Este documento descreve a família e a vida da autora Emília Belinha. Ela não tem mais pais, marido ou esposa, que já faleceram. Gosta de ajudar os outros no seu tempo livre e ensinar a cultura local às crianças. Também descreve sua profissão antiga de fazer sacos de papel e as tradições agrícolas do século XIX como a colheita do milho.
2. A minha Família
Na minha família são 8 irmãos.
Já não tenho Pai, nem Mãe nem Marido, Deus já os chamou para a Vida Eterna.
Todos os dias os recordo com muitas saudades. A vida da Terra é muito
pequenina, se nós pensarmos bem o que é esta vida eramos muito mais amigos
uns dos outros.
3. Tempos Livres
Gosto muito nos meus tempos livres, de ajudar os outros, de
ensaiar o rancho folclórico das crianças
e dos adultos e transmitir às nossas crianças a cultura do
nosso Povo.
4. Os sítios que mais gostei de
visitar
A França, a Espanha
e o nosso Portugal,
Ilhas da Madeira e
Açores.
5. A Minha Profissão
Eu, Emília Belinha tão pequenina aos
8 anos de Idade, fui trabalhar para
uma fabrica de papel, onde eu aprendi
a minha Profissão que é Saqueira de
1ª, fazia sacos de papel de mata-
borrão numa fôrma de madeira com
uma cola para os sacos feita com um
produto que se chamava amido e
caulino, depois de misturado era
amassado, como dizia o nosso Povo.
Esses sacos eram para as mercearias,
toda a gente ia às mercearias buscar 1
quilo, 2, 3 ou 4, os que quisesse, de
arroz ou açúcar, toda a mercearia ou
meio quarto de café a um quarto de
café a um de açúcar. Haviam sacos
de todos os tamanhos ao quilo ou
arroba.
6. A HISTÓRIA DO CAMPO
No séc. XIX os nossos Lavradores lavravam
os Campos, semeavam o milho e ao crescer
do milho, arrendavam e mondavam. A
seguir nascia a Bandeira e o Lavrador
cortava-a, depois do milho maduro cortava
as canas ou vários molhos pelo campo.
Depois das canas cortadas sentava-a, o povo
tirando a espiga das canas ia levá-las para o
carro dos Bois. Depois de o carro carregado
traziam-nas para a eira e no fim das espigas
descarregadas o Lavrador via bater de porta
em porta a pedir para o virem ajudar na sua
desfolhada. Depois da ceia lá ia o Povo
desfolhar e com a sua alegria cantavam
cânticos de trabalho, estes cânticos não
eram de dançar nomes: “Vem ó luar,
mandei fazer um barquinho. Fui há Senhora
da Graça arrepiei o meu cabelo Ó minha
larica verde o ti Se Rabelo…” muitas e
muitas mais cantigas de trabalho. Haviam
muito mais nomes de cantigas.
7. A HISTÓRIA DO MILHO
Vamos agora à historia do milho: O Rei e o Povo
sentado a toda a volta da eira e a pessoa que
encontrasse no milho o milho rei tinha de dar a volta
por toda a gente com o milho rei na mão dizendo: “Ó
meu bem dá-me um abraço, para consolar o meu Rei
um abraço te quero dar para o teu Rei consolar na
desfolhada”, depois aparece o Serandeiro que era o
Homem que vestia o barino preto com a cara tapada e
com um lenço vermelho. Chama-se a esse lenço de
tabaqueiro e este servia para não ser conhecido e ir dar
duas palavras à sua Amada. No fim de tudo isto, o
Povo arrumava as capelas e dançavam, modas de roda
até a madrugada. “O Hilda, o Ribeira lá do alto, a
carroça do Gás, a rolhinha, a Carrasquinha, a triste
viuvinha e nós vamos todos avante, rapazes da nossa
Aldeia” e muitas mais. No dia seguinte, voltava-se ao
campo para com as canas fazer moreias para durante o
ano dar de comer ao gado. O campo tem Historias
mais lindas.