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operar o tempo:
a fábrica contemporânea
TCC 2019.2
professor orientador: claudia cabral
acadêmica: stéphanie garces cerioli
UFRGS
arquitetura e urbanismo
A ideia do presente trabalho surgiu através da
minha história. Meu avô, Juan Felix, trabalhou como alfaiate
e modelista nas indústrias de confecção Korrigan, em Esteio,
e na antiga Tecelagem Guahyba, na zona industrial de Porto
Alegre, entre os anos 1968 e 1988. Por isso, dedico este
trabalho à ele, que de alguma forma direcionou minha visão à
moda durante esses anos.
	 No ano de 2015, através de uma viagem ao Camboja,
Sudeste Asiático, meus olhos novamente se voltaram à esta
temática, onde pude ver em uma sociedade extremamente
pobre e desvalorizada, as consequências de uma indústria
têxtil exploratória, com péssimas condições de trabalho e má
remuneração. Assim, a moda justa e sustentável se tornou um
princípio em minha vida.
‘‘amar e mudar as coisas’’ - belchior
índice
1.aspectos relativos ao tema
1.1. justificativa da temática escolhida
1.2. relações entre sítio, programa e tecido urbano
1.3. objetivos da proposta
2.aspectos relativos ao
desenvolvimento do projeto
2.1. níveis e padrões de desenvolvimento pretendido
2.2. metodologia e instrumentos de trabalho
3.aspectos relativos às definições gerais
3.1. agentes de interveção
3.2. população alvo
3.3. aspectos temporais
3.4. aspectos econômicos
4.aspectos relativos à definição do programa
4.1. descrição das atividades
4.2. programa de necessidades
4.3. organograma de fluxos
5.levantamento da área de intervenção
5.1. potenciais e limitações da área
5.2. morfologia urbana
5.3. levantamento aerofotogramétrico
5.4. sistemas de circulação
5.5. usos do solo e atividades existentes
5.6. bens protegidos
5.7. levantamento planialtimétrico
5.8. estrutura e drenagem do solo
5.9. vegetação
5.10. alturas
5.11. micro-clima
5.12. dados populacionais
5.13. infraestrutura
5.14. levantamento arquitetônico
5.15. levantamento fotográfico
6. condicionantes legais
6.1. código de edificações
6.2. proteção contra incêndio
6.3. acessibilidade
6.4. patrimônio
6.5. proteção ambiental
6.6. espaço aéreo
6.7. pddua municipal
7. fontes de informação
8. histórico escolar
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23
1. aspectos relativos ao tema
	 A indústria têxtil começou a ganhar força em
nosso país no ano de 1844, através das primeiras políticas
protecionistas, que se deram com o fim do Brasil Colônia
e a Independência do país, em 1822. No Rio Grande do
Sul,essesegmentodaindústriaganhoumaisforçaapartir
de 1873, com a criação da fábrica de tecidos Rheingantz,
em Rio Grande, primeira cidade portuária do estado.
	 Com a vinda dos imigrantes e sua vontade
de empreender, a indústria têxtil foi impulsionada.
Assim, em 1891 surgiu a Cia. de Fiação e Tecidos
Porto-Alegrense, conhecida como Fiateci, onde se
realizavam atividades como a tecelagem, meiaria, fiação
e a tinturaria. No mesmo ano, foi fundada a Cia. Fabril
Porto Alegrense, que se tornou referência na produção
de camisetas e meias na capital. Outra indústria de
destaque foi A.J. Renner, fundada em 1920. Ao longo dos
anos, com a Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929,
esse mercado cresceu, pois se viu obrigado a diminuir
a importação de países estrangeiros, tornando-se assim
um pilar da indústria e economia do sul do país.
	 O cenário começou a mudar com a abertura
comercial e a globalização, que trouxe produtos
estrangeiros, principalmente asiáticos, para nosso
mercado, aumentando a concorrência e evidenciando
o atraso da indústria têxtil brasileira frente às indústrias
de fora. Assim, o mercado foi obrigado a investir e
modernizar-se. Contudo, muitas empresas foram à
falência por serem incapazes de acompanhar esse novo
processo.Paraseterumaideiadamagnitudedofenômeno
que está sendo discutido, 26% das empresas brasileiras do
setor encerraram suas atividades entre 1990 e 1997, o que
foi sentido de forma mais significativa nos ramos de fiação
(redução de 53%) e tecelagem (queda de 52%) (BRITTO,
1999 apud SARAIVA et al, 2005, p. 74).
1.1. justificativa da temática escolhida
	 As industrias e empresas que sobreviveram à
este marco, tiveram que se adaptar ao novo padrão de
consumo dos anos 2000, um movimento conhecido
como Fast Fashion, onde a produção precisa ser
extremamente rápida, visando uma maior variedade de
produtos para atender a necessidade dos consumidores
de novos estímulos e tendências, além de preços baixos.
A expressão não está somente ligada a velocidade
como os produtos são criados, produzidos e vendidos,
mas também na rapidez com que são descartados e
substituídos. Os produtos rapidamente se tornam
ultrapassados, motivando o consumidor a uma nova
compra e a um ciclo de consumo sem fim. Esse processo,
por muitos, é visto como a democratização da moda, o
que pode ser verdade, no entanto, a grande questão é o
impacto ambiental e social que esse padrão de consumo
vem causando no mundo.
	 Através desse questionamento, o cenário
novamente começou a mudar, e respostas ao Fast Fashion
começaram a surgir. A vertente da moda sustentável
começou a ganhar força, e as consequências da produção
acelerada e barata da moda, visibilidade.
	 Aindústriadamodaestáentreasmaispoluidoras
desde o século XX, através do uso de substâncias
químicas em seus processos de produção, contaminando
as águas, solos e o ar. O poliéster e a viscose, são exemplos
disso. O poliéster gasta cerca de 70 milhões de barris de
petróleo por ano em sua produção, e demora 200 anos
para se decompor. Já a viscose feita a partir da celulose,
necessita da derrubada de 70 milhões de árvores para
ser produzida, conforme reportagem da BBC de 2017.
Até o algodão, uma fibra natural, também causa danos
alarmantes, pois em seu cultivo utiliza inseticidas e
pesticidas, além de uma grande quantidade de água, que
é contaminada ao longo do processo.
Crescimento das vendas de roupas e declínio na utilização de roupas desde 2000
2000 2005
100
2010 2015
150
200
2000
2015
Vendas de roupa
Produto mundial bruto
Utilização da roupa
produção mundial de roupa duplicou
fonte: a new textiles economy:
redesigning fashion’s future
ellen macarthur foundation
fonte: admirável moda sustentável,
vestindo um mundo novo
01
Somada à essa questão da matéria prima, as
condições de trabalho são um fator importante no
debate da moda sustentável. Grandes marcas e indústrias
buscam seus produtos em países asiáticos pois lá o
custo é mais baixo e a fiscalização dessas condições
reduzida. Contudo, isso resulta em uma mão de obra
extremamente mal remunerada, por vezes escravizada e
infantil. Além disso, o consumo desenfreado e o descarte
inadequado dos artigos geram quantidades absurdas
de lixo, estocados em países de baixa renda e longe dos
olhos dos principais consumidores dessas peças.
	 Um exemplo que ganhou destaque na mídia foi
o desmoronamento do edifício Rana Plaza, ocorrido em
2013, na capital de Bangladesh, que abrigava fábricas
de tecido. Na hora do acidente, cerca de 3 mil pessoas
trabalhavam no local, dessas, 1134 morreram. O acidente
trouxe à tona os problemas de segurança e as péssimas
condiçõesdetrabalho,beirandoaescravidão,daindústria
têxtil em Bangladesh, o segundo maior exportador de
roupas do mundo.
	 Esse episódio resultou na criação do Instituto
Fashion Revolution, uma organização global, que visa
disseminar e divulgar as boas práticas no mercado da
moda, incentivando uma economia circular com peças
feitas para durar mais tempo e seu reaproveitamento
quando sua vida útil chega ao fim, além de alertar os
consumidores da origem de seus produtos. A Global
Fashion Agenda é outra organização mundial com
este mesmo objetivo e atua desde 2009, realizando
anualmente o Copenhagen Fashion Summit, um evento
para debater e divulgar a moda sustentável.
	 O movimento da moda sustentável foi
ganhando visibilidade. É também conhecido como Slow
Fashion, uma oposição ao Fast Fashion, inspirado nos
movimentos do Slow Design e Slow Food, que primam
pelo processo lento e reflexivo como forma de obter uma
melhor experiência, valendo-se da escolha dos melhores
produtos que respeitem tanto o meio ambiente como
as pessoas. Inúmeras marcas abraçaram esta causa,
seja na escala global, como grandes marcas do varejo
buscando soluções mais sustentáveis, como Nike e C&A
que possuem coleções de matéria reciclada, fiscalizam
seus fornecedores, entre outras iniciativas, e que assim
reduzem seu impacto ambiental, ou na escala local, de
pequenas marcas e produtores, que utilizam matérias
primassustentáveiseresíduaisemãodeobrajustaelocal,
uma produção quase que artesanal que vêm ganhando
força no mercado por propiciar um consumo consciente.
1.1. justificativa da temática escolhida
fonte: business of fashion
fonte: mochni
fonte: news in asia
02
	 Pode-se citar algumas destas marcas de caráter
mais local fundadas em Porto Alegre, como a Insecta
Shoes,queproduzsapatosecológicoseveganos,aColibrii
e a Revoada, que utilizam mão de obra de comunidades
carentes e resíduos têxteis para a fabricação de suas peças,
e a PP Acessórios, que reaproveita couros rejeitados pela
grande indústria. Estas e outras marcas ganham maior
visibilidade em eventos nacionais de moda sustentável
como o Brasil Eco Fashion Week, realizado em São Paulo
e o Paraty Eco Festival, em Paraty, RJ.
	 Como dito anteriormente, na década de 90,
muitas fábricas não resistiram a era da modernização
e foram à falência. Com isso, IV distrito, - o distrito
industrial de Porto Alegre - sofreu um esvaziamento, e
por muito tempo permaneceu em desuso, como muitos
outros distritos industrias pelo mundo. Contudo, nos
últimos anos, o IV distrito ganhou novos olhares pois
possui grande potencial em infraestrutura e crescimento
da cidade, além de uma localização estratégica, próxima
ao centro. A área é estudada pelo Conselho do Plano
Diretor em parceria com o Núcleo de Tecnologia Urbana
(NTU) da UFRGS, que lançou um Masterplan, que prevê
sua revitalização urbana e reconversão econômica, e
para isso, propõe a instalação de programas culturais,
educacionais, tecnológicos, corporativos, habitacionais
e de saúde, inserindo novamente o distrito na vida
urbana de Porto Alegre. Além disso, o IV distrito possuí
inúmeras construções de grande valor arquitetônico,
que marcaram a era industrial da cidade, e devem ser
valorizadas e requalificadas, como forma de manter a
memória ali presente.
	 Com base no exposto até então, nasce a ideia de
operar o tempo e criar uma fábrica contemporânea,
valendo-se de um antigo pavilhão que outrora sediou
uma fábrica têxtil no IV distrito, e que agora pretende
unir marcas e pequenos produtores alinhados com esse
novo padrão de consumo da moda, mais sustentável,
em um espaço colaborativo de trabalho, visando novos
debates e trocas de conhecimento acerca do tema. Além
de espaços para a comunidade disfrutar de atividades
culturais, educacionais e de lazer, e ainda espaços de
moradia, resgatando o conceito de vila operária e
aproveitando a proximidade com o centro.
A moda é uma força a ser considerada. Ela inspira, provoca, conduz e
cativa. O Fashion Revolution acredita no poder de transformação positiva
da moda, e tem como principais objetivos conscientizar sobre os impactos
socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a
transparência e fomentar a sustentabilidade.
– Instituto Fashion Revolution Brasil
1.1. justificativa da temática escolhida
Gucci Hub, Milão
fonte: archdaily
Matadero, Madrid
fonte: esmadrid
03
1.2. relações entre programa, sítio e tecido urbano
	 A área escolhida para
inserção da proposta está localizada
no bairro Navegantes, IV distrito de
Porto Alegre, área que antigamente
abrigou fábricas e indústrias, passou
por um período de abandono e
agora vem ganhando visibilidade
com novos empreendimentos na
área criativa, tornando-se assim,
o local ideal para uma fábrica
contemporânea de moda sustentável,
além de coworking e habitação.
	 O terreno fica localizado
entre as ruas Comendador Tavares
e Dr. João Inácio. Sua escolha se
deu através de uma construção pré-
existente no miolo da quadra, um
pavilhão de arquitetura industrial
em estado de abandono, porém com
grande potencial, se restaurado,
configurando uma boa espacialidade,
alémdemanterpresenteasmemórias
do passado e valorizar o patrimônio
industrial do bairro. Ele se encontra
inventariado pela EHPAC (Equipe
do Patrimônio Histórico e Cultural),
caracterizado como patrimônio
de estruturação, ou seja, não pode
ser demolido. Atualmente está sob
domínio da 3ºDPPA da Polícia Civil.
	 Os lotes que cerceiam este
pavilhão estão em sua maioria
ocupados por oficinas mecânicas,
depósitos, terrenos vazios e
construções em ruínas, atividades
com pouco movimento, que não
estimulam o fluxo de pedestres.
Assim, estes lotes são passíveis de
desapropriação visando uma área
de maior intervenção de acordo
com a escala do projeto, além de
povoar e densificar o espaço. Além
disso, a quadra onde o pavilhão
está inserido é extremamente
comprida, dificultando a mobilidade
e a ocupação de seu interior.Assim, a
propostavisaexplorarestasconexões,
densificando seu miolo e abrindo
novas vias, como a continuação da
Rua Frederico Mentz, prevista no
PDDUA.
	 A acessibilidade é um fator
imprescindível para um polo criativo
e atrativo da comunidade, como o
programaproposto,quevisasetornar
uma nova centralidade para o bairro.
Assim, o local fica próximo à entrada
da cidade e ao centro, próximo ao
aeroporto e conectado por grandes
avenidas como Farrapos, Sertório,
Voluntários da Pátria e Presidente
Franklin Roosevelt, que possuem
serviços de transporte público. Há
também um Sesc e um Senai em
frente ao local, assim como outras
instituições de ensino, de forma a
estabelecer uma forte relação com
estas instituições e criar um vínculo
entre seus públicos.
1.3. objetivos da proposta
	 A partir da proposta
da instalação de uma fábrica
contemporânea associada aos
seus espaços de lazer, moradia e
trabalho, o projeto visa criar uma
nova centralidade para o bairro
- um polo de desenvolvimento
criativo - valendo-se de um miolo
de quadra atualmente subutilizado
e requalificando uma construção
pré-existente de caráter industrial,
dessa forma valorizando também o
passado da região.
	
	 O projeto também prevê
espaços públicos para a comunidade
com atividades culturais que
valorizem os pequenos produtores,
a arte e o novo padrão de consumo
sustentável da moda e design.
Assim como espaços privados, que
incentivem o trabalho, a troca de
conhecimento e a permanência de
um novo público no bairro, no caso
da moradia. Com isso, o conjunto
visa trazer uma diversidade de usos
e uma nova dinâmica social para o
espaço.
IV distrito
Brasil
Porto Alegre - RS
04
2. aspectos relativos ao desenvolvimento do projeto
2.1. níveis e padrões de desenvolvimento pretendidos
	 O projeto visa um
desenvolvimento compatível
com o esperado para um
Anteprojeto Arquitetônico. De
forma a demonstrar domínio e
compreensão da temática e contexto
urbano escolhidos, assim como,
material gráfico adequado para a
representação de todo conjunto
proposto, isto é, as novas edificações,
a requalificação da construção pré-
existente no local e as soluções
adotadas para os espaços abertos.
Para isso, o trabalho será apresentado
a partir dos seguintes documentos,
que poderão sofrer alguma alteração
em sua escala, visando o melhor
entendimento da proposta:
2.1. metodologia e instrumentos de trabalho
	 O desenvolvimento do
trabalho ocorrerá em 3 etapas,
expostas no Plano de Ensino do
Trabalho de Conclusão de Curso.
São elas;
> Primeira etapa - Dossiê: Etapa
presente neste documento. Proposta
de projeto que se dá através da
elaboração de uma pesquisa com
estudos e levantamentos necessários
para seu desenvolvimento. Nesta
etapa além da pesquisa, foram
realizadas visitas técnicas na fábrica
de roupas ADUANA e na Loja Eco da
C&A (com certificação LEED).
> Segunda etapa - Entrega
intermediária: Partido arquitetônico
com a apresentação de volumetria
e soluções gerais aos problemas
expostos na primeira etapa do
trabalho.
> Terceira etapa - Entrega Final:
Anteprojeto, contendo todos os
elementos que se fizerem necessários
para total compreensão da proposta.
	 Para cumprimento das
etapas citadas acima, serão realizadas
reuniões periódicas com a professora
orientadoraparadebateroandamento
do projeto, desenvolvido através
de uma constante aproximação e
afastamento de escala. O processo se
iniciaatravésdosestudosdatemática,
área de intervenção escolhida e seu
entorno. 	
	 Tendo a problemática
analisada, pensa-se no partido
arquitetônico, onde são lançadas as
dinâmicas entre os equipamentos
propostos e os espaços públicos.
Definido um conjunto básico, o
próximo passo é aproximar-se das
edificações isoladamente, a fim de
avançar nos seus funcionamentos
específicos. Após, volta-se à escala
globalcomométododeverificaçãoda
etapa anterior, visando uma melhor
compreensão das relações internas e
externas do arranjo proposto. Uma
vez que estas relações chegam em um
nível adequado, parte-se para a etapa
de maior detalhamento, atingindo o
nível de anteprojeto. Por fim, sempre
que necessário serão buscadas
informações junto à profissionais
e instituições de áreas especificas
ligadas ao projeto como forma de
aproximar ao máximo a proposta da
realidade.
visita à fabrica da ADUANA
fonte: autora
Diagramas de partido (sem escala)
Planta de localização (escala 1:1000)
Planta de situação (escala 1:500)
Implantação (escala 1:250)
Plantas baixas dos pavimentos (escala 1:150)
Planta de cobertura (escala 1:150)
Cortes (escala 1:150)
Elevações (escala 1:150)
Cortes setoriais (escala 1:25)
Detalhes construtivos (escala 1:20; 1:10; 1:5)
Perspectivas internas e externas (sem escala)
Fotomontagens (sem escala)
Perspectivas axonométricas (sem escala)
Maquete volumétrica (escala 1:500)
Planilha de áreas (sem escala)
05
3. aspectos relativos às definições gerais
3.1. agentes de intervenção
	 O terreno escolhido para o projeto
engloba mais de um lote, sendo o principal
deles – o miolo de quadra com uma pré-
existência subutilizada – pertencente ao Estado
e atualmente sob domínio da Polícia Civil. Os
demais lotes que configuram o terreno são
galpões para depósito, comércio, construções
abandonadas e terrenos vazios, usos que
poderiam ser facilmente realocados.
	 A área fica localizada no IV distrito de
Porto Alegre, que vem ganhando visibilidade
através de ações de caráter público e privado,
como o surgimento de inúmeros bares,
ateliers, coworkings e também através do
desenvolvimento de um Masterplan para todo
o distrito, realizado pelo Conselho do Plano
Diretor em parceria com o NTU da UFRGS,
consolidando a área como terreno fértil para
novos projetos do cenário cultural e criativo.
	 Assim sendo, a proposta visa
estabelecerumaparceriapúblico-privada,onde
oEstadocederiaseulotecomacontrapartida de
criação de espaços públicos qualificados para o
bairroearestauraçãodopavilhãopré-existente,
que se encontra em situação de abando e está
inventariado sob forma de estruturação, ou
seja, não pode ser demolido, o que torna o
processo ainda mais vantajoso ao Estado. Além
da possibilidade de abertura de novas vias e o
parcelamento de uma quadra excessivamente
longa do bairro, densificando seu interior.
O agente de intervenção privado adquiriria
os demais lotes e investiria na construção de
novos equipamentos na área, com espaços de
trabalho, comércio e moradia, de onde poderia
tirar proveito economicamente.
3.2. população alvo
	 O projeto visa atrair a comunidade no
geral,comespaçospúblicosdelazereatividades
culturais e comerciais. Entretanto, há também,
um público-alvo específico, caracterizado
principalmente por;
>Pequenos e médios produtores envolvidos
com questões de moda e design sustentável
que buscam um espaço coletivo para criar,
produzir, expor e compartilhar de suas ideias,
além de aproximar suas atividades do destino
de seus produtos e consumidores.
>Artistas e profissionais do mercado criativo
de forma geral, que buscam um espaço
colaborativo de trabalho com todo apoio
necessário.
>Público interessado na questão de
sustentabilidade aplicada à criatividade, que
buscam conhecimento, espaços de troca e
aprendizado através de palestras e oficinas, por
exemplo.
>Público interessado na realização de
exposições e eventos relacionados à indústria
da criação, como feiras e desfiles.
> Comerciantes e prestadores de serviços que
de alguma forma se alinhem com questões de
sustentabilidade e novos padrões de consumo.
> Público jovem de classe média que busca
moradia de qualidade, compacta e flexível,
próxima à grandes avenidas e ao centro.
06
3.3. aspectos temporais
	 De maneira geral, projetos de grande porte como
o proposto levam um tempo considerável na questão dos
trâmites legais e aprovações frente à Prefeitura. Assim,
estima-se um prazo de 18 meses para este fim. Após, na
etapa de construção, levando em conta a utilização de
equipamentos modernos e a escala do projeto, estima-
se um período de 24 a 36 meses para execução total do
conjunto.
	 As etapas de execução se dariam,
aproximadamente, da seguinte maneira;
> Compra dos lotes privados.
> Limpeza da área total de intervenção.
> Construção de pavimento subsolo, no caso de sua
existência (a ser estudado).
> Abertura de novas vias, no caso de sua existência (a ser
estudado).
> Construção dos novos equipamentos e requalificação
do pavilhão existente (etapas simultâneas).
> Tratamento dos espaços abertos.
3.4. aspectos econômicos
	 Por se tratar de uma proposta público-privada, a
maior parte dos recursos serão provenientes da iniciativa
privada, havendo, como contrapartida do estado,
incentivos fiscais. Além disso, por haver um imóvel
inventariado na área de intervenção, pode-se solicitar
fundos do Programa Monumenta para o seu restauro.
	 O custo estimado da construção do conjunto
foi calculado utilizando os valores do CUB (Custo
Unitário Básico da Construção Civil) publicados pelo
SINDUSCON-RS em julho de 2019. Para tal, considerou-
se uma estimativa da área a ser construída de 8.044m²,
dividida em três categorias:
> para áreas de trabalho:
CUB CAL- 8 (Comercial Andar Livres)
1.816,98 x 3613m² = R$ 6.564.748,70 reais
>para áreas de habitação:
CUB R - 8 (Residência Multifamiliar)
1.518,67 x 3803m² = R$ 5.775.502,00 reais
>para áreas de convívio:
CUB CSL- 8 (Comercial Salas e Lojas)
1.505,16 x 628m² = R$ 945.240,50 reais
	 O valor total estimado para a construção de todo
complexo é de R$ 13.285.491,20 reais. Este valor não
inclui o paisagismo, mobiliários e custos de demolição e
reforma das edificações existentes.
4. aspectos relativos à definição do programa
4.1. descrição das atividades
	 A proposta de projeto tem em vista unir a
produção de moda e design à dinâmicas culturais, de
trabalho e moradia, assim sendo, é possível agrupar por
função as principais atividades do conjunto;
> Trabalho;
	 > Fábrica: espaço de criação, produção e
divulgação para pequenas marcas e produtores locais de
moda e design sustentável.
	 > Coworking: espaços flexíveis de trabalho para
profissionais da indústria criativa, além de salas multiuso
eauditório,visandotambémfinseducacionaiseculturais.
>Habitação;apartamentosdetamanhosvariadoseplanta
flexível destinados à classe média, jovens e público que
de alguma forma seja atraído pela temática do conjunto.
> Convívio;
	 > Comércio e serviços; atividades atrativas à
comunidade em geral e animadoras dos espaços abertos,
como lojas, cafés, bares e restaurantes, contribuindo para
diversidade e vivacidade do conjunto.
	 > Espaços abertos públicos; espaços de passagem
e permanência como travessas e praças, servindo para
povoar o miolo de quadra e articular os fluxos dos
diferentes programas.
07
4.2. programa de necessidades
setores programa equipamentos e mobiliário
população
quant.
área (m²)
fixa variada unitária total
trabalho
fábrica
portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15
sala de
equipamentos
específicos
maquinário específico para produção têxtil;
máquinas de corte à disco e à faca,
maquinas de costura reta e overlock,
máquina de casear, de botão, de lhós,
máquina de corte a laser, impressora 3d,
máquina de fusionar - 20 1 300 300
ateliers bancada, cadeira, armário, araras - 8 10 20 200
sala de desenho mesas, cadeiras, armários, quadro, projetor - 20 1 100 100
sala de modelagem
mesas de tamanho específico, cadeiras,
armários - 10 1 100 100
sala de corte e
costura
mesas de tamanho específico, máquinas de
costura reta, cadeiras, armários, araras - 25 1 100 100
laboratório de
fotografia
computadores, mesas de luz, refletores,
luminárias, tapadeiras, câmeras, armário - 5 1 50 50
camarins balcão, banco, espelhos, araras - 5 3 10 30
estoque armários, estantes, gaveteiros, araras 1 5 2 100 200
lavanderia
máquinas de lavar roupa, máquinas de secar
roupa, estendedor, bancada, araras - 2 1 30 30
passaderia
tábuas de passar roupa, ferro de passar
roupa, máquinas de passar roupa à vapor,
prensa, bancada, araras - 2 1 30 30
sala de eventos planta livre, projetor - - 1 200 200
coworking
portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15
salas coletivas de
trabalho mesas, cadeiras, armários, computadores - 50 5 200 1000
salas de reunião mesas, cadeiras, armários, computadores - 6 10 15 150
salas multiuso planta livre, projetor - 50 5 50 250
biblioteca
mesas, cadeiras, armários, estantes,
computadores 1 20 1 80 80
auditório palco, mesas, cadeiras, projetor - 150 1 200 200
apoio
administração mesas, cadeiras, armários, computadores 5 - 2 30 60
depósito para
limpeza
armários
- 2 4 5 20
copa
mesa, balcão, armário, microondas,
geladeira, fogão, cuba - 5 3 30 90
sanitários
lavatórios, vasos sanitários, mictórios,
instalações PNE - 4 8 30 240
carga e descarga guarita 1 - 1 30 30
infraestrutura
reservatório - - - 2 20 40
ar condicionado - - - 1 30 30
lixo - - - 1 5 5
subestação - - - 1 20 20
gerador - - - 1 15 15
medidores - - - 1 5 5
central de gás - - - 1 5 5
casa de máquinas - - - 1 3 3
3613
08
4.2. programa de necessidades
habitação
aptos.
portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15
apartamento tipo 1 1 dormitório, sanitário, sala e cozinha 1 - 2 - 30 50 1500
apartamento tipo 2 2 dormitórios, sanitário, sala e cozinha 2 - 3 - 15 100 1500
apoio
biciletário - 1 - 1 10 10
depósito para
limpeza
armários
- 2 1 5 5
estacionamento guarita 1 - 1 500 500
salão de festas
mesas, cadeiras, lounges, balcão, armário,
microondas, geladeira, fogão, cuba,
churrasqueira 1 - 1 150 150
infraestrutura
reservatório - - - 2 20 40
ar condicionado - - - 1 30 30
lixo - - - 1 5 5
subestação - - - 1 20 20
gerador - - - 1 15 15
medidores - - - 1 5 5
central de gás - - - 1 5 5
casa de máquinas - - - 1 3 3
3803
convívio
comércioe
serviço
lojas
expositores, balcão, 1 computador, 2
cadeiras 2 10 6 30 180
restaurante mesas, cadeiras, caixa, cozinha 6 10 1 60 60
café/ bar mesas, cadeiras, caixa, cozinha 4 4 2 40 80
apoio
copa
mesa, balcão, armário, microondas,
geladeira, fogão, cuba - 5 1 30 30
sanitários
lavatórios, vasos sanitários, mictórios,
instalações PNE - 4 4 30 120
depósito para
limpeza
armários
- 2 1 5 5
carga e descarga guarita 1 - 1 30 30
infraestrutura
reservatório - - - 2 20 40
ar condicionado - - - 1 30 30
lixo - - - 1 5 5
subestação - - - 1 20 20
gerador - - - 1 15 15
medidores - - - 1 5 5
central de gás - - - 1 5 5
casa de máquinas - - - 1 3 3
praça praça áreas de estar e passagem - - 1 3000 3000
3628
área total do conjunto 11044
09
4.3. organograma de fluxos
Rua Comendador Tavares
Rua Dr. João Inácio
trabalho
pavilhão
habitação
PRAÇA comércio
estacionamento
serviço
10
5. levantamento da área de intervenção
5.1. potenciais e limitações da área
	 A área fica localizada no bairro Navegantes,
antigazonaindustrial,queestásendoretomadaatravésde
empreendimentos públicos e privados. Esse resgate vem
valorizando economicamente seus terrenos e imóveis, e
gera uma forte tendência de crescimento nos próximos
anos. Embora a zona ainda possua algumas limitações,
elas podem ser vistas como potencial de melhoria e
desenvolvimento da zona, atraindo novos públicos e
reforçando o vínculo com a comunidade do bairro.
Potenciais:
> Valorização do patrimônio.
> Masterplan IV distrito, que prevê um grande
desenvolvimento da zona.
> Área próxima ao centro, à RMPA e ao aeroporto.
> Área próxima à grandes avenidas com transporte
público.
> Diversas instituições de ensino nas proximidades,
assim como Sesc navegantes e Senai.
> Instituições de segurança pública, como a Polícia civil,
e de saúde nas proximidades.
Limitações:
> Falta de integração com o centro, devido ao viaduto da
Conceição e ao nó da Rodoviária.
> Barreira visual do Trensurb.
> Esvaziamento da região e degradação social,
gerando falta de movimentação nas ruas e sensação de
insegurança.
> Inexistência de espaços de cultura e lazer atratores da
comunidade, e de pontos verdes e arborizados, como
praças e parques.
> Quadra longa e retangular, dificultando relações de
permeabilidade.
> Área passível de alagamentos edificações na área de intervenção
fonte: autora
11
5.2. morfologia urbana
	 O local de intervenção está inserido em uma
quadra de formato retangular alongado, entre as ruas
Comendador Tavares e Dr. João Inácio, dificultando
assimrelaçõesdepermeabilidadeeconexõesentrevias.O
miolo desta quadra se encontra subutilizado, pois possui
grandes áreas vazias, estacionamentos e construções
abandonadas, algumas passíveis de recuperação, como o
pavilhao aqui exposto.
	 Aformaretangularéexceçãoemrelaçãoaotecido
urbano do bairro, que possui quadras mais compactas e
quadradas. A ocupação dessas quadras se dá de forma
heterogênea em todo bairro e distrito industrial, com
lotes cujo grão varia de uma unidade mínima até grandes
galpões industriais que ocupam, por vezes, quadras
inteiras. Especificamente, no entorno do terreno, o grão
é menor, com o miolo de quadra configurando um grão
maior.
5.3. levantamento aerofotogramétrico
área de intervenção edificações
12
5.4. sistemas de circulação
	 Azona,deformageral,ébemacessível,próximaà
grandes avenidas arteriais da cidade, que levam ao centro
e às zonas norte e leste, como Farrapos, Voluntários da
Pátria e Sertório, abastecidas por transporte público, com
paradas e corredor de ônibus, além das estações de trem
Farrapos e São Pedro. Também fica próxima a Avenida
Presidente Franklin Roosevelt, via com menor fluxo que
as anteriores, mas de grande importância dentro do IV
distrito e com linhas de ônibus conectadas diretamente
ao centro e à zona leste. O entorno imediato do lote conta
com duas vias de caráter mais local, Rua Comendador
Tavares, e Rua Dr. João Inácio, esta última com ligação
diretaàAv.Farrapos. Olocaltambémépróximoàentrada
da cidade e sua região metropolitana, do aeroporto e do
centro histórico da capital.
	 A proposta de projeto criará uma demanda por
vagas de estacionamento, que poderão ser suprimas com
vagas públicas nas vias locais, situação corrente, ou com
a criação de um equipamento específico para tal fim, a
ser estudado.
AEROPORTO
ZONA LESTE
AV. SERTÓRIO
SUL/OESTE DO ESTADO
PONTE DO GUAÍBA
BAIRRO NAVEGANTES
ZONA NORTE
AV. VOLUNTÁRIOS
CENTRO DA CIDADE
AV. VOLUNTÁRIOS
AV. PRESIDENTE
FRANKLIN ROOSEVELT
AV. A. J. RENNER
ZONA NORTE
AV. FARRAPOS
CENTRO DA CIDADE
FREEWAY
AV. CASTELO BRANCO
BR - 116
área de intervenção edificações paradas de ônibus corredor de ônibus
avenidas arteriais
avenida local
vias secundárias
vias locais
13
5.5. usos do solo e atividades existentes
	 A área de intervenção tem em sua maioria lotes
com usos comerciais, sendo estes majoritariamente
depósitos, distribuidoras e oficinas mecânicas, e
institucionais,commuitasinstituiçõesdeeducaçãocomo
faculdades,escolasestaduaisecentrosprofissionalizantes,
além de equipamentos de saúde e segurança pública,
como a 3ºDPPA da Polícia Civil.
	
1
2
3
4
2
4
3
5
6
4
7
	 Por se tratar de uma antiga zona industrial,
o IV distrito conta com muitas edificações tombadas
e inventariadas, algumas em péssimo estado de
conservação. Contudo isso dá possibilidade para o
resgate, ressignificação e reinstalação de atividades
produtivas naquele local, valorizando assim, a história e
o patrimônio da cidade.
	 Na área de intervenção analisada, há edificações
inventariadas como patrimônio de estruturação, que não
podem ser demolidas, e outras de compatibilização, que
devem respeitar a altura da construção original.
5.7. levantamento planialtimétrico
	 Omapaaoladomostraascurvasdeníveldaárea,
de 1m em 1m, onde é possível ver que praticamente todo
o terreno se encontra na mesma cota, sendo, portanto,
plano. O terreno se encontra na cota +2,8m.
	 A área do terreno é classificada como inundável
protegida, pois possuí diques externos e internos,
pôlderes e bombas, segundo o Atlas Ambiental de Porto
Alegre. Contudo, por estar em uma cota baixa da cidade,
sofre com eventuais alagamentos. Além disso, o local
possui relevo plano, solo arenoso, e lençol freático à
baixa altura.
5.8. estrutura e drenagem do solo
5.6. bens protegidos
1 - Sesc Comunidade
2 - Escolas estaduais
3 - Igrejas
4 - Polícia Civil
5 - Centro de Saúde
6 - Senai
7 - Faculdade S. Fransisco de Assis
área de intervenção
residencial institucional comercial misto
imóveis subutilizados imóveis abandonados
área de intervenção inventário estruturação inventário compatibilização
demais edificações
área de intervenção edificações curvas de nível
14
5.9. vegetação
	 O clima de Porto Alegre é considerado
subtropical úmido, apresentando ao longo do ano
grandes amplitudes térmicas com chuvas de volume
considerável e bem distribuídas. Assim, o IV distrito é
considerado uma região úmida, especialmente por sua
proximidade com o Rio Guaíba. A carta de ventos de
Porto Alegre indica ventos predominantes vindo da
região sudeste. Porém, vale destacar que a massa de ar
gerada pela diferença de pressão entre o Rio Guaíba e as
edificações muda a direção dos ventos diariamente.
	
	 A área de intervenção tem uma face voltada para
o Norte, pela rua Comendador Tavares, e outra voltada
para o sul, pela rua Dr. João Inácio, permitindo também
a exploração das orientações leste e oeste com a abertura
de novas conexões entre as duas faces e edificações em
altura.
	
	 O bairro não possui nenhum equipamento
público e arborizado significante, as ruas do entorno
possuem pouca arborização e a maioria fica localizada
no interior de lotes privados. A praça mais próxima é a
Praça Pinheiro Machado, localizada no limite do bairro
Navegantes com São Geraldo, cerca de 700m do terreno
estudado.
	 As edificaçõesdaáreadeintervençãoapresentam
poucaaltura,médiade1-2pavimentos,nãorepresentando
um problema expressivo no sombreamento do interior
do lote. Há alguns edifícios mais altos, estes localizados
nas avenidas de maior fluxo como Farrapos e Sertório.
5.11. micro-clima
5.10. alturas área de intervenção edificações manchas de vegetação
área de intervenção 1 andar 2 andares 3 andares 4 andares +5 andares
gráfico velocidade média dos ventos em porto alegre
fonte: geossistema climatologia porto alegre
gráfico direção média dos ventos em porto alegre
fonte: geossistema climatologia porto alegre
15
Segundo o CENSO IBGE de 2010, o bairro
Navegantes conta com 4325 habitantes distribuídos em
uma área de 174ha, resultando em uma densidade de,
aproximadamente, 25hab/ha.
	 Há a predominância de mulheres (53,98%), em
relação aos homens (46,02%), e da população jovem e
adulta, com faixa etária entre 15 e 64 anos (67,7%). O
IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal)
é 0,765, valor mediano em relação à outras regiões. A
média de anos de estudo dos moradores do bairro é de
8,66 anos, como parâmetro a melhor média é a do bairro
Bela Vista com 13,95 anos, e a taxa de analfabetismo é
de 1,03. Já o rendimento médio por domicílio é de 3,53
salários mínimos, valor baixo em relação aos bairros do
entorno.
	 Entre os anos de 1992 e 2000, a população do
bairro Navegantes diminuiu em 4% ao ano, evidenciando
seu esvaziamento, já relatado aqui anteriormente.
Atualmente, os domicílios não ocupados representam
14,4% do bairro. Os dados do CENSO comprovam que
a área possui um nível educacional e econômico baixos.
Valores que se refletem na degradação e abandono do
bairro. Contudo, com investimento e auxílio, o local tem
grande potencial de desenvolvimento.
	 Por se tratar de um bairro consolidado, que
teve sua ocupação quase simultânea ao centro, o bairro
Navegantes conta com uma rede de infraestrutura
bastante extensa. Os imóveis são bem servidos pelas
redes de água potável, gás natural, esgoto e energia
elétrica, além da rede de fibra ótica instalada há alguns
anos, visando o desenvolvimento da região.
	 Háumarededealtatensãopassandopelacalçada
da Rua Dr. João Inácio, que deverá ser estudada no
decorrer do projeto. As ruas e espaços públicos contam
com iluminação pública e pavimentação.
	 Atualmente, a PMPA, através do DEP, vem
realizando obras de drenagem, visando diminuir os
alagamentosnaárea.Atualmente,onúmerodehabitantes
no bairro é de 4.325 habitantes, com 1591 domicílios
particulares, um número bem inferior a infraestrutura
oferecida pela prefeitura
5.13. infraestrutura5.12. dados populacionais		
16
5.14. levantamento arquitetônico
	 Foi realizada uma investigação acerca do edifício
pré-existente a ser recuperado localizado no terreno.
No Arquivo Munical foram consultadas plantas que
mostram que no passado a área desempenhou atividades
relacionadas à tecelagem, assim como apoio à Fiateci,
como exposto nas imagens ao lado.
	 Atualmente, o pavilhão está sob domínio da
Polícia Civil, assim no Departamento de Engenharia
da Polícia Civil foi possível encontrar a planta baixa da
edificação, assim como descobrir os usos que a edificação
desempenhou ao longo dos anos. O pavilhão pertenceu à
Ughini e foi depósito de materiais escolares da Secretária
de Educação do Estado, entre outras atividades, até ser
abandonado pelo estado. Hoje se encontra sem uso,
contudo, por possuir um valor histórico e arquitetônico
está na lista de inventários de estruturação.
17
fonte: arquivo municipal de porto alegre
fonte: departamento de engenharia da polícia civil
5.15. levantamento fotográfico
18 19
6. condicionantes legais
6.1. código de edificações
6.2. proteção contra incêndio
6.3. acessibilidade
6.4. patrimônio
6.5. proteção ambiental
6.6. espaço aéreo
	 O Código de Edificações de Porto Alegre (Lei
Complementar nº 284) será consultado ao longo do
desenvolvimento do projeto, pois contém os parâmetros
de dimensionamento de ambientes mínimos estipulados
para a cidade, assim como indicações de materialidade,
iluminação e ventilação ideais.
	 Oscapítulosdocódigorelacionadosàsatividades
propostas a serem consultados para a ideal execução
deste projeto se encontram dentro de TÍTULO XI;
Capitulo I/ Seção II – Edifícios Residências e Capitulo
II/ Seção II, III, IV e XII, respectivamente Edifícios de
Escritórios, Lojas, Galerias e Centros Comerciais, e
Pavilhões, e TÍTULO XII; Capítulo XV - Instalações de
Equipamentos em Geral.
	 O Código de Proteção Contra Incêndios de Porto
Alegre (Lei Complementar nº 420) será consultado ao
longo do desenvolvimento do projeto a fim de prevenir
a possibilidade de incêndio e garantir a segurança dos
usuários caso haja algum. De acordo com o código,
os graus de risco para este projeto, de acordo com as
atividades propostas, são:
A-2 Habitação multifamiliares:
Grau de risco 1 (pequeno)
C-1 Comércios em geral, de pequeno porte:
Grau de risco 6 (médio)
D-1 Serviços Profissionais:
Grau de risco 3 (pequeno)
E-4 Escolas Profissionais:
Grau de risco 5 (médio)
F-5 Auditórios:
Grau de risco 8 (médio)
F-7 Restaurantes, bares, cafés:
Grau de risco 8 (médio)
	 Os novos equipamentos e áreas abertas
deverão respeitar as deliberações contidas na Norma de
AcessibilidadeUniversal(NBR9050).Jáaspré-existências
deverão receber adaptações em suas estruturas para
adequarem-se à norma. Tais adaptações não poderão,
entretanto, descaracterizar essas edificações, pois tratam-
se de bens inventariados de estruturação. Os espaços
deverão apresentar dimensionamento mínimo para o
trânsito de cadeirantes, assim como acesso aos diferentes
pavimentos por meio de rampas e/ou elevadores. Além
de vagas de estacionamento acessíveis e cabines de
banheiros PNE em todos os equipamentos.
	 A pré-existência a ser utilizada neste projeto
é classificada como patrimônio inventariado de
estruturação pela Equipe do Patrimônio Histórico e
Cultural de Porto Alegre (EPAHC). De acordo com a Lei
Complementar nº 601, que trata sobre Inventários do
Patrimônio Cultural de bens e imóveis do município:
“Art.10 As edificações Inventariadas de Estruturação não podem ser
destruídas, mutiladas ou demolidas, sendo dever do proprietário sua
preservação e conservação.
Parágrafo único. Poderá ser autorizada, mediante estudo prévio
junto ao órgão técnico competente, a demolição parcial, a reciclagem
de uso ou o acréscimo de área construída, desde que se mantenham
preservados os elementos históricos e culturais que determinaram sua
inclusão no Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do
Município.”
	 Há,também,umaedificaçãonoterrenoadjacente
(a ser utilizado neste projeto) que se trata de um bem
inventariado de Compatibilização. Contudo, este já se
encontra em ruínas que já não podem ser resgatas. A Lei
Complementar nº 601 quanto a isso versa:
“Art.11 As edificações Inventariadas de Compatibilização poderão
ser demolidas ou modificadas, por meio de Estudo de Viabilidade
Urbanística (EVU), devendo a intervenção ou a edificação que a
substituir observar as restrições necessárias à preservação cultural
e histórica da edificação de Estruturação e do entorno a que estiver
vinculado, bem como à paisagem urbana.”
	 De acordo com as normas ambientaismunicipais
(SMAM), em caso de remoção de árvores, deverá haver
transplante para outro local. Caso não seja possível o
transplante, deverá haver compensação por meio do
plantio, no terreno, de novas espécies, preferencialmente
nativas. Ademais, de acordo com legislação vigente,
tanto em instrução normativa de n° 10/2010 do TCE/
RS em conjunto com a legislação federal que versa sobre
licitações e contratos da administração pública constante
na lei 8666/93, todas as obras municipais devem ser
submetidas a avaliação técnica preliminar para assegurar
o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento.
	 O terreno encontra-se na área de interferência
horizontal interna do Plano Básico de Zona de Proteção
deAeródromo(PBZPA)doAeroporto,assiménecessário
respeitar a altura máxima determinada pelo Comando da
Aeronáutica/CINDACTA II, neste caso de 49m de altura.
20
6.7. pddua municipal
	 A área de intervenção possui frente para as duas
ruas listadas abaixo, ambas possuem os mesmos índices
e são classificadas com Áreas de Ocupação Intensiva.
Rua Comendador Tavares (371 - 381)
Rua Doutor João Inácio (274 -394)
ANEXO 4
Corredor de Centralidade e de Urbanidade
Densidade Bruta:280 hab/ha e 105 econ/ha
ANEXO 5.1
Atividade Mista 03
ANEXO 5.2
1.1. Habitação - Inócuo
2.1.3. Comércio varejista - Interferência ambiental de
nível 2
3.1.12.escritóriosprofissionais3.1.13.estúdiodepintura,
desenho e escultura - Inócuo
ANEXO 5.3
Sem restrições quanto à implantação de atividades no
local
ANEXO 6
Índice de Aproveitamento (IA): 1,3
Solo Criado Adensável: Sim
Transferência de Potencial Construtivo: Sim
Índice de Aproveitamento máximo: 3,0
Quota Ideal: 75m²
ANEXO 7.1
Altura Máxima: 33m
Altura máxima na divisa: 18m
Altura máxima na base: 9m
Taxa de Ocupação: 90% na base e 75% no corpo
Recuo de jardim: isento
Observações:
>Verificar a incidência de área não edificável no
quarteirão, em função do coletor pluvial existente
Foi verificado e não há áreas não edificáveis na área de
intervenção.
>Incide sobre alguns imóveis desta face, área de escola
prevista no PDDUA.
>Os imóveis próximos ao “limite inicial” desta face
podem estar vinculados a traçado previsto no PDDUA.
A abertura de novas vias será estudada no decorrer do
projeto
fonte: secretaria municipal do meio
ambiente e sustentabilidade, dmweb
21
7. fontes de informação
Normas:
- PDDUA - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental
de Porto Alegre, Lei Complementar 434/99
- Código de Edificações de Porto Alegre, Lei
Complementar
nº 284/92
- Código de Proteção Contra Incêndio de Porto Alegre
nº420/2000
- ABNT NBR 9050: 2004 - Lei de Acessibilidade para
portadores de necessidades especiais
- Instrução Normativa Nº 10/2010, Tribunal de Contas
do Estado do Rio Grande do Sul
- Lei Nº 8.666/ 1993 (Lei ordinária)
- Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do
Município, Lei Complementar Nº 601/2008
Visitas técnicas:
- Fábrica ADUANA, Cachoeirinha, Porto Alegre -
20.08.2019
- Loja Eco C&A, Centro Histórico, Porto Alegre
-28.08.2019
Websites:
archdaily.com
fashionrevolution.org/
geossistema.blogspot.com
globalfashionagenda.com/
google.com/maps
observapoa.com.br
portoalegre.rs.gov.br/dm/
portoalegreemanalise.procempa.com.br
sinduscon-rs.com.br
Publicações:
- Atlas Ambiental de Porto Alegre. Editora UFRGS, 1998
- BBC News Brasil, Qual é a indústria que mais polui o
meio ambiente depois do setor do petróleo? Disponível
em:
<https://www.bbc.com/portuguese/geral-39253994>.
Acesso em: agosto, 2019.
- CARVALHAL, André. A moda imita a vida. Rio de
Janeiro: Senac-Rio, 2014.
- CARVALHAL, André. A moda com propósito. Rio de
Janeiro: Senac-Rio, 2016.
- Ellen Macarthur Foundation, A New Textiles Economy:
Redesigning fashion’s future. Dísponivel em: < https://
www.ellenmacarthurfoundation.org/assets/downloads/
publications/A-New-Textiles-Economy_Full-Report_
Updated_1-12-17.pdf>. Acesso em: agosto, 2019.
-FEOLA , Silvia. “Fast Fashion não é democratização
da Moda”. Disponível em: <http://brasil.estadao.com.
br/blogs/cotidiano-transitivo/fast-fashion-nao-e-
democratizacao-da-moda/>. Acesso em: agosto, 2019.
- LASCHUK, Tatiana; RÜTHSCHILLING, E. A. A
evolução da indústria têxtil do Rio Grande do Sul sob
o ponto de vista técnico, tecnológico e mercadológico.
Anais do X Colóquio de moda, Caxias do Sul, 2014.
- Masterplan de Revitalização Urbana do 4º Distrito -
Núcleo de Tecnologia Urbana/UFRGS
- MESQUISA, Francisco, MULLER, Madeleine -
Admirável Moda Sustentável, Vestindo um mundo novo
-Editora Adverte - 2018.
-VASCONCELLOS, Nuta. “Slow fashion: O que é essa
nova forma de consumir moda?”. Disponível em: <www.
gwsmag.com/wp-content/cache/all/slow-fashion-o-
que-e-essa-nova-forma-de-consumir-moda/index.
html>. Acesso em: agosto, 2019.
22
8. histórico escolar
23
operar o tempo:
a fábrica contemporânea
stéphanie garces cerioli

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Operar o tempo: A fábrica contemporânea | Pesquisa para TCC

  • 1. operar o tempo: a fábrica contemporânea TCC 2019.2 professor orientador: claudia cabral acadêmica: stéphanie garces cerioli UFRGS arquitetura e urbanismo
  • 2. A ideia do presente trabalho surgiu através da minha história. Meu avô, Juan Felix, trabalhou como alfaiate e modelista nas indústrias de confecção Korrigan, em Esteio, e na antiga Tecelagem Guahyba, na zona industrial de Porto Alegre, entre os anos 1968 e 1988. Por isso, dedico este trabalho à ele, que de alguma forma direcionou minha visão à moda durante esses anos. No ano de 2015, através de uma viagem ao Camboja, Sudeste Asiático, meus olhos novamente se voltaram à esta temática, onde pude ver em uma sociedade extremamente pobre e desvalorizada, as consequências de uma indústria têxtil exploratória, com péssimas condições de trabalho e má remuneração. Assim, a moda justa e sustentável se tornou um princípio em minha vida. ‘‘amar e mudar as coisas’’ - belchior
  • 3. índice 1.aspectos relativos ao tema 1.1. justificativa da temática escolhida 1.2. relações entre sítio, programa e tecido urbano 1.3. objetivos da proposta 2.aspectos relativos ao desenvolvimento do projeto 2.1. níveis e padrões de desenvolvimento pretendido 2.2. metodologia e instrumentos de trabalho 3.aspectos relativos às definições gerais 3.1. agentes de interveção 3.2. população alvo 3.3. aspectos temporais 3.4. aspectos econômicos 4.aspectos relativos à definição do programa 4.1. descrição das atividades 4.2. programa de necessidades 4.3. organograma de fluxos 5.levantamento da área de intervenção 5.1. potenciais e limitações da área 5.2. morfologia urbana 5.3. levantamento aerofotogramétrico 5.4. sistemas de circulação 5.5. usos do solo e atividades existentes 5.6. bens protegidos 5.7. levantamento planialtimétrico 5.8. estrutura e drenagem do solo 5.9. vegetação 5.10. alturas 5.11. micro-clima 5.12. dados populacionais 5.13. infraestrutura 5.14. levantamento arquitetônico 5.15. levantamento fotográfico 6. condicionantes legais 6.1. código de edificações 6.2. proteção contra incêndio 6.3. acessibilidade 6.4. patrimônio 6.5. proteção ambiental 6.6. espaço aéreo 6.7. pddua municipal 7. fontes de informação 8. histórico escolar 01 - 03 04 04 05 05 06 06 07 07 07 08 - 09 10 11 12 12 13 14 14 14 14 15 15 15 16 16 17 18 - 19 20 20 20 20 20 20 21 22 23
  • 4. 1. aspectos relativos ao tema A indústria têxtil começou a ganhar força em nosso país no ano de 1844, através das primeiras políticas protecionistas, que se deram com o fim do Brasil Colônia e a Independência do país, em 1822. No Rio Grande do Sul,essesegmentodaindústriaganhoumaisforçaapartir de 1873, com a criação da fábrica de tecidos Rheingantz, em Rio Grande, primeira cidade portuária do estado. Com a vinda dos imigrantes e sua vontade de empreender, a indústria têxtil foi impulsionada. Assim, em 1891 surgiu a Cia. de Fiação e Tecidos Porto-Alegrense, conhecida como Fiateci, onde se realizavam atividades como a tecelagem, meiaria, fiação e a tinturaria. No mesmo ano, foi fundada a Cia. Fabril Porto Alegrense, que se tornou referência na produção de camisetas e meias na capital. Outra indústria de destaque foi A.J. Renner, fundada em 1920. Ao longo dos anos, com a Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929, esse mercado cresceu, pois se viu obrigado a diminuir a importação de países estrangeiros, tornando-se assim um pilar da indústria e economia do sul do país. O cenário começou a mudar com a abertura comercial e a globalização, que trouxe produtos estrangeiros, principalmente asiáticos, para nosso mercado, aumentando a concorrência e evidenciando o atraso da indústria têxtil brasileira frente às indústrias de fora. Assim, o mercado foi obrigado a investir e modernizar-se. Contudo, muitas empresas foram à falência por serem incapazes de acompanhar esse novo processo.Paraseterumaideiadamagnitudedofenômeno que está sendo discutido, 26% das empresas brasileiras do setor encerraram suas atividades entre 1990 e 1997, o que foi sentido de forma mais significativa nos ramos de fiação (redução de 53%) e tecelagem (queda de 52%) (BRITTO, 1999 apud SARAIVA et al, 2005, p. 74). 1.1. justificativa da temática escolhida As industrias e empresas que sobreviveram à este marco, tiveram que se adaptar ao novo padrão de consumo dos anos 2000, um movimento conhecido como Fast Fashion, onde a produção precisa ser extremamente rápida, visando uma maior variedade de produtos para atender a necessidade dos consumidores de novos estímulos e tendências, além de preços baixos. A expressão não está somente ligada a velocidade como os produtos são criados, produzidos e vendidos, mas também na rapidez com que são descartados e substituídos. Os produtos rapidamente se tornam ultrapassados, motivando o consumidor a uma nova compra e a um ciclo de consumo sem fim. Esse processo, por muitos, é visto como a democratização da moda, o que pode ser verdade, no entanto, a grande questão é o impacto ambiental e social que esse padrão de consumo vem causando no mundo. Através desse questionamento, o cenário novamente começou a mudar, e respostas ao Fast Fashion começaram a surgir. A vertente da moda sustentável começou a ganhar força, e as consequências da produção acelerada e barata da moda, visibilidade. Aindústriadamodaestáentreasmaispoluidoras desde o século XX, através do uso de substâncias químicas em seus processos de produção, contaminando as águas, solos e o ar. O poliéster e a viscose, são exemplos disso. O poliéster gasta cerca de 70 milhões de barris de petróleo por ano em sua produção, e demora 200 anos para se decompor. Já a viscose feita a partir da celulose, necessita da derrubada de 70 milhões de árvores para ser produzida, conforme reportagem da BBC de 2017. Até o algodão, uma fibra natural, também causa danos alarmantes, pois em seu cultivo utiliza inseticidas e pesticidas, além de uma grande quantidade de água, que é contaminada ao longo do processo. Crescimento das vendas de roupas e declínio na utilização de roupas desde 2000 2000 2005 100 2010 2015 150 200 2000 2015 Vendas de roupa Produto mundial bruto Utilização da roupa produção mundial de roupa duplicou fonte: a new textiles economy: redesigning fashion’s future ellen macarthur foundation fonte: admirável moda sustentável, vestindo um mundo novo 01
  • 5. Somada à essa questão da matéria prima, as condições de trabalho são um fator importante no debate da moda sustentável. Grandes marcas e indústrias buscam seus produtos em países asiáticos pois lá o custo é mais baixo e a fiscalização dessas condições reduzida. Contudo, isso resulta em uma mão de obra extremamente mal remunerada, por vezes escravizada e infantil. Além disso, o consumo desenfreado e o descarte inadequado dos artigos geram quantidades absurdas de lixo, estocados em países de baixa renda e longe dos olhos dos principais consumidores dessas peças. Um exemplo que ganhou destaque na mídia foi o desmoronamento do edifício Rana Plaza, ocorrido em 2013, na capital de Bangladesh, que abrigava fábricas de tecido. Na hora do acidente, cerca de 3 mil pessoas trabalhavam no local, dessas, 1134 morreram. O acidente trouxe à tona os problemas de segurança e as péssimas condiçõesdetrabalho,beirandoaescravidão,daindústria têxtil em Bangladesh, o segundo maior exportador de roupas do mundo. Esse episódio resultou na criação do Instituto Fashion Revolution, uma organização global, que visa disseminar e divulgar as boas práticas no mercado da moda, incentivando uma economia circular com peças feitas para durar mais tempo e seu reaproveitamento quando sua vida útil chega ao fim, além de alertar os consumidores da origem de seus produtos. A Global Fashion Agenda é outra organização mundial com este mesmo objetivo e atua desde 2009, realizando anualmente o Copenhagen Fashion Summit, um evento para debater e divulgar a moda sustentável. O movimento da moda sustentável foi ganhando visibilidade. É também conhecido como Slow Fashion, uma oposição ao Fast Fashion, inspirado nos movimentos do Slow Design e Slow Food, que primam pelo processo lento e reflexivo como forma de obter uma melhor experiência, valendo-se da escolha dos melhores produtos que respeitem tanto o meio ambiente como as pessoas. Inúmeras marcas abraçaram esta causa, seja na escala global, como grandes marcas do varejo buscando soluções mais sustentáveis, como Nike e C&A que possuem coleções de matéria reciclada, fiscalizam seus fornecedores, entre outras iniciativas, e que assim reduzem seu impacto ambiental, ou na escala local, de pequenas marcas e produtores, que utilizam matérias primassustentáveiseresíduaisemãodeobrajustaelocal, uma produção quase que artesanal que vêm ganhando força no mercado por propiciar um consumo consciente. 1.1. justificativa da temática escolhida fonte: business of fashion fonte: mochni fonte: news in asia 02 Pode-se citar algumas destas marcas de caráter mais local fundadas em Porto Alegre, como a Insecta Shoes,queproduzsapatosecológicoseveganos,aColibrii e a Revoada, que utilizam mão de obra de comunidades carentes e resíduos têxteis para a fabricação de suas peças, e a PP Acessórios, que reaproveita couros rejeitados pela grande indústria. Estas e outras marcas ganham maior visibilidade em eventos nacionais de moda sustentável como o Brasil Eco Fashion Week, realizado em São Paulo e o Paraty Eco Festival, em Paraty, RJ. Como dito anteriormente, na década de 90, muitas fábricas não resistiram a era da modernização e foram à falência. Com isso, IV distrito, - o distrito industrial de Porto Alegre - sofreu um esvaziamento, e por muito tempo permaneceu em desuso, como muitos outros distritos industrias pelo mundo. Contudo, nos últimos anos, o IV distrito ganhou novos olhares pois possui grande potencial em infraestrutura e crescimento da cidade, além de uma localização estratégica, próxima ao centro. A área é estudada pelo Conselho do Plano Diretor em parceria com o Núcleo de Tecnologia Urbana (NTU) da UFRGS, que lançou um Masterplan, que prevê sua revitalização urbana e reconversão econômica, e para isso, propõe a instalação de programas culturais, educacionais, tecnológicos, corporativos, habitacionais e de saúde, inserindo novamente o distrito na vida urbana de Porto Alegre. Além disso, o IV distrito possuí inúmeras construções de grande valor arquitetônico, que marcaram a era industrial da cidade, e devem ser valorizadas e requalificadas, como forma de manter a memória ali presente. Com base no exposto até então, nasce a ideia de operar o tempo e criar uma fábrica contemporânea, valendo-se de um antigo pavilhão que outrora sediou uma fábrica têxtil no IV distrito, e que agora pretende unir marcas e pequenos produtores alinhados com esse novo padrão de consumo da moda, mais sustentável, em um espaço colaborativo de trabalho, visando novos debates e trocas de conhecimento acerca do tema. Além de espaços para a comunidade disfrutar de atividades culturais, educacionais e de lazer, e ainda espaços de moradia, resgatando o conceito de vila operária e aproveitando a proximidade com o centro. A moda é uma força a ser considerada. Ela inspira, provoca, conduz e cativa. O Fashion Revolution acredita no poder de transformação positiva da moda, e tem como principais objetivos conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor, celebrar as pessoas por trás das roupas, incentivar a transparência e fomentar a sustentabilidade. – Instituto Fashion Revolution Brasil 1.1. justificativa da temática escolhida Gucci Hub, Milão fonte: archdaily Matadero, Madrid fonte: esmadrid 03
  • 6. 1.2. relações entre programa, sítio e tecido urbano A área escolhida para inserção da proposta está localizada no bairro Navegantes, IV distrito de Porto Alegre, área que antigamente abrigou fábricas e indústrias, passou por um período de abandono e agora vem ganhando visibilidade com novos empreendimentos na área criativa, tornando-se assim, o local ideal para uma fábrica contemporânea de moda sustentável, além de coworking e habitação. O terreno fica localizado entre as ruas Comendador Tavares e Dr. João Inácio. Sua escolha se deu através de uma construção pré- existente no miolo da quadra, um pavilhão de arquitetura industrial em estado de abandono, porém com grande potencial, se restaurado, configurando uma boa espacialidade, alémdemanterpresenteasmemórias do passado e valorizar o patrimônio industrial do bairro. Ele se encontra inventariado pela EHPAC (Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural), caracterizado como patrimônio de estruturação, ou seja, não pode ser demolido. Atualmente está sob domínio da 3ºDPPA da Polícia Civil. Os lotes que cerceiam este pavilhão estão em sua maioria ocupados por oficinas mecânicas, depósitos, terrenos vazios e construções em ruínas, atividades com pouco movimento, que não estimulam o fluxo de pedestres. Assim, estes lotes são passíveis de desapropriação visando uma área de maior intervenção de acordo com a escala do projeto, além de povoar e densificar o espaço. Além disso, a quadra onde o pavilhão está inserido é extremamente comprida, dificultando a mobilidade e a ocupação de seu interior.Assim, a propostavisaexplorarestasconexões, densificando seu miolo e abrindo novas vias, como a continuação da Rua Frederico Mentz, prevista no PDDUA. A acessibilidade é um fator imprescindível para um polo criativo e atrativo da comunidade, como o programaproposto,quevisasetornar uma nova centralidade para o bairro. Assim, o local fica próximo à entrada da cidade e ao centro, próximo ao aeroporto e conectado por grandes avenidas como Farrapos, Sertório, Voluntários da Pátria e Presidente Franklin Roosevelt, que possuem serviços de transporte público. Há também um Sesc e um Senai em frente ao local, assim como outras instituições de ensino, de forma a estabelecer uma forte relação com estas instituições e criar um vínculo entre seus públicos. 1.3. objetivos da proposta A partir da proposta da instalação de uma fábrica contemporânea associada aos seus espaços de lazer, moradia e trabalho, o projeto visa criar uma nova centralidade para o bairro - um polo de desenvolvimento criativo - valendo-se de um miolo de quadra atualmente subutilizado e requalificando uma construção pré-existente de caráter industrial, dessa forma valorizando também o passado da região. O projeto também prevê espaços públicos para a comunidade com atividades culturais que valorizem os pequenos produtores, a arte e o novo padrão de consumo sustentável da moda e design. Assim como espaços privados, que incentivem o trabalho, a troca de conhecimento e a permanência de um novo público no bairro, no caso da moradia. Com isso, o conjunto visa trazer uma diversidade de usos e uma nova dinâmica social para o espaço. IV distrito Brasil Porto Alegre - RS 04 2. aspectos relativos ao desenvolvimento do projeto 2.1. níveis e padrões de desenvolvimento pretendidos O projeto visa um desenvolvimento compatível com o esperado para um Anteprojeto Arquitetônico. De forma a demonstrar domínio e compreensão da temática e contexto urbano escolhidos, assim como, material gráfico adequado para a representação de todo conjunto proposto, isto é, as novas edificações, a requalificação da construção pré- existente no local e as soluções adotadas para os espaços abertos. Para isso, o trabalho será apresentado a partir dos seguintes documentos, que poderão sofrer alguma alteração em sua escala, visando o melhor entendimento da proposta: 2.1. metodologia e instrumentos de trabalho O desenvolvimento do trabalho ocorrerá em 3 etapas, expostas no Plano de Ensino do Trabalho de Conclusão de Curso. São elas; > Primeira etapa - Dossiê: Etapa presente neste documento. Proposta de projeto que se dá através da elaboração de uma pesquisa com estudos e levantamentos necessários para seu desenvolvimento. Nesta etapa além da pesquisa, foram realizadas visitas técnicas na fábrica de roupas ADUANA e na Loja Eco da C&A (com certificação LEED). > Segunda etapa - Entrega intermediária: Partido arquitetônico com a apresentação de volumetria e soluções gerais aos problemas expostos na primeira etapa do trabalho. > Terceira etapa - Entrega Final: Anteprojeto, contendo todos os elementos que se fizerem necessários para total compreensão da proposta. Para cumprimento das etapas citadas acima, serão realizadas reuniões periódicas com a professora orientadoraparadebateroandamento do projeto, desenvolvido através de uma constante aproximação e afastamento de escala. O processo se iniciaatravésdosestudosdatemática, área de intervenção escolhida e seu entorno. Tendo a problemática analisada, pensa-se no partido arquitetônico, onde são lançadas as dinâmicas entre os equipamentos propostos e os espaços públicos. Definido um conjunto básico, o próximo passo é aproximar-se das edificações isoladamente, a fim de avançar nos seus funcionamentos específicos. Após, volta-se à escala globalcomométododeverificaçãoda etapa anterior, visando uma melhor compreensão das relações internas e externas do arranjo proposto. Uma vez que estas relações chegam em um nível adequado, parte-se para a etapa de maior detalhamento, atingindo o nível de anteprojeto. Por fim, sempre que necessário serão buscadas informações junto à profissionais e instituições de áreas especificas ligadas ao projeto como forma de aproximar ao máximo a proposta da realidade. visita à fabrica da ADUANA fonte: autora Diagramas de partido (sem escala) Planta de localização (escala 1:1000) Planta de situação (escala 1:500) Implantação (escala 1:250) Plantas baixas dos pavimentos (escala 1:150) Planta de cobertura (escala 1:150) Cortes (escala 1:150) Elevações (escala 1:150) Cortes setoriais (escala 1:25) Detalhes construtivos (escala 1:20; 1:10; 1:5) Perspectivas internas e externas (sem escala) Fotomontagens (sem escala) Perspectivas axonométricas (sem escala) Maquete volumétrica (escala 1:500) Planilha de áreas (sem escala) 05
  • 7. 3. aspectos relativos às definições gerais 3.1. agentes de intervenção O terreno escolhido para o projeto engloba mais de um lote, sendo o principal deles – o miolo de quadra com uma pré- existência subutilizada – pertencente ao Estado e atualmente sob domínio da Polícia Civil. Os demais lotes que configuram o terreno são galpões para depósito, comércio, construções abandonadas e terrenos vazios, usos que poderiam ser facilmente realocados. A área fica localizada no IV distrito de Porto Alegre, que vem ganhando visibilidade através de ações de caráter público e privado, como o surgimento de inúmeros bares, ateliers, coworkings e também através do desenvolvimento de um Masterplan para todo o distrito, realizado pelo Conselho do Plano Diretor em parceria com o NTU da UFRGS, consolidando a área como terreno fértil para novos projetos do cenário cultural e criativo. Assim sendo, a proposta visa estabelecerumaparceriapúblico-privada,onde oEstadocederiaseulotecomacontrapartida de criação de espaços públicos qualificados para o bairroearestauraçãodopavilhãopré-existente, que se encontra em situação de abando e está inventariado sob forma de estruturação, ou seja, não pode ser demolido, o que torna o processo ainda mais vantajoso ao Estado. Além da possibilidade de abertura de novas vias e o parcelamento de uma quadra excessivamente longa do bairro, densificando seu interior. O agente de intervenção privado adquiriria os demais lotes e investiria na construção de novos equipamentos na área, com espaços de trabalho, comércio e moradia, de onde poderia tirar proveito economicamente. 3.2. população alvo O projeto visa atrair a comunidade no geral,comespaçospúblicosdelazereatividades culturais e comerciais. Entretanto, há também, um público-alvo específico, caracterizado principalmente por; >Pequenos e médios produtores envolvidos com questões de moda e design sustentável que buscam um espaço coletivo para criar, produzir, expor e compartilhar de suas ideias, além de aproximar suas atividades do destino de seus produtos e consumidores. >Artistas e profissionais do mercado criativo de forma geral, que buscam um espaço colaborativo de trabalho com todo apoio necessário. >Público interessado na questão de sustentabilidade aplicada à criatividade, que buscam conhecimento, espaços de troca e aprendizado através de palestras e oficinas, por exemplo. >Público interessado na realização de exposições e eventos relacionados à indústria da criação, como feiras e desfiles. > Comerciantes e prestadores de serviços que de alguma forma se alinhem com questões de sustentabilidade e novos padrões de consumo. > Público jovem de classe média que busca moradia de qualidade, compacta e flexível, próxima à grandes avenidas e ao centro. 06 3.3. aspectos temporais De maneira geral, projetos de grande porte como o proposto levam um tempo considerável na questão dos trâmites legais e aprovações frente à Prefeitura. Assim, estima-se um prazo de 18 meses para este fim. Após, na etapa de construção, levando em conta a utilização de equipamentos modernos e a escala do projeto, estima- se um período de 24 a 36 meses para execução total do conjunto. As etapas de execução se dariam, aproximadamente, da seguinte maneira; > Compra dos lotes privados. > Limpeza da área total de intervenção. > Construção de pavimento subsolo, no caso de sua existência (a ser estudado). > Abertura de novas vias, no caso de sua existência (a ser estudado). > Construção dos novos equipamentos e requalificação do pavilhão existente (etapas simultâneas). > Tratamento dos espaços abertos. 3.4. aspectos econômicos Por se tratar de uma proposta público-privada, a maior parte dos recursos serão provenientes da iniciativa privada, havendo, como contrapartida do estado, incentivos fiscais. Além disso, por haver um imóvel inventariado na área de intervenção, pode-se solicitar fundos do Programa Monumenta para o seu restauro. O custo estimado da construção do conjunto foi calculado utilizando os valores do CUB (Custo Unitário Básico da Construção Civil) publicados pelo SINDUSCON-RS em julho de 2019. Para tal, considerou- se uma estimativa da área a ser construída de 8.044m², dividida em três categorias: > para áreas de trabalho: CUB CAL- 8 (Comercial Andar Livres) 1.816,98 x 3613m² = R$ 6.564.748,70 reais >para áreas de habitação: CUB R - 8 (Residência Multifamiliar) 1.518,67 x 3803m² = R$ 5.775.502,00 reais >para áreas de convívio: CUB CSL- 8 (Comercial Salas e Lojas) 1.505,16 x 628m² = R$ 945.240,50 reais O valor total estimado para a construção de todo complexo é de R$ 13.285.491,20 reais. Este valor não inclui o paisagismo, mobiliários e custos de demolição e reforma das edificações existentes. 4. aspectos relativos à definição do programa 4.1. descrição das atividades A proposta de projeto tem em vista unir a produção de moda e design à dinâmicas culturais, de trabalho e moradia, assim sendo, é possível agrupar por função as principais atividades do conjunto; > Trabalho; > Fábrica: espaço de criação, produção e divulgação para pequenas marcas e produtores locais de moda e design sustentável. > Coworking: espaços flexíveis de trabalho para profissionais da indústria criativa, além de salas multiuso eauditório,visandotambémfinseducacionaiseculturais. >Habitação;apartamentosdetamanhosvariadoseplanta flexível destinados à classe média, jovens e público que de alguma forma seja atraído pela temática do conjunto. > Convívio; > Comércio e serviços; atividades atrativas à comunidade em geral e animadoras dos espaços abertos, como lojas, cafés, bares e restaurantes, contribuindo para diversidade e vivacidade do conjunto. > Espaços abertos públicos; espaços de passagem e permanência como travessas e praças, servindo para povoar o miolo de quadra e articular os fluxos dos diferentes programas. 07
  • 8. 4.2. programa de necessidades setores programa equipamentos e mobiliário população quant. área (m²) fixa variada unitária total trabalho fábrica portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15 sala de equipamentos específicos maquinário específico para produção têxtil; máquinas de corte à disco e à faca, maquinas de costura reta e overlock, máquina de casear, de botão, de lhós, máquina de corte a laser, impressora 3d, máquina de fusionar - 20 1 300 300 ateliers bancada, cadeira, armário, araras - 8 10 20 200 sala de desenho mesas, cadeiras, armários, quadro, projetor - 20 1 100 100 sala de modelagem mesas de tamanho específico, cadeiras, armários - 10 1 100 100 sala de corte e costura mesas de tamanho específico, máquinas de costura reta, cadeiras, armários, araras - 25 1 100 100 laboratório de fotografia computadores, mesas de luz, refletores, luminárias, tapadeiras, câmeras, armário - 5 1 50 50 camarins balcão, banco, espelhos, araras - 5 3 10 30 estoque armários, estantes, gaveteiros, araras 1 5 2 100 200 lavanderia máquinas de lavar roupa, máquinas de secar roupa, estendedor, bancada, araras - 2 1 30 30 passaderia tábuas de passar roupa, ferro de passar roupa, máquinas de passar roupa à vapor, prensa, bancada, araras - 2 1 30 30 sala de eventos planta livre, projetor - - 1 200 200 coworking portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15 salas coletivas de trabalho mesas, cadeiras, armários, computadores - 50 5 200 1000 salas de reunião mesas, cadeiras, armários, computadores - 6 10 15 150 salas multiuso planta livre, projetor - 50 5 50 250 biblioteca mesas, cadeiras, armários, estantes, computadores 1 20 1 80 80 auditório palco, mesas, cadeiras, projetor - 150 1 200 200 apoio administração mesas, cadeiras, armários, computadores 5 - 2 30 60 depósito para limpeza armários - 2 4 5 20 copa mesa, balcão, armário, microondas, geladeira, fogão, cuba - 5 3 30 90 sanitários lavatórios, vasos sanitários, mictórios, instalações PNE - 4 8 30 240 carga e descarga guarita 1 - 1 30 30 infraestrutura reservatório - - - 2 20 40 ar condicionado - - - 1 30 30 lixo - - - 1 5 5 subestação - - - 1 20 20 gerador - - - 1 15 15 medidores - - - 1 5 5 central de gás - - - 1 5 5 casa de máquinas - - - 1 3 3 3613 08 4.2. programa de necessidades habitação aptos. portaria/ recepção balcão, cadeiras, computador 1 - 1 15 15 apartamento tipo 1 1 dormitório, sanitário, sala e cozinha 1 - 2 - 30 50 1500 apartamento tipo 2 2 dormitórios, sanitário, sala e cozinha 2 - 3 - 15 100 1500 apoio biciletário - 1 - 1 10 10 depósito para limpeza armários - 2 1 5 5 estacionamento guarita 1 - 1 500 500 salão de festas mesas, cadeiras, lounges, balcão, armário, microondas, geladeira, fogão, cuba, churrasqueira 1 - 1 150 150 infraestrutura reservatório - - - 2 20 40 ar condicionado - - - 1 30 30 lixo - - - 1 5 5 subestação - - - 1 20 20 gerador - - - 1 15 15 medidores - - - 1 5 5 central de gás - - - 1 5 5 casa de máquinas - - - 1 3 3 3803 convívio comércioe serviço lojas expositores, balcão, 1 computador, 2 cadeiras 2 10 6 30 180 restaurante mesas, cadeiras, caixa, cozinha 6 10 1 60 60 café/ bar mesas, cadeiras, caixa, cozinha 4 4 2 40 80 apoio copa mesa, balcão, armário, microondas, geladeira, fogão, cuba - 5 1 30 30 sanitários lavatórios, vasos sanitários, mictórios, instalações PNE - 4 4 30 120 depósito para limpeza armários - 2 1 5 5 carga e descarga guarita 1 - 1 30 30 infraestrutura reservatório - - - 2 20 40 ar condicionado - - - 1 30 30 lixo - - - 1 5 5 subestação - - - 1 20 20 gerador - - - 1 15 15 medidores - - - 1 5 5 central de gás - - - 1 5 5 casa de máquinas - - - 1 3 3 praça praça áreas de estar e passagem - - 1 3000 3000 3628 área total do conjunto 11044 09
  • 9. 4.3. organograma de fluxos Rua Comendador Tavares Rua Dr. João Inácio trabalho pavilhão habitação PRAÇA comércio estacionamento serviço 10 5. levantamento da área de intervenção 5.1. potenciais e limitações da área A área fica localizada no bairro Navegantes, antigazonaindustrial,queestásendoretomadaatravésde empreendimentos públicos e privados. Esse resgate vem valorizando economicamente seus terrenos e imóveis, e gera uma forte tendência de crescimento nos próximos anos. Embora a zona ainda possua algumas limitações, elas podem ser vistas como potencial de melhoria e desenvolvimento da zona, atraindo novos públicos e reforçando o vínculo com a comunidade do bairro. Potenciais: > Valorização do patrimônio. > Masterplan IV distrito, que prevê um grande desenvolvimento da zona. > Área próxima ao centro, à RMPA e ao aeroporto. > Área próxima à grandes avenidas com transporte público. > Diversas instituições de ensino nas proximidades, assim como Sesc navegantes e Senai. > Instituições de segurança pública, como a Polícia civil, e de saúde nas proximidades. Limitações: > Falta de integração com o centro, devido ao viaduto da Conceição e ao nó da Rodoviária. > Barreira visual do Trensurb. > Esvaziamento da região e degradação social, gerando falta de movimentação nas ruas e sensação de insegurança. > Inexistência de espaços de cultura e lazer atratores da comunidade, e de pontos verdes e arborizados, como praças e parques. > Quadra longa e retangular, dificultando relações de permeabilidade. > Área passível de alagamentos edificações na área de intervenção fonte: autora 11
  • 10. 5.2. morfologia urbana O local de intervenção está inserido em uma quadra de formato retangular alongado, entre as ruas Comendador Tavares e Dr. João Inácio, dificultando assimrelaçõesdepermeabilidadeeconexõesentrevias.O miolo desta quadra se encontra subutilizado, pois possui grandes áreas vazias, estacionamentos e construções abandonadas, algumas passíveis de recuperação, como o pavilhao aqui exposto. Aformaretangularéexceçãoemrelaçãoaotecido urbano do bairro, que possui quadras mais compactas e quadradas. A ocupação dessas quadras se dá de forma heterogênea em todo bairro e distrito industrial, com lotes cujo grão varia de uma unidade mínima até grandes galpões industriais que ocupam, por vezes, quadras inteiras. Especificamente, no entorno do terreno, o grão é menor, com o miolo de quadra configurando um grão maior. 5.3. levantamento aerofotogramétrico área de intervenção edificações 12 5.4. sistemas de circulação Azona,deformageral,ébemacessível,próximaà grandes avenidas arteriais da cidade, que levam ao centro e às zonas norte e leste, como Farrapos, Voluntários da Pátria e Sertório, abastecidas por transporte público, com paradas e corredor de ônibus, além das estações de trem Farrapos e São Pedro. Também fica próxima a Avenida Presidente Franklin Roosevelt, via com menor fluxo que as anteriores, mas de grande importância dentro do IV distrito e com linhas de ônibus conectadas diretamente ao centro e à zona leste. O entorno imediato do lote conta com duas vias de caráter mais local, Rua Comendador Tavares, e Rua Dr. João Inácio, esta última com ligação diretaàAv.Farrapos. Olocaltambémépróximoàentrada da cidade e sua região metropolitana, do aeroporto e do centro histórico da capital. A proposta de projeto criará uma demanda por vagas de estacionamento, que poderão ser suprimas com vagas públicas nas vias locais, situação corrente, ou com a criação de um equipamento específico para tal fim, a ser estudado. AEROPORTO ZONA LESTE AV. SERTÓRIO SUL/OESTE DO ESTADO PONTE DO GUAÍBA BAIRRO NAVEGANTES ZONA NORTE AV. VOLUNTÁRIOS CENTRO DA CIDADE AV. VOLUNTÁRIOS AV. PRESIDENTE FRANKLIN ROOSEVELT AV. A. J. RENNER ZONA NORTE AV. FARRAPOS CENTRO DA CIDADE FREEWAY AV. CASTELO BRANCO BR - 116 área de intervenção edificações paradas de ônibus corredor de ônibus avenidas arteriais avenida local vias secundárias vias locais 13
  • 11. 5.5. usos do solo e atividades existentes A área de intervenção tem em sua maioria lotes com usos comerciais, sendo estes majoritariamente depósitos, distribuidoras e oficinas mecânicas, e institucionais,commuitasinstituiçõesdeeducaçãocomo faculdades,escolasestaduaisecentrosprofissionalizantes, além de equipamentos de saúde e segurança pública, como a 3ºDPPA da Polícia Civil. 1 2 3 4 2 4 3 5 6 4 7 Por se tratar de uma antiga zona industrial, o IV distrito conta com muitas edificações tombadas e inventariadas, algumas em péssimo estado de conservação. Contudo isso dá possibilidade para o resgate, ressignificação e reinstalação de atividades produtivas naquele local, valorizando assim, a história e o patrimônio da cidade. Na área de intervenção analisada, há edificações inventariadas como patrimônio de estruturação, que não podem ser demolidas, e outras de compatibilização, que devem respeitar a altura da construção original. 5.7. levantamento planialtimétrico Omapaaoladomostraascurvasdeníveldaárea, de 1m em 1m, onde é possível ver que praticamente todo o terreno se encontra na mesma cota, sendo, portanto, plano. O terreno se encontra na cota +2,8m. A área do terreno é classificada como inundável protegida, pois possuí diques externos e internos, pôlderes e bombas, segundo o Atlas Ambiental de Porto Alegre. Contudo, por estar em uma cota baixa da cidade, sofre com eventuais alagamentos. Além disso, o local possui relevo plano, solo arenoso, e lençol freático à baixa altura. 5.8. estrutura e drenagem do solo 5.6. bens protegidos 1 - Sesc Comunidade 2 - Escolas estaduais 3 - Igrejas 4 - Polícia Civil 5 - Centro de Saúde 6 - Senai 7 - Faculdade S. Fransisco de Assis área de intervenção residencial institucional comercial misto imóveis subutilizados imóveis abandonados área de intervenção inventário estruturação inventário compatibilização demais edificações área de intervenção edificações curvas de nível 14 5.9. vegetação O clima de Porto Alegre é considerado subtropical úmido, apresentando ao longo do ano grandes amplitudes térmicas com chuvas de volume considerável e bem distribuídas. Assim, o IV distrito é considerado uma região úmida, especialmente por sua proximidade com o Rio Guaíba. A carta de ventos de Porto Alegre indica ventos predominantes vindo da região sudeste. Porém, vale destacar que a massa de ar gerada pela diferença de pressão entre o Rio Guaíba e as edificações muda a direção dos ventos diariamente. A área de intervenção tem uma face voltada para o Norte, pela rua Comendador Tavares, e outra voltada para o sul, pela rua Dr. João Inácio, permitindo também a exploração das orientações leste e oeste com a abertura de novas conexões entre as duas faces e edificações em altura. O bairro não possui nenhum equipamento público e arborizado significante, as ruas do entorno possuem pouca arborização e a maioria fica localizada no interior de lotes privados. A praça mais próxima é a Praça Pinheiro Machado, localizada no limite do bairro Navegantes com São Geraldo, cerca de 700m do terreno estudado. As edificaçõesdaáreadeintervençãoapresentam poucaaltura,médiade1-2pavimentos,nãorepresentando um problema expressivo no sombreamento do interior do lote. Há alguns edifícios mais altos, estes localizados nas avenidas de maior fluxo como Farrapos e Sertório. 5.11. micro-clima 5.10. alturas área de intervenção edificações manchas de vegetação área de intervenção 1 andar 2 andares 3 andares 4 andares +5 andares gráfico velocidade média dos ventos em porto alegre fonte: geossistema climatologia porto alegre gráfico direção média dos ventos em porto alegre fonte: geossistema climatologia porto alegre 15
  • 12. Segundo o CENSO IBGE de 2010, o bairro Navegantes conta com 4325 habitantes distribuídos em uma área de 174ha, resultando em uma densidade de, aproximadamente, 25hab/ha. Há a predominância de mulheres (53,98%), em relação aos homens (46,02%), e da população jovem e adulta, com faixa etária entre 15 e 64 anos (67,7%). O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) é 0,765, valor mediano em relação à outras regiões. A média de anos de estudo dos moradores do bairro é de 8,66 anos, como parâmetro a melhor média é a do bairro Bela Vista com 13,95 anos, e a taxa de analfabetismo é de 1,03. Já o rendimento médio por domicílio é de 3,53 salários mínimos, valor baixo em relação aos bairros do entorno. Entre os anos de 1992 e 2000, a população do bairro Navegantes diminuiu em 4% ao ano, evidenciando seu esvaziamento, já relatado aqui anteriormente. Atualmente, os domicílios não ocupados representam 14,4% do bairro. Os dados do CENSO comprovam que a área possui um nível educacional e econômico baixos. Valores que se refletem na degradação e abandono do bairro. Contudo, com investimento e auxílio, o local tem grande potencial de desenvolvimento. Por se tratar de um bairro consolidado, que teve sua ocupação quase simultânea ao centro, o bairro Navegantes conta com uma rede de infraestrutura bastante extensa. Os imóveis são bem servidos pelas redes de água potável, gás natural, esgoto e energia elétrica, além da rede de fibra ótica instalada há alguns anos, visando o desenvolvimento da região. Háumarededealtatensãopassandopelacalçada da Rua Dr. João Inácio, que deverá ser estudada no decorrer do projeto. As ruas e espaços públicos contam com iluminação pública e pavimentação. Atualmente, a PMPA, através do DEP, vem realizando obras de drenagem, visando diminuir os alagamentosnaárea.Atualmente,onúmerodehabitantes no bairro é de 4.325 habitantes, com 1591 domicílios particulares, um número bem inferior a infraestrutura oferecida pela prefeitura 5.13. infraestrutura5.12. dados populacionais 16 5.14. levantamento arquitetônico Foi realizada uma investigação acerca do edifício pré-existente a ser recuperado localizado no terreno. No Arquivo Munical foram consultadas plantas que mostram que no passado a área desempenhou atividades relacionadas à tecelagem, assim como apoio à Fiateci, como exposto nas imagens ao lado. Atualmente, o pavilhão está sob domínio da Polícia Civil, assim no Departamento de Engenharia da Polícia Civil foi possível encontrar a planta baixa da edificação, assim como descobrir os usos que a edificação desempenhou ao longo dos anos. O pavilhão pertenceu à Ughini e foi depósito de materiais escolares da Secretária de Educação do Estado, entre outras atividades, até ser abandonado pelo estado. Hoje se encontra sem uso, contudo, por possuir um valor histórico e arquitetônico está na lista de inventários de estruturação. 17 fonte: arquivo municipal de porto alegre fonte: departamento de engenharia da polícia civil
  • 14. 6. condicionantes legais 6.1. código de edificações 6.2. proteção contra incêndio 6.3. acessibilidade 6.4. patrimônio 6.5. proteção ambiental 6.6. espaço aéreo O Código de Edificações de Porto Alegre (Lei Complementar nº 284) será consultado ao longo do desenvolvimento do projeto, pois contém os parâmetros de dimensionamento de ambientes mínimos estipulados para a cidade, assim como indicações de materialidade, iluminação e ventilação ideais. Oscapítulosdocódigorelacionadosàsatividades propostas a serem consultados para a ideal execução deste projeto se encontram dentro de TÍTULO XI; Capitulo I/ Seção II – Edifícios Residências e Capitulo II/ Seção II, III, IV e XII, respectivamente Edifícios de Escritórios, Lojas, Galerias e Centros Comerciais, e Pavilhões, e TÍTULO XII; Capítulo XV - Instalações de Equipamentos em Geral. O Código de Proteção Contra Incêndios de Porto Alegre (Lei Complementar nº 420) será consultado ao longo do desenvolvimento do projeto a fim de prevenir a possibilidade de incêndio e garantir a segurança dos usuários caso haja algum. De acordo com o código, os graus de risco para este projeto, de acordo com as atividades propostas, são: A-2 Habitação multifamiliares: Grau de risco 1 (pequeno) C-1 Comércios em geral, de pequeno porte: Grau de risco 6 (médio) D-1 Serviços Profissionais: Grau de risco 3 (pequeno) E-4 Escolas Profissionais: Grau de risco 5 (médio) F-5 Auditórios: Grau de risco 8 (médio) F-7 Restaurantes, bares, cafés: Grau de risco 8 (médio) Os novos equipamentos e áreas abertas deverão respeitar as deliberações contidas na Norma de AcessibilidadeUniversal(NBR9050).Jáaspré-existências deverão receber adaptações em suas estruturas para adequarem-se à norma. Tais adaptações não poderão, entretanto, descaracterizar essas edificações, pois tratam- se de bens inventariados de estruturação. Os espaços deverão apresentar dimensionamento mínimo para o trânsito de cadeirantes, assim como acesso aos diferentes pavimentos por meio de rampas e/ou elevadores. Além de vagas de estacionamento acessíveis e cabines de banheiros PNE em todos os equipamentos. A pré-existência a ser utilizada neste projeto é classificada como patrimônio inventariado de estruturação pela Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (EPAHC). De acordo com a Lei Complementar nº 601, que trata sobre Inventários do Patrimônio Cultural de bens e imóveis do município: “Art.10 As edificações Inventariadas de Estruturação não podem ser destruídas, mutiladas ou demolidas, sendo dever do proprietário sua preservação e conservação. Parágrafo único. Poderá ser autorizada, mediante estudo prévio junto ao órgão técnico competente, a demolição parcial, a reciclagem de uso ou o acréscimo de área construída, desde que se mantenham preservados os elementos históricos e culturais que determinaram sua inclusão no Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Município.” Há,também,umaedificaçãonoterrenoadjacente (a ser utilizado neste projeto) que se trata de um bem inventariado de Compatibilização. Contudo, este já se encontra em ruínas que já não podem ser resgatas. A Lei Complementar nº 601 quanto a isso versa: “Art.11 As edificações Inventariadas de Compatibilização poderão ser demolidas ou modificadas, por meio de Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), devendo a intervenção ou a edificação que a substituir observar as restrições necessárias à preservação cultural e histórica da edificação de Estruturação e do entorno a que estiver vinculado, bem como à paisagem urbana.” De acordo com as normas ambientaismunicipais (SMAM), em caso de remoção de árvores, deverá haver transplante para outro local. Caso não seja possível o transplante, deverá haver compensação por meio do plantio, no terreno, de novas espécies, preferencialmente nativas. Ademais, de acordo com legislação vigente, tanto em instrução normativa de n° 10/2010 do TCE/ RS em conjunto com a legislação federal que versa sobre licitações e contratos da administração pública constante na lei 8666/93, todas as obras municipais devem ser submetidas a avaliação técnica preliminar para assegurar o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento. O terreno encontra-se na área de interferência horizontal interna do Plano Básico de Zona de Proteção deAeródromo(PBZPA)doAeroporto,assiménecessário respeitar a altura máxima determinada pelo Comando da Aeronáutica/CINDACTA II, neste caso de 49m de altura. 20 6.7. pddua municipal A área de intervenção possui frente para as duas ruas listadas abaixo, ambas possuem os mesmos índices e são classificadas com Áreas de Ocupação Intensiva. Rua Comendador Tavares (371 - 381) Rua Doutor João Inácio (274 -394) ANEXO 4 Corredor de Centralidade e de Urbanidade Densidade Bruta:280 hab/ha e 105 econ/ha ANEXO 5.1 Atividade Mista 03 ANEXO 5.2 1.1. Habitação - Inócuo 2.1.3. Comércio varejista - Interferência ambiental de nível 2 3.1.12.escritóriosprofissionais3.1.13.estúdiodepintura, desenho e escultura - Inócuo ANEXO 5.3 Sem restrições quanto à implantação de atividades no local ANEXO 6 Índice de Aproveitamento (IA): 1,3 Solo Criado Adensável: Sim Transferência de Potencial Construtivo: Sim Índice de Aproveitamento máximo: 3,0 Quota Ideal: 75m² ANEXO 7.1 Altura Máxima: 33m Altura máxima na divisa: 18m Altura máxima na base: 9m Taxa de Ocupação: 90% na base e 75% no corpo Recuo de jardim: isento Observações: >Verificar a incidência de área não edificável no quarteirão, em função do coletor pluvial existente Foi verificado e não há áreas não edificáveis na área de intervenção. >Incide sobre alguns imóveis desta face, área de escola prevista no PDDUA. >Os imóveis próximos ao “limite inicial” desta face podem estar vinculados a traçado previsto no PDDUA. A abertura de novas vias será estudada no decorrer do projeto fonte: secretaria municipal do meio ambiente e sustentabilidade, dmweb 21
  • 15. 7. fontes de informação Normas: - PDDUA - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre, Lei Complementar 434/99 - Código de Edificações de Porto Alegre, Lei Complementar nº 284/92 - Código de Proteção Contra Incêndio de Porto Alegre nº420/2000 - ABNT NBR 9050: 2004 - Lei de Acessibilidade para portadores de necessidades especiais - Instrução Normativa Nº 10/2010, Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul - Lei Nº 8.666/ 1993 (Lei ordinária) - Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Município, Lei Complementar Nº 601/2008 Visitas técnicas: - Fábrica ADUANA, Cachoeirinha, Porto Alegre - 20.08.2019 - Loja Eco C&A, Centro Histórico, Porto Alegre -28.08.2019 Websites: archdaily.com fashionrevolution.org/ geossistema.blogspot.com globalfashionagenda.com/ google.com/maps observapoa.com.br portoalegre.rs.gov.br/dm/ portoalegreemanalise.procempa.com.br sinduscon-rs.com.br Publicações: - Atlas Ambiental de Porto Alegre. Editora UFRGS, 1998 - BBC News Brasil, Qual é a indústria que mais polui o meio ambiente depois do setor do petróleo? Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-39253994>. Acesso em: agosto, 2019. - CARVALHAL, André. A moda imita a vida. Rio de Janeiro: Senac-Rio, 2014. - CARVALHAL, André. A moda com propósito. Rio de Janeiro: Senac-Rio, 2016. - Ellen Macarthur Foundation, A New Textiles Economy: Redesigning fashion’s future. Dísponivel em: < https:// www.ellenmacarthurfoundation.org/assets/downloads/ publications/A-New-Textiles-Economy_Full-Report_ Updated_1-12-17.pdf>. Acesso em: agosto, 2019. -FEOLA , Silvia. “Fast Fashion não é democratização da Moda”. Disponível em: <http://brasil.estadao.com. br/blogs/cotidiano-transitivo/fast-fashion-nao-e- democratizacao-da-moda/>. Acesso em: agosto, 2019. - LASCHUK, Tatiana; RÜTHSCHILLING, E. A. A evolução da indústria têxtil do Rio Grande do Sul sob o ponto de vista técnico, tecnológico e mercadológico. Anais do X Colóquio de moda, Caxias do Sul, 2014. - Masterplan de Revitalização Urbana do 4º Distrito - Núcleo de Tecnologia Urbana/UFRGS - MESQUISA, Francisco, MULLER, Madeleine - Admirável Moda Sustentável, Vestindo um mundo novo -Editora Adverte - 2018. -VASCONCELLOS, Nuta. “Slow fashion: O que é essa nova forma de consumir moda?”. Disponível em: <www. gwsmag.com/wp-content/cache/all/slow-fashion-o- que-e-essa-nova-forma-de-consumir-moda/index. html>. Acesso em: agosto, 2019. 22 8. histórico escolar 23
  • 16. operar o tempo: a fábrica contemporânea stéphanie garces cerioli