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Caderno Didático n0
1:
Introdução à Economia
(Versão não-revisada)
Professora: Solange Regina Marin
Curso: Administração
Palmeira das Missões
2007
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2
INDICE
Introdução 04
Capítulo 1 – Conceitos Básicos
1. O conceito de economia 05
2. De que se ocupa a economia 05
3. A quantificação da realidade econômica 06
4. Breve contexto histórico do conceito economia 08
5. As escolhas na economia 10
6. Os argumentos da economia 11
7. Método de investigação da ciência econômica 13
8. Evolução do pensamento econômico.. 14
9. Interação entre os agentes econômicos e as questões-chave da economia 15
Capítulo 2- Sistema Financeiro
1. Origem da moeda 22
2. Evolução das formas de moeda 23
3. Ativos financeiros 24
4. Oferta e demanda de moeda 24
5. Medida da Oferta de Moeda 25
6. Base monetária 25
7. Estrutura do SFN (brasil) 26
8. Organização do SFN 26
9. Diferentes mercados 27
Intermediação Financeira
1. Formas de financiamento
2. Criação e destruição de moeda
3. Multiplicador bancário
4. Política monetária
29
29
30
31
Capítulo 3 – Inflação
1. Situações possíveis de variação dos preços 36
2. Teorias da inflação 37
3. Inflação e Números-Indices 38
4. Indicadores de inflação no Brasil e no RS 39
5. Inflação no Brasil e Planos de Estabilização 42
Capítulo 4 – Setor Público
1. As funções econômicas do setor público 50
2. Estrutura tributária 50
3. Os tributos e sua classificação 51
4. Os gastos do setor público 55
5. O Conceito de déficit público 55
6. Financiamento do déficit 55
7. Aspectos institucionais do orçamento público 55
8. Fiscalização 57
Capítulo 5 – Conceito e Cálculo dos Agregados Macroeconômicos
1. O conceito de valor adicionado: o produto nacional (PN) 58
2. O conceito de renda nacional (RN) 59
3. O conceito de despesa nacional (DN) 59
Alguns problemas com as medidas agregadas 69
Capítulo 6 – A Economia Nacional e as Relações Internacionais
1. Teorias do comércio internacional 71
3
2. A taxa de câmbio e o mercado cambial 74
3. Balanço de pagamentos 76
4. Instrumentos de ajuste do balanço de pagamentos 80
A Institucionalidade no Cenário Internacional 85
Capítulo 7 – Noções de Microeconomia
1. Escassez 91
2. Custo de oportunidade 92
3 Análise marginal 94
Mercado: Oferta e Demanda
1 Procura (ou Demanda)
2. Oferta
97
98
3. Outros fatores que influenciam as curvas de demanda e de oferta 99
4. Preço e quantidade de equilíbrio 99
5. Intervenções de mercado 102
6. O conceito de elasticidade 103
7. Estrutura de mercado 104
Referência Bibliográfica 106
4
INTRODUÇÃO
A idéia de produzir um caderno didático surgiu depois de alguns semestres ministrados
da disciplina de Introdução à Economia para diferentes cursos de graduação. O objetivo é
propiciar ao aluno, no presente momento ao aluno do curso de administração, uma visão geral
do objeto de estudo e do método de investigação da chamada Ciência Econômica. A
preocupação central é apresentar de forma simples e clara os conceitos econômicos básicos,
sem esquecer de relacioná-los com os fatos econômicos reais, ou seja, traçar um paralelo
entre as noções econômicas e as informações sobre a realidade econômica brasileira.
Além disso, são apresentadas questões teóricas e aplicadas sobre os diferentes
assuntos trabalhados que incluem desde os conceitos básicos até as noções sobre economia
nacional e relações internacionais.
Este caderno não pretende dar respostas definitivas às questões sobre economia, mas
suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos do curso de administração uma
capacidade de análise crítica das questões econômicas atuais. Para isso, estudaremos as noções
básicas de Economia para observar de forma crítica a realidade e interpretar o significado dos
diferentes conceitos econômicos frente aos acontecimentos reais da economia brasileira.
Por se tratar de assuntos ainda gerais da Ciência Econômica e relacionar
acontecimentos recentes da economia brasileira, o caderno se torna uma ferramenta auxiliar
para o estudante da disciplina de Introdução à Economia.
5
CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS
O QUE É ECONOMIA ?
O que veremos?
- De que se ocupa a economia
- A quantificação da realidade econômica
- Contexto histórico do conceito economia
- Argumentos da economia
- Método de investigação da ciência econômica
- Evolução pensamento econômico
- Interação entre os agentes econômicos
- Questões-chave da economia
1. O CONCEITO DE ECONOMIA
A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria
administração da casa ou administração da coisa pública.
A economia pode ser definida como ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços,
de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de
satisfazer às necessidades humanas.
Como umas das ciências sociais (ciência política, sociologia, antropologia culturas,
psicologia, direito), a economia não pode ser considerada como fechada em torno de si
mesma. Pelas implicações da ação econômica sobre outros aspectos da vida humana, o
estudo da economia implica a abertura de suas fronteiras às demais áreas das ciências sociais
ou humanas. Essa abertura se dá em uma dupla direção, assumindo um caráter biunívoco.
De um lado, porque a economia busca alicerçar seus princípios, conceitos e modelos
teóricos não apenas na sua própria coerência, consistência e aderência à realidade, mas ainda
no desenvolvimento dos demais campos do conhecimento social. De outro lado, porque pode
influir no questionamento dos princípios e das aquisições conceituais desses mesmos campos.
E vai além, abrindo suas fronteiras à filosofia, à ética e à história.
2. DE QUE SE OCUPA A ECONOMIA
Aqui estão destacadas as categorias centrais de preocupação da economia, o que
implica por sua vez numa interface com outras áreas de conhecimento.
A figura 1 abaixo mostra que a economia está relacionada com outros campos de
conhecimento, e os grandes temas de que se ocupa a economia.
6
FIGURA 1 – A relação com outros campos de conhecimento
Antropologia
Sociologia
Psicologia
Direito
Política
Ética
Clássicos/Marx:
* Produção
* Distribuição
* Dispêndio
*Acumulação
A. Marshall
(1842-1924)
* Pobreza
* Riqueza
* Bem-estar
Simon Kuznets
(1901-1985)
* Crescimento
* Desenvolvimento
Lionel Robbins
(1898-1984)
* Recursos
* Necessidades
* Prioridades
* Escassez
* Recursos
* Emprego
* Produção
* Agentes
* Trocas
* Moedas
* Valor
* Preços
* Mercados
* Concorrência
* Remunerações
* Agregados
* Transações
* Crescimento
* Equilíbrio
Os temas discutidos pelos diferentes pensadores econômicos e em épocas históricas
diversas, foram o processo de produção, a distribuição, o dispêndio e a acumulação, assuntos
tratados pelos clássicos, dentre eles Adam Smith, David Ricardo, e por Karl Marx que ficou
conhecido pelo desenvolvimento da teoria marxista. Além disso, os temas pobreza, riqueza e
bem-estar foram apresentados por A. Marshall. Já as noções de crescimento e
desenvolvimento foram tratadas por Simon Kuznets e Lionel Robbins tratou da questão das
escolhas em economia, ao ressaltar que as necessidades ilimitadas e os recursos escassos.
Nesse iniciar do debate econômico, ressaltam-se os diferentes temas que são objetos de
estudo da economia: escassez, recursos, emprego, produção, agentes, trocas, moedas, valor,
preço, mercado, concorrência, remuneração, agregados, transações, crescimento, equilíbrio e
desenvolvimento.
2.1. Alguns problemas econômicos
- Por que a alta do preço do cafezinho reduz a demanda por açúcar?
- Por que a renda dos agricultores se eleva quando ocorre uma estiagem que reduz a
produção?
- Por que é importante para um produtor saber a elasticidade demanda por seu produto?
- Por que a demanda por bens como carros ou apartamentos aumenta com o processo
inflacionário?
- Por que os aluguéis de imóveis em regiões universitárias geralmente costumam ser maiores
no início do período letivo?
- Como pode uma desvalorização cambial conduzir a uma melhora na balança comercial?
- Por que o setor coureiro-calçadista do Rio Grande do Sul está em crise com o maior valor do
real frente ao dólar?
- Por que a taxa de juros é tão importante para os investimentos?
- De que forma a oferta de moeda na economia afeta a taxa de juros?
- Por que devemos nos preocupar com o PIB de um país?
- Quais os fatores que influenciam o crescimento econômico?
- A taxa de crescimento do PIB seria um bom indicador para o desenvolvimento de um país?
3. A QUANTIFICAÇÃO DA REALIDADE ECONÔMICA
O que distingue a economia de outros ramos do conhecimento social é a possibilidade
de alguma forma de mensuração. Em economia é possível:
7
- quantificar os resultados,
- construir identidades quantificáveis,
- estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações,
- desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de equações
simultâneas,
- proceder a análises fundamentais em parâmetros quantificados,
- desenvolver sistemas quantitativos para diagnóstico e prognóstico.
Esta particularidade da economia possibilitou o surgimento de correntes econômicas
fundamentadas no método matemático, com destaque para a econometria. O quadro abaixo
sintetiza as formas usuais de indicações quantitativas em economia.
Quadro 1 – A quantificação da realidade e as variáveis econômicas
Unidades
adotadas
Monetárias
- moeda corrente do país (a)
- divisas externas (b)
- relações cambiais entre (a) e (b)
Variáveis
econômicas
quantificáveis
Variáveis-fluxo
Variáveis-estoque
Indicam magnitudes medidas ao longo de
determinado período de tempo
Indicam magnitudes medidas em um determinado
momento
Relações
entre
variáveis
Relações funcionais
- lineares
- não-lineares
Relações
Incrementais
Relações Matriciais
Indicam relações entre duas variáveis,
expressando a correspondência funcional entre
elas.
Indicam variações cumulativas, no decurso de
séries históricas, entre duas variáveis.
Indicam a resposta de uma ou de um conjunto de
variáveis a determinada ação econômica.
Indicam a interdependência de conjuntos
interconsistentes de variáveis.
Formas
usuais de
indicações
quantitativas
Números-indices
Medidas de
tendência central
Quocientes
Coeficientes
Valores absolutos
Indicam variações de grupos, conjuntos ou de
agregações de dados econômicos.
Expressam em termos médios, medianos ou
modais a abservação de determinada situação ou
transação.
Resultado da divisão de variáveis econômicaas,
experessnado:
- variações ao longo do tempo.
- proporções em determinado momento.
Expressam parâmetros de correlação, simples ou
múltipla entre as variáveis econômicas.
Expressam graus de concentração (ou de
dispersão) de determinadas condições estruturais
da economia.
Expressam resultados de transações:
- específicas; de um dado agente, ou interagentes.
- da atividade econômica agragativamente
considerada.
8
4. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO CONCEITO ECONOMIA
Em seu nascedouro, a denominação usual da economia era adjetivada. Denominava-se
economia política. Com o tempo, a adjetivação caiu em desuso; evoluiu para economia.
Mesmo que alguns filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, tenham
explorado temas de conteúdo econômico, Roma não deixou nenhum escrito notável na área de
economia.
A partir do século XVI, observamos o nascimento do primeiro conjunto de idéias mais
sistematizadas sobre o comportamento econômico com o chamado Mercantilismo. Mas, tais
idéias estavam baseadas numa definição de economia como o ramo do conhecimento
essencialmente voltado para a administração do Estado, sob o objetivo de promover seu
fortalecimento.
No século XVIII, novas concepções se desenvolveram.
A abordagem clássica
A preocupação não era com o fortalecimento do estado, mas com a riqueza das
Nações. A fisiocracia elaborou alguns trabalhados dignos de destaque. Maior figura foi
François Quesnay e seu Quadro Econômico de 1758.
Adam Smith e suas obras Sentimentos Morais (1759) e A Riqueza das Nações (1776).
Os sentimentos morais, as paixões originais da natureza humana, a busca da aprovação
social, as razões maiores da acumulação e da conservação da fortuna material foram os
pressupostos de sua descrição da ordem econômica, fundamentada nas leis que regem a
formação, a acumulação, a distribuição e o consumo. Esse polinômio foi a base do conceito
clássico de economia. Os outros economistas clássicos na transição dos séculos XVIII e XIX,
como Robert Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill definiam a economia a partir destes
quatro fluxos.
Os neoclássicos
A ênfase dos primeiros neoclássicos (Jevons, Walras e Menger) não estava no
processo de acumulação capitalista e nos mecanismos de repartição dos esforços sociais. Eles
buscaram entender o equilíbrio do processo econômico, tal como se apresentava. Estavam
preocupados com a iniqüidade social mas não propuseram formas alternativas e
revolucionárias para a organização econômica da sociedade. Eles sintetizaram os fundamentos
da conduta econômica do homem: a escassez de recursos diante de necessidades ilimitáveis,
cujo principal elemento era a maximização da utilidade.
Alfred Marshall, quem procurou fazer uma síntese de clássicos com neoclássicos,
acredita que a economia examinava a ação individual e social, em seus aspectos mais
estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um
lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, é uma parte do estudo do
homem.
A perspectiva socialista
O binômio produção-distribuição é a base a partir da qual a perspectiva socialista
construiu sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Figura de maior
destaque foi Karl Mar(1818-1883).
O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais
destinados a satisfazer às necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a
economia.
9
A sistematização de Lionel Robbins nos anos de 1930
Robbins não partiu de categorias de fatos econômicos, como produção, distribuição,
dispêndio, acumulação, riqueza e bem-estar. Ele partiu da existência de:
- uma multiplicidade de fins que a humanidade procura alcançar
- a priorização de fins possíveis: podem ser classificados por ordem de prioridade
- a limitação dos meios para alcançar os fins possíveis
- o emprego alternativo dos meios.
O fator de maior importância e que faz o elo de ligação entre as quatro condições é a
capacidade humana de fazer escolhas. O fato econômico resume-se, assim, nos atos de
escolha entre fins possíveis e meios escassos aplicáveis a uso alternativos.
Qualquer escolha feita pelos indivíduos, empresas, governos ou outros agentes
econômicos quanto à alocação de recursos implica, portanto, uma relação entre custos (meios
empregados) e benefícios (fins alcançados), bem como a ocorrência de custos de oportunidade
(outros fins que, com os mesmos recursos, poderiam ter sido alcançados).
“A economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes
da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora
escassos, se prestam a usos alternativos”.
Com isso, podemos notar que em Economia tudo se resume a uma restrição quase
física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços com os recursos
escassos disponíveis de cada sociedade. Mas lembre-se só existirá escassez se houver uma
demanda para a aquisição do bem – tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana.
E um bem é demandado porque é útil.
Figura 2 - Síntese dos conceitos básicos da sistematização de Robbins
Conflito fundamental
Escolhas entre fins possíveis e meios
disponíveis
Consecução de
determinado fim
Alocação de recursos
(custoso)
Benefício
Custo de
oportunidade
Não-consecução de
outros fins
Meios
(ou recursos) escassos e
limitados
Fins
(ou necessidades)
múltiplos e ilimitáveis
10
Existem ligações formais entre as abordagens consideradas: a neoclássica, a socialista
e a sistematização de Robbins. A razão de ser da economia está presente nas três formas de
delimitar o campo específico do conhecimento econômico – o estudo das formas aplicadas
pelo homem na incessante busca de meios para satisfazer às condições ilimitáveis de bem-
estar.
Quadro 2 – O conceito de economia nas três abordagens
A abordagem neoclássica A perspectiva socialista A sistematização de
Robbins
- A economia é um estudo
dos homens tal como vivem,
agem e pensam nos
assuntos ordinários da vida.
- Focaliza, principalmente, a
condução do homem no
trato com questões que
interferem em sua riqueza e
bem-estar.
- O fim último de que cuida a
economia consiste em
descobrir como as virtudes
humanas e a concorrência
podem conduzir ao bem-
estar social.
- As necessidades humanas
são determinadas pelo
estágio cultural da
sociedade.
- Para satisfazer a um
padrão de necessidades, o
hoem se dedica a um ato
social: a produção.
- A realização desse
processo se completa com a
distribuição do produto
social.
- O estudo das leis sociais
que regulam a produção e a
distribuição resume o campo
de que se ocupa a
economia.
- A sociedade tem objetivos
múltiplos, ilimitados, mas
meios limitados. A conduta
econômica consiste em
escolher entre fins possíveis
e meios escassos para
alcançá-los.
- A economia é um ramo que
estuda as formas do
comportamento humano que
resultam da relação entre
necessidades ilimitadas e
recursos escassos.
- Meios escassos, fins
alternativos, escolha e
alocação são os elementos a
partir dos quais se define o
campo de que se ocupa a
economia.
5. AS ESCOLHAS NA ECONOMIA:
* O QUE E QUANTO produzir
* COMO produzir e
* PARA QUEM produzir
Resumindo:
NECESSIDADES
HUMANAS
ILIMITADAS VS.
RECURSOS
PRODUTIVOS
ESCASSOS
ESCASSEZ
* O QUE E QUANTO
PRODUZIR
* COMO PRODUZIR
* PARA QUEM
PRODUZIR
ESCOLHA
Essas questões não seriam problemas se existissem recursos ilimitados. Porém, na
realidade temos inúmeras necessidades, recursos limitados e técnicas de produção.
Economia: optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes
de transformar os recursos escassos em produção. A teoria econômica trata de escassez,
custo e análise marginal como veremos em outras aulas.
11
Por enquanto teremos uma visão geral dos argumentos e do método de investigação na
ciência econômica, da evolução do pensamento econômico, das interações entre os diferentes
agentes da economia e de como a partir dessas interações surgem as questões-chave que
preocupam a Economia.
6. OS ARGUMENTOS DA ECONOMIA
Para entendermos o método de investigação da ciência econômica precisamos apenas
de um simples encadeamento lógico.
Baseadas nos postulados da teoria existente, formulam-se as hipóteses a respeito de
como a realidade se comporta. Deduzem-se as implicações e os resultados decorrentes
dessas hipóteses que são confrontados com a evidência dos dados de observações coletados
da realidade. Finalmente, desse confronto tiram-se as conclusões: ou a teoria explica
satisfatoriamente o comportamento da realidade econômica ou deve-se formular uma teoria
alternativa e mais adequada.
Teoria econômica: leis que explicam o comportamento humano e fazem parte do conjunto de
conhecimentos.
Os argumentos da teoria econômica podem ser:
Positivos - economia positiva: o que é de fato
Normativos - economia normativa: o que poderia ser
Essa distinção é importante em termos de metodologia uma vez que existe a
impossibilidade lógica de se deduzirem afirmações positivas de juízos de valores ou normativos
ou vice-versa.
Suponha-se que alguém afirme que:
1. quando as taxas de crescimento da população são superiores às da expansão da renda
nacional como um todo, a renda per capita se reduz;
2. a redução da renda per capita implica na perda do poder aquisitivo real da sociedade,
mantidos os níveis vigentes de preços;
3. logo, como é desejável a manutenção e, mesmo, a ampliação do poder aquisitivo real,
deveriam ser adotadas políticas de contenção do crescimento populacional.
(1) e (2): são factuais, positivas;
(3): é de caráter normativo.
As duas primeiras não são condições suficientes para dar sustentação à terceira. Essa
ressalva metodológica não implica a inexistência de conexões entre os compartimentos
positivos e normativos na economia.
A política econômica, não obstante seja formulada a partir de escolhas que envolvem
juízos de valores, tem o respaldo na modelação teórica desenvolvida pelos diferentes troncos
da economia positiva. Ou seja, a Economia se interessa primordialmente pelos argumentos
positivos, como pode ser visto na figura abaixo.
12
Figura 3 – Compartimentos usuais da economia
Economia Descritiva
Economia Descritiva
Economia Descritiva
Economia Descritiva
Observação sistematizada do
mundo real.
Descrição e mensuração de fatos
econômicos.
Divisão do estudo econômico:
Microeconomia: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual
interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados
específicos.
Macroeconomia: Estuda as condições de equilíbrio estável entre a renda e a despesa
nacionais. As políticas econômicas de intervenção procuram estabelecer esse equilíbrio.
Desenvolvimento Econômico: estuda o processo de acumulação dos recursos escassos e da
geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a sociedade.
Economia Internacional: estuda as condições de equilíbrio do comércio exterior, além dos
fluxos de capitais.
Teoria
Microeconômica
Teoria
Macroeconômica
O
a a
consumidor e
nálise da
procura
A empresa e a
análise da oferta
Remuneração
dos fatores de
produção e
repartição da
renda
Análise de
macrovariáveis:
renda,
consumo,
poupança,
investimento,
exportações,
importações,
tributos e dispêndio
público,
oferta e demanda
monetária.
Estrutura
concorrencial e
equilíbrio dos
mercados
C
Si
n
de rel
inter
ontabilidade Social.
stemas de contas
acionais e matrizes
ações
industriais.
Pr
teor
m
ec
incípios,
ias, leis e
odelos da
onomia
Teoria Econômica
Observação sistematizada do
mundo real.
Descrição e mensuração de fatos
econômicos.
Teoria
Macroeconômica
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Observação sistematizada do
mundo real.
Descrição e mensuração de fatos
econômicos.
Pr
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incípios,
ias, leis e
odelos da
onomia
Teoria Econômica
Observação sistematizada do
mundo real.
Descrição e mensuração de fatos
econômicos.
A condução do
processo econômico
agregativamente
considerado.
Atuação sobre a
realidade, com 3
objetivos:
* Crescimento
* Estabilidade
* Equitatividade
A regulação da atividade
dos agentes econômicos:
o interajuste de custos e
benefícios privados e
sociais.
Política Econômica
Teoria
Microeconômica
A empresa e a
análise da oferta
Remuneração
dos fatores de
produção e
repartição da
renda
Análise de
macrovariáveis:
renda,
consumo,
poupança,
investimento,
exportações,
importações,
tributos e dispêndio
público,
oferta e demanda
monetárias.
Estrutura
concorrencial e
equilíbrio dos
mercados
Teoria
Macroeconômica
O consumidor e
a análise da
procura
Contabilidade Social.
Sistemas de contas
nacionais e matrizes
de relações
interindustriais.
Teoria Econômica
Princípios,
teorias, leis e
modelos da
economia
13
7. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
A metodologia da elaboração científica, em sua estrutura fundamental, busca, como
primeiro passo, observar sistematicamente a realidade. Depois elaborar modelos simplificados
que a reproduzem, que identifiquem relações de causas e efeitos e que interpretem os mais
variados eventos e seus desdobramentos. No processo de elaboração recorre-se a duas
abordagens distintas, ainda que complementares: a indução e a dedução. Vejamos como
ocorre a construção do conhecimento na economia pela figura abaixo.
Figura 4- A construção do conhecimento na economia
Observação
sistematizada da
realidade
Reelaboração resultante de
novas observações ou de
mudanças nas condições
preexistentes.
Formulação de princípios,
teorias, leis u modelos
explicativos ou interpretativos
da realidade.
Validação, pelo
permanente confronto com
a realidade
Método dedutivo
Método indutivo
Abstrações teóricas
envolvendo situações e
comportamentos não
mensuráveis a partir de
levantamentos da realidade
concreta.
Esforço de teorização
substitutivo da validação
experimental.
Abstrações resultantes de
levantamentos e informes
quantitativos.
Construção de modelos
validados por testes
estatísticos.
14
8. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO:1
A figura 5 abaixo mostra de maneira bem articulada como ocorreu o desenvolvimento
das diferentes correntes de pensamento econômico.
Fonte: Rossetti (2003)
1
Para maiores informações sobre as escolas de pensamento econômico ver o website The History of Economic
Thought: http://homepage.newschool.edu/het/
15
9. INTERAÇÃO ENTRE OS AGENTES ECONÔMICOS E AS QUESTÕES-CHAVE DA
ECONOMIA
9.1. As Categorias Participantes do Sistema Econômico
As três categorias que formam a base de qualquer sistema econômico são os recursos, os
agentes, e as instituições, como pode ser visto na figura 6 abaixo:
Elementos
constitutivos do
sistema
econômico
como um todo:
recursos, agentes
e instituições
Recursos naturais
Recursos humanos
Capital
Capacidade tecnológica
Capacidade empresarial
Unidades familiares
Empresas
Governo
Jurídicas
Políticas
Sociais
Estoque de fatores de
produção
Quadro de agentes
econômicos
Complexo de instituições
Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interação dos agentes econômicos
decorrem de dois fatores fundamentais:
- a diversidade das necessidades humanas, que conduz à organização de sistemas de trocas;
- a diversidade de capacitações das pessoas e nações, determinada por heranças culturais ou
por vocações naturais, que conduz à especialização e à divisão social do trabalho.
9.2 Processo de Interação e os Fluxos Econômicos Fundamentais
Os fluxos reais definem-se a partir de suprimentos de recursos de produção, de seu
emprego e de sua combinação pelas unidades de produção, bem como pela resultante
geração de bens e serviços intermediários e finais.
Os fluxos monetários definem-se como contrapartida dos fluxos reais. Traduzem-se, de
um lado, pelos pagamentos de remunerações aos fatores de produção empregados; de outro
lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente de sua
destinação.
16
Figura 7- A interação entre famílias e empresas
EMPRESAS FAMÍLIAS
Fornecimento de fatores de produção
Pagamento aos fatores
Pagamentos (bens e serviços)
Suprimentos (bens e serviços)
Figura 8 - A interação entre famílias, empresas e governo
EMPRESAS
Fornecimento de fatores de produção
Pagamento aos fatores
FAMÍLIAS
Pagamentos
(bens e serviços)
Suprimentos (bens e serviços)
GOVERNO
Fornecimento (bens e serviços) e IFBKF
Remuneração
fatores
Pgto bens e
serviços
T
T
17
Figura 9- Uma visão de conjunto do processo econômico e das questões-chave da economia
Fonte: Rossetti (2003)
A forma como esses processos de realizam e seus resultados finais estão relacionados
com as quatro questões-chave da economia:
* A plena utilização dos recursos produtivos – Eficiência Produtiva: emprego dos fatores de
produção;
18
* A escolha do que produzir – Eficácia Alocativa: produtos gerados;
* A distribuição dos resultados dos esforços de produção – Justiça Distributiva: rendas.
* A organização da vida econômica em sociedade – Ordenamento Institucional: instituições que
regularão o funcionamento do sistema como um todo e a interação entre os agentes.
Nós nos deteremos nas duas primeiras das questões-chave, para os interessados nas
demais questões, ver Rosseti (2003, Caps. 5 e 6).
Questões:
1. A condição fundamental para que se realize o fluxo de produção é a existência de um conjunto de
cinco fatores. Cite e conceitue cada um deles.
2. O que compreende o fator capital. Por que o conceito de capital se associa aos de investimento e de
acumulação?
3. Diferencie o conceito de formação bruta de capital do de formação líquida de capital fixo.
4. Mobilizando os cinco fatores de produção, o aparelho de produção das economias desenvolve um
grande fluxo contínuo de geração de bens e serviços. Diferencie os conceitos de bens e serviços finais
de consumo, bens e serviços intermediários e bens e serviços finais de produção.
5. Quanto à intensidade de emprego dos fatores e à natureza dos bens e serviços gerados, as atividades
de produção classificam-se em primárias, secundárias e terciárias. Mostre as diferenças entre elas.
6. A função de produção para a economia considerada agregativamente mostra a relação funcional entre
a produção e os recursos empregados. Exemplifique essa função e diga qual é o tipo de relação entre as
variáveis produção e recursos de produção.
7. Descreva a partir da função de produção as precondições para que uma economia tenha crescimento
econômico e, conseqüentemente, uma maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante.
8. A maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante é considerada precondição quantitativa
para a promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. Essa precondição é suficiente
também para o desenvolvimento econômico? Comente.
9. Diferencie, conceituando cada uma delas, as três seguintes categorias de elementos constitutivos do
sistema econômico: estoque de fatores, quadro de agentes econômicos e o complexo de instituições.
10. São três os agentes econômicos que interagem dentro de determinado sistema econômico: unidades
familiares, empresas e governo. Destaque os papéis de cada um.
11. Descreva sucintamente como ocorreu a evolução do sistema de trocas até a instituição da moeda
como conhecemos na atualidade.
12. Explique cada uma das funções da moeda e dê exemplos.
13. Diferencie os conceitos de fluxo real e fluxo monetário. Sintetize esses dois fluxos em um modelo
simples de interação entre as famílias e as empresas.
14. O modelo simples de interação entre famílias e empresas é modificado com a introdução do agente
Governo. Explique.
15. A principal fonte de renda do governo é a arrecadação de tributos. Diferencie tributos diretos e
tributos indiretos e dê exemplos de cada um deles.
19
CAPÍTULO 2 – SISTEMA FINANCEIRO
1. O QUE É MACROECONOMIA
Trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o
comportamento dos grandes agregados da economia, como renda e produto nacionais,
investimentos, poupança e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e
desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio.
O debate constante da macroeconomia é saber se as decisões da política monetária e fiscal do
governo vão afetar ou não as tendências da economia.
2. AS METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA
As metas de política macroeconômica são: pleno emprego dos recursos, estabilidade de
preços, distribuição de renda e crescimento econômico.
Pleno emprego dos recursos
Aprofundar os conhecimentos da política econômica com o objetivo de fazer a
economia recuperar o nível de pleno emprego.
Estabilidade de preços
A inflação, que é aumento contínuo no nível geral de preços, é um problema porque
acarreta distorções sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais e etc.
Distribuição de renda
A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da
década de 70. Mas, houve um aumento da disparidade entre as classes de renda, ou seja,
ocorreu uma concentração de renda. Alguns críticos do chamado “milagre econômico”
argumentam que piorou a concentração de renda nos anos de 1968/73 devido a uma política
deliberda do governo (a Teoria do Bolo): primeiro crescer, aumentando a parte dos lucros e da
poupança dos mais ricos na renda nacional, para depois pensar em repartição de renda.2
Crescimento econômico
Quando se fala em crescimento econômico, estamos pesando no crescimento da renda
nacional per capita. A renda per capita é considerada o melhor indicador para se aferir a
melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população.
Mas, o fato do país estar aumentando sua renda per capita não necessariamente
significa que está tendo uma melhoria do seu padrão de vida. O crescimento econômico capta
apenas o crescimento da renda per capita. Um pais está realmente melhorando seu nível e
desenvolvimento econômico e sociais, juntamente com o aumento da renda per capita, se
estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego e etc.).
Esses objetivos não são independentes uns dos outros e podem ser até conflitantes. Ou
seja, atingir uma meta pode ajudar (ou não) a alcançar outras.
Por exemplo, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, uma
vez que torna possível abrandar conflitos sociais sobre a divisão da renda, se a renda
aumentar. Nesse sentido, é possível aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos.
2
Para uma discussão sobre o Milagre Econômico, ver: Abreu (1990) “A Retomada do Crescimento e as Distorções
do “ Milagre” (1967-1973).
20
Entretanto, particularmente em países em desenvolvimento, as metas de crescimento e
equidade distributiva têm se mostrado conflitantes, uma vez que muitos acreditam que o
aumento do nível de poupança seria mais facilmente obtido por meio de uma distribuição
desigual de renda – a já citada Teoria do Bolo no período do milagre econômico.
3. OS MEIOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA:
A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva
(produção agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir à
economia operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda.
Os principais meios para atingir os objetivos são:
Política fiscal: compreende todos os instrumentos de que o governo dispõe para a
arrecadação de tributos (política tributária) e controle de suas despesas (política de gastos).
Além da questão do nível de tributação, a política tributária, por meio da manipulação da
estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular (ou inibir) os gastos do setor
privado em consumo e em investimento.
Política monetária: refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito
e das taxas de juros. Os instrumentos disponíveis são: emissão de moeda, reservas
compulsórias, compra e venda de títulos públicos, taxas de redescontos e regulamentação
sobre crédito e taxa de juros.
Política cambial e comercial: atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da
economia. A política cambial refere-se ao controle do governo sobre a taxa de câmbio. A
política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou
estímulo/desestímulos às importações, sejam fiscais, creditícias, seja estabelecimentos de
cotas etc.
Política de rendas (ou de controle de preços e salários): a característica especial da política
de rendas, que influenciam diretamente os salários, os lucros, os juros e os aluguéis é a de
que, nesses controles, os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam,
em resposta a influências normais do mercado. Normalmente, esses controles são utilizados
como política de combate à inflação. No Brasil, a política salarial e a atuação da Secretaria
Especial de Abastecimento e Preços (Seap) situavam-se nesse contexto.
4. ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA
A economia pode ser dividida em parte real e parte monetária. A primeira relacionada
com a produção de bens serviços bem como no emprego do fator trabalho, tendo como
variáveis a serem determinadas: o produto nacional, o nível geral de preços, o nível de
emprego e os salários nominais. A segunda relacionada com o que pode ser chamado de parte
invisível da economia e determina a taxa de juros, o estoque de moeda e a taxa de câmbio. O
quadro 3 mostra os mercados e as diferentes variaveis determinadas em cada uma das partes
da economia.
21
Quadro 3 – Parte real e parte monetária da economia
Mercados Variáveis Determinadas
Parte Real
da Economia
* Mercado de Bens e
Serviços
• Mercado de Trabalho
* Produto Nacional
* Nível geral de Preços
• Nível de Emprego
• Salários Nominais
Parte Monetária
da Economia
* Mercado Financeiro
• Mercado de Divisas
* Taxa de juros
* Estoque de Moeda
• Taxa de Câmbio
5. A MACROECONOMIA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA.
* Séc. XVIII, primeiras revoluções, que serviram como ponto de partida. Maior desenvolvimento
da Teoria Microeconômica.
* Séc. XX: Primeira Guerra Mundial, Identificação de “ciclos de negócios” e Grande Depressão
dos anos 30.
* Principais idéias Keynesianas, publicadas no livro “Teoria Geral do Emprego, do Juros e da
Moeda” de 1936.
* A teoria prevalecente antes de Keynes acreditava que a economia (i) era autoregulatória, (ii)
utilizava eficientemente todos os recursos, (iii) produziam em pleno emprego (existia apenas a
taxa natural de desemprego), (iv) as ações do governo apenas para os bens públicos.
* Com a teoria de Keynes, a economia (ii) não regula a si própria, (ii) está sujeita à flutuações,
(iii) pessimismo na comunidade de negócios e (iv) necessita de ação do governo para sua
estabilização.
* Em 1937: John Hicks introduz o aparato conhecido como IS/LM – a chamada síntese
neoclássica – que permite analisar a economia tanto pela hipótese de pleno emprego
(clássicos e neoclássicos) como pela de desemprego (Keynes).
* Nos anos 50, surge a Curva de Phillips que mostrava que uma relação inversa entre as taxas
de inflação e taxas de desemprego.
* Até os anos 60, tinha o instrumental IS/LM analisando os componentes da demanda
agregada acoplado à Curva de Phillips, que retratava as condições de oferta agregada. Mas,
numa herança keynesiana, a ênfase da política econômica ainda era nos instrumentos de
política fiscal, negligenciando a política monetária.
* Segunda metade dos nos 50, surge a Teoria Monetária com Milton Friedman da Universidade
de Chicago. Trata do papel das expectativas inflacionárias sobre a produção e o emprego,
recuperando o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica. Atenção para como os
agentes formas suas expectativas.
* Décadas de 70 e 80: Escola das Expectativas Racionais (os novos clássicos).
* Quatro principais linhas de pensamento macroeconômico: keynesianos, neoclássicos, novos
clássicos e pós-keynesianos.
Questões:
1. Descreva as metas da política econômica.
2. Por que os objetivos de politica econômica podem ser conflitantes. Explique.
3. O que se entende por política fiscal, política monetária, política cambial e política de rendas?
4. Você seria capaz de explicar qual objetivo de política econômica o governo brasileiro tem buscado nos
últimos anos? Comente.
22
SISTEMA FINANCEIRO
O que veremos?
Moeda:
História
Funções
Oferta/Demanda
Agregados Monetários
Sistema Financeiro no Brasil (SFN):
Diferentes Mercados
Intermediação Financeira
Sistema Bancário e Multiplicação dos Meios de Pagamento
Criação/Destruição dos Meios de Pagamento
Política Monetária:
Instrumentos
Política Restritiva vs. Expansionista
MOEDA
1. ORIGEM DA MOEDA
Nas economias primitivas, o modo de vida do homem não lhe oferecia qualquer
instrumento que possibilitasse a transformação dos produtos disponíveis, restringindo suas
atividades à caça, à pesca e à coleta de frutos. Vivia em grupo tribal fechado, cujo objetivo
primordial era a sobrevivência. Essa primitiva sociedade, em que tribos vizinhas representavam
rivais em potencial, era naturalmente impermeável à idéia de se estabelecer entre as
comunidades um sistema de trocas de mercadorias.
Com o passar do tempo, o homem percebeu que poderia dedicar-se à produção de
determinadas mercadorias em quantidades superiores às suas necessidades de consumo.
Salvo nas comunidades extremamente afastadas da civilização, o homem produz, hoje,
quando muito, apenas uma diminuta parcela daquilo que consome.
Conseqüência desse fato é o estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a
destinar a maior parte de sua produção não ao seu consumo próprio, mas às trocas com
terceiros que tenham bens e serviços de seu interesse.
Historicamente, as trocas evoluíram em duas etapas: trocas diretas, produto por
produto, e trocas indiretas, por intermédio da moeda.Um raciocínio simples exemplifica o caso
das trocas diretas: uma tribo, às margens de um rio generoso em peixes, mas com escassas
chances de acesso a frutos, poderia especializar-se na pesca e trocar com uma outra
comunidade que, por estar um pouco mais distante ou mesmo não dispor de um rio em iguais
condições, tenha se especializado na coleta de frutos.
A implantação desse sistema de intercâmbio direto de mercadorias, também conhecido
como escambo, exigia certas condições especiais para seu funcionamento: se o indivíduo "A"
fosse especializado na produção (coleta) de frutos silvestres e o indivíduo "B", na produção
(captura) de peixes, tornava-se fundamental, para ocorrer a permuta, que o indivíduo "A"
desejasse adquirir peixes e o indivíduo "B” desejasse adquirir frutos silvestres. A troca
ocorreria, portanto, de forma direta, bilateralmente, desde que houvesse interesse recíproco.
As dificuldades desse sistema são evidentes. Tornava-se imperiosa a criação de novas
condições de comércio, de maneira que as trocas pudessem ocorrer sem que dependessem
23
tanto da simultaneidade de interesses específicos. A forma encontrada foi substituir as trocas
diretas pelas trocas indiretas, estabelecendo-se como padrão de conversão, mediante
consenso, uma mercadoria ou um produto que fosse aceito por todos os indivíduos. Introduzia-
se assim um elemento responsável, em grande parte, não só pelo desenvolvimento do
comércio, como também pelas dimensões hoje assumidas pela Economia: a moeda.
A introdução da moeda no sistema econômico conduz à dissociação de cada troca em
duas operações distintas: uma compra e uma venda. A moeda por sua vez, passa a
desempenhar três funções básicas: intermediação de trocas, medida de valor e reserva de
valor.
A função de intermediação de trocas traduz-se em servir como meio de pagamento, de
aceitação geral. Reside, nessa função, a razão principal, determinante do aparecimento da
moeda, qual seja, a de facilitar o processo de circulação de bens.
A moeda é medida de valor porque estabelece uma unidade-padrão de medida, à qual
são convertidos os valores de todos os bens e serviços disponíveis na economia. Em outras
palavras, diz-se que a moeda serve como denominador comum de valores.
Considerando-se que a moeda pode ser trocada por bens ou serviços em qualquer
ocasião, sua posse constitui reserva de valor, desde o momento em que é recebida pelo seu
detentor, até ao instante em que é gasta. A retenção da moeda, como reserva de valor, traduz-
se, portanto, numa forma alternativa de guarda ou de acumulação de riqueza.
2. EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE MOEDA
Ao se estabelecer um produto ou mercadoria como base para a troca, nasceu o
conceito básico de moeda: um instrumento facilitador das trocas que permite a medida ou a
comparação de valores. Podem ser, como o foram no passado, o trigo, o sal, o gado e os
metais. Pode ser, também, um simples pedaço de "papel pintado". Há, porém, uma forte
exigência: que seja aceito pela sociedade, consensualmente.
O estabelecimento da mercadoria-moeda possibilitava a implantação de um sistema de
intercâmbio, mas trazia consigo novas dificuldades. Por exemplo: alguém que dispusesse de
cinco sacas de trigo e desejasse comprar meio boi, como resolveria a questão?
Um primeiro complicador consistia, portanto, na indivisibilidade de certas mercadorias
ou produtos. Outro problema que surgiu de imediato foi o fato de a mercadoria-moeda ter a
possibilidade de multiplicar-se facilmente, sem o controle da sociedade.
Além disso, havia ainda a desvantagem de ser perecível, o que causava sérios
problemas para o sistema como um todo. Imagine alguém que tivesse todo o seu estoque de
moeda representado por 100 sacas de trigo e todas elas se deteriorassem. Esse indivíduo teria
zerado o seu estoque de moeda, e uma das causas poderia ser até mesmo não ter conseguido
arcar com os custos de uma acomodação adequada para o trigo.
Como alternativa, passou-se a adotar os metais preciosos como meio de troca. A
história registra o aparecimento de moedas metálicas cunhadas na Grécia entre os séculos VIII
e VII a.C. Eram mais duráveis e permitiam subdivisão com maior facilidade. Sua produção era
mais rara e escassa. Era de melhor qualidade e não apresentava os problemas das demais
mercadorias adotadas como moeda.
A utilização dos metais preciosos (ouro e prata) como moeda facilitou muito o
desenvolvimento das trocas e da circulação dos bens e serviços necessários à sociedade.
Entretanto, apresentava problemas relativos a seu valor intrínseco e a seu transporte, em
24
virtude do peso e da segurança, já que os possuidores ficavam muito mais vulneráveis ao
ataque de saqueadores.
Como os cunhadores eram geralmente ourives, que possuíam locais seguros para
guarda dos metais preciosos passou-se a adotar o costume de deixar as moedas depositadas
com eles, em troca de um comprovante de depósito, de um recibo. Esse recibo tinha, assim,
um lastro. Toda vez que se precisasse de moeda, era só trocá-lo por metal precioso. Com o
tempo, adicionou-se a esse costume o de endossá-lo, transferindo a outrem o direito de saque.
Com isso, foi eliminada a necessidade de se trocar o recibo por metal precioso a cada
operação. Surgiu, então, o princípio das cédulas com lastro.
Dessa forma, os cambistas medievais atuavam como "banqueiros", mantendo um
encaixe de 100% sobre os seus depósitos. Cobravam apenas uma comissão pela prestação do
serviço de guarda dos metais.
Observe-se que, até então, os banqueiros da época não concediam e nem tomavam
empréstimos. Não tardou muito, contudo, para que adquirissem a confiança do público e
iniciassem uma transformação na sua forma de "operação bancária". Ao verificarem que os
metais ficavam guardados em seus cofres por um longo período de tempo, sem qualquer
utilização, passaram a emitir os chamados bilhetes de banco negociáveis. Tais operacões
consistiam na emissão de recibos sem a contrapartida de um depósito em moedas, cuja
validade dependia única e exclusivamente de sua aceitação geral, como meio de pagamento,
em função da confiança do público. Essa transformação fez com que os bancos deixassem de
ser simples depositários de metais e passassem a exercer a função de emissores, surgindo a
partir daí a moeda fiduciária.
O Estado assumiu e monopolizou a emissão de moeda, uniformizando-a no espaço
geográfico de sua influência. A aceitação dessa moeda inconversível decorria do poder do
Estado em garantir sua utilização e na confiança da população nesse Estado. A garantia de
utilização da moeda é dada pelo seu curso forçado, posto que os credores eram obrigados por
lei a aceitá-la em pagamento de seus créditos.
Ao lado dessa moeda fiduciária, de emissão não lastreada, de curso forçado,
monopolizada pelo Estado, desenvolveu-se uma outra modalidade: moeda bancária ou
escritural. Essa moeda, que surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais,
corresponde aos depósitos à vista, os quais possuem liquidez e equivalem à moeda de curso
legal.
3. ATIVOS FINANCEIROS
Os ativos financeiros da economia podem ser diferencidados conforme os atributos
rendimentos e liquidez. Assim, tem-se:
Ativos financeiros monetários: liquidez absoluta, rendimento zero e usados como meio de
pagamento. Ex: papel moeda em poder do público (PMPP) e depósito à vista nos bancos
comerciais públicos e privados.
Ativos financeiros não-monetários: menor grau de liquidez e rendimento. Ex: depósito de
poupança.
4. OFERTA E DEMANDA DE MOEDA
A oferta de moeda na economia é feita pelo Banco Central (BACEN) e pelos Bancos
Comerciais através das atividades de depósitos e empréstimos. A demanda por moeda é
derivada dos motivos: transação, precaução e especulação.
25
5. MEDIDA DA OFERTA DE MOEDA
A quantidade de moeda existente na economia pode ser medida com a utilização dos
chamados agregados monetários. Esses agregados são agrupados de acordo com a liquidez
dos diferentes ativos financeiros da economia. A seguir são definidos os agregados
monetários:
M0 = PMPP (notas e moedas)
M1 = M0 + depósitos à vista nas instituições financeiras bancárias.
M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por
instituições financeiras.
M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos públicos
federais.
M4 = M3 + títulos públicos federais (Selic) e títulos de emissão dos estados e municípios.
Tabela 1 - Heveres Financeiros no Brasil (R$ bilhões)
Fonte: Bacen
6. BASE MONETÁRIA
Além dos agregados monetários, existe ainda outra medida da moeda na economia que
é a base monetária. O conceito de base monetária (BM) equivale ao passivo monetário do
Banco Central que serve de lastro aos meios de pagamento e é definida por:
BM = PME + RB
- Papel Moeda Emitido (PME): meio circulante
- Reservas Bancárias (RB): contas correntes dos bancos criadores de moeda no Banco Central
26
Essas reservas bancárias são compostas por reservas voluntátias e reservas
compulsórias. A sistemática de recolhimentos compulsórios sobre os recursos à vista e a
preponderância de metas de taxas de juros resultam em valores desprezíveis de reservas
voluntárias médias. A figura 10 mostra a base monetária e os meios de pagamentos na
economia brasileira para os anos de 2004 e de 2005.
Figura 10 – Base monetária e meios de pagamentos no Brasil - 2004 e 2005
Fonte: Bacen
7. ESTRUTURA DO SFN (BRASIL)
Sistema Financeiro: conjunto de agentes e instituições responsáveis pela intermediação de
recursos financeiros entre as unidades econômicas líquidas (superavitárias) e as ilíquidas
(deficitárias).
8. ORGANIZAÇÃO DO SFN
- Subsistema normativo
- Subsistema de Intermediação
- Outras instituições
A figura 11 abaixo mostra a participação por segmentos (públicos, privados nacionais e
estrangeiras) no sistema bancário do Brasil para o período de 2002 a 2005. Além disso, veja
em anexo o número de instituições por segmento, por tipo e com maiores agências no país.
27
Figura 11- Sistema Bancário/Participação por Segmentos (Brasil)
Fonte: Bacen
9. DIFERENTES MERCADOS:
O sistema financeiro é composto por quatro diferentes mercados que são:
Mercado Monetário: onde são negociados títulos de curto prazo (Iiquidez da economia).
Mercado de Capitais: onde são negociados títulos de médio e longo prazo (necessidade de
recursos para investimento).
Mercado de Câmbio: são realizadas as transações com diferentes moedas. Participantes:
Bacen, Bancos, empresas exportadoras e importadoras.
Mercado de Crédito: tem a responsabilidade de suprir a necessidade de crédito das diferentes
atividades econômicas.
A seguir, destaca-se o mercado de crédito no Brasil. Os gráficos mostram,
respectivamente, o direcionamento do crédito para as diferentes atividades econômicas e as
taxas de juros cobradas para as pessoas físicas e pessoas jurídicas.
28
Fonte: Bacen
Fonte: Bacen
Fonte: Bacen
29
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
1. FORMAS DE FINANCIAMENTO
Existem dois tipos de agentes no sistema financeiro, aqueles que podem ser chamados
de unidades superavitárias (US) e outros que podem ser chamados de unidades deficitárias
(UD). Os primeiros suprem as necessidades de financiamento dos segundos através da
intermediação das instituições financeiras. As unidades deficitárias possuem duas formas para
obter financiamento:
Autofinanciamento: venda de algum patrimônio, por exemplo, um bem imóvel.
Financiamento externo: que pode ser direto através da venda de ações ou de títulos da dívida
e o indireto por meio de empréstimo via instituições financeiras
A pergunta que surge é por que as unidades deficitárias não optam pelo financiamento
direto? A resposta para esse questionamento está nos conceitos de custos de transação e de
informação assimétrica.
2. CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA
O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural
consiste na multiplicação dos meios de pagamento através das instituições financeiras
bancárias que captam depósitos à vista.
Esse fenômeno decorre do fato de ser altamente improvável que todos os depositantes
saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestar parte
dos depósitos à vista por eles recebidos, mantendo encaixes bem inferiores ao volume destes
depósitos.
A faculdade de criar ou destruir moeda decorre de operações realizadas entre as
instituições financeiras bancárias — que captam depósitos à vista — e o público.
Para se distinguir uma ocorrência da outra, valemo-nos dos conceitos de haveres
monetários e haveres não-monetários.
Haveres monetários: possuem liquidez imediata — papel-moeda em poder do público e
depósitos à vista (meios de pagamento).
Haveres não-monetários: não possuem liquidez imediata, como depósitos a prazo, títulos
públicos, duplicatas e etc.
2.1. Criação de moeda:
Quando a instituição financeira bancária desconta uma duplicata - entrega ao público de
haveres monetários (moeda) e, em troca, recebe haveres não-monetários (duplicata), conforme
ilustrado na figura a seguir:
30
Figura 12 – Criação de Moeda
Instituição Financeira
Bancária Público
Haveres monetários
Haveres não-monetários
2.2. Destruição de moeda:
Quando o público quita uma duplicata – a instituição bancária entrega ao público haveres não-
monetários (duplicata quitada) e recebe haveres monetários (moeda), conforme ilustrado na
figura a seguir:
Figura 13 – Destruição de Moeda
Instituição Financeira
Bancária Público
Haveres não-monetários
Haveres monetários
Exemplos de criação e de destruição de moeda:
Governo Federal deposita impostos arrecadados do público no Bacen (D);
Exportadores trocam US$ por R$ no Bacen (C);
Indivíduo resgata sobre poupança, com transferência do saldo para a conta corrente no banco
comercial (C);
Indivíduo adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista (D);
Indivíduo efetua um depósito à vista em um banco comercial (N).
3. MULTIPLICADOR BANCÁRIO
As instituições financeiras que captam depósitos à vista podem multiplicar os meios de
pagamentos através das operações de empréstimos.
Multiplicador Simples
k = 1/R
k = magnitude do efeito multiplicador
R = alíquota de recolhimento bancário
Exemplo:
R = 0,25 Temos que k = 1/0,25 = 4
Se DV= R$1.000,00, o efeito multiplicador fará com que o volume de meios de
pagamentos passe a ser de R$ 4.000,00.
31
Multiplicador Elaborado:
k = 1/C+D(R1+R2)
C = PMPP/M1
D = DV/M1
R1 = CX/DV
R2 = RB/DV
Onde:
PMPP = papel moeda em poder do público
DV = depósitos à vista
CX = caixa dos bancos comerciais
RB = reservas bancárias (voluntárias e compulsórias)
4. POLÍTICA MONETÁRIA
Refere-se ao processo de oferta de moeda na economia, com seus mecanismos de
transmissão. A oferta primária fica a cargo da autoridade monetária (AM), e sua “multiplicação”
se dá pela ação dos bancos comerciais.
O controle da oferta de moeda pode se dar pelo lado da:
- oferta (direta e indiretamente) ou
- demanda (tornando o dinheiro mais caro para o público).
4.1. Instrumentos de política monetária
Operações de mercado aberto:
Compra ou venda de títulos, de forma definitiva ou compromissada, para condicionar os
volumes de reservas bancárias e as taxas básicas de juros. As operações definitivas alteram a
posição de carteira, ou de propriedade, das partes envolvidas. As operações compromissadas
ou com compromisso de recompra/revenda ou de financiamento de títulos alteram a posição de
custódia, ou de liquidez, das partes envolvidas.
Recolhimentos compulsórios:
Parcelas de algumas modalidades de captação que as instituições financeiras devem manter
junto a Autoridade Monetária (Bacen) a fim de condicionar a alavancagem de operações ativas
e a estrutura de custos. Os recolhimentos podem ser exigidos em espécie, que serão
remunerados ou não remunerados, ou em títulos.
Recolhimentos compulsórios: estrutura no Brasil
- Anterior ao Plano Real:
Recursos à vista: 40% em espécie, não remunerado
Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado
- Em março de 1999:
Recursos à vista : 75% em espécie, não remunerado
Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado
Depósitos a prazo : 30% em títulos
FIF-curto prazo : 50% em espécie, não remunerado
FIF-30 dias : 5% em espécie não remunerado
- Atual (outubro/2003):
Recursos à vista : 45% em espécie, não remunerado
Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado
Depósitos a prazo: 15% em títulos.
32
Redesconto
O Bacen pode suprir as necessidades de financiamento dos bancos comerciais através
de empréstimos. A taxa cobrada por esses empréstimos mais o prazo para o seu pagamento
constitui o que é chamado de taxa de redesconto. Quando o Bacen quer ser punitivo, aumenta
a taxa e reduz o prazo de pagamento.
Quadro 3 – Resumo dos Instrumentos de Política Monetária
Instrumentos Oferta monetária Taxas de juros
1. Recolhimento Compulsório
- Aumenta a taxa
* reduz a taxa
- reduz
* aumenta
- aumenta
* diminui
2. Redesconto
- aumenta juros, reduz prazo
* reduz juros, aumenta prazo
- reduz
* aumenta
- aumenta
* reduz
3. Open Market
- Venda de títulos
* Compra de Títulos
- reduz
* aumenta
- aumenta
* reduz
4. Operações de Crédito
- Restringe
* Amplia
- Reduz
* amplia
- aumenta
*reduz
As Políticas Monetárias podem ser chamadas de restritivas ou de expansionistas. São
restritivas quando reduzem a oferta monetária e encarecem os empréstimos. São
expansionistas quando aumentam a oferta monetária e barateiam os empréstimos.
Questões Conceituais:
1. Dados os seguintes agregados monetários (em mil R$):
Papel moeda emitido (PME) 1.100
Papel moeda em poder do público (PMPP) 600
Dep. a vista do público nos BC 1.400
Reservas dos BC no Bacen
- Voluntárias 100
-Compulsórias 400
Depósito em poupança 200
Quotas de fundo de renda fixa 150
Títulos públicos federais (Selic) 430
a) Qual a base monetária ?
b) Qual o total do M1 ?
c) Qual o total do M2 ?
c) Qual o total do M3 ?
c) Qual o total do M4 ?
2. Quais são os diferentes mercados do sistema financeiro? Explique.
3. Uma empresa deficitária possui duas opções de financiamento. Quais são essas opções? Por que a
intermediação financeira é a forma mais utilizada de financiamento pelos agentes econômicos
deficitários? Comente.
4. Os ativos financeiros da economia são diferenciados em duas categorias conforme duas
características. Diga quais são as características.
5. Nas afirmações abaixo, diga quando ocorre criação (C), destruição (D) de moeda:
( ) Governo Federal deposita taxas e impostos arrecadados de empresas no Bacen;
( ) Importadores trocam R$ por US$ no Bacen;
( ) Indivíduo transfere saldo da conta corrente para a conta de poupança no banco comercial;
33
( ) Empresa adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista;
( ) Empresa efetua um depósito à vista em um banco comercial.
( ) indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito á vista.
( ) Indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito à prazo.
( ) Empresa leva ao banco uma duplicata para descontar, recebendo a inscrição de um depósito à vista.
( ) Banco compra cambiais de um exportador.
( ) Banco vende divisas a um importador.
( ) Banco compra títulos da dívida pública possuídos pelo público.
( ) Banco vende um imóvel a uma pequena empresa recebendo o pagamento à vista em dinheiro.
( ) Banco aumenta seu capital vendendo ações ao público.
6. Dos instrumentos que o Bacen pode utilizar para controlar a oferta de moeda na economia, qual é o
mais punitivo para os bancos. Comente.
7. Coloque falso (F) ou verdadeiro (V), e justifique quando falso:
( ) Quando o Bacen aumenta a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais,
a taxa de juros reduz;
( ) Se o Bacen diminui os juros e aumenta o prazo na operação de redesconto, a oferta monetária é
reduzida e a taxa de juros também cai.
( ) Se o Governo precisa reduzir a quantidade de oferta de moeda na economia, o Bacen pode
comprar títulos públicos que estão nas mãos do público.
( ) A taxa de juros pode ser reduzida através da expansão nas operações de crédito por parte do
Bacen.
( ) A oferta de moeda e a taxas de juros são reduzidas através de uma política monetária expansionista.
( ) Quanto maior a taxa de recolhimento compulsório, maior o multiplicador bancário simples.
( ) O multiplicador bancário elaborado varia negativamente em relação à taxa de reservas dos bancos e
positivamente em relação à taxa de retenção do público.
( ) A velocidade renda da moeda é definida pela relação entre o PIB e a quantidade de moeda (M).
( ) Quanto maior for a taxa de inflação numa economia, menor será a velocidade-renda da moeda.
8. Dados os seguintes agregados monetários (em R$ milhões):
* Caixa, em moeda corrente, nos Bancos Comerciais 95
* Papel Moeda Emitido 200
* Depósitos à vista do público nos Bancos Comerciais 150
* Depósitos à vista dos Bancos Comerciais
Voluntários 40
Compulsórios 30
* Títulos federais, em poder do resto do mundo 400
* Depósitos na Poupança, em poder do resto do mundo 250
* Depósitos à prazo, em poder do resto do mundo 150
a. Qual o valor da Base Monetária?
b. Qual o valor do M1, M2, M3 e M4 ?
9. A oferta de moeda pode dar-se pelo Bacen ou pelos Bancos Comerciais, sendo este último dado pelo
mecanismo do multiplicador monetário. Se R = 0,75, então o valor do multiplicador simples na economia
será de..................... Se o montante inicial em depósito a vista é de R$ 4.000,00, qual será o valor
multiplicado.
10. Como se dividem os agregados monetários no Brasil. Explique cada um deles.
11. Quais as funções principais que o Banco Central exerce na política econômica.
12. A elevação da taxa dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais junto as autoridades
monetárias diminuiu o valor do multiplicador dos meios de pagamentos porque:
a. ( )diminui o saldo do papel-moeda emitido
b. ( ) diminui o saldo do papel-moeda em circulação
c. ( )diminui o saldo do papel-moeda em poder do público
d. ( )diminuem os depósitos à vista nos bancos comerciais
e. ( )diminuem os recursos dos bancos comercias para empréstimos ao público.
34
13. Demanda por moeda para ____________: as pessoas mantêm dinheiro porque isso lhes permite
comprar e vender bens com facilidade. Demanda por moeda para ________________: as pessoas
mantêm dinheiro porque ele é mais seguro que outros ativos, já que o preço de ações, títulos e imóveis
pode flutuar muito. Demanda de moeda para _______________: ficando com mais dinheiro as pessoas
podem enfrentas melhor as despesas imprevistas.
a)transação – especulação – precaução
b)precaução – especulação – transação
c)especulação – transação – precaução
d)precaução – transação – especulação
e)nenhuma das anteriores
14. O sistema financeiro nacional constituído do mercado monetário, mercado de crédito, mercado de
capitais e mercado cambial, é usualmente subdividido em 2 subsistemas: o _______________ e o
__________________. O primeiro congrega as autoridades monetárias, responsável pela disciplina
operacional e pela liquidez do sistema. O segundo congrega as instituições bancárias e não bancárias.
a) normativo – cambial
b) intermediação – normativo
c) intermediação – cambial
d) normativo – intermediação
e) nenhuma das anteriores
15. O encaixe próprio dos bancos (parcela dos depósitos que é mantida em caixa) é um dos freios à
multiplicação infinita da moeda escritural. Mas o freio maior é o recolhimento compulsório que o Banco
Central exige dos bancos comerciais. Quanto ___________ forem as taxas voluntárias e compulsórias,
__________________seu efeito multiplicador.
a)maiores – maior será
b)menores – menor será
c)maiores – menor será
d)menores – inalterado será
e)nenhuma das anteriores
16. As operações entre o público e o setor bancário podem criar ou destruir os meios de pagamento.
Entre as operações a seguir relacionadas, qual delas é responsável pela criação de meios de
pagamento?
a) pessoas realizam depósitos a prazo nos bancos
b) bancos vendem ao público, mediante pagamento à vista, em moeda, títulos de diversas espécies
c) saque de cheques nos caixas dos bancos
d) empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrição de depósitos à vista
17. O Banco Central do Brasil (Bacen) tem, entre suas responsabilidades:
a) atuar como banco do governo federal e renegociar a dívida externa brasileira
b) aceitar depósitos, conceder empréstimos ao público e controlar os meios de pagamento do país
c) emitir papel-moeda, fiscalizar e controlar os intermediários financeiros, supervisionar a compensação
de cheques
d) executar as políticas monetária e fiscal do governo
e) fiscalizar empresas privadas e públicas
18. Entende-se por operações de mercado aberto, especificamente:
a) concessão de empréstimos, por parte dos bancos comerciais, a empresas e consumidores
b) concessão de empréstimos, pelo Banco Central, a bancos comerciais
c) venda de ações, em bolsa, das empresas ao público em geral
d) atividade do Banco Central na compra ou venda de títulos
e) restrições às operações de crédito ao consumidor
19. A principal função da reserva compulsória sobre os depósitos bancários, como instrumento de
política monetária, é:
a) permitir ao governo controlar a demanda de moeda
b) permitir as autoridades monetárias controlar o montante de moeda bancária que os bancos comerciais
podem criar
35
c) impedir que os bancos comerciais obtenham lucros excessivos
d)forçar os bancos a manter moeda ociosa no sentido de cobrir as necessidades de caixa do banco
central
e) cortar subsídios governamentais às empresas privadas
20. Para reduzir o volume de meios de pagamentos, o Banco Central deve:
a) elevar a taxa de redesconto
b) comprar títulos da dívida pública
c) elevar a emissão de papel-moeda
d) reduzir a reserva compulsória dos bancos comerciais
e) reduzir a taxa de juros para desconto de duplicatas
Questões Aplicadas:
1. O que aconteceria com os agregados monetários M1, M2, M3 e M4 (medidas da moeda) numa
economia que estivesse praticando uma taxa de juros reais de 9% ao ano? E o que aconteceria se a
economia passasse a conviver com altas taxas de inflação? Explique.
2. Do total de crédito direcionado para as atividades econômicas nos de 2004 e 2005, a maior parcela
ficou com as pessoas físicas. De que forma essa distribuição de crédito pode afetar o crescimento futuro
da economia? Argumente.
3. O Bacen reduziu a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais de 75%
(março/1999) para 45% (outubro/2003). Essa redução foi possível graças ao crescimento econômico da
economia?
36
CAPÍTULO 3 – INFLAÇÃO
O que veremos?
Definição e Cálculo
Teorias Explicativas
Mensuração da Inflação no Brasil
Planos de Estabilização
INFLAÇÃO
1. SITUAÇÕES POSSÍVEIS DE VARIAÇÃO DOS PREÇOS
Inflação = aumento persistente no nível geral de preços;
Desinflação = redução ou a eliminação da inflação;
Deflação = redução no nível da atividade econômica (estagnação – Ex. anos 30), de queda
generalizada dos dispêndios e dos preços;
Reflação = movimento de recuperação de processos deflacionários depressivos.
Situações Possíveis
INFLAÇÃO
DEFLAÇÃO REFLAÇÃO
DESINFLAÇÃO
LINHA DE
ESTABILIDADE
37
2. TEORIAS DA INFLAÇÃO
flação de demanda
quando há um excesso de demanda agregada.Quando a economia funciona a
pleno
flação de custos (Ou inflação de oferta)
Ocorre quando há variação dos preços de itens com alta participação no processo
inflação estruturalista (Cepal)
Os pensadores da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) afirmam que
as cau
sociada ao pouco dinamismo das exportações (X) - (baixa
portações
rcado
flação Inercial
Os mecanismos de indexação formal (contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes
de pre
indexação formal e informal
feitos da Inflação
feito Oliveira Tanzi: mostra que a inflação corrói o montante de arrecadação.
dependem
í is su riores o au ento d
rre
In
Ocorre
emprego, a oferta agregada não tem como se expandir de forma a acompanhar o
crescimento da demanda. O ajuste da oferta não se dá via aumento das quantidades, mas sim,
via aumento dos preços.
In
produtivo (aumento salarial, desvalorização cambial, quebra de safra, reajuste de tarifas
públicas, etc...), que leva a um aumento dos custos das empresas que é em alguma medida
repassado para os preços finais.
A
sas estruturais da inflação são:
- oferta de alimentos inelástica
- rigidez das importações (M) as
relação de trocas)
- substituição de im
- estrutura oligopolística no me
3
In
ços no comércio, indústria, tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de
inflação anteriores, que são sempre repassadas aos preços.
Mecanismos:
- propagação:
- aceleração: choques de oferta
E
E
Efeitos sobre a distribuição de renda: redução do poder aquisitivo das classes que
de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste.
Efeitos sobre o balanço de pagamentos: taxas de inflação em n ve pe a m e
preços internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior.
Efeitos sobre o mercado de capitais: com inflação, deteriora-se o valor da moeda e oco
desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em
cadernetas de poupança cedem lugar para a aplicação em recursos de bens de raiz, como
terras e imóveis.
3
Para uma discussão sobre a inflação inercial ver: Pereira (1996). A Inflação decifrada. Revista de Economia
Política, 16(64): 20-35.
38
3. INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICES
A inflação é o aumento generalizado dos preços de uma economia. É calculada em
função
produtos (carne e batata), uma POF identificou que o consumo
30 kg de batata.
mo o mês seguinte, tem-se:
eríodo base (t0):
o: 10 Kg * $1/Kg = $10
15
3
eríodo seguinte t + 1
stáveis), então 10 * 1 = 10
30
úmeros Índices
É uma medida estatística idealizada para mostrar as variações de uma variável, ou de um
grupo d
uando o número-índice representa uma comparação para um bem ou produto individual, é
chamad
étodo agregativo ponderado
s índices agregados de preços são geralmente ponderados segundo as quantidades q dos
bens. O
dice de Laspeyres
um dos mais populares índices agregado de preços, no qual os preços são ponderados
pelas q
A fórmula é:
do perfil de consumo de uma certa população (POF), que determina a ponderação de
“cestas de bens e serviços”.
Exemplo: considerando dois
médio de carne era de 40% e de batata 60%.
A cesta básica mensal inclui 10 kg de carne e
Considerando dois períodos de tempo, t0 como mês base e t1 co
P
Carne: $ 1/Kg, entã
Batata: 0,50/Kg, então: 30 Kg * 0,50/Kg = $
Cesta (ponderada) = (10*40%) + (15*60%) = $1
P
Carne: $1,00 (preços e
Batata: $1,00 (aumento de 100%), então: 30 * 1 =
Cesta (ponderada): (10*40%) + (30*60%) = $22
Variação: (22-13)/13 = 69%
N
e variáveis, correlacionados ao tempo, à localização geográfica, ou a outras características
como rendimento, profissão, Uma coleção de números índices de diversos anos, localidades, e etc.,
é frequentemente denominada série de índices.
Q
o número-indice simples (ou relativo). Quando o número-indice foi construído para um
grupo de bens, é chamado número-indice agregado ou composto.
M
O
s exemplos desse métodos são os índices de Laspeyres e o de Paasche.
Ín
É
uantidades associadas com o ano-base antes de serem somados.
0 0
1 0
100
p q
IL
p q
×
= ×
×
Onde:
0
p = preço no período inicial;
1
p = preço no período atual;
0
q = quantidade no período inicial;
O índice de Laspeyres pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1),
tomand
1
q = quantidade no período atual.
o como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época inicial.
39
Como essas quantidades são consideradas adequadas à época inicial e não à época
atual, admite-se que o numerador possa se apresentar super dimensionado e assim o índice
de Laspeyres apresentar tendência de elevação.
Índice de Paasche
Este índice usa as quantidades do ano dado como pesos.
A fórmula é:
0 1
1 1
100
p q
IP
p q
×
= ×
×
O índice de Paasche pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1),
tomando como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época atual.
Como essas quantidades são consideradas adequadas à época atual e não à época
inicial, admite-se que o denominador possa se apresentar, eventualmente, super dimensionado
e assim o índice de Paasche apresentar tendência a rebaixamento.
Aplicação dos Números Índices
Para comparar os custos de alimentos ou de vida, em uma cidade, durante um ano, com os
de um ano anterior, ou a produção de aço, durante determinado ano, em uma região do país, com a
de outra.
Existem vários índices de preços que são calculados por instituições diferentes. Por
exemplo, o Índice Geral de Preços (IGP) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de
Janeiro. Índice Nacional Preços ao Consumidor (INPC) é calculado pela Fundação IBGE. Veremos
a seguir os números índices que são usados no Brasil para medir a inflação.
4. INDICADORES DE INFLAÇÃO NO BRASIL E NO RS
Vários são os indicadores de inflação adotados no Brasil. A tabela abaixo sumariza as
principais características dos indicadores calculados no Brasil.
Tabela 2 - Estrutura Básica dos Indicadores
40
O mapa a seguir mostra as regiões metropolitanas que são alvo para o cálculo do índice
de preço ao consumidor (IPC).
Mapa 1 - Regiões Metropolitanas e IPC
4.1 Diferença entre os Principais Índices
IPCA- IBGE: Calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo o custo de vida
para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa é feita em 11 regiões
metropolitanas. Foi escolhido como alvo das metas de inflação ("inflation targeting") no Brasil.
INPC-IBGE: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, média do custo de vida nas 11
principais regiões metropolitanas do país para famílias com renda de 1 até 8 salários mínimos.
IGP- FGV:É uma média ponderada do índice de preços no atacado (IPA), com peso 6; de
preços ao consumidor (IPC) no Rio e SP, com peso 3; e do custo da construção civil (INCC),
com peso 1. Usado em contratos de prazo mais longo, como aluguel.
IGP-M (FGV): Metodologia igual à do IGP-DI, mas pesquisado entre os dias 21 de um mês e
20 do seguinte. O IGP tradicional abrange o mês fechado. O IGP-M é elaborado para contratos
do mercado financeiro.
IGP-10 (FGV): Elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M. A única diferença é o
período de coleta de preços: entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte.
IGP-DI (FGV): Reflete as variações de preços de todo o mês de referência. Formado pelo IPA
(Índice de Preços por Atacado) e IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
41
INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), com pesos de 60%, 30% e 10%,
respectivamente. Apura as variações de preços de matérias-primas agrícolas e industriais no
atacado e de bens e serviços finais no consumo.
IPC- Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe): Pesquisado no município de São
Paulo. Reflete o custo de vida de famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos. Divulga
também taxas quadrissemanais.
ICV- Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese):
Medido na cidade de São Paulo. Reflete o custo de vida de famílias com renda média de R$
2.800 (há também índices para a baixa renda e a intermediária).
INCC- Índice Nacional do Custo da Construção: Um dos componentes das três versões do
IGP, o de menor peso. Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra
no setor. Utilizado em financiamento direto de construtoras/incorporadoras
CUB - Custo Unitário Básico: Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da
mão-de-obra no setor. Calculado por sindicatos estaduais da indústria da construção,
chamados de Sinduscon, e usado em financiamentos de imóveis.
4.2 Instituições que calculam a inflação no RS
O Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE/UFRGS) elabora o Boletim
Econômico (IEPE-UFRGS) mensalmente com o objetivo de:
* Índice de Preços ao Consumidor (IPC-IEPE);
* Custo da Cesta Básica da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
Indicadores Econômicos
(IEPE-UFRGS) - 2006
Índice de Preço ao Consumidor (IPC)
Fev Mar Abr
Número Índice 177,22 176,58 177,53
Variação % -0,51 -0,36 0,54
Cesta Básica (RMPA)
Fev Mar Abr
Custo Total (R$) 554,10 545,72 549,59
Variação % -1,78 -1,51 0,71
42
5. INFLAÇÃO NO BRASIL
Inflação no Brasil (1944-2006)
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1944
02
1946
02
1948
02
1950
02
1952
02
1954
02
1956
02
1958
02
1960
02
1962
02
1964
02
1966
02
1968
02
1970
02
1972
02
1974
02
1976
02
1978
02
1980
02
1982
02
1984
02
1986
02
1988
02
1990
02
1992
02
1994
02
1996
02
1998
02
2000
02
2002
02
2004
02
2006
02
IGP
-
DI
(%
a.m.)
Plano Real
Choques
Heterodoxos
Crise da Dívida
Inflação no Brasil na década de 1980
(IGP-DI (% a.m.))
-10
0
10
20
30
40
50
60
1980
01
1980
05
1980
09
1981
01
1981
05
1981
09
1982
01
1982
05
1982
09
1983
01
1983
05
1983
09
1984
01
1984
05
1984
09
1985
01
1985
05
1985
09
1986
01
1986
05
1986
09
1987
01
1987
05
1987
09
1988
01
1988
05
1988
09
1989
01
1989
05
1989
09
Plano Cruzado
Plano Bresser
Plano Verão
Inflação nas eras Collor, FHC e Lula
(IGP-DI %a.m.)
-5
5
15
25
35
45
55
65
75
1990
01
1990
07
1991
01
1991
07
1992
01
1992
07
1993
01
1993
07
1994
01
1994
07
1995
01
1995
07
1996
01
1996
07
1997
01
1997
07
1998
01
1998
07
1999
01
1999
07
2000
01
2000
07
2001
01
2001
07
2002
01
2002
07
2003
01
2003
07
2004
01
2004
07
2005
01
2005
07
2006
01
2006
07
Plano Collor
Era FHC
Era Lula
FONTE: Prof. Solange Marin a partir de dados do IPEADATA – www.ipeadata.gov.br
43
5.1. Causas Básicas da Inflação Brasileira
As principais causas da inflação na economia brasileira são: a questão distributiva, o
déficit do setor público e seu financiamento e o mecanismo de indexação (formal e informal).
5.2. Inflação no Brasil e as Correntes Econômicas
Correntes Causas Principais Políticas Antiinflacionárias
Monetarista
* Desequilíbrio do setor
público (déficit e a dívida
pública provocam descontrole
monetário, causando inflação
de demanda)
* Ajuste fiscal
(para reduzir déficit e dívida
pública, via reformas fiscal,
previdenciária, privatização)
* Controle Monetário
(juros e moedas)
* Liberalização do comércio
internacional
Inercialista
* Indexação generalizada
(formal e informal)
* Dexindexação
(para apagar memória ou
inércia inflacionária, via
congelamento de preços,
salários e tarifas – Planos
Cruzado, Bresser – ou troca
de moeda – Plano Real)
Estruturalista
* Conflitos distributivos
( pressões de margens de
lucro, pressões salariais,
pressões de tarifas e preços
públicos provocam inflação de
custos)
* Controle de preços de
oligopólio
* Reformas estruturais
5.3. A Inflação no Brasil e os Programas de Estabilização
1946-58: Inflação de crédito e estrutural
1959-63: Inflação predominantemente fiscal
1964-67: Aplicação de controles ortodoxos
1968-79: Inflação reprimida
1980-1985: Inflação de movimentos inerciais
1986-94: Fase dos choques heterodoxos
1994-2006: O real, a volta à ortodoxia e a estabilização.
5.4. Planos de Estabilização
O Plano Cruzado (28/02/1986)
A inflação era tida como inercial. O diagnóstico era de que a inflação tinha caráter
autônomo, sustentado pela indexação formal e informal da economia. Houve a utilização de
instrumentos heterodoxos para a eliminação da memória inflacionária (inércia inflacionária):
Medidas:
1. introdução de nova moeda: reforma monetária, com o cruzado – (000)
2. congelamento de preços por prazo indeterminado ao nível de 28/02.
3. conversão de salários: além do valor real médio, concedido um abono de 8%.
4. conversão de aluguéis, prestação do sistema financeiro e mensalidades escolares pelo
princípio da média.
5. Desindexação:
44
5.1 proibição de clausula de indexação: proibição de correção monetária para contratos
inferiores a um ano e para contratos maiores de um ano, reajuste conforme a OTN em
cruzados;
5.2 indexação de salários: escala móvel, salários reajustados toda vez que a inflação
atingisse a casa dos 20%;
6 tablitas: tabela de conversão diárias de valores em cruzeiros para cruzados.
Conseqüências:
1 parte dos recursos foram destinados para a compra de imóveis e reativação da produção;
2 reativação do consumo via salário móvel, seguro-desemprego e abono;
3 viver de renda ficou difícil porque caíram as taxas de juros (teve até taxa negativa);
4 taxa de inflação caiu;
5 empresas introduziram inovações organizacionais tais como just-in-time e abertura de novas
firmas;
6 houveram conflitos entre produtores e fornecedores e a conseqüente falta de produtos;
7 não houve discussão quanto ao prazo do congelamento.
O congelamento de preços foi peça fundamental e a inflação caiu nos primeiros meses.
Houve explosão do consumo devido ao aumento do poder de compra do salário, a
despoupança em função da desilusão monetária, a queda nas taxas de juros e ao consumo
reprimido dos anos de recessão e ao congelamento de alguns preços defasados aos custos.
O excesso de demanda reforçada pela expansão da oferta de moeda além do
incremento natural da demanda provocada pela desinflação abrupta. Houveram taxas de juros
negativas favoráveis a inflação zero. Esforços posteriores para uma política monetária mais
restritiva e o aumento da taxa de juros encontrariam oposição política.
Houve reconhecimento da magnitude do desequilíbrio fiscal, pois o esperado aumento
na receita do governo, devido a eliminação da erosão da inflação que agia sobre a arrecadação
dos impostos (efeito Tanzi) não se materializou no percentual e no tempo previstos. Quando
ocorreu o aumento da receita, ele foi compensado pelo aumento nos gastos. No período final
ou descongelava-se preços ou desacelerava-se o produto através do corte da demanda
agregada.
O ano de 1986 foi marcado pela redução drástica da inflação, após o congelamento de
preços decretado pelo Plano Cruzado, e uma violenta expansão do consumo, que
determinaram novamente a boa performance em termos de crescimento econômico (8,3%).
O crescimento do consumo foi explicado por várias razões: transferência de renda real
aos trabalhadores (aumento de salário real), fim da “ilusão monetária” com fuga dos ativos
financeiros, expansão monetária e creditícia etc. Entretanto, foi também o responsável por
vários problemas na economia e pela volta da inflação. Dentre os problemas, destacavam-se a
crise de abastecimento, a presença do ágio como forma de burlar o controle de preços e outras
formas travestidas de inflação, bem como uma profunda crise cambial.
A crise cambial, em decorrência da redução do saldo na balança comercial e da piora
nas contas de capital, com profunda queima de reservas para a sustentação do plano,
desembocou na moratória de fevereiro de 1987 como forma de estancar a perda de divisas.
Foram feitos ajustes no Plano Cruzado, como pode ser visto a seguir:
Cruzadinho (07/1986 – 10/1986)
Elaboração de um pacote fiscal para diminuir o consumo. Foram criados o sistema de
empréstimo compulsórios e novos impostos indiretos sobre a gasolina (28%) e automóveis
(30%). Mas, esse pacote teve pouca eficácia para conter o consumo. Ao contrário, a
expectativa do descongelamento deu novo impulso à demanda. A inflação oficial caiu, porém
45
não refletia a inflação real da economia devido aos ágios, ao desabastecimento e à introdução
de produtos novos. Após o mês de setembro o saldo da balança comercial começa a refletir o
excesso de demanda interna e a queda nas exportações.
Cruzado II (11/1986 – 06/1987)
Um pacote fiscal visando o aumento da arrecadação do governo em 4% do PIB via
reajuste de alguns preços públicos e aumento de impostos indiretos. Porém, o incremento nos
recursos do governo através de preços públicos mais elevados foi desviado para o gasto com
produtos e não com o aumento de poupança. Isso reativou a inflação e aumentou o salário via
gatilho, o que por sua vez causou a explosão da inflação.
Segundo Celso Furtado: a inflação inercial é subproduto das outras e a inflação
brasileira reflete em parte um conflito distributivo de renda, em que o governo sempre foi o
beneficiário, pois recorria à inflação por não ter meios de se autofinanciar adequadamente
através da política fiscal.
Plano Bresser (12/06/1987)
O Plano Bresser não tinha por objetivo a inflação zero, mas promoveu o choque
deflacionário com a supressão da escala móvel de salários. Os objetivos eram sustentar a taxa
de inflação a níveis mais baixos e reduzir o déficit público. Foi instituída uma nova base de
indexação salarial, a unidade referencial de preço (URP), ou seja, a cada três meses seriam
pré-fixados os percentuais de reajuste para os três meses subseqüentes; com base na inflação
média dos três precedentes.
O gatilho foi mantido, porém ampliava-se a defasagem entre a observação da taxa de
inflação e seu repasse aos salários. Os preços foram congelados por três meses ao nível de
12/06/1987, mas antes foram aumentados os preços públicos e administrados. Também não
ocorreu a reforma monetária.
Quando o Plano Bresser entrou em vigor, em junho de 1987, houve a mudança no
indexador da poupança de Obrigação do Tesouro Nacional (OTN) para a Letra do Banco
Central (LBC). De acordo com as novas regras, que passaram a valer na época, foi
determinado que, entre os dias 1º e 15 de junho de 1987, a poupança seria remunerada pela
variação OTN e, a partir de então, pela LBC. Acontece que os bancos remuneraram o mês
todo usando como indexador a LBC, que teve variação 18,02% no período, bem menor que a
variação da OTN, de 26,06%. É exatamente a diferença de 8,04 pontos porcentuais de
remuneração que atualmente o poupador daquela época tem direito.
O Plano Cruzado teve como política de combate a inflação o aumento da demanda
agregada num contexto de crescimento econômico, o que terminou com pressão sobre
inflação.
O Plano Bresser objetivava conter a inflação com a redução da demanda num contexto
de desaceleração mantendo o crescimento econômico com o redirecionamento da oferta para
exportações. O plano incorporou ingredientes inutilizados no Cruzado tais como a preocupação
com a taxa de juros, a taxa de câmbio, o déficit público e acordo com o FMI. Porém, acreditava
que a sociedade agia de forma irracional. O plano foi uma tentativa de debelar a inflação que,
sem o apoio popular do plano anterior, teve acertos e erros.
A volta da inflação levou à adoção, em 1987, de políticas de cunho mais ortodoxo,
mesmo com a presença de novo plano em junho, o Plano Bresser, que possuía maior
preocupação em conter a demanda interna e evitar problemas no front externo. Com a
característica recessiva da nova política econômica, esse ano apresentou profunda queda na
taxa de crescimento, que situou-se em 3,6%.
46
Plano Verão (14/01/1989)
Em 1988 e 1989, a política econômica também apresentou caráter errático: predomínio
da ortodoxia em 1988 e tentativa de acordo social no final desse ano; adoção do Plano Verão
em janeiro de 1989 (que mesclou elementos heterodoxos e ortodoxos), e a não política (ou
"política do arroz com feijão") do final do governo Sarney. Com isso, as taxas de crescimento
econômico apresentaram oscilação, com estagnação em 1988 e crescimento de 3,6% em
1989. As principais medidas do plano foram o congelamento de preços indeterminado e a
reforma monetária com a introdução do cruzado novo (000).
A principal característica de todo o governo Sarney foi um grande descontrole das
contas públicas: aumento nos déficits operacionais e crescimento do endividamento interno
(cuja necessidade de rolagem inflexibilizava a taxa de juros) a prazos mais curtos, com giro
diário. Isso levou à adoção de uma política que visava a sustentação de taxas de juros reais
elevadas, rompendo a possibilidade de controle da oferta monetária. Verificou-se a ausência de
qualquer mecanismo de política econômica, pois tanto a política fiscal como a monetária
tornaram-se prisioneiras da rolagem da dívida interna. Isso tudo foi acompanhado de uma
trajetória ascendente das taxas de inflação, que chegou no final do governo Sarney à taxa de
80% mensais.
Plano Collor (16/03/1990)
O governo Collor também tinha como preocupação básica o combate à inflação. O
diagnóstico sobre as causas da inflação centrava-se na alta liquidez dos ativos financeiros, que
inviabilizava a condução da política monetária e qualquer tentativa de estabilização, ao permitir
a rápida conversão dos ativos em demanda por bens e serviços e ativos reais. Além disso,
deveria ser resolvida a questão do déficit e da dívida pública, o que não seria obtido apenas
através do ajuste do fluxo, redução dos gastos e elevação das receitas, mas envolveria um
ajuste patrimonial.
Assim, o Plano Collor realizou ampla reforma monetária, cujo elemento central foi o
confisco da liquidez e o alongamento compulsório da dívida pública. Além disso, buscou uma
reforma fiscal centrada no Imposto sobre Operações Financeiras, no Imposto de Renda e no
combate à sonegação, com base na eliminação dos títulos ao portador (inclusive cheques) e na
redução de gastos públicos, com base na eliminação dos subsídios e diminuição dos juros. A
expectativa era transformar um déficit de 8% do PIB em superávit da ordem de 2% do PIB. A
principal medida foi o confisco de ativos financeiros com o objetivo de drástica redução da
liquidez da economia. Esse confisco estava ancorado na MP 168 que bloqueava 70% do M4.
Pretendia-se retomar a capacidade de fazer a política monetária e a elaboração de programas
de abertura comercial e de privatização de empresas estatais.
Além desses pontos, iniciou-se um conjunto de reformas estruturais no sentido
liberalizante, constituídas de maior abertura comercial, para expor as empresas brasileiras à
concorrência internacional, à privatização das empresas estatais e à maior abertura ao capital
estrangeiro.
Com o confisco da liquidez, que gerou grandes problemas em termos de
desestruturação das condições de oferta e uma onda de falências, o PIB sofreu uma redução
em torno de 4% em 1990. Para evitar um colapso maior, já nos meses seguintes ao confisco, o
Banco Central afrouxou a liquidez, o que levou a uma grande expansão monetária. O ajuste
fiscal mostrou-se insuficiente, não tendo atingido os objetivos.
Dessa forma, o objetivo de recompor os instrumentos de política econômica não
ocorreu. A inflação voltou a acelerar, novas tentativas infrutíferas de arrumar o Plano foram
47
feitas e, depois, voltou-se para a política do tipo "feijão com arroz", na tentativa de evitar a
explosão do déficit e controlar a moeda.
Plano Real (1994)4
O Plano Real veio alterar esse quadro, obtendo êxito inédito no combate à inflação, com
notória recuperação da credibilidade da moeda nacional que se refletiu, inclusive, numa
retomada do interesse nos agregados econômicos expressos na própria moeda do País.
Foi definido como um plano de três fases:
1) O ajuste fiscal (O Fundo Social de Emergência – FSE), criação da IPMF (hoje, CPMF)
junho/1993:
Essa primeira fase estava baseada na origem fiscal da inflação foi implementado o
Plano de Ação Imediata (PAI) em 06/1993. As medidas foram: combate a sonegação, redução
dos fundos de participação estadual (FPE) e municipal (FPM), reestruturação dos bancos
estaduais e federais e a privatização para transferir ao setor privado os custos da
modernização da infra-estrutura.
2) A introdução da Unidade Real de Valor (URV), março/1994:
A URV teve a função de unidade de conta e o Bacen emitia diariamente relatórios sobre
a desvalorização do cruzeiro real e a cotação da URV. Os salários passaram a ser corrigidos
pela média dos últimos quatro meses. Nos meses de abril, maio e junho o governo fez a
conversão em URV dos preços públicos e tarifas do setor público.
3) A reforma monetária com a introdução da nova moeda, o Real (R$), julho/1994:
Foram fixados limites quantitativos para a emissão de moeda. O Conselho Monetário
Nacional (CMN) passou a ser composto pelo ministro da Fazenda, Planejamento e
Coordenação da Presidência da República e presidente do Bacen.
Importância: âncoras monetária e cambial
Eventos importantes
A renegociação da dívida dos Estados
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – 2000
- Proíbe renegociações de débitos
- Impõe um teto para os gastos
- Restringe o montante do endividamento total
- Exige projeções dos resultados primários para os 3 anos seguintes
Outras informações sobre inflação:
Relatório de Inflação - Banco Central do Brasil (Disponível: http://www.bcb.gov.br/)
Questões conceituais:
1 Destaque alguns efeitos perversos da inflação. A seu critério, coloque-os em ordem decrescente de
importância. Justifique suas escolhas e a ordem em que as colocou.
2 Diferencie, usando suas próprias palavras, as inflações de procura das inflações de custos.
3 Qual é uma das conseqüências mais claras de todo o processo inflacionário. Explique.
4
Para uma discussão do Plano Real, ver: Pereira (1994). A economia e a política do Plano Real. Revista de
Economia Política, 14 (56): 129-149.
48
4 Se todos os preços subirem, pode-se ter certeza de que houve inflação. Quais os dois tipos de inflação
mais conhecidos.
5 A essência das análises econômicas realizadas pelos ideólogos da reforma monetária que culminou no
Plano Cruzado (1986) reside no fato de que “um determinante significativo da inflação corrente é a
própria inflação passada” e que “o melhor previsor da inflação futura é a inflação passada”. A esse
fenômeno os analistas denominam:
a) efeitos de preços relativos
b) hiperinflação
c) inflação de demanda
d) inflação inercial
6 Assinale entre as alternativas abaixo, a que representa um fato causador de uma inflação de custos:
( ) a. um aumento nos gastos do governo
( ) b. um aumento dos investimentos
( ) c. um aumentos das exportações
( ) d. um aumento da oferta de moeda
( ) e. um aumento das matérias-primas importadas
7.Coloque F(falso) ou V(verdadeiro) nas seguintes afirmações, e quando a resposta estiver falsa
reescrever a frase.
a. ( ) A inflação de demanda se caracteriza pelo excesso de demanda agregada em relação à produção
de bens e serviços, sendo causada pelo aumento de importações e tributos.
b. ( ) A inflação é um aumento persistente no nível geral de preços, enquanto a desinflação é a redução
no nível da atividade econômica, acompanhada de queda generalizada dos dispêndios e dos preços.
c. ( ) Alguns índices que são utilizados pelo governo para medir a variação dos preços na economia são
o IPCA, o INPC e o IGP, sendo que cada um adota uma metodologia específica e o segundo deles serve
de índice para o sistema de metas de inflação.
d. ( ) De acordo com a corrente estruturalista, a inflação nos países subdesenvolvidos são causadas
pela oferta inelástica dos alimentos, pela rigidez das importações e pouco dinamismo das exportações,
pela própria substituição de importações e pela estrutura oligopolística no mercado.
e.( ) Inflação se caracteriza como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços em um
determinado período de tempo desestruturando a distribuição de renda, o balanço de pagamentos, o
mercado de capitais, além de outros efeitos.
f. ( ) De acordo com os inercialistas, a inflação está relacionada aos mecanismos de indexação formal e
informal que provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos
preços.
8. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta:
I – Se todos os preços dos bens e serviços se elevam apenas durante certo período de tempo,
estabilizando-se em seguida, caracteriza-se um processo inflacionário crônico.
II – Após um conjunto de medidas governamentais destinadas a incentivar a construção civil, os preços
dos materiais de construção se elevaram bastante; tal situação, tomada isoladamente, é suficiente para
caracterizar um processo de inflação crônica.
IV – Uma inflação de demanda pode levar a economia a ter inflação de custos, pelo fato de que um
aumento de produção leva a um aumento da demanda de mão-de-obra por parte das empresas, e sendo
essa mão-de-obra escassa, as empresas diminuirão os salários oferecidos aos trabalhadores.
a) somente a I correta
b) somente a II correta
c) somente a III correta
d) I, II, e III corretas
e) I, II, e III incorretas
9. A probabilidade de ocorrer inflação de ____________aumenta quando a economia está produzindo
próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação aumentos da _____________ de bens e
serviços, com a economia já a plena capacidade conduzem a elevações de preços , principalmente em
setores produtores de insumos básicos.
a) demanda – demanda agregada
b) custos – demanda agregada
c) demanda – oferta agregada
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Caderno didatico n0_1

  • 1. U Un ni iv ve er rs si id da ad de e F Fe ed de er ra al l d de e S Sa an nt ta a M Ma ar ri ia a ( (U UF FS SM M) ) C Caderno Didático n0 1: Introdução à Economia (Versão não-revisada) Professora: Solange Regina Marin Curso: Administração Palmeira das Missões 2007 Ce en nt tr ro o d de e E Ed du uc ca aç çã ão o S Su up pe er ri io or r N No or rt te e – – R RS S ( (C CE ES SN NO OR RS S) ) D De ep pa ar rt ta am me en nt to o d de e A Ad dm mi in ni is st tr ra aç çã ão o
  • 2. 2 INDICE Introdução 04 Capítulo 1 – Conceitos Básicos 1. O conceito de economia 05 2. De que se ocupa a economia 05 3. A quantificação da realidade econômica 06 4. Breve contexto histórico do conceito economia 08 5. As escolhas na economia 10 6. Os argumentos da economia 11 7. Método de investigação da ciência econômica 13 8. Evolução do pensamento econômico.. 14 9. Interação entre os agentes econômicos e as questões-chave da economia 15 Capítulo 2- Sistema Financeiro 1. Origem da moeda 22 2. Evolução das formas de moeda 23 3. Ativos financeiros 24 4. Oferta e demanda de moeda 24 5. Medida da Oferta de Moeda 25 6. Base monetária 25 7. Estrutura do SFN (brasil) 26 8. Organização do SFN 26 9. Diferentes mercados 27 Intermediação Financeira 1. Formas de financiamento 2. Criação e destruição de moeda 3. Multiplicador bancário 4. Política monetária 29 29 30 31 Capítulo 3 – Inflação 1. Situações possíveis de variação dos preços 36 2. Teorias da inflação 37 3. Inflação e Números-Indices 38 4. Indicadores de inflação no Brasil e no RS 39 5. Inflação no Brasil e Planos de Estabilização 42 Capítulo 4 – Setor Público 1. As funções econômicas do setor público 50 2. Estrutura tributária 50 3. Os tributos e sua classificação 51 4. Os gastos do setor público 55 5. O Conceito de déficit público 55 6. Financiamento do déficit 55 7. Aspectos institucionais do orçamento público 55 8. Fiscalização 57 Capítulo 5 – Conceito e Cálculo dos Agregados Macroeconômicos 1. O conceito de valor adicionado: o produto nacional (PN) 58 2. O conceito de renda nacional (RN) 59 3. O conceito de despesa nacional (DN) 59 Alguns problemas com as medidas agregadas 69 Capítulo 6 – A Economia Nacional e as Relações Internacionais 1. Teorias do comércio internacional 71
  • 3. 3 2. A taxa de câmbio e o mercado cambial 74 3. Balanço de pagamentos 76 4. Instrumentos de ajuste do balanço de pagamentos 80 A Institucionalidade no Cenário Internacional 85 Capítulo 7 – Noções de Microeconomia 1. Escassez 91 2. Custo de oportunidade 92 3 Análise marginal 94 Mercado: Oferta e Demanda 1 Procura (ou Demanda) 2. Oferta 97 98 3. Outros fatores que influenciam as curvas de demanda e de oferta 99 4. Preço e quantidade de equilíbrio 99 5. Intervenções de mercado 102 6. O conceito de elasticidade 103 7. Estrutura de mercado 104 Referência Bibliográfica 106
  • 4. 4 INTRODUÇÃO A idéia de produzir um caderno didático surgiu depois de alguns semestres ministrados da disciplina de Introdução à Economia para diferentes cursos de graduação. O objetivo é propiciar ao aluno, no presente momento ao aluno do curso de administração, uma visão geral do objeto de estudo e do método de investigação da chamada Ciência Econômica. A preocupação central é apresentar de forma simples e clara os conceitos econômicos básicos, sem esquecer de relacioná-los com os fatos econômicos reais, ou seja, traçar um paralelo entre as noções econômicas e as informações sobre a realidade econômica brasileira. Além disso, são apresentadas questões teóricas e aplicadas sobre os diferentes assuntos trabalhados que incluem desde os conceitos básicos até as noções sobre economia nacional e relações internacionais. Este caderno não pretende dar respostas definitivas às questões sobre economia, mas suscitar o interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos do curso de administração uma capacidade de análise crítica das questões econômicas atuais. Para isso, estudaremos as noções básicas de Economia para observar de forma crítica a realidade e interpretar o significado dos diferentes conceitos econômicos frente aos acontecimentos reais da economia brasileira. Por se tratar de assuntos ainda gerais da Ciência Econômica e relacionar acontecimentos recentes da economia brasileira, o caderno se torna uma ferramenta auxiliar para o estudante da disciplina de Introdução à Economia.
  • 5. 5 CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS O QUE É ECONOMIA ? O que veremos? - De que se ocupa a economia - A quantificação da realidade econômica - Contexto histórico do conceito economia - Argumentos da economia - Método de investigação da ciência econômica - Evolução pensamento econômico - Interação entre os agentes econômicos - Questões-chave da economia 1. O CONCEITO DE ECONOMIA A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Seria administração da casa ou administração da coisa pública. A economia pode ser definida como ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar os recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas. Como umas das ciências sociais (ciência política, sociologia, antropologia culturas, psicologia, direito), a economia não pode ser considerada como fechada em torno de si mesma. Pelas implicações da ação econômica sobre outros aspectos da vida humana, o estudo da economia implica a abertura de suas fronteiras às demais áreas das ciências sociais ou humanas. Essa abertura se dá em uma dupla direção, assumindo um caráter biunívoco. De um lado, porque a economia busca alicerçar seus princípios, conceitos e modelos teóricos não apenas na sua própria coerência, consistência e aderência à realidade, mas ainda no desenvolvimento dos demais campos do conhecimento social. De outro lado, porque pode influir no questionamento dos princípios e das aquisições conceituais desses mesmos campos. E vai além, abrindo suas fronteiras à filosofia, à ética e à história. 2. DE QUE SE OCUPA A ECONOMIA Aqui estão destacadas as categorias centrais de preocupação da economia, o que implica por sua vez numa interface com outras áreas de conhecimento. A figura 1 abaixo mostra que a economia está relacionada com outros campos de conhecimento, e os grandes temas de que se ocupa a economia.
  • 6. 6 FIGURA 1 – A relação com outros campos de conhecimento Antropologia Sociologia Psicologia Direito Política Ética Clássicos/Marx: * Produção * Distribuição * Dispêndio *Acumulação A. Marshall (1842-1924) * Pobreza * Riqueza * Bem-estar Simon Kuznets (1901-1985) * Crescimento * Desenvolvimento Lionel Robbins (1898-1984) * Recursos * Necessidades * Prioridades * Escassez * Recursos * Emprego * Produção * Agentes * Trocas * Moedas * Valor * Preços * Mercados * Concorrência * Remunerações * Agregados * Transações * Crescimento * Equilíbrio Os temas discutidos pelos diferentes pensadores econômicos e em épocas históricas diversas, foram o processo de produção, a distribuição, o dispêndio e a acumulação, assuntos tratados pelos clássicos, dentre eles Adam Smith, David Ricardo, e por Karl Marx que ficou conhecido pelo desenvolvimento da teoria marxista. Além disso, os temas pobreza, riqueza e bem-estar foram apresentados por A. Marshall. Já as noções de crescimento e desenvolvimento foram tratadas por Simon Kuznets e Lionel Robbins tratou da questão das escolhas em economia, ao ressaltar que as necessidades ilimitadas e os recursos escassos. Nesse iniciar do debate econômico, ressaltam-se os diferentes temas que são objetos de estudo da economia: escassez, recursos, emprego, produção, agentes, trocas, moedas, valor, preço, mercado, concorrência, remuneração, agregados, transações, crescimento, equilíbrio e desenvolvimento. 2.1. Alguns problemas econômicos - Por que a alta do preço do cafezinho reduz a demanda por açúcar? - Por que a renda dos agricultores se eleva quando ocorre uma estiagem que reduz a produção? - Por que é importante para um produtor saber a elasticidade demanda por seu produto? - Por que a demanda por bens como carros ou apartamentos aumenta com o processo inflacionário? - Por que os aluguéis de imóveis em regiões universitárias geralmente costumam ser maiores no início do período letivo? - Como pode uma desvalorização cambial conduzir a uma melhora na balança comercial? - Por que o setor coureiro-calçadista do Rio Grande do Sul está em crise com o maior valor do real frente ao dólar? - Por que a taxa de juros é tão importante para os investimentos? - De que forma a oferta de moeda na economia afeta a taxa de juros? - Por que devemos nos preocupar com o PIB de um país? - Quais os fatores que influenciam o crescimento econômico? - A taxa de crescimento do PIB seria um bom indicador para o desenvolvimento de um país? 3. A QUANTIFICAÇÃO DA REALIDADE ECONÔMICA O que distingue a economia de outros ramos do conhecimento social é a possibilidade de alguma forma de mensuração. Em economia é possível:
  • 7. 7 - quantificar os resultados, - construir identidades quantificáveis, - estabelecer relações quantitativas entre diferentes categorias de transações, - desenvolver modelos explicativos da realidade, baseados em sistemas de equações simultâneas, - proceder a análises fundamentais em parâmetros quantificados, - desenvolver sistemas quantitativos para diagnóstico e prognóstico. Esta particularidade da economia possibilitou o surgimento de correntes econômicas fundamentadas no método matemático, com destaque para a econometria. O quadro abaixo sintetiza as formas usuais de indicações quantitativas em economia. Quadro 1 – A quantificação da realidade e as variáveis econômicas Unidades adotadas Monetárias - moeda corrente do país (a) - divisas externas (b) - relações cambiais entre (a) e (b) Variáveis econômicas quantificáveis Variáveis-fluxo Variáveis-estoque Indicam magnitudes medidas ao longo de determinado período de tempo Indicam magnitudes medidas em um determinado momento Relações entre variáveis Relações funcionais - lineares - não-lineares Relações Incrementais Relações Matriciais Indicam relações entre duas variáveis, expressando a correspondência funcional entre elas. Indicam variações cumulativas, no decurso de séries históricas, entre duas variáveis. Indicam a resposta de uma ou de um conjunto de variáveis a determinada ação econômica. Indicam a interdependência de conjuntos interconsistentes de variáveis. Formas usuais de indicações quantitativas Números-indices Medidas de tendência central Quocientes Coeficientes Valores absolutos Indicam variações de grupos, conjuntos ou de agregações de dados econômicos. Expressam em termos médios, medianos ou modais a abservação de determinada situação ou transação. Resultado da divisão de variáveis econômicaas, experessnado: - variações ao longo do tempo. - proporções em determinado momento. Expressam parâmetros de correlação, simples ou múltipla entre as variáveis econômicas. Expressam graus de concentração (ou de dispersão) de determinadas condições estruturais da economia. Expressam resultados de transações: - específicas; de um dado agente, ou interagentes. - da atividade econômica agragativamente considerada.
  • 8. 8 4. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DO CONCEITO ECONOMIA Em seu nascedouro, a denominação usual da economia era adjetivada. Denominava-se economia política. Com o tempo, a adjetivação caiu em desuso; evoluiu para economia. Mesmo que alguns filósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, tenham explorado temas de conteúdo econômico, Roma não deixou nenhum escrito notável na área de economia. A partir do século XVI, observamos o nascimento do primeiro conjunto de idéias mais sistematizadas sobre o comportamento econômico com o chamado Mercantilismo. Mas, tais idéias estavam baseadas numa definição de economia como o ramo do conhecimento essencialmente voltado para a administração do Estado, sob o objetivo de promover seu fortalecimento. No século XVIII, novas concepções se desenvolveram. A abordagem clássica A preocupação não era com o fortalecimento do estado, mas com a riqueza das Nações. A fisiocracia elaborou alguns trabalhados dignos de destaque. Maior figura foi François Quesnay e seu Quadro Econômico de 1758. Adam Smith e suas obras Sentimentos Morais (1759) e A Riqueza das Nações (1776). Os sentimentos morais, as paixões originais da natureza humana, a busca da aprovação social, as razões maiores da acumulação e da conservação da fortuna material foram os pressupostos de sua descrição da ordem econômica, fundamentada nas leis que regem a formação, a acumulação, a distribuição e o consumo. Esse polinômio foi a base do conceito clássico de economia. Os outros economistas clássicos na transição dos séculos XVIII e XIX, como Robert Malthus, David Ricardo e John Stuart Mill definiam a economia a partir destes quatro fluxos. Os neoclássicos A ênfase dos primeiros neoclássicos (Jevons, Walras e Menger) não estava no processo de acumulação capitalista e nos mecanismos de repartição dos esforços sociais. Eles buscaram entender o equilíbrio do processo econômico, tal como se apresentava. Estavam preocupados com a iniqüidade social mas não propuseram formas alternativas e revolucionárias para a organização econômica da sociedade. Eles sintetizaram os fundamentos da conduta econômica do homem: a escassez de recursos diante de necessidades ilimitáveis, cujo principal elemento era a maximização da utilidade. Alfred Marshall, quem procurou fazer uma síntese de clássicos com neoclássicos, acredita que a economia examinava a ação individual e social, em seus aspectos mais estritamente ligados à obtenção e ao uso dos elementos materiais do bem-estar. Assim, de um lado, é um estudo da riqueza; e, de outro, e mais importante, é uma parte do estudo do homem. A perspectiva socialista O binômio produção-distribuição é a base a partir da qual a perspectiva socialista construiu sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Figura de maior destaque foi Karl Mar(1818-1883). O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição dos meios materiais destinados a satisfazer às necessidades humanas resume o campo de que se ocupa a economia.
  • 9. 9 A sistematização de Lionel Robbins nos anos de 1930 Robbins não partiu de categorias de fatos econômicos, como produção, distribuição, dispêndio, acumulação, riqueza e bem-estar. Ele partiu da existência de: - uma multiplicidade de fins que a humanidade procura alcançar - a priorização de fins possíveis: podem ser classificados por ordem de prioridade - a limitação dos meios para alcançar os fins possíveis - o emprego alternativo dos meios. O fator de maior importância e que faz o elo de ligação entre as quatro condições é a capacidade humana de fazer escolhas. O fato econômico resume-se, assim, nos atos de escolha entre fins possíveis e meios escassos aplicáveis a uso alternativos. Qualquer escolha feita pelos indivíduos, empresas, governos ou outros agentes econômicos quanto à alocação de recursos implica, portanto, uma relação entre custos (meios empregados) e benefícios (fins alcançados), bem como a ocorrência de custos de oportunidade (outros fins que, com os mesmos recursos, poderiam ter sido alcançados). “A economia é a ciência que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usos alternativos”. Com isso, podemos notar que em Economia tudo se resume a uma restrição quase física – a lei da escassez, isto é, produzir o máximo de bens e serviços com os recursos escassos disponíveis de cada sociedade. Mas lembre-se só existirá escassez se houver uma demanda para a aquisição do bem – tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. E um bem é demandado porque é útil. Figura 2 - Síntese dos conceitos básicos da sistematização de Robbins Conflito fundamental Escolhas entre fins possíveis e meios disponíveis Consecução de determinado fim Alocação de recursos (custoso) Benefício Custo de oportunidade Não-consecução de outros fins Meios (ou recursos) escassos e limitados Fins (ou necessidades) múltiplos e ilimitáveis
  • 10. 10 Existem ligações formais entre as abordagens consideradas: a neoclássica, a socialista e a sistematização de Robbins. A razão de ser da economia está presente nas três formas de delimitar o campo específico do conhecimento econômico – o estudo das formas aplicadas pelo homem na incessante busca de meios para satisfazer às condições ilimitáveis de bem- estar. Quadro 2 – O conceito de economia nas três abordagens A abordagem neoclássica A perspectiva socialista A sistematização de Robbins - A economia é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida. - Focaliza, principalmente, a condução do homem no trato com questões que interferem em sua riqueza e bem-estar. - O fim último de que cuida a economia consiste em descobrir como as virtudes humanas e a concorrência podem conduzir ao bem- estar social. - As necessidades humanas são determinadas pelo estágio cultural da sociedade. - Para satisfazer a um padrão de necessidades, o hoem se dedica a um ato social: a produção. - A realização desse processo se completa com a distribuição do produto social. - O estudo das leis sociais que regulam a produção e a distribuição resume o campo de que se ocupa a economia. - A sociedade tem objetivos múltiplos, ilimitados, mas meios limitados. A conduta econômica consiste em escolher entre fins possíveis e meios escassos para alcançá-los. - A economia é um ramo que estuda as formas do comportamento humano que resultam da relação entre necessidades ilimitadas e recursos escassos. - Meios escassos, fins alternativos, escolha e alocação são os elementos a partir dos quais se define o campo de que se ocupa a economia. 5. AS ESCOLHAS NA ECONOMIA: * O QUE E QUANTO produzir * COMO produzir e * PARA QUEM produzir Resumindo: NECESSIDADES HUMANAS ILIMITADAS VS. RECURSOS PRODUTIVOS ESCASSOS ESCASSEZ * O QUE E QUANTO PRODUZIR * COMO PRODUZIR * PARA QUEM PRODUZIR ESCOLHA Essas questões não seriam problemas se existissem recursos ilimitados. Porém, na realidade temos inúmeras necessidades, recursos limitados e técnicas de produção. Economia: optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar os recursos escassos em produção. A teoria econômica trata de escassez, custo e análise marginal como veremos em outras aulas.
  • 11. 11 Por enquanto teremos uma visão geral dos argumentos e do método de investigação na ciência econômica, da evolução do pensamento econômico, das interações entre os diferentes agentes da economia e de como a partir dessas interações surgem as questões-chave que preocupam a Economia. 6. OS ARGUMENTOS DA ECONOMIA Para entendermos o método de investigação da ciência econômica precisamos apenas de um simples encadeamento lógico. Baseadas nos postulados da teoria existente, formulam-se as hipóteses a respeito de como a realidade se comporta. Deduzem-se as implicações e os resultados decorrentes dessas hipóteses que são confrontados com a evidência dos dados de observações coletados da realidade. Finalmente, desse confronto tiram-se as conclusões: ou a teoria explica satisfatoriamente o comportamento da realidade econômica ou deve-se formular uma teoria alternativa e mais adequada. Teoria econômica: leis que explicam o comportamento humano e fazem parte do conjunto de conhecimentos. Os argumentos da teoria econômica podem ser: Positivos - economia positiva: o que é de fato Normativos - economia normativa: o que poderia ser Essa distinção é importante em termos de metodologia uma vez que existe a impossibilidade lógica de se deduzirem afirmações positivas de juízos de valores ou normativos ou vice-versa. Suponha-se que alguém afirme que: 1. quando as taxas de crescimento da população são superiores às da expansão da renda nacional como um todo, a renda per capita se reduz; 2. a redução da renda per capita implica na perda do poder aquisitivo real da sociedade, mantidos os níveis vigentes de preços; 3. logo, como é desejável a manutenção e, mesmo, a ampliação do poder aquisitivo real, deveriam ser adotadas políticas de contenção do crescimento populacional. (1) e (2): são factuais, positivas; (3): é de caráter normativo. As duas primeiras não são condições suficientes para dar sustentação à terceira. Essa ressalva metodológica não implica a inexistência de conexões entre os compartimentos positivos e normativos na economia. A política econômica, não obstante seja formulada a partir de escolhas que envolvem juízos de valores, tem o respaldo na modelação teórica desenvolvida pelos diferentes troncos da economia positiva. Ou seja, a Economia se interessa primordialmente pelos argumentos positivos, como pode ser visto na figura abaixo.
  • 12. 12 Figura 3 – Compartimentos usuais da economia Economia Descritiva Economia Descritiva Economia Descritiva Economia Descritiva Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Divisão do estudo econômico: Microeconomia: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos. Macroeconomia: Estuda as condições de equilíbrio estável entre a renda e a despesa nacionais. As políticas econômicas de intervenção procuram estabelecer esse equilíbrio. Desenvolvimento Econômico: estuda o processo de acumulação dos recursos escassos e da geração de tecnologia capazes de aumentar a produção de bens e serviços para a sociedade. Economia Internacional: estuda as condições de equilíbrio do comércio exterior, além dos fluxos de capitais. Teoria Microeconômica Teoria Macroeconômica O a a consumidor e nálise da procura A empresa e a análise da oferta Remuneração dos fatores de produção e repartição da renda Análise de macrovariáveis: renda, consumo, poupança, investimento, exportações, importações, tributos e dispêndio público, oferta e demanda monetária. Estrutura concorrencial e equilíbrio dos mercados C Si n de rel inter ontabilidade Social. stemas de contas acionais e matrizes ações industriais. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Teoria Macroeconômica O a a consumidor e nálise da procura C Si n de rel inter ontabilidade Social. stemas de contas acionais e matrizes ações industriais. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. Pr teor m ec incípios, ias, leis e odelos da onomia Teoria Econômica Observação sistematizada do mundo real. Descrição e mensuração de fatos econômicos. A condução do processo econômico agregativamente considerado. Atuação sobre a realidade, com 3 objetivos: * Crescimento * Estabilidade * Equitatividade A regulação da atividade dos agentes econômicos: o interajuste de custos e benefícios privados e sociais. Política Econômica Teoria Microeconômica A empresa e a análise da oferta Remuneração dos fatores de produção e repartição da renda Análise de macrovariáveis: renda, consumo, poupança, investimento, exportações, importações, tributos e dispêndio público, oferta e demanda monetárias. Estrutura concorrencial e equilíbrio dos mercados Teoria Macroeconômica O consumidor e a análise da procura Contabilidade Social. Sistemas de contas nacionais e matrizes de relações interindustriais. Teoria Econômica Princípios, teorias, leis e modelos da economia
  • 13. 13 7. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA A metodologia da elaboração científica, em sua estrutura fundamental, busca, como primeiro passo, observar sistematicamente a realidade. Depois elaborar modelos simplificados que a reproduzem, que identifiquem relações de causas e efeitos e que interpretem os mais variados eventos e seus desdobramentos. No processo de elaboração recorre-se a duas abordagens distintas, ainda que complementares: a indução e a dedução. Vejamos como ocorre a construção do conhecimento na economia pela figura abaixo. Figura 4- A construção do conhecimento na economia Observação sistematizada da realidade Reelaboração resultante de novas observações ou de mudanças nas condições preexistentes. Formulação de princípios, teorias, leis u modelos explicativos ou interpretativos da realidade. Validação, pelo permanente confronto com a realidade Método dedutivo Método indutivo Abstrações teóricas envolvendo situações e comportamentos não mensuráveis a partir de levantamentos da realidade concreta. Esforço de teorização substitutivo da validação experimental. Abstrações resultantes de levantamentos e informes quantitativos. Construção de modelos validados por testes estatísticos.
  • 14. 14 8. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO:1 A figura 5 abaixo mostra de maneira bem articulada como ocorreu o desenvolvimento das diferentes correntes de pensamento econômico. Fonte: Rossetti (2003) 1 Para maiores informações sobre as escolas de pensamento econômico ver o website The History of Economic Thought: http://homepage.newschool.edu/het/
  • 15. 15 9. INTERAÇÃO ENTRE OS AGENTES ECONÔMICOS E AS QUESTÕES-CHAVE DA ECONOMIA 9.1. As Categorias Participantes do Sistema Econômico As três categorias que formam a base de qualquer sistema econômico são os recursos, os agentes, e as instituições, como pode ser visto na figura 6 abaixo: Elementos constitutivos do sistema econômico como um todo: recursos, agentes e instituições Recursos naturais Recursos humanos Capital Capacidade tecnológica Capacidade empresarial Unidades familiares Empresas Governo Jurídicas Políticas Sociais Estoque de fatores de produção Quadro de agentes econômicos Complexo de instituições Os processos, os mecanismos e os instrumentos de interação dos agentes econômicos decorrem de dois fatores fundamentais: - a diversidade das necessidades humanas, que conduz à organização de sistemas de trocas; - a diversidade de capacitações das pessoas e nações, determinada por heranças culturais ou por vocações naturais, que conduz à especialização e à divisão social do trabalho. 9.2 Processo de Interação e os Fluxos Econômicos Fundamentais Os fluxos reais definem-se a partir de suprimentos de recursos de produção, de seu emprego e de sua combinação pelas unidades de produção, bem como pela resultante geração de bens e serviços intermediários e finais. Os fluxos monetários definem-se como contrapartida dos fluxos reais. Traduzem-se, de um lado, pelos pagamentos de remunerações aos fatores de produção empregados; de outro lado, pelos preços pagos aos bens e serviços adquiridos, independentemente de sua destinação.
  • 16. 16 Figura 7- A interação entre famílias e empresas EMPRESAS FAMÍLIAS Fornecimento de fatores de produção Pagamento aos fatores Pagamentos (bens e serviços) Suprimentos (bens e serviços) Figura 8 - A interação entre famílias, empresas e governo EMPRESAS Fornecimento de fatores de produção Pagamento aos fatores FAMÍLIAS Pagamentos (bens e serviços) Suprimentos (bens e serviços) GOVERNO Fornecimento (bens e serviços) e IFBKF Remuneração fatores Pgto bens e serviços T T
  • 17. 17 Figura 9- Uma visão de conjunto do processo econômico e das questões-chave da economia Fonte: Rossetti (2003) A forma como esses processos de realizam e seus resultados finais estão relacionados com as quatro questões-chave da economia: * A plena utilização dos recursos produtivos – Eficiência Produtiva: emprego dos fatores de produção;
  • 18. 18 * A escolha do que produzir – Eficácia Alocativa: produtos gerados; * A distribuição dos resultados dos esforços de produção – Justiça Distributiva: rendas. * A organização da vida econômica em sociedade – Ordenamento Institucional: instituições que regularão o funcionamento do sistema como um todo e a interação entre os agentes. Nós nos deteremos nas duas primeiras das questões-chave, para os interessados nas demais questões, ver Rosseti (2003, Caps. 5 e 6). Questões: 1. A condição fundamental para que se realize o fluxo de produção é a existência de um conjunto de cinco fatores. Cite e conceitue cada um deles. 2. O que compreende o fator capital. Por que o conceito de capital se associa aos de investimento e de acumulação? 3. Diferencie o conceito de formação bruta de capital do de formação líquida de capital fixo. 4. Mobilizando os cinco fatores de produção, o aparelho de produção das economias desenvolve um grande fluxo contínuo de geração de bens e serviços. Diferencie os conceitos de bens e serviços finais de consumo, bens e serviços intermediários e bens e serviços finais de produção. 5. Quanto à intensidade de emprego dos fatores e à natureza dos bens e serviços gerados, as atividades de produção classificam-se em primárias, secundárias e terciárias. Mostre as diferenças entre elas. 6. A função de produção para a economia considerada agregativamente mostra a relação funcional entre a produção e os recursos empregados. Exemplifique essa função e diga qual é o tipo de relação entre as variáveis produção e recursos de produção. 7. Descreva a partir da função de produção as precondições para que uma economia tenha crescimento econômico e, conseqüentemente, uma maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante. 8. A maior disponibilidade de bens e serviços finais por habitante é considerada precondição quantitativa para a promoção do crescimento econômico e do bem-estar social. Essa precondição é suficiente também para o desenvolvimento econômico? Comente. 9. Diferencie, conceituando cada uma delas, as três seguintes categorias de elementos constitutivos do sistema econômico: estoque de fatores, quadro de agentes econômicos e o complexo de instituições. 10. São três os agentes econômicos que interagem dentro de determinado sistema econômico: unidades familiares, empresas e governo. Destaque os papéis de cada um. 11. Descreva sucintamente como ocorreu a evolução do sistema de trocas até a instituição da moeda como conhecemos na atualidade. 12. Explique cada uma das funções da moeda e dê exemplos. 13. Diferencie os conceitos de fluxo real e fluxo monetário. Sintetize esses dois fluxos em um modelo simples de interação entre as famílias e as empresas. 14. O modelo simples de interação entre famílias e empresas é modificado com a introdução do agente Governo. Explique. 15. A principal fonte de renda do governo é a arrecadação de tributos. Diferencie tributos diretos e tributos indiretos e dê exemplos de cada um deles.
  • 19. 19 CAPÍTULO 2 – SISTEMA FINANCEIRO 1. O QUE É MACROECONOMIA Trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados da economia, como renda e produto nacionais, investimentos, poupança e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. O debate constante da macroeconomia é saber se as decisões da política monetária e fiscal do governo vão afetar ou não as tendências da economia. 2. AS METAS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA As metas de política macroeconômica são: pleno emprego dos recursos, estabilidade de preços, distribuição de renda e crescimento econômico. Pleno emprego dos recursos Aprofundar os conhecimentos da política econômica com o objetivo de fazer a economia recuperar o nível de pleno emprego. Estabilidade de preços A inflação, que é aumento contínuo no nível geral de preços, é um problema porque acarreta distorções sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais e etc. Distribuição de renda A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Mas, houve um aumento da disparidade entre as classes de renda, ou seja, ocorreu uma concentração de renda. Alguns críticos do chamado “milagre econômico” argumentam que piorou a concentração de renda nos anos de 1968/73 devido a uma política deliberda do governo (a Teoria do Bolo): primeiro crescer, aumentando a parte dos lucros e da poupança dos mais ricos na renda nacional, para depois pensar em repartição de renda.2 Crescimento econômico Quando se fala em crescimento econômico, estamos pesando no crescimento da renda nacional per capita. A renda per capita é considerada o melhor indicador para se aferir a melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população. Mas, o fato do país estar aumentando sua renda per capita não necessariamente significa que está tendo uma melhoria do seu padrão de vida. O crescimento econômico capta apenas o crescimento da renda per capita. Um pais está realmente melhorando seu nível e desenvolvimento econômico e sociais, juntamente com o aumento da renda per capita, se estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego e etc.). Esses objetivos não são independentes uns dos outros e podem ser até conflitantes. Ou seja, atingir uma meta pode ajudar (ou não) a alcançar outras. Por exemplo, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, uma vez que torna possível abrandar conflitos sociais sobre a divisão da renda, se a renda aumentar. Nesse sentido, é possível aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos. 2 Para uma discussão sobre o Milagre Econômico, ver: Abreu (1990) “A Retomada do Crescimento e as Distorções do “ Milagre” (1967-1973).
  • 20. 20 Entretanto, particularmente em países em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade distributiva têm se mostrado conflitantes, uma vez que muitos acreditam que o aumento do nível de poupança seria mais facilmente obtido por meio de uma distribuição desigual de renda – a já citada Teoria do Bolo no período do milagre econômico. 3. OS MEIOS DA POLÍTICA MACROECONÔMICA: A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (produção agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir à economia operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda. Os principais meios para atingir os objetivos são: Política fiscal: compreende todos os instrumentos de que o governo dispõe para a arrecadação de tributos (política tributária) e controle de suas despesas (política de gastos). Além da questão do nível de tributação, a política tributária, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular (ou inibir) os gastos do setor privado em consumo e em investimento. Política monetária: refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros. Os instrumentos disponíveis são: emissão de moeda, reservas compulsórias, compra e venda de títulos públicos, taxas de redescontos e regulamentação sobre crédito e taxa de juros. Política cambial e comercial: atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política cambial refere-se ao controle do governo sobre a taxa de câmbio. A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo/desestímulos às importações, sejam fiscais, creditícias, seja estabelecimentos de cotas etc. Política de rendas (ou de controle de preços e salários): a característica especial da política de rendas, que influenciam diretamente os salários, os lucros, os juros e os aluguéis é a de que, nesses controles, os agentes econômicos ficam proibidos de levar a cabo o que fariam, em resposta a influências normais do mercado. Normalmente, esses controles são utilizados como política de combate à inflação. No Brasil, a política salarial e a atuação da Secretaria Especial de Abastecimento e Preços (Seap) situavam-se nesse contexto. 4. ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA A economia pode ser dividida em parte real e parte monetária. A primeira relacionada com a produção de bens serviços bem como no emprego do fator trabalho, tendo como variáveis a serem determinadas: o produto nacional, o nível geral de preços, o nível de emprego e os salários nominais. A segunda relacionada com o que pode ser chamado de parte invisível da economia e determina a taxa de juros, o estoque de moeda e a taxa de câmbio. O quadro 3 mostra os mercados e as diferentes variaveis determinadas em cada uma das partes da economia.
  • 21. 21 Quadro 3 – Parte real e parte monetária da economia Mercados Variáveis Determinadas Parte Real da Economia * Mercado de Bens e Serviços • Mercado de Trabalho * Produto Nacional * Nível geral de Preços • Nível de Emprego • Salários Nominais Parte Monetária da Economia * Mercado Financeiro • Mercado de Divisas * Taxa de juros * Estoque de Moeda • Taxa de Câmbio 5. A MACROECONOMIA EM PERSPECTIVA HISTÓRICA. * Séc. XVIII, primeiras revoluções, que serviram como ponto de partida. Maior desenvolvimento da Teoria Microeconômica. * Séc. XX: Primeira Guerra Mundial, Identificação de “ciclos de negócios” e Grande Depressão dos anos 30. * Principais idéias Keynesianas, publicadas no livro “Teoria Geral do Emprego, do Juros e da Moeda” de 1936. * A teoria prevalecente antes de Keynes acreditava que a economia (i) era autoregulatória, (ii) utilizava eficientemente todos os recursos, (iii) produziam em pleno emprego (existia apenas a taxa natural de desemprego), (iv) as ações do governo apenas para os bens públicos. * Com a teoria de Keynes, a economia (ii) não regula a si própria, (ii) está sujeita à flutuações, (iii) pessimismo na comunidade de negócios e (iv) necessita de ação do governo para sua estabilização. * Em 1937: John Hicks introduz o aparato conhecido como IS/LM – a chamada síntese neoclássica – que permite analisar a economia tanto pela hipótese de pleno emprego (clássicos e neoclássicos) como pela de desemprego (Keynes). * Nos anos 50, surge a Curva de Phillips que mostrava que uma relação inversa entre as taxas de inflação e taxas de desemprego. * Até os anos 60, tinha o instrumental IS/LM analisando os componentes da demanda agregada acoplado à Curva de Phillips, que retratava as condições de oferta agregada. Mas, numa herança keynesiana, a ênfase da política econômica ainda era nos instrumentos de política fiscal, negligenciando a política monetária. * Segunda metade dos nos 50, surge a Teoria Monetária com Milton Friedman da Universidade de Chicago. Trata do papel das expectativas inflacionárias sobre a produção e o emprego, recuperando o papel da oferta agregada na Teoria Macroeconômica. Atenção para como os agentes formas suas expectativas. * Décadas de 70 e 80: Escola das Expectativas Racionais (os novos clássicos). * Quatro principais linhas de pensamento macroeconômico: keynesianos, neoclássicos, novos clássicos e pós-keynesianos. Questões: 1. Descreva as metas da política econômica. 2. Por que os objetivos de politica econômica podem ser conflitantes. Explique. 3. O que se entende por política fiscal, política monetária, política cambial e política de rendas? 4. Você seria capaz de explicar qual objetivo de política econômica o governo brasileiro tem buscado nos últimos anos? Comente.
  • 22. 22 SISTEMA FINANCEIRO O que veremos? Moeda: História Funções Oferta/Demanda Agregados Monetários Sistema Financeiro no Brasil (SFN): Diferentes Mercados Intermediação Financeira Sistema Bancário e Multiplicação dos Meios de Pagamento Criação/Destruição dos Meios de Pagamento Política Monetária: Instrumentos Política Restritiva vs. Expansionista MOEDA 1. ORIGEM DA MOEDA Nas economias primitivas, o modo de vida do homem não lhe oferecia qualquer instrumento que possibilitasse a transformação dos produtos disponíveis, restringindo suas atividades à caça, à pesca e à coleta de frutos. Vivia em grupo tribal fechado, cujo objetivo primordial era a sobrevivência. Essa primitiva sociedade, em que tribos vizinhas representavam rivais em potencial, era naturalmente impermeável à idéia de se estabelecer entre as comunidades um sistema de trocas de mercadorias. Com o passar do tempo, o homem percebeu que poderia dedicar-se à produção de determinadas mercadorias em quantidades superiores às suas necessidades de consumo. Salvo nas comunidades extremamente afastadas da civilização, o homem produz, hoje, quando muito, apenas uma diminuta parcela daquilo que consome. Conseqüência desse fato é o estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de sua produção não ao seu consumo próprio, mas às trocas com terceiros que tenham bens e serviços de seu interesse. Historicamente, as trocas evoluíram em duas etapas: trocas diretas, produto por produto, e trocas indiretas, por intermédio da moeda.Um raciocínio simples exemplifica o caso das trocas diretas: uma tribo, às margens de um rio generoso em peixes, mas com escassas chances de acesso a frutos, poderia especializar-se na pesca e trocar com uma outra comunidade que, por estar um pouco mais distante ou mesmo não dispor de um rio em iguais condições, tenha se especializado na coleta de frutos. A implantação desse sistema de intercâmbio direto de mercadorias, também conhecido como escambo, exigia certas condições especiais para seu funcionamento: se o indivíduo "A" fosse especializado na produção (coleta) de frutos silvestres e o indivíduo "B", na produção (captura) de peixes, tornava-se fundamental, para ocorrer a permuta, que o indivíduo "A" desejasse adquirir peixes e o indivíduo "B” desejasse adquirir frutos silvestres. A troca ocorreria, portanto, de forma direta, bilateralmente, desde que houvesse interesse recíproco. As dificuldades desse sistema são evidentes. Tornava-se imperiosa a criação de novas condições de comércio, de maneira que as trocas pudessem ocorrer sem que dependessem
  • 23. 23 tanto da simultaneidade de interesses específicos. A forma encontrada foi substituir as trocas diretas pelas trocas indiretas, estabelecendo-se como padrão de conversão, mediante consenso, uma mercadoria ou um produto que fosse aceito por todos os indivíduos. Introduzia- se assim um elemento responsável, em grande parte, não só pelo desenvolvimento do comércio, como também pelas dimensões hoje assumidas pela Economia: a moeda. A introdução da moeda no sistema econômico conduz à dissociação de cada troca em duas operações distintas: uma compra e uma venda. A moeda por sua vez, passa a desempenhar três funções básicas: intermediação de trocas, medida de valor e reserva de valor. A função de intermediação de trocas traduz-se em servir como meio de pagamento, de aceitação geral. Reside, nessa função, a razão principal, determinante do aparecimento da moeda, qual seja, a de facilitar o processo de circulação de bens. A moeda é medida de valor porque estabelece uma unidade-padrão de medida, à qual são convertidos os valores de todos os bens e serviços disponíveis na economia. Em outras palavras, diz-se que a moeda serve como denominador comum de valores. Considerando-se que a moeda pode ser trocada por bens ou serviços em qualquer ocasião, sua posse constitui reserva de valor, desde o momento em que é recebida pelo seu detentor, até ao instante em que é gasta. A retenção da moeda, como reserva de valor, traduz- se, portanto, numa forma alternativa de guarda ou de acumulação de riqueza. 2. EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE MOEDA Ao se estabelecer um produto ou mercadoria como base para a troca, nasceu o conceito básico de moeda: um instrumento facilitador das trocas que permite a medida ou a comparação de valores. Podem ser, como o foram no passado, o trigo, o sal, o gado e os metais. Pode ser, também, um simples pedaço de "papel pintado". Há, porém, uma forte exigência: que seja aceito pela sociedade, consensualmente. O estabelecimento da mercadoria-moeda possibilitava a implantação de um sistema de intercâmbio, mas trazia consigo novas dificuldades. Por exemplo: alguém que dispusesse de cinco sacas de trigo e desejasse comprar meio boi, como resolveria a questão? Um primeiro complicador consistia, portanto, na indivisibilidade de certas mercadorias ou produtos. Outro problema que surgiu de imediato foi o fato de a mercadoria-moeda ter a possibilidade de multiplicar-se facilmente, sem o controle da sociedade. Além disso, havia ainda a desvantagem de ser perecível, o que causava sérios problemas para o sistema como um todo. Imagine alguém que tivesse todo o seu estoque de moeda representado por 100 sacas de trigo e todas elas se deteriorassem. Esse indivíduo teria zerado o seu estoque de moeda, e uma das causas poderia ser até mesmo não ter conseguido arcar com os custos de uma acomodação adequada para o trigo. Como alternativa, passou-se a adotar os metais preciosos como meio de troca. A história registra o aparecimento de moedas metálicas cunhadas na Grécia entre os séculos VIII e VII a.C. Eram mais duráveis e permitiam subdivisão com maior facilidade. Sua produção era mais rara e escassa. Era de melhor qualidade e não apresentava os problemas das demais mercadorias adotadas como moeda. A utilização dos metais preciosos (ouro e prata) como moeda facilitou muito o desenvolvimento das trocas e da circulação dos bens e serviços necessários à sociedade. Entretanto, apresentava problemas relativos a seu valor intrínseco e a seu transporte, em
  • 24. 24 virtude do peso e da segurança, já que os possuidores ficavam muito mais vulneráveis ao ataque de saqueadores. Como os cunhadores eram geralmente ourives, que possuíam locais seguros para guarda dos metais preciosos passou-se a adotar o costume de deixar as moedas depositadas com eles, em troca de um comprovante de depósito, de um recibo. Esse recibo tinha, assim, um lastro. Toda vez que se precisasse de moeda, era só trocá-lo por metal precioso. Com o tempo, adicionou-se a esse costume o de endossá-lo, transferindo a outrem o direito de saque. Com isso, foi eliminada a necessidade de se trocar o recibo por metal precioso a cada operação. Surgiu, então, o princípio das cédulas com lastro. Dessa forma, os cambistas medievais atuavam como "banqueiros", mantendo um encaixe de 100% sobre os seus depósitos. Cobravam apenas uma comissão pela prestação do serviço de guarda dos metais. Observe-se que, até então, os banqueiros da época não concediam e nem tomavam empréstimos. Não tardou muito, contudo, para que adquirissem a confiança do público e iniciassem uma transformação na sua forma de "operação bancária". Ao verificarem que os metais ficavam guardados em seus cofres por um longo período de tempo, sem qualquer utilização, passaram a emitir os chamados bilhetes de banco negociáveis. Tais operacões consistiam na emissão de recibos sem a contrapartida de um depósito em moedas, cuja validade dependia única e exclusivamente de sua aceitação geral, como meio de pagamento, em função da confiança do público. Essa transformação fez com que os bancos deixassem de ser simples depositários de metais e passassem a exercer a função de emissores, surgindo a partir daí a moeda fiduciária. O Estado assumiu e monopolizou a emissão de moeda, uniformizando-a no espaço geográfico de sua influência. A aceitação dessa moeda inconversível decorria do poder do Estado em garantir sua utilização e na confiança da população nesse Estado. A garantia de utilização da moeda é dada pelo seu curso forçado, posto que os credores eram obrigados por lei a aceitá-la em pagamento de seus créditos. Ao lado dessa moeda fiduciária, de emissão não lastreada, de curso forçado, monopolizada pelo Estado, desenvolveu-se uma outra modalidade: moeda bancária ou escritural. Essa moeda, que surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais, corresponde aos depósitos à vista, os quais possuem liquidez e equivalem à moeda de curso legal. 3. ATIVOS FINANCEIROS Os ativos financeiros da economia podem ser diferencidados conforme os atributos rendimentos e liquidez. Assim, tem-se: Ativos financeiros monetários: liquidez absoluta, rendimento zero e usados como meio de pagamento. Ex: papel moeda em poder do público (PMPP) e depósito à vista nos bancos comerciais públicos e privados. Ativos financeiros não-monetários: menor grau de liquidez e rendimento. Ex: depósito de poupança. 4. OFERTA E DEMANDA DE MOEDA A oferta de moeda na economia é feita pelo Banco Central (BACEN) e pelos Bancos Comerciais através das atividades de depósitos e empréstimos. A demanda por moeda é derivada dos motivos: transação, precaução e especulação.
  • 25. 25 5. MEDIDA DA OFERTA DE MOEDA A quantidade de moeda existente na economia pode ser medida com a utilização dos chamados agregados monetários. Esses agregados são agrupados de acordo com a liquidez dos diferentes ativos financeiros da economia. A seguir são definidos os agregados monetários: M0 = PMPP (notas e moedas) M1 = M0 + depósitos à vista nas instituições financeiras bancárias. M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições financeiras. M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas com títulos públicos federais. M4 = M3 + títulos públicos federais (Selic) e títulos de emissão dos estados e municípios. Tabela 1 - Heveres Financeiros no Brasil (R$ bilhões) Fonte: Bacen 6. BASE MONETÁRIA Além dos agregados monetários, existe ainda outra medida da moeda na economia que é a base monetária. O conceito de base monetária (BM) equivale ao passivo monetário do Banco Central que serve de lastro aos meios de pagamento e é definida por: BM = PME + RB - Papel Moeda Emitido (PME): meio circulante - Reservas Bancárias (RB): contas correntes dos bancos criadores de moeda no Banco Central
  • 26. 26 Essas reservas bancárias são compostas por reservas voluntátias e reservas compulsórias. A sistemática de recolhimentos compulsórios sobre os recursos à vista e a preponderância de metas de taxas de juros resultam em valores desprezíveis de reservas voluntárias médias. A figura 10 mostra a base monetária e os meios de pagamentos na economia brasileira para os anos de 2004 e de 2005. Figura 10 – Base monetária e meios de pagamentos no Brasil - 2004 e 2005 Fonte: Bacen 7. ESTRUTURA DO SFN (BRASIL) Sistema Financeiro: conjunto de agentes e instituições responsáveis pela intermediação de recursos financeiros entre as unidades econômicas líquidas (superavitárias) e as ilíquidas (deficitárias). 8. ORGANIZAÇÃO DO SFN - Subsistema normativo - Subsistema de Intermediação - Outras instituições A figura 11 abaixo mostra a participação por segmentos (públicos, privados nacionais e estrangeiras) no sistema bancário do Brasil para o período de 2002 a 2005. Além disso, veja em anexo o número de instituições por segmento, por tipo e com maiores agências no país.
  • 27. 27 Figura 11- Sistema Bancário/Participação por Segmentos (Brasil) Fonte: Bacen 9. DIFERENTES MERCADOS: O sistema financeiro é composto por quatro diferentes mercados que são: Mercado Monetário: onde são negociados títulos de curto prazo (Iiquidez da economia). Mercado de Capitais: onde são negociados títulos de médio e longo prazo (necessidade de recursos para investimento). Mercado de Câmbio: são realizadas as transações com diferentes moedas. Participantes: Bacen, Bancos, empresas exportadoras e importadoras. Mercado de Crédito: tem a responsabilidade de suprir a necessidade de crédito das diferentes atividades econômicas. A seguir, destaca-se o mercado de crédito no Brasil. Os gráficos mostram, respectivamente, o direcionamento do crédito para as diferentes atividades econômicas e as taxas de juros cobradas para as pessoas físicas e pessoas jurídicas.
  • 29. 29 INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA 1. FORMAS DE FINANCIAMENTO Existem dois tipos de agentes no sistema financeiro, aqueles que podem ser chamados de unidades superavitárias (US) e outros que podem ser chamados de unidades deficitárias (UD). Os primeiros suprem as necessidades de financiamento dos segundos através da intermediação das instituições financeiras. As unidades deficitárias possuem duas formas para obter financiamento: Autofinanciamento: venda de algum patrimônio, por exemplo, um bem imóvel. Financiamento externo: que pode ser direto através da venda de ações ou de títulos da dívida e o indireto por meio de empréstimo via instituições financeiras A pergunta que surge é por que as unidades deficitárias não optam pelo financiamento direto? A resposta para esse questionamento está nos conceitos de custos de transação e de informação assimétrica. 2. CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural consiste na multiplicação dos meios de pagamento através das instituições financeiras bancárias que captam depósitos à vista. Esse fenômeno decorre do fato de ser altamente improvável que todos os depositantes saquem seus recursos ao mesmo tempo, o que permite aos bancos comerciais emprestar parte dos depósitos à vista por eles recebidos, mantendo encaixes bem inferiores ao volume destes depósitos. A faculdade de criar ou destruir moeda decorre de operações realizadas entre as instituições financeiras bancárias — que captam depósitos à vista — e o público. Para se distinguir uma ocorrência da outra, valemo-nos dos conceitos de haveres monetários e haveres não-monetários. Haveres monetários: possuem liquidez imediata — papel-moeda em poder do público e depósitos à vista (meios de pagamento). Haveres não-monetários: não possuem liquidez imediata, como depósitos a prazo, títulos públicos, duplicatas e etc. 2.1. Criação de moeda: Quando a instituição financeira bancária desconta uma duplicata - entrega ao público de haveres monetários (moeda) e, em troca, recebe haveres não-monetários (duplicata), conforme ilustrado na figura a seguir:
  • 30. 30 Figura 12 – Criação de Moeda Instituição Financeira Bancária Público Haveres monetários Haveres não-monetários 2.2. Destruição de moeda: Quando o público quita uma duplicata – a instituição bancária entrega ao público haveres não- monetários (duplicata quitada) e recebe haveres monetários (moeda), conforme ilustrado na figura a seguir: Figura 13 – Destruição de Moeda Instituição Financeira Bancária Público Haveres não-monetários Haveres monetários Exemplos de criação e de destruição de moeda: Governo Federal deposita impostos arrecadados do público no Bacen (D); Exportadores trocam US$ por R$ no Bacen (C); Indivíduo resgata sobre poupança, com transferência do saldo para a conta corrente no banco comercial (C); Indivíduo adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista (D); Indivíduo efetua um depósito à vista em um banco comercial (N). 3. MULTIPLICADOR BANCÁRIO As instituições financeiras que captam depósitos à vista podem multiplicar os meios de pagamentos através das operações de empréstimos. Multiplicador Simples k = 1/R k = magnitude do efeito multiplicador R = alíquota de recolhimento bancário Exemplo: R = 0,25 Temos que k = 1/0,25 = 4 Se DV= R$1.000,00, o efeito multiplicador fará com que o volume de meios de pagamentos passe a ser de R$ 4.000,00.
  • 31. 31 Multiplicador Elaborado: k = 1/C+D(R1+R2) C = PMPP/M1 D = DV/M1 R1 = CX/DV R2 = RB/DV Onde: PMPP = papel moeda em poder do público DV = depósitos à vista CX = caixa dos bancos comerciais RB = reservas bancárias (voluntárias e compulsórias) 4. POLÍTICA MONETÁRIA Refere-se ao processo de oferta de moeda na economia, com seus mecanismos de transmissão. A oferta primária fica a cargo da autoridade monetária (AM), e sua “multiplicação” se dá pela ação dos bancos comerciais. O controle da oferta de moeda pode se dar pelo lado da: - oferta (direta e indiretamente) ou - demanda (tornando o dinheiro mais caro para o público). 4.1. Instrumentos de política monetária Operações de mercado aberto: Compra ou venda de títulos, de forma definitiva ou compromissada, para condicionar os volumes de reservas bancárias e as taxas básicas de juros. As operações definitivas alteram a posição de carteira, ou de propriedade, das partes envolvidas. As operações compromissadas ou com compromisso de recompra/revenda ou de financiamento de títulos alteram a posição de custódia, ou de liquidez, das partes envolvidas. Recolhimentos compulsórios: Parcelas de algumas modalidades de captação que as instituições financeiras devem manter junto a Autoridade Monetária (Bacen) a fim de condicionar a alavancagem de operações ativas e a estrutura de custos. Os recolhimentos podem ser exigidos em espécie, que serão remunerados ou não remunerados, ou em títulos. Recolhimentos compulsórios: estrutura no Brasil - Anterior ao Plano Real: Recursos à vista: 40% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado - Em março de 1999: Recursos à vista : 75% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado Depósitos a prazo : 30% em títulos FIF-curto prazo : 50% em espécie, não remunerado FIF-30 dias : 5% em espécie não remunerado - Atual (outubro/2003): Recursos à vista : 45% em espécie, não remunerado Depósitos de poupança : 15% em espécie, remunerado Depósitos a prazo: 15% em títulos.
  • 32. 32 Redesconto O Bacen pode suprir as necessidades de financiamento dos bancos comerciais através de empréstimos. A taxa cobrada por esses empréstimos mais o prazo para o seu pagamento constitui o que é chamado de taxa de redesconto. Quando o Bacen quer ser punitivo, aumenta a taxa e reduz o prazo de pagamento. Quadro 3 – Resumo dos Instrumentos de Política Monetária Instrumentos Oferta monetária Taxas de juros 1. Recolhimento Compulsório - Aumenta a taxa * reduz a taxa - reduz * aumenta - aumenta * diminui 2. Redesconto - aumenta juros, reduz prazo * reduz juros, aumenta prazo - reduz * aumenta - aumenta * reduz 3. Open Market - Venda de títulos * Compra de Títulos - reduz * aumenta - aumenta * reduz 4. Operações de Crédito - Restringe * Amplia - Reduz * amplia - aumenta *reduz As Políticas Monetárias podem ser chamadas de restritivas ou de expansionistas. São restritivas quando reduzem a oferta monetária e encarecem os empréstimos. São expansionistas quando aumentam a oferta monetária e barateiam os empréstimos. Questões Conceituais: 1. Dados os seguintes agregados monetários (em mil R$): Papel moeda emitido (PME) 1.100 Papel moeda em poder do público (PMPP) 600 Dep. a vista do público nos BC 1.400 Reservas dos BC no Bacen - Voluntárias 100 -Compulsórias 400 Depósito em poupança 200 Quotas de fundo de renda fixa 150 Títulos públicos federais (Selic) 430 a) Qual a base monetária ? b) Qual o total do M1 ? c) Qual o total do M2 ? c) Qual o total do M3 ? c) Qual o total do M4 ? 2. Quais são os diferentes mercados do sistema financeiro? Explique. 3. Uma empresa deficitária possui duas opções de financiamento. Quais são essas opções? Por que a intermediação financeira é a forma mais utilizada de financiamento pelos agentes econômicos deficitários? Comente. 4. Os ativos financeiros da economia são diferenciados em duas categorias conforme duas características. Diga quais são as características. 5. Nas afirmações abaixo, diga quando ocorre criação (C), destruição (D) de moeda: ( ) Governo Federal deposita taxas e impostos arrecadados de empresas no Bacen; ( ) Importadores trocam R$ por US$ no Bacen; ( ) Indivíduo transfere saldo da conta corrente para a conta de poupança no banco comercial;
  • 33. 33 ( ) Empresa adquire quotas de um fundo de ações sacando sobre seus depósitos à vista; ( ) Empresa efetua um depósito à vista em um banco comercial. ( ) indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito á vista. ( ) Indivíduo leva ao banco uma certa quantia em unidades monetárias e efetua um depósito à prazo. ( ) Empresa leva ao banco uma duplicata para descontar, recebendo a inscrição de um depósito à vista. ( ) Banco compra cambiais de um exportador. ( ) Banco vende divisas a um importador. ( ) Banco compra títulos da dívida pública possuídos pelo público. ( ) Banco vende um imóvel a uma pequena empresa recebendo o pagamento à vista em dinheiro. ( ) Banco aumenta seu capital vendendo ações ao público. 6. Dos instrumentos que o Bacen pode utilizar para controlar a oferta de moeda na economia, qual é o mais punitivo para os bancos. Comente. 7. Coloque falso (F) ou verdadeiro (V), e justifique quando falso: ( ) Quando o Bacen aumenta a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais, a taxa de juros reduz; ( ) Se o Bacen diminui os juros e aumenta o prazo na operação de redesconto, a oferta monetária é reduzida e a taxa de juros também cai. ( ) Se o Governo precisa reduzir a quantidade de oferta de moeda na economia, o Bacen pode comprar títulos públicos que estão nas mãos do público. ( ) A taxa de juros pode ser reduzida através da expansão nas operações de crédito por parte do Bacen. ( ) A oferta de moeda e a taxas de juros são reduzidas através de uma política monetária expansionista. ( ) Quanto maior a taxa de recolhimento compulsório, maior o multiplicador bancário simples. ( ) O multiplicador bancário elaborado varia negativamente em relação à taxa de reservas dos bancos e positivamente em relação à taxa de retenção do público. ( ) A velocidade renda da moeda é definida pela relação entre o PIB e a quantidade de moeda (M). ( ) Quanto maior for a taxa de inflação numa economia, menor será a velocidade-renda da moeda. 8. Dados os seguintes agregados monetários (em R$ milhões): * Caixa, em moeda corrente, nos Bancos Comerciais 95 * Papel Moeda Emitido 200 * Depósitos à vista do público nos Bancos Comerciais 150 * Depósitos à vista dos Bancos Comerciais Voluntários 40 Compulsórios 30 * Títulos federais, em poder do resto do mundo 400 * Depósitos na Poupança, em poder do resto do mundo 250 * Depósitos à prazo, em poder do resto do mundo 150 a. Qual o valor da Base Monetária? b. Qual o valor do M1, M2, M3 e M4 ? 9. A oferta de moeda pode dar-se pelo Bacen ou pelos Bancos Comerciais, sendo este último dado pelo mecanismo do multiplicador monetário. Se R = 0,75, então o valor do multiplicador simples na economia será de..................... Se o montante inicial em depósito a vista é de R$ 4.000,00, qual será o valor multiplicado. 10. Como se dividem os agregados monetários no Brasil. Explique cada um deles. 11. Quais as funções principais que o Banco Central exerce na política econômica. 12. A elevação da taxa dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais junto as autoridades monetárias diminuiu o valor do multiplicador dos meios de pagamentos porque: a. ( )diminui o saldo do papel-moeda emitido b. ( ) diminui o saldo do papel-moeda em circulação c. ( )diminui o saldo do papel-moeda em poder do público d. ( )diminuem os depósitos à vista nos bancos comerciais e. ( )diminuem os recursos dos bancos comercias para empréstimos ao público.
  • 34. 34 13. Demanda por moeda para ____________: as pessoas mantêm dinheiro porque isso lhes permite comprar e vender bens com facilidade. Demanda por moeda para ________________: as pessoas mantêm dinheiro porque ele é mais seguro que outros ativos, já que o preço de ações, títulos e imóveis pode flutuar muito. Demanda de moeda para _______________: ficando com mais dinheiro as pessoas podem enfrentas melhor as despesas imprevistas. a)transação – especulação – precaução b)precaução – especulação – transação c)especulação – transação – precaução d)precaução – transação – especulação e)nenhuma das anteriores 14. O sistema financeiro nacional constituído do mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial, é usualmente subdividido em 2 subsistemas: o _______________ e o __________________. O primeiro congrega as autoridades monetárias, responsável pela disciplina operacional e pela liquidez do sistema. O segundo congrega as instituições bancárias e não bancárias. a) normativo – cambial b) intermediação – normativo c) intermediação – cambial d) normativo – intermediação e) nenhuma das anteriores 15. O encaixe próprio dos bancos (parcela dos depósitos que é mantida em caixa) é um dos freios à multiplicação infinita da moeda escritural. Mas o freio maior é o recolhimento compulsório que o Banco Central exige dos bancos comerciais. Quanto ___________ forem as taxas voluntárias e compulsórias, __________________seu efeito multiplicador. a)maiores – maior será b)menores – menor será c)maiores – menor será d)menores – inalterado será e)nenhuma das anteriores 16. As operações entre o público e o setor bancário podem criar ou destruir os meios de pagamento. Entre as operações a seguir relacionadas, qual delas é responsável pela criação de meios de pagamento? a) pessoas realizam depósitos a prazo nos bancos b) bancos vendem ao público, mediante pagamento à vista, em moeda, títulos de diversas espécies c) saque de cheques nos caixas dos bancos d) empresas levam aos bancos duplicatas para desconto, recebendo a inscrição de depósitos à vista 17. O Banco Central do Brasil (Bacen) tem, entre suas responsabilidades: a) atuar como banco do governo federal e renegociar a dívida externa brasileira b) aceitar depósitos, conceder empréstimos ao público e controlar os meios de pagamento do país c) emitir papel-moeda, fiscalizar e controlar os intermediários financeiros, supervisionar a compensação de cheques d) executar as políticas monetária e fiscal do governo e) fiscalizar empresas privadas e públicas 18. Entende-se por operações de mercado aberto, especificamente: a) concessão de empréstimos, por parte dos bancos comerciais, a empresas e consumidores b) concessão de empréstimos, pelo Banco Central, a bancos comerciais c) venda de ações, em bolsa, das empresas ao público em geral d) atividade do Banco Central na compra ou venda de títulos e) restrições às operações de crédito ao consumidor 19. A principal função da reserva compulsória sobre os depósitos bancários, como instrumento de política monetária, é: a) permitir ao governo controlar a demanda de moeda b) permitir as autoridades monetárias controlar o montante de moeda bancária que os bancos comerciais podem criar
  • 35. 35 c) impedir que os bancos comerciais obtenham lucros excessivos d)forçar os bancos a manter moeda ociosa no sentido de cobrir as necessidades de caixa do banco central e) cortar subsídios governamentais às empresas privadas 20. Para reduzir o volume de meios de pagamentos, o Banco Central deve: a) elevar a taxa de redesconto b) comprar títulos da dívida pública c) elevar a emissão de papel-moeda d) reduzir a reserva compulsória dos bancos comerciais e) reduzir a taxa de juros para desconto de duplicatas Questões Aplicadas: 1. O que aconteceria com os agregados monetários M1, M2, M3 e M4 (medidas da moeda) numa economia que estivesse praticando uma taxa de juros reais de 9% ao ano? E o que aconteceria se a economia passasse a conviver com altas taxas de inflação? Explique. 2. Do total de crédito direcionado para as atividades econômicas nos de 2004 e 2005, a maior parcela ficou com as pessoas físicas. De que forma essa distribuição de crédito pode afetar o crescimento futuro da economia? Argumente. 3. O Bacen reduziu a taxa de recolhimento compulsório sobre os DV dos bancos comerciais de 75% (março/1999) para 45% (outubro/2003). Essa redução foi possível graças ao crescimento econômico da economia?
  • 36. 36 CAPÍTULO 3 – INFLAÇÃO O que veremos? Definição e Cálculo Teorias Explicativas Mensuração da Inflação no Brasil Planos de Estabilização INFLAÇÃO 1. SITUAÇÕES POSSÍVEIS DE VARIAÇÃO DOS PREÇOS Inflação = aumento persistente no nível geral de preços; Desinflação = redução ou a eliminação da inflação; Deflação = redução no nível da atividade econômica (estagnação – Ex. anos 30), de queda generalizada dos dispêndios e dos preços; Reflação = movimento de recuperação de processos deflacionários depressivos. Situações Possíveis INFLAÇÃO DEFLAÇÃO REFLAÇÃO DESINFLAÇÃO LINHA DE ESTABILIDADE
  • 37. 37 2. TEORIAS DA INFLAÇÃO flação de demanda quando há um excesso de demanda agregada.Quando a economia funciona a pleno flação de custos (Ou inflação de oferta) Ocorre quando há variação dos preços de itens com alta participação no processo inflação estruturalista (Cepal) Os pensadores da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) afirmam que as cau sociada ao pouco dinamismo das exportações (X) - (baixa portações rcado flação Inercial Os mecanismos de indexação formal (contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de pre indexação formal e informal feitos da Inflação feito Oliveira Tanzi: mostra que a inflação corrói o montante de arrecadação. dependem í is su riores o au ento d rre In Ocorre emprego, a oferta agregada não tem como se expandir de forma a acompanhar o crescimento da demanda. O ajuste da oferta não se dá via aumento das quantidades, mas sim, via aumento dos preços. In produtivo (aumento salarial, desvalorização cambial, quebra de safra, reajuste de tarifas públicas, etc...), que leva a um aumento dos custos das empresas que é em alguma medida repassado para os preços finais. A sas estruturais da inflação são: - oferta de alimentos inelástica - rigidez das importações (M) as relação de trocas) - substituição de im - estrutura oligopolística no me 3 In ços no comércio, indústria, tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos preços. Mecanismos: - propagação: - aceleração: choques de oferta E E Efeitos sobre a distribuição de renda: redução do poder aquisitivo das classes que de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Efeitos sobre o balanço de pagamentos: taxas de inflação em n ve pe a m e preços internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido no exterior. Efeitos sobre o mercado de capitais: com inflação, deteriora-se o valor da moeda e oco desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança cedem lugar para a aplicação em recursos de bens de raiz, como terras e imóveis. 3 Para uma discussão sobre a inflação inercial ver: Pereira (1996). A Inflação decifrada. Revista de Economia Política, 16(64): 20-35.
  • 38. 38 3. INFLAÇÃO E NÚMEROS ÍNDICES A inflação é o aumento generalizado dos preços de uma economia. É calculada em função produtos (carne e batata), uma POF identificou que o consumo 30 kg de batata. mo o mês seguinte, tem-se: eríodo base (t0): o: 10 Kg * $1/Kg = $10 15 3 eríodo seguinte t + 1 stáveis), então 10 * 1 = 10 30 úmeros Índices É uma medida estatística idealizada para mostrar as variações de uma variável, ou de um grupo d uando o número-índice representa uma comparação para um bem ou produto individual, é chamad étodo agregativo ponderado s índices agregados de preços são geralmente ponderados segundo as quantidades q dos bens. O dice de Laspeyres um dos mais populares índices agregado de preços, no qual os preços são ponderados pelas q A fórmula é: do perfil de consumo de uma certa população (POF), que determina a ponderação de “cestas de bens e serviços”. Exemplo: considerando dois médio de carne era de 40% e de batata 60%. A cesta básica mensal inclui 10 kg de carne e Considerando dois períodos de tempo, t0 como mês base e t1 co P Carne: $ 1/Kg, entã Batata: 0,50/Kg, então: 30 Kg * 0,50/Kg = $ Cesta (ponderada) = (10*40%) + (15*60%) = $1 P Carne: $1,00 (preços e Batata: $1,00 (aumento de 100%), então: 30 * 1 = Cesta (ponderada): (10*40%) + (30*60%) = $22 Variação: (22-13)/13 = 69% N e variáveis, correlacionados ao tempo, à localização geográfica, ou a outras características como rendimento, profissão, Uma coleção de números índices de diversos anos, localidades, e etc., é frequentemente denominada série de índices. Q o número-indice simples (ou relativo). Quando o número-indice foi construído para um grupo de bens, é chamado número-indice agregado ou composto. M O s exemplos desse métodos são os índices de Laspeyres e o de Paasche. Ín É uantidades associadas com o ano-base antes de serem somados. 0 0 1 0 100 p q IL p q × = × × Onde: 0 p = preço no período inicial; 1 p = preço no período atual; 0 q = quantidade no período inicial; O índice de Laspeyres pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1), tomand 1 q = quantidade no período atual. o como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época inicial.
  • 39. 39 Como essas quantidades são consideradas adequadas à época inicial e não à época atual, admite-se que o numerador possa se apresentar super dimensionado e assim o índice de Laspeyres apresentar tendência de elevação. Índice de Paasche Este índice usa as quantidades do ano dado como pesos. A fórmula é: 0 1 1 1 100 p q IP p q × = × × O índice de Paasche pondera preços (p) em duas épocas, inicial (0) e atual (1), tomando como pesos quantidades (q) arbitradas para estes insumos na época atual. Como essas quantidades são consideradas adequadas à época atual e não à época inicial, admite-se que o denominador possa se apresentar, eventualmente, super dimensionado e assim o índice de Paasche apresentar tendência a rebaixamento. Aplicação dos Números Índices Para comparar os custos de alimentos ou de vida, em uma cidade, durante um ano, com os de um ano anterior, ou a produção de aço, durante determinado ano, em uma região do país, com a de outra. Existem vários índices de preços que são calculados por instituições diferentes. Por exemplo, o Índice Geral de Preços (IGP) é calculado pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. Índice Nacional Preços ao Consumidor (INPC) é calculado pela Fundação IBGE. Veremos a seguir os números índices que são usados no Brasil para medir a inflação. 4. INDICADORES DE INFLAÇÃO NO BRASIL E NO RS Vários são os indicadores de inflação adotados no Brasil. A tabela abaixo sumariza as principais características dos indicadores calculados no Brasil. Tabela 2 - Estrutura Básica dos Indicadores
  • 40. 40 O mapa a seguir mostra as regiões metropolitanas que são alvo para o cálculo do índice de preço ao consumidor (IPC). Mapa 1 - Regiões Metropolitanas e IPC 4.1 Diferença entre os Principais Índices IPCA- IBGE: Calculado desde 1980, semelhante ao INPC, porém refletindo o custo de vida para famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa é feita em 11 regiões metropolitanas. Foi escolhido como alvo das metas de inflação ("inflation targeting") no Brasil. INPC-IBGE: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, média do custo de vida nas 11 principais regiões metropolitanas do país para famílias com renda de 1 até 8 salários mínimos. IGP- FGV:É uma média ponderada do índice de preços no atacado (IPA), com peso 6; de preços ao consumidor (IPC) no Rio e SP, com peso 3; e do custo da construção civil (INCC), com peso 1. Usado em contratos de prazo mais longo, como aluguel. IGP-M (FGV): Metodologia igual à do IGP-DI, mas pesquisado entre os dias 21 de um mês e 20 do seguinte. O IGP tradicional abrange o mês fechado. O IGP-M é elaborado para contratos do mercado financeiro. IGP-10 (FGV): Elaborado com a mesma metodologia do IGP e do IGP-M. A única diferença é o período de coleta de preços: entre o dia 11 de um mês e o dia 10 do mês seguinte. IGP-DI (FGV): Reflete as variações de preços de todo o mês de referência. Formado pelo IPA (Índice de Preços por Atacado) e IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
  • 41. 41 INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), com pesos de 60%, 30% e 10%, respectivamente. Apura as variações de preços de matérias-primas agrícolas e industriais no atacado e de bens e serviços finais no consumo. IPC- Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe): Pesquisado no município de São Paulo. Reflete o custo de vida de famílias com renda de 1 a 20 salários mínimos. Divulga também taxas quadrissemanais. ICV- Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese): Medido na cidade de São Paulo. Reflete o custo de vida de famílias com renda média de R$ 2.800 (há também índices para a baixa renda e a intermediária). INCC- Índice Nacional do Custo da Construção: Um dos componentes das três versões do IGP, o de menor peso. Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra no setor. Utilizado em financiamento direto de construtoras/incorporadoras CUB - Custo Unitário Básico: Reflete o ritmo dos preços de materiais de construção e da mão-de-obra no setor. Calculado por sindicatos estaduais da indústria da construção, chamados de Sinduscon, e usado em financiamentos de imóveis. 4.2 Instituições que calculam a inflação no RS O Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (IEPE/UFRGS) elabora o Boletim Econômico (IEPE-UFRGS) mensalmente com o objetivo de: * Índice de Preços ao Consumidor (IPC-IEPE); * Custo da Cesta Básica da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Indicadores Econômicos (IEPE-UFRGS) - 2006 Índice de Preço ao Consumidor (IPC) Fev Mar Abr Número Índice 177,22 176,58 177,53 Variação % -0,51 -0,36 0,54 Cesta Básica (RMPA) Fev Mar Abr Custo Total (R$) 554,10 545,72 549,59 Variação % -1,78 -1,51 0,71
  • 42. 42 5. INFLAÇÃO NO BRASIL Inflação no Brasil (1944-2006) -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1944 02 1946 02 1948 02 1950 02 1952 02 1954 02 1956 02 1958 02 1960 02 1962 02 1964 02 1966 02 1968 02 1970 02 1972 02 1974 02 1976 02 1978 02 1980 02 1982 02 1984 02 1986 02 1988 02 1990 02 1992 02 1994 02 1996 02 1998 02 2000 02 2002 02 2004 02 2006 02 IGP - DI (% a.m.) Plano Real Choques Heterodoxos Crise da Dívida Inflação no Brasil na década de 1980 (IGP-DI (% a.m.)) -10 0 10 20 30 40 50 60 1980 01 1980 05 1980 09 1981 01 1981 05 1981 09 1982 01 1982 05 1982 09 1983 01 1983 05 1983 09 1984 01 1984 05 1984 09 1985 01 1985 05 1985 09 1986 01 1986 05 1986 09 1987 01 1987 05 1987 09 1988 01 1988 05 1988 09 1989 01 1989 05 1989 09 Plano Cruzado Plano Bresser Plano Verão Inflação nas eras Collor, FHC e Lula (IGP-DI %a.m.) -5 5 15 25 35 45 55 65 75 1990 01 1990 07 1991 01 1991 07 1992 01 1992 07 1993 01 1993 07 1994 01 1994 07 1995 01 1995 07 1996 01 1996 07 1997 01 1997 07 1998 01 1998 07 1999 01 1999 07 2000 01 2000 07 2001 01 2001 07 2002 01 2002 07 2003 01 2003 07 2004 01 2004 07 2005 01 2005 07 2006 01 2006 07 Plano Collor Era FHC Era Lula FONTE: Prof. Solange Marin a partir de dados do IPEADATA – www.ipeadata.gov.br
  • 43. 43 5.1. Causas Básicas da Inflação Brasileira As principais causas da inflação na economia brasileira são: a questão distributiva, o déficit do setor público e seu financiamento e o mecanismo de indexação (formal e informal). 5.2. Inflação no Brasil e as Correntes Econômicas Correntes Causas Principais Políticas Antiinflacionárias Monetarista * Desequilíbrio do setor público (déficit e a dívida pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda) * Ajuste fiscal (para reduzir déficit e dívida pública, via reformas fiscal, previdenciária, privatização) * Controle Monetário (juros e moedas) * Liberalização do comércio internacional Inercialista * Indexação generalizada (formal e informal) * Dexindexação (para apagar memória ou inércia inflacionária, via congelamento de preços, salários e tarifas – Planos Cruzado, Bresser – ou troca de moeda – Plano Real) Estruturalista * Conflitos distributivos ( pressões de margens de lucro, pressões salariais, pressões de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos) * Controle de preços de oligopólio * Reformas estruturais 5.3. A Inflação no Brasil e os Programas de Estabilização 1946-58: Inflação de crédito e estrutural 1959-63: Inflação predominantemente fiscal 1964-67: Aplicação de controles ortodoxos 1968-79: Inflação reprimida 1980-1985: Inflação de movimentos inerciais 1986-94: Fase dos choques heterodoxos 1994-2006: O real, a volta à ortodoxia e a estabilização. 5.4. Planos de Estabilização O Plano Cruzado (28/02/1986) A inflação era tida como inercial. O diagnóstico era de que a inflação tinha caráter autônomo, sustentado pela indexação formal e informal da economia. Houve a utilização de instrumentos heterodoxos para a eliminação da memória inflacionária (inércia inflacionária): Medidas: 1. introdução de nova moeda: reforma monetária, com o cruzado – (000) 2. congelamento de preços por prazo indeterminado ao nível de 28/02. 3. conversão de salários: além do valor real médio, concedido um abono de 8%. 4. conversão de aluguéis, prestação do sistema financeiro e mensalidades escolares pelo princípio da média. 5. Desindexação:
  • 44. 44 5.1 proibição de clausula de indexação: proibição de correção monetária para contratos inferiores a um ano e para contratos maiores de um ano, reajuste conforme a OTN em cruzados; 5.2 indexação de salários: escala móvel, salários reajustados toda vez que a inflação atingisse a casa dos 20%; 6 tablitas: tabela de conversão diárias de valores em cruzeiros para cruzados. Conseqüências: 1 parte dos recursos foram destinados para a compra de imóveis e reativação da produção; 2 reativação do consumo via salário móvel, seguro-desemprego e abono; 3 viver de renda ficou difícil porque caíram as taxas de juros (teve até taxa negativa); 4 taxa de inflação caiu; 5 empresas introduziram inovações organizacionais tais como just-in-time e abertura de novas firmas; 6 houveram conflitos entre produtores e fornecedores e a conseqüente falta de produtos; 7 não houve discussão quanto ao prazo do congelamento. O congelamento de preços foi peça fundamental e a inflação caiu nos primeiros meses. Houve explosão do consumo devido ao aumento do poder de compra do salário, a despoupança em função da desilusão monetária, a queda nas taxas de juros e ao consumo reprimido dos anos de recessão e ao congelamento de alguns preços defasados aos custos. O excesso de demanda reforçada pela expansão da oferta de moeda além do incremento natural da demanda provocada pela desinflação abrupta. Houveram taxas de juros negativas favoráveis a inflação zero. Esforços posteriores para uma política monetária mais restritiva e o aumento da taxa de juros encontrariam oposição política. Houve reconhecimento da magnitude do desequilíbrio fiscal, pois o esperado aumento na receita do governo, devido a eliminação da erosão da inflação que agia sobre a arrecadação dos impostos (efeito Tanzi) não se materializou no percentual e no tempo previstos. Quando ocorreu o aumento da receita, ele foi compensado pelo aumento nos gastos. No período final ou descongelava-se preços ou desacelerava-se o produto através do corte da demanda agregada. O ano de 1986 foi marcado pela redução drástica da inflação, após o congelamento de preços decretado pelo Plano Cruzado, e uma violenta expansão do consumo, que determinaram novamente a boa performance em termos de crescimento econômico (8,3%). O crescimento do consumo foi explicado por várias razões: transferência de renda real aos trabalhadores (aumento de salário real), fim da “ilusão monetária” com fuga dos ativos financeiros, expansão monetária e creditícia etc. Entretanto, foi também o responsável por vários problemas na economia e pela volta da inflação. Dentre os problemas, destacavam-se a crise de abastecimento, a presença do ágio como forma de burlar o controle de preços e outras formas travestidas de inflação, bem como uma profunda crise cambial. A crise cambial, em decorrência da redução do saldo na balança comercial e da piora nas contas de capital, com profunda queima de reservas para a sustentação do plano, desembocou na moratória de fevereiro de 1987 como forma de estancar a perda de divisas. Foram feitos ajustes no Plano Cruzado, como pode ser visto a seguir: Cruzadinho (07/1986 – 10/1986) Elaboração de um pacote fiscal para diminuir o consumo. Foram criados o sistema de empréstimo compulsórios e novos impostos indiretos sobre a gasolina (28%) e automóveis (30%). Mas, esse pacote teve pouca eficácia para conter o consumo. Ao contrário, a expectativa do descongelamento deu novo impulso à demanda. A inflação oficial caiu, porém
  • 45. 45 não refletia a inflação real da economia devido aos ágios, ao desabastecimento e à introdução de produtos novos. Após o mês de setembro o saldo da balança comercial começa a refletir o excesso de demanda interna e a queda nas exportações. Cruzado II (11/1986 – 06/1987) Um pacote fiscal visando o aumento da arrecadação do governo em 4% do PIB via reajuste de alguns preços públicos e aumento de impostos indiretos. Porém, o incremento nos recursos do governo através de preços públicos mais elevados foi desviado para o gasto com produtos e não com o aumento de poupança. Isso reativou a inflação e aumentou o salário via gatilho, o que por sua vez causou a explosão da inflação. Segundo Celso Furtado: a inflação inercial é subproduto das outras e a inflação brasileira reflete em parte um conflito distributivo de renda, em que o governo sempre foi o beneficiário, pois recorria à inflação por não ter meios de se autofinanciar adequadamente através da política fiscal. Plano Bresser (12/06/1987) O Plano Bresser não tinha por objetivo a inflação zero, mas promoveu o choque deflacionário com a supressão da escala móvel de salários. Os objetivos eram sustentar a taxa de inflação a níveis mais baixos e reduzir o déficit público. Foi instituída uma nova base de indexação salarial, a unidade referencial de preço (URP), ou seja, a cada três meses seriam pré-fixados os percentuais de reajuste para os três meses subseqüentes; com base na inflação média dos três precedentes. O gatilho foi mantido, porém ampliava-se a defasagem entre a observação da taxa de inflação e seu repasse aos salários. Os preços foram congelados por três meses ao nível de 12/06/1987, mas antes foram aumentados os preços públicos e administrados. Também não ocorreu a reforma monetária. Quando o Plano Bresser entrou em vigor, em junho de 1987, houve a mudança no indexador da poupança de Obrigação do Tesouro Nacional (OTN) para a Letra do Banco Central (LBC). De acordo com as novas regras, que passaram a valer na época, foi determinado que, entre os dias 1º e 15 de junho de 1987, a poupança seria remunerada pela variação OTN e, a partir de então, pela LBC. Acontece que os bancos remuneraram o mês todo usando como indexador a LBC, que teve variação 18,02% no período, bem menor que a variação da OTN, de 26,06%. É exatamente a diferença de 8,04 pontos porcentuais de remuneração que atualmente o poupador daquela época tem direito. O Plano Cruzado teve como política de combate a inflação o aumento da demanda agregada num contexto de crescimento econômico, o que terminou com pressão sobre inflação. O Plano Bresser objetivava conter a inflação com a redução da demanda num contexto de desaceleração mantendo o crescimento econômico com o redirecionamento da oferta para exportações. O plano incorporou ingredientes inutilizados no Cruzado tais como a preocupação com a taxa de juros, a taxa de câmbio, o déficit público e acordo com o FMI. Porém, acreditava que a sociedade agia de forma irracional. O plano foi uma tentativa de debelar a inflação que, sem o apoio popular do plano anterior, teve acertos e erros. A volta da inflação levou à adoção, em 1987, de políticas de cunho mais ortodoxo, mesmo com a presença de novo plano em junho, o Plano Bresser, que possuía maior preocupação em conter a demanda interna e evitar problemas no front externo. Com a característica recessiva da nova política econômica, esse ano apresentou profunda queda na taxa de crescimento, que situou-se em 3,6%.
  • 46. 46 Plano Verão (14/01/1989) Em 1988 e 1989, a política econômica também apresentou caráter errático: predomínio da ortodoxia em 1988 e tentativa de acordo social no final desse ano; adoção do Plano Verão em janeiro de 1989 (que mesclou elementos heterodoxos e ortodoxos), e a não política (ou "política do arroz com feijão") do final do governo Sarney. Com isso, as taxas de crescimento econômico apresentaram oscilação, com estagnação em 1988 e crescimento de 3,6% em 1989. As principais medidas do plano foram o congelamento de preços indeterminado e a reforma monetária com a introdução do cruzado novo (000). A principal característica de todo o governo Sarney foi um grande descontrole das contas públicas: aumento nos déficits operacionais e crescimento do endividamento interno (cuja necessidade de rolagem inflexibilizava a taxa de juros) a prazos mais curtos, com giro diário. Isso levou à adoção de uma política que visava a sustentação de taxas de juros reais elevadas, rompendo a possibilidade de controle da oferta monetária. Verificou-se a ausência de qualquer mecanismo de política econômica, pois tanto a política fiscal como a monetária tornaram-se prisioneiras da rolagem da dívida interna. Isso tudo foi acompanhado de uma trajetória ascendente das taxas de inflação, que chegou no final do governo Sarney à taxa de 80% mensais. Plano Collor (16/03/1990) O governo Collor também tinha como preocupação básica o combate à inflação. O diagnóstico sobre as causas da inflação centrava-se na alta liquidez dos ativos financeiros, que inviabilizava a condução da política monetária e qualquer tentativa de estabilização, ao permitir a rápida conversão dos ativos em demanda por bens e serviços e ativos reais. Além disso, deveria ser resolvida a questão do déficit e da dívida pública, o que não seria obtido apenas através do ajuste do fluxo, redução dos gastos e elevação das receitas, mas envolveria um ajuste patrimonial. Assim, o Plano Collor realizou ampla reforma monetária, cujo elemento central foi o confisco da liquidez e o alongamento compulsório da dívida pública. Além disso, buscou uma reforma fiscal centrada no Imposto sobre Operações Financeiras, no Imposto de Renda e no combate à sonegação, com base na eliminação dos títulos ao portador (inclusive cheques) e na redução de gastos públicos, com base na eliminação dos subsídios e diminuição dos juros. A expectativa era transformar um déficit de 8% do PIB em superávit da ordem de 2% do PIB. A principal medida foi o confisco de ativos financeiros com o objetivo de drástica redução da liquidez da economia. Esse confisco estava ancorado na MP 168 que bloqueava 70% do M4. Pretendia-se retomar a capacidade de fazer a política monetária e a elaboração de programas de abertura comercial e de privatização de empresas estatais. Além desses pontos, iniciou-se um conjunto de reformas estruturais no sentido liberalizante, constituídas de maior abertura comercial, para expor as empresas brasileiras à concorrência internacional, à privatização das empresas estatais e à maior abertura ao capital estrangeiro. Com o confisco da liquidez, que gerou grandes problemas em termos de desestruturação das condições de oferta e uma onda de falências, o PIB sofreu uma redução em torno de 4% em 1990. Para evitar um colapso maior, já nos meses seguintes ao confisco, o Banco Central afrouxou a liquidez, o que levou a uma grande expansão monetária. O ajuste fiscal mostrou-se insuficiente, não tendo atingido os objetivos. Dessa forma, o objetivo de recompor os instrumentos de política econômica não ocorreu. A inflação voltou a acelerar, novas tentativas infrutíferas de arrumar o Plano foram
  • 47. 47 feitas e, depois, voltou-se para a política do tipo "feijão com arroz", na tentativa de evitar a explosão do déficit e controlar a moeda. Plano Real (1994)4 O Plano Real veio alterar esse quadro, obtendo êxito inédito no combate à inflação, com notória recuperação da credibilidade da moeda nacional que se refletiu, inclusive, numa retomada do interesse nos agregados econômicos expressos na própria moeda do País. Foi definido como um plano de três fases: 1) O ajuste fiscal (O Fundo Social de Emergência – FSE), criação da IPMF (hoje, CPMF) junho/1993: Essa primeira fase estava baseada na origem fiscal da inflação foi implementado o Plano de Ação Imediata (PAI) em 06/1993. As medidas foram: combate a sonegação, redução dos fundos de participação estadual (FPE) e municipal (FPM), reestruturação dos bancos estaduais e federais e a privatização para transferir ao setor privado os custos da modernização da infra-estrutura. 2) A introdução da Unidade Real de Valor (URV), março/1994: A URV teve a função de unidade de conta e o Bacen emitia diariamente relatórios sobre a desvalorização do cruzeiro real e a cotação da URV. Os salários passaram a ser corrigidos pela média dos últimos quatro meses. Nos meses de abril, maio e junho o governo fez a conversão em URV dos preços públicos e tarifas do setor público. 3) A reforma monetária com a introdução da nova moeda, o Real (R$), julho/1994: Foram fixados limites quantitativos para a emissão de moeda. O Conselho Monetário Nacional (CMN) passou a ser composto pelo ministro da Fazenda, Planejamento e Coordenação da Presidência da República e presidente do Bacen. Importância: âncoras monetária e cambial Eventos importantes A renegociação da dívida dos Estados A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) – 2000 - Proíbe renegociações de débitos - Impõe um teto para os gastos - Restringe o montante do endividamento total - Exige projeções dos resultados primários para os 3 anos seguintes Outras informações sobre inflação: Relatório de Inflação - Banco Central do Brasil (Disponível: http://www.bcb.gov.br/) Questões conceituais: 1 Destaque alguns efeitos perversos da inflação. A seu critério, coloque-os em ordem decrescente de importância. Justifique suas escolhas e a ordem em que as colocou. 2 Diferencie, usando suas próprias palavras, as inflações de procura das inflações de custos. 3 Qual é uma das conseqüências mais claras de todo o processo inflacionário. Explique. 4 Para uma discussão do Plano Real, ver: Pereira (1994). A economia e a política do Plano Real. Revista de Economia Política, 14 (56): 129-149.
  • 48. 48 4 Se todos os preços subirem, pode-se ter certeza de que houve inflação. Quais os dois tipos de inflação mais conhecidos. 5 A essência das análises econômicas realizadas pelos ideólogos da reforma monetária que culminou no Plano Cruzado (1986) reside no fato de que “um determinante significativo da inflação corrente é a própria inflação passada” e que “o melhor previsor da inflação futura é a inflação passada”. A esse fenômeno os analistas denominam: a) efeitos de preços relativos b) hiperinflação c) inflação de demanda d) inflação inercial 6 Assinale entre as alternativas abaixo, a que representa um fato causador de uma inflação de custos: ( ) a. um aumento nos gastos do governo ( ) b. um aumento dos investimentos ( ) c. um aumentos das exportações ( ) d. um aumento da oferta de moeda ( ) e. um aumento das matérias-primas importadas 7.Coloque F(falso) ou V(verdadeiro) nas seguintes afirmações, e quando a resposta estiver falsa reescrever a frase. a. ( ) A inflação de demanda se caracteriza pelo excesso de demanda agregada em relação à produção de bens e serviços, sendo causada pelo aumento de importações e tributos. b. ( ) A inflação é um aumento persistente no nível geral de preços, enquanto a desinflação é a redução no nível da atividade econômica, acompanhada de queda generalizada dos dispêndios e dos preços. c. ( ) Alguns índices que são utilizados pelo governo para medir a variação dos preços na economia são o IPCA, o INPC e o IGP, sendo que cada um adota uma metodologia específica e o segundo deles serve de índice para o sistema de metas de inflação. d. ( ) De acordo com a corrente estruturalista, a inflação nos países subdesenvolvidos são causadas pela oferta inelástica dos alimentos, pela rigidez das importações e pouco dinamismo das exportações, pela própria substituição de importações e pela estrutura oligopolística no mercado. e.( ) Inflação se caracteriza como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços em um determinado período de tempo desestruturando a distribuição de renda, o balanço de pagamentos, o mercado de capitais, além de outros efeitos. f. ( ) De acordo com os inercialistas, a inflação está relacionada aos mecanismos de indexação formal e informal que provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre repassadas aos preços. 8. Analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta: I – Se todos os preços dos bens e serviços se elevam apenas durante certo período de tempo, estabilizando-se em seguida, caracteriza-se um processo inflacionário crônico. II – Após um conjunto de medidas governamentais destinadas a incentivar a construção civil, os preços dos materiais de construção se elevaram bastante; tal situação, tomada isoladamente, é suficiente para caracterizar um processo de inflação crônica. IV – Uma inflação de demanda pode levar a economia a ter inflação de custos, pelo fato de que um aumento de produção leva a um aumento da demanda de mão-de-obra por parte das empresas, e sendo essa mão-de-obra escassa, as empresas diminuirão os salários oferecidos aos trabalhadores. a) somente a I correta b) somente a II correta c) somente a III correta d) I, II, e III corretas e) I, II, e III incorretas 9. A probabilidade de ocorrer inflação de ____________aumenta quando a economia está produzindo próximo do pleno emprego de recursos. Nessa situação aumentos da _____________ de bens e serviços, com a economia já a plena capacidade conduzem a elevações de preços , principalmente em setores produtores de insumos básicos. a) demanda – demanda agregada b) custos – demanda agregada c) demanda – oferta agregada