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  1. Início e Capítulo 0 | Tudo é fluzz AUGUSTO DE FRANCO Vida humana e convivência social nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio
  2. Coda
  3. 0 Tudo que flui é fluzz. Tudo que fluzz flui. 1 Fluzz é o fluxo que não pode ser aprisionado por qualquer mainframe. Porque fluzz é do metabolismo da rede. Ah!, sim, redes são fluições. Fluzz evoca o curso constante que não se expressa e que não pode ser sondado, nem sequer pronunciado do “lado de fora” do abismo: onde habitamos. No “lado de dentro” do abismo não há espaço nem tempo, ou melhor, há apenas o espaço-tempo dos fluxos. É de lá que aquilo (aquele) que flui sem cessar faz brotar todos os mundos. 2 Muitos mundos, isso mesmo. Não existe um mundo que se possa dizer o mundo, a não ser por efeito de hierarquização. Pensar e falar do mundo é tentar impingir um só mundo. Pois os mundos são muitos. Um só mundo é uma invenção do broadcasting. Broadcasting – um para muitos – é, obviamente, centralização, quer dizer, hierarquia. Tirem as TVs e as rádios, os jornais e revistas, as agências de notícias, talvez o cinema e não sobrará mais um só mundo. Sem o broadcasting já teremos múltiplos mundos: cada qual
  4. configurado pelas nossas conexões. Com a internet esses mundos se multiplicam velozmente, mas não por difusão e sim por interconexão. Desse ponto de vista, interconnected networks (internet) é, na verdade, interconnected worlds. E fluzz é o vento que varre esses inumeráveis interworlds. No mundo hierárquico, não há interface para fluzz. Mas quando fluzz for do regime dos múltiplos mundos interconectados, esses mundos serão os novos Highly Connected Worlds do terceiro milênio. 3 Nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio, vida humana e convivência social se aproximarão a ponto de revelar os “tanques axlotl” onde somos gerados como seres propriamente humanos. Todos compreenderemos a nossa natureza de “gholas sociais”. Os tanques onde somos formados como pessoas são clusters, “regiões” da rede social a que estamos mais imediatamente conectados. Um tipo especial de ghola: não um clone de um indivíduo, mas um “clone” de uma configuração de pessoas. Toda pessoa, como dizia Novalis (1798), é uma pequena sociedade; quer dizer, pessoa já é rede! Pessoa é um ente cultural que replica uma configuração. É um ghola social. 4 Não há nada a fazer. Deixem fluzz soprar para ver o que acontece. (Na verdade, dizer ‘deixem fluzz soprar’ é apenas uma maneira de dizer, pois fluzz já é o sopro). Quando fluzz soprar, prá que ensino, prá que escola? Quando fluzz soprar, para que religião, para que igreja? Quando fluzz soprar, para
  5. que corporação, para que partido? Quando fluzz soprar, para que nação, para que Estado? Oh! É claro que todas essas instituições perdurarão: como remanescências. Não serão mais prevalecentes. Aliás, como já se prenuncia, elas se contaminarão mutuamente: nações serão religiões, escolas serão igrejas, Estados serão corporações... e tudo será, afinal, o que é – sempre a mesma coisa: programas verticalizadores que “rodam” na rede social instalando anisotropias no espaço-tempo dos fluxos. 5 Enquanto isso, porém, crescem subterraneamente as hifas, por toda parte. Os alicerces das organizações hierárquicas vão sendo corroídos e seu muros, antes paredes opacas para se proteger do outro, vão agora virando “membranas sociais”, permeáveis à interação e vulneráveis ao outro-imprevisível. Pessoas conectadas com pessoas vão tecendo articulações que estilhaçam o mundo-único-imposto em miríades de pedaços, não pelo combate, mas pela formação de redes. E outras identidades – mais-fluzz – vão surgindo nos novos mundos altamente conectados do terceiro milênio. 6 Para o mundo único broadcast que remanesce o terceiro milênio ainda não começou. Grandes “verdades” do final século 20 não foram ainda revistas, conquanto não faltem evidências de seu envelhecimento. Três exemplos eloqüentes: O mundo virou uma aldeia global? Não. Está virando miríades de aldeias globais. Pensar globalmente e agir localmente? Não. Pensar e agir glocalmente!
  6. Sustentabilidade é resguardar recursos para as futuras gerações? Não. É aprender a fluir com o curso... 7 Os que continuam aprisionados no mundo único dos séculos passados ainda não lograram perceber o que está em gestação neste período. A revelia dos cegos “líderes mundiais” e além da compreensão dos analistas de governos e corporações, grandes movimentos subterrâneos estão em curso neste momento. De modo molecular, distribuído e conectado de sorte a formar um feixe intenso de fluxos – fluzz –, estão se articulando e se expressando glocalmente experiências inovadoras que tendem a alterar na raiz a estrutura e a dinâmica das sociosferas. Eis alguns exemplos fulcrais do que está emergindo: Não-Escolas: comunidades de aprendizagem (homescooling e, sobretudo, communityschooling, cada vez mais na linha de unschooling) em rede, sem currículo e sem professor e aluno. Não-Igrejas: formas pós-religiosas de espiritualidade, livres das ordenações das burocracias sacerdotais. Não-Partidos: redes de interação política (pública) exercitando a democracia local na base da sociedade e no cotidiano dos cidadãos. Não-Estados-nações: cidades inovadoras – como redes de comunidades – que assumem a governança do seu próprio desenvolvimento em rota de autonomia crescente em relação aos governos centrais que tinham-nas por seus domínios. Não-Empresas-hierárquicas: redes de stakeholders – demarcadas do meio por membranas (permeáveis ao fluxo) e não pode paredes opacas – como novas comunidades de negócios do mundo que já se anuncia.
  7. 8 Nada disso está sendo percebido pelos mantenedores do velho mundo que são, invariavelmente, “net-avoids”, ou seja, aqueles que desconfiam das redes quando não deveriam fazê-lo, posto que justamente em uma época de transição para uma sociedade em rede. E estes são, quase sempre, hierarcas. Não conseguem ver o que está ocorrendo porque, do lugar onde operam, objetivamente, contra os novos mundos que estão emergindo, a mudança não pode mesmo aparecer. Alguns exemplos dessas categorias – que freqüentemente se misturam e incidem em alguma combinação particular sobre um mesmo indivíduo “vitorioso” (segundo os critérios do milênio pretérito) – merecem ser destacados: os ensinadores ou burocratas sacerdotais do conhecimento, os codificadores de doutrinas, os aprisionadores de corpos, os construtores de pirâmides, os fabricantes de guerras e os condutores de rebanhos. 9 A resiliência dessas velhas funções, agenciadoras de um tipo de mundo (erigido para exterminar outros mundos) que teima em não desaparecer, não está conseguindo impedir o surgimento de novos papéis sociais que antecipam uma nova época. Caminhando fora dos trilhos estabelecidos, emergem a cada dia novos atores do mundo glocalizado. Sim, eles já estão entre nós. Não são conhecidos porquanto não são pessoas que ficaram famosas segundo o que até então era considerado indicador de sucesso: pelo seu poder, pela sua riqueza ou pelo seu conhecimento atestado por títulos. Quem são? Ora são os múltiplos anônimos conectados, habitantes de uma diversidade incrível de Highly Connected Worlds, que não foram produzidos por broadcasting. São como aquele personagem do romance Distraction de Bruce Sterling (1998) que, para se identificar, afirmou: “Não temos raízes. Somos pessoas da rede. Temos antenas”. Tais papéis inéditos que estão sendo produzidos pela (ou em) rede são também múltiplos. Por enquanto só conseguimos divisar alguns.
  8. Três exemplos marcantes são os hubs, os inovadores e os netweavers. 10 A despeito do fato, incontestável, de a dinâmica global da interação entre as velhas instâncias organizativas ter mudado, anunciando a emersão de uma verdadeira sociedade-rede, um novo padrão de organização distribuído não logrou se materializar no interior e no entorno das organizações empresariais, governamentais e sociais, que continuaram ainda se estruturando de modo centralizado ou hierárquico. Ou seja, o muro que caiu em 1989, caiu para o mundo construído pelo broadcasting como um único mundo, sob o efeito das poderosas forças da globalização (sobretudo da globalização das telecomunicações e da globalização dos mercados), mas não chegou a se localizar nas organizações realmente existentes em todos os setores. A mudança continuou acontecendo, mas os novos (e múltiplos) Highly Connected Worlds como que "cresceram escondidos" nesta época de mudança e não apareceram ainda à luz do dia, de sorte a consumar o que poderíamos chamar de uma mudança de época. Esses "mundos-bebês" estão agora em gestação. Os fenômenos acompanhantes desse glocal swarming serão surpreendentes. Alguns já começaram a se manifestar: uma tendência acentuada à desobediência dentro das organizações hierárquicas, a incapacidade dessas organizações de inovar no ritmo exigido pelas mudanças contemporâneas (ou melhor, de se estruturar para inovar permanentemente) e - o que é mais drástico - as perdas irreversíveis de oportunidades e condições de sustentabilidade para as organizações fechadas que não forem capazes iniciar a transição do seu padrão piramidal para um padrão de rede. 11 Bem-vindos aos novos mundos-fluzz.
  9. Esqueçam suas velhas idéias e práticas de comando e controle. Abram mão de suas noções-século-20 de participação. E se livrem da compulsão de gerir o conhecimento ou organizar conteúdos para os outros (ou juntamente com eles). Preparem-se para entrar no multiverso das interações. Nos mundos-fluzz não é o conteúdo do que flui pelas conexões da rede a variável fundamental para explicar o que acontece(rá) e sim o modo-de-interagir e suas características, como a freqüência, as reverberações, os loopings, as configurações de fluxos que se constelam a cada instante, os espalhamentos e aglomeramentos (clustering), os enxameamentos (swarming) que irrompem, as curvas de distribuição das variações aleatórias introduzidas pela imitação (cloning) que produzem ordem emergente (a partir da interação), as contrações na extensão característica de caminho (crunch) dentro de cada cluster... Em vez de tentarem organizar a auto-organização, construam interfaces para conversar com a rede-mãe, aquela que existe independentemente de nossos esforços conectivos voluntários e que, para usar uma imagem do Tao, é como o espírito do vale, suave e multífluo, [como] a mulher misteriosa que age sem esforço ao se deixar varrer pelo sopro, ao ser permeável ao fluxo que não pode ser aprisionado por qualquer mainframe: fluzz. Oh!, sim, redes são fluições. Este livro é sobre redes.
  10. 0 Tudo é fluzz Tudo flui como um rio. Crátilo (c. 500 a. E. C., em um insight heraclítico, talvez) Twiver. 200 milhões de timelines (em 2010) fluindo no twitter-river. (A partir de 21/03/2006) Fluzz é o Buzz que o Google não fez; e nem poderia fazer. De uma conversa do autor com Marcelo Estraviz (2010) (1)
  11. Tudo que flui é fluzz. Tudo que fluzz flui. Tudo que flui é fluzz. Pronto. Qualquer outra definição seria diminutiva. Qualquer outra explicação aprisionaria a imaginação criadora. Para ler este livro é necessário soltar a imaginação que cria múltiplos sentidos. Para escrever também (sim, esta é uma escritura de imaginação, não de análise). Foi necessário até inventar palavra que não existe. Como disse o poeta Manoel de Barros (pela boca do Bugre Felisdônio), “as coisas que não existem são mais bonitas” (2). Sim, fluzz é uma nova palavra substantiva. A substância mesmo, entretanto, muda a cada momento. Como? Não sabemos. Então este é uma espécie de “Livro das Ignorãças”, que vai avançando em círculos, ou em espiral, como nós, os humanos, quando caminhamos às cegas (3). Por isso, cada capítulo imita os anteriores e clona (no sentido grego, original, do termo) o que já veio: do galho nasce um broto, e outro, e outro – como filosofemas, não argumentos formais. Entrementes, porém, a imaginação salta vôo: Manoel de Barros (novamente ele, mas agora pela sua própria boca) diria que “todas as coisas... [aqui] já estão comprometidas com aves” (4). O impagável Ben Jonson havia advertido que “não se cunha uma nova palavra sem correr um grande risco, porque, se for bem aceita, os louvores serão moderados; se for rejeitada, o desprezo é certo”. Isso foi lembrado por Arthur Koestler (1967), quando, no seu (extraordinário) O fantasma da máquina, criou a palavra hólon (5). Fluzz tem algo de hólon, se deixarmos de olhar a máquina, a estrutura fixa, e começarmos a acompanhar o fantasma que desliza pelos seus desvãos (the ghost-in). Por isso, como ele, vamos correr o risco. Vamos seguir o risco. Vamos voar com a ave. Vamos fluir com o curso.
  12. Mas fluzz também é um novo adjetivo e assim será aplicado. Não se pode dizer que uma coisa seja não-fluzz. Tudo é fluzz, em alguma medida. Mais- fluzz, todavia, é o que está sujeito à mais-interatividade. Mais interatividade, porém, não significa necessariamente interagir mais – com mais freqüência, com mais pessoas – e sim estar mais aberto à interação. O que tem mais interatividade? O que está mais vulnerável ao outro-imprevisível. Mais interatividade é, por isso, o que causa menos anisotropias no espaço- tempo dos fluxos e, em conseqüência, menos deformações no campo social. Ou seja, redes. Redes mais distribuídas do que centralizadas. Atenção. Vai começar. Tudo que fluzz flui. Fluzz agora é verbo.
  13. Tudo é fluzz | 0 (1) A palavra fluzz nasceu de uma conversa informal do autor, no início de 2010, com Marcelo Estraviz, sobre o Buzz do Google. O autor observava que Buzz não captava adequadamente o fluxo da conversação, argumentando que era necessário criar outro tipo de plataforma (i-based e não p-based). Marcelo Estraviz respondeu com a interjeição ‘fluzz’, na ocasião mais como uma brincadeira, para tentar traduzir a idéia de Buzz+fluxo. Ulteriormente a idéia foi desenvolvida e recebeu outros significados, que não têm muito a ver com o programa mal-sucedido do Google, como se pode ver neste livro. (2) BARROS, Manoel (1993). “Uma didática da invenção” in O Livro das Ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2004. (3) Cf. DIAZ, Jesus (2010). Humans can only walk in circles and we don’t know why. Gizmodo: <http://www.npr.org/blogs/krulwich/2010/11/03/131050832/a-mystery-why-can- t-we-walk-straight> (4) BARROS, Manoel (1993). “Mundo pequeno” in O Livro das Ignorãças: Ed. cit. (5) KOESTLER, Arthur (1967). O fantasma da máquina. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
  14. Índice Tudo é fluzz | 0 No “lado de dentro” do abismo | 1 Inumeráveis interworlds| 2 Pessoa já é rede | 3 Anisotropias no espaço-tempo dos fluxos | 4 Hifas por toda parte | 5 O terceiro milênio já começou? | 6 Alterando a estrutura das sociosferas | 7 Os mantenedores do velho mundo | 8 Eles já estão entre nós | 9 “Mundos-bebês” em gestação | 10 Bem-vindos aos novos mundos-fluzz | 11
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