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Nome: Alline Casado
                                                          2° ano Jornalismo – UNIFRAN
                                                               Teoria da Comunicação II
                                                                          Fábio Pacheco



        Resenha do texto “Teoria Tradicional e Teoria Crítica” de Max
                   Horheimer e Theodor W. Adorno

        A abordagem que o filósofo faz da Teoria Tradicional mostra que sua origem
está ligada ao avanço das chamadas “ciências naturais”, mais especificamente a
matemática e a física, visto que o êxito alcançado por essas ciências era tido como
modelo. Horkheimer explica que o conceito tradicional de teoria foi definido, de um
modo geral, como uma sinopse de proposições ligadas entre si, das quais pode deduzir
as demais teorias e cuja validade se consiste na sua correspondência com os fatos e em
leis de causa e efeito. Se, ao aplicar tais leis em experimentos particulares houver
discrepância, deve-se saber que há algo errado com a teoria ou com a experiência. Caso
contrário, se ocorrer o fenômeno esperado, a teoria é confirmada. O método dedutivo é
o que prevalece na matemática e acaba estendido para todas as ciências, inclusive as
ciências humanas, não sem distinção.
        Diversas questões surgem na teoria crítica, sendo uma crítica ao modelo
tradicional de teoria. Entende-se que segundo a teoria tradicional, a resposta destas
questões é afirmativa, sendo possível fazer ciências sociais com o mesmo modelo de
causa e efeito, de observação empírica das ciências naturais, sem ser parcial, de
maneira, que a sociologia é tão demonstrável, previsível e calculável quanto uma
ciência natural.
        Nesse sentido caminharíamos a teoria tradicional para o caminho da
generalização com o intuito de aumentar a sua eficácia para que o mesmo conceito
colocado na determinação da natureza sirva também para classificar a natureza viva.
        Podemos perceber, portanto, que, aplicar um modelo rígido das ciências naturais
para a explicação do que ele chama de “natureza viva”, faz com que um dos principais
objetivos da teoria seja o de classificar o objeto que investiga.
        Para a teoria crítica esta classificação das ciências naturais que é colocada pelas
analises sociais, acaba direcionando a investigação no sentido de que a compreensão da
sociedade como cindida em classes seja a forma de compreender a complexidade de seu
funcionamento interno.
        Horhheimer denuncia a visão de que os métodos de trabalho no modo de
produção se organizam sob a lógica da teoria tradicional, sendo um modo de produção
capitalista. A classe do proletariado é a que carrega o potencial de emancipação desta
lógica mecânica da sociedade contemporânea. Consciência de classe trazida pelo
dilaceramento provocado por imposição destes métodos de trabalho. O autor afirma
como uma visão não crítica.
A teoria crítica denuncia o caráter descritivo da realidade, pois ao entender que o
potencial de libertação ou emancipação humana está presente nas representações de
uma classe, a teoria tradicional não mostra a distinção estrutural em relação à ciência
especializada, ela apenas descreve os conteúdos psíquicos de uma determinada
sociedade, ou seja, teoria tradicional é uma psicologia social. Ela impõe uma separação
entre o individuo e a sociedade, pois o comportamento humano passa a ter a sua própria
sociedade como seu objetivo
        Para o autor, qualquer crítica que saia de um diagnóstico de classe reproduz a
mesma lógica para a qual se dirige, não sendo teoria crítica.

        Os conceitos de teoria crítica e teoria tradicional sofrem uma grande mudança
com texto de Horkheimer, pois ele reconhece que está num momento histórico muito
diferente do qual o conceito de teoria critica foi criado, com Marx. Por esse motivo, a
distinção entre teoria crítica e teoria tradicional no texto de Horkheimer é única.
        Para Horkheimer só é teoria crítica se tiver um comportamento crítico, que
consiste em classificar a realidade cindida como contradição e perceber que o modo de
economia vigente é o produto da ação humana, que por sua vez, também pode tomar
outro rumo e orientar-se para a emancipação.
        Na teoria tradicional o individuo não se vê como parte de um processo
contraditório em que suas potencialidade são desenvolvidas no trabalho ou em qualquer
outro lugar, pelo contrário, ele aceita as determinações impostas pela teoria tradicional
como um modelo natural – adere-se a este modelo – e assim passa a guiar o seu
comportamento para preencher estas determinações. Ele se sente satisfeito e adaptado
para aplicar suas forças nas tarefas cotidianas, sentindo-se como realizado sua parte.
        Contudo, na teoria crítica, são eliminadas essas barreiras verticalmente impostas
à sociedade que a leva a atuações cegas e conjuntas em atividades isoladas. O indivíduo
de comportamento crítico não se resigna como aquele que adere a teoria tradicional,
pois vê nela processos naturais extra-humanos que se manifestam como mecanismo, o
que faz com que a sociedade seja vista apenas como grupo de indivíduos isolados.
Mesmo estes grupos não são compreensíveis totalmente, pois se manifestam de maneira
mecânica.
        Nesse sentido, a própria consciência está sob a tutela do processo de
racionalização mecânica, e é isso que o pensamento crítico denuncia quando reconhece
as categorias dominantes do processo social. Porém, esse reconhecimento crítico não é
apenas uma descrição da realidade no sentido tradicional, ele traz consigo ao mesmo
tempo a condenação dessa realidade, isto é, o reconhecimento da realidade mostra ao
teórico crítico que “este mundo não é o dele, mas sim o mundo do capital”.
        Assim, percebe-se que a junção entre individuo e sociedade que carrega consigo
a aparência natural sob a forma da teoria tradicional, possui um ponto de vista de teoria
crítica por compreender como uma conseqüência que emerge de um modo de produção
particular, não sendo um processo natural mas sim o resultado específico de uma forma
determinada de sociedade.
A teoria crítica, nesse aspecto, distingue-se da teoria tradicional por considerar a
realidade como resultado da ação e da decisão do indivíduo. Como o próprio autor diz,
“trata-se de dar a ela a consciência de seu limite.”
        A teoria tradicional limitou-se a descrever a realidade como algo exterior ao
observador e separou rigidamente o “saber” do “agir”. Para saber é necessário
distanciar-se da realidade que é apreendida como natural, pois caso contrário, a ciência
seria parcial, ou seja, o que ela menos pretende ser.
        Enfim, a teoria crítica proposta por Horkheimer reconhece que “saber” e “agir”
são distintos, mas acrescenta a idéia de podem serem pensados juntos e mutuamente,
dado que, a realidade social é produto da ação dos homens. Ou seja, a atitude critica,
além de considerar o conhecimento, sobretudo considera a realidade das condições
sociais capitalistas, posto que o comportamento crítico orienta-se para a emancipação.



      Bibliografia:
      Teoria tradicional e teoria crítica. In HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor
W. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultura, 1989 – (Os pensadores)

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  • 1. Nome: Alline Casado 2° ano Jornalismo – UNIFRAN Teoria da Comunicação II Fábio Pacheco Resenha do texto “Teoria Tradicional e Teoria Crítica” de Max Horheimer e Theodor W. Adorno A abordagem que o filósofo faz da Teoria Tradicional mostra que sua origem está ligada ao avanço das chamadas “ciências naturais”, mais especificamente a matemática e a física, visto que o êxito alcançado por essas ciências era tido como modelo. Horkheimer explica que o conceito tradicional de teoria foi definido, de um modo geral, como uma sinopse de proposições ligadas entre si, das quais pode deduzir as demais teorias e cuja validade se consiste na sua correspondência com os fatos e em leis de causa e efeito. Se, ao aplicar tais leis em experimentos particulares houver discrepância, deve-se saber que há algo errado com a teoria ou com a experiência. Caso contrário, se ocorrer o fenômeno esperado, a teoria é confirmada. O método dedutivo é o que prevalece na matemática e acaba estendido para todas as ciências, inclusive as ciências humanas, não sem distinção. Diversas questões surgem na teoria crítica, sendo uma crítica ao modelo tradicional de teoria. Entende-se que segundo a teoria tradicional, a resposta destas questões é afirmativa, sendo possível fazer ciências sociais com o mesmo modelo de causa e efeito, de observação empírica das ciências naturais, sem ser parcial, de maneira, que a sociologia é tão demonstrável, previsível e calculável quanto uma ciência natural. Nesse sentido caminharíamos a teoria tradicional para o caminho da generalização com o intuito de aumentar a sua eficácia para que o mesmo conceito colocado na determinação da natureza sirva também para classificar a natureza viva. Podemos perceber, portanto, que, aplicar um modelo rígido das ciências naturais para a explicação do que ele chama de “natureza viva”, faz com que um dos principais objetivos da teoria seja o de classificar o objeto que investiga. Para a teoria crítica esta classificação das ciências naturais que é colocada pelas analises sociais, acaba direcionando a investigação no sentido de que a compreensão da sociedade como cindida em classes seja a forma de compreender a complexidade de seu funcionamento interno. Horhheimer denuncia a visão de que os métodos de trabalho no modo de produção se organizam sob a lógica da teoria tradicional, sendo um modo de produção capitalista. A classe do proletariado é a que carrega o potencial de emancipação desta lógica mecânica da sociedade contemporânea. Consciência de classe trazida pelo dilaceramento provocado por imposição destes métodos de trabalho. O autor afirma como uma visão não crítica.
  • 2. A teoria crítica denuncia o caráter descritivo da realidade, pois ao entender que o potencial de libertação ou emancipação humana está presente nas representações de uma classe, a teoria tradicional não mostra a distinção estrutural em relação à ciência especializada, ela apenas descreve os conteúdos psíquicos de uma determinada sociedade, ou seja, teoria tradicional é uma psicologia social. Ela impõe uma separação entre o individuo e a sociedade, pois o comportamento humano passa a ter a sua própria sociedade como seu objetivo Para o autor, qualquer crítica que saia de um diagnóstico de classe reproduz a mesma lógica para a qual se dirige, não sendo teoria crítica. Os conceitos de teoria crítica e teoria tradicional sofrem uma grande mudança com texto de Horkheimer, pois ele reconhece que está num momento histórico muito diferente do qual o conceito de teoria critica foi criado, com Marx. Por esse motivo, a distinção entre teoria crítica e teoria tradicional no texto de Horkheimer é única. Para Horkheimer só é teoria crítica se tiver um comportamento crítico, que consiste em classificar a realidade cindida como contradição e perceber que o modo de economia vigente é o produto da ação humana, que por sua vez, também pode tomar outro rumo e orientar-se para a emancipação. Na teoria tradicional o individuo não se vê como parte de um processo contraditório em que suas potencialidade são desenvolvidas no trabalho ou em qualquer outro lugar, pelo contrário, ele aceita as determinações impostas pela teoria tradicional como um modelo natural – adere-se a este modelo – e assim passa a guiar o seu comportamento para preencher estas determinações. Ele se sente satisfeito e adaptado para aplicar suas forças nas tarefas cotidianas, sentindo-se como realizado sua parte. Contudo, na teoria crítica, são eliminadas essas barreiras verticalmente impostas à sociedade que a leva a atuações cegas e conjuntas em atividades isoladas. O indivíduo de comportamento crítico não se resigna como aquele que adere a teoria tradicional, pois vê nela processos naturais extra-humanos que se manifestam como mecanismo, o que faz com que a sociedade seja vista apenas como grupo de indivíduos isolados. Mesmo estes grupos não são compreensíveis totalmente, pois se manifestam de maneira mecânica. Nesse sentido, a própria consciência está sob a tutela do processo de racionalização mecânica, e é isso que o pensamento crítico denuncia quando reconhece as categorias dominantes do processo social. Porém, esse reconhecimento crítico não é apenas uma descrição da realidade no sentido tradicional, ele traz consigo ao mesmo tempo a condenação dessa realidade, isto é, o reconhecimento da realidade mostra ao teórico crítico que “este mundo não é o dele, mas sim o mundo do capital”. Assim, percebe-se que a junção entre individuo e sociedade que carrega consigo a aparência natural sob a forma da teoria tradicional, possui um ponto de vista de teoria crítica por compreender como uma conseqüência que emerge de um modo de produção particular, não sendo um processo natural mas sim o resultado específico de uma forma determinada de sociedade.
  • 3. A teoria crítica, nesse aspecto, distingue-se da teoria tradicional por considerar a realidade como resultado da ação e da decisão do indivíduo. Como o próprio autor diz, “trata-se de dar a ela a consciência de seu limite.” A teoria tradicional limitou-se a descrever a realidade como algo exterior ao observador e separou rigidamente o “saber” do “agir”. Para saber é necessário distanciar-se da realidade que é apreendida como natural, pois caso contrário, a ciência seria parcial, ou seja, o que ela menos pretende ser. Enfim, a teoria crítica proposta por Horkheimer reconhece que “saber” e “agir” são distintos, mas acrescenta a idéia de podem serem pensados juntos e mutuamente, dado que, a realidade social é produto da ação dos homens. Ou seja, a atitude critica, além de considerar o conhecimento, sobretudo considera a realidade das condições sociais capitalistas, posto que o comportamento crítico orienta-se para a emancipação. Bibliografia: Teoria tradicional e teoria crítica. In HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor W. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultura, 1989 – (Os pensadores)