1. Quando os livros nos salvam
Rabugice, tristeza, insónias ou desencanto, há livros
para todos – ou quase todos – os males. E há também
quem os prescreva, como se de médicos se tratasse.
A esta arte de juntar as pessoas aos livros que as
fazem sentir melhor chama-se Biblioterapia.
2. O que é a Biblioterapia?
A utilização dos efeitos terapêuticos da leitura,
nomeadamente de textos religiosos, remonta às
civilizações egípcia, grega e romana.
Na Idade Média as leituras da Bíblia acompanhavam o
processo de cura nos hospitais e no Cairo eram
proporcionadas leituras do Corão como método
terapêutico suplementar.
3. Há, também, informações de que o recurso ao poder
terapêutico dos livros floresceu durante o período da
Primeira Guerra Mundial, quando foram criadas
bibliotecas nos hospitais de campanha.
O mesmo voltou a acontecer no fim da Segunda
Guerra Mundial: alguns médicos passaram a
recomendar a leitura a veteranos que sofriam de stress
pós-traumático para que relaxassem.
Foi precisamente nos alvores do século XX que o termo
foi cunhado pelo norte-americano Samuel Crothers,
num artigo publicado em 1916 onde se refere à
Biblioterapia como uma nova ciência.
4. Ler mexe com o cérebro
Não há um estudo científico que confirme os benefícios
da Biblioterapia. "É muito difícil, quase impossível,
estudar este tema porque cada livro é diferente. E as
pessoas que os leem também.
Para uma determinada pessoa, pode ser fantástico ler
o Jardim Secreto para combater a tristeza, mas para
outra pode ser outro livro completamente diferente.
5. Há livros que são universalmente brilhantes e quase
sempre vão conseguir uma resposta positiva, mas há
outros que não e há sempre um espaço aqui para o
gosto pessoal."
São vários os trabalhos que atestam os benefícios da
leitura, sendo o principal beneficiado o cérebro.
De facto, a magia dos livros, aquela que permite que
nos tornemos mais do que espectadores, que nos
6. empurra para dentro da história que estamos a ler, há
muito que desperta a curiosidade da ciência.
Em 2006, um grupo de cientistas espanhóis da
Universidade Jaume I verificou, nas experiências
realizadas, que todas as palavras ativam as áreas
cerebrais responsáveis pela linguagem e algumas
pôem também em marcha as áreas olfativas. O que
significa que, ao ler, reproduzimos o que as palavras
evocam do mundo real e isto vai além do olfato.
7. Por exemplo, quando lemos palavras como agarrar ou
dar um pontapé, são as áreas do córtex pré-motor
relacionadas com os braços e as pernas que entram em
ação.
A este juntam-se outros trabalhos que confirmam que
ler ajuda ao desenvolvimento da empatia e da
inteligência emocional.
8. Foi o que confirmou um grupo de investigadores da
New School For Social Research, de Nova Iorque, que
demonstrou que ler grandes romances melhora de
forma ligeira, mas evidente, a pontuação dos leitores
quando submetidos a testes de empatia.
A Biblioterapia não se socorre apenas dos romances.
"Usamos ficção científica, livros para mulheres,
romances históricos, dos mais leves aos mais pesados,
novelas gráficas, livros infantis..." E autores
portugueses, de Saramago a Eça de Queirós.
9. Biblioterapia - A cura através dos livros já
existe na clínica The Therapist em Lisboa
Pomadas de Saramago?
Remédios de Anna Karenina?
Anti-inflamatórios de Proust?