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Prof. Dr. Marcos Ferreira Santos Livre-Docente em  “Cultura & Educação” Professor de Mitologia Comparada  Faculdade de Educação - USP Mito & Sagrado as  transformações  de Eros
O mundo meu é pequeno, Senhor. Tem um rio e um pouco de árvores. Nossa casa foi feita de costas para o rio. Formigas recortam roseiras da avó. Nos fundos do quintal há um menino e suas latas  maravilhosas. Seu olho exagera o azul. Todas as coisas deste lugar  já estão comprometidas com aves. Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no incêndio. Quando um rio está começando um peixe, Ele me coisa Ele me rã Ele me árvore. De tarde um velho tocará sua flauta  para inverter os ocasos. Manoel de Barros
[object Object],[object Object],Contatos laboratório experimental de arte-educação & cultura
www.marculus.net
Orient-ação  [email_address] telefax: (11) 3815-0232
Algumas publicações:
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www.mec.gov.br Algumas publicações:
Algumas publicações: Arqueofilia :  o  vestigium  na prática arqueológica e junguiana   Terra Brasilis: pré-história e arqueologia da psique Marcos Callia e Marcos Fleury de Oliveira (orgs.) www.paulus.com.br
www.editorialfundamentos.es Mitohermenéutica de la creación:   arte, proceso identitário y ancestralidad”   Algumas publicações: Creación y Posibilidad, Aplicaciones del arte en la integración social              Marián López Fernández-Cao (org.)
www.editorazouk.com.br Crepusculário : Conferencias  sobre mitohermenêutica  e educação em Euskadi
Conferências em: ,[object Object],[object Object],[object Object]
Onde se escondem nossas matrizes de  pensamento e alma?
Mito e Sagrado ,[object Object]
griot
A palavra-alma é mais forte que a morte Ângelo Kretan (1944-1980)
Algumas noções básicas…   mitohermenêutica   como estilo reflexivo e  como método:  as circulações do sentido  na paisagem e a  jornada interpretativa   (Ferreira Santos)
Cultura universo  da criação,  transmissão,  apropriação e  interpretação  dos bens simbólicos  e suas relações
Símbolo Forma  (Bild) Sentido (Sinn) engendramento
Tempo condensado ,[object Object],[object Object],[object Object]
[object Object],[object Object]
Paixão pelo que é ancestral, primevo, arquetipal e que se revela, gradativamente, na proporção da profundização da busca.  Arqueofilia:
Lumina profundis... (mitohermenêutica) ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Estilo mitohermenêutico... ,[object Object],Pintura rupestre na Serra da Capivara
“ O  mytho  é aqui compreendido como a narrativa dinâmica de imagens e símbolos que orientam a ação na articulação do passado ( arché ) e do presente vivido em  direção  ao devir ( télos )...  Ferreira Santos, 1998 “ Práticas crepusculares:  mytho, ciência e educação…”
[object Object],[object Object],[object Object],Tal estilo tenta articular:
Walter Benjamin ,[object Object]
O estilo mitohermenêutico... ,[object Object],[object Object]
Paul Ricoeur (1913-2005)
o olhar do geógrafo,  o espírito do viajante e  a criação do romancista  ( Paul Ricoeur ) Habitar a paisagem…
“ caminante, no hay camino...  se hace camino al andar golpe a golpe, verso a verso...” Antonio Machado Jornada interpretativa
um percurso formativo de busca de sentido, centramento e plenitude existencial que se dá no processo de realização de si-mesmo e que me permite uma determinada leitura provisória do mundo...   O que é a Jornada Interpretativa ?
 
 
 
Qual a finalidade ? - busca dinâmica de sentidos para a existência
Abordagens em mitologia: ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Antropologia Filosófica:  de Cassirer aos  pensadores  do  Círculo de Eranos
Ernst Cassirer  (1874-1945) ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Círculo de Eranos
[object Object],[object Object],[object Object]
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Joseph Campbell  (1904-1987)
"Não  buscamos  no mito um  sentido para  a vida, mas o mito é a própria experiência de estar vivo" .  ,[object Object],[object Object]
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
“ onde temíamos encontrar algo abominável, encontraremos um deus.  E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos.  Onde imaginávamos viajar para longe,  iremos ao centro da nossa própria existência.  E lá, onde pensávamos estar sós,  estaremos na companhia do mundo todo.” Campbell , O Poder do Mito , 1988
partida realização retorno A Sa ga do  Heró i Campb ell , O Pode r do Mito , 1988
“ Esta é sua alma”  Campbell, O Poder do Mito , 1988
Centramento “ Selbst ” 
Percurso formativo
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Duas modalidades de Ser
[object Object],Mircea Eliade
“ Isto não é privilégio do mundo cristão (...) Sócrates condenado à cicuta, Giordano Bruno queimado, Descartes forçado à expatriar-se na Holanda, Spinoza excluído da sinagoga, eis os testemunhos das perseguições e dos suplícios que os representantes da religião infligiram a estes filósofos” Berdyaev, 1936
Persona (máscara) Prosopon  (   ) (aquele que afronta com sua presença) per sonare   (que ressoa)
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],pessoa
“ A pessoa é inseparável da dor e do sofrimento. Sua realização é dolorosa (...) A luta pela realização da pessoa é uma luta heróica. O heroísmo é por excelência um ato pessoal. A pessoa está ligada à liberdade: Sem liberdade, não há pessoa. E a realização da pessoa não é outra coisa que a conquista da liberdade interior, de uma liberdade onde o homem é doravante desengajado de toda determinação vinda de fora. Mas, a liberdade engendra dor e sofrimento. O trágico da vida é na liberdade.” Berdyaev,  (Cinq meditations…1936)
“ amor,  pela memória  e pela criação”  (Berdyaev, 1936).   Remedios Varo,  “ Ruptura”, 1955
Jacob Böehme  (1575-1624) , O filósofo sapateiro remendão-ambulante,  sec. XVII  ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],“ a altura a que pode chegar o  amor , tem a dimensão de Deus; consegue elevar-te até te fazeres tão alto como Deus mesmo; unindo-te a Ele. Tua grandeza será tanta como a de Deus; há uma expansão do coração enamorado que é impossível expressar. Amplia a tua alma até fazê-la alcançar o tamanho da criação inteira”
“ Morro, e contudo não morre em mim O ardor de meu amor por Ti, E Teu Amor, meu único objetivo, Tampouco alivia a febre de minh’alma (...) Volto-me para Ti em meu apelo, E busco em Ti meu repouso derradeiro; A Ti dirijo meu enfático lamento, Tu que habitas meu secreto pensamento (...) Dhu ‘l-Nun, O Egípcio,  (poeta místico sufi,  circa  861 d.C)   Remedios Varo
Nikolay Aleksandovich Berdyaev (1874-1948) Emmanuel Mounier (1905-1950) Gabriel Marcel, Jean Lacroix, Paul Ricoeur, Jacques Maritain, Charles du Bos, Massignon, Henry Corbin, Étienne Gilson, André Philip, Olivier Lacombe, Georges Izard, Jean Hugo, P. Van der Meer  Personalismo… existencialismo antropológico
“ A vitória sobre a morte é ao mesmo tempo a aceitação mesma do mistério da morte: é uma atitude antinômica.  De outro lado, a realização da pessoa é a realização da comunhão, na vida social e na vida cósmica, o ultrapassamento deste isolamento intrínseco à morte.  É que, precisamente, a realização da comunhão não conhece a morte.  O amor é mais forte que a morte.”   (Berdyaev, 1936) Frida Kahlo
“ Há em mim uma forte predisposição à melancolia (...)  Esta melancolia cresceu em mim num período muito desgraçado de minha vida.  Lydia  adoeceu gravemente de paralisia dos músculos da garganta, o que dificultava mais sua capacidade de falar e tomar alimento.  Suportou com resignação esta enfermidade atroz.  Suas forças foram minguando. No final de setembro de 1945 Lidia morreu. Foi um dos acontecimentos mais dolorosos de minha vida e ao mesmo tempo um dos que mais me afetaram em minha vida interior (...)  A morte não é somente um extremo mal, senão que há também luz nela. Na morte há revelação do amor.  Só na morte se dá a maior intensidade do amor.  Este se volta particularmente ardente e dirigido à eternidade. A comunicação espiritual não só continua, senão que se faz mais especialmente  densa e intensa  (...) Vivi a morte de Lydia, participei em sua morte, e cheguei a perceber que a morte era menos horrível, descobri nela algo que se parece com um nascimento.” (Berdyaev, 1957).
[object Object],[object Object],Remedios Varo,  “ Nacer de nuevo”,  1960
Ritos agrários ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Plenitude
Planta ou sola do pé, Pegada de homem ou animal, Sinal, impressão, marca pela pressão de um corpo, instante, momento, resto, fragmento, lugar... Vestigium... Vestigo : Seguir o rastro de... Ir a procura... Descobrir, encontrar...
Drama vegetal: destinação da semente....
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[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Epicuro   (3 a.C) (sob invasão macedônica )
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Um  képos  russo e personalista... A Frátria do jardim...
mitologias pampeanas prof. dr. marcos ferreira santos livre-docente em cultura & educação professor de mitologia da faculdade de educação - usp
“ (...) seus olhos saudaram a árvore como se ela fosse uma amiga íntima. Uma lagartixa passou correndo à sua frente e sumiu-se por entre as macegas. Ana pensou em cobra (…) Fez avançar o busto, baixou a cabeça e mirou-se no  espelho  da água. Foi como se estivesse enxergando outra pessoa.”  Érico Veríssimo “O tempo e o vento –  O Continente”
Vasilha funerária  guarani com técnicas de mumificação
“ De longe vinha agora o som da flauta de Pedro (…) queria pensar em noutra coisa, mas não conseguia. E o pior era que sentia os bicos dos seios (só o contato com o vestido dava-lhe arrepios) e o sexo como três focos ardentes. Sabia o que aquilo significava (…) pensamentos que ficariam dentro de sua cabeça e de seu corpo, para sempre escondidos (…) pensou nos beijos úmidos do índio colados à flauta de taquara. Os beiços de Pedro nos seus seios. Aquela música saía do corpo de Pedro e entrava no corpo dela…”  Érico Veríssimo “O tempo e o vento –  O Continente”
“ Eu sou a princesa moura encantada, trazida de outras terras por sobre um mar que os meus nunca sulcaram… Vim, e Anhangá-pitã transformou-me em teiniaguá de cabeça luminosa, que outros chamam o – carbúnculo – e temem e desejam, porque eu sou a rosa dos tesouros escondidos dentro da casca do mundo.”  João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
(…) Uma noite ela quis misturar o mel do seu sustento com o vinho do santo sacrifício; e fui, busquei no altar o copo de ouro consagrado, todo lavorado de palmas e resplendores; e trouxe-o, transbordante, transbordando…  de boca para boca, por lábios incendiados o passamos…  e embebedados caímos, abraçados. ” João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
“ Tu, não; tu não me procuraste ganoso… e eu subi ao teu encontro; e me bem trataste pondo água na guampa e trazendo mel fino para o meu sustento (…) a teniaguá que sabe dos tesouros, sou eu, mas sou também princesa moura… sou jovem… sou formosa…, o meu corpo é rijo e não tocado!...  E estava escrito que tu serias o meu par. Serás o meu par… se a cruz do teu rosário me não esconjurar… (…) quando quebrado o encantamento, do sangue de nós ambos nascer uma nova gente, guapa e sábia, que nunca mais será vencida (…)  ………………  Aquele par, juntado e tangido pelo Destino, que é o senhor de todos nós, aquele par novo, de mão dadas como namorados, deu costas ao seu desterro (….) Anhangá-pitã, também, desde aí, não foi mais visto. Dizem que, desgostoso, anda escondido, por não haver tomado bem tenência que a  teniaguá  era mulher…” João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
mouro
“ só o silêncio do casarão, o vento nas vidraças e o tempo passando… - Bem dizia minha avó – resmunga dona Bibiana, cerrando os olhos – Noite de vento, noite dos mortos. ‘ Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando’, costumava dizer Ana Terra.”  Érico Veríssimo “O tempo e o vento –  O Continente”
“ (…) la mujer mapuche encarna a si el contrapunto de opuestos: tejido-plata, fibra-metal, negro-blanco, oscuridad-luz. El negro brilloso del tejido es el sentido de fuerza, poder y estabilidad sobre el que se asienta el blanco luminoso de la vida y la espiritualidad. En este contexto la mujer mapuche se nos presenta como un ser significante, ícono cosmovisional en el que convergen cuantidad de contenidos referidos al ser femenino: mujer, en el plano de la  mapu , y luna en el plano de la  wenu-mapu , la tierra de arriba.”  Ana María Llamazares Carlos Martínez Sarasola yTeresa Pereda “Los que movían el metal: metamorfosis de la luz en la platería mapuche”
madu lopes ,  pelotas/rs
 
Ancestralidade: Se aprende na escola?...
Traço, de que sou herdeiro,  que é constitutivo do meu processo identitário e que permanece para além da minha própria existência… O que é ancestralidade ?...
Karl  Jaspers situación-límite die Grenzsituation
 
Religação e re-leitura… ,[object Object],[object Object]
[object Object]
[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],Mario Cespedes
Endividamento … ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
“ Mas os mistérios da vida divina não podem se exprimir senão pela  linguagem interior da experiência espiritual, por uma linguagem de vida e não aquela da natureza objetiva da razão. Veremos, então, que a linguagem da experiência espiritual é inevitavelmente simbólica,  que é sempre uma questão de  acontecimentos , de  encontros ,  de  destinação” Espírito e Liberdade , 1933 Nikolay  Aleksandrovich  Berdyaev (1874-1948) um anarquista religioso
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[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
Espiralidade…
Mitologias do Brasil  afro-ameríndio
mediações simbólicas ,[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object],[object Object]
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“ A gnosis matutina que nos inspira é uma oposição radical, tanto à unidimensionalidade cientificista como à unidimensionalidade teológica que é o  fanatismo.”  Durand, 1995 “A fé do sapateiro” Gustave Moreau
“ Auditório para questões delicadas”,  Guto Lacaz (Brasil)
[object Object]
Na tradição dos mistérios órficos… Orfeu desce ao Hades e busca a Eurídice… Gustave Moreau
Uma apologia do  canto ...
Tantas veces me mataron,  tantas veces me morí, Sin embargo estoy aquí resucitando. Pero si estoy a la desgracia  y la mano con puñal por qué mató tan mal, y seguí cantando. Cantando al sol como la cigarra después de un año bajo la tierra, igual que sobreviviente que vuelve de la guerra. Tantas veces me borraron, tantas desparecí, a mi propio entierro fui sola y llorando; hice un nudo en el pañuelo pero me olvidé después que no era la única vez y seguí cantando.  Tantas veces te mataron, tantas resucitarás,  cuántas noches pasarás desesperando.  Y a la hora del naufragio y la de la oscuridad  alguien te rescatará para ir cantando.  Como la Cigarra (María Elena Walsh)
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Prof. Dr. Marcos Ferreira Santos: Mito, Sagrado e Jornada Interpretativa

  • 1. Prof. Dr. Marcos Ferreira Santos Livre-Docente em “Cultura & Educação” Professor de Mitologia Comparada Faculdade de Educação - USP Mito & Sagrado as transformações de Eros
  • 2. O mundo meu é pequeno, Senhor. Tem um rio e um pouco de árvores. Nossa casa foi feita de costas para o rio. Formigas recortam roseiras da avó. Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas. Seu olho exagera o azul. Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves. Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no incêndio. Quando um rio está começando um peixe, Ele me coisa Ele me rã Ele me árvore. De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos. Manoel de Barros
  • 3.
  • 5. Orient-ação [email_address] telefax: (11) 3815-0232
  • 9. Algumas publicações: Arqueofilia : o vestigium na prática arqueológica e junguiana Terra Brasilis: pré-história e arqueologia da psique Marcos Callia e Marcos Fleury de Oliveira (orgs.) www.paulus.com.br
  • 10. www.editorialfundamentos.es Mitohermenéutica de la creación: arte, proceso identitário y ancestralidad” Algumas publicações: Creación y Posibilidad, Aplicaciones del arte en la integración social           Marián López Fernández-Cao (org.)
  • 11. www.editorazouk.com.br Crepusculário : Conferencias sobre mitohermenêutica e educação em Euskadi
  • 12.
  • 13. Onde se escondem nossas matrizes de pensamento e alma?
  • 14.
  • 15. griot
  • 16. A palavra-alma é mais forte que a morte Ângelo Kretan (1944-1980)
  • 17. Algumas noções básicas… mitohermenêutica como estilo reflexivo e como método: as circulações do sentido na paisagem e a jornada interpretativa (Ferreira Santos)
  • 18. Cultura universo da criação, transmissão, apropriação e interpretação dos bens simbólicos e suas relações
  • 19. Símbolo Forma (Bild) Sentido (Sinn) engendramento
  • 20.
  • 21.
  • 22. Paixão pelo que é ancestral, primevo, arquetipal e que se revela, gradativamente, na proporção da profundização da busca. Arqueofilia:
  • 23.
  • 24.
  • 25. “ O mytho é aqui compreendido como a narrativa dinâmica de imagens e símbolos que orientam a ação na articulação do passado ( arché ) e do presente vivido em direção ao devir ( télos )... Ferreira Santos, 1998 “ Práticas crepusculares: mytho, ciência e educação…”
  • 26.
  • 27.
  • 28.
  • 30. o olhar do geógrafo, o espírito do viajante e a criação do romancista ( Paul Ricoeur ) Habitar a paisagem…
  • 31. “ caminante, no hay camino... se hace camino al andar golpe a golpe, verso a verso...” Antonio Machado Jornada interpretativa
  • 32. um percurso formativo de busca de sentido, centramento e plenitude existencial que se dá no processo de realização de si-mesmo e que me permite uma determinada leitura provisória do mundo... O que é a Jornada Interpretativa ?
  • 33.  
  • 34.  
  • 35.  
  • 36. Qual a finalidade ? - busca dinâmica de sentidos para a existência
  • 37.
  • 38. Antropologia Filosófica: de Cassirer aos pensadores do Círculo de Eranos
  • 39.
  • 41.
  • 42.
  • 43. Joseph Campbell (1904-1987)
  • 44.
  • 45.
  • 46. “ onde temíamos encontrar algo abominável, encontraremos um deus. E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos. Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ao centro da nossa própria existência. E lá, onde pensávamos estar sós, estaremos na companhia do mundo todo.” Campbell , O Poder do Mito , 1988
  • 47. partida realização retorno A Sa ga do Heró i Campb ell , O Pode r do Mito , 1988
  • 48. “ Esta é sua alma”  Campbell, O Poder do Mito , 1988
  • 51.
  • 52.
  • 53. “ Isto não é privilégio do mundo cristão (...) Sócrates condenado à cicuta, Giordano Bruno queimado, Descartes forçado à expatriar-se na Holanda, Spinoza excluído da sinagoga, eis os testemunhos das perseguições e dos suplícios que os representantes da religião infligiram a estes filósofos” Berdyaev, 1936
  • 54. Persona (máscara) Prosopon (  ) (aquele que afronta com sua presença) per sonare (que ressoa)
  • 55.
  • 56. “ A pessoa é inseparável da dor e do sofrimento. Sua realização é dolorosa (...) A luta pela realização da pessoa é uma luta heróica. O heroísmo é por excelência um ato pessoal. A pessoa está ligada à liberdade: Sem liberdade, não há pessoa. E a realização da pessoa não é outra coisa que a conquista da liberdade interior, de uma liberdade onde o homem é doravante desengajado de toda determinação vinda de fora. Mas, a liberdade engendra dor e sofrimento. O trágico da vida é na liberdade.” Berdyaev, (Cinq meditations…1936)
  • 57. “ amor, pela memória e pela criação” (Berdyaev, 1936). Remedios Varo, “ Ruptura”, 1955
  • 58.
  • 59. “ Morro, e contudo não morre em mim O ardor de meu amor por Ti, E Teu Amor, meu único objetivo, Tampouco alivia a febre de minh’alma (...) Volto-me para Ti em meu apelo, E busco em Ti meu repouso derradeiro; A Ti dirijo meu enfático lamento, Tu que habitas meu secreto pensamento (...) Dhu ‘l-Nun, O Egípcio, (poeta místico sufi, circa 861 d.C) Remedios Varo
  • 60. Nikolay Aleksandovich Berdyaev (1874-1948) Emmanuel Mounier (1905-1950) Gabriel Marcel, Jean Lacroix, Paul Ricoeur, Jacques Maritain, Charles du Bos, Massignon, Henry Corbin, Étienne Gilson, André Philip, Olivier Lacombe, Georges Izard, Jean Hugo, P. Van der Meer Personalismo… existencialismo antropológico
  • 61. “ A vitória sobre a morte é ao mesmo tempo a aceitação mesma do mistério da morte: é uma atitude antinômica. De outro lado, a realização da pessoa é a realização da comunhão, na vida social e na vida cósmica, o ultrapassamento deste isolamento intrínseco à morte. É que, precisamente, a realização da comunhão não conhece a morte. O amor é mais forte que a morte.” (Berdyaev, 1936) Frida Kahlo
  • 62. “ Há em mim uma forte predisposição à melancolia (...) Esta melancolia cresceu em mim num período muito desgraçado de minha vida. Lydia adoeceu gravemente de paralisia dos músculos da garganta, o que dificultava mais sua capacidade de falar e tomar alimento. Suportou com resignação esta enfermidade atroz. Suas forças foram minguando. No final de setembro de 1945 Lidia morreu. Foi um dos acontecimentos mais dolorosos de minha vida e ao mesmo tempo um dos que mais me afetaram em minha vida interior (...) A morte não é somente um extremo mal, senão que há também luz nela. Na morte há revelação do amor. Só na morte se dá a maior intensidade do amor. Este se volta particularmente ardente e dirigido à eternidade. A comunicação espiritual não só continua, senão que se faz mais especialmente densa e intensa (...) Vivi a morte de Lydia, participei em sua morte, e cheguei a perceber que a morte era menos horrível, descobri nela algo que se parece com um nascimento.” (Berdyaev, 1957).
  • 63.
  • 64.
  • 65. Planta ou sola do pé, Pegada de homem ou animal, Sinal, impressão, marca pela pressão de um corpo, instante, momento, resto, fragmento, lugar... Vestigium... Vestigo : Seguir o rastro de... Ir a procura... Descobrir, encontrar...
  • 66. Drama vegetal: destinação da semente....
  • 67. iniciação mysterium morte simbólica renascimento
  • 68.
  • 69.  
  • 71.  
  • 73.  
  • 74.  
  • 76.
  • 81. antheros Cláudia Sperb “Arqueologia do amor”
  • 83. quíron “ tutto è santo !”
  • 84.
  • 85.
  • 86. Um képos russo e personalista... A Frátria do jardim...
  • 87. mitologias pampeanas prof. dr. marcos ferreira santos livre-docente em cultura & educação professor de mitologia da faculdade de educação - usp
  • 88. “ (...) seus olhos saudaram a árvore como se ela fosse uma amiga íntima. Uma lagartixa passou correndo à sua frente e sumiu-se por entre as macegas. Ana pensou em cobra (…) Fez avançar o busto, baixou a cabeça e mirou-se no espelho da água. Foi como se estivesse enxergando outra pessoa.” Érico Veríssimo “O tempo e o vento – O Continente”
  • 89. Vasilha funerária guarani com técnicas de mumificação
  • 90. “ De longe vinha agora o som da flauta de Pedro (…) queria pensar em noutra coisa, mas não conseguia. E o pior era que sentia os bicos dos seios (só o contato com o vestido dava-lhe arrepios) e o sexo como três focos ardentes. Sabia o que aquilo significava (…) pensamentos que ficariam dentro de sua cabeça e de seu corpo, para sempre escondidos (…) pensou nos beijos úmidos do índio colados à flauta de taquara. Os beiços de Pedro nos seus seios. Aquela música saía do corpo de Pedro e entrava no corpo dela…” Érico Veríssimo “O tempo e o vento – O Continente”
  • 91. “ Eu sou a princesa moura encantada, trazida de outras terras por sobre um mar que os meus nunca sulcaram… Vim, e Anhangá-pitã transformou-me em teiniaguá de cabeça luminosa, que outros chamam o – carbúnculo – e temem e desejam, porque eu sou a rosa dos tesouros escondidos dentro da casca do mundo.” João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
  • 92. (…) Uma noite ela quis misturar o mel do seu sustento com o vinho do santo sacrifício; e fui, busquei no altar o copo de ouro consagrado, todo lavorado de palmas e resplendores; e trouxe-o, transbordante, transbordando… de boca para boca, por lábios incendiados o passamos… e embebedados caímos, abraçados. ” João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
  • 93. “ Tu, não; tu não me procuraste ganoso… e eu subi ao teu encontro; e me bem trataste pondo água na guampa e trazendo mel fino para o meu sustento (…) a teniaguá que sabe dos tesouros, sou eu, mas sou também princesa moura… sou jovem… sou formosa…, o meu corpo é rijo e não tocado!... E estava escrito que tu serias o meu par. Serás o meu par… se a cruz do teu rosário me não esconjurar… (…) quando quebrado o encantamento, do sangue de nós ambos nascer uma nova gente, guapa e sábia, que nunca mais será vencida (…) ……………… Aquele par, juntado e tangido pelo Destino, que é o senhor de todos nós, aquele par novo, de mão dadas como namorados, deu costas ao seu desterro (….) Anhangá-pitã, também, desde aí, não foi mais visto. Dizem que, desgostoso, anda escondido, por não haver tomado bem tenência que a teniaguá era mulher…” João Simões Lopes Neto “Lendas do Sul”
  • 94. mouro
  • 95. “ só o silêncio do casarão, o vento nas vidraças e o tempo passando… - Bem dizia minha avó – resmunga dona Bibiana, cerrando os olhos – Noite de vento, noite dos mortos. ‘ Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando’, costumava dizer Ana Terra.” Érico Veríssimo “O tempo e o vento – O Continente”
  • 96. “ (…) la mujer mapuche encarna a si el contrapunto de opuestos: tejido-plata, fibra-metal, negro-blanco, oscuridad-luz. El negro brilloso del tejido es el sentido de fuerza, poder y estabilidad sobre el que se asienta el blanco luminoso de la vida y la espiritualidad. En este contexto la mujer mapuche se nos presenta como un ser significante, ícono cosmovisional en el que convergen cuantidad de contenidos referidos al ser femenino: mujer, en el plano de la mapu , y luna en el plano de la wenu-mapu , la tierra de arriba.” Ana María Llamazares Carlos Martínez Sarasola yTeresa Pereda “Los que movían el metal: metamorfosis de la luz en la platería mapuche”
  • 97. madu lopes , pelotas/rs
  • 98.  
  • 99. Ancestralidade: Se aprende na escola?...
  • 100. Traço, de que sou herdeiro, que é constitutivo do meu processo identitário e que permanece para além da minha própria existência… O que é ancestralidade ?...
  • 101. Karl Jaspers situación-límite die Grenzsituation
  • 102.  
  • 103.
  • 104.
  • 105.
  • 106.
  • 107. “ Mas os mistérios da vida divina não podem se exprimir senão pela linguagem interior da experiência espiritual, por uma linguagem de vida e não aquela da natureza objetiva da razão. Veremos, então, que a linguagem da experiência espiritual é inevitavelmente simbólica, que é sempre uma questão de acontecimentos , de encontros , de destinação” Espírito e Liberdade , 1933 Nikolay Aleksandrovich Berdyaev (1874-1948) um anarquista religioso
  • 108.
  • 109.
  • 111. Mitologias do Brasil afro-ameríndio
  • 112.
  • 113.
  • 114. “ A gnosis matutina que nos inspira é uma oposição radical, tanto à unidimensionalidade cientificista como à unidimensionalidade teológica que é o fanatismo.” Durand, 1995 “A fé do sapateiro” Gustave Moreau
  • 115. “ Auditório para questões delicadas”, Guto Lacaz (Brasil)
  • 116.
  • 117. Na tradição dos mistérios órficos… Orfeu desce ao Hades e busca a Eurídice… Gustave Moreau
  • 118. Uma apologia do canto ...
  • 119. Tantas veces me mataron, tantas veces me morí, Sin embargo estoy aquí resucitando. Pero si estoy a la desgracia y la mano con puñal por qué mató tan mal, y seguí cantando. Cantando al sol como la cigarra después de un año bajo la tierra, igual que sobreviviente que vuelve de la guerra. Tantas veces me borraron, tantas desparecí, a mi propio entierro fui sola y llorando; hice un nudo en el pañuelo pero me olvidé después que no era la única vez y seguí cantando. Tantas veces te mataron, tantas resucitarás, cuántas noches pasarás desesperando. Y a la hora del naufragio y la de la oscuridad alguien te rescatará para ir cantando. Como la Cigarra (María Elena Walsh)
  • 120.