O documento descreve o Modelo OAIS, um modelo conceitual para preservação digital que especifica as funções de um repositório digital confiável. O Modelo OAIS define agentes, pacotes de informação, componentes funcionais e requisitos para garantir a preservação e acesso a longo prazo de documentos digitais de acordo com padrões internacionais. O documento também fornece exemplos de sistemas que implementam o Modelo OAIS, como o Archivematica e o RODA.
MINICURSO 3CURADORIA E PRESERVAÇÃO EM REPOSITÓRIOS DIGITAIS
Modelo OAIS preservação digital
1. Modelo OAIS
Modelo conceitual que descreve as funções de um repositório
digital e os metadados necessários para a preservação e o
acesso dos materiais digitais gerenciados pelo repositório
MARÇO 2019
Escrito Por
THIAGO LUNA
ARQUIVO NACIONAL
2. PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Introdução Com as iniciativas de transparência, governo
eletrônico e de dados abertos, os
documentos arquivísticos tem sido a principal
fonte de consulta.
E por essa razão é que esses documentos
precisam ser mantidos e preservados a tal
ponto que a confiabilidade, autenticidade e
acessibilidade sejam garantidas.
Mas, como fazer isso?
Será que o procedimento padrão de backup
realizado por nós, profissionais de TI, é capaz
de atender a todos os requisitos necessários
para uma correta preservação digital e acesso
a longo prazo?
Não, o procedimento de backup não
atende aos padrões, modelos e requisitos
arquivísticos para preservação digital.
Para uma correta preservação digital é
preciso adotar um repositório digital
confiável (RDC-Arq) que esteja de acordo
com o modelo OAIS.
E o que é o Modelo OAIS?
3. PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
O que é o
Modelo OAIS?
Esse modelo nos
permite ter uma
compreensão mais
ampla do que é
necessário para
preservar e acessar
informação ao
longo do tempo.
Com uma
terminologia
própria, a
comunicação entre
todos os
envolvidos na
preservação digital
ficou mais fácil.
Com o objetivo de armazenar e ter acesso,
por um longo prazo, às informações digitais
geradas pelas missões espaciais, o
Consultative Comitee for Space Data Systems
(CCSDS) ligado à NASA, por encomenda da
International Organization for Standardization
(ISO), desenvolveu um conjunto de normas
capazes de regular esse armazenamento.
Deste trabalho nasceu o OAIS (Open Archival
Information System), modelo conceitual que
disciplina e orienta um sistema de arquivo
dedicado a preservação e manutenção do
acesso a informações digitais pelo tempo que
for necessário.
Em 2003 ele foi aprovado como uma norma
internacional ISO Standard 14721:2003.
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PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Agentes
No contexto do OAIS nós encontramos 3 tipos de
agentes: o Produtor, pessoa ou sistema cliente que
deposita a informação no repositório; o
Administrador, responsável pelas políticas e gestão
dos objetos digitais preservados; e o Consumidor
que são pessoas ou sistemas clientes que
recuperam e adquirem informações.
Pacotes de Informação
Encontramos também os pacotes de informação,
denominados SIP, AIP e DIP:
Pacote de Submissão (SIP) - formado pelo
documento + informação descritiva (metadados
para apoiar a preservação e acesso do documento
no longo prazo) + informação descritiva do pacote
(metadados que possibilita a localização do pacote
no repositório).
Pacote de Arquivamento de Informação (AIP) - pacote de informação que
será objeto de preservação
Pacote de Disseminação de Informação (DIP) - pacote de informação
derivado de um ou mais AIP, recebido pelo consumidor em resposta a uma
requisição dirigida ao repositório.
Dentro desse contexto, o recolhimento de documentos do produtor para a
Entidade Custodiadora se dá através de pacotes OAIS SIP.
Assim que esse pacote é submetido ao repositório, o mesmo já garante a
integridade da informação recebida. E é a partir deste ponto, que já
começamos a observar a diferença entre uma correta preservação digital
sistêmica e uma errada/falsa “preservação digital” feita por backups.
5. PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Componentes Funcionais
Assim como os agentes e pacotes, também
encontramos os componentes funcionais.
O Ingest (Admissão) é o primeiro componente
que se refere ao processo de admissão dos
objetos digitais ao repositório através do
pacote OAIS SIP.
Após a admissão do SIP, vemos entrar em
ação o componente Data Management
(Gestão de Dados), que produz, armazena e
gere toda a informação descritiva que ajudará
na descoberta e localização do material
depositado.
O componente Archival Storage (Repositório
de Dados) fará a preservação do AIP.
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Uma função muito importante em um repositório digital é a conversão de
formatos. Este serviço é realizado pelo componente Preservation Planning
(Planejamento de Preservação), responsável pela definição de políticas de
preservação, monitorização do ambiente externo ao repositório e por
desencadear eventos como o de conversões e migrações para novos
formatos segundo a política definida. Outros eventos de preservação
também são iniciados sempre que necessário.
Já o componente Access (Acesso) é responsável por disponibilizar o
documento digital preservado através do pacote DIP.
E finalizando, o componente Administration (Administração) é responsável
pelas operações diárias de manutenção, parametrização e monitoração do
repositório. Este componente interage com todos os outros para garantir o
correto funcionamento do mesmo.
6. PAG 06
PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Conclusão
Como vimos, a preservação digital deve ser sistêmica orientada em
modelos., pacotes. Não podemos mais pensar em preservar documentos em
bancos de dados ou em pastas de arquivos no storage, mas sim em um
repositório digital confiável (RDC-Arq), de acordo com o modelo OAIS.
O RDC-Arq cumpre, portanto, esse papel, com a função de preservar os
documentos arquivísticos digitais no longo prazo, mantendo a sua
autenticidade. Ele realiza conversões e migrações para novos formatos
seguindo a política de preservação definida para a instituição para garantir
o acesso aos documentos ao longo do tempo. A preservação por intermédio
do RDC-Arq admite diversos formatos de arquivo, o que implica na
preservação dos mais variados formatos nesta plataforma segundo o OAIS.
No Brasil, a norma ISO do modelo OAIS foi traduzida e publicada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) como NBR 15425: Modelo
de referência para um sistema aberto de arquivamento de informação
(SaaI).
"Um repositório digital não se resume a uma solução informatizada para armazenamento
(storage), que é apenas um componente do repositório."
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PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Exemplos de Sistemas
Um conjunto integrado de ferramentas de software de
código aberto que permite que os usuários processem
objetos digitais desde o ingresso até o acesso, em
conformidade com o modelo funcional ISO-OAIS. Usuários
monitoram e controlam a ingestão e a preservação através
de um painel baseado na web. O Archivematica usa o
METS, PREMIS, Dublin Core, a especificação BagIt da
Library of Congress e outros normas reconhecidos para
gerar Pacotes de Informações de Arquivamento (AIPs)
confiáveis, autênticos, seguros e independentes do
sistema para armazenamento em seu repositório preferido.
RODA
Repositório digital capaz de incorporar, preservar e dar
acesso a todo o tipo de material digital produzido por
grandes organizações públicas ou privadas. O seu rol de
funcionalidades cobre a totalidade das unidades
funcionais do modelo de referência OAIS (Open Archival
Information System), permitindo que a informação
incorporada permaneça autêntica e acessível ao longo
do tempo.
Archivematica
Site do Archivematica
Site do RODA
Versão DEMO
Versão DEMO
Agora que você já conheceu o modelo OAIS compartilhe este e-book com seus colegas
de TI para juntos contribuirmos com a preservação digital.
Um abraço.
Thiago Luna
thiago.luna@an.gov.br
www.linkedin.com/in/thiago-luna/
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PRESERVAÇÃO DIGITAL COM MODELO OAIS
Referências
1. Ferreira, Miguel (2006). Introdução à Preservação
Digital
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/58
20/1/livro.pdf
2. OAIS - Open Archival Information System
http://conarq.gov.br/images/ctde/apresentacoes_preser
vacao/oais.pdf
3. Rodrigues, Maria (2003). Preservação digital de longo
prazo
http://dited.bn.pt/8927/37/Tese_Preservacao_Digital_L
urdes_Saramago.pdf
4. Resolução 43 do CONARQ. Diretrizes para a
implementação de repositórios arquivísticos digitais
confiáveis - RDC-Arq
http://conarq.arquivonacional.gov.br/images/publicaco
es_textos/diretrizes_rdc_arq.pdf
Todas as referências foram acessadas em
março/2019.