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Breve ensaio: qual a função do culto ao deus Anubis para o vivo?
Quando acessamos o Livro dos Mortos e os Textos das Pirâmides , e toda iconografia de Anubis
o vemos como associado exclusivamente à morte. Então não seria cultuado pelo vivo?
Bem, em primeiro lugar devemos compreender a ideia de mundo dimensional do vivo e
mundo dimensional do morto. Para os egípcios isso parece ser uma linha contínua tendo
como ponto de contato a tumba. Ora, se aqui eu tenho uva e do outro lado eu desejo uva
então eu desenho, encanto ou faço oferenda de uva em minha tumba.
Dito isso, passemos ao Livro dos Mortos (Capítulos para sair ao dia). Se ele aparece nas
tumbas era possível que fosse utilizado como encantamento para os vivos (como exemplo os
amuletos). Mas, não tínhamos a prova disso até ano passado quando foi descoberto textos
mágicos em couro para os vivos que eram passagens do Livro dos Mortos.
Assim os deuses do submundo (ctônicos) eram também objeto do culto no mundo dos vivos.
Macro e Microcosmo, ou O que está encima também está embaixo. Essa dualidade é
fundamental no pensamento mágico-religioso do Egito Antigo.
No caso em particular de Anubis (anpu, inpw seu nome egípcio que pode ser traduzido como
“eis me aqui”), este é um deus psicopompo, ou seja, guia os mortos, protege os mortos no
julgamento, alivia a balança em favor do morto... Sua cor negra representa a própria
regeneração e transmutação.
Entre os vivos ele é então o guardião (anjo da guarda), “aquele que abre os caminhos
(upuaut)”, “aquele que regenera o ser”. Durante o período ptolomaico, parece que se tornou
mais próximo dos humanos e ligado a magia. Geraldine Pinch trabalha esta questão no seu
livro. No papiro jumilhac, salvo engano, ele é o comandante do exercito dos “Seguidores de
Hórus”
Entre alguns segmentos keméticos tornou-se divindade do culto aos antepassados, parentes
que já partiram.
Prof. Dr. Julio Gralha
Julio.egito@gmail.com
Magic in Ancient Egypt: Revised Edition Paperback – March 1, 2010
by Geraldine Pinch

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