O documento fornece sugestões de atividades para trabalhar com o livro "Outroso - Um outro mundo", da autora Graciela Montes. As atividades estão divididas em três partes: antes da leitura, durante a leitura e depois da leitura. Antes da leitura, sugere-se apresentar a autora e seu estilo delicado de escrita, além de fazer uma breve contextualização sobre a ditadura militar na Argentina.
1. Outroso
UM OUTRO MUNDO
(Graciela Montes)
Sugestões de trabalho
Coordenação
Maria José Nóbrega
Elaboração
Maria José Nóbrega
Luisa Nóbrega
2.
3. OUTROSO
Tudo começa com o deslocamento de um ladrilho, na cozinha da casa onde Ariadne vive com
a mãe. E logo ela, Hugo, Batata, Terê e até a frágil Rosinha se vêem envolvidos na construção de
Outroso.
Em pouco tempo – e com muita tenacidade – criam uma rede de túneis e galerias, um mundo
subterrâneo e secreto, onde não se sentem ameaçados e podem viver suas emoções e fantasias.
Mas o que inicia como uma ação juvenil acaba se transformando num acontecimento que
envolve todo o bairro. E, é claro, também o leitor, que logo se vê enredado no mesmo labirinto
Nesta novela, a escritora argentina Graciela Montes cria uma metáfora para falar aos jovens
sobre a opressão e a resistência vividas pela Argentina durante a vigência do regime militar.
Tradução e consultoria editorial de Ana Maria Machado
Capa de Daniel Bueno
Sugestão de faixa etária: leitores a partir de 11 anos.
4.
5. Sumário
Fios e linhas (Maria José Nóbrega), 6
Graciela Montes e sua obra, 8
Outroso – Um outro mundo, 8
Sugestões de trabalho com o livro, 11
Antes da leitura, 11
Durante a leitura, 11
Depois da leitura, 11
Considerações finais, 15
6. Fios e linhas
Conta-se que Teseu, o maior herói ateniense, precisou, certa feita, enfrentar um monstro que
tinha o corpo de homem, a cabeça de touro e se alimentava de carne humana fornecida, a cada vez,
com o sacrifício de sete moças e de sete rapazes da cidade de Atenas: era o terrível Minotauro.
Não era só a bestialidade do monstro que investia a tarefa de enorme perigo, mas a dificuldade
do percurso. O monstro vivia encerrado em um labirinto, onde os caminhos se entrecruzavam,
sem que, para alguns, houvesse saída. Muitos antes de Teseu haviam tentado, mas não retornaram,
derrotados pela fera ou, quem sabe, encurralados nas armadilhas do labirinto.
Foi Ariadne, uma jovem enamorada, que temendo pela vida do amado, arquitetou, com a
ajuda de Dédalo, um plano para demarcar o percurso, possibilitando que Teseu atingisse o centro,
enfrentasse o Minotauro e voltasse seguro pelo mesmo caminho. Ela entregou ao herói um novelo
que continha um fio mágico, um fio que nunca acabava, sob medida para Teseu desenrolar suas
aventuras e retornar vitorioso e em segurança pela rota assinalada. Um fio que desenrolava a
história e permitia ao narrador retornar para contá-la.
Teseu, não se sabe bem por que, vai abandonar Ariadne e viver outras histórias. Tristes, mas
necessárias rupturas.
Começamos esta conversa com um mito que fala de fios que costuram amores e aventuras,
que se entrelaçam e tecem os diferentes destinos. Mas fios, linhas também enredam textos que se
revelam nas diferentes leituras de cada leitor.
Um texto traz sempre um convite: decifra-me. Um leitor é sempre um desbravador de
sentidos. As leituras, como os caminhos, podem ser, às vezes, difíceis. Mas tudo fica mais fácil
se outro leitor desenrola o fio que costura o que se vai compreendendo a cada linha, revelando,
como em um bordado, imagens que antes pareciam ocultas.
O fio que desliza nos dedos de Teseu é de Ariadne, mas o caminho não é dela, é dele.
O percurso do herói-leitor não é o mesmo de quem estabelece com ele os processos de mediação
com o texto, de quem desata os fios da compreensão e da interpretação dos labirintos da linguagem
escrita. As aventuras são próprias daquele que caminha e retorna com histórias para contar.
O jovem leitor já construiu autonomia para decifrar as letras: não precisa mais de fios que lhe
revelem o que elas representam. Mas, ingressando pelas veredas do mundo da escrita, precisará
de outros tipos de fios: há trilhas simples que seu grau de autonomia leitora alcança, mas há
outras mais complexas, prontas a desafiá-lo com linhas emaranhadas: não há aventura se não há
desafios.
Não se forma um leitor se não o encorajamos a ampliar seus horizontes, porque há mais
histórias... como a de Aracne, por exemplo, tecelã que urdia suas narrativas em tapeçarias que
eram tão lindas que acabaram por despertar a inveja da deusa Minerva, que a transformou em
aranha, condenando-a a tecer por toda a eternidade. Teias de histórias que se entrelaçam no
território das palavras. Trouxeste o fio? Ou a chave?
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7. Mas talvez quiséssemos saber mais a respeito de como aquele novelo chegou às mãos amorosas
da jovem Ariadne. Ela contou com a engenhosa ajuda de Dédalo, criativo arquiteto, que por ter
sido cúmplice do amor de Ariadne por Teseu, despertou a ira dos Deuses e acabou aprisionado
no labirinto com seu filho Ícaro; mas, graças à sua enorme capacidade inventiva, confeccionou
enormes pares de asas e acabou escapando.
Dédalo e Ícaro são personagens de outra bela história...
Como eles, leitores são espíritos livres que, tão logo podem, soltam os fios e voam. Dependem
apenas das mãos amorosas de seus professores que, como Ariadne, encorajam e possibilitam o
ingresso nos labirintos da escrita.
Maria José Nóbrega
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8. Graciela Montes e sua obra
O estilo de Graciela Montes, certamente uma das principais autoras
LDE
ALDANA DUHA
argentinas da atualidade, chama atenção por sua rara sensibilidade e
delicadeza: ela parece dirigir-se ao leitor como quem fala com alguém
que está próximo, encantando-o com a singeleza de suas palavras.
Não surpreende que seu texto tenha o poder de cativar os públicos
das mais diversas idades – mesmo quando se dirige a um público mais
jovem, em momento algum subestima os leitores, nem se coloca,
enquanto autora, no patamar inatingível e superior de quem transmite
uma lição.
Criada no pequeno bairro de Florida, nos arredores de Buenos
Aires, Graciela cresceu rodeada de personagens pitorescos e situações prosaicas, que
mais tarde seriam mitificadas pela memória – de modo que o bairro de sua infância se tornaria
um de seus cenários favoritos para seus livros. Leitora voraz de uma coleção de livros de
bolso bastante popular na sua infância, Graciela cita entre suas principais influências, além
de Alexandre Dumas e Robert Louis Stevenson, autores de alguns de seus livros preferidos
de menina, as histórias de sua avó e os tangos que ouvia cantarem as mulheres de sua família.
Mais tarde, no período de faculdade, época em que conheceu aquele que seria seu marido,
ela descobriu o cinema denso e a literatura de vanguarda ao mesmo tempo que desvendava o
centro de Buenos Aires.
Outroso – Um outro mundo
Outroso – Um outro mundo é um livro de extrema delicadeza,
em que a autora se utiliza de metáforas muito sutis para relatar a
experiência dolorosa da ditadura militar argentina. A despeito da
rudeza do tema, o livro em momento algum prescinde de leveza,
sem nunca, porém, resvalar a superficialidade. A autora não reduz
seus personagens a uma mera alegoria política – cada um deles é
construído com pequenos detalhes, repletos de traços particulares
que os tornam encantadores.
Graciela não parece interessada em remeter a esse período de um ponto de vista histórico, nem
tampouco pretende fazer de seu livro uma tese sobre o período, tentando explicar aquilo que não
pode ser explicado. Seu narrador não é onisciente, nem mesmo é um dos protagonistas; é alguém
que tenta, a partir de suas impressões, juntar os fragmentos que encontra de modo a reconstruir
um passado – não tanto para chegar a uma versão definitiva dos fatos, mas principalmente para
que ele próprio consiga compreender o lugar onde vive.
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9. A história se passa no pequeno bairro da Florida, a que a autora se refere com um misto de
ironia e carinho. Ao mesmo tempo que recria a atmosfera provinciana do bairro, Graciela não
esconde sua compaixão pelos moradores. Num lugar em que todos parecem conhecer a vida de
todos, narra como um grupo de jovens amigos – Ariadne, Hugo, Batata, Terê e Rosinha – constrói
um mundo próprio, uma rede subterrânea de túneis e galerias que era só deles, longe dos olhos
do bairro.
Uma vez deslocado o primeiro ladrilho, começa a nascer Outroso, um lugar absolutamente
secreto, ao mesmo tempo um refúgio e um templo, que pertenceria apenas aos cinco. Cada um
deles oferece sua contribuição ao lugar – a sonhadora Ariadne, plantando um jardim de plantas
que crescem na escuridão; o calado Hugo, desenhando mapas cada vez mais intrincados que
desvelam os caminhos de seu mundo secreto; o desajeitado Batata, que com seu gaitódromo,
enche o lugar com uma estranha música; a determinada Terê, engenheira principal, que através
de experimentos e cálculos consegue tornar possíveis os sonhos dos outros; e a delicada Rosinha
Ramos, envergonhada como um buquê de flores, que traz toalhas de renda bordada e o único
animal que jamais desceu a Outroso, o gato Aniceto.
Por algum tempo, Outroso permanece secreto, graças ao silêncio e cuidado dos cinco.
Os problemas começam quando Rosinha traz Ricardo Renner (o garoto que fazia com que ela
ficasse vermelha, parecendo ainda mais um buquê) para conhecer a Galeria Principal de Outroso,
onde até então ninguém, além deles, havia penetrado.
Logo fica claro que ele não pertence àquele lugar – bonito demais, bronzeado demais, com a
ponta da chave da moto aparecendo no bolso da calça jeans.
Pouco depois, a Patota começaria a invadir o lugar, com suas jaquetas de couro escuro
brilhantes e seus capacetes que escondiam os olhos. Todos souberam, logo, que Ricardo os havia
delatado – e a menina Rosinha, que ninguém ousava dizer o quanto de culpa tinha tido naquela
história, nunca mais desceria a Outroso.
Pouco tempo depois, dá-se a primeira batalha – desigual e devastadora, marcada pela morte
cruel do gato Aniceto. A partir de então, os hematomas e as feridas não permitiriam mais que
houvesse segredos: Outroso tornou-se o principal assunto das conversas nas esquinas da Florida.
Se antes os assuntos do mundo subterrâneo diziam respeito apenas a seus cinco fundadores, agora
pertenciam a todo o bairro. Não havia quem não tomasse partido – os moradores dividiam-se em
quatro grupos principais: os a favor de Outroso, os contra Outroso, os fofoqueiros e os distraídos.
Perdida a primeira batalha, os fundadores de Outroso dedicam sua imaginação à criação
de máquinas fantásticas, criadas sob medida para assombrar a Patota com visões de pesadelo:
a Máquina do Trovão, a Lanterna Fantasmagórica e o Mamotreto Conchifres. Enquanto isso,
no bairro de Florida, quando os poderosos da região arquitetam alianças suspeitas, o grupo
dos “a favor”, liderados pela mãe de Hugo, Clara Bernstein, desenvolve uma poderosa rede de
espionagem, criada para oferecer informações de primeira mão aos criadores de Outroso.
Pouco tempo depois, dá-se a batalha final, da qual muito pouco se sabe, a não ser que a
maior parte da Patota fugiu aterrorizada pelos monstros de fumaça da Lanterna Fantasmagórica
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10. e pelos ataques precisos e violentos do Mamotreto Conchifres. Depois da vitória, porém, os
criadores de Outroso se dão conta de que chegara o momento de fechar as entradas do seu
mundo subterrâneo. Se, por um lado, Batata e Terê, aliviados, retomam suas vidas, cheios de
novos projetos, por outro, Hugo e Ariadne permanecem, de certo modo, sempre ligados a seu
pequeno universo subterrâneo.
***
Permeando os episódios do livro, além da ditadura militar, estão as imagens de uma história
muito mais antiga – o mito de Teseu e Ariadne. O narrador, um jornalista amigo de Ariadne (a
heroína de Outroso, que possui, não por acaso, o mesmo nome da heroína do mito), que fazia
parte da rede de espionagem, refere-se à sua narrativa como um emaranhado de fios, semelhantes
aos que a heroína grega fornece a Teseu para permitir que ele saia do labirinto.
Sua narrativa é feita de fragmentos, hipóteses, pequenos pedaços da história que tenta
reconstruir. A autora discute, tendo o narrador como porta-voz, a impossibilidade de se apreender
a história como um todo – todo o relato é de certo modo parcial, de certo modo uma ficção. E
o narrador, que não crê na possibilidade de uma “crônica objetiva” sobre o assunto, não esconde
a sua simpatia por Outroso e pelos personagens que estabeleceram uma relação mais profunda
com o lugar, Hugo e Ariadne – um casal unido que expressa seu afeto por meio de mãos que se
tocam no silêncio.
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11. Sugestões de trabalho com o livro
Antes da leitura
1. Leia com seus alunos a quarta capa do livro, que revela que a narrativa é uma
metáfora da ditadura militar argentina. Estimule seus alunos a conversarem um
pouco sobre essa questão, trocando informações sobre o período. O que eles
sabem sobre o modo como se deu a ditadura no Brasil e nos outros países latino-
americanos?
2. Proponha a eles que façam uma pesquisa mais específica a respeito da ditadura
militar argentina, trazendo as informações que encontrarem para compartilhar
com os colegas.
3. Leia com os alunos a orelha do livro, para que eles possam se aproximar um
pouco mais do universo de Graciela Montes, que, embora seja uma importante
autora argentina ainda é pouco conhecida por aqui.
4. Chame a atenção para uma das informações contidas na orelha do livro, que
revela que o bairro onde se passa a narrativa de Outroso é o mesmo em que a
autora passou sua infância. Peça que pesquisem, na Internet, algumas imagens
de Florida, para que eles tenham mais referências e possam visualizar o cenário
da história.
Durante a leitura
1. Durante a narrativa, a autora em nenhum momento se refere à ditadura de modo
direto; ela sempre se utiliza de imagens metafóricas. Peça aos alunos que estejam
atentos às referências à ditadura presentes na história.
2. Estimule-os a prestar atenção ao modo como o narrador conta a história,
percebendo os momentos em que ele se dirige diretamente ao leitor. Quem é
esse narrador?
3. Peça que observem também as diferentes maneiras pelas quais cada um dos
personagens se relaciona com Outroso. Com qual dos personagens do livro mais
se identificam?
Depois da leitura
1. Discuta um pouco com os alunos a respeito das referências à ditadura presentes
no livro. Chame a atenção deles para as diferentes atitudes assumidas pelos
moradores do bairro em relação a Outroso – como em Florida, no período da
ditadura, era comum encontrar posicionamentos diversos em relação à questão.
Qual o papel da Patota na história? Ela representa, entre outras coisas, o método
cruel e desonesto da tortura, que agia subterraneamente para calar aqueles que
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12. não podiam ter voz; o livro deixa claro, porém, que a Patota não agia por si
mesma, mas estava vinculada aos interesses dos poderosos.
2. Seria interessante, após a leitura do livro, aprofundar um pouco mais os
conhecimentos a respeito da ditadura argentina. Converse com o professor
de História para envolvê-lo em um estudo mais aprofundado dessa questão,
comparando o que ocorreu na Argentina com o que se deu em outros países latino-
americanos, incluindo o Brasil. Se possível, assista com a turma ao filme História
Real, que aborda de modo bastante contundente as questões problemáticas
enfrentadas pela Argentina no período da ditadura militar.
3. A referência à ditadura por meio de metáforas, escolhida pela autora como opção
estética, foi utilizada, durante o período, como forma de driblar a censura, que
não permitia a expressão de idéias divergentes. No Brasil, esse período, a despeito
da censura, foi um dos mais férteis para a música popular brasileira. Existem
inúmeros exemplos de músicas de resistência – um dos mais emblemáticos é a
canção Cálice, de Gilberto Gil e Chico Buarque (1973). Seria interessante trazer
algumas letras de músicas como essa para analisar com os alunos, atentando para
as referências veladas à situação opressiva vivida pelo país na época.
4. Além das referências à ditadura, as imagens do livro remetem, também, a um
conhecido mito grego: o mito do Minotauro, que relata a história de Teseu e
Ariadne. Proponha aos alunos que realizem uma pequena pesquisa sobre esse
mito, trazendo as informações encontradas para compartilhar com a classe. Feita
a pesquisa, estimule-os a voltar ao livro e perceber as imagens que aparecem
nas duas narrativas: os túneis de Outroso, que remetem ao labirinto construído
por Dédalo; a personagem Ariadne, que gosta de contar histórias e brincar com
fios, desafiando os amigos a brincar de “cama de gato”, e que, ao final do livro,
ajuda Hugo a sair do labirinto; o Mamotreto Conchifres, o monstro ao mesmo
tempo assustador e triste criado por Hugo e Ariadne, que o narrador imagina
permanecer rondando, solitário, pelas galerias do labirinto e que se assemelha ao
próprio Minotauro; as imagens do narrador do livro, que se refere ao próprio ato
de contar histórias como um desenrolar e desemaranhar de fios, remetendo ao fio
de Ariadne, que possibilitou a Teseu refazer o seu percurso para sair do labirinto.
5. Proponha a seus alunos que pesquisem imagens de labirintos – existem inúmeros
exemplos em todo o mundo, uma vez que essa é uma imagem recorrente em
diversas narrativas mitológicas. Seria interessante criar um pequeno mural na
classe com as imagens encontradas.
6. O narrador da história revela que, dos mapas criados por Hugo com tanto
cuidado, muito poucos sobraram. Peça aos alunos que, inspirando-se nas imagens
de labirinto que encontrarem, criem, em pequenos grupos, um mapa de Outroso
como o imaginam, guiando-se pelas referências fornecidas pelo livro. Estimule
cada grupo a guardar segredo a respeito do seu mapa, para que apenas quando
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13. todos tiverem terminado os grupos possam comparar os vários mapas. De que
modo cada grupo escolheu retratar seu mundo subterrâneo? Quais as principais
semelhanças e diferenças?
7. Entre as muitas questões que o narrador do livro deixa em aberto, uma das que
geram mais polêmica entre os moradores de Florida é o papel da menina Rosinha.
Quanto de culpa ela teria tido na história? Proponha que seus alunos realizem
um julgamento fictício para debater a questão, dividindo-se em três grupos: a
promotoria, a defesa e os jurados. Os alunos que consideram a menina como
culpada devem juntar-se à promotoria, discutindo entre si e recorrendo ao livro
para encontrar argumentos que indiquem sua culpa; aqueles que consideram
Rosinha inocente, devem reunir-se e encontrar argumentos para sua defesa.
Os indecisos, por fim, devem compor um grupo de jurados, que vai ouvir os
argumentos da defesa e da acusação e decidir então se Rosinha é culpada ou
inocente. Marque um dia para o julgamento e peça que cada um dos dois grupos
escolha um dos membros para ser o seu representante, de modo que haja um
promotor e um advogado de defesa. Após o debate, os jurados devem votar e
apresentar seu veredicto.
8. Após a batalha final, sabe-se que os únicos três membros da Patota que ainda
permaneciam em Outroso foram conduzidos à galeria principal, submetidos a
um julgamento e condenados. Sobre esse julgamento e esse castigo, porém, nada
se sabe, todos guardam segredo absoluto. O narrador apenas arrisca uma hipótese,
com base em uma declaração dada por Batata em uma entrevista, quando lhe
perguntaram o que faria a seu pior inimigo. A resposta de Batata permite-nos
imaginar que esse castigo, mais do que físico, tenha sido um castigo moral.
Estimule seus alunos a imaginar o que teria sido esse julgamento final, pensando
naquilo que eles próprios desejariam a seu pior inimigo e peça que escrevam um
relato sobre essa passagem obscura da história.
9. As poderosas máquinas criadas pelo grupo, que tanto aterrorizaram a Patota,
foram construídas, na realidade, com elementos simples – em sua maioria, sucata,
porém combinados de modo a causar terror. Desafie seus alunos a, em três grandes
grupos, utilizarem sua imaginação para construir uma máquina-monstro, usando
como material coisas simples que cada um tenha em casa. Estimule-os a criar os
seres mais aterrorizantes que conseguirem.
10. O narrador do livro relata, em muitos momentos, como os moradores possuem
versões diferentes da história, muitas vezes conflitantes entre si, e deixa claro, em
diversos momentos, que sua versão é na realidade apenas mais uma delas. Discuta
um pouco essa questão com seus alunos e proponha então que eles escolham um
dos personagens do livro e recontem um episódio de sua preferência em primeira
pessoa, a partir do ponto de vista desse personagem. Diga a eles que atentem
para as características do personagem para escolher a maneira como ele contaria
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14. a história. Peça a eles que escolham, de preferência, um personagem que não
esteja entre os criadores de Outroso. Eles podem escolher, por exemplo, a mãe
de Hugo, Clara Bernstein, o pai de Ariadne, a vovó Hernandez ou até mesmo
um dos Renner ou dos Ramos. Se eles desejarem escolher um dos protagonistas,
porém, peça que atentem para suas características para escolher os momentos
que vão realçar – Batata certamente dedicaria mais tempo à descrição dos sons
que percorrem Outroso, enquanto Terê talvez preferisse descrever o modo como
construiu cada uma das máquinas.
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15. Considerações finais
Caro(a) professor(a)
As atividades apresentadas não esgotam todas as possibilidades de trabalho com os livros da
série. São sugestões que podem e devem ser adaptadas às características e necessidades de seus
alunos e à dinâmica que se desenvolver dentro da sua turma.
Sua criatividade e sensibilidade com certeza vão inspirar outras atividades.
Desejamos a você e aos seus alunos um excelente trabalho e momentos deliciosos de leitura
e conversa!
Os editores
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