Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Renovação ou modernização de máquinas agrícolas
1. A TECNOLOGIA
AGRÍCOLA
Renovação ou modernização
de máqunas agrícolas?
A
agricultura brasilei- Brasileira das Indústrias de pela forte urbanização e, so-
ra não seria a mesma Máquinas e Implementos bretudo com a superpopula-
se não fosse o desen- Agrícolas (ABIMAQ). ção dos grandes centros, exi-
volvimento da mecanização Esta demanda por ali- ge que os processos agrícolas
agrícola. O número de má- mentos, fibras, bioenergia e devam ser bem elaborados e
quinas no campo e a incor- outros materiais como ma- organizados para atingir um
poração de novas tecnolo- deira, borracha, fármacos e nível mínimo de eficiência
gias têm aumentado ano a uma infinidade de produtos e essa evolução passa, obri-
ano, fazendo com que a pro- obtidos pelo cultivo do solo gatoriamente, pela mecani-
dutividade agrícola atinja ní- atuam em diversas frentes e zação e, consequentemente,
veis cada vez melhores, de- induzem ao aumento da pro- pela aquisição de máquinas
monstrados pela diferença dução. Frente a este contex- e implementos.
entre as taxas de crescimen- to, o pensamento conven- O aumento do número
to da produção em relação cional vislumbra, primeira- de máquinas tem sido impul-
ao incremento na área cul- mente, a expansão da área sionado pelo financiamento
tivada. cultivada; porém, expandir oficial. Desde que começou
Apesar dos diferentes ru- sem antes ter condições de a ser oferecido tem recebi-
mores de crise mundial, exis- executar bem suas atividades do diversas adequações que
te uma forte demanda por significa aumentar os riscos e permitem atingir um número
produtos agrícolas e seus de- a possibilidade de insucesso. maior de segmentos agrícolas.
rivados, uma evidência disso Desta forma, somente a mo- A partir da década de 90 tive-
é o aumento de 34% no fa- dernização da agricultura po- mos o FINAME AGRÍCOLA, o
turamento do setor de máqui- derá atender a necessidade PRONAF, o MODERFROTA,
nas e implementos agrícolas de aproveitar esta oportuni- o MAIS ALIMENTOS, o FINA-
no ano de 2011 em relação dade de crescimento. ME PSI, entre outros. Tais pro-
ao ano anterior, conforme A escassez crescente gramas ajudaram a reduzir a
informações da Associação de mão-de-obra, provocada idade média da frota de trato-
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2. res e colhedoras, que segun- mos roupas novas e nos des- ca (maior rendimento, menor
do dados da AGROCONSULT fazemos das velhas. consumo), reduzir o impacto
está em torno de 11 anos para O que fazer, então, para ambiental e promover a in-
tratores e 8 anos para colhe- tirar do campo as máquinas trodução de tratores e má-
doras. Além disso, favorece- obsoletas, inseguras e poluen- quinas com alta tecnologia,
ram a aquisição de máqui- tes? Uma ideia interessante é confiáveis e adequados para
nas de maior potência, com a adotada pela Espanha des- atender as demandas da agri-
tecnologia embarcada e com de 2006. Lá foi instituído o cultura moderna.
dispositivos de segurança in- PLAN RENOVE que regula a A ajuda básica oferecida é
corporados. concessão de financiamento de 80 e/cv (+ ou - R$ 200,00/
Entretanto, apesar da am- para renovação do parque de cv) da máquina submetida ao
pliação e modernização do máquinas agrícolas. Este pla- desmanche. Incentivos adicio-
parque de máquinas, as linhas no beneficia, com vários in- nais podem ser dados depen-
de financiamento ainda não centivos, os proprietários que dendo das características do
atuam para retirar do campo disponibilizem para o des- solicitante, da exploração agrí-
as máquinas em mau estado manche (“achatarramiento”) cola, do trator/máquina des-
de conservação, inseguras e
poluentes. Inúmeros tratores
e máquinas ainda em uso no O fato de o financiamento facilitar a
campo não dispõem de estru-
tura de proteção a capotagem aquisição de máquinas novas não
(epc), não propiciam confor-
to ao operador, apresentam significa que estamos substituindo as
freios e sinalização em mau
estado, motores com proble- mais antigas
mas e requerem manutenção
muito frequente, provocando seus tratores e máquinas au- cartada e do trator/máquina
gastos extras. Máquinas de- topropelidas com mais de 15 nova. Por exemplo, um agri-
ficientes apresentam baixo anos e colhedoras com mais cultor jovem pode receber
rendimento, consomem mais de 10 anos. uma ajuda complementar de
combustível e emitem alto ín- O objetivo é melhorar a 25 e/cv (+ ou - R$ 63,00/cv);
dice de gases poluentes. segurança e as condições de uma mulher proprietária, 10
O fato de o financiamen- trabalho dos operadores, au- e/cv (+ ou - R$ 25,00/cv); um
to facilitar a aquisição de má- mentar a eficiência energéti- trator sem estrutura de prote-
quinas novas não significa
que estamos substituindo as
mais antigas. Estamos ape-
nas ampliando o parque de
máquinas. Neste sentido o
nome do programa MODER-
FROTA é bem adequado. En-
tretanto, moderniza, mas não
renova, considerando-se o
entendimento de que “reno-
vação” significa substituição
ou reforma de alguma coisa.
Quando renovamos o guarda
roupa significa que compra-
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3. A TECNOLOGIA
AGRÍCOLA
ção a ser descartado pode re-
sultar num adicional de 80 e/
cv (+ ou - R$ 200,00/cv). A
aquisição de máquina nova
com maior eficiência energé-
tica ou com menor emissão de
gases poluentes também pro-
picia adicional de 30 e/cv (+
ou - R$ 75,00/cv) se esta per-
tence à categoria A de eficiên-
cia energética e 10 e/cv (+ ou
O agricultor deve a indagar se cada
- R$ 25,00/cv) se pertencer à
categoria B.
máquina de sua frota ainda é econômica,
No Brasil, a criação e a
adesão a um programa desta
se são confiáveis e se atendem aos
natureza não seria uma tarefa
fácil, pois envolve a conver- padrões ambientais e de segurança que
gência de ao menos três seto-
res, que não necessariamente hoje são requeridos
compreendem a necessidade
de ceder aos seus interesses os mais atrativos. Com isso, a pamentos e empréstimos tão
diretos para o bem da ativida- máquina seria adquirida pelo caros frente à sua remunera-
de que os une, a agricultura. seu preço de mercado sem ção, fica difícil convencer para
Os órgãos governamen- impor nenhum outro custo. que os riscos de endividamen-
tais e agentes financiadores Todo o setor deve se questio- to sejam assumidos. Daí a ne-
teriam que abrir mão de par- nar sobre as relações custo- cessidade anterior da ação do
te de seus impostos, taxas, tri- benefício, será que elas es- governo e do mercado para
butos e margem de lucro para timulam a modernização do melhorar estas relações e atrair
assumir os descontos corres- parque de máquinas? o interesse do agricultor.
pondentes para que o descar- Em relação aos agriculto- A partir daí a aceitação
te de equipamentos obsole- res, é necessário rever a cultu- deste programa seria mais pro-
tos seja incentivado. ra de continuar reformando e vável com o desenvolvimento
Os fabricantes, distribui- reaproveitando o equipamen- de uma outra maneira de olhar
dores, revendedores e presta- to obsoleto. Para a maioria não a situação, na qual o agricul-
dores de serviços devem so- parece ter sentido se desfazer tor passe a indagar se cada má-
lidarizar-se com a questão e, de um bem que não tenha os quina de sua frota ainda é eco-
para isso, bastaria que estes recursos mais modernos, mas nômica, se são confiáveis e se
grupos buscassem a maior ainda está funcionando. atendem aos padrões ambien-
eficiência e menores custos Num primeiro momen- tais e de segurança que hoje
para os seus produtos, pro- to, é necessária a avaliação de são requeridos.
cessos e serviços tornando- seus motivos, pois com equi- Va m o s p e n s a r n e s t a
ideia?.o
Ila Maria Corrêa
Moises Storino
Pesquisadores Científicos
do CEA/IAC - Instituto
Agronômico de Campinas
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