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Aula 3
Kalecki
Profa. Eliana Tadeu Terci
Kalecki
• Recebe influência de Marx e Keynes,
• preocupado em entender a dinâmica econômica:
desemprego, distribuição de renda → como as
economias capitalistas crescem? Quais as causas
das oscilações cíclicas nestas economias? Por que
elas crescem de maneira cíclica?
• Princípio da demanda efetiva
• Duas diferenças com Keynes: longo prazo e
classes sociais
Ou seja, importa saber como a produção se comporta ao longo
do tempo: tendência crescente, movimento cíclico (dinâmica) e
o nível de produção periódico (estática)
Kalecki
• Determinação dos Lucros, Salários e Renda Nacional: considera duas classes
sociais – capitalistas e trabalhadores
• DI = bens de capital
DII = bens de consumo para capitalistas
DIII = bens de consumo para trabalhadores
Lucros totais
Salários totais
renda
nacional
renda nacional
Trabalhadores gastam toda renda em consumo – W = Cw
Se P + W = I + Cc + W , então P = I + Cc
Capitalistas ganham o que gastam
Assim, não será somente o gasto com investimento que determina o crescimento.
DI DII DIII
P1
W1
P2
W2
P3
W3
P
W
I Cc Cw Y
Kalecki
Salários e Lucros
• Visão clássica – maiores salários < lucros, porém (capacidade
ociosa):
 Se os salários aumentarem, os lucros em DIII (P3) aumentarão na
proporção de W1 + W2 e cairão em DI e DII na mesma proporção =
transferência de renda de I e II para III (143)
 DIII aumentará suas encomendas a DI e todos se beneficiarão
• Se a produção de DIII depende do volume dos salários (supondo
poupança = 0) quanto > volume de salários > produção em DIII;
Se o volume dos salários depende da produção e a produção de DIII
depende do volume dos salários, a elevação do volume de
empregos e salários em DIII dependem do crescimento da
produção em DI e DII, portanto, o volume total de salários é
determinado também pelo investimento e consumo dos
capitalistas.
Kalecki
• RENDA NACIONAL E DETERMINANTES DO LUCRO:
considerando governo e comércio exterior:
• Y = I + Cc + Cw + EX + G
• G = déficit orçamentário e não interessa utilizá-lo para
eliminar o desemprego, pois (1) aumenta poder de
barganha dos trabalhadores e (2) diminui o poder
decisório dos capitalistas
• Determinantes do Investimento:
-taxa de juros de curto ( r depende do volume de
transações) e longo prazo (i projeções) geralmente i > r
- patrimônio líquido
- decisão de investir?
Kalecki
* capital fixo – poupança (reservas e poupança
dos capitalistas) e da variação da taxa de juros e
negativamente do estoque de capital (? 148/149)
* estoque de capital – porque investem mesmo
havendo capacidade ociosa? (150)
• Determinantes do Consumo
• Cw – próximo ao nível de subsistência, depende de
sua organização política
• Cc = A + qP (lucros passados), considera-se que qP< 1,
portanto o consumo tem menor peso no crescimento
da renda e do lucro
Kalecki
• Determinante do saldo das exportações:
 Política de restrições – pode conduzir a recessão
 Política cambial – inflação e protecionismo
 Colonialismo
• Determinantes do déficit orçamentário
 Deve ser solidária ao processo da livre empresa, nunca concorrente
• Países Subdesenvolvidos – problemas institucionais e políticos
subutilização da força de trabalho (problema de oferta), necessidade
de investimento em capital fixo:
I. Desinteresse do investimento privado
II. Deficiência de recursos
III. Se i e ii forem resolvidos, pode haver problema de abastecimento
• Planejamento.
Kalecki
• Socialismo x capitalismo
• Capacidade ociosa e desemprego revelam a
irracionalidade do sistema, de acordo com Kalecki
• Defende que o planejamento é a melhor solução,
apesar dos riscos defende a democratização das
decisões e inclusão social
• Nas economias socialistas como direcionar o
investimento? Consumo ou investimento? Se o
objetivo for ampliar a renda, deve ser em bens de
investimento.
Luta de classe e distribuição da renda
nacional
I – questão: elevação dos salários → ↓ lucros na
mesma importância?
- trabalhadores gastam toda renda em DIII
- capitalistas decidem gastos antes do ↑ salarial
- lei de Say
• ↑ geral dos salários → ↑ consumo em DIII = α (w¹ +
w²) e ↑ lucros em DIII = α (w¹ + w²) {ou ↑ oferta ou
preços}
• Em DI e DII → ↑ dos salários = α (w¹ + w²) → ↓
lucros = α (w¹ + w²)
• Portanto: não há distribuição de renda no curtíssimo
prazo
Luta de classe e distribuição da renda
nacional
II – questão: o que ocorre aos preços dos bens
de DI e DII?
- considerando a hipótese da concorrência
perfeita, no curtíssimo prazo, não se alteram,
mas no curto período subsequente: ↑ dos
salários = α (w¹ + w²) → ↑ preços (custo de
produção de DI e DII) na mesma proporção.
Luta de classe e distribuição da
renda nacional
III – considerando a concorrência imperfeita:
Preços = u { 1 + f ( pp )
p
• Se ↑ salários = 1 + α vezes → ↑ u e se não se
alterar a f → ↑ preços.
• Havendo sindicatos fortes: ↑ salários, se não
mexer em f → ↑ preços → nova pressão sindical
→ ↑ salários, se não mexer em f → ↑ preços →
nova pressão sindical ... até preços se tornarem
pouco competitivos → empresas ↑ salários e ↓ f
mantendo os preços → assim há distribuição de
renda de lucros para salários.
Luta de classe e distribuição da
renda nacional
• Fator contrabalançador negativo:
- como preços não são estáveis, é possível
repassar aos consumidores;
- f podem voltar as posições antigas se ↑
produtividade do trabalho.
• Fator contrabalançador positivo - como há
capacidade ociosa:
- se ↑ salarial refletindo o poder sindical → ↑
consumo em DIII → ↑ produção em DIII → ↑
emprego em DIII → ↑ montante dos salários + do
que as taxas de salários.
Luta de classe e distribuição da
renda nacional
• Outras ações que garantiriam a distribuição de
renda:
- congelamento de preços;
- subsídios à produção dos bens de primeira
necessidade com tributação sobre os lucros
Referências
• ARAÚJO, CARLOS ROBERTO VIEIRA (1995).
História do Pensamento Econômico - Uma
abordagem introdutória. SP, Ed. Atlas
• KALECKI, MICHAL (1980). Crescimento e Ciclo
das Economias Capitalistas. ZAHAR Editores,
RJ, cap. 8 e 9 (pg. 71 a 101)
• COLEÇÃO OS ECONOMISTAS. Abril Cultural,
1982.

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Kalecki e a determinação dos lucros, salários e renda nacional

  • 2. Kalecki • Recebe influência de Marx e Keynes, • preocupado em entender a dinâmica econômica: desemprego, distribuição de renda → como as economias capitalistas crescem? Quais as causas das oscilações cíclicas nestas economias? Por que elas crescem de maneira cíclica? • Princípio da demanda efetiva • Duas diferenças com Keynes: longo prazo e classes sociais
  • 3. Ou seja, importa saber como a produção se comporta ao longo do tempo: tendência crescente, movimento cíclico (dinâmica) e o nível de produção periódico (estática)
  • 4. Kalecki • Determinação dos Lucros, Salários e Renda Nacional: considera duas classes sociais – capitalistas e trabalhadores • DI = bens de capital DII = bens de consumo para capitalistas DIII = bens de consumo para trabalhadores Lucros totais Salários totais renda nacional renda nacional Trabalhadores gastam toda renda em consumo – W = Cw Se P + W = I + Cc + W , então P = I + Cc Capitalistas ganham o que gastam Assim, não será somente o gasto com investimento que determina o crescimento. DI DII DIII P1 W1 P2 W2 P3 W3 P W I Cc Cw Y
  • 5. Kalecki Salários e Lucros • Visão clássica – maiores salários < lucros, porém (capacidade ociosa):  Se os salários aumentarem, os lucros em DIII (P3) aumentarão na proporção de W1 + W2 e cairão em DI e DII na mesma proporção = transferência de renda de I e II para III (143)  DIII aumentará suas encomendas a DI e todos se beneficiarão • Se a produção de DIII depende do volume dos salários (supondo poupança = 0) quanto > volume de salários > produção em DIII; Se o volume dos salários depende da produção e a produção de DIII depende do volume dos salários, a elevação do volume de empregos e salários em DIII dependem do crescimento da produção em DI e DII, portanto, o volume total de salários é determinado também pelo investimento e consumo dos capitalistas.
  • 6. Kalecki • RENDA NACIONAL E DETERMINANTES DO LUCRO: considerando governo e comércio exterior: • Y = I + Cc + Cw + EX + G • G = déficit orçamentário e não interessa utilizá-lo para eliminar o desemprego, pois (1) aumenta poder de barganha dos trabalhadores e (2) diminui o poder decisório dos capitalistas • Determinantes do Investimento: -taxa de juros de curto ( r depende do volume de transações) e longo prazo (i projeções) geralmente i > r - patrimônio líquido - decisão de investir?
  • 7. Kalecki * capital fixo – poupança (reservas e poupança dos capitalistas) e da variação da taxa de juros e negativamente do estoque de capital (? 148/149) * estoque de capital – porque investem mesmo havendo capacidade ociosa? (150) • Determinantes do Consumo • Cw – próximo ao nível de subsistência, depende de sua organização política • Cc = A + qP (lucros passados), considera-se que qP< 1, portanto o consumo tem menor peso no crescimento da renda e do lucro
  • 8. Kalecki • Determinante do saldo das exportações:  Política de restrições – pode conduzir a recessão  Política cambial – inflação e protecionismo  Colonialismo • Determinantes do déficit orçamentário  Deve ser solidária ao processo da livre empresa, nunca concorrente • Países Subdesenvolvidos – problemas institucionais e políticos subutilização da força de trabalho (problema de oferta), necessidade de investimento em capital fixo: I. Desinteresse do investimento privado II. Deficiência de recursos III. Se i e ii forem resolvidos, pode haver problema de abastecimento • Planejamento.
  • 9. Kalecki • Socialismo x capitalismo • Capacidade ociosa e desemprego revelam a irracionalidade do sistema, de acordo com Kalecki • Defende que o planejamento é a melhor solução, apesar dos riscos defende a democratização das decisões e inclusão social • Nas economias socialistas como direcionar o investimento? Consumo ou investimento? Se o objetivo for ampliar a renda, deve ser em bens de investimento.
  • 10. Luta de classe e distribuição da renda nacional I – questão: elevação dos salários → ↓ lucros na mesma importância? - trabalhadores gastam toda renda em DIII - capitalistas decidem gastos antes do ↑ salarial - lei de Say • ↑ geral dos salários → ↑ consumo em DIII = α (w¹ + w²) e ↑ lucros em DIII = α (w¹ + w²) {ou ↑ oferta ou preços} • Em DI e DII → ↑ dos salários = α (w¹ + w²) → ↓ lucros = α (w¹ + w²) • Portanto: não há distribuição de renda no curtíssimo prazo
  • 11. Luta de classe e distribuição da renda nacional II – questão: o que ocorre aos preços dos bens de DI e DII? - considerando a hipótese da concorrência perfeita, no curtíssimo prazo, não se alteram, mas no curto período subsequente: ↑ dos salários = α (w¹ + w²) → ↑ preços (custo de produção de DI e DII) na mesma proporção.
  • 12. Luta de classe e distribuição da renda nacional III – considerando a concorrência imperfeita: Preços = u { 1 + f ( pp ) p • Se ↑ salários = 1 + α vezes → ↑ u e se não se alterar a f → ↑ preços. • Havendo sindicatos fortes: ↑ salários, se não mexer em f → ↑ preços → nova pressão sindical → ↑ salários, se não mexer em f → ↑ preços → nova pressão sindical ... até preços se tornarem pouco competitivos → empresas ↑ salários e ↓ f mantendo os preços → assim há distribuição de renda de lucros para salários.
  • 13. Luta de classe e distribuição da renda nacional • Fator contrabalançador negativo: - como preços não são estáveis, é possível repassar aos consumidores; - f podem voltar as posições antigas se ↑ produtividade do trabalho. • Fator contrabalançador positivo - como há capacidade ociosa: - se ↑ salarial refletindo o poder sindical → ↑ consumo em DIII → ↑ produção em DIII → ↑ emprego em DIII → ↑ montante dos salários + do que as taxas de salários.
  • 14. Luta de classe e distribuição da renda nacional • Outras ações que garantiriam a distribuição de renda: - congelamento de preços; - subsídios à produção dos bens de primeira necessidade com tributação sobre os lucros
  • 15. Referências • ARAÚJO, CARLOS ROBERTO VIEIRA (1995). História do Pensamento Econômico - Uma abordagem introdutória. SP, Ed. Atlas • KALECKI, MICHAL (1980). Crescimento e Ciclo das Economias Capitalistas. ZAHAR Editores, RJ, cap. 8 e 9 (pg. 71 a 101) • COLEÇÃO OS ECONOMISTAS. Abril Cultural, 1982.