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A regressão do demoliberalismo
O impacto do socialismo revolucionário
- A conjuntura socioeconómica do I pós-guerra não permitiu o fortalecimento do demoliberalismo,
principalmente nos países com pouca tradição democrática.
- Após a Revolução Bolchevique de 1917, o marxismo-leninismo procurou estender a ação revolucionária
a todos os países, com vista a acabar com os regimes burgueses e capitalistas. Nesse sentido, criaram a
III Internacional (1919), dependente de um órgão central, o Komitern, com sede em Moscovo (único país
onde, até à data, o marxismo-leninismo trinfou). Doc. 23, pág. 40
- O Komitern era o organismo encarregado de promover a revolução mundial, partindo do princípio que
esta viria em auxílio da pátria do socialismo. Se os outros países aplicassem a ditadura do proletariado,
cessariam as sanções e os boicotes à União Soviética.
- Na III Internacional ficou instituída a via revolucionária que devia ser seguida pelos partidos comunistas
nacionais, a obrigatoriedade de seguir o modelo soviético e dos princípios definidos:
* coordenar a luta os partidos operários a nível mundial;
* fazer a revolução comunista em todo o mundo;
* concretizar o internacionalismo operário;
* fazer triunfar o marxismo-leninismo.
- Esta orientação dividiu definitivamente os socialistas: os que aceitaram a via revolucionária e os
princípios do Komitern passaram a denominar-se comunistas; os que apoiaram a via reformista e
progressiva denominaram-se socialistas.
- Os ideais do marxismo-leninismo eram encarados, por parte dos governos demoliberais, como uma
ameaça à para a ordem social estabelecida e para os interesses da alta burguesia e das classes médias.
Dificuldades económicas e radicalização dos movimentos sociais
- A Europa do pós-guerra evidenciava uma conjuntura económica e social problemática (desvalorização
do poder de compra, inflação, desvalorização dos rendimentos).
- Foi particularmente sentida nos países vencidos. A Alemanha foi duramente atingida por uma crise
inflacionista, responsável pela devastação das poupanças da classe média e pela perda do valor do
marco. No caso da França, o franco caiu abruptamente a partir de 1923.
- À crise economia e financeira, juntou-se uma crise político-social:
* na Alemanha (1918) constituíram sovietes de operários, de marinheiros e soldados, que apesar de
reprimida, proclamou a uma república socialista (Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo como líderes da
revolução), que pretendia a implementar do modelo soviético. A sublevação falhou; Doc. 24, pág. 40
* na Hungria (1919) tentaram implementar uma república, de tipo comunista, com uma curta duração
(133 dias);
* na França, Grã-Bretanha, Itália e Espanha houve tentativas de agitação social, apoiada nos setores
sindicais mas contrariadas pelas forças conservadoras nacionais (as potências ocidentais apoiam o
Exército Branco durante a guerra civil russa); Doc. 25, pág. 41
* na Itália, o ambiente era de contestação e agitação (greves, manifestações, ocupação de terras e
fábricas), provocadas pelas dificuldades económicas: desemprego, inflação, perda de poder de compra,
má distribuição de terras). Este contexto contribuiu para o reforço da esquerda e para a eclosão de uma
vaga revolucionária: ocupação de fábricas para controlo operário e ocupação de terras para reformas
agrária.
Para combater esta situação de agitação social, formam-se grupos políticos e milícias armadas de direita:
Movimento Fascista (1919), por Benito Mussolini, que organiza expedições punitivas contra os
revolucionários.
O fascismo aparece como resultado de um sentimento geral de ansiedade e medo dentro da classe média
no pós-guerra, de um sentimento de vergonha nacional e de humilhação da “vitória mutilada” da Itália e
dos tratados de paz (ficaram aquém do expetável e esperado pelos italianos) e do receio do avanço dos
ideais bolcheviques.
* em França assistiu-se à radicalização do movimento operário, que culminou na tentativa de convocação
de greve, apoiada pela CGT (Confederação Geral de Trabalho) e que teve adesão principalmente geral
pelo setor ferroviário;
* na Inglaterra, assistiu-se à ascensão do Partido Trabalhista, na década de 20.
O surto revolucionário deixou a Europa apavorada, principalmente a grande burguesia proprietária e
financeira, classes médias e pequenos burgueses, que condenavam a escalada grevista e as regalias
sociais dadas aos revolucionários.
Os tempos difíceis traduziram-se em atitudes radicais de movimentos conservadores, nomeadamente
na adesão a políticas autoritárias que dominassem os trabalhadores, impedindo a agitação social e
política.
Itália
- Em 1921, formou-se o Partido Nacional Fascista, tendo como líder Benito Mussolini. A 28 de outubro de
1922, este e a sua milícia (Camisas Negras) avançam sobre a capital – “Marcha sobre Roma”.
O rei, com medo de uma guerra civil, entregou o poder ao PNF (apesar da minoria no Parlamento formam
governo).
- Os esquadrões fascistas desmantelaram as organizações de esquerda;
- Em 1924 é publicada a lei do acerbo (lei que modificou a proporção da representação no Parlamento) e
no mesmo ano, realizaram-se eleições legislativas que entregou o poder aos fascistas;
- Instauração de um regime autoritário fascista.
Em resumo:
 Dificuldades económicas
 Agitação social devido à crise
(desemprego, fome,
marginalidade)
 Medo de expansão do
socialismo (burguesia)
Diferentes soluções políticas:
 De teor autoritário e ditatorial
 1922: Mussolini conduziu a Itália ao
fascismo.
 1922: Primo de Rivera instalou uma
ditadura em Espanha, mas não
conseguiu instalar o fascismo. Só depois
de uma violenta guerra civil é que
Franco conseguiu impor uma forte
ditadura fascista.
 1926: instauração de uma ditadura na
Polónia.
 1926: Gomes da Costa deu o golpe de
Estado (ditadura militar) que conduziu
à ditadura salazarista.
 1926: golpe de Estado que conduziu à
ditadura na Jugoslávia.
 1930: golpe de Estado que conduziu à
ditadura na Roménia.
 1933: Hitler implantou o regime nazi na
Alemanha.
 De teor democrático
 França: coligação de esquerda
(designada como Frente Popular).
 Espanha: coligação de esquerda como
Frente Popular, que terminou com uma
violenta guerra civil.
Em conclusão
Europa
- As dificuldades económicas propiciaram soluções autoritárias.
- As democracias perderam força na segunda metade dos anos 20 e principalmente nos anos 30.
- A democracia apenas se manteve nos países em que tinha uma longa tradição, como o caso da
Inglaterra e França, em que procuraram soluções alternativas de centro-direita e esquerda.

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  • 1. A regressão do demoliberalismo O impacto do socialismo revolucionário - A conjuntura socioeconómica do I pós-guerra não permitiu o fortalecimento do demoliberalismo, principalmente nos países com pouca tradição democrática. - Após a Revolução Bolchevique de 1917, o marxismo-leninismo procurou estender a ação revolucionária a todos os países, com vista a acabar com os regimes burgueses e capitalistas. Nesse sentido, criaram a III Internacional (1919), dependente de um órgão central, o Komitern, com sede em Moscovo (único país onde, até à data, o marxismo-leninismo trinfou). Doc. 23, pág. 40 - O Komitern era o organismo encarregado de promover a revolução mundial, partindo do princípio que esta viria em auxílio da pátria do socialismo. Se os outros países aplicassem a ditadura do proletariado, cessariam as sanções e os boicotes à União Soviética. - Na III Internacional ficou instituída a via revolucionária que devia ser seguida pelos partidos comunistas nacionais, a obrigatoriedade de seguir o modelo soviético e dos princípios definidos: * coordenar a luta os partidos operários a nível mundial; * fazer a revolução comunista em todo o mundo; * concretizar o internacionalismo operário; * fazer triunfar o marxismo-leninismo. - Esta orientação dividiu definitivamente os socialistas: os que aceitaram a via revolucionária e os princípios do Komitern passaram a denominar-se comunistas; os que apoiaram a via reformista e progressiva denominaram-se socialistas. - Os ideais do marxismo-leninismo eram encarados, por parte dos governos demoliberais, como uma ameaça à para a ordem social estabelecida e para os interesses da alta burguesia e das classes médias. Dificuldades económicas e radicalização dos movimentos sociais - A Europa do pós-guerra evidenciava uma conjuntura económica e social problemática (desvalorização do poder de compra, inflação, desvalorização dos rendimentos). - Foi particularmente sentida nos países vencidos. A Alemanha foi duramente atingida por uma crise inflacionista, responsável pela devastação das poupanças da classe média e pela perda do valor do marco. No caso da França, o franco caiu abruptamente a partir de 1923. - À crise economia e financeira, juntou-se uma crise político-social: * na Alemanha (1918) constituíram sovietes de operários, de marinheiros e soldados, que apesar de reprimida, proclamou a uma república socialista (Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo como líderes da revolução), que pretendia a implementar do modelo soviético. A sublevação falhou; Doc. 24, pág. 40 * na Hungria (1919) tentaram implementar uma república, de tipo comunista, com uma curta duração (133 dias);
  • 2. * na França, Grã-Bretanha, Itália e Espanha houve tentativas de agitação social, apoiada nos setores sindicais mas contrariadas pelas forças conservadoras nacionais (as potências ocidentais apoiam o Exército Branco durante a guerra civil russa); Doc. 25, pág. 41 * na Itália, o ambiente era de contestação e agitação (greves, manifestações, ocupação de terras e fábricas), provocadas pelas dificuldades económicas: desemprego, inflação, perda de poder de compra, má distribuição de terras). Este contexto contribuiu para o reforço da esquerda e para a eclosão de uma vaga revolucionária: ocupação de fábricas para controlo operário e ocupação de terras para reformas agrária. Para combater esta situação de agitação social, formam-se grupos políticos e milícias armadas de direita: Movimento Fascista (1919), por Benito Mussolini, que organiza expedições punitivas contra os revolucionários. O fascismo aparece como resultado de um sentimento geral de ansiedade e medo dentro da classe média no pós-guerra, de um sentimento de vergonha nacional e de humilhação da “vitória mutilada” da Itália e dos tratados de paz (ficaram aquém do expetável e esperado pelos italianos) e do receio do avanço dos ideais bolcheviques. * em França assistiu-se à radicalização do movimento operário, que culminou na tentativa de convocação de greve, apoiada pela CGT (Confederação Geral de Trabalho) e que teve adesão principalmente geral pelo setor ferroviário; * na Inglaterra, assistiu-se à ascensão do Partido Trabalhista, na década de 20. O surto revolucionário deixou a Europa apavorada, principalmente a grande burguesia proprietária e financeira, classes médias e pequenos burgueses, que condenavam a escalada grevista e as regalias sociais dadas aos revolucionários. Os tempos difíceis traduziram-se em atitudes radicais de movimentos conservadores, nomeadamente na adesão a políticas autoritárias que dominassem os trabalhadores, impedindo a agitação social e política. Itália - Em 1921, formou-se o Partido Nacional Fascista, tendo como líder Benito Mussolini. A 28 de outubro de 1922, este e a sua milícia (Camisas Negras) avançam sobre a capital – “Marcha sobre Roma”. O rei, com medo de uma guerra civil, entregou o poder ao PNF (apesar da minoria no Parlamento formam governo). - Os esquadrões fascistas desmantelaram as organizações de esquerda; - Em 1924 é publicada a lei do acerbo (lei que modificou a proporção da representação no Parlamento) e no mesmo ano, realizaram-se eleições legislativas que entregou o poder aos fascistas; - Instauração de um regime autoritário fascista.
  • 3. Em resumo:  Dificuldades económicas  Agitação social devido à crise (desemprego, fome, marginalidade)  Medo de expansão do socialismo (burguesia) Diferentes soluções políticas:  De teor autoritário e ditatorial  1922: Mussolini conduziu a Itália ao fascismo.  1922: Primo de Rivera instalou uma ditadura em Espanha, mas não conseguiu instalar o fascismo. Só depois de uma violenta guerra civil é que Franco conseguiu impor uma forte ditadura fascista.  1926: instauração de uma ditadura na Polónia.  1926: Gomes da Costa deu o golpe de Estado (ditadura militar) que conduziu à ditadura salazarista.  1926: golpe de Estado que conduziu à ditadura na Jugoslávia.  1930: golpe de Estado que conduziu à ditadura na Roménia.  1933: Hitler implantou o regime nazi na Alemanha.  De teor democrático  França: coligação de esquerda (designada como Frente Popular).  Espanha: coligação de esquerda como Frente Popular, que terminou com uma violenta guerra civil. Em conclusão Europa - As dificuldades económicas propiciaram soluções autoritárias. - As democracias perderam força na segunda metade dos anos 20 e principalmente nos anos 30. - A democracia apenas se manteve nos países em que tinha uma longa tradição, como o caso da Inglaterra e França, em que procuraram soluções alternativas de centro-direita e esquerda.