2. HISTÓRICO
O Cateretê, conhecida também como Catira é dança genuinamente
brasileira e a origem tupi de seu nome indica sua nascente, apesar de
encontrarmos na dança além da presença indígena, a africana e a
ibérica. Como o Carimbó, o Cateretê expressa bem o nascimento de
indivíduos e cultura mestiços, resultante do encontro e caldeamento
das três etnias.
3. No primeiro século da colonização, mas precisamente entre 1563 e 1597, o
padre José Anchieta incluiu o Cateretê nas festas católicas de seus santos
de devoção: São Gonçalo; São João; e Nossa senhora da Conceição. O
padre teria utilizado o ritmo e alguma melodia bem conhecida, para
substituir os versos pagãos por versos católicos de sua autoria e na língua
tupi.
Ainda, sobre o afã da catequese jesuítica, para retirar os índios e os
primeiros mestiços de suas práticas pagãs, os representantes e os
seguidores da igreja católica teriam influenciado na crença de que todas as
danças seriam invenções diabólicas, exceto o Cateretê.
Essa hipótese é reforçada em registros de que o caipira paulista considera
que "todas as danças são invenção diabólica exceto o Cateretê, porque esta
foi abençoada e até praticada por Jesus em sua peregrinação”.
4. REGIÕESE OCASIÕESDA PRÁTICA
O Cateretê é praticado largamente pelos interiores do Brasil nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul,
Tocantins e principalmente, o Estado de Goiás. Entretanto, existem
autores que ampliam as regiões onde a Catira é praticada e incluem
vários estados do Nordeste, Amazonas e Pará.
Está sempre presente nas Folias de Reis, nas Festas do Divino, bem
como em outros festejos populares de conotação religiosa.
5. COREOGRAFIA
Não existe nenhuma descrição coreográfica do Cateretê primitivo. As
primeiras ligeiras referências a ele datam do fim do século XIX e as
descrições minuciosas são todas recentes.
6. Essa dança de conjunto com formação em fileira se desenvolve por
meio de um ritmo de sapateado brasileiro semelhante a um ‘bate-pé’ ao
som de palmas e violas. Pode ser exercitado somente por um grupo de
homens, ou também por um grupo de mulheres, ou ainda por grupo
misto.
É mais frequente a execução masculina. Quando a dança é executada
com homens e mulheres, cada grupo assume uma fileira, uma diante da
outra, e se defrontam para apresentar cantos, sapateados, palmas, bate-
pés e troca de lugar com dançadores fronteiros, breves saltos e rápida
formação em círculo.
7. acompanhamento é constituído por duas violas. Os violeiros cantam
no intervalo da dança e dirigem as evoluções do bailado em ritmo de
sapateado brasileiro, semelhante a um bate-pé.
Para começar o Cateretê, é feito cumprimento ao parceiro a sua
frente retirando o chapéu. O violeiro puxa o “rasqueado” (dedilhar
rápido e contínuo das cordas da viola) e os dançarinos fazem a
"escova", isto é, um rápido bate-pé, bate-mão e seis pulos.
8. A seguir, o violeiro canta parte da moda, ajudado pela “segunda" e
volta ao "rasqueado". Os dançadores entram no bate-pé, bate-mão
e dão seis pulos. O violeiro prossegue tocando e cantando o canto
da Moda, recitando mais uns versos, que são seguidos de bate-pé,
bate-mão e seis pulos.
Quando encerram a moda os dançadores, após o bate-pé- e bate-
mão realizam a figura que se denomina "Ladeira Acima" (ou “Serra
Acima”), na qual rodam uns atrás dos outros, da esquerda para a
direita, batendo os pés e depois as mãos.
9. Ao completar a volta os dançadores viram-se e se voltam para
trás, realizando o que se denomina "Ladeira Abaixo" (ou “Serra
Abaixo”), sempre alternando o bate-pé e o bate-mão. Ao terminar
o "Ladeira Abaixo", cada um deve estar no seu lugar, a fim de
executar novamente o bate-pé, o bate-mão e seis pulos.
10. CONCLUSÃO
O Cateretê, ou Catira, assim como o Carimbó são danças
originariamente indígenas mas que, a partir de o contacto com a
cultura ibérica e a africana, perderam sua forma nativa e deram
lugar a outra forma acrescida de elementos, só então
conhecidos, a partir do contato com colonizadores e com os
escravos.
Esse processo de mescla continua até os dias de hoje, porém
com diversidade muito maior de etnias.
Compositores urbanos de música popular e de épocas recentes
adotaram o ritmo do Cateretê nas suas obras vocais e
instrumentais e, até mesmo, indicando como Cateretê o gênero
de suas composições.