Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
François-Dominique Toussaint Louverture.docx
1. Toussaint Louveture
François-Dominique Toussaint Louverture
Date: 17/05/2009
in: Afro-latinos
11400011003
François-Dominique Toussaint Louverture Toussaint Bréda, Toussaint-
Louverture (20 de maio de 1743 – 8 de abril de 1803) foi um líder da
revolução haitiana
– Outro (s) nome (s) – Toussaint Louverture
– Data de nascimento: 1743 –
-Local: Haiti (então Saint-Domingue)
– Data de falecimento: 8 de abril de 1803, aos 59 anos –
-Local: França
– Movimento: Revolução haitiana –
2. François-Dominique Toussaint Louverture Toussaint Bréda, Toussaint-
Louverture (20 de maio de 1743 – 8 de abril de 1803) foi um líder da
revolução haitiana. Nascido em Saint-Domingue, no decorrer de uma
prolongada luta pela independência Toussaint conduziu os africanos
escravizados a uma vitória sobre os europeus, aboliu a escravidão e assegurou
o controle da colônia pelos nativos em 1797, enquanto era nominalmente seu
governador. Expulsou o comissário francês Léger Félicité Sonthonax, bem
como o exército britânico, invadiu Santo Domingo para libertar os escravos
que ali havia e redigiu uma constituição, auto-nomeando-se governador
vitalício e estabelecendo uma nova política para a colônia.
Especialmente entre os anos de 1800 e 1802, Toussaint Louverture tentou
reconstruir a falida economia do Haiti e restabelecer os contatos comerciais
com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Seu governo propiciou à colônia o
gosto pela liberdade que, após sua morte no exílio, foi gradualmente destruída
durante os sucessivos reinados de uma série de déspotas. Seu nome significa,
em francês, “o despertar de todos os santos” ou “a elevação de todas as
almas”. Suas últimas palavras foram dirigidas a seu filho na França: “Meu
rapaz, um dia você terá a ventura de regressar a St. Domingo; esqueça-se de
que a França assassinou seu pai.”1
3. Visão geral
Toussaint L´Ouverture nasceu escravo em Plaine du Nord, no que era então
Saint-Domingue. Viu a luz do dia no engenho dos Bréda, em Bayon de
Libertat, próximo de Cap Français. Reza a tradição que seu pai era um
africano chamado Gaou Guinou, provavelmente membro do grupo étnico
Arada. Toussaint Breda, por sorte, foi alfabetizado e manteve amplo contato
4. com a literatura francesa sobre o Iluminismo. Quando ainda vivia no engenho
onde nasceu, trabalhou como cocheiro e domador de cavalos. Seu senhor
alforriou-o aos 33 anos, quando Toussaint desposou Suzanne.2
Era católico
fervoroso e membro da alta hierarquia da Loja Maçônica de Saint Domingue. 3
e 4
Em 1791 os escravos de Plaine du Nord se revoltaram. Diferentes forças se
uniram sob diferentes líderes. Toussaint serviu com vários deles e suas
responsabilidades aumentaram. Em 4 de abril de 1792 a Assembléia
Legislativa Francesa estendeu todos os direitos de cidadania aos libertos de
cor ou mulatos (gens de couleur libres) e aos negros livres. Em Saint
Domingue esta decisão não teve a aceitação de muitos colonos franceses,
embora a França tenha enviado três comissários para implementá-la. Entre
eles Sonthonax foi o mais radical, criando uma burocracia de mulatos em Le
Cap, no norte.
Após a decapitação de Luís XVI, no início de 1793 a França entrou em guerra
contra a Grã-Bretanha e a Espanha. Enquanto as agitações e a guerra racial
continuavam a acossar as instituições de Saint-Domingue, Toussaint ingressou
no exército espanhol de Santo Domingo com a finalidade de encontrar um
modo de pôr ponto final à escravidão. Em agosto, Sonthonax proclamou a
emancipação dos escravos no norte, onde Toussaint e seus aliados combatiam.
Os outros comissários anunciaram a emancipação dos escravos no oeste e no
sul, mas a invasão de tropas britânicas, em setembro, prejudicou essas
mudanças. Em 1793 Toussaint adotou, como sobrenome, seu apelido
Louverture e, desde então, passou a assiná-lo.
No início de 1794 Toussaint Louverture conseguiu organizar 4.000 negros,
com alguns oficiais brancos e mulatos, formando um exército de leais
gerrilheiros, pois era um estrategista e um líder militar bem dotado, embora
sem formação. Em relação a seus comandados, usou elementos da disciplina
européia. Toussaint negociou como General Laveaux e mudou de lado em
maio de 1794. A partir de então combateu os espanhóis, reconquistando todos
os fortes de Cordon de l´Ouest em menos de duas semanas, “libertando” o
norte para a República Francesa. Lutou também contra os ingleses.
5. Por volta de 1795, Toussaint controlava a maioria de duas províncias. Seus
dois tenentes, Jean-Jacques Dessalines e Henry Christophe, eram
extremamente eficientes. Os sucessos de Toussaint levaram André Rigaud,
homem de cor que comandava as forças no sudoeste, a renovar seus ataques a
partir de onde os homens de cor livres se concentravam, em Port au Prince.
Rigaud controlou um batalhão de oficiais de cor e de soldados negros, que por
sua vez controlavam o sul.5
O General Maitland encontra-se com Toussaint para discutir o tratado secreto
Em junho de 1795 os britânicos haviam sido repelidos até o litoral. Em julho,
os espanhóis se retiraram oficialmente. Embora os britânicos continuassem a
lutar, a partir das cidades costeiras, Toussaint manteve o controle sobre o
norte e o oeste de Saint Domingue. Em maio de 1797, Sonthonax nomeou
Toussaint Louverture comandante chefe do exército republicano francês em
Saint Domingue.
6. Ele também foi bem sucedido ao liderar suas tropas, relativamente pequenas,
desfechando rápidos ataques e recorrendo à diplomacia, com o que obteve
derrotas estratégicas e a retirada de um exército de 10.000 soldados britânicos.
Em 1798, os britânicos fizeram uma última tentativa de derrotar Louverture,
atacando a partir do sul e para isso enviaram o General Thomas Maitland.
Este, porém, fracassou e assinou um tratado secreto, mediante o qual
Toussaint Louverture deixava os portos abertos à navegação comercial de
todas as nações. Então os britânicos partiram da colônia.
Os britânicos deixaram completamente Saint-Domingue em outubro de 1798,
mas o General Hedouville começou a fomentar cada vez mais a competição
entre Rigaud e Toussaint, tendo em vista o controle da situação. Rigaud não
queria desistir de algumas regiões do Departamento do Oeste, que
conquistara.5 Toussaint nomeou Jean Jacques Dessalines governador do sul,
após ser derrotado por Rigaud em julho de 1800. Dessalines exerceu
represálias extremamente severas contra a população mulata, esmagando a
resistência e, ao que se diz, foram mortos 10.000 homens, mulheres e
crianças. Após anos de guerras e ultrajes, a brutalidade de Dessalines suscitou
amargura entre as pessoas de cor.5 Em 1800, Toussaint havia subordinado
todas as restantes forças de homens de cor.6
Em 1801 os espanhóis capitularam, cedendo o restante da ilha às forças de
Toussaint Louverture, o qual proclamou a abolição da escravidão em Santo
Domingo. Depois disso, em julho, ele proclamou uma nova constituição, que
o nomeava governador vitalício.
A Revolução Francesa e a rebelião de Saint-Domingue
Notícias da Revolução Francesa de 1789 e a mensagem de Liberté, égalité,
fraternité (liberdade, igualdade, fraternidade) chegaram a Saint-Domingue em
1790, exercendo profundo impacto na ilha. Soldados franceses
desembarcaram em Port-au-Prince e juntaram-se aos negros e às pessoas de
cor, em união fraterna. Anunciaram que a Assembléia Nacional, na França,
havia declarado todos os homens livres e iguais. Não tardou muito para que as
idéias da filosofia do Iluminismo se espalhassem pela ilha.
7. Quando os senhores de engenho brancos deixaram de honrar as promessas
feitas pela Declaração dos Direitos do Homem, rebeliões de escravos
ocorreram em todo o norte.
Toussaint não participou da mal sucedida campanha organizada por Vincent
Ogé, um rico homem de cor liberto. A revolta ocorreu em outubro de 1790 e
tentou assegurar os direitos de voto das pessoas de cor livres, mas foi
esmagada brutalmente pelas forças coloniais. No ano seguinte, em agosto,
houve uma revolta de escravos na Província do Norte. Toussaint mostrou-se
hesitante e trabalhou como criado e cocheiro no engenho em que cresceu.
Inicialmente Toussaint era contra a ampla destruição e o derramamento de
sangue que estava sendo realizado pelos revoltosos. Passou muitos meses
mantendo em ordem os escravos de seu antigo senhor e impedindo que os
trabalhadores revolucionários ateassem fogo no engenho. Ficou claro que
todos os brancos estavam ameaçados. À medida que a insurreição crescia,
Toussaint ajudou a família de seu ex-senhor a fugir, mandando também sua
própria família para um local seguro, em Santo Domingo. Em seguida passou
para o campo dos escravos rebelados. Homem maduro, que se aproximava dos
50 anos, ele em breve percebeu a inépcia dos líderes rebeldes e sua disposição
de chegar a um acordo com os brancos radicais.
A importante posição de cocheiro livre e negro permitiu-lhe servir como
elemento de ligação entre os senhores de engenho brancos e os escravos
rebelados. Conseguiu obter do governador um passe que lhe permitia viajar de
um engenho a outro e disseminar idéias revolucionárias, embora cuidasse de
manter sua participação fora do conhecimento das autoridades brancas.6 A
proeminência de Toussaint aumentou entre os líderes revolucionários até ele
se tornar o líder inconteste do movimento. Sua famosa Declaração de Camp
Turel, em 29 de agosto de 1793, serve como prova de que suas ideias atuariam
como um modelo para a futura independência de Saint-Domingue. Ele
advogava especificamente um estado militar que preservasse a liberdade
absoluta para todos os cidadãos.7
8. Recorrendo a sua ampla experiência na administração e na liderança,
Toussaint reuniu rapidamente um grupo de seguidores, treinando-os em táticas
de guerrilha, mas insistindo também na disciplina e na ordem. Em 1793
tornou-se auxiliar de Georges Biassou e subiu rapidamente de posto. O
exército de negros foi bem sucedido contra as forças européias, atingidas pela
febre amarela e sob um comando ineficaz.
Após a execução de Luís XVI e a irrupção das Guerras Revolucionárias
Francesas, quando a França entrou em guerra contra a Grã-Bretanha e a
Espanha, inúmeros comandantes negros do norte juntaram-se ao exército de
Santo Domingo, liderado pelos espanhóis e que combateram os franceses.
Reconhecido como general, Toussaint demonstrou extraordinária capacidade
militar e atraiu guerreiros renomados, tais como seu sobrinho Moïse e dois
futuros monarcas do Haiti, Jean Jacques Dessaline e Henry Christophe. Foi
então que ganhou o apelido de L´Ouverture (“abertura”), que adotou, mas que
pronunciava Louverture.8 Explorou brechas nas defesas da oposição e mais
tarde, naquele mesmo ano, os britânicos conseguiram controlar a maioria dos
estabelecimentos litorâneos de Saint-Domingue, incluindo Port-au-Prince.
As vitórias alcançadas por Toussaint Louverture no norte de Saint-Domingue,
juntamente com os sucessos independentes das pessoas de cor no sul e a
ocupação do litoral pelos britànicos, levaram os franceses à beira do desastre.
Em 1793, Léger-Félicité Sonthonax e Étienne Polverel, representantes do
governo revolucionário francês em Paris, ofereceram a liberdade aos escravos
que se juntassem a eles, em seus esforços para derrotar os contra-
revolucionários e lutar contra os invasores estrangeiros. Em 4 de fevereiro de
1794 a Convenção Nacional dos Jacobinos, em Paris, confirmou as ordens de
emancipação, que aboliam a escravidão em todos os territórios da República
Francesa.
Em maio de 1794, Toussaint Louverture decidiu aliar-se aos franceses,
justificando sua decisão diante do fracasso da Espanha e da Grã-Bretanha em
libertar os escravos. Declarou que havia se tornado republicano, após alinhar-
se à realeza. Toussaint Louverture tem sido criticado pelo tratamento que
dispensou a seus antigos aliados, bem como pelo assassinato em massa de
9. soldados espanhóis. A mudança de Toussaint Louverture foi decisiva para que
a França recuperasse o controle sobre Saint-Domingue.
Étienne Laveaux, o governador de Saint-Domingue, tornou Toussaint
Louverture General de Brigada. Ele conseguiu impor sérios reveses aos
britânicos e expulsou os espanhóis. Sob a influente liderança de Toussaint
Louverture, cada vez maior, o exército francês, composto por soldados negros,
mulatos e brancos, derrotou as forças britânicas e espanholas. O exército de
Toussaint Louverture venceu várias batalhas contra as forças espanholas, em
maio de 1794, e recuperou os fortes de Cordon de l´Ouest. Ele também
combateu a sublevação de Pinchinat, um líder que era gen de couleur ou
mulato.
Campanha de apoio à Revolução Francesa
Campanha de apoio à Revolução Francesa
Em 1795 Toussaint Louverture era amplamente reconhecido, reverenciado
pelos negros e apreciado pela maioria dos brancos e das pessoas de cor por
ajudar a restaurar a economia de Saint-Domingue. Convidou muitos senhores
de engenho, que haviam emigrado, a retornar, pois tinha consciência de que
sua capacidade administrativa e sua perícia técnica eram necessárias para
10. promover a economia e gerar renda. Recorreu à disciplina militar para forçar
ex-escravos a trabalhar como assalariados nos engenhos, a fim de que estes
voltassem a funcionar. Acreditava que as pessoas eram naturalmente
imperfeitas e que era necessário disciplina para impedir a preguiça. Não
permitiu mais que os trabalhadores fossem chicoteados.
Eles eram legalmente livres e iguais, além do que compartilhariam os lucros
produzidos pelos engenhos recuperados. As tensões raciais afrouxaram porque
Toussaint pregava a reconciliação e acreditava que para os negros, a maioria
dos quais nascidos na África, havia lições a serem aprendidas com os brancos
e as pessoas de cor, entre os quais muitos tinham sido educados na França e,
frequentemente, treinados como militares.
O governador francês Laveaux partiu de Saint-Domingue em 1796. Foi
sucedido por Léger Félicité Sonthonax, comissário francês extremista, que já
havia servido na ilha. Este permitiu que Toussaint Louverture governasse
efetivamente e promoveu-o a General de Divisão.
Toussaint foi repelido, ao apresentar suas propostas radicais de exterminar
todos os europeus. Julgava ofensivos o ateísmo, a rudez e a imoralidade de
Sonthonax. Após algumas manobras, Toussaint Louverture forçou a partida de
Sonthonax, em 1797.
Os próximos a partir foram os britânicos, cujas perdas os levaram a negociar
secretamente com Toussaint Louverture. Os tratados realizados em 1798 e
1799 asseguraram sua completa retirada. Toussaint Louverture promoveu um
intercâmbio comercial lucrativo com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Em
troca de armas e mercadorias, Toussaint Louverture vendeu açúcar e prometeu
não invadir a Jamaica e o sul dos Estados Unidos. Os britânicos se ofereceram
para reconhecê-lo como rei de um Saint-Domingue independente. Ele
recusou, pois desconfiava dos britânicos, já que eles mantinham a escravidão.
Os britânicos retiraram-se de Saint-Domingue em 1798.
Em breve Toussaint Louverture livrou-se de outro superior francês nominal,
Gabriel Hédouville, que chegara em 1798 como representante do governo da
11. França. Consciente de que a França não tinha a menor possibilidade de
restaurar o colonialismo enquanto prosseguisse a guerra contra a Grã-
Bretanha, Hédouville tentou intrigar Toussaint Louverture com André Rigaud,
o líder de cor que comandava um estado semi-independente no sul. Toussaint
Louverture, entretanto, percebeu quais eram as intenções de Hédouville e
forçou-o a partir.
Hédouville foi sucedido por Philippe Roume, que acatou o governador negro.
Toussaint Louverture eliminou André Rigaud por meio de uma sangrenta
campanha, em outubro de 1799, que o forçou a fugir para a França. Seu
estado, governado por pessoas de cor, foi conquistado.
Jean-Jacques Dessalines levou adiante uma repressão tão brutal no sul que a
reconciliação com as pessoas de cor tornou-se impossível. Muitos refugiados
abandonaram o país, incluindo milhares que foram para Nova Orléans,
Louisiana e se somaram às pessoas livres de cor e aos povos africanos que ali
estavam.
Em 2 de maio de 1799 Toussaint Louverture assinou um tratado de comércio
com os britãnicos e os americanos. Nos Estados Unidos, Alexander Hamilton
lhe prestava grande apoio, mas depois que Thomas Jefferson tornou-se
presidente em 1801, ele reverteu a amistosa política americana.
Assim que alcançou o controle sobre todo Saint-Domingue, Toussaint
Louverture voltou-se para o Santo Domingo espanhol, onde a escravidão
persistia. Na colônia a escala da escravidão jamais fora tão grande quanto em
St. Domingue e os engenhos e a agricultura não eram tão numerosos.
Ignorando os mandados de Napoleão Bonaparte, que se tornara primeiro
cônsul da Fraça, Toussaint Louverture derrubou o governo espanhol em
janeiro de 1801, assumiu oficialmente o controle no dia 24 e libertou os
escravos.
Toussaint Louverture constituiu um comitê para escrever uma constituição
para a ilha, agora unida. Isto ocorreu em 7 de julho de 1801 e ele estabeleceu
sua autoridade sobre toda a ilha de Hispaniola.
12. A campanha de Leclerc e a prisão de Ouverture
A expedição de Saint-Domingue
Agora no comando de toda a ilha, Toussaint Louverture promulgou uma
constituição que o tornava governador-geral vitalício, com poderes quase
absolutos. O catolicismo tornou-se religião de Estado e muitos princípios
revolucionários foram ostensivamente sancionados. Não havia, porém,
previsões para funcionários da França, mas Toussaint Louverture proclamou-
se francês e empenhou-se em convencer Bonaparte de sua lealdade. Escreveu
a Napoleão nos seguintes termos: “Do Primeiro dos Negros ao Primeiro dos
Brancos”.9 Bonaparte confirmou a posição de Toussaint Louverture, mas o
considerava um obstáculo à restauração de Saint-Domingue como uma
colônia lucrativa, pois os senhores de engenho refugiados o haviam
convencido da necessidade do trabalho escravo.
Negando que pretendia reintroduzir a escravidão, Napoleão enviou seu
cunhado, o General Charles Leclerc, com milhares de soldados e inúmeros
navios de guerra para recuperar o controle da ilha, em 1802. Leclerc
desembarcou no dia 20 de janeiro e avançou contra Toussaint Louverture. Ao
longo dos meses seguintes, as forças de Toussaint Louverture combateram os
franceses, mas alguns de seus oficiais desertaram e se juntaram a Leclerc.
Outros se aliaram a líderes negros, chefes como Dessalines e Christophe. Em
7 de maio de 1802 Toussaint Louverture assinou um tratado com os franceses
em Cap Haitien, sob a condição de que não haveria retorno à escravidão.
Toussaint Louverture retirou-se para sua fazenda em Ennery. Após três
semanas, Leclerc enviou seus soldados para se apoderarem dele e de sua
família. Deportou-os para a França como cativos em um navio de guerra, pois
desconfiava de que o antigo líder conspirava e planejava um levante. Eles
chegaram à França no dia 2 de julho. No dia 25 de agosto de 1802 Toussaint
Louverture foi mandado para a prisão, no Fort de Joux, no Doubs.
Lá ele foi confinado e interrogado repetidamente. Morreu de pneumonia em
abril de 1803. Uma placa, em sua memória, se encontra no Panthéon, em
Paris.
13. Significado histórico
Toussaint Louverture exerceu um papel fundamental na primeira tentativa
bem sucedida, empreendida por uma população escrava nas Américas e no
mundo, tendo por objetivo sacudir o jugo do colonialismo europeu. Derrotou
os exércitos de três poderes imperiais: Espanha, França e Grã-Bretanha. O
sucesso da revolução haitiana exerceu efeitos duradouros, ao abalar a
instituição da escravidão em todo o Novo Mundo. O Haiti tornou-se a segunda
república independente de todo o Hemisfério Ocidental.
“Ao me derrubarem, vós cortastes apenas o tronco da árvore da liberdade; ela
brotará novamente de suas raízes, pois são muitas e profundas”
Após ser aprisionado pelo general francês Leclerc e no navio, a caminho da
França, Toussaint Louverture preveniu seus capturadores de que os rebeldes
não cometeriam seu erro por meio das seguintes palavras: “Ao me
derrubarem, vós cortastes apenas o tronco da árvore da liberdade; ela brotará
novamente de suas raízes, pois são muitas e profundas”.10
Casamentos e filhos
14. Toussaint Louverture teve três filhos legítimos. De seu casamento com
Suzanne Simone Baptiste Louverture nasceram Isaac e Saint Jean. Toussaint
também adotou Seraphin (conhecido mais tarde como Placide Louverture),
que era filho de Suzanne Louverture. Alegou-se também que Toussaint teve
filhos fora de seu casamento.
Seraphin ou Placide Louverture foi o primeiro filho de Suzanne Louverture,
que ela teve com o mulato Seraphim Le Clerce (algumas fontes afirmam que o
nome do pai de Placide era Séraphin Clère). Placide foi adotado por
Toussaint, que sempre o tratou como se fosse seu próprio filho.
Outras fontes afirmam que Placide era filho de Toussaint com Suzanne,
nascido antes de eles se casarem.
Placide e Isaac Louverture foram enviados à França em 1797 para ali
estudarem. Em certo sentido, eles foram feitos reféns por oficiais franceses
durante os prolongados anos de batalhas. Regressaram a Saint-Domingue em
fevereiro de 1802, com as forças do general francês Charles Leclerc.
Napoleão Bonaparte dera ordens para expulsar os irmãos Louverture da
França e levá-los de volta a Saint-Domingue.
Em 1802 Le Clerc deportou Toussaint Louverture, sua esposa e os três filhos
para a França, onde foram mantidos em regiões separadas. Toussaint
Louverture foi aprisionado em Fort de Joux.
Referências culturais
O poeta inglês William Wordsworth publicou seu soneto “To Toussaint
L’Ouverture” em janeiro de 1803.
Alphonse de Lamartine, destacado poeta e estadista francês do início do
século 19, escreveu uma peça em versos sobre Toussaint, intitulada Toussaint
Louverture: um poema dramático em cinco atos (1850).
Em 1936, o historiador de Trinidad C. L. R. James escreveu uma peça
intitulada Toussaint Louverture (mais tarde revisada e com novo título, Os
jacobinos negros), que foi encenada no Westminster Theatre, em Londres,
15. interpretada por grandes atores, incluindo Paul Robeson, no papel principal,
Robert Adams e Orlando Martins.11
Em 1938, C. L. R. James também escreveu Os jacobinos negros: Toussaint
L´Ouverture e a revolução de San Domingo. Este livro é considerado uma
obra fundamental sobre Louverture e a revolução.
Em 1938, o artista americano Jacob Lawrence criou uma série de pinturas
sobre a vida de Toussaint Louverture, que mais tarde adaptou para uma série
de gravuras. Sua tela intitulada Toussaint Louverture se encontra no Butler
Institue of American Art, em Youngstown, Ohio, Estados Unidos.
Lydia Bailey (1947), romance muito bem sucedido de autoria de Kenneth
Roberts, se passa durante a revolução haitiana e dele constam L´Ouverture,
Dessalines e Christophe como os principais personagens históricos. Em 1952
o filme baseado no romance foi dirigido por Jean Negulesco. Toussaint foi
interpretado pelo ator Ken Renard.
No romance de Frank Webb, The Garies and their Friends, o retrato de
Toussaint é uma fonte de inspiração para o magnata Mr. Walters.
No disco de 1971, “Santana (III)”, há uma canção quase instrumental (a letra é
mínima), intitulada “Toussaint L´Ouverture”. Desde aquela época a canção é
obrigatória, no repertório da banda. Versões instrumentais constam do disco
“Lotus” (1974), bem como no relançamento em CD (1998), da Abraxas.
A canção “Tribute to the Martyrs” (1979), pelo grupo britânico de reggae
Steel Pulse, que consta do disco do mesmo nome, menciona Toussaint
Louverture como um dos heróis negros mártires da cultura moderna,
juntamente com Steve Biko, Paul Gogle, George Jackson, Marcus Garvey,
Martin Luther King. Jr. e Malcolm X.
Entre 1995-2004, Madison Smart Bell publicou uma trilogia de romances
inspirados na rebelião escrava e na revolução haitiana, tendo Toussaint
Louverture como personagem principal. All Souls´Rising (A sublevação de
todas as almas) (1995) foi indicado para os prêmios PEN/Faulkner e National
Book. Master of the Crossroads (Senhor das encruzilhadas) (2000) e The
Stone That the Builder Refused (A pedra que o construtor recusou) (2004)
completaram a trilogia
16. Bell também publicou Freedom´s Gate:A Brief Life of Toussaint L´Ouverture
(O portal da liberdade: Uma curta vida de Toussaint L´Ouverture (2007).
O ator Danny Glover, em junho de 2007, planejou dirigir um filme sobre
Toussaint.13
Notas de rodapé
1. ^ a b Knight, Franklin W. (1990). The Caribbean: The Genesis of a
Fragmented Nationalism (2nd ed.). New York: Oxford University Press. pp.
206-209. ISBN 0-19-505441-5.
2. ^ “Toussaint L’Ouverture”, HyperHistory, accessado em 27 de abril de 2008
3. ^ David Brion Davis, “He changed the New World”, Review of Madison
Smartt Bell’s Toussaint Louverture: A Biography, The New York Review of
Books, 31 de maio de 2007, p. 55
4. ^ “Toussaint Louverture: A Biography and Autobiography: Electronic
Edition.”. University of North
Carolina.http://docsouth.unc.edu/neh/beard63/beard63.html. Consultado em
22 de agosto de 2007.
5. ^ a b c Rogozinski, Jan (2001). A Brief History of the Caribbean (Revised
ed.). New York: Facts on File, Inc.. pp. 170-173. ISBN 0-8160-3811-2.
6. ^ Fick, Carolyn, The Making of Haiti. Knoxville: The University of
Tennessee Press, 1990. p. 92.
7. ^ Trouillot, Michel-Rolph. Haiti: State Against Nation. New York: Monthly
Review Press, 1990. p.43.
8. ^ Harry Hamilton Johnston, The Negro in the New World, 1910 p.157
9. ^ R. Po-chia Hsia, Lynn Hunt, Thomas R. Martin, Barbara H. Rosenwein &
Bonnie G. Smith, The Making of the West, Peoples and Culture, A Concise
History, Volume II: Since 1340, segunda edição (New York: Bedford/St.
Martin’s, 2007), 669.
10.^ Abbott, Elizabeth (1988). Haiti: An insider’s history of the rise and fall of
the Duvaliers. Simon & Schuster. p. viii ISBN 0-671-68620-8
11.^ McLemee, Scott. “C.L.R. James: A Biographical Introduction.” American
Visions, April/May 1996.http://www.mclemee.com/id84.html
17. 12.^ Lydia Bailey (1952)
13.^ [1] LouvatureismyHero.com
Referências
Madison Smartt Bell. “Toussaint Louverture: A Biography” (New York:
Pantheon, 2007).
David Brion Davis. “He changed the New World” Resenha de M.S. Bell’s
“Toussaint Louverture: A Biography”, The New York Review of Books, 31
de maio de 2007, pp. 54-58.
Laurent Dubois and John D. Garrigus. Slave Revolution in the Caribbean,
1789-1804: A Brief History with Documents (2006)
Junius P. Rodriguez, ed. Encyclopedia of Slave Resistance and Rebellion.
Westport, CT: Greenwood, 2006.
Graham Gendall Norton – Toussaint Louverture, in History Today, abril 2003.
Arthur L. Stinchcombe. Sugar Island Slavery in the Age of Enlightenment:
The Political Economy of the Caribbean World (1995).
Ian Thomson. ‘Bonjour Blanc: A Journey Through Haiti’ (London, 1992). Um
apanhado historica e politicamente engajado, vívido e picaresco; informações
paralelas sobre a carreira de Louverture.
Martin Ros – The Night of Fire: The Black Napoleon and the Battle for Haiti
(1991).
DuPuy, Alex. Haiti in the World Economy: Class, Race, and
Underdevelopment since 1700 (1989).
Alfred N. Hunt. Haiti’s Influence on Antebellum America: Slumbering
Volcano in the Caribbean (1988).
Aimé Cesaire – Toussaint Louverture (Paris, 1981). De autoria de um
proeminente pensador francês, este livro é bem escrito, bem pesquisado e
contém sólidas argumentações.
Robert Heinl and Nancy Heinl – Written in Blood: The story of the Haitian
people, 1492-1971 (1978). Um tanto inábil, mas repleto de citações de fontes
originais.
Thomas Ott – The Haitian Revolution: 1789-1804 (1973). Resumido, mas
bem pesquisado.
18. George F. Tyson, ed. – Great Lives Considered: Toussaint L’Ouverture
(1973). Uma compilação, inclui alguns dos escritos de Toussaint.
Ralph Korngold – Citizen Toussaint (1944, reeditado em 1979).
J. R. Beard – The Life of Toussaint L’Ouverture: The Negro Patriot of Hayti
(1853). No prelo. Uma história pró-Toussaint, escrita por um inglês. ISBN
1587420104
J. R. Beard – Toussaint L’Ouverture: A Biography and Autobiography (1863).
Esgotado, mas publicado on line. Consiste de “Life”, publicado anteriormente,
complementado por uma autobiografia de Toussaint. .
Victor Schoelcher – Vie de Toussaint-Louverture (1889). Biografia escrita por
um abolicionista francês com boa formação, levando em consideração a época
em que viveu, com generosas citações de fontes originais, mas ainda assim
envolvente e de leitura agradável. É importante como fonte para muitos outros
biógrafos, incluindo C. L. R. James.
F. J. Pamphile de Lacroix – La révolution d’Haïti (1819, reeditado em 995).
Memórias de um dos generais franceses envolvidos nas lutas contra Toussaint.
Ele, o que é surpreendente, tinha seu rival em alta conta e escreveu uma
história do conflito longa, bem documentada e, em geral, digna de muita
consideração. .
Toussaint L’Ouverture – The Haitian Revolution (New York: Verso, 2008).
Coletânea de escritos e discursos de L´Ouverture, com introdução de autoria
de Jean-Bertrand Aristide. ISBN 1844672611
Links externos
Toussaint L’Ouverture: A Biography and Autobiography by J. R. Beard, 1863
A section of Bob Corbett’s on-line course on the history of Haïti that deals
with Toussaint’s rise to power.
The Louverture Project
Toussaint Louverture
Memoir of Toussaint Louverture, Written by Himself
Toussaint at the Internet Movie Database
Voodoo Democracy: Toussaint L’Ouverture and Democracy in Haiti
https://pt.scribd.com/document/56588530/Trabalhos-Historia-Da-Maconaria-No-Haiti
19. “Égalité for All: Toussaint Louverture and the Haitian Revolution”. Noland
Walker. PBS documentary. 2009.
Copiado de http://en.wikipedia.org/wiki/Toussaint_Louverture“