O documento descreve a história da urbanização no Brasil desde o século XVI, com o surgimento das primeiras cidades, até o crescimento acelerado a partir do século XX. Também aborda as diferentes etapas do processo de urbanização e a formação de grandes metrópoles como São Paulo e o Rio de Janeiro.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
DEPARTAMENTO DE PROJETO, HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO
Turma A (AUR051)
Prof.: LUCIANE TASCA
Planejamento Urbano e Regional
UNIDADE 02
A Urbanização no Brasil: o processo geral
A Urbanização Pretérita
Durante séculos o Brasil com um todo apresenta-se como um país
essencialmente agrícola, sendo toda a nossa história a de uma
sociedade de lavradores e pastores.
No começo a cidade era bem mais uma emanação de poder longínquo,
uma vontade de marcar presença num país distante.
O geógrafo Milton Santos aponta (conforme Hoselitz, 1960) que as
cidades no Brasil cresceram como “flor exótica”, sendo sua evolução
atrelada aos fatores políticos e econômicos.
Etapas de Organização do Território
Brasileiro
De modo geral, porém, é a partir do século XVIII que a urbanização se
desenvolve e “a casa torna-se a residência mais importante do
fazendeiro ou do senhor de engenho, que só vai à sua propriedade rural
no momento do corte e da moenda da cana” (Bastide, 1978).
O processo de urbanização no Brasil iniciou-se em 1532 com a fundação
da Vila de São Vicente, no litoral paulista. Salvador, a primeira cidade
brasileira, foi fundada em 1549.
O primeiro surto de urbanização verificou-se no século XVIII, com o ciclo
da mineração.
A atividade mineradora contribuiu para esse processo por vários
motivos: provocou a transferência da capital da Colônia (de Salvador
para o Rio de Janeiro – 1763) e o deslocamento do eixo produtivo do
Nordeste açucareiro para o Sudeste aurífero, originando inúmeras vilas
e cidades (Vila Rica, Mariana, São João del Rei, Diamantina, Cuiabá e
outras) e promovendo a interiorização do crescimento econômico do
País.
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O processo pretérito de criação de cidades tratava-se, conforme Milton
Santos (2005), muito mais da geração de cidades que mesmo de um
processo de urbanização.
Subordinado a uma economia natural, as relações entre lugares eram
fracas, inconstantes, num país com tão grandes dimensões territoriais.
Mesmo assim, a expansão da agricultura comercial e a exploração
mineral foram a base de um povoamento e uma criação de riquezas
redundando na ampliação da vida de relações e no surgimento de
cidades no litoral e no interior.
É todavia no final do século XIX que se conhece a aceleração do
fenômeno sendo que a população sobe de 9,9 milhões para 14,3
milhões, crescendo mais de 40% em apenas 15 anos.
A Urbanização Brasileira tem dois
momentos importantes
Antes de 1940-50: no qual o papel das funções administrativas tem, na
maior parte dos estados, uma significação preponderante.
Após 1940-50: no qual os nexos econômicos ganham enorme relevo, e
se impõe às dinâmicas urbanas na totalidade do território.
Pode-se dizer que a base econômica da maioria das capitais de estado
eram, até o fim da Segunda Guerra Mundial, fundadas na agricultura
que se realizava em sua zona de influência e nas funções
administrativas públicas e privadas, mas, sobretudo, públicas.
A Urbanização Brasileira tem dois
momentos importantes
O processo de urbanização no Brasil ganhou intensidade a partir da
década de 1950, devido à industrialização e à modernização das
atividades agrárias.
Em 1940, apenas 31% dos brasileiros viviam em cidades, contra 69% no
meio rural. Em 1980, a situação inverteu-se: 67,5% estavam vivendo em
cidades, e apenas 32,5% na área rural.
Desde o início do processo de colonização, as cidades concentraram-se
na faixa litorânea.
A cidade: nosso campo de estudo
São Paulo é a sexta cidade mais populosa do planeta e sua região
metropolitana, com 19 223 897 habitantes é a quarta maior
aglomeração urbana do mundo.
Regiões muito próximas a São Paulo são também regiões metropolitanas
do estado, como Campinas, Baixada Santista e Vale do Paraíba; outras
cidades próximas compreendem aglomerações urbanas em processo de
conurbação, como Sorocaba e Jundiaí.
São Paulo
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A cidade: nosso campo de estudo
A população total dessas áreas somada à da capital – o chamado
Complexo Metropolitano Expandido – ultrapassa 29 milhões de
habitantes, aproximadamente 75% da população do estado inteiro. As
regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo já formam a
primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 65 municípios que
juntos abrigam 12% da população brasileira.
São Paulo
São Paulo
Paraisópolis Paraisópolis
Favela Tiquatira
Rio de Janeiro
Em 2010, a população do Rio de Janeiro segundo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) é de 6 323 037 habitantes na cidade e 11
711 233 na região metropolitana, o que o torna a segunda maior
Conurbação do Brasil
Embora classificada como uma das principais metrópoles do mundo,
segundo o censo de 2010 feito pelo IBGE, 1,39 milhão dos 6,29 milhões
de habitantes da cidade - o que corresponde a aproximadamente 22%
de sua população - vivem em aglomerados subnormais. Essas favelas se
instalam principalmente sobres os morros ou em mangues aterrados
onde as condições de moradia, saúde, educação e segurança são
extremamente precárias.
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Rio de Janeiro Rio de Janeiro
Favela da Rocinha
A quase totalidade das cidades brasileiras são espontâneas, porque
surgiram naturalmente de pequenos núcleos ou povoados.
Existem também as cidades planejadas, como Belo Horizonte, Brasília,
Goiânia, Boa Vista e Palmas.
Cidades Planejadas
O plano do engenheiro para a criação de BH consistia na definição de
uma avenida (a Avenida do Contorno) para delimitar a futura área
urbana da cidade, e fazer com que a cidade fosse construída apenas
dentro de tal avenida, conforme seu projeto para as ruas, avenidas e
bairros. Devido ao grande crescimento econômico que mais tarde
ocorreria na região de Belo Horizonte, este projeto de delimitação da
área urbana no interior da avenida se tornou inviável e a cidade cresceu
em meio às montanhas, muito além do limite original. A região de Belo
Horizonte que se localiza no interior de tal avenida é hoje o centro da
cidade, já que Belo Horizonte cresceu muito além do previsto.
Belo Horizonte
Belo Horizonte / Aarão Reis, 1894
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Centro de Belo Horizonte - 1948 Centro de Belo Horizonte - 2017
Cidades Planejadas
Plano Piloto da cidade de Brasília no Distrito Federal, teve sua forma
inspirada pelo sinal da Cruz, sendo o formato da cidade popularmente
comparado ao de um avião.
Foi projetado por Lucio Costa, vencedor do concurso, em 1957, para o
projeto urbanístico da Nova Capital.
O projeto consistiu basicamente no Eixo Rodoviário (ou "Eixão") no
sentido norte-sul, e Eixo Monumental no sentido leste-oeste.
Brasília
Cidades Planejadas
A criação arquitetônica dos monumentos centrais foi designada a Oscar
Niemeyer.
O nome Plano Piloto, originalmente atribuído ao projeto urbanístico da
cidade, passou a designar toda a área construída em decorrência deste
plano inicial.
Brasília
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Cidades Planejadas
Influenciado pelo conceito de Cidade Jardim e pela arquitetura de
Le Corbusier .
Notabilizou-se por integrar arquitetura e planejamento urbano,
baseando-se em estudos sobre a origem e o desenvolvimento das
cidades brasileiras.
Goiânia
Atílio Correia Lima - Plano Piloto de Goiânia, 1930
Cidades Planejadas
A cidade, no estado de Roraima, destaca-se entre as capitais da
Amazônia pelo traçado urbano organizado de forma radial, planejado no
período entre 1944 e 1946 pelo engenheiro civil Darcy Aleixo
Derenusson, lembrando um leque, em alusão às ruas de Paris, na França
O planejamento de Boa Vista mobilizou uma vasta equipe dos mais
conceituados especialistas em urbanismo, esgotos sanitários, esgotos
pluviais, abastecimento d’água e energia elétrica com sua rede
distribuidora.
Boa Vista
Cidades Planejadas
É interessante notar que em um projeto feito na década de 1940,
quando os automóveis ainda não eram um problema urbano, e em Boa
Vista poucos existiam, o projeto da cidade já contava com ruas
extremamente largas, sendo a Avenida principal com cem metros de
largura.
Estas dimensões, aparentemente exageradas para a época, se
mostraram de acordo com o progresso dos anos seguintes, fazendo com
que Boa Vista conservasse a qualidade urbana ao longo dos anos. Na
década de 1970 chegou a ser apontada como a cidade de melhor
qualidade de vida em todo o Brasil.
Boa Vista
Boa Vista
Cidades Planejadas
Resultante do desmembramento do estado de Goiás pela Constituição
de 1988, a cidade de Palmas, no Estado do Tocantins foi fundada em 20
de maio de 1989.
Após quase vinte anos sua população está próxima dos 200 mil
habitantes.
70% das quadras habitadas já estão pavimentadas. O mesmo ocorrendo
com saneamento básico e água tratada que chega a 98% da população
atendida.
Palmas
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Cidades Planejadas
De um modo geral a cidade é caracterizada pelo seu planejamento, pois
foi criada quase na mesma forma de Brasília, com a preservação de
áreas ambientais, boas praças, hospitais e escolas.
Palmas
Palmas
Cidades Planejadas
A partir dos anos 1960, o poder público passou a intervir decisivamente
na organização do espaço brasileiro.
O projeto desenvolvimentista tinha como objetivos, além da integração
nacional, a modernização do território e o desenvolvimento da
economia capitalista.
Para tanto, era necessário expandir a indústria e construir uma
sociedade de consumo predominantemente urbana.
Cidades Planejadas
Políticas espaciais explícitas e vultosos investimentos deram respaldo à
urbanização como estratégia do desenvolvimento do território.
Um aspecto da questão urbana pode ser remetido a essa proposta de
construir um Brasil urbano.
Além da implantação de hidrelétricas, portos, aeroportos, dutos e canais
e de grandes projetos industriais, apoiados em financiamento externo, a
expansão da rede de energia, de estradas e de comunicações foi um
meio de eliminar barreiras à circulação do capital, que teve, então, um
expoente na indústria automobilística.”
(DAVIDOVICH, Fany. A questão urbana. In: IBGE. Atlas nacional do Brasil 2000, p. 147)
Dados IBGE/ Censo 2000
Segundo o IBGE, o percentual de população urbana elevou-se para 81,2,
bem próximo dos percentuais encontrados em países desenvolvidos:
137,6 milhões de pessoas viviam em áreas urbanas no Brasil em 2000.
As três capitais mais populosas do Brasil são: São Paulo, Rio de Janeiro e
Salvador.
Em 2000, essas cidades concentravam 46,3% da população total
residente nos municípios das capitais brasileiras.
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Metropolização
No Brasil, desenvolveu-se uma urbanização concentradora, isto é, que
forma grandes cidades e metrópoles.
Em 1950, só existiam duas cidades com população acima de 1 milhão de
habitantes: Rio de Janeiro e São Paulo.
Em 2000, ambas apresentam mais de 5 milhões de habitantes, e 13
municípios passaram a contar com população urbana superior a 1
milhão de habitantes.
A Metrópole de São Paulo
Em 1950, São Paulo não se incluía entre as 20 cidades mais populosas do
mundo.
No ano 2015, segundo estimativas da ONU, a região metropolitana de
São Paulo, com 20,3 milhões de habitantes, será a quarta maior
aglomeração urbana no mundo, antecedida por Tóquio, no Japão (28,9
milhões), Bombaim, na Índia (26,3 milhões) e Lagos, na Nigéria (24,6
milhões).
Ela é a metrópole que melhor reflete o caráter concentrador da
urbanização no País.
A Metrópole de São Paulo
O censo de 2000 mostrou que a população brasileira ainda se concentra
nas grandes cidades e nas metrópoles.
Em 1970, as regiões metropolitanas reuniam 24,3 milhões de pessoas;
em 2000, passaram a contar com 67,8 milhões de pessoas, ou seja, esta
população quase que triplicou em três décadas, representando 40,0%
do total do País.
No entanto a população das capitais estaduais vem crescendo mais
lentamente do que a do País. Este é um dado recente e importante,
porque as grandes cidades ficam um pouco mais aliviadas dos
problemas gerados pelo excesso de população.
Texto
MARICATO, Ermínia. Brasil, Cidades: alternativas para a crise urbana.
Petropolís, RJ: Vozes, 2008.p.15 a 31 ; 40 a 45
Fonte (imagens)
Imagem01: https://jornalismodagente.files.wordpress.com/2010/11/matarazzo-dec-40.jpg
Imagem02: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=590200&page=24
Imagem 03: http://www.imagens.usp.br/?p=679
Imagem 04: http://www.tucavieira.com.br/A-foto-da-favela-de-Paraisopolis
Imagem 05: https://photodayblog.wordpress.com/2013/11/17/weekly-photo-challenge-
layers/
Imagem 06: http://www.childrenasking.org/pt/sobre-n%C3%B3s/hist%C3%B3ria/
Imagem 07: http://www.iabrj.org.br/wp-content/uploads/2014/02/rio-de-janeiro.jpg
Fonte (imagens)
Imagem 08: https://profes.com.br/nataliar/blog/a-reforma-de-paris
Imagem 09:
http://www.placesonline.com/south_america/brazil/rio_de_janeiro/photo_detail.asp?filenam
e=22737_rio_de_janeiro_copacabana_beach
Imagem 10: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:1_rocinha_favela_closeup.JPG
Imagem 11: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Piloto_de_Bras%C3%ADlia ,
Imagem 12: https://pt.wikipedia.org/wiki/Boa_Vista_(Roraima)
Imagem 13: http://www.palmas.org/palmasmaps.htm
Imagem 14: