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Um levantamento da Asso-
ciação Brasileira de Endo-
metriose e Ginecologia Mi-
nimamente Invasiva (SBE)
revela que 53% das brasilei-
ras desconhecem a endome-
triose. De 10 mil mulheres
consultadas, apenas 24% sa-
bem quais os principais sin-
tomas da doença.
A endometriose ocor-
re quando o tecido uterino
(endométrio) está fora do lu-
gar, explica o professor do
Departamento de Obstetrí-
cia e Ginecologia da Facul-
dade de Medicina da USP,
Maurício Abrão. Ao invés
dos resíduos saírem durante
a menstruação, eles se im-
plantam em outros órgãos,
como ovário, bexiga, intes-
tino e, em casos mais raros,
até no pulmão.
Fora do lugar, o tecido
provoca inflamação e pode
até comprometer os órgãos
da mulher, alerta o especia-
lista. Por isso, é importante
ficar atenta aos principais
sintomas da doença: cóli-
ca aguda, dor para urinar
e evacuar durante a mens-
truação, dor entre mens-
truações, dor nas relações
sexuais e infertilidade.
Caso apresente um dos
sintomas, é importante
procurar o ginecologista,
já que eles podem apare-
cer isoladamente ou em
conjunto. “Em menos de
10% dos casos, as pacien-
tes não apresentam sinto-
mas”, explica Abrão.
De acordo com ele, o
diagnóstico mais definitivo
é o cirúrgico, por meio da
laparoscopia. Mas, o diag-
nóstico clínico (no consul-
tório médico), laboratorial
e por imagem (ultrassom
transvaginal, ressonân-
cia, colonoscopia, etc) es-
tão sendo aprimorados pa-
ra que a endometriose seja
detectada por métodos me-
nos invasivos.
Apesar dos avanços, o mé-
dico explica que ainda existe
muita demora em diagnosti-
car a doença, tanto porque
as mulheres tardam a procu-
rar um médico, acreditando
que é normal sentir dor, co-
mo porque os profissionais
não consideram a endome-
triose ao saber dos sintomas.
A autora do blog “A En-
dometriose e Eu”, Caro-
line Salazar, é exemplo
deste atraso. Embora apre-
sentasse os sintomas desde
a primeira menstruação,
aos 13 nos, só foi diagnos-
ticada aos 31 anos.
Foram anos conviven-
do com uma dor intensa
que a impossibilitava de
sair com os amigos, tra-
balhar e namorar. “É uma
doença maligna e a falta de
conhecimento faz com que
as mulheres sejam descri-
minadas, vistas como fres-
cas por reclamarem muito
de dor. O que eu sofri me
faz lutar pelas outras, pela
conscientização da socieda-
de”, enfatiza. METRO
Saúde feminina. Embora mais de 6 milhões de brasileiras tenham endometriose, a maioria das mulheres nunca ouviu falar da doença
Sentir dor não é normal
A dor impede a mulher
de viver normalmente
STOCK XCHNG
271.125 mm
Embora não exista cura para a endometriose,
há opcões de tratamento para que o endométrio
não volte a incidir em outros órgãos. A escolha
varia de acordo com os sintomas apresentados,
a idade da paciente e o comprometimento
dos órgãos afetados:
CIRÚRGICO
É realizada uma laparoscopia (pequenas incisões)
para retirada dos focos de endometriose
CLÍNICO
É utilizada medicação para neutralizar o
excesso de estrogênio, como
contraceptivos hormonais (combinados
ou só com progestogênios)
CÓLICAMENSTRUAL
INTENSA
DORENTREOS
PERÍODOS
MENSTRUAIS
DORESPARAURINAR
EEVACUARDURANTE
AMENSTRUAÇÃO
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RELAÇÕESSEXUAIS)
INFERTILIDADE
PRINCIPAIS SINTOMAS
TRATAMENTOS
176 mi
6 mi6 mié o número de
brasileiras portadoras
de endometriose
176 mide mulheres são afetadas
pela endometriose em
todo mundo
TROMPA
DEFALÓPIO ÚTERO
OVÁRIO
VAGINAENDROMÉTRIO
Ocorre quando o endométrio se
implanta fora do útero - como
no ovário ou no intestino -
provocando inflamação, fortes
dores e podendo comprometer
os órgãos da mulher
Tecido que reveste a
cavidade uterina
O QUE É ENDOMETRIOSE
TECIDO
COMPROMETIDO
Doença
da mulher
moderna?
Embora a endome-
triose carregue o
estigma de “doen-
ça da mulher mo-
derna”, a autora
do blog “A Endo-
metriose e Eu”, Ca-
roline Salazar, lu-
ta contra essa
definição.
O rótulo surgiu
pelo fato de a mu-
lher moderna estar
sujeita ao estresse,
um dos fatores que
pode desencadear a
doença, e por mens-
truar mais (já que
demora para engra-
vida ou escolhe não
ter filhos), o que
proporciona maior
quantidade de en-
dométrio na cavida-
de abdominal.
“Dizer isso é co-
vardia. É como se
afirmasse que a mu-
lher quer ter a doen-
ça por trabalhar fora
de casa e ter menos
ou nenhum filho. E
isso não é aceitável”,
diz Caroline.
METRO
Rótulo
ABC, TERÇA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2014
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Endometriose: 53% das brasileiras desconhecem doença

  • 1. Um levantamento da Asso- ciação Brasileira de Endo- metriose e Ginecologia Mi- nimamente Invasiva (SBE) revela que 53% das brasilei- ras desconhecem a endome- triose. De 10 mil mulheres consultadas, apenas 24% sa- bem quais os principais sin- tomas da doença. A endometriose ocor- re quando o tecido uterino (endométrio) está fora do lu- gar, explica o professor do Departamento de Obstetrí- cia e Ginecologia da Facul- dade de Medicina da USP, Maurício Abrão. Ao invés dos resíduos saírem durante a menstruação, eles se im- plantam em outros órgãos, como ovário, bexiga, intes- tino e, em casos mais raros, até no pulmão. Fora do lugar, o tecido provoca inflamação e pode até comprometer os órgãos da mulher, alerta o especia- lista. Por isso, é importante ficar atenta aos principais sintomas da doença: cóli- ca aguda, dor para urinar e evacuar durante a mens- truação, dor entre mens- truações, dor nas relações sexuais e infertilidade. Caso apresente um dos sintomas, é importante procurar o ginecologista, já que eles podem apare- cer isoladamente ou em conjunto. “Em menos de 10% dos casos, as pacien- tes não apresentam sinto- mas”, explica Abrão. De acordo com ele, o diagnóstico mais definitivo é o cirúrgico, por meio da laparoscopia. Mas, o diag- nóstico clínico (no consul- tório médico), laboratorial e por imagem (ultrassom transvaginal, ressonân- cia, colonoscopia, etc) es- tão sendo aprimorados pa- ra que a endometriose seja detectada por métodos me- nos invasivos. Apesar dos avanços, o mé- dico explica que ainda existe muita demora em diagnosti- car a doença, tanto porque as mulheres tardam a procu- rar um médico, acreditando que é normal sentir dor, co- mo porque os profissionais não consideram a endome- triose ao saber dos sintomas. A autora do blog “A En- dometriose e Eu”, Caro- line Salazar, é exemplo deste atraso. Embora apre- sentasse os sintomas desde a primeira menstruação, aos 13 nos, só foi diagnos- ticada aos 31 anos. Foram anos conviven- do com uma dor intensa que a impossibilitava de sair com os amigos, tra- balhar e namorar. “É uma doença maligna e a falta de conhecimento faz com que as mulheres sejam descri- minadas, vistas como fres- cas por reclamarem muito de dor. O que eu sofri me faz lutar pelas outras, pela conscientização da socieda- de”, enfatiza. METRO Saúde feminina. Embora mais de 6 milhões de brasileiras tenham endometriose, a maioria das mulheres nunca ouviu falar da doença Sentir dor não é normal A dor impede a mulher de viver normalmente STOCK XCHNG 271.125 mm Embora não exista cura para a endometriose, há opcões de tratamento para que o endométrio não volte a incidir em outros órgãos. A escolha varia de acordo com os sintomas apresentados, a idade da paciente e o comprometimento dos órgãos afetados: CIRÚRGICO É realizada uma laparoscopia (pequenas incisões) para retirada dos focos de endometriose CLÍNICO É utilizada medicação para neutralizar o excesso de estrogênio, como contraceptivos hormonais (combinados ou só com progestogênios) CÓLICAMENSTRUAL INTENSA DORENTREOS PERÍODOS MENSTRUAIS DORESPARAURINAR EEVACUARDURANTE AMENSTRUAÇÃO DISPAREUNIA (DORDURANTEAS RELAÇÕESSEXUAIS) INFERTILIDADE PRINCIPAIS SINTOMAS TRATAMENTOS 176 mi 6 mi6 mié o número de brasileiras portadoras de endometriose 176 mide mulheres são afetadas pela endometriose em todo mundo TROMPA DEFALÓPIO ÚTERO OVÁRIO VAGINAENDROMÉTRIO Ocorre quando o endométrio se implanta fora do útero - como no ovário ou no intestino - provocando inflamação, fortes dores e podendo comprometer os órgãos da mulher Tecido que reveste a cavidade uterina O QUE É ENDOMETRIOSE TECIDO COMPROMETIDO Doença da mulher moderna? Embora a endome- triose carregue o estigma de “doen- ça da mulher mo- derna”, a autora do blog “A Endo- metriose e Eu”, Ca- roline Salazar, lu- ta contra essa definição. O rótulo surgiu pelo fato de a mu- lher moderna estar sujeita ao estresse, um dos fatores que pode desencadear a doença, e por mens- truar mais (já que demora para engra- vida ou escolhe não ter filhos), o que proporciona maior quantidade de en- dométrio na cavida- de abdominal. “Dizer isso é co- vardia. É como se afirmasse que a mu- lher quer ter a doen- ça por trabalhar fora de casa e ter menos ou nenhum filho. E isso não é aceitável”, diz Caroline. METRO Rótulo ABC, TERÇA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2014 www.metrojornal.com.br|14| {SAÚDE