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EF
...estão autorizados para uso em
alimentos industrializados pela
Anvisa; ‘ingredientes’ mantêm
o sabor e segurança, mas faltam
estudos de longo prazo sobre riscos
351aditivos
NATÁLIA CANCIAN
de brasília
Ácido ascórbico, nitrito e
nitratodepotássio,ácidosór-
bico. A recente polêmica em
tornodousodessassubstân-
ciasporfrigoríficosinvestiga-
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natural ou sintética que po-
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ramanteroualterarascarac-
terísticas do produto.
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Hoje, há 351 aditivos dife-
rentes autorizados no Brasil,
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co mais severo”, afirma.
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dustrializado.Alémdosclás-
sicosfarinha,leite,ovoeaçú-
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rantes, estabilizantes, emul-
WALTER PORTO
de são paulo
Em debate sobre ciência e
tecnologia realizado na
Folha na quarta (29), cientis-
tas que chefiam algumas das
principais organizações da
áreacobrarammaiorestabili-
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quisaenãopouparamcríticas
às universidades públicas.
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deQuixote”(ed.Verbena,192
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ência(SBPC).Odebatefoime-
diado por Marcelo Leite, co-
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Cerqueira Leite abriu sua
fala dizendo que lutou a vida
inteira “contra a mediocrida-
dequeexisteeminstitutosde
pesquisa e universidades”. O
físico criticou a “estabilidade
precoce”dosdocentesnacar-
reira universitária e a “demo-
cratiteaguda”queteriaseins-
talado desde que foram insti-
tuídas eleições para reitor.
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meça um jogo de poder em
que todo mundo quer o seu
pedacinho”,disse.“Épreciso
reduzir a burocracia imensa
gerada pela ‘democratite’,
umadoençaboa,masquenão
funciona num sistema que
tem que dar valor para o ta-
lento e não para os favores.”
AbiomédicaHelenaNader,
Cientistascobrammaisfinanciamentoereconhecimento
Evento na Folha que marcou o lançamento do livro de Rogério de Cerqueira Leite reuniu pesquisadores que chefiam entidades na área
da SBPC, disse que é impor-
tante mexer na estrutura ad-
ministrativa das instituições,
masqueissoprecisaestarca-
sado com um fluxo contínuo
definanciamento.Elaaponta
que flutuações no orçamento
de pesquisa estão entre os fa-
tores que mais prejudicam o
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doaFapesp(FundaçãodeAm-
paro à Pesquisa do Estado de
São Paulo) como uma das
poucas ilhas de estabilidade.
“Cobra-se que o Brasil seja
aCoreia.Bastadarodinheiro
eeuvouser.Projetosestrutu-
rantes estão sendo ameaça-
dosporque[ofinanciamento]
não tem continuidade.”
O físico Luiz Davidovich,
da UFRJ, mencionou seu Es-
tadocomoexemplonegativo
naciência.“Láhálaboratóri-
osdebiologiaquenãopodem
mais importar insumos.”
Ex-reitor da USP (1986-
1990), José Goldemberg dis-
se que é necessário instituci-
onalizar a ciência no país. A
USP seria o melhor exemplo
disso, graças ao orçamento
assegurado. Ele lamentou,
porém,queasuniversidades
nãotenhamumtetoparagas-
toscompessoal.“Autonomia
orçamentáriaéparaadultos.
Aposto que as federais não
querem esse regime.”
Paraosdebatedores,ainda
faltareconhecimentodaativi-
dade por parte da sociedade.
“A maioria não percebe o pa-
pel estruturante da ciência e
tecnologia na construção do
país”, disse Davidovich.
CerqueiraLeitedissequeos
jornais dão pouca importân-
cia à área, mas porque o pú-
blico não pede. “Nós, cientis-
tas,temosaobrigaçãodeatra-
ir o interesse das pessoas.”
Keiny andrade/Folhapress
Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que lançou novo livro
sificantes,umectantesecon-
servantes (veja infográfico).
“Quandopreparamosobo-
lo em casa, não usamos a
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que não precisamos da pa-
dronização, atratividade e
que o produto dure tanto.”
Mas uma pesquisa do Idec
(Instituto de Defesa do Con-
sumidor) com 96 alimentos
aponta que a quantidade de
aditivos varia muito de uma
marca para outra. Uma bar-
rinhadecereal,porexemplo,
pode ter de 4 a 17 aditivos.
Enãodáparausarmenos?
“Dependedoquevoufazer
com o alimento depois que
está pronto. Um biscoito em-
baladotemmaisaditivosque
umpãofrancês,nãoparaser
maisprejudicial,masporque
precisa”,dizAryBucione,do
Brafic(conselhobrasileirode
informaçãosobrealimentos).
JáparaanutricionistaAna
Paula Bortoletto, apesar de
necessários para conserva-
ção, há uso excessivo. “Se
usassem matérias-primas de
mais qualidade, não precisa-
riam ter tantos aditivos.”
Outro ponto de embates
ocorre em relação aos riscos.
ParaFelixReyes,professor
de toxicologia da Unicamp,
hámuitosmitossobreotema.
Ele ressalta que, antes de se-
rem autorizados, os aditivos
passam por avaliação dos ór-
gãos reguladores, que consi-
deramatoxicidadeedadosde
consumo dos alimentos.
Para ele, porém, é preciso
maior fiscalização para saber
seoslimitesestãosendocum-
pridos.“Umcorantenãodeve
serusadoparaencobrirfalhas
de processamento.”
Já Bortoletto,do Idec, afir-
ma que, apesar dos limites
apontadosparausodealguns
aditivos, faltam estudos que
apontem os efeitos à saúde a
longoprazoea interaçãoen-
tre diferentes aditivos.
A preocupação é maior di-
ante do aumento do consu-
modealimentosultraproces-
sados em detrimento de ali-
mentos in natura.
A Abia, associação que re-
presenta a indústria de ali-
mentos, diz que os aditivos
seguem processos rigorosos
deavaliaçãoedesempenham
papelimportantenaseguran-
ça, sabor, aparência, textura
e frescor dos alimentos.
Marcelo Viana
Arquimedes:
gênio matemático
e da guerra
folha.com/ciencia
SextA-FeirA, 31 De MArço De 2017 B8
ADICIONADOS AOS ALIMENTOS Veja exemplos do que pode ser acrescentado e quais as funções dos aditivos
Servem para
retardar a
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Vitamina E
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Bolo Leite Manteiga Doces (como balas,
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351 aditivos

  • 1. saúde+ciência EF ...estão autorizados para uso em alimentos industrializados pela Anvisa; ‘ingredientes’ mantêm o sabor e segurança, mas faltam estudos de longo prazo sobre riscos 351aditivos NATÁLIA CANCIAN de brasília Ácido ascórbico, nitrito e nitratodepotássio,ácidosór- bico. A recente polêmica em tornodousodessassubstân- ciasporfrigoríficosinvestiga- dos na Operação Carne Fra- catrouxedúvidasparaquem ficou surpreso ao saber que tais “ingredientes” são, em certos limites, permitidos (e amplamenteusados):afinal, o que mais é adicionado aos alimentos industrializados? A resposta vem da Anvisa (AgênciaNacionaldeVigilân- cia Sanitária), responsável porregularousodoschama- dos “aditivos alimentares”. Sãosubstânciasdeorigem natural ou sintética que po- dem ser adicionadas duran- teafabricaçãodosalimentos não para nutrir, mas sim pa- ramanteroualterarascarac- terísticas do produto. Entreasfunções,estãoga- rantir a segurança, manter a aparênciaoudarmaiorsabor. Hoje, há 351 aditivos dife- rentes autorizados no Brasil, distribuídosentre301catego- rias ou tipos de alimentos — além das carnes, há regras para uso deles em molhos, óleos,pães,doces,sopaseaté mesmo frutas embaladas. Um número que, segundo a Anvisa, vem crescendo nos últimos anos. Nesta semana, nove aditivos que já faziam parte da lista de alguns ali- mentos ganharam aval para serem usados em outros. “O usodeaditivoséumaquestão denecessidadeenãodeesco- lhadasempresas”,dizAirton Vialta,assessortécnicodoItal (Instituto de Tecnologia de Alimentos de São Paulo). Segundo Vialta, a quanti- dadedeaditivosutilizadade- pendedefatorescomoocus- to, quantidade de ingredien- tes, tipo de processamento e embalagem utilizada. “Noleitepasteurizado,por exemplo,nãoseusaaditivos. NoleiteUHTsãousadosape- nas os estabilizantes citratos e ou fosfatos, pois o produto passa por tratamento térmi- co mais severo”, afirma. Um exemplo é o bolo in- dustrializado.Alémdosclás- sicosfarinha,leite,ovoeaçú- car, a receita pode levar co- rantes, estabilizantes, emul- WALTER PORTO de são paulo Em debate sobre ciência e tecnologia realizado na Folha na quarta (29), cientis- tas que chefiam algumas das principais organizações da áreacobrarammaiorestabili- dade nas instituições de pes- quisaenãopouparamcríticas às universidades públicas. O evento marcou o lança- mentodolivro“UmAprendiz deQuixote”(ed.Verbena,192 págs., R$ 35), autobiografia do físico Rogério Cezar de CerqueiraLeite,integrantedo conselho editorial da Folha. Além do autor, participa- ram do debate José Goldem- berg, presidente da Fapesp, Luiz Davidovich, presidente daAcademiaBrasileiradeCi- ências, e Helena Nader, pre- sidente da Sociedade Brasi- leira para o Progresso da Ci- ência(SBPC).Odebatefoime- diado por Marcelo Leite, co- lunista do jornal. Cerqueira Leite abriu sua fala dizendo que lutou a vida inteira “contra a mediocrida- dequeexisteeminstitutosde pesquisa e universidades”. O físico criticou a “estabilidade precoce”dosdocentesnacar- reira universitária e a “demo- cratiteaguda”queteriaseins- talado desde que foram insti- tuídas eleições para reitor. “Anosantesdaeleição,co- meça um jogo de poder em que todo mundo quer o seu pedacinho”,disse.“Épreciso reduzir a burocracia imensa gerada pela ‘democratite’, umadoençaboa,masquenão funciona num sistema que tem que dar valor para o ta- lento e não para os favores.” AbiomédicaHelenaNader, Cientistascobrammaisfinanciamentoereconhecimento Evento na Folha que marcou o lançamento do livro de Rogério de Cerqueira Leite reuniu pesquisadores que chefiam entidades na área da SBPC, disse que é impor- tante mexer na estrutura ad- ministrativa das instituições, masqueissoprecisaestarca- sado com um fluxo contínuo definanciamento.Elaaponta que flutuações no orçamento de pesquisa estão entre os fa- tores que mais prejudicam o avanço da ciência, apontan- doaFapesp(FundaçãodeAm- paro à Pesquisa do Estado de São Paulo) como uma das poucas ilhas de estabilidade. “Cobra-se que o Brasil seja aCoreia.Bastadarodinheiro eeuvouser.Projetosestrutu- rantes estão sendo ameaça- dosporque[ofinanciamento] não tem continuidade.” O físico Luiz Davidovich, da UFRJ, mencionou seu Es- tadocomoexemplonegativo naciência.“Láhálaboratóri- osdebiologiaquenãopodem mais importar insumos.” Ex-reitor da USP (1986- 1990), José Goldemberg dis- se que é necessário instituci- onalizar a ciência no país. A USP seria o melhor exemplo disso, graças ao orçamento assegurado. Ele lamentou, porém,queasuniversidades nãotenhamumtetoparagas- toscompessoal.“Autonomia orçamentáriaéparaadultos. Aposto que as federais não querem esse regime.” Paraosdebatedores,ainda faltareconhecimentodaativi- dade por parte da sociedade. “A maioria não percebe o pa- pel estruturante da ciência e tecnologia na construção do país”, disse Davidovich. CerqueiraLeitedissequeos jornais dão pouca importân- cia à área, mas porque o pú- blico não pede. “Nós, cientis- tas,temosaobrigaçãodeatra- ir o interesse das pessoas.” Keiny andrade/Folhapress Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que lançou novo livro sificantes,umectantesecon- servantes (veja infográfico). “Quandopreparamosobo- lo em casa, não usamos a maioria desses aditivos por- que não precisamos da pa- dronização, atratividade e que o produto dure tanto.” Mas uma pesquisa do Idec (Instituto de Defesa do Con- sumidor) com 96 alimentos aponta que a quantidade de aditivos varia muito de uma marca para outra. Uma bar- rinhadecereal,porexemplo, pode ter de 4 a 17 aditivos. Enãodáparausarmenos? “Dependedoquevoufazer com o alimento depois que está pronto. Um biscoito em- baladotemmaisaditivosque umpãofrancês,nãoparaser maisprejudicial,masporque precisa”,dizAryBucione,do Brafic(conselhobrasileirode informaçãosobrealimentos). JáparaanutricionistaAna Paula Bortoletto, apesar de necessários para conserva- ção, há uso excessivo. “Se usassem matérias-primas de mais qualidade, não precisa- riam ter tantos aditivos.” Outro ponto de embates ocorre em relação aos riscos. ParaFelixReyes,professor de toxicologia da Unicamp, hámuitosmitossobreotema. Ele ressalta que, antes de se- rem autorizados, os aditivos passam por avaliação dos ór- gãos reguladores, que consi- deramatoxicidadeedadosde consumo dos alimentos. Para ele, porém, é preciso maior fiscalização para saber seoslimitesestãosendocum- pridos.“Umcorantenãodeve serusadoparaencobrirfalhas de processamento.” Já Bortoletto,do Idec, afir- ma que, apesar dos limites apontadosparausodealguns aditivos, faltam estudos que apontem os efeitos à saúde a longoprazoea interaçãoen- tre diferentes aditivos. A preocupação é maior di- ante do aumento do consu- modealimentosultraproces- sados em detrimento de ali- mentos in natura. A Abia, associação que re- presenta a indústria de ali- mentos, diz que os aditivos seguem processos rigorosos deavaliaçãoedesempenham papelimportantenaseguran- ça, sabor, aparência, textura e frescor dos alimentos. Marcelo Viana Arquimedes: gênio matemático e da guerra folha.com/ciencia SextA-FeirA, 31 De MArço De 2017 B8 ADICIONADOS AOS ALIMENTOS Veja exemplos do que pode ser acrescentado e quais as funções dos aditivos Servem para retardar a oxidação do alimento Vitamina E Vitamina C Bolo Leite Manteiga Doces (como balas, caramelos, pastilhas) Frutas (embaladas) Maionese Carne industrializada (embutidos) ACIDULANTE/ REGULADOR DE ACIDEZ Altera ou controla a acidez do pro- duto, geralmente para evitar bactérias Ácido cítrico, carbonato de cálcio ESTABILIZANTES Impedem a separação dos diferentes ingre- dientes usados nos alimentos e bebidas Goma xantana CONSERVANTES Impede ou retarda a altera- ção dos alimentos provocada por microorganismos Ácido sórbico, propionato ESPESSANTE Aumenta a viscosidade do alimento Carragena UMECTANTE Deixa o produto úmido Sorbitol REALÇADORES DE SABOR Realça ou proporciona aroma aos alimentos Acetato de octila EDULCORANTES ARTIFICIAIS Confere sabor doce ao alimento Aspartame, sacarina CORANTES Confere, intensifi- ca ou restaura a cor de um alimento Cúrcuma, tartrazina ANTIOXIDANTES Fonte: Anvisa; Airton Vialta, do Ital