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O papel da Filosofia em meio à era da Ciência Instrumental
1. Proposta do 2º Bate-papo • Café e Filosofia
Qual o papel da filosofia em meio a um mundo dominado pela ciência instrumental?
Vivemos em uma época tão dominada pela tecnologia e pela ciência que acabamos
nos tornando reféns delas.
Nossos smartphones se tornaram extenções de nossos corpos e parte do que nós
somos. Tudo o que vivemos e pensamos está na rede.
Já parou pra pensar em como vai ser a sua vida virtual depois que a sua vida física
terminar? Como vão olhar pra nossa época daqui a 100 anos?
Qual será o nosso legado para a humanidade? Tecnologia salvadora ou extremismo
instrumental como princípio do nosso fim?
Em meio a isso tudo, o que a Filosofia pode nos dizer sobre nossa era?
Se você quiser encontrar mais perguntas, não perca :)
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Filosofando sobre a construção do hoje
Estamos praticamente entrando na segunda década do século XXI, e
para contribuir com o debate proposto: Filosofia e Ciência Instrumental, nos
propusemos a escrever um breve texto.
Primeiramente, gostaríamos de dissertar sobre a ciência instrumental
que fora criticada pelos filósofos da Escola de Frankfurt que em resposta a
esse tema lançou a Teoria Crítica que questiona e critica a matriz cartesiana de
ciência, para justificar o “Status Quo”, e o cientificismo das ciências humanas.
A proposta da Teoria Critica é buscar uma autocrítica da sociedade e elucidar
as questões que norteiam a mesma. O caminho para tornar a ciência mais
crítica, seria uma racionalização das leis e ordens instituídas, sempre criticando
a fragmentação da ciência o que possivelmente poderia distanciar a ciência do
entendimento do cidadão comum, deixando o debate científico exclusivo ao
meio acadêmico. Portanto, tornando a ciência instrumental um fator de
diferenciação social e também a própria manutenção do Status Quo já
mencionado.
A ciência tem se tornando cada vez mais poderosa e determinante tanto
no progresso científico quanto na justificativa de um mundo melhor. Porém, a
proposta positivista de Auguste Comte e outros, de tornar a ciência
praticamente um “Deus” e nos prometer o progresso e com ele dias melhores,
não atingiu seus objetivos. Cabe ressaltar também outro filósofo importante
Friedrich Nietzsche, que afirmou que “Deus está morto”, uma frase forte, mas
que na sua interpretação nos afirma que não seria mais necessário um Deus,
2. para nos explicar os fenômenos físicos e a natureza, pois agora a ciência pode
prova-los e comprová-los através de seu método. Acreditamos que a ciência
vem se construindo com um carácter de razão, de lógica, de pesquisa e da
produção da verdade comprovada cientificamente. Criou-se então uma cultura
de que o que a ciência pode nos explicar e provar é uma verdade pura e
inacabada, diante do grande público que não pode debate-la livremente, pois o
debate está no meio acadêmico, por vezes muito restrito a qualquer pessoa.
Nos perguntamos se estamos reféns da ciência. Acreditamos estar criando
uma cultura, onde tudo que é provado cientificamente tem valor, enquanto o
conhecimento popular ou empírico fica em segundo plano. Acreditamos que a
sociedade, mesmo em processo constante de mudança e as vezes, de
ressignificação de valores, instituiu a ciência o status de poder supremo, nos
deixando presos sempre a uma confirmação cientifica tanto de valor, quanto de
veracidade. Portanto, em uma breve análise podemos afirmar que estamos
exercendo nossa liberdade plena, em escolher aquilo que nos conforta, aquilo
que nos justifica. Jean Paul Sartre, nos dá a liberdade, afirmamos então que
somos livres e escolhemos a ciência como nosso caminho de libertação.
Vivemos na sociedade da informação, existe um mar delas, somos por
vezes “afogados” de tanta informação. Porém, cabe lembrar que informação
não é conhecimento, este requer um processo em nossa psique, para que se
torne conhecimento. A tecnologia e a informação estão mudando o mundo a
cada segundo, sem exagero algum. Porque hoje temos na palma da mão uma
janela aberta para o mundo, tudo o que acontece gira o mundo em menos de
dois minutos. A crise que nos afeta neste momento, foi estudada e denominada
de “Mundo Líquido” pelo sociólogo Zygmunt Bauman que afirma que nada é
feito para durar, e que nem mesmo tem tempo para o que é líquido solidificar,
pois a sociedade tem sede do novo, do que é imediato. Poderíamos até afirmar
que seria uma epidemia de neofilia, buscando nos saciar imediatamente
daquilo que é importante, o agora, por vezes desprezando o processo histórico
que nos ilustra a evolução e construção dos valores da nossa sociedade atual.
É neste contexto que devemos analisar este mundo líquido, onde nada tem
forma, e tudo muda muito rápido. Devemos nos ater no fato de que a
sociedade é um grande processo de transformação, e não fomos preparados
para mudanças tão rápidas. Ninguém foi preparado para ter uma vida virtual,
nossa vida off-line, que é cheia de problemas é sempre bem complexa e difícil,
diferente da vida virtual, aonde podemos simplesmente deletar o que não
agrada e principalmente aquilo que discorda de nossas convicções. O que nos
preocupa não é uma tecnologia ou futuro que nos leve a destruição, mas sim o
fator tempo. Quanto tempo levará para a sociedade debater e compreender a
mudança, o que ela fará com nossos valores, nossas instituições, com nossa
história e também como proporemos um futuro em meio a mudanças tão
rápidas. O tempo é o algoritmo no qual nos preocupamos agora, como viver,
compreender e ser, mediante a tantas mudanças de valores. Quanto tempo isto
levará, acreditamos que será necessário, muito mais que ciência para resolver
esta equação, o fator humano também é imprescindível para compreender o
processo em que vivemos.
3. Tempo, humanidade, ciência todos eles na mesma mesa em um
caminho de mão dupla, o que acreditamos ser um grande desafio da filosofia.
Propor a dialética, o debate, enfim a filosofia cabe proporcionar a construção
de um novo modelo de estudo da sociedade, tendo o tempo e a humanidade
como fatores da equação. Provavelmente os historiadores irão escrever sobre
nosso tempo, fazendo reflexões quanto as nossas falhas e também apontarão
nossos méritos, mas este caminho deve ser uma construção coletiva, que pode
ser baseada sim na ciência, desde que não haja nenhum abuso tanto da razão
quanto do senso comum. Mas uma afirmação que nos deixa esperançosos
quanto ao futuro é que ele é construído pela humanidade, que tem nela mesmo
as bases e os valores para a compreensão do presente e a construção do
futuro.
Alexandre Misturini