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Hoje quem tem o poder sobre o mundo ou popularmente conhecida como
Moth’dan, são os reis, os deuses já não fazem questão de cooperar, estão distantes,
misteriosos, muitos ainda cultuam os seres divinos que mais se identificam, com o
afastamento deles os monstros apareceram, desde pequenos animais que são objetivo
de caça para alimentação de uma família inteira, até grandes colossos que serviriam
para nutrir toda uma cidade.
Ainda temos escrituras sobre milênios atrás, todos comentam sobre a
harmonia dos deuses com os humanos, a vida era tranquila, praticamente uma utopia,
poucos eram os problemas, até o momento que o Deus dos mares Aegir, um ser divino
que era conhecido por tomar forma humana e pregar discórdia sobre os homens, ao
ficar descontente como as suas penalidades dadas por Wargrend.
Em vários contos citam que Aegir sem titubear decidiu despejar o as sete
características de um Deus sobre os humanos: Gula, o desejo insaciável, além do
necessário, em geral por comida, bebida. Avareza, apego excessivo e descontrolado
pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo
plano. Luxuria, o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Ira,
intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar
sentimento de vingança. Inveja, ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de
outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. Preguiça, aversão ao
trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Orgulho, conhecida como
soberba, é associada à orgulho excessivo, arrogância e vaidade.
Boa parte da fonte de poder dos deuses vinha da adoração dos humanos
porém ano após ano com todas as novas características dos humanos o cultivo aos
seres divinos estavam diminuindo, estavam fracos, tudo ficou como se os humanos
fossem superiores.
Como uma fuga estratégica o Deus da inteligencia Wargrend, deu o poder da
magia para seus seguidores, poderes para facilitar a vida, a colheita ficou mais fácil, a
caça ainda dava um grande trabalho mas não como antes, o fogo se tornou algo
simples.
Com o tempo grande parte dos treze deuses passaram a dar poderes para seus
seguidores que tinham uma aptidão, apesar de características básicas semelhante
entre todos como a criação de fogo, todos os seres divinos passaram a entregar
poderes distintos, cada qual com sua especialidade principal, porém não são todos os a
receber.
Há humanos que cultuam deuses por toda a sua vida mas de nada adianta,
quem não possui aptidão para magia não poderá ter-la, era o que todos pensavam até
então.
Em uma pequena fazenda, não uma fazenda calma e pacata, sem nada para se
divertir ou destruir: era o lar de Kiro da familia dos Pagetes, e isso quer dizer muita
bagunça.
Próximo a fazenda existe um tipico vilarejo de interior, com comerciantes, o
mago velho da livraria, a velha brava que vende peixes e um grande edifício com a
porta de ferro aonde todo ano há um grande evento para distinguir a capacidade
magica dos fortes e dos praticamente puros de alma.
Os pagetes viviam ao redor do vilarejo desde os tempos antigos, e as pessoas
os consideravam muito respeitáveis, mas infelizmente poucos dessa linhagem genética
não nobre padecia de alma magica em suas veias e por isso nunca tinham tido
nenhuma aventura e sempre calmas e satisfeitos com a vida cotidiana, até o
nascimento do Kiro e sua irmã Hana, não apenas porque ambos apresentavam uma
admiração pelo estudo magico, mas também porque possuem uma vontade indomável
de conhecer o mundo exterior.
Desastre e histórias de aventura brotavam por todo lado, onde quer que Kiro
fosse por sua indomável característica de ser atrapalhado, apesar da grande força de
vontade do jovem ele nunca teve a mesma capacidade magica que sua irmã.
Dias atuais
Durante anos da minha vida sempre vim estudando a magia e isso
simplesmente me fascina, saber que posso mudar o mundo, ou defender a fazenda de
monstros selvagens, infelizmente sempre perdi para a minha irmã quando se trata
capacidade magica, mas o fato de eu ter um estoque baixo ou praticamente nulo faz
com que eu treine duro todos os dias, até em épocas de colheita aonde o trabalho é
dobrado.
Confesso que sempre tive uma queda pela magia para conquistar as garotas,
esse era o meu motivo obscuro para a minha forte ambição, mas infelizmente nunca
se quer tive sucesso nisso e claro que a minha irmã me considerava o completo idiota.
São tempos de felicidade para o vilarejo, quando anualmente acontece um
teste nomeado de “Exame do capuz” aonde a vestimenta é usada para medir a
capacidade magica do individuo e é claro que eu odeio essa intitulação que o reino
central criou.
Mesmo com todo o meu esforço e dedicação apenas me destaquei na parte
física, quanto a magia sempre fui um completo desajeitado. Não há bons livros aonde
vivo, tudo muito antigo e desatualizado, por estarmos consideravelmente longe do
reino e sermos uma vila auto-sustentável pequena só temos visitas para cobrança de
impostos e nada de melhorias.
No dia do evento, o velho da livraria estava comando tudo, em cima de um
palanque, guardava um capuz roxo em um tipo de saco completamente preto, guardas
do reino central protegiam a área e eu claramente apavorado pois quanto melhor a
nota no capuz melhor é melhor a escola de magia.
O salão principal estava lindo, não aparentava ser algo no meu vilarejo, tudo
funcionava com magia, desde a limpeza até a decoração do ambiente, várias pessoas
da vila estavam ali, algumas faziam o teste todos os anos em busca de uma esperança.
— Existem três tipos de magos — Disse o velho da livraria — Aquele que baseia
seu poder, usando o raciocínio aliado a alma e razão em suas lutas, buscando a
verdadeira justiça em nome do rei e também aqueles que não apresentam logica e
razão e perdem toda a graça real.
— E qual o terceiro? — perguntei gritando.
— Aqueles que seguem o seu coração guiado pela verdadeira magia ignorando
toda a doutrinação imposta a nós.
E com isso os guardas do reino central que trouxeram o capuz entram em um
estado de alerta, alguns sussurrando chamando o velho de louco, a morte era algo
simples para quem não respeitasse o rei.
Normalmente para ingressar a uma boa escola era preciso um treinamento
desde criança e isso fez com que varias pessoas simples do meu reino não passassem
no teste, até que chegou a vez da minha irmã.
Hana confiante sentou-se na em frente ao velho e no momento que o capuz foi
usado ele teve um brilho intenso chamando a atenção de tudo e todos, pessoas com a
cara de surpresos e espantados, ninguém esperava algo assim e poucos já tinham
presenciado tal, é claro que ela passou com um destaque por cima da media.
Após todo o processo teve uma árdua conversa com representantes do reino e
foi designada a uma escola de magia incrível, aonde começaria a estudar já na
próxima semana, até então Hana era a unica selecionada.
Na minha vez, me dirigi até a cadeira, pouco confiante e com um semblante
não tão animado, o capuz se quer reagiu, nada aconteceu, tive menos resposta que
todos os outros.
No mesmo dia minhã mãe convidou toda a família para um grande jantar e
sinceramente foi uma grande festa, com muita carne de javali e hidromel, a família do
vizinho estava responsável pela musica, era uma noite aonde não teria garçom parado
e nem prostituta triste, apesar do meu tipo introvertido, não me deixei levar pela
inveja, todos estavam animados, meus tios bêbados cantando e quebrando toda a
louça.
Hana se aproxima de mim no canto da festa e diz:
— Você não se abala muito fácil — com um tom sarcástico.
Sem responder com palavras, mas apenas com o olhar eu deixei bem claro que
a minha competição com a Hana estava apenas por começar.
Durante a festa meu pai explica que antes de dormir ira preparar tudo para a
viagem e que terei que levar a minha irmã.
— Kiro, já está tudo certo, chegando a cidade procurei a padaria de sua tia, ela
irá hospedar vocês, ela está esperando por esse momento a anos e explique a sua irmã
que não poderemos enviar dinheiro, ela terá que trabalhar com a sua tia — disse o pai
orgulhoso e triste pela partida.
— Tudo bem pai, na viagem eu converso com ela.
Tonto de tanto hidromel eu me deito e facilmente durmo enquanto tudo
aparentava estar rodando.
Foi uma grande despedida, eu não voltaria tão rápido para o vilarejo, todos se
abraçaram, bêbados chorando e muita emoção no ar, meus pais estavam muito
orgulhosos, e mesmo não passando na escola de magia eu estava pronto para ir para o
Reino Central trabalhar com a minha tia.
Rumo a escola de magia
Ao alvorecer a carruagem velha presa a dois cavalos já estava arrumada, Eu e
Hana nos despedimos de nossos pais, o rebanho de gado ainda dormia, os pássaros
não cantam, estamos demasiadamente animados para nos aventurar fora de nosso
vilarejo
— Hana, o pai não poderá te enviar dinheiro, você ganhou um estudo completo
de graça, mas a sua vida lá terá que ser sustentada com nosso trabalho ajudando a tia
na padaria — disse Kiro.
— Eu já estava pensando sobre isso, realmente não tem problema ajudar —
disse Hana.
Saímos da região que conheço, todo caminho era novo, estamos distantes de
casa, a grama estava extremamente verde, o vento batia nas arvores fazendo um
barulho aconchegante, os pássaros cantam, porém, caminho de terra para a escola no
Reino Central era longo.
Horas se passaram e durante o percurso eu e a minha irmã nos deparamos com
moça que aparentava ter a mesma idade que eu, sentada no chão, coberta de sangue,
com dois guardas reais mortos ao seu lado, os pássaros já não cantavam, o vento havia
cessado, o clima piorou.
Eu imediatamente saltei da carroça e parti ao auxilio, ela aparentava estar
assustada, segurando o seu cordão de cristal que aparentava estar quebrado, lagrimas
escorriam por seu rosto, ao me aproximar percebi que o sangue já estava quase seco,
havia um bom tempo que ela estava por ali.
— O que houve? — perguntei assustado.
O olhar fixo dela para o colar quebrado me dava uma certa aflição, não
deu uma resposta visual a nossa chegada e as lagrimas continuavam a cair.
Hana imediatamente começa a sua magia de cura, uma luz branca saia de suas
mãos sobre as férias e os machucados provavelmente causados por uma tentativa de
fuga sem êxito, não era a primeira vez que eu via uma magia de cura, mas era sempre
algo incrível, a ferida se fechava, o sangue não corria mais pelos braços.
— Por favor me leve ao Reino central — disse a jovem com o olhar fixo ao
cordão.
— Quem é você e o que aconteceu contigo? — disse Hana preocupada.
— Quem sou não importa apenas me levem até o reino e lhes garanto uma
grande recompensa e não se importe com esses guardas reais, eram apenas bandidos
em uma tentativa falha de sequestro — disse a jovem.
Eu e Hana tivemos uma troca olhar com um semblante de curiosidade, logo
minha irmã começou a rir e não se importou com os guardas.
— Kiro, ela realmente precisa de ajuda, vamos seguir com ela e no caminho
faremos mais perguntas para conhecê-la melhor, não acho que seja uma armadilha —
sussurrou Hana.
Decididos de tal continuamos o trajeto, nesta região tudo aparentava estar
morto, não víamos mais animais, sem vento, tinha um ar de hostilidade, como
dificilmente algo abatia Hana ela com sua grande curiosidade decidiu iniciar uma
conversa.
— Agora que estamos te ajudando diga, qual o seu nome? — disse Hana
convicta.
— Sou a filha caçula do rei Olufsen Minimus Terceiro, meu nome é Alice, do
reino do norte.
— Como os guardas reais morreram? — disse Hana animada com um tom de
curiosidade.
— Guardas, homens de confiança de meu pai e no final participavam da mesa
negra, malditos traidores, eram fortes, ainda bem que o cristal de proteção me salvou
— respondeu Alice.
— Mas o que é esse cristal e mesa negra? — disse Hana.
— É uma runa que recebi de presente de um velho amigo, o mago do reino, até
então não fazia ideia para que servia e realmente veio a ser útil, mas fico triste era a
minha única lembrança dele e sobre o grupo mesa negra, deixa para depois — disse
Alice triste.
Alice virou seu rosto para a floresta que cercava o caminho de terra e Hana
após notar que se tratava de uma pessoa não perigosa decidiu não incomodar.
Andamos muito, placas indicavam todo o caminho correto para o Reino
Central, até então nada demais, tivemos sorte de não sermos atacados por algum
monstro magico, nem percebemos e rapidamente anoiteceu, ao se aproximar de um
rio de águas claras com correnteza leve percebemos que era um lugar ideal para
acampar.
Acampamos próximo a rochas que estavam na frente do lago, panos estendidos
sobre a grama eram as nossas confortáveis camas, não sei como, mas não havia
insetos para nos incomodar, Hana rapidamente pegou no sono, a lua cheia gerava uma
boa luz para nós mas de qualquer maneira eu precisava buscar madeira para iniciar o
fogo.
Alice saiu sem nos comunicar, decidi não atrapalhar, em pouco tempo já perdi a
visão dela ao meio da escuridão.
Enquanto eu estava voltando carregando apenas gravetos secos, dei de
encontro com Alice, completamente nua, ela rapidamente mergulhou deixando
apenas a sua cabeça para fora com um incessante grito envergonhada.
— Sai daqui seu homem pervertido.
Me viro imediatamente com uma vergonha extrema do que presenciei.
— Suas roupas estão completamente sujas, use algo da Hana não terá
problema — disse Kiro com uma grande vergonha e gaguejando.
Alice não responde, eu busco as roupas para ela, deixo nas margens do rio.
Minutos depois com o fogo aceso pela magia, Alice aparece trajada com roupas
da Hana e não consegue me encarar, claramente ainda está envergonhada, ela deita,
vira o rosto e rapidamente dorme, completamente atrapalhada, tudo o que consigo
fazer é dar uma risada irônica o que acaba a incomodando mais ainda.
Com tudo em ordem vou dormir, amanhã no horário do almoço chegaremos a
cidade, será um dia incrível.
O sol tinha acabado de nascer e com isso nós despertámos, os pássaros
cantam, o vento traz uma sensação de paz interna, sentíamos que nada de ruim
poderia acontecer e todos ansiosos para a chega no reino.
Com os cavalos já alimentados, subimos a carroça e partimos em nosso
caminho, Alice ainda me encarava de maneira estranha, mas eu sempre notava com
olhares sutis e disfarçados em minha direção, com um toque de curiosidade.
— O que vocês irão fazer no Reino Central? — perguntou Alice para quebrar o
gelo.
— Eu passei na escola de magia de magia Tolton do reino central e o Kiro está
me levando — respondeu Hana com um tom animado.
— Serio? — retrucou Alice surpresa.
— Sim. — respondeu Hana.
— Eu também estou indo para a escola, fui a única do meu reino a passar, será
muito bom ficar com os dois por lá.
Hana notou que meu semblante ficou um pouco triste após isso, já que eu só
estaria indo para trabalhar então para quebrar o gelo trocou o assunto.
— No nosso vilarejo pouco sabemos sobre o Reino Central, pode nos contar
alguma história? — Disse Hana.
— Sim, minha mãe sempre que contava histórias e uma delas era que logo após
a Guerra dos Colossos, entre os dois grandes reinos, Tharso um jovem poderoso que
reinava a milênios atrás obteve a sua tão merecida vitória, seu exército não apenas
tinha grandes magos, mas foi a primeira vez que demonstrou adestração monstros
com a ajuda de magos de controle mental. Tharso dividiu seu continente em 5 reinos
estrategicamente posicionados em Moth’dan, o reino central é o maior deles, aonde
possui a maior quantidade de templos de adoração, famílias nobres e um mercado
rico, eu estou muito animada para chegar logo mas infelizmente não sei como farei,
um dos bandidos fugiram com todo meu dinheiro — disse Alice.
— Vamos ficar na casa de uma tia, ela possui uma padaria, eu trabalharei lá
apenas no tempo vago, mas Kiro está indo para trabalhar em tempo integral, então
vamos morar com a nossa família também — disse Hana sendo humilde.
Alice ficou um pouco sem jeito, as conversas não pararam, comentaram sobre o
grande rio que corria do lado da estrada que nunca parecia acabar e assim os três
foram criando um grande vínculo entre si.
Reino central
A aproximadamente cinco horas atrás o sol nasceu, ainda não comemos mas
continuamos o trajeto e finalmente de longe já podíamos visualizar os picos da grande
muralha que cercava o castelo, o reinado mais importante de todo continente,
construída pela primeira união dos elfos com os anões através de técnicas secretas,
considerada a mais impenetrável de todas e o melhor mercado.
Andando pelo caminho de terra já marcada pelas enumeras pessoas que já
passaram por aqui, antes da entrada principal, passamos por várias pequenas
fazendas, todas construídas de madeira com alvenaria, a tecnologia já era mais
evoluída, eu e minha irmã ficamos positivamente espantados pelo moinho de água
usado no rio que nos acompanhou por boa parte da viagem.
Continuamos o trajeto e afrente o estabulo estava a curva do rio, uma ponte e
logo após um grande portão da região sul para a cidade protegida por guardas, o forte
vento balançava a bandeira azul, a passagem para dentro dos muros era totalmente
livre, mesmo eu tendo o conhecimento que o Reinado Central abriga milhares de
pessoas, quando entrei o primeiro sentimento que tive era que eu estava muito
enganado, tudo isso é muito maior.
Próximo ao grande portão sentimos um grande calor e rapidamente nos
viramos, meu semblante espantoso logo mudou para um grande sorriso de emoção,
quando vi pela primeira vez um grupo de anões com longas barbas negras, fazendo um
barulho estridente enquanto forjava laminas brilhantes, não parecia algo normal,
claramente as armas estavam encantadas, nesse momento eu decidi que queria
aprender mais sobre isso.
Próximo ao porto na região sul as ruas eram largas e fedia muito, nos
deparamos com um grupo de pescadores saindo de seu barco com um grande monstro
marítimo, era a primeira vez que eu via tal, tudo é novo, as ruas molhadas, a gritaria
dos comerciantes brigando pelo melhor preço, esse lugar é maravilhoso.
O rio que que nos acompanhou na viagem desembocava no mar e a água do
mar corria por toda a parte sul da cidade, pontes e casas construídas sobre a água, as
pessoas pescavam de suas janelas.
Durante o percusso da viagem fomos perguntando aonde fica a padaria da tia
Ritha, infelizmente pelo tamanho da cidade nenhum dos locais conseguiram ceder tal
informação.
Apesar da região sul ser linda não era tão grande, logo encontramos uma
bifurcação na estrada, onde tinha uma placa de madeira indicando dois caminhos, um
deles a esquerda que daria de volta ao porto e outro que indicava uma ponte e por
diante a região leste, seguimos o caminho da direita.
Ao leste havia uma barragem que parava toda a água, havia espaço para fluir o
mar mas estava completamente vazio, podíamos ver algumas portas de ferro que
indicava a entrada de tuneis subterrâneos e pequenos monstros verdes vestidos com
trapos de roupa.
— Não olhe para eles — disse Alice.
— Por que? O que houve? — indagou Hana espantada.
— São goblins, alguns deles trabalham nas cidades em funções menores, mas
todos vivem na cidade subterrânea, não os trate bem, são apenas monstros larápios
que aprenderam o nosso idioma, não são dignos. — disse Alice.
— Eu sempre ouvi falar disso, mas nunca pensei que fosse ver um, são incríveis
— retrucou Kiro.
— Se der atenção a eles com toda certeza sofrera algo de negativo, esses seres
não possuem empatia e muito menos medo — disse Alice brava.
Escadas levavam a uma passarela por cima do canal vazio, pontes estavam
ocupadas por carroças, eu nunca tinha visto tanto acumulo e bagunça em transportes.
Em uma pequena venda, aonde havia limões, diversos temperos e panelas,
Hana decidiu parar para perguntar a senhora que lá trabalhava sobre a localização de
nossa tia.
— Boa tarde senhora... — disse Hana.
— Bom tarde minha jovem, possuímos o menor preço para todos produtos de
cozinhas — disse a senhora interrompendo a fala de Hana.
— Obrigada senhora, só preciso de uma informação — disse Hana.
O semblante da senhora se alterou ao mesmo tempo, sua cara animada e
extrovertida ficou extremamente fechada.
— O que vocês precisam — disse a Senhora.
— Você sabe aonde fica a padaria da Ritha? — perguntou Hana.
— Sim, logo após do templo de Wargrend, cercando a praça das flores — disse
a senhora desanimada.
— Muito obrigada senhora — disse Hana com os olhos praticamente fechados
com um grande sorriso estampado no rosto.
— Ta bom, ta bom — disse a senhora enquanto se sentava em sua cadeira.
O templo de Wargrend era imenso, lindo, construído completamente de
alvenaria, possuía 2 grandes janelas laterais, pessoa a frente recrutavam outros para o
templo porém ali ninguém ousava fazer um barulho estrondante, é realmente muito
calmo.
Uma praça redonda no meio da cidade, com pequenas plantações rodeadas por
uma cerca de pedra abrigava lindas plantas, arvores gigantes e milenares
proporcionavam uma grande e deliciosa sombra, pessoas liam livros e dormiam
embaixo delas, e finalmente podíamos ver um letreiro escrito Padaria da Ritha, o
sentimento de missão concluída depois de tanto viajar era algo encantador.
A padaria e a casa da tia Ritha eram o mesmo lugar, construída de pedras, com
um balcão que abria caminho da padaria a rua, de longe já exalava um forte e delicioso
cheiro de pão, havia mais de seis anos que não tínhamos contato com nossa tia, ainda
na companhia de Alice, paramos a carroça em frente ao estabelecimento.
— Tia Ritha — gritou Hana animada.
Dos fundos vinha minha tia, com o avental todo sujo de farinha, esbanjando um
grande sorriso em seu rosto por nos ver novamente.
— Finalmente minhas crianças esperei tanto por vocês, os quartos de visita
estão prontos, só falta levar a roupa de cama — disse a Ritha quase chorando de
emoção.
— Obrigado tia, apesar de eu não ter passado no exame do capuz eu pretendo
trabalhar contigo para ajudar a sustentar a vida da Hana, teria como? — perguntou
Kiro.
— Claro minhas crianças, depois da morte do seu tio será o maior prazer
receber vocês aqui — disse Ritha.
— Obrigado tia — disse Hana enquanto abraçava-a.
Minha tia rapidamente dirigiu um olhar sobre mim e a Alice, com uma leve
risada.
— E essa é a sua nova namorada Kiro — disse Ritha com um ar de intimidadora.
— Não, não sou, não... — disse Alice rapidamente, gaguejando e com muita
vergonha.
— Não tia — disse Kiro enquanto ria descontroladamente.
— Vocês dariam um belo casal — disse Ritha.
— É verdade, já tem lugar para ficar Alice? — disse Hana.
— Bem os bandidos que conseguiram sair vivos fugiram com todo meu
dinheiro, meu plano inicial era me hospedar em uma estalagem — disse Alice com
vergonha.
— Então decidido, agora mesmo vou arrumar meu quarto para minhas crianças
e a namorada nova do Kiro — disse Ritha em um tom jocoso.
— Isso ai tia! — disse Hana.
— Obrigada gente — disse Alice.
— Kiro, você já é um jovem de 18 anos, alto, não tão forte mas ainda tem muito
o que melhorar, vai precisar de muito esforço para conseguir sovar as massas, conto
contigo. — disse Ritha.
— Deixa comigo tia! — disse Kiro.
Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, apesar de ser uma recém conhecida a
Alice é linda e isso me deixa totalmente sem jeito.
Entrando na casa, era realmente grande em relação a nossa casa no campo,
totalmente feita de pedra sobre pedra, na sala havia uma mesa com 12 cadeiras
apesar da minha tia viver sozinha, todos nós três ficamos no mesmo quarto, são camas
confortáveis, apesar de ter que dividir quarta com a minha irmã e a Alice tudo aquilo
valia a pena, nunca tive algo tão bom assim vivendo na fazenda.
No final do dia, enquanto Hana e Alice estavam em um sono pesado, eu estava
ajudando minha tia na limpeza da padaria, pedaços de massa grudados por todo onde,
o cheiro ainda era incrível, minha tia aparentava estar melhor com a nossa visita.
— Kiro, você comentou sobre não ter passado no exame do capuz, não sei seus
pais falaram mas durante minha juventude eu seu tio eramos do esquadrão de defesa
da cidade, existe outros vários métodos para ingressar a escola de Tolton — disse
Ritha em tom baixo.
— Serio tia? — indagou Kiro.
— Sim, o exame do capuz não é o único, a magia pode ser usada em distintas
áreas e não apenas para o combate, o teste que você presenciou é algo exclusivo para
magos habilidosos com grande capacidade magica. — disse Ritha.
— Mas a escola de Tolton não é apenas para magos — disse Kiro.
— Isso mesmo, mas aparentemente você tem uma capacidade magica, claro
que não se assemelha a de sua irmã, mas você pode se destacar em outras áreas.
— Quais áreas seriam? — indagou Kiro.
— Existe três formas de entrar, entre elas o exame do capuz, vitoria na arena,
indicação de alguém da nobreza ou um Deus e claramente pagando com moedas de
ouro, pode trabalhar aqui ou em outros lugares para juntar seu dinheiro, mesmo com
pouco poder lá você pode desenvolve-los bem. — disse Ritha.
“Nesse momento abriu um nova porta de esperança para mim, provavelmente
terei que trabalhar anos mas conseguirei” — pensou Kiro.
— Tia o que você fazia dentro do exercito e como é lá? — perguntou Kiro.
— Eu curava os feridos, magia de cura são algo muito bem recebidos por lá,
poucos padecem de tal e seu velho não possuía capacidade magica, ele era da linha de
defesa, usava uma grande armadura mas era genial em combate. — respondeu Ritha.
“Minha tia está tão animada com a nossa chegada mas apesar da curiosidade
não devo perguntar sobre a morte de meu tio” — pensou Kiro.
Após concluir toda a limpeza, fomos deitar, quando entrei no quarto me
deparei com Hana dormindo e a Alice acordada e choramingando, deitada aonde
arrumei para ser a minha cama, eu me senti muito preocupado com ela, apesar de a
conhecermos por pouco tempo criamos um certo vinculo.
— O que houve contigo Alice? — perguntou Kiro.
— Eu não sei direito, não que eu tenha perdido tudo, mas eu tento me fazer de
forte diante do que aconteceu, segurar a magoa, a minha cabeça está cheia por tudo
que aconteceu, os guardas eram fieis aos meus pais, ainda se quer os notifiquei, perdi
tudo, não tenho para onde ir por enquanto, não posso enviar um mensageiro a eles —
respondeu Alice enquanto soluçava chorando.
Eu sento de frente a Alice sobre a cama de maneira confortável.
— Não se preocupa, eu gosto de ti, Hana e a tia Ritha também, pode ficar com
a gente pelo tempo que quiser, realmente não tem problema — disse Kiro.
— Eu não posso incomodar vocês — disse Alice em tom baixo.
— Não é um incomodo, você é uma pessoa agradável, pode nos ajudar na
padaria, limpeza e tudo mais, eu converso com a tia Ritha sobre você ficar mais tempo
por aqui, realmente não tem problemas.
— Obrigada Kiro, eu me lembrarei do quanto vocês me ajudaram. — disse
Alice.
— Agora sai da minha cama, eu que arrumei isso e você estragou tudo — disse
Kiro gritando.
— O que ta acontecendo? — perguntou Hana enquanto abria os olhos.
Alice não conseguia parar de rir diante a situação, arrumou a sua cama e foi
dormir, espero que ela esteja se sentindo bem conosco.
— Serei sempre grata a vocês — sussurrou Alice antes de deitar-se.
Antes do amanhecer minha tia entrou no quarto sorrateiramente para me
acordar, o trabalho duro começou cedo, uma carroça das fazendas vizinhas carregada
de farinha de trigo, leite e outras especiarias abasteceu o estoque da fazenda, carregar
grandes sacos de farinha para dentro não era um trabalho mo
Minha tia fez todo o trabalho na mistura de ingredientes e agora a minha
função é sovar a massa, de principio parece algo tranquilo, mas quando se passo quase
uma hora para chegar a um ponto perfeito se transforma em algo cansativo, apesar de
um ambiente levemente frio o suor escorria por minha testa.
Nos fundos da padaria havia três grandes fornos, com lenhas de arvores
frutíferas e fogo por magia, meu avó sempre exaltou o quão superior é esse tipo de
lenha, por sempre ter trabalhado em padarias chegou a uma maestria em que até os
detalhes da lenha levava uma boa qualidade ao seus pães, outra de suas preferidas era
a lenha de pinheiro.
Qualidade atrai a clientela e isso é obvio, o sol acaba de nascer, ainda muito
cedo e temos filas de clientes, uma grande diversidade de pães, pessoas adquirindo
seu café da manhã antes de um dia árduo de trabalho.
Com toda clientela atendida e abastecida finalmente chegou a hora de nosso
café da manhã, minha tia acordou Hana e Alice pois logo terão que partir para um dia
longo de iniciação, todos nos sentamos ao redor da mesa, o pão ainda estava quente e
tínhamos leite quente para acompanhar a refeição.
— Que horas é a matricula? — perguntou Ritha.
— É a uma hora da tarde — respondeu Alice.
— E vocês ainda estão com roupa de dormir? — disse Kiro em tom jocoso.
— Que horas são — disse Hana espantada.
— São onze horas da manhã e vocês tem um grande caminho para Tolton.
Alice e Hana deixaram os pães pela metade saíram correndo para banhar-se e
se arrumar, eu e Ritha estávamos rindo mas claro sem maldade, pois elas conseguiram
chegar a tempo tranquilamente.
Um barulho de passos sobre o piso de madeira do segundo andar estava
estrondante, aparentava que vinha uma multidão de seres esbravecidos, mas são
apenas as meninas, passaram correndo pela mesa enquanto eu e minha tia estávamos
em uma deliciosa refeição, apenas se despedindo com a mão e uma bolsa nas costas.
— Kiro, você foi de grande ajuda hoje, realmente facilitou tudo, mas só precisa
trabalhar comigo pela manhã de resto se quiser buscar algum outro emprego está
completamente livre — disse Ritha.
— Obrigado tia, em pouco tempo estarei saindo para conhecer a cidade, estava
com muita curiosidade sobre as forjas dos anões. — disse Kiro.
— Cuidado, são poucos de nós que os anões aceitam por perto, de resto só
para negócios. — disse Riha.
— Deixa comigo tia! — disse Kiro animado.
Com o sol radiante parti em busca de conhecer a cidade e quiça arrumar um
emprego, saindo da padaria há uma vista incrível na praça, casa mescladas com
alvenaria e madeira, tavernas sempre cheias com uma boa musica, comerciantes
gritando por todo onde, barracas simples para vendas de distintas coisas, desde
alimentos a poções magicas.
Os templos chamavam uma atenção especial por sua arquitetura, nesta cidade
há templos de todos os deuses, incluindo da deusa Meredith, filha renegada de
Wargrend, de acordo com as historias ela é a primeira filha dessa linhagem de seres
divinos, uma completa rebelde, praticamente ninguém há seguia.
Com um olhar de curiosidade sobre tudo e todos eu ando pela cidade, dando
voltas pelas partes nobres e pobres, bancos protegiam moedas de ouro dos nobres,
era fácil ver grupo de bandidos entrando nos tuneis subterrâneos, não importa por
onde e vá, é certo que irei me impressionar.
No centro do Reino Central há uma grande arena, aonde todos os penalizados
eram postos para brigar entre si e contra monstros, apenas os sobreviventes teriam a
sua liberdade, aonde também tem eventos de duelo, eu percebi o quanto tudo isso é
genial, uma estrategia na qual o rei se apropria das pessoas já detentas para gerar
diversão ao outros.
Chegando próximo ao portão sul encontrei os anões da forja, desencorajado
pelo medo imposto por minha tia apenas os observei de longe, passei horas ali.
Vinha em minha direção uma mulher linda, aparentava ter a minha idade, uma
pele suja de carvão, com um macacão vestido sobre roupa já manchadas, parecia que
estava trabalhando por horas.
— Está aqui a um bom tempo, tem algum interesse por alguma arma? —
perguntou a jovem.
— Eu sou apaixonado pela forja, é tudo tão incrível — respondeu Kiro.
— Não perca seu tempo, os anões dessa forja são ariscos! — disse a jovem.
— Quem é você? — perguntou Kiro.
— Eu sou Elizabeth, trabalho com os anões, aquele com barba ruiva é o Rato e
o menor se chama Sogril e quem é você seu curioso? — respondeu a jovem
— Nunca imaginei que alguém de tamanho normal trabalharia com eles —
retrucou Kiro.
— Eles são ariscos, mas a muito tempo me adotaram, desde então estou aqui,
no fundo são carinhosos e você ainda não me contou o seu nome — disse Elizabeth.
— Me chamo Kiro, como nunca tive tanta aptidão com magia desde pequeno
armas eram impressionantes para mim e ver alguém forjando me encantou muito.
— Não tenha medo, se quer comprar algo é só entrar em nossa loja, temos os
melhores produtos da região.
— O que eu não tenho é dinheiro, eu gostaria muito de trabalhar com vocês,
teria como?
— O que conhece sobre forja?
— Francamente não entendo nem do básico!
— É uma grande coincidência, preciso de alguém para carregar matérias para
as lojas da cidade, no tempo livre poderá observar e aprender mais.
— Seria um grande honra! — disse Kiro animado.
— Se quer o emprego que comece agora mesmo, se for bem sucedido lhe
apresento ao Rato e Sogril, caso contrario nem perca seu tempo voltando aqui.
— O que devo fazer?
— Preciso que leve uma caixa a um homem na parte sul do reino.
— Mas eu sou recém chegado, pouco conheço daqui .
Elizabeth estava com um olhar de negação dirigido a mim, tudo aparentava dar
errado.
— Não se preocupe, ele é bem conhecido — disse Elizabeth com desgosto.
— Seria de grande ajuda — disse Kiro com um grande sorriso.
— Quando chegar próximo as docas pergunte aonde vive Dunkrar.
— Somente isso?
— Como eu disse, não se preocupe, você ira encontrá-lo, apenas pergunte.
— O que tem na caixa?
— Não importa o que aconteça, não perca a caixa e muito menos abra-a.
Eu achei bastante estranho, a caixa era muito leve e pequena, com toda certeza
não era algo relacionado a forja mas não importa quanto ganharia e nem o serviço,
todo dinheiro é de bom grado, decidido de fazer um bom trabalho eu parti em direção
a parte sul, não estava tão longe, apesar de não conhecer eu já havia passado por la
antes.
Dava para saber que estava na parte sul do reino quando via as ruas molhadas,
os canais estavam cheios, o sol radiante dava um brilho sobre a água, os locais
aparentavam respeitar e não despejavam tanto lixo por ali.
Não foi necessário tanta caminhada para alcançar as docas, acredito que
Elizabeth gostara do meu trabalho, se aproximando de alguns mercadores de peixe, o
cheiro não estava ruim, aparentava estar bem fresco, um aglomeração de pessoas
faziam suas compras ali diariamente, ao me aproximar de um senhor de barba rala
decidi iniciar minhas perguntas em busca de Dunkrar.
— Senhor, sabe aonde posso encontrar um homem chamado Dunkrar? —
perguntou Kiro.
— Para que quer encontrar ele? — disse o senhor em tom jocoso.
— Preciso fazer uma entrega para ele! — disse Kiro determinado.
— Conversar com o chefe do grupo de ladrões não será assim tão fácil — disse
o senhor.
— Chefe do grupo de ladrões, como assim? — perguntou Kiro.
— Não sabe nem para quem vai entregar? — retrucou o senhor.
— Estou apenas fazendo meu trabalho — disse Kiro.
— Bem, se eu fosse você desistiria do trabalho, mas se quer encontra-lo é só ir
ate a parte baixo das docas, perto dos barcos e buscar por um homem com marcas no
rosto.
— Obrigado senhor.
Durante o caminho tudo aparenta ficar mais tenebroso, pouco tempo depois o barro
havia piorado, havia porcos no caminho, fedia muito, homens com praticamente o
dobro do meu tamanho assentavam por ali.
Passando em frente a uma taverna, dois homens bêbados começaram a me
olhar de maneira estranha e passaram a tomar o mesmo caminho que o meu, acredito
que por eu estar bem trajado que eles pensem que possuo algum dinheiro.
Desde criança aprendi que o trabalho era bom se fosse bem executado,
independente de qual seja o trabalho, neste momento comecei a duvidar disso, se eu
não tivesse ido tão longe com toda certeza desistiria.
Quando percebi estava em um caminho reto, não havia por onde ir a não ser
para trás, há um portão feito com grades de ferro logo a frente, protegida por um
homem gordo bruto trajando uma armadura surrada.
Com um tom de desprezo um dos homens disse:
— O que você busca por aqui garoto?
— Busco por Dunkrar.
— Vá embora, aqui não há nada para alguém como você.
— Elizabeth pediu para que eu entregasse isso a ele.
O homem gordo soltou um riso abafado.
— Tudo bem garoto, pode passar.
Ao passar pela porta de ferro me deparei com um corredor sujo, tochas
iluminam o caminho, ratos andam livremente e o chão estava molhado, pouco tempo
de caminhada e cheguei ao que seria uma taverna nos esgotos da cidade, os
instrumentos alaude, flauta e salteiro dava um som magnifico para o local.
Logo o homem do bar atrás do balcão aponta para mim e curva seu dedo me
chamando até la e disse:
— Você é mais um enviado por Elizabeth, certo?
— Sou sim, por que a pergunta?
— Ela não mencionou que todos os outros garotos não voltaram?
— Como assim?
— Procura por Dunkrar, trouxe algum presente?
Um som estrondoso que aparenta ser uma grande explosão e poeiras vem do
lado esquerdo da taverna, antes da poeira abaixar homens trajando o manto do Reino
Central entravam, os bêbados logo sacaram suas espadas.
O homem do bar me puxou com toda sua força para trás balcão fazendo com
que meu corpo quebrasse algumas garrafas de bebidas e mandou eu me abaixar ali,
ele logo sacou a sua arma e correu para a luta.
Mesmo eu tendo treinado para lutar desde criança não poderia partir para a
batalha, qualquer desavença com o governo central e seria o fim do sustento da vida
da minha irmã, decidi me esconder e esperar e esbeirar visualizando tudo por um
pequeno vão.
A primeira imagem que tinha era a espada de um homem do Reino Central
coberta por um espectro de luz roxa entrando na barriga de um dos homens, ao retirar
a espada órgãos internos saiam para fora, sangue estava por todo lugar, cabeças
rolavam.
Os homens do bar não teriam chances, alguns se renderam e ficaram
agachados no canto, os guardas reais aparentavam não ser hostis contra os que se
renderam, creio que ainda não encontrei Dunkrar, se quer sei se ele está aqui.
Com o combate já finalizado, homens começaram a vasculhar a área e então eu
levantei lentamente com as mãos para cima.
— Eu não sou um bandido, eu só vim aqui a trabalho — disse Kiro.
— Veja James temos aqui um jovem traidor do reino — disse um dos guardas.
— Não, eu não sou nenhum traidor, eu trabalho em uma padaria, só estou aqui
por trabalho — disse Kiro.
— Você tem duas opções jovem trabalhador — disse James.
Outro guarda real se aproximou de mim segurando sua espada em posição de
ataque e disse:
— Você pode fugir e será morto ou vem conosco para o julgamento.
— Julgamento? — indagou Kiro.
Os guardas reais começaram a rir.
— Por essa sua cara e por não conhecer o julgamento acredito que seja algum
caipira, você e todos que se renderam terão que lutar pela liberdade, essa é a politica
do nosso governo o tão famigerado pão e circo. — disse James.
— Como assim? — perguntou Kiro com um semblante assustado.
Novamente os guardas reais continuaram a rir, porém, dessa vez os homens
rendidos também riram.
— Vocês irão até a Arena e literalmente irão lutar pela liberdade até a morte.
Eu não sabia o que fazer, completamente congelado, não consegui ter alguma
reação, logo os guardas reais me puxaram pelo braço, me prendeu com algemas
ligadas a correntes ligadas a outras algemas.
Saindo da taverna uma carroça nos esperava, estava acompanhado de mais
três homens, um deles era o homem do bar que me salvou da batalha.
Todos eles com um olhar tranquilo, nenhum aparentava estar abatido, estavam
conversando normalmente.
— Mais um vez, nos prenderam e não alcançaram Dunkrar, eles jamais
chegaram até Dunkrar mas se por acaso chegassem garanto que morreriam no
primeiro segundo— disse um homem bêbado
— Como é seu nome jovem? — perguntou o homem do bar.
Meu olhar esta fixo para os rostos deles, não consegui conceber em momento
algum o que estava acontecendo, se quer percebi a pergunta.
— Bem... vendo você lembro da primeira vez que passei por isso, meu nome é
Ramir, sei que não está nada bem mas se preocupar só piora o seu estado, você
precisa ter a mente limpa para ter sucesso nisso.
— Ramir? — perguntou Kiro.
— Isso mesmo moleque.
— Por que temos que passar por isso?
— Você nunca matou alguém antes, certo?
— Certo, nunca matei.
— Hoje será um grande dia jovem, espero que seu Deus te ajude.
— Eu nunca me afiliei a um Deus.
— Nunca? — Ramir começou a rir e disse de forma irônica — Você é
praticamente um homem morto.

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  • 1.
  • 2. Hoje quem tem o poder sobre o mundo ou popularmente conhecida como Moth’dan, são os reis, os deuses já não fazem questão de cooperar, estão distantes, misteriosos, muitos ainda cultuam os seres divinos que mais se identificam, com o afastamento deles os monstros apareceram, desde pequenos animais que são objetivo de caça para alimentação de uma família inteira, até grandes colossos que serviriam para nutrir toda uma cidade. Ainda temos escrituras sobre milênios atrás, todos comentam sobre a harmonia dos deuses com os humanos, a vida era tranquila, praticamente uma utopia, poucos eram os problemas, até o momento que o Deus dos mares Aegir, um ser divino que era conhecido por tomar forma humana e pregar discórdia sobre os homens, ao ficar descontente como as suas penalidades dadas por Wargrend. Em vários contos citam que Aegir sem titubear decidiu despejar o as sete características de um Deus sobre os humanos: Gula, o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida. Avareza, apego excessivo e descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro, priorizando-os e deixando Deus em segundo plano. Luxuria, o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Ira, intenso e descontrolado sentimento de raiva, ódio, rancor que pode ou não gerar sentimento de vingança. Inveja, ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento espiritual. Preguiça, aversão ao trabalho, frequentemente associada ao ócio, vadiagem. Orgulho, conhecida como soberba, é associada à orgulho excessivo, arrogância e vaidade. Boa parte da fonte de poder dos deuses vinha da adoração dos humanos porém ano após ano com todas as novas características dos humanos o cultivo aos seres divinos estavam diminuindo, estavam fracos, tudo ficou como se os humanos fossem superiores. Como uma fuga estratégica o Deus da inteligencia Wargrend, deu o poder da magia para seus seguidores, poderes para facilitar a vida, a colheita ficou mais fácil, a caça ainda dava um grande trabalho mas não como antes, o fogo se tornou algo simples. Com o tempo grande parte dos treze deuses passaram a dar poderes para seus seguidores que tinham uma aptidão, apesar de características básicas semelhante entre todos como a criação de fogo, todos os seres divinos passaram a entregar poderes distintos, cada qual com sua especialidade principal, porém não são todos os a receber. Há humanos que cultuam deuses por toda a sua vida mas de nada adianta, quem não possui aptidão para magia não poderá ter-la, era o que todos pensavam até então.
  • 3. Em uma pequena fazenda, não uma fazenda calma e pacata, sem nada para se divertir ou destruir: era o lar de Kiro da familia dos Pagetes, e isso quer dizer muita bagunça. Próximo a fazenda existe um tipico vilarejo de interior, com comerciantes, o mago velho da livraria, a velha brava que vende peixes e um grande edifício com a porta de ferro aonde todo ano há um grande evento para distinguir a capacidade magica dos fortes e dos praticamente puros de alma. Os pagetes viviam ao redor do vilarejo desde os tempos antigos, e as pessoas os consideravam muito respeitáveis, mas infelizmente poucos dessa linhagem genética não nobre padecia de alma magica em suas veias e por isso nunca tinham tido nenhuma aventura e sempre calmas e satisfeitos com a vida cotidiana, até o nascimento do Kiro e sua irmã Hana, não apenas porque ambos apresentavam uma admiração pelo estudo magico, mas também porque possuem uma vontade indomável de conhecer o mundo exterior. Desastre e histórias de aventura brotavam por todo lado, onde quer que Kiro fosse por sua indomável característica de ser atrapalhado, apesar da grande força de vontade do jovem ele nunca teve a mesma capacidade magica que sua irmã. Dias atuais Durante anos da minha vida sempre vim estudando a magia e isso simplesmente me fascina, saber que posso mudar o mundo, ou defender a fazenda de monstros selvagens, infelizmente sempre perdi para a minha irmã quando se trata capacidade magica, mas o fato de eu ter um estoque baixo ou praticamente nulo faz com que eu treine duro todos os dias, até em épocas de colheita aonde o trabalho é dobrado. Confesso que sempre tive uma queda pela magia para conquistar as garotas, esse era o meu motivo obscuro para a minha forte ambição, mas infelizmente nunca se quer tive sucesso nisso e claro que a minha irmã me considerava o completo idiota. São tempos de felicidade para o vilarejo, quando anualmente acontece um teste nomeado de “Exame do capuz” aonde a vestimenta é usada para medir a capacidade magica do individuo e é claro que eu odeio essa intitulação que o reino central criou. Mesmo com todo o meu esforço e dedicação apenas me destaquei na parte física, quanto a magia sempre fui um completo desajeitado. Não há bons livros aonde vivo, tudo muito antigo e desatualizado, por estarmos consideravelmente longe do reino e sermos uma vila auto-sustentável pequena só temos visitas para cobrança de impostos e nada de melhorias.
  • 4. No dia do evento, o velho da livraria estava comando tudo, em cima de um palanque, guardava um capuz roxo em um tipo de saco completamente preto, guardas do reino central protegiam a área e eu claramente apavorado pois quanto melhor a nota no capuz melhor é melhor a escola de magia. O salão principal estava lindo, não aparentava ser algo no meu vilarejo, tudo funcionava com magia, desde a limpeza até a decoração do ambiente, várias pessoas da vila estavam ali, algumas faziam o teste todos os anos em busca de uma esperança. — Existem três tipos de magos — Disse o velho da livraria — Aquele que baseia seu poder, usando o raciocínio aliado a alma e razão em suas lutas, buscando a verdadeira justiça em nome do rei e também aqueles que não apresentam logica e razão e perdem toda a graça real. — E qual o terceiro? — perguntei gritando. — Aqueles que seguem o seu coração guiado pela verdadeira magia ignorando toda a doutrinação imposta a nós. E com isso os guardas do reino central que trouxeram o capuz entram em um estado de alerta, alguns sussurrando chamando o velho de louco, a morte era algo simples para quem não respeitasse o rei. Normalmente para ingressar a uma boa escola era preciso um treinamento desde criança e isso fez com que varias pessoas simples do meu reino não passassem no teste, até que chegou a vez da minha irmã. Hana confiante sentou-se na em frente ao velho e no momento que o capuz foi usado ele teve um brilho intenso chamando a atenção de tudo e todos, pessoas com a cara de surpresos e espantados, ninguém esperava algo assim e poucos já tinham presenciado tal, é claro que ela passou com um destaque por cima da media. Após todo o processo teve uma árdua conversa com representantes do reino e foi designada a uma escola de magia incrível, aonde começaria a estudar já na próxima semana, até então Hana era a unica selecionada. Na minha vez, me dirigi até a cadeira, pouco confiante e com um semblante não tão animado, o capuz se quer reagiu, nada aconteceu, tive menos resposta que todos os outros. No mesmo dia minhã mãe convidou toda a família para um grande jantar e sinceramente foi uma grande festa, com muita carne de javali e hidromel, a família do vizinho estava responsável pela musica, era uma noite aonde não teria garçom parado e nem prostituta triste, apesar do meu tipo introvertido, não me deixei levar pela inveja, todos estavam animados, meus tios bêbados cantando e quebrando toda a louça. Hana se aproxima de mim no canto da festa e diz: — Você não se abala muito fácil — com um tom sarcástico.
  • 5. Sem responder com palavras, mas apenas com o olhar eu deixei bem claro que a minha competição com a Hana estava apenas por começar. Durante a festa meu pai explica que antes de dormir ira preparar tudo para a viagem e que terei que levar a minha irmã. — Kiro, já está tudo certo, chegando a cidade procurei a padaria de sua tia, ela irá hospedar vocês, ela está esperando por esse momento a anos e explique a sua irmã que não poderemos enviar dinheiro, ela terá que trabalhar com a sua tia — disse o pai orgulhoso e triste pela partida. — Tudo bem pai, na viagem eu converso com ela. Tonto de tanto hidromel eu me deito e facilmente durmo enquanto tudo aparentava estar rodando. Foi uma grande despedida, eu não voltaria tão rápido para o vilarejo, todos se abraçaram, bêbados chorando e muita emoção no ar, meus pais estavam muito orgulhosos, e mesmo não passando na escola de magia eu estava pronto para ir para o Reino Central trabalhar com a minha tia. Rumo a escola de magia Ao alvorecer a carruagem velha presa a dois cavalos já estava arrumada, Eu e Hana nos despedimos de nossos pais, o rebanho de gado ainda dormia, os pássaros não cantam, estamos demasiadamente animados para nos aventurar fora de nosso vilarejo — Hana, o pai não poderá te enviar dinheiro, você ganhou um estudo completo de graça, mas a sua vida lá terá que ser sustentada com nosso trabalho ajudando a tia na padaria — disse Kiro. — Eu já estava pensando sobre isso, realmente não tem problema ajudar — disse Hana. Saímos da região que conheço, todo caminho era novo, estamos distantes de casa, a grama estava extremamente verde, o vento batia nas arvores fazendo um barulho aconchegante, os pássaros cantam, porém, caminho de terra para a escola no Reino Central era longo.
  • 6. Horas se passaram e durante o percurso eu e a minha irmã nos deparamos com moça que aparentava ter a mesma idade que eu, sentada no chão, coberta de sangue, com dois guardas reais mortos ao seu lado, os pássaros já não cantavam, o vento havia cessado, o clima piorou. Eu imediatamente saltei da carroça e parti ao auxilio, ela aparentava estar assustada, segurando o seu cordão de cristal que aparentava estar quebrado, lagrimas escorriam por seu rosto, ao me aproximar percebi que o sangue já estava quase seco, havia um bom tempo que ela estava por ali. — O que houve? — perguntei assustado. O olhar fixo dela para o colar quebrado me dava uma certa aflição, não deu uma resposta visual a nossa chegada e as lagrimas continuavam a cair. Hana imediatamente começa a sua magia de cura, uma luz branca saia de suas mãos sobre as férias e os machucados provavelmente causados por uma tentativa de fuga sem êxito, não era a primeira vez que eu via uma magia de cura, mas era sempre algo incrível, a ferida se fechava, o sangue não corria mais pelos braços. — Por favor me leve ao Reino central — disse a jovem com o olhar fixo ao cordão. — Quem é você e o que aconteceu contigo? — disse Hana preocupada. — Quem sou não importa apenas me levem até o reino e lhes garanto uma grande recompensa e não se importe com esses guardas reais, eram apenas bandidos em uma tentativa falha de sequestro — disse a jovem. Eu e Hana tivemos uma troca olhar com um semblante de curiosidade, logo minha irmã começou a rir e não se importou com os guardas. — Kiro, ela realmente precisa de ajuda, vamos seguir com ela e no caminho faremos mais perguntas para conhecê-la melhor, não acho que seja uma armadilha — sussurrou Hana. Decididos de tal continuamos o trajeto, nesta região tudo aparentava estar morto, não víamos mais animais, sem vento, tinha um ar de hostilidade, como dificilmente algo abatia Hana ela com sua grande curiosidade decidiu iniciar uma conversa. — Agora que estamos te ajudando diga, qual o seu nome? — disse Hana convicta. — Sou a filha caçula do rei Olufsen Minimus Terceiro, meu nome é Alice, do reino do norte. — Como os guardas reais morreram? — disse Hana animada com um tom de curiosidade.
  • 7. — Guardas, homens de confiança de meu pai e no final participavam da mesa negra, malditos traidores, eram fortes, ainda bem que o cristal de proteção me salvou — respondeu Alice. — Mas o que é esse cristal e mesa negra? — disse Hana. — É uma runa que recebi de presente de um velho amigo, o mago do reino, até então não fazia ideia para que servia e realmente veio a ser útil, mas fico triste era a minha única lembrança dele e sobre o grupo mesa negra, deixa para depois — disse Alice triste. Alice virou seu rosto para a floresta que cercava o caminho de terra e Hana após notar que se tratava de uma pessoa não perigosa decidiu não incomodar. Andamos muito, placas indicavam todo o caminho correto para o Reino Central, até então nada demais, tivemos sorte de não sermos atacados por algum monstro magico, nem percebemos e rapidamente anoiteceu, ao se aproximar de um rio de águas claras com correnteza leve percebemos que era um lugar ideal para acampar. Acampamos próximo a rochas que estavam na frente do lago, panos estendidos sobre a grama eram as nossas confortáveis camas, não sei como, mas não havia insetos para nos incomodar, Hana rapidamente pegou no sono, a lua cheia gerava uma boa luz para nós mas de qualquer maneira eu precisava buscar madeira para iniciar o fogo. Alice saiu sem nos comunicar, decidi não atrapalhar, em pouco tempo já perdi a visão dela ao meio da escuridão. Enquanto eu estava voltando carregando apenas gravetos secos, dei de encontro com Alice, completamente nua, ela rapidamente mergulhou deixando apenas a sua cabeça para fora com um incessante grito envergonhada. — Sai daqui seu homem pervertido. Me viro imediatamente com uma vergonha extrema do que presenciei. — Suas roupas estão completamente sujas, use algo da Hana não terá problema — disse Kiro com uma grande vergonha e gaguejando. Alice não responde, eu busco as roupas para ela, deixo nas margens do rio. Minutos depois com o fogo aceso pela magia, Alice aparece trajada com roupas da Hana e não consegue me encarar, claramente ainda está envergonhada, ela deita, vira o rosto e rapidamente dorme, completamente atrapalhada, tudo o que consigo fazer é dar uma risada irônica o que acaba a incomodando mais ainda.
  • 8. Com tudo em ordem vou dormir, amanhã no horário do almoço chegaremos a cidade, será um dia incrível. O sol tinha acabado de nascer e com isso nós despertámos, os pássaros cantam, o vento traz uma sensação de paz interna, sentíamos que nada de ruim poderia acontecer e todos ansiosos para a chega no reino. Com os cavalos já alimentados, subimos a carroça e partimos em nosso caminho, Alice ainda me encarava de maneira estranha, mas eu sempre notava com olhares sutis e disfarçados em minha direção, com um toque de curiosidade. — O que vocês irão fazer no Reino Central? — perguntou Alice para quebrar o gelo. — Eu passei na escola de magia de magia Tolton do reino central e o Kiro está me levando — respondeu Hana com um tom animado. — Serio? — retrucou Alice surpresa. — Sim. — respondeu Hana. — Eu também estou indo para a escola, fui a única do meu reino a passar, será muito bom ficar com os dois por lá. Hana notou que meu semblante ficou um pouco triste após isso, já que eu só estaria indo para trabalhar então para quebrar o gelo trocou o assunto. — No nosso vilarejo pouco sabemos sobre o Reino Central, pode nos contar alguma história? — Disse Hana. — Sim, minha mãe sempre que contava histórias e uma delas era que logo após a Guerra dos Colossos, entre os dois grandes reinos, Tharso um jovem poderoso que reinava a milênios atrás obteve a sua tão merecida vitória, seu exército não apenas tinha grandes magos, mas foi a primeira vez que demonstrou adestração monstros com a ajuda de magos de controle mental. Tharso dividiu seu continente em 5 reinos estrategicamente posicionados em Moth’dan, o reino central é o maior deles, aonde possui a maior quantidade de templos de adoração, famílias nobres e um mercado rico, eu estou muito animada para chegar logo mas infelizmente não sei como farei, um dos bandidos fugiram com todo meu dinheiro — disse Alice. — Vamos ficar na casa de uma tia, ela possui uma padaria, eu trabalharei lá apenas no tempo vago, mas Kiro está indo para trabalhar em tempo integral, então vamos morar com a nossa família também — disse Hana sendo humilde. Alice ficou um pouco sem jeito, as conversas não pararam, comentaram sobre o grande rio que corria do lado da estrada que nunca parecia acabar e assim os três foram criando um grande vínculo entre si.
  • 9. Reino central A aproximadamente cinco horas atrás o sol nasceu, ainda não comemos mas continuamos o trajeto e finalmente de longe já podíamos visualizar os picos da grande muralha que cercava o castelo, o reinado mais importante de todo continente, construída pela primeira união dos elfos com os anões através de técnicas secretas, considerada a mais impenetrável de todas e o melhor mercado. Andando pelo caminho de terra já marcada pelas enumeras pessoas que já passaram por aqui, antes da entrada principal, passamos por várias pequenas fazendas, todas construídas de madeira com alvenaria, a tecnologia já era mais evoluída, eu e minha irmã ficamos positivamente espantados pelo moinho de água usado no rio que nos acompanhou por boa parte da viagem. Continuamos o trajeto e afrente o estabulo estava a curva do rio, uma ponte e logo após um grande portão da região sul para a cidade protegida por guardas, o forte vento balançava a bandeira azul, a passagem para dentro dos muros era totalmente livre, mesmo eu tendo o conhecimento que o Reinado Central abriga milhares de pessoas, quando entrei o primeiro sentimento que tive era que eu estava muito enganado, tudo isso é muito maior. Próximo ao grande portão sentimos um grande calor e rapidamente nos viramos, meu semblante espantoso logo mudou para um grande sorriso de emoção, quando vi pela primeira vez um grupo de anões com longas barbas negras, fazendo um barulho estridente enquanto forjava laminas brilhantes, não parecia algo normal, claramente as armas estavam encantadas, nesse momento eu decidi que queria aprender mais sobre isso. Próximo ao porto na região sul as ruas eram largas e fedia muito, nos deparamos com um grupo de pescadores saindo de seu barco com um grande monstro marítimo, era a primeira vez que eu via tal, tudo é novo, as ruas molhadas, a gritaria dos comerciantes brigando pelo melhor preço, esse lugar é maravilhoso. O rio que que nos acompanhou na viagem desembocava no mar e a água do mar corria por toda a parte sul da cidade, pontes e casas construídas sobre a água, as pessoas pescavam de suas janelas. Durante o percusso da viagem fomos perguntando aonde fica a padaria da tia Ritha, infelizmente pelo tamanho da cidade nenhum dos locais conseguiram ceder tal informação. Apesar da região sul ser linda não era tão grande, logo encontramos uma bifurcação na estrada, onde tinha uma placa de madeira indicando dois caminhos, um deles a esquerda que daria de volta ao porto e outro que indicava uma ponte e por diante a região leste, seguimos o caminho da direita.
  • 10. Ao leste havia uma barragem que parava toda a água, havia espaço para fluir o mar mas estava completamente vazio, podíamos ver algumas portas de ferro que indicava a entrada de tuneis subterrâneos e pequenos monstros verdes vestidos com trapos de roupa. — Não olhe para eles — disse Alice. — Por que? O que houve? — indagou Hana espantada. — São goblins, alguns deles trabalham nas cidades em funções menores, mas todos vivem na cidade subterrânea, não os trate bem, são apenas monstros larápios que aprenderam o nosso idioma, não são dignos. — disse Alice. — Eu sempre ouvi falar disso, mas nunca pensei que fosse ver um, são incríveis — retrucou Kiro. — Se der atenção a eles com toda certeza sofrera algo de negativo, esses seres não possuem empatia e muito menos medo — disse Alice brava. Escadas levavam a uma passarela por cima do canal vazio, pontes estavam ocupadas por carroças, eu nunca tinha visto tanto acumulo e bagunça em transportes. Em uma pequena venda, aonde havia limões, diversos temperos e panelas, Hana decidiu parar para perguntar a senhora que lá trabalhava sobre a localização de nossa tia. — Boa tarde senhora... — disse Hana. — Bom tarde minha jovem, possuímos o menor preço para todos produtos de cozinhas — disse a senhora interrompendo a fala de Hana. — Obrigada senhora, só preciso de uma informação — disse Hana. O semblante da senhora se alterou ao mesmo tempo, sua cara animada e extrovertida ficou extremamente fechada. — O que vocês precisam — disse a Senhora. — Você sabe aonde fica a padaria da Ritha? — perguntou Hana. — Sim, logo após do templo de Wargrend, cercando a praça das flores — disse a senhora desanimada. — Muito obrigada senhora — disse Hana com os olhos praticamente fechados com um grande sorriso estampado no rosto. — Ta bom, ta bom — disse a senhora enquanto se sentava em sua cadeira. O templo de Wargrend era imenso, lindo, construído completamente de alvenaria, possuía 2 grandes janelas laterais, pessoa a frente recrutavam outros para o templo porém ali ninguém ousava fazer um barulho estrondante, é realmente muito calmo.
  • 11. Uma praça redonda no meio da cidade, com pequenas plantações rodeadas por uma cerca de pedra abrigava lindas plantas, arvores gigantes e milenares proporcionavam uma grande e deliciosa sombra, pessoas liam livros e dormiam embaixo delas, e finalmente podíamos ver um letreiro escrito Padaria da Ritha, o sentimento de missão concluída depois de tanto viajar era algo encantador. A padaria e a casa da tia Ritha eram o mesmo lugar, construída de pedras, com um balcão que abria caminho da padaria a rua, de longe já exalava um forte e delicioso cheiro de pão, havia mais de seis anos que não tínhamos contato com nossa tia, ainda na companhia de Alice, paramos a carroça em frente ao estabelecimento. — Tia Ritha — gritou Hana animada. Dos fundos vinha minha tia, com o avental todo sujo de farinha, esbanjando um grande sorriso em seu rosto por nos ver novamente. — Finalmente minhas crianças esperei tanto por vocês, os quartos de visita estão prontos, só falta levar a roupa de cama — disse a Ritha quase chorando de emoção. — Obrigado tia, apesar de eu não ter passado no exame do capuz eu pretendo trabalhar contigo para ajudar a sustentar a vida da Hana, teria como? — perguntou Kiro. — Claro minhas crianças, depois da morte do seu tio será o maior prazer receber vocês aqui — disse Ritha. — Obrigado tia — disse Hana enquanto abraçava-a. Minha tia rapidamente dirigiu um olhar sobre mim e a Alice, com uma leve risada. — E essa é a sua nova namorada Kiro — disse Ritha com um ar de intimidadora. — Não, não sou, não... — disse Alice rapidamente, gaguejando e com muita vergonha. — Não tia — disse Kiro enquanto ria descontroladamente. — Vocês dariam um belo casal — disse Ritha. — É verdade, já tem lugar para ficar Alice? — disse Hana. — Bem os bandidos que conseguiram sair vivos fugiram com todo meu dinheiro, meu plano inicial era me hospedar em uma estalagem — disse Alice com vergonha. — Então decidido, agora mesmo vou arrumar meu quarto para minhas crianças e a namorada nova do Kiro — disse Ritha em um tom jocoso. — Isso ai tia! — disse Hana.
  • 12. — Obrigada gente — disse Alice. — Kiro, você já é um jovem de 18 anos, alto, não tão forte mas ainda tem muito o que melhorar, vai precisar de muito esforço para conseguir sovar as massas, conto contigo. — disse Ritha. — Deixa comigo tia! — disse Kiro. Eu não conseguia tirar o sorriso do rosto, apesar de ser uma recém conhecida a Alice é linda e isso me deixa totalmente sem jeito. Entrando na casa, era realmente grande em relação a nossa casa no campo, totalmente feita de pedra sobre pedra, na sala havia uma mesa com 12 cadeiras apesar da minha tia viver sozinha, todos nós três ficamos no mesmo quarto, são camas confortáveis, apesar de ter que dividir quarta com a minha irmã e a Alice tudo aquilo valia a pena, nunca tive algo tão bom assim vivendo na fazenda. No final do dia, enquanto Hana e Alice estavam em um sono pesado, eu estava ajudando minha tia na limpeza da padaria, pedaços de massa grudados por todo onde, o cheiro ainda era incrível, minha tia aparentava estar melhor com a nossa visita. — Kiro, você comentou sobre não ter passado no exame do capuz, não sei seus pais falaram mas durante minha juventude eu seu tio eramos do esquadrão de defesa da cidade, existe outros vários métodos para ingressar a escola de Tolton — disse Ritha em tom baixo. — Serio tia? — indagou Kiro. — Sim, o exame do capuz não é o único, a magia pode ser usada em distintas áreas e não apenas para o combate, o teste que você presenciou é algo exclusivo para magos habilidosos com grande capacidade magica. — disse Ritha. — Mas a escola de Tolton não é apenas para magos — disse Kiro. — Isso mesmo, mas aparentemente você tem uma capacidade magica, claro que não se assemelha a de sua irmã, mas você pode se destacar em outras áreas. — Quais áreas seriam? — indagou Kiro. — Existe três formas de entrar, entre elas o exame do capuz, vitoria na arena, indicação de alguém da nobreza ou um Deus e claramente pagando com moedas de ouro, pode trabalhar aqui ou em outros lugares para juntar seu dinheiro, mesmo com pouco poder lá você pode desenvolve-los bem. — disse Ritha. “Nesse momento abriu um nova porta de esperança para mim, provavelmente terei que trabalhar anos mas conseguirei” — pensou Kiro. — Tia o que você fazia dentro do exercito e como é lá? — perguntou Kiro.
  • 13. — Eu curava os feridos, magia de cura são algo muito bem recebidos por lá, poucos padecem de tal e seu velho não possuía capacidade magica, ele era da linha de defesa, usava uma grande armadura mas era genial em combate. — respondeu Ritha. “Minha tia está tão animada com a nossa chegada mas apesar da curiosidade não devo perguntar sobre a morte de meu tio” — pensou Kiro. Após concluir toda a limpeza, fomos deitar, quando entrei no quarto me deparei com Hana dormindo e a Alice acordada e choramingando, deitada aonde arrumei para ser a minha cama, eu me senti muito preocupado com ela, apesar de a conhecermos por pouco tempo criamos um certo vinculo. — O que houve contigo Alice? — perguntou Kiro. — Eu não sei direito, não que eu tenha perdido tudo, mas eu tento me fazer de forte diante do que aconteceu, segurar a magoa, a minha cabeça está cheia por tudo que aconteceu, os guardas eram fieis aos meus pais, ainda se quer os notifiquei, perdi tudo, não tenho para onde ir por enquanto, não posso enviar um mensageiro a eles — respondeu Alice enquanto soluçava chorando. Eu sento de frente a Alice sobre a cama de maneira confortável. — Não se preocupa, eu gosto de ti, Hana e a tia Ritha também, pode ficar com a gente pelo tempo que quiser, realmente não tem problema — disse Kiro. — Eu não posso incomodar vocês — disse Alice em tom baixo. — Não é um incomodo, você é uma pessoa agradável, pode nos ajudar na padaria, limpeza e tudo mais, eu converso com a tia Ritha sobre você ficar mais tempo por aqui, realmente não tem problemas. — Obrigada Kiro, eu me lembrarei do quanto vocês me ajudaram. — disse Alice. — Agora sai da minha cama, eu que arrumei isso e você estragou tudo — disse Kiro gritando. — O que ta acontecendo? — perguntou Hana enquanto abria os olhos. Alice não conseguia parar de rir diante a situação, arrumou a sua cama e foi dormir, espero que ela esteja se sentindo bem conosco. — Serei sempre grata a vocês — sussurrou Alice antes de deitar-se. Antes do amanhecer minha tia entrou no quarto sorrateiramente para me acordar, o trabalho duro começou cedo, uma carroça das fazendas vizinhas carregada de farinha de trigo, leite e outras especiarias abasteceu o estoque da fazenda, carregar grandes sacos de farinha para dentro não era um trabalho mo Minha tia fez todo o trabalho na mistura de ingredientes e agora a minha função é sovar a massa, de principio parece algo tranquilo, mas quando se passo quase
  • 14. uma hora para chegar a um ponto perfeito se transforma em algo cansativo, apesar de um ambiente levemente frio o suor escorria por minha testa. Nos fundos da padaria havia três grandes fornos, com lenhas de arvores frutíferas e fogo por magia, meu avó sempre exaltou o quão superior é esse tipo de lenha, por sempre ter trabalhado em padarias chegou a uma maestria em que até os detalhes da lenha levava uma boa qualidade ao seus pães, outra de suas preferidas era a lenha de pinheiro. Qualidade atrai a clientela e isso é obvio, o sol acaba de nascer, ainda muito cedo e temos filas de clientes, uma grande diversidade de pães, pessoas adquirindo seu café da manhã antes de um dia árduo de trabalho. Com toda clientela atendida e abastecida finalmente chegou a hora de nosso café da manhã, minha tia acordou Hana e Alice pois logo terão que partir para um dia longo de iniciação, todos nos sentamos ao redor da mesa, o pão ainda estava quente e tínhamos leite quente para acompanhar a refeição. — Que horas é a matricula? — perguntou Ritha. — É a uma hora da tarde — respondeu Alice. — E vocês ainda estão com roupa de dormir? — disse Kiro em tom jocoso. — Que horas são — disse Hana espantada. — São onze horas da manhã e vocês tem um grande caminho para Tolton. Alice e Hana deixaram os pães pela metade saíram correndo para banhar-se e se arrumar, eu e Ritha estávamos rindo mas claro sem maldade, pois elas conseguiram chegar a tempo tranquilamente. Um barulho de passos sobre o piso de madeira do segundo andar estava estrondante, aparentava que vinha uma multidão de seres esbravecidos, mas são apenas as meninas, passaram correndo pela mesa enquanto eu e minha tia estávamos em uma deliciosa refeição, apenas se despedindo com a mão e uma bolsa nas costas. — Kiro, você foi de grande ajuda hoje, realmente facilitou tudo, mas só precisa trabalhar comigo pela manhã de resto se quiser buscar algum outro emprego está completamente livre — disse Ritha. — Obrigado tia, em pouco tempo estarei saindo para conhecer a cidade, estava com muita curiosidade sobre as forjas dos anões. — disse Kiro. — Cuidado, são poucos de nós que os anões aceitam por perto, de resto só para negócios. — disse Riha. — Deixa comigo tia! — disse Kiro animado. Com o sol radiante parti em busca de conhecer a cidade e quiça arrumar um emprego, saindo da padaria há uma vista incrível na praça, casa mescladas com
  • 15. alvenaria e madeira, tavernas sempre cheias com uma boa musica, comerciantes gritando por todo onde, barracas simples para vendas de distintas coisas, desde alimentos a poções magicas. Os templos chamavam uma atenção especial por sua arquitetura, nesta cidade há templos de todos os deuses, incluindo da deusa Meredith, filha renegada de Wargrend, de acordo com as historias ela é a primeira filha dessa linhagem de seres divinos, uma completa rebelde, praticamente ninguém há seguia. Com um olhar de curiosidade sobre tudo e todos eu ando pela cidade, dando voltas pelas partes nobres e pobres, bancos protegiam moedas de ouro dos nobres, era fácil ver grupo de bandidos entrando nos tuneis subterrâneos, não importa por onde e vá, é certo que irei me impressionar. No centro do Reino Central há uma grande arena, aonde todos os penalizados eram postos para brigar entre si e contra monstros, apenas os sobreviventes teriam a sua liberdade, aonde também tem eventos de duelo, eu percebi o quanto tudo isso é genial, uma estrategia na qual o rei se apropria das pessoas já detentas para gerar diversão ao outros. Chegando próximo ao portão sul encontrei os anões da forja, desencorajado pelo medo imposto por minha tia apenas os observei de longe, passei horas ali. Vinha em minha direção uma mulher linda, aparentava ter a minha idade, uma pele suja de carvão, com um macacão vestido sobre roupa já manchadas, parecia que estava trabalhando por horas. — Está aqui a um bom tempo, tem algum interesse por alguma arma? — perguntou a jovem. — Eu sou apaixonado pela forja, é tudo tão incrível — respondeu Kiro. — Não perca seu tempo, os anões dessa forja são ariscos! — disse a jovem. — Quem é você? — perguntou Kiro. — Eu sou Elizabeth, trabalho com os anões, aquele com barba ruiva é o Rato e o menor se chama Sogril e quem é você seu curioso? — respondeu a jovem — Nunca imaginei que alguém de tamanho normal trabalharia com eles — retrucou Kiro. — Eles são ariscos, mas a muito tempo me adotaram, desde então estou aqui, no fundo são carinhosos e você ainda não me contou o seu nome — disse Elizabeth. — Me chamo Kiro, como nunca tive tanta aptidão com magia desde pequeno armas eram impressionantes para mim e ver alguém forjando me encantou muito. — Não tenha medo, se quer comprar algo é só entrar em nossa loja, temos os melhores produtos da região.
  • 16. — O que eu não tenho é dinheiro, eu gostaria muito de trabalhar com vocês, teria como? — O que conhece sobre forja? — Francamente não entendo nem do básico! — É uma grande coincidência, preciso de alguém para carregar matérias para as lojas da cidade, no tempo livre poderá observar e aprender mais. — Seria um grande honra! — disse Kiro animado. — Se quer o emprego que comece agora mesmo, se for bem sucedido lhe apresento ao Rato e Sogril, caso contrario nem perca seu tempo voltando aqui. — O que devo fazer? — Preciso que leve uma caixa a um homem na parte sul do reino. — Mas eu sou recém chegado, pouco conheço daqui . Elizabeth estava com um olhar de negação dirigido a mim, tudo aparentava dar errado. — Não se preocupe, ele é bem conhecido — disse Elizabeth com desgosto. — Seria de grande ajuda — disse Kiro com um grande sorriso. — Quando chegar próximo as docas pergunte aonde vive Dunkrar. — Somente isso? — Como eu disse, não se preocupe, você ira encontrá-lo, apenas pergunte. — O que tem na caixa? — Não importa o que aconteça, não perca a caixa e muito menos abra-a. Eu achei bastante estranho, a caixa era muito leve e pequena, com toda certeza não era algo relacionado a forja mas não importa quanto ganharia e nem o serviço, todo dinheiro é de bom grado, decidido de fazer um bom trabalho eu parti em direção a parte sul, não estava tão longe, apesar de não conhecer eu já havia passado por la antes. Dava para saber que estava na parte sul do reino quando via as ruas molhadas, os canais estavam cheios, o sol radiante dava um brilho sobre a água, os locais aparentavam respeitar e não despejavam tanto lixo por ali. Não foi necessário tanta caminhada para alcançar as docas, acredito que Elizabeth gostara do meu trabalho, se aproximando de alguns mercadores de peixe, o cheiro não estava ruim, aparentava estar bem fresco, um aglomeração de pessoas faziam suas compras ali diariamente, ao me aproximar de um senhor de barba rala decidi iniciar minhas perguntas em busca de Dunkrar.
  • 17. — Senhor, sabe aonde posso encontrar um homem chamado Dunkrar? — perguntou Kiro. — Para que quer encontrar ele? — disse o senhor em tom jocoso. — Preciso fazer uma entrega para ele! — disse Kiro determinado. — Conversar com o chefe do grupo de ladrões não será assim tão fácil — disse o senhor. — Chefe do grupo de ladrões, como assim? — perguntou Kiro. — Não sabe nem para quem vai entregar? — retrucou o senhor. — Estou apenas fazendo meu trabalho — disse Kiro. — Bem, se eu fosse você desistiria do trabalho, mas se quer encontra-lo é só ir ate a parte baixo das docas, perto dos barcos e buscar por um homem com marcas no rosto. — Obrigado senhor. Durante o caminho tudo aparenta ficar mais tenebroso, pouco tempo depois o barro havia piorado, havia porcos no caminho, fedia muito, homens com praticamente o dobro do meu tamanho assentavam por ali. Passando em frente a uma taverna, dois homens bêbados começaram a me olhar de maneira estranha e passaram a tomar o mesmo caminho que o meu, acredito que por eu estar bem trajado que eles pensem que possuo algum dinheiro. Desde criança aprendi que o trabalho era bom se fosse bem executado, independente de qual seja o trabalho, neste momento comecei a duvidar disso, se eu não tivesse ido tão longe com toda certeza desistiria. Quando percebi estava em um caminho reto, não havia por onde ir a não ser para trás, há um portão feito com grades de ferro logo a frente, protegida por um homem gordo bruto trajando uma armadura surrada. Com um tom de desprezo um dos homens disse: — O que você busca por aqui garoto? — Busco por Dunkrar. — Vá embora, aqui não há nada para alguém como você. — Elizabeth pediu para que eu entregasse isso a ele. O homem gordo soltou um riso abafado. — Tudo bem garoto, pode passar. Ao passar pela porta de ferro me deparei com um corredor sujo, tochas iluminam o caminho, ratos andam livremente e o chão estava molhado, pouco tempo
  • 18. de caminhada e cheguei ao que seria uma taverna nos esgotos da cidade, os instrumentos alaude, flauta e salteiro dava um som magnifico para o local. Logo o homem do bar atrás do balcão aponta para mim e curva seu dedo me chamando até la e disse: — Você é mais um enviado por Elizabeth, certo? — Sou sim, por que a pergunta? — Ela não mencionou que todos os outros garotos não voltaram? — Como assim? — Procura por Dunkrar, trouxe algum presente? Um som estrondoso que aparenta ser uma grande explosão e poeiras vem do lado esquerdo da taverna, antes da poeira abaixar homens trajando o manto do Reino Central entravam, os bêbados logo sacaram suas espadas. O homem do bar me puxou com toda sua força para trás balcão fazendo com que meu corpo quebrasse algumas garrafas de bebidas e mandou eu me abaixar ali, ele logo sacou a sua arma e correu para a luta. Mesmo eu tendo treinado para lutar desde criança não poderia partir para a batalha, qualquer desavença com o governo central e seria o fim do sustento da vida da minha irmã, decidi me esconder e esperar e esbeirar visualizando tudo por um pequeno vão. A primeira imagem que tinha era a espada de um homem do Reino Central coberta por um espectro de luz roxa entrando na barriga de um dos homens, ao retirar a espada órgãos internos saiam para fora, sangue estava por todo lugar, cabeças rolavam. Os homens do bar não teriam chances, alguns se renderam e ficaram agachados no canto, os guardas reais aparentavam não ser hostis contra os que se renderam, creio que ainda não encontrei Dunkrar, se quer sei se ele está aqui. Com o combate já finalizado, homens começaram a vasculhar a área e então eu levantei lentamente com as mãos para cima. — Eu não sou um bandido, eu só vim aqui a trabalho — disse Kiro. — Veja James temos aqui um jovem traidor do reino — disse um dos guardas. — Não, eu não sou nenhum traidor, eu trabalho em uma padaria, só estou aqui por trabalho — disse Kiro. — Você tem duas opções jovem trabalhador — disse James. Outro guarda real se aproximou de mim segurando sua espada em posição de ataque e disse:
  • 19. — Você pode fugir e será morto ou vem conosco para o julgamento. — Julgamento? — indagou Kiro. Os guardas reais começaram a rir. — Por essa sua cara e por não conhecer o julgamento acredito que seja algum caipira, você e todos que se renderam terão que lutar pela liberdade, essa é a politica do nosso governo o tão famigerado pão e circo. — disse James. — Como assim? — perguntou Kiro com um semblante assustado. Novamente os guardas reais continuaram a rir, porém, dessa vez os homens rendidos também riram. — Vocês irão até a Arena e literalmente irão lutar pela liberdade até a morte. Eu não sabia o que fazer, completamente congelado, não consegui ter alguma reação, logo os guardas reais me puxaram pelo braço, me prendeu com algemas ligadas a correntes ligadas a outras algemas. Saindo da taverna uma carroça nos esperava, estava acompanhado de mais três homens, um deles era o homem do bar que me salvou da batalha. Todos eles com um olhar tranquilo, nenhum aparentava estar abatido, estavam conversando normalmente. — Mais um vez, nos prenderam e não alcançaram Dunkrar, eles jamais chegaram até Dunkrar mas se por acaso chegassem garanto que morreriam no primeiro segundo— disse um homem bêbado — Como é seu nome jovem? — perguntou o homem do bar. Meu olhar esta fixo para os rostos deles, não consegui conceber em momento algum o que estava acontecendo, se quer percebi a pergunta. — Bem... vendo você lembro da primeira vez que passei por isso, meu nome é Ramir, sei que não está nada bem mas se preocupar só piora o seu estado, você precisa ter a mente limpa para ter sucesso nisso. — Ramir? — perguntou Kiro. — Isso mesmo moleque. — Por que temos que passar por isso? — Você nunca matou alguém antes, certo? — Certo, nunca matei. — Hoje será um grande dia jovem, espero que seu Deus te ajude. — Eu nunca me afiliei a um Deus.
  • 20. — Nunca? — Ramir começou a rir e disse de forma irônica — Você é praticamente um homem morto.