGADORES DE
BASQUETEBOL: ÊNFASE NOS COMPONENTES
AERÓBIOS E ANAERÓBIOS
Fabrício Boscolo Del Vecchio
passado (Vecchio, 2011), mas com
No artigo passado, buscou-se
a inserção da mesma em suas reali-
apresentar evidências objetivas de
zações.
que o basquetebol é modalidade es-
portiva que detém predominância Brevemente, após aquecimento
energética aeróbia, mas com algu- adequado, pode-se executar a se-
ma solicitação láctica na sua expres- guinte atividade:
são competitiva (Stone & Kilding,
2009; Abdelkrim, Fazaa, & Ati,
2007). Na última coluna, foram da-
1. Saída em baixa intensidade do
dos exemplos de exercícios aeróbios
fundo da quadra;
intermitentes sem o emprego de bo-
las. Técnicos e treinadores devem 2. Ao chegar no canto, Sprint
com bola em alta intensidade;
ter em mente que, além das situa-
ções previamente indicadas, jogado- 3. Sprint de alta intensidade com
res necessitam realizar treinos de controle de bola;
alta intensidade com o emprego da 4. No meio da quadra, realizar
bola. passe em direção ao ataque;
5. Correr em baixa intensidade
Não há deslocamentos com ve- na diagonal;
locidade elevada apenas sem o do-
mínio da bola e, portanto, os ata- 6. Realizar Sprint até o final da
quadra;
ques, infiltrações e jogadas preci-
sam ser realizadas de modo mais 7. Com bola, corrida de alta in-
tensidade na linha de 3ptos;
específico possível. Neste contexto,
o treino aeróbio com bola seguiria 8. No centro, arremessar;
os mesmos pressupostos do artigo
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 11
12. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
9. Deslocamento veloz até lance rando a relação de Esforço:Pausa
livre e arremessar; (E:P), pode-se ter um bloco de es-
10. Deslocamento veloz até diago- forço para o mesmo bloco de pausa
nal e arremessa; (1:2), ou seja, caso o jogador cum-
11. Voltar por fora, pelo maior ca- pra todo o percurso em quarenta
minho em baixa intensidade/ segundos, ele descansará quarenta
caminhada.
segundos. Pode-se organizar a rela-
Na atividade acima, o trabalho ção inversa, 40 segundos de esfor-
é feito de diferentes modos. Explo- ço por 20 segundos de pausa (2:1),
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 12
13. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
ou até 3:1, com esforço durando 45 Kuhnle, & et al, 2009).
segundos e a recuperação com 15 Por outro lado, caso o interes-
segundos. Mesmo com esforços de
se do treinador seja organizar es-
alta intensidade, e pausas interca- forços anaeróbios, a cena muda
ladas, após duas ou três repetições consideravelmente. A primeira es-
deste esforço, ele já tem predomi- tratégia é ter clareza que o esforço
nância aeróbia (Glaister, 2005). não deve durar mais de 75 segun-
São os “famosos” esforços intermi- dos (Gastin, 2001), pois seria pre-
tentes de alta intensidade que apri- dominantemente aeróbio. Caso du-
moram a capacidade de esforços/ re apenas 30 segundos, se o inter-
sprints repetidos – em inglês, Re- valo de recuperação for de 4 minu-
peated-Sprint Ability(Bishop, Gi-
tos, a partir da terceira série o estí-
rard, & Mendez-Villanueva, 2011). mulo já se torna aeróbio (Trump,
Estas tarefas podem ser orga- Heigenhauser, Putman, & Spriet,
nizadas de modo misto. Investiga- 1996).
ção que fez uso de 10 semanas de
intervenção observou melhoras su- Deste modo, em 1993, um
periores a 4% no tempo de sprint grupo de pesquisadores ingleses
com jogadores que realizaram de 2 observou que 10 sprints com dura-
a 4 séries de jogos em espaços re- ção de 6 segundos e recuperações
duzidos (small-sided games) com de 30 segundos (E:P = 1:5) estres-
duração de 2,5 a 4 min cada “jogo” savam adequadamente o metabo-
e treinamento intervalado, que con- lismo associado à fosfocreatina, re-
sistia de 12 a 24 esforços de 15 se- conhecidamente anaeróbio
gundos entre 105 e 115% do (Gaitanos, Williams, Bobbis, & Bro-
VO2max dos jogadores, numa rela- oks, 1993). Um ano depois, um
ção E:P de 1:1 (Buchheit, Laursen, grupo de japoneses observou que
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 13
14. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
exercícios feitos em intensidades Referências
máximas, com protocolo de 3 a 4 Abdelkrim, N. B., Fazaa, S. E., &
séries de (5 sprints máximos de 8 Ati, J. E. (2007). Time–motion
segundos cada, com descansos de analysis and physiological data of
45 segundos à E:P ~ 1:6) proporci- elite under-19-year-old bas-
onaram aumentos de 21,1% na po- ketball players during competi-
tion. British Journal of Sports
tência anaeróbia de pico em espor-
Medicine, 41(2), pp. 69–75.
tistas intermediários e de 8,1% em
atletas de elite. Bishop, D., Girard, O., & Mendez-
Villanueva, A. (september de
Assim, para garantir que o es- 2011). Repeated-Sprint Ability –
forço de fato seja anaeróbio, neces- Part II. Recommendations for
sita-se que a intensidade do exer- Training. Sports Medicine, 41
cício seja acima de 100% do (9), pp. 741-756.
VO2max, a duração seja breve e a Buchheit, M., Laursen, P., Kuhnle,
recuperação elevada. Quanto maior J., & et al. (2009). Game-based
a recuperação proporcionada, me- training in young elite handball
players. Int J Sports Med, 30
lhor para se inibir a ativação do
(2), pp. 251-258.
metabolismo aeróbio. Neste con-
texto o esforço no basquetebol, po- Gaitanos, G., Williams, C., Bobbis,
L., & Brooks, S. (1993). Human
deria ser de 6 a 8 segundos, como
muscle metabolism during inter-
citado acima. No entanto, caso o mittent maximal exercise. Jour-
treinador queira estender o tempo nal of Applied Physiology, 75
de esforço, para até 20 segundos (2), pp. 712-719.
de alta intensidade, sugerem-se Gastin, P. B. (2001). Energy sys-
períodos superiores a 4 minutos co- tem interaction and relative con-
mo recuperação ativa. Neste tem- tribution during maximal exerci-
po, procedimento interessante ses. Sports Medicine, 31(10),
consta do treinamento de jogadas pp. 725-741.
ensaiadas, posicionamentos táticos, Glaister, M. (2005). Multiple sprint
com esforços realizados em (muito) work: Physyology response, me-
baixa intensidade. chanisms of fatigue and de influ-
ence of aerobic system. Sports
No próximo texto serão trazi- Medicine, 35(9), pp. 757-777.
das informações quanto ao treina-
mento de força e potência para jo-
gadores de basquetebol, não per-
cam!
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 14
15. VECCHIO, Fabrício Boscolo del. O treino metabólico de jogadores
de basquetebol: ênfase nos componentes aeróbios e anaeróbios.
Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
Stone, N. M., & Kilding, A. E. (2009). Aerobic Conditioning for Team Sport
Athletes. Sports Medicine, 39(8), pp. 615-642.
Trump, M. E., Heigenhauser, J. F., Putman, C. T., & Spriet, L. (1996). Im-
portance of muscle phosphocreatine during intermittent maximal cycling.
Journal of Applied Physiology, 80(5), pp. 1574-1580.
Vecchio, F. (2011). Seria o Basquete um jogo desportivo coletivo aeróbio?
Revista Mais Basquete, 1(1), pp. 17-21.
FABRÍCIO BOSCOLO DEL VECCHIO
Bacharel (2001) e Licenciado (2004) em Educação Física pela UNI-
CAMP, onde também completou seus estudos de mestrado (2005) e
doutorado (2008) em Ciências do Esporte, o professor Fabrício Bos-
colo Del Vecchio circula nos grupos de estudos dos pós-graduações
da FEF-UNICAMP, EEFE-USP e ESEF-UFPel, além de ser membro
da National Strength and Conditioning Association (EUA), do Comitê
Científico do GTT12 - Treinamento Esportivo do CBCE e Moderador
da Comunidade Judô do Centro Esportivo Virtual. Tem experiência
na área de Educação Física, com ênfase em Modalidades de Com-
bate, Treinamento Esportivo e Saúde Coletiva e Atividade Física.
Autor de artigos e livro, também foi preparador físico de lutadores de
Judô, Brazilian Jiu-Jitsu e Taekwondo. Atualmente é Professor da
ESEF-UFPel (Pelotas-RS) onde tem contribuído com a preparação
física de atletas e equipes (lutas e basketball) e conquistado resulta-
dos positivos em competições locais, estaduais e nacionais.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 15
17. A PSICOLOGIA DO ESPORTE E O BASQUETEBOL
Sílvia Regina Deschamps
A
Psicologia do Esporte te para a prática, na forma de inter-
tem buscado sua afir- venção junto a atletas, equipes, co-
mação no meio es- missões técnicas e todo o contexto
portivo, através da participação de das atividades esportivas, principal-
especialistas que têm procurado di- mente no âmbito competitivo de al-
agnosticar, analisar e pesquisar as- to nível.
pectos psicológicos e estabelecer Em alguns países, como Esta-
relações entre eles e as diferentes dos Unidos, Canadá, Austrália e vá-
variáveis que podem interferir no rios da Europa, a intervenção psico-
desempenho de atletas e equipes. lógica é parte integrante do plane-
É inegável que, ao longo das jamento das equipes e a presença
últimas décadas, esse trabalho tem do profissional da psicologia do es-
sido reconhecido, haja vista a quan- porte é tão comum quanto a do téc-
tidade de publicações (em forma de nico, assistente técnico, preparador
livros ou artigos) produzidas em to- físico e médico.
do o mundo. No entanto, pode-se No Brasil, entretanto, essa rea-
considerar que essa evolução, na lidade ainda está distante. A inter-
quantidade e qualidade de produção venção psicológica, via de regra,
na área da psicologia esportiva, ain- não está inserida no programa de
da não é transferida adequadamen- periodização do treinamento, ou
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 17
18. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
seja, no planejamento em lon- cos na performance de atletas e o
go prazo do trabalho realizado pela despreparo emocional e cognitivo
maioria das comissões técnicas de frente às demandas estressantes do
equipes, principalmente as conside- ambiente esportivo. Através da pró-
radas de alto nível. A intervenção pria experiência do mestrado, com
psicológica, normalmente, é lem- o levantamento diagnóstico realiza-
brada somente em momentos de do através de entrevistas e obser-
emergência ou quando o atleta vações, foi possível detectar a falta
apresenta um desempenho inade- que a preparação psicológica fez na
quado e que coloca em risco o re- equipe investigada, pois o fator psi-
sultado positivo de equipe. A inter- cológico foi decisivo nas fases finais
venção, quando ocorre, é feita na do campeonato. Deste modo, fica
forma de palestras motivacionais ainda mais evidente a necessidade
que, às vezes, são ministradas por da inclusão do trabalho psicológico
pessoas não especializadas em no esporte, especialmente nas dife-
psicologia esportiva e que trazem rentes fases do treinamento e das
suas experiências de outras áreas competições.
para tentar resolver as questões de Cada etapa da preparação psi-
forma imediata. cológica deve ser específica, consi-
Essa realidade e a falta de in- derando-se as características e de-
formação sobre a importância do mandas desse público e, também
trabalho psicológico em equipes da modalidade esportiva em foco e
esportivas, ainda são motivos pa- o momento da preparação na qual
ra que haja muita resistência, por se encontra a equipe. O trabalho
parte dos atletas e da comissão deve possuir objetivos claros e bem
técnica com relação à inserção do definidos, sendo essas informações
trabalho psicológico. Muitas vezes, transmitidas aos participantes do
o psicólogo é visto como um con- processo, procedimento este impor-
corrente - e não um aliado -, e é tante para a boa aceitação do psi-
desconsiderado o fato do trabalho cólogo esportivo na equipe.
ser um instrumento auxiliar na bus- O treinamento psicológico no
ca de um melhor rendimento do esporte pode visar ao desenvolvi-
atleta. mento e aperfeiçoamento de vários
Muitos estudos têm comprova- aspectos psicológicos, dentre eles:
do a influência, tanto positiva quan- gerenciamento de stress, estabele-
to negativa, dos aspectos psicológi- cimento de objetivos, aumento da
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 18
19. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
autoconfiança, atenção e concen- do praticante.
tração, autocontrole de ativação e Assim como em outras modali-
relaxamento, utilização de visuali-
dades esportivas, o basquetebol
zação e imagem, estratégias de ro- exige grande concentração, domí-
tinas e competitividade, elevação nio sobre situações causadoras de
de motivação e comprometimento e stress e controle da ansiedade, ele-
manutenção de níveis adequados vados níveis de motivação, defini-
dos estados de humor (tensão, de- ção real de objetivos e conhecimen-
pressão, raiva, vigor, confusão e to das diferentes nuances do jogo
fadiga). No entanto, não se pode (regras, estratégias e variações tá-
deixar de analisar todas essas vari- ticas), além da percepção que o
áveis em função das especificidades
atleta tem de suas próprias condi-
de cada modalidade esportiva, e ções. É preciso que o jogador este-
como elas poderão influenciar ja com a máxima atenção voltada
(positiva ou negativamente) no para a tarefa, obtenha o controle
rendimento dos atletas e das equi- de suas emoções e confie na sua
pes. Portanto, estabelecer relações capacidade de realizá-la. O atleta
entre as variáveis psicológicas e as deve ter autocontrole e não ser le-
variáveis que fazem parte do con- vado por suas emoções quando for
texto da preparação dos atletas necessário tomar decisões.
(físicas, técnicas e táticas) é funda-
mental para que técnicos e atletas Para fazer parte do ambiente
possam estabelecer melhores es- da competição de alto nível, o atle-
tratégias de trabalho e melhorar o ta precisa ser um competidor assí-
desempenho individual e coletivo. duo e dedicado, e, para se desta-
car, deve superar níveis de exigên-
O basquetebol, por ser uma cias técnicas, táticas, físicas e psi-
atividade bastante dinâmica, com cológicas, para que se possa garan-
demandas específicas em relação tir a plena realização de uma car-
ao tempo de realização de algumas reira esportiva (DESCHAMPS,
ações e que proporciona o contato 2002).
constante entre os atletas, exige
deles um alto desenvolvimento de O atleta de alto nível, de acor-
capacidades e habilidades (no pla- do com FERNANDES, MONTEIRO e
nos físicos, técnicos e táticos), for- ARAÚJO (1991) precisa de uma ca-
talecendo ainda mais a importância pacidade esportiva excepcional, que
do equilíbrio emocional e cognitivo será demonstrada através dos re-
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 19
20. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
sultados por ele obtido, exigindo, quatro fatores: habilidade motora;
assim, trabalho planejado e organi- treinamento físico, treinamento
zado, compondo um treinamento mental; desejo ou energia. As per-
especializado com o objetivo de centagens destes quatro fatores
melhorar sua condição física e con- devem variar de atleta para atleta e
sequente alcance e manutenção até com o mesmo atleta de jogo
dos resultados. para jogo. Muitos psicólogos dizem
que é o desejo, a paixão e a ambi-
A competição de alto nível
ção que separa os maiores realiza-
apresenta características peculia-
dores do resto dos competidores,
res, e mesmo que o atleta tenha
até de outros com igual ou mais ta-
participado das categorias de base,
lento (CLARKSON, 1999).
ele não tem a garantia de atingir o
esporte profissional, e, se chegar O esporte é extremamente se-
lá, de conseguir se manter. Muitos letivo, e, para atingir o esporte de
atletas, quando fazem a passagem alto rendimento o atleta já possui
da categoria juvenil para a adulta, um diferencial, além de gostar do
tem muita dificuldade em assimilar que faz, apresenta um perfil de
as cobranças dos diferentes atores personalidade determinado, que o
que participam do processo (inclui- conduza a metas estabelecidas pa-
se, aqui, comissão técnica, patroci- ra conseguir se manter e ainda ob-
nadores, dirigentes, mídia). Ao ter bons resultados. Obviamente
mesmo tempo, existe uma motiva- que o talento é um fator que deve
ção muito forte em se dedicar à ro- ser considerado, embora algumas
tina de treinamento, fazendo-o su- vezes, pelo excesso de autoconfian-
perar os seus limites ao máximo ça, o atleta acaba negligenciando o
para se destacar o mais rapidamen- treinamento, seja no nível tático,
te possível. físico, técnico ou psicológico, e sur-
preende-se perdendo de um adver-
Muitos técnicos acreditam que
sário mais fraco.
o sucesso de um atleta depende de
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 20
21. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
Atingir esse nível de excelên- com KORSAKAS e MARQUES
cia, e nele manter-se, somente se- (2005), o rendimento de um atleta
rá possível através de um sistema ou de uma equipe não é determina-
de treinamento adequado, que pro- do exclusivamente pelas condições
porcione ao atleta aprimorar suas física, técnica e tática. Existe o
qualidades e corrigir suas deficiên- quarto componente, o psicológico,
cias. Segundo DE ROSE JÚNIOR que deve estar presente no plane-
(1999) para ser um atleta de alto jamento de treinamento e competi-
nível há a necessidade de uma ca- tivo das equipes.
pacidade esportiva que se expres- DE ROSE JÚNIOR (2005) afir-
sará pelos resultados obtidos, e es- ma que há diversos aspectos psico-
tes dependem de um trabalho ár-
lógicos que podem se destacar em
duo e planejado rigorosamente, qualquer modalidade esportiva:
num processo de treinamento espe- motivação, ansiedade, stress, per-
cializado. sonalidade, atenção, concentração,
O basquetebol é praticado em liderança, agressividade e coesão
um ambiente de muita instabilida- de grupo, entre outros. Todos esses
de, ou seja, não há grande previsi- fatores podem aparecer isolada-
bilidade dos movimentos em fun- mente ou em conjunto no momento
ção das possibilidades de modifica- de uma competição, ou serem fato-
ção das ações(1) no seu próprio res predisponentes a influenciar o
decorrer. Além disto, os limites im- desempenho dos atletas durante a
postos pelas regras relacionadas a mesma (seja de forma negativa ou
tempo para execução de ações fa- positiva). Esses fatores podem ser
zem com que o jogo seja muito di- mediados por características como:
nâmico e com muitas alternativas. nível de habilidade do atleta, grau
de preparação, tempo de prática,
Essas condições tornam o bas-
experiências anteriores, idade e gê-
quetebol um jogo propenso a mui-
nero.
tos momentos de pressão e tensão
individual, grupal e coletiva (entre No caso do basquetebol, consi-
os companheiros de equipe e entre derando-se que o esporte é pratica-
os adversários). Assim sendo, os do sob uma dinâmica de instabilida-
aspectos psicológicos assumem de ambiental, com pressões deter-
uma grande importância no contex- minadas pelo tempo para a realiza-
to desse esporte, quando praticado ção das ações e que o atleta deve
de forma competitiva. De acordo tomar decisões muito rápidas, seu
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 21
22. DESCHAMPS, Sílvia Regina. A psicologia do esporte e o basquete-
bol. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
foco de atenção é variado e a capa- ações: 24” (tempo máximo de posse de
cidade de antecipar situações é fa- bola para finalizar o ataque – arremes-
tor fundamental para o sucesso das sar à cesta); 8” (tempo máximo para
ações. Esse conjunto de fatores au- uma equipe atacante ultrapassar o
meio da quadra); 5” (tempo máximo
menta a complexidade do esporte e,
para reposição de bola na lateral ou
consequentemente, pode provocar
fundo; tempo máximo de posse de bola
um maior nível de stress, influenci-
que um atleta tem quando recebe mar-
ando na participação dos demais cação próxima e tempo máximo para a
componentes psicológicos no con- execução de lances-livres) e 3” (tempo
texto do desempenho dos atletas. máximo de permanência do atacante,
em posição passiva, na área restritiva
do adversário) Fonte: Regras Oficiais
NOTAS
do Basquetebol – Federação Paulista de
(1) No basquetebol há quatro regras Basketball, 2006.
relacionadas a tempo de execução de
REFERÊNCIAS
CLARKSON, M. Competitive fire. Champaign: Human Kinetics, 1999.
DE ROSE JÚNIOR, D. Situações específicas de “stress” no basquetebol de alto ní-
vel. 1999. Tese (Livre-Docência) – Escola de Educação Física e Esporte da Universidade
de São Paulo, São Paulo.
_____. O estresse no basquetebol. In: DE ROSE JR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Basquete-
bol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, 2005, cap. 10.
DESCHAMPS, S.R. Aspectos psicológicos e suas influências em atletas de voleibol
masculino de alto rendimento. 2002. Dissertação (Mestrado) – Escola de Educação
Física e Esporte da Universidade de São Paulo, São Paulo.
FERNANDES, A.C.; MONTEIRO, L.; ARAÚJO, V. O que se entende por alta competição? Re-
vista Treino Desportivo, Lisboa, n. 20, p.13-21, 1991.
KORSAKAS, P.; MARQUES, J.A.A. A preparação psicológica como componente do treina-
mento esportivo no basquetebol. In: DE ROSE JÚNIOR, D.; TRICOLI, V. (Orgs.) Bas-
quetebol: uma visão integrada entre ciência e prática. Barueri: Manole, cap. 9, 2005.
SÍLVIA DESCHAMPS
Formada em Psicologia (1995) pela UFSC, mestre (2002) e Doutora (2008) em Educação
Física pela USP. Atualmente é professora da UNAERP (Campus Guarujá-SP), pesquisado-
ra nas áreas do esporte e do exercício, tendo experiência em psicoterapia individual e de-
senvolve trabalhos com atletas e equipes de voleibol, triathlon, vôlei de praia, basquetebol,
futsal e futebol. Preparou parte da equipe olímpica brasileira para os Jogos Olímpicos de
Sydney (2000), elaborou a preparação mental do Projeto Olímpico do EC Pinheiros e pres-
ta assessoria e consultoria em psicologia do esporte a equipes esportivas.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 22
25. MASSAGEM ESPORTIVA:
MUITO MAIS QUE UMA OPÇÃO
Claudio Maradei
Há alguns anos atrás, pouco jogadores.
antes de começar um jogo de bas-
Esta pequena história é ape-
quete e como já era costume eu es- nas uma entre outras tantas que
tava massageando os joelhos e as tive a oportunidade de vivenciar em
pernas de um jogador (neste caso meus quase trinta anos como mas-
um atleta que durante anos serviu a sagista, sendo que desses, mais de
seleção brasileira), quando um mé- quinze dedicados ao basquete.
dico parou atrás da grade e ficou
observando meu trabalho. Jogador Infelizmente ainda hoje é
liberado, o médico me pergunta o muito pequeno o número de artigos
que eu estava fazendo e segue a científicos destinados a entender e
seguinte conversa: analisar cientificamente os benefí-
cios de uma massagem sobre o or-
– Massageando joelhos e pernas ganismo e, cabe a nós profissionais,
com estes cremes para deixar a buscar na prática do dia a dia aquilo
região aquecida e soltar a mus- que funciona ou não.
culatura facilitando assim o alon-
gamento, contribuindo para que A massagem esportiva pode
ele consiga um melhor aqueci- ter muitas funções nas várias eta-
mento e com isso sentir menos pas do treinamento, mas de uma
dores durante a partida. maneira geral traz os seguintes be-
nefícios:
– Você sabe que isso não adianta
para nada, não é? Melhora a circulação e a drena-
gem linfática;
– Dr., me desculpe, mas o que
eu sei é que, se não adianta para Ajuda na remoção de resíduos
nada, esqueceram de avisar os metabólicos;
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 25
26. MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma
opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
Estimula as terminações nervo- tem importantes funções:
sas; Ajudar o organismo a retornar
Diminui o cansaço muscular; e ao seu ritmo normal
Ajuda na preparação mental Eliminar resíduos metabólicos
para a atividade esportiva. musculares adquiridos pela for-
te carga da atividade física
Pode ser usada com a autoriza-
ção do departamento médico como Ajudar na redução de dores e
auxílio no tratamento, pois: nódulos de tensão
Estimula a circulação É um excelente momento para
valorizar o trabalho e o esforço
Ajuda a "quebrar" aderências e
do atleta
a melhorar a flexibilidade
Outro momento onde a massagem
Pode ser feito mais de uma vez
tem muita utilidade é após uma via-
por dia, durante o tempo que
gem longa onde o atleta fica com o
for necessário.
corpo "parado" durante muito tem-
Na fase competitiva a massagem po, na mesma posição, ocasionando
pode ser aplicada durante o dia. tensão nas costas, ombros e pesco-
Muitos atletas gostam de rece- ço além de cansaço e inchaço nas
ber massagem no dia da competi- pernas e pés, nesse caso a massa-
ção para ajudar a relaxar o corpo e gem:
a mente, utilizando esta técnica co-
Ativa a circulação venosa e lin-
mo uma maneira de buscar a con-
fática
centração necessária para a partida.
Serve também como um trabalho Alonga os tecidos melhorando a
prévio preparando o corpo para o flexibilidade e reduzindo as do-
aquecimento que antecede ao jogo. res.
Após a competição a massagem
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 26
27. MARADEI, Claudio. Massagem esportiva: muito mais que uma
opção. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
Apesar de todos esses benefí- peuta é extremamente necessário
cios, cada dia que passa a figura do para a prevenção e recuperação de
massagista esportivo fica mais dis- lesões esportivas e isso é um fato;
tante das quadras. Aos poucos o mas por outro lado, o
massagista foi sendo trocado pelo "fisioterapeuta não faz massagem".
fisioterapeuta e sem perceber aca- Trabalhei muitos anos em conjunto
bou perdendo seu espaço, o que em com fisioterapeutas, tanto em clu-
minha opinião é um engano muito bes como na seleção, e posso afir-
grande por parte dos dirigentes es- mar que existe lugar para todos. Os
portivos. trabalhos se completam... Mas isso
Hoje o trabalho do fisiotera- é uma outra história.
CLAUDIO MARADEI
Claudio Maradei é formado em Educação Física, Prof. de Pilates e Massagista
da Seleção Brasileira de Basquete atuando neste seguimento há mais de 25
anos.
www.massagemesportiva.com.br
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 27
28. ALESSANDRO TRINDADE
Desenhista desde criança, , arquiteto gaúcho e foi atleta da
UFPel em Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) e agora é bas-
queteiro de final de semana. Mudou-se para Bahia há dez
anos. Quando não está projetando, faz charges e ilustrações
para Revista Mais Basquete.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 28
29. Há sucesso esportivo sem
sustentabilidade econômica?
Jorge Eduardo Scarpin
Antes de começarmos esta pe- lotava talvez o maior ginásio da Liga,
quena discussão, vou alertar a todos com públicos de quase 10 mil torcedo-
que não sou técnico ou especialista em res por jogo, mostram que alguma coi-
basquetebol, apesar de gostar muito de sa está errada na gestão dos clubes
basquete e de ter jogado em campeo- brasileiros e, sinceramente, não sei se
natos escolares e etc. Na verdade sou a CBB é a única responsável.
contador e pesquisador nas áreas de
Dito isto, voltamos à pergunta inicial
finanças e contabilidade e sempre tive
deste artigo: há sucesso esportivo sem
bastante interesse em finanças esporti-
sustentabilidade econômica?
vas de clubes de futebol e, desde que
Aqui temos que analisar as for-
comentei a divulgação das demonstra-
mas de sustentabilidade econômica
ções contábeis da CBB para o blog Bala
que podemos aplicar ao basquete. Vejo
na Cesta, passei a acompanhar mais de
claramente duas existentes e uma pos-
perto as finanças do basquete.
sível:
Alguns fatos, principalmente do
basquete masculino, que é o que mais 1) Liga com molde na NBA. Neste
acompanho, me deixam preocupado. A modelo, que em nada se parece com a
desistência do time de Vitória, a fragili- NBB, a liga é a dona do campeonato e
dade absurda de Vila Velha, a decadên- os clubes escolhem seus jogadores por
cia de Franca, a criação de times de meio de uma cesta de atletas (draft) e
aluguel, a decadência de Londrina que, apenas depois de um determinado pe-
se nunca foi campeão, por muitos anos ríodo, os clubes podem transacionar
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 29
30. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
entre si. Além disto, a escolha é feita venda dos namming rights das suas
de modo que quem escolheu primeiro arenas, como a American Airlines Are-
hoje, escolha por último amanhã, fa- na, casa do Miami Heat, por exemplo.
zendo com que exista menos diferença
E se os clubes passarem a ser
técnica entre os times. O ponto rele-
deficitários? Simples, a liga o assume
vante aqui é que os clubes não formam
ou a franquia é vendida. Sim, neste
atletas, sendo a formação feita pelas
modelo os clubes são franquias, eu
universidades, na sua rica e poderosa
compro o time e o levo para onde eu
liga.
quiser. Por este modelo, não há divi-
O clube possui também um teto sões inferiores com acesso e descenso.
de gastos com salários, o que evita a
Se este modelo funcionaria no
formação de super times, como, por Brasil? Creio que não, aliás, creio que é
exemplo, quando a Ponte Preta juntou um modelo tipicamente norte -
Paula e Hortência no mesmo time. E americano que só funciona por lá. No
resto do mundo há a cultura de clube e
qual a lógica disto? A lógica é que a li-
acesso e descenso, talvez influenciada
ga deve ser sustentável e isto só acon-
pelo futebol.
tece quando há competição. Se eu sei
que tal time será campeão, por que
vou torcer no ginásio, assisti-los na TV 2) Campeonatos baseados em clu-
aberta ou comprar pacotes de pay-per- bes
view? E observem como o locaute des- Já neste modelo, o campeonato
te ano foi coletivo, ou seja, foi capita- é composto por clubes, com divisões
neado pela liga que é a verdadeira do- de acesso, descenso e todo o modelo
na do espetáculo. futebolístico que é praticado no Brasil e
na Europa. Neste modelo, uma entida-
Outro detalhe relevante. Os clu-
de independente (NBB) ou a confede-
bes não possuem patrocínios individu-
ração (CBB) monta o campeonato e o
ais. O patrocínio é para a liga. Já per-
clube passa a ser parceiro deste. No
ceberam que nas camisas da NBA não
Brasil, até pouco tempo, os campeona-
há patrocinadores? O que os clubes po-
tos eram organizados pela CBB e hoje,
dem ter de renda de patrocínio é com a
pela NBB.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 30
31. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
A diferença neste modelo é que dar um tiro n’água.
os clubes são independentes entre si e
E como um clube pode oferecer
não há a lógica de drafts, havendo for-
garantias que o dinheiro do patrocina-
mação no próprio clube e transações
dor será bem investido? Simples, com
entre eles. Aqui cabe aos clubes a res-
prestações de contas públicas e confiá-
ponsabilidade pela geração de dinheiro
veis. E nem precisamos reinventar a
para sua sustentabilidade e, o máximo
roda, basta utilizarmos a prestação de
que a liga faz, é uma negociação coleti-
contas que é feita a mais de 500 anos
va de direitos de transmissão.
pelas empresas a seus investidores, a
Neste modelo, a sustentabilidade contabilidade.
econômica acontece em três áreas: di-
No Brasil, as empresas S/A, de
reitos de TV, bilheteria e patrocínio. E
capital aberto, são obrigadas a publicar
aqui chegamos ao ponto que eu quero
suas demonstrações contábeis e, mais
tratar: patrocínio.
recentemente, os clubes de futebol
O que um empresário quer ao passaram a ter esta obrigação. Inclusi-
patrocinar um clube, de qualquer mo- ve, no site de diversos clubes, as de-
dalidade? Ele quer exposição na mídia, monstrações estão lá, de fácil acesso.
ser associado a um clube vencedor e,
Por meio das demonstrações é
principalmente, que seu dinheiro não
possível ver se a entidade, seja empre-
seja usado para outros fins que não o
sa privada, confederação, clube de fu-
esportivo, tais como, pagar por má
tebol, ONG etc. é autossustentável fi-
gestão do clube. O pior que pode acon-
nanceiramente, se os recursos são
tecer a um patrocinador é ver seu pa-
aplicados mais na sua operação ou na
trocinado desistindo de uma liga por
manutenção de sua estrutura burocrá-
não ter dinheiro, ou disputar o campe-
tica, quanto de determinada receita vai
onato com um time muito abaixo da
para a atividade fim da entidade, etc.
média por falta de condições financei-
Em um clube há a clara visão se o en-
ras para isto. Resumindo, o patrocina-
dividamento é alto ou baixo, se os re-
dor quer ter retorno do seu investi-
cursos de patrocínio vão para paga-
mento e uma segurança que não vai
mento de juros, gastos administrativos
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 31
32. SCARPIN, Jorge Eduardo. Há sucesso esportivo sem sustentabilidade
econômica. Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
ou para o time propriamente dito, se o mais empresas terão acesso a estas
clube é capaz de gerar caixa suficiente informações, mais analistas divulgarão
para montar um bom time para a pró- isto na mídia e um círculo virtuoso será
xima temporada e etc. criado.
Isto significa que as demonstra- Agora, se traz tudo isto de bom,
ções contábeis podem dizer se um clu- por que todos não o fazem, mesmo
be será campeão? É óbvio que não, não havendo uma lei que o obrigue?
mas, pode dizer se um clube está em Por uma razão simples, a não transpa-
estado falimentar ou não. E, demons- rência favorece más gestões, clientelis-
trações contábeis bem auditadas e mo, politicagem, troca de favores, rela-
transparentes fazem com que as em- ções estranhas com agentes, etc. Sig-
presas tenham mais segurança na hora nifica então que todos fazem? Também
de efetuar sua alocação de recursos é claro que não, mas ao não serem
em atividades esportivas. E, se estas transparentes, não oferecem uma ga-
demonstrações se tornarem públicas, rantia de que isto não acontece.
JORGE EDUARDO SCARPIN
Doutor em Contabilidade e Controladoria pela FEA-USP. Mestre em Engenha-
ria de Produção pela UFSC. Professor do Doutorado em Ciências Contábeis e
Administração, do Mestrado em Ciências Contábeis e graduação em Ciências
Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau. Consultor e pesquisador
nas áreas de custos (área privada), contabilidade e indicadores sociais (área
pública) e previsões econômicas. O curriculum completo encontra-se em:
http://lattes.cnpq.br/6474056681420203 .
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 32
33. www.facebook.com/RevistaMaisBasquete
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RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 33
34. A INFLUÊNCIA DA ÉTICA (E DA FALTA DELA)
NO MARKETING ESPORTIVO BRASILEIRO
Vivian Perez
Muitas pessoas hoje questio- Um pouquinho de ética! Ética?
nam o bom andamento das empre- Acredito que no atual cenário espor-
sas nos Estados Unidos! Citamos tivo, o significado desta palavra es-
sempre os norte-americanos porque ta longe de ser posto em prática.
basta atentarmos para o quadro de Atualmente temos diversas
medalhas dos Jogos Olímpicos que modalidades esportivas que dão um
logo iremos perceber o óbvio: te- verdadeiro olé nos bilhões de reais/
mos que aprender e muito com dólares/euros do futebol, mas ainda
aqueles que fazem acontecer, de assim continuamos a acreditar que
uma forma organizada e diferencia- o Brasil é tão somente o país do fu-
da. tebol! E mesmo assim não conse-
Mas será mesmo que precisa- guimos utilizar a bendita ética! Pelo
mos de muito para conseguir atingir contrário, nós estamos começando
um quadro de medalhas pareci- a ensinar aos outros nosso estilo de
do com o dos Estados Unidos? A malandragem, como ganhar um di-
resposta, em minha opinião, é não! nheirinho a mais. E sem ética! Nada
Não precisamos de muito! Precisa- mais que o mundialmente famoso
mos somente de um pouquinho... “jeitinho brasileiro”.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 34
35. PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo
brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
Durante os quatro anos em que 9.615/98). Mas nossos dirigentes
cursei faculdade de Marketing nos não concordaram com tal ideia, fa-
Estados Unidos, eu tive quatro ma- zendo com que voltássemos à esta-
térias sobre ética! Além disso, qual- ca zero.
quer atleta que pertence à NBA Agora, se isto ocorre no fute-
(maior liga de basquete do mundo), bol, que é o carro-chefe do esporte
obrigatoriamente estuda ética na brasileiro, imaginem o que ocorre
associação! É isso mesmo: os atle- nos bastidores das outras modalida-
tas têm cursos durante a semana, des olímpicas! Modalidades estas
sobre postura, economia, adminis- que, obrigatoriamente (devido às
tração e ética (este último é o curso regras olímpicas), teremos nova-
principal)! mente nas próximas olimpíadas!
Após o término das Olimpíadas Mas o que mais me impressio-
de Londres (2012), o que nos resta na na falta de ética dos dirigentes
a fazer é olhar, rezar e tentar achar brasileiros é a total cara de pau da-
a bendita ética – que tanto carece- queles (e são muitos) que não en-
mos, diga-se de passagem – que tendem do esporte que
ajudaria a melhorar muito o esporte “representam”. São aqueles que di-
brasileiro. ante das câmeras falam bonito, mas
Mas analisando friamente o te- quando saem do ar jogam o papel,
ma, pensemos e questionemos: O contendo os falsos discursos ilusó-
que, de fato, vem a ser a tão falada rios repletos de baboseiras, no lixo!
ética? Basicamente, a ética serve Ou seja, trata-se de uma total falta
para que haja um equilíbrio e bom de preocupação com o atleta, e ao
funcionamento social, possibilitando mesmo tempo a total (e única) pre-
que ninguém saia prejudicado. ocupação com o próprio bolso!
Com base nesta resposta, pa- A falta de profissionalismo de
rece até piada chamarmos o que te- alguns, que chegam ao cúmulo de
mos hoje no esporte brasileiro de roubar projetos alheios, mas não
ética! para fazer o bem para aquele que
Mas agora voltando ao fato de nós (atletas e ex-atletas) almeja-
sermos o “país do futebol”, vale mos, que é o esporte, mas sim para
ressaltar que em 1990 tivemos a fazer o bem somente ao ego, à sua
real e imperdível oportunidade de imagem.
tornarmos nossos clubes, grandes Diante de tudo isso que foi ex-
empresas, (assim como na Europa), posto, fica uma certeza bastante
gerando receita 365 dias por ano. sólida:
Tratava-se da Lei Pelé (Lei Nº
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 35
36. PEREZ, Vivian. A influência da ética (e da falta dela) no marketing esportivo
brasileiro. Revista Mais Basquete, volume 1, nº 2, dezembro de 2012.
Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
continuamos ignorando o equilíbrio que irão satisfazer os consumido-
e o bom funcionamento social, per- res, (que no Brasil ainda são cha-
mitindo que enormes injustiças mados de fãs).
aconteçam e que aqueles que lutam Portanto, para alcançarmos um
em prol do esporte saiam prejudica- quadro de medalhas ao menos pa-
dos. Portanto, se desejamos obter recido com o dos Estados Unidos,
bons resultados nas Olimpíadas de precisamos sim direcionar nossos
2016, temos muito de trabalhar. E olhares críticos a aqueles que estão
este trabalho deve começar imedia- no comando de nosso esporte e
tamente! perguntar: Será que eles sabem o
Antes de tudo, deve- que é ética? Ou precisamos ir atrás
mos entender que sem a ética nas daqueles que os educaram? Deve-
diretorias dos clubes, jamais conse- mos nos perguntar se aqueles que
guiremos crescer e fazer o Marke- lá estão, ditando as regras do es-
ting Esportivo gerar alguma receita. porte brasileiro, além de não terem
Que projetos e ações de Marketing ética, também não têm caráter!
existem! Pois do contrário ao que Pois eu prefiro acreditar que o que
muitos pensam, eles não são resu- falta mesmo é o bom e velho profis-
mem apenas a uma foto bonitinha sionalismo!
da equipe e dos atletas principais
VIVIAN PEREZ
Diretora de Marketing do site Ba-
bby66. Ex-atleta de voleibol. Formou
-se em Administração e Marketing
na Northwood University (USA). Tra-
balhou no marketing da NBA.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 36
37. Macedônia: o treinador invisível
por Miguel Panades
(Traduçao de Mario Brauner*)
Responda-me de memória, por favor: Como se chama o treinador
da Macedônia, seleção que chegou ao EUROBASKET classificada no 47º
lugar no ranking da FIBA?
As repercussões dos cruzamen- Marin Dokuzovski, 51 anos, trei-
tos das quartas de final e das semifi- nador que exerceu seu trabalho quase
nais deixaram de uma parte as mara- sempre na Macedônia, principalmente
vilhosas exibições de Navarro e Pau no Rabotnicki, exceto em duas tempo-
Gasol e, de outra, a atuação da equipe radas quando esteve na Bulgária, uma
da Macedônia. Gostaria de aprofundar como treinador auxiliar e outra como
sobre a seleção capaz de eliminar a primeiro treinador no Luckoil Acade-
Lituânia (equipe anfitriã do pré- mic. Foi selecionador sub 18 na Fede-
olímpico) e colocar contra as cordas a ração da Macedônia, e logo após foi
Espanha. Gostaria de fazê-lo em com- auxiliar de treinador da Seleção Abso-
panhia dos treinadores que queiram se luta de seu país, para finalmente che-
unir ao debate e contribuir com suas gar ao cargo de Selecionador da equi-
opiniões. pe Principal. Um bom currículo, invisí-
vel aos olhos midiáticos, mas um bom
currículo. Invisível sim, como tantos e
* Texto Original Macedonia: El entrenador invisible é de autoria de Miguel Panadés, publicado
no site da Federação Espanhola de Basketball (http://www.feb.es/NoticiaDesarrollo.aspx?
idNoticia=39484 ) e copiado em 17/09/2011.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 37
38. PAINADÉS, Miguel. Macedônia: o treinador invisível. (TRADUÇÃO
Mário G. Brauner). Revista Mais Basquete, volume 1, nº. 2, dezem-
bro de 2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
tantos treinadores que exercem suas gestão das características particulares
funções em seus respectivos clubes ou dos jogadores, com seus perfis de es-
seleções “não ganhadores ou ganha- trelas ou de humildes guerreiros. De
doras” e conseguem exprimir ao máxi- outra parte, na utilização e exploração
mo seus recursos desde a mais absolu- adequada das capacidades esportivas
ta discrição. A imensa maioria dos trei- de cada um deles.
nadores são invisíveis, como a imensa
Dokuzowski , conseguiu o que
maioria dos jogadores, como a imensa
tantas vezes parece impossível e que
maioria dos cidadãos...e de pronto,
nesta ocasião se demonstrou que não
uma oportunidade, uma ocasião para
é tanto assim. Movimentar um plantel
mostrar seu nível e a demonstração
reduzido conseguindo que seus três
aos olhos de todos que possuem o ta-
jogadores referencia – McCalebb, Ili-
lento, a capacidade profissional para
evski e Antic – dispusessem das op-
competir com as “estrelas”, para con-
ções, da liberdade, da confiança ne-
seguir o fundamental objetivo de todo
cessária para finalizar a maioria das
treinador: que seus jogadores brilhem.
ações. Atenção, falamos de três joga-
Considero missão igualmente dores de grande nível porém nenhum
complicada, tanto conseguir que uma “All Star”. Conseguiu esta seleção
equipe de estrelas seja capaz de colo- além de desenvolver um jogo de equi-
car o fardamento e entregar-se ao tra- pe que maravilhou a todos os treina-
balho, como fazer com que uma equi- dores, passando a bola entre todos co-
pe limitada possa vir a render como mo há muito não se via, ocupando
estrelas. Não saberia classificar qual perfeitamente os espaços, fazendo
das duas missões seria mais difícil, e aí crescer a quadra no ataque como to-
sim os convido ao debate: conseguiria dos os técnicos pretendem que aconte-
Phil Jackson colocar a equipe da Mace- ça com suas equipes para benefício de
dônia com seus jogadores atuais nas seus homens de penetração.
semifinais do Pré Olímpico Europeu?
Este artigo foi publicado no site da Federação
Encontraremos a resposta seguramen-
Espanhola de Basquetebol (17/09/2011) e no
te, de uma parte, na capacidade de blog do autor. Tradução do Prof. Dr. Mário
Brauner distribuída entre amigos. Publicação
sob responsabilidade da Revista Mais Basquete.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 38
39. Conecte-se ao PBC e fique por dentro
do basquete no sul do Brasil.
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RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 39
40. Mundial Masculino Sub-19 e
Universíade de Shanzen 2011
Walter Roese
Caros Amigos, América em San Antonio, entretanto tiveram
grandes dificuldades para levar os melhores
como eu havia planejado – e prometido aos
meus atletas na ocasião da Sub 18 – que atletas, tendo em vista que estes optaram
estaria presente no Mundial Sub-19 na Letô- por iniciarem os estudos nas universidades
nia caso a equipe se classificasse na Copa Americanas ou entrarem para o NBA, draft,
América de Santo Antonio, lá eu estive. Infe- durante o verão e não participaram do Mun-
lizmente eu não estive exercendo a função dial.
que havia visionado, mas devido uma “nova” Na minha visão a Seleção da Servia,
filosofia de planejamento da CBB com Sele- USA, Brasil, Austrália e a jovem equipe da
ção Permanente não foi possível dar conti- Croácia apresentaram melhores chances de
nuidade ao meu trabalho. estarem entre os finalistas juntamente com a
Lituânia. A Seleção Americana muito verde
O nível do campeonato Sub 19 em
em competições internacionais, equipe da
minha opinião estava nivelado, com exceção
Austrália muito forte, mas com pouca opção
da Seleção da Lituânia, as demais equipes
de reservas, seleção da Croácia formada por
apresentaram o mesmo nível técnico. As
jovens talentos da geração 1994 e 1995, e a
equipes dos Estados Unidos e do Canada nossa querida seleção do Brasil que tinha
que levaram fortes equipes para a Copa uma equipe forte, alta e com bons jogado-
res, teve apenas uma partida ruim durante o
campeonato, infelizmente foi a partida que
mais valia e contra os rivais Argentinos.
Seleção da Rússia, Letônia, Polônia
e Argentina eram seleções que em minha
opinião estavam um nível abaixo das que
eu mencionei anteriormente. A Seleção da
Argentina estava meio que desacreditada,
fisicamente não haviam evoluído nada des-
de a Copa América de San Antonio e seus
pivôs eram baixos e fisicamente fracos. O
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 40
41. ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan-
zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
mais me chamou atenção na Seleção Argen- Foi a minha terceira participação junto
tina, desde o Sul Americano na Colômbia, foi com a Confederação Brasileira de Desporto
que eles superavam a deficiência física e téc- Universitário num Mundial Universitário como
nica com entrosamento técnico, sendo que o treinador. Já sabendo das dificuldades que
mais impressionante era a união dentro e iriamos encontrar devido ao Calendário da
fora da quadra. Resumindo, o Mundial sub- FIBA e com equipes de São Paulo, Rio de
19, em minha opinião, não foi um dos melho- Janeiro e Minas não liberando seus princi-
res que já presenciei, então acredito que pais atletas, tivemos dificuldades para mon-
muitos desta geração 1992 vão contribuir tar uma equipe forte. Da lista de 35 atletas
para as seleções Adultas de seus países. Foi apenas 13 se apresentaram e destes dois
uma pena que o Brasil não ficou entre os tiveram problemas pessoais e pediram dis-
quatro finalistas, pois eu realmente acredita- pensa. Foi a primeira vez que eu não tive
va que tínhamos equipe para isso e o projeto que fazer cortes numa seleção Brasileira. O
que começou no Sul Americano na Colômbia nível da Universiade foi fortíssimo, mas mes-
tinha grandes expectativas para essa gera- mo assim a equipe progrediu e conseguimos
ção. terminar em 11º lugar entre 26 seleções.
Vencemos cinco jogos (Romênia, China,
Sinceramente, o Brasil fez uma boa
Emirados Árabes, México e Israel) e perde-
campanha com exceção do jogo contra a Ar-
mos três (República Checa, Alemanha e Tur-
gentina que foi o mais importante e que mais
quia). Ganhamos da forte equipe da Romê-
valia. A pressão de vencer ou ser eliminado
nia, que por sua vez venceu a República
custou um resultado do qual não mereciam.
Checa que venceu o Brasil e no average de
pontos tiraram a seleção brasileira univer
Universiade em Shanzen
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 41
42. ROESE, Walter. Mundial masculino Sub-19 e Universiade de Shan-
zen 2011. Revista Mais Basquete, volume1, nº. 2, dezembro de
2012. Disponível em: <www.revistamaisbasquete.com.br>.
sitária das oitavas-de-finais. Para terem estudo e dos treinadores das categorias de
uma noção, a forte equipe Americana (levou base que não obrigam seus atletas a estuda-
seus melhores jogadores) ficou em quinto rem.
lugar. A Seleção da Sérvia foi campeã.
Existiu, pela primeira vez, uma aproxi-
A estrutura foi a melhor que eu partici- mação da CBDU com a CBB e creio que
pei. Posso falar com conhecimento de num futuro próximo as duas confederações
causa, estive nas Olimpíadas de Beijim e irão trabalhar juntas para que o Brasil leve
Shanzen não ficou muito atrás em termos de uma equipe competitiva no nível da magnitu-
estrutura. A abertura dos jogos foi algo espe- de do Brasil.
tacular.Infelizmente no Brasil ainda não te-
Eu só tenho que agradecer a CBDU
mos a cultura do Esporte andar junto com o
pela confiança e todo o apoio que me deu. A
estudo. Na Universiade o atleta tem que es-
minha comissão técnica e aos jogadores.
tar matriculado na faculdade e não ter idade
São profissionais dos mais capacitados, um
acima de 24 anos. Nossos atletas só come-
orgulho e prazer em trabalhar com esses
çam a se preocupar com os estudos no final
profissionais que querem o bem do basque-
da carreira profissional o que dificulta muito
te e do esporte no Brasil.
para colocar uma equipe de nível internacio-
nal. Muitos dos jogadores que estávamos A próxima Universiade será em 2013
almejando, não têm nem o colegial completo. na Rússia e espero que o Brasil leve seus
Eu penso que isso é uma falta de respeito melhores talentos ou vamos ter que nos con-
com nossos jovens, pois teria que partir dos tentar em apenas participar e não competir
pais a obrigação de fazer com que seus fi- por medalhas, pois o nível é muito alto.
lhos tenham no mínimo um nível básico de
WALTER ROESE
Foi atleta de basquete (clubes, seleções e universitário americano), técnico da
modalidade com passagens como Assistente Técnico na NCAA (Universidades
de Utah, Hawaii, Nebraska), na seleção brasileira universitária (três últimas Uni-
versíades) e da seleção brasileira de base sub-18 em 2010— lá conquistou a
vaga para o Mundial Sub-19 Masculino de 2011 e não foi mantido como técnico
da seleção. Foi ao mundial como scoutista da seleção norte-americana.
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 42
44. Visite o Centro Esportivo Virtual
e participe do debate sobre o basquete.
www.cev.org.br/comunidade/basquete
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 44
46. ENTREVISTA
Felipe Braga, pivô do Elan Bearnais
Pau-Lacq-Orthez (FRA)
por Álvaro Flavio Guimaraes
No final do ano passado ou menos 80 mil habitantes. O
uma das principais revela- time tem muita tradição (nove
ções do basquete brasileiro títulos nacionais e dois interna-
mudou-se para a França cionais), em 2009 perdeu o pa-
em busca de mais experiên- trocínio e caiu para a segunda
cia. Quatro meses depois o divisão. Em 2010 voltou à pri-
pivô Felipe Braga, 17, con- meira e agora está se reer-
cede uma entrevista exclu- guendo, mas sua estrutura é
siva para a Mais Basquete impressionante, eu estou gos-
e fala sobre a realidade tando bastante.
que encontrou em um dos
clubes mais tradicionais da Eu-
ropa e suas expectativas com
relação a nova vida no Velho
Mundo.
Confira os principais trechos
deste bate-papo:
Mais Basquete – Quais
tuas primeiras impres-
sões da nova cidade e
do clube?
Felipe Braga – A cidade de
Pau (sede do Elan Bearnais
Pau-Lacq-Orthez, desde
1989) é pequena, tem mais
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 46
47. MB – Como tem sido a fazendo apenas matemática,
tua rotina no clube? inglês e francês, para poder
aprender o idioma local e, so-
FB – Tenho treino duas ve-
mente depois disso vou poder
zes por dia (manhã e tar-
comer a frenquentar a escola
de) de segunda a sexta.
normalmente.
Nos sábados e domingo,
tenho jogos. Estou jogando
pelo Sub-20 e pelo Sub-17 – MB – Que campeonatos dis-
que é a minha categoria -, mas putas? Como avalias o nível
com o Sub-17 eu só jogo, os técnico do torneio?
treinos são com o Sub-20.
Aqui tenho jogado como “4” FB – Estamos jogando o cam-
peonato nacional. O Sub-20 se
e, também, treinado muito
apresenta sempre antes do
os fundamentos.
adulto, contra o mesmo adver-
sário. O nível de competitivida-
MB – E com os estudos, de é fora do comum, é real-
como estás fazendo? mente muito forte.
FB – Por enquanto estou
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48. MB – A partir disso diri-
as que essa experiência
já te trouxe ganhos?
FB - Com toda certeza,
pois se eu quero jogar em
alto nível tenho que procu-
rar os melhores adversá-
rios e por isso vim pra cá.
Quem é Felipe Braga:
Mineiro de Belo Horizonte, nascido em 11/07/1994, este
gigante de 2.01 metros começou a carreira aos dez anos
da idade seguindo os passos dos irmãos mais velhos. Em
2011 sagrou-se campeão Sul-Americano pela Seleção Bra-
sileira Sub-17. No final do mesmo ano assinou contrato por
quatro anos com a equipe francesa Pau-Lacq-Orthez.
Hoje, o garoto que tem como referência o pivô brasileiro,
Tiago Splitter sonha em defender o Brasil nas Olimpíadas
do Rio em 2016 e, claro, disputar a NBA.
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49. Marcello Berro
...para a Argentina estudar basquete!
Carioca expõe-se ao frio de julho/agosto em busca de sua for-
mação permanente. Ele nos conta como foi sua experiência.
Estive entre os dias cos em Basquetebol da Ar- mente o foco do basquete-
25 de agosto até 13 de se- gentina); e bol.
tembro em Mar Del Plata, 3.Assistir ao pré- Jantei olhando pela
uma cidade a 400 km de olímpico de basquete. janela e me perguntando:
Buenos Aires, capital da como um país que atraves-
OBJETIVO 1: Clínica
Argentina. Viajei com 3 ob- sa uma crise econômica
CODITEP
jetivos definidos: nítida, consegue ter um
Cheguei na véspera
1.Participar da clínica basquetebol tão respeita-
do início das palestras da
da CODITEP (fusão entre a do?
CODITEP, fazia muito frio
associação de clubes de Acordei no dia 26
e o vento trazia uma sen-
basquetebol e associação apressado para fazer a mi-
sação térmica desespera-
de técnicos profissionais nha inscrição, me chamou
dora para um carioca.
em basquetebol da Argenti- a atenção que meu número
na); Saí para jantar ansio-
era 541, achei estranho e
so pela manhã seguinte,
2.Participar do Con- depois descobri que foram
mas o frio, a sujeira nas
gresso e clínica da ENEBA 578 inscritos, num curso
ruas e o excesso de pedin-
(Escola Nacional de Técni- não obrigatório.
tes, me tiraram completa-
RMB, Volume 1, Número 2, Dezembro de 2012 | 49
51. Marcello Berro
Eram todos técnicos não eram egoístas, que tempo estabelecido, achei
profissionais que já haviam estes davam a devida im- que esta seria curta e até
cursado a demorada ENE- portância ao lado espiritual desinteressante. Facundo
BA (três níveis em quatro e de como essa energia iniciou assim: “Uma comis-
anos com atualizações (gerada por um grupo uni- são técnica tem como prin-
obrigatórias feitas a cada do e sintonizado) é funda- cipal finalidade colaborar
dois meses em cada esta- mental para o sucesso de com a autocrítica do treina-
do) uma equipe de basquete- dor”.
A primeira palestra foi bol. Só esta frase, me fez
do Sr. Gérman Diorio A segunda palestra lembrar que muitos técni-
(psicólogo da seleção prin- foi do Sr. Facundo Muller cos brasileiros, seja por
cipal masculina) que dis- (segundo assistente técni- insegurança (achar que os
sertou sobre a parte moti- co da seleção principal assistentes querem o lugar
vacional e psicológica no masculina) que palestrou dele) ou por falta de confi-
basquetebol. O foco era sobre a importância da ança (na competência dos
alertar sobre a importância uma comissão técnica — assistentes) preferem tra-
da comissão técnica co- confesso que o tema e pe- balhar sozinhos ou ter na
nhecer todos os itens da la palestra anterior ter ul- comissão técnica pessoas
personalidade dos atletas trapassado (e muito) o que nunca o contestem.
e usa-los a favor de um
grupo unido, motivado e
sintonizado num mesmo
objetivo.
Assim que acabou,
me senti perplexo diante
do absoluto conhecimento
e complexidade das infor-
mações. Percebi que as
perguntas dos treinadores
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