Os sapatos sempre refletiram o estatuto social e económico das pessoas. Eles também registam as nossas vidas pessoais através do tempo. Os psicólogos exploraram os significados ocultos dos sapatos como símbolos fálicos ou recipientes secretos. A paixão por sapatos desencadeia fantasias pessoais e seduz as pessoas pela sua estética e personalidade que transmitem.
1. O SAPATONÃO PODE PARAR... Os olhos podem bem ser as janelas da alma, mas os sapatos são a entrada para a mente feminina.
2. EVIDÊNCIAS Os psicólogos têm explorado até à exaustão todos os significados ocultos dos sapatos, considerando-os desde símbolos fálicos a recipientes secretos. Há quem diga que uma mulher que colecciona sapatos é uma viajante frustrada; outros sugerem que anda simbolicamente em busca de conhecimento. Os sapatos sempre reflectiram o estatuto social e a situação económica de quem os calça. Os sapatos não reflectem só a história social, são também um registo pessoal das nossas vidas.
3. ORIGENS A sandália terá sido o primeiro calçado feito pelo Homem, sucedendo às primitivas peles de animais enroladas à volta dos pés. Cada civilização antiga terá criado a sua própria versão do modelo base. Cerca de 3500 a.c., os egípcios imprimiam as suas pegadas em areia molhada, moldavam solas de papiro à medida das pegadas e prendiam-nas ao pé com tiras de couro cru. Ao longo do tempo as sandálias têm sido, alternadamente, símbolos de prestígio ou pobreza, castidade ou coqueteria. Tendo estado fora de moda durante quase mil anos, a sandália regressou na década de 1920. Graças ao enfraque com alma de aço inventado por Ferragamo, os sapatos de salto deixaram de necessitar de biqueira reforçada, que funcionava como travão do pé. Este facto fez com que os dedos dos pés libertos espreitassem para fora e, em breve, modelos com tiras finas exibiam todo o pé.
4. CURIOSIDADES OS CHAPINS eram construídos com camadas de cortiça e forrados de luxuoso veludo. A barra decorada na base desta plataforma foi lavrada com filigrana de prata dourada e taxas de cabeça larga. Dizia-se que os maridos venezianos introduziram a moda dos pesados CHAPINS de madeira para evitar que as mulheres fugissem. SHAPINS , Veneziano, 1600
5. OS CHAPINS AS AUTORIDADES eclesiásticas que são normalmente as últimas a aceitar as modas extravagantes, aprovaram o uso de CHAPINS porque, ao limitarem os movimentos, desencorajavam quem os usasse de participar em actividades pecaminosas como a dança. SHAPINS , Veneziano, séc.XVI SHAPINS , Veneziano, séc.XVI “As damas venezianas são compostas de três coisas: uma parte madeira, que são os CHAPINS; outra os seus atavios, e a terceira parte a mulher.” Visitante de Veneza, séc. XVII
6. ESTE CHAPIM ITALIANO Chamado zoccolo era suportado por colunas de 15 cm que deixavam o selado do pé a flutuar no ar e que tornavam o andar um exercício particularmente difícil. SHAPINS , Italiano, 1600 Na Inglaterra do século XVI, se uma noiva falsificava a sua altura calçando CHAPINS , o marido tinha direito à anulação do casamento.
7. OS CHAPINS Foram proibidos após um elevado número de mulheres venezianas grávidas terem caído deles abaixo e abortado. Apesar disso, a moda continuou por toda a Europa até ao século XIX. SHAPINS ,Veneziano, 1600 “ Pela altura do vosso CHAPIM, vejo, senhora, que estais mais próxima do céu do que a última vez que meus olhos vos viram.” Shakespeare
8. UM MESTRE DO DESIGN Vivienne Westwood, a grande dameterrible britânica da moda. Tendo começado por ser uma estilista de vestuário, Westwood virou-se para o calçado porque não conseguia encontrar sapatos suficientemente espalhafatosos para os seus conjuntos. Westwood considera a maior parte da moda medíocre e banal e aprecia a ironia dos modelos que justapõem o tradicional e o tabu. Westwood em 1996 “ Gosto literalmente de pôr as mulheres num pedestal.” Vivienne Westwood
9. ALEGAÇÕES FINAIS Durante uma parte da história, os sapatos das mulheres mantiveram-se na obscuridade, ocultos debaixo do volume dos saiotes ou do balão da crinolina. A indefinível atracção por um novo par de sapatos desencadeia intensas fantasias pessoais. Apaixonamo-nos por um sapato fabuloso à primeira vista, seduzidas pela inclinação de um salto ou a linha sensual de um enfraque. A extravagância de um laço atrevido, o quase comestível apelo de uma cobertura de contas ou de espirais bordadas, tudo conduz a uma atracção fatal. É a excitação de enfiar o pé num novo sapato e numa nova personalidade que espicaça o desejo. “Quando olhamos para os nossos pés é como se piscássemos o olho a nós próprias.” Os sapatos práticos impõem respeito, mas os saltos altos incitam à adoração. Um Birkenstock pode livrar-nos da tentação, mas um Blahnik promete-nos a aventura.
10. BIBLIOGRAFIA O`Keeffe, Sapatos, Colónia, Konemann, 1996 Bologne, Jean-Claude, História do pudor, Lisboa, Teorema, 1986 http://www.jornaljovem.com.br/edicao5/images5/filme_maria_antonieta.jpg