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Sinergia Organizacional



                 Comportamentos sinergísticos
        Muitas vezes, no relacionamento onde ocorre a interdependência uma espécie
de “magia” se produz. Um fascínio e um encantamento decorrente da aprendizagem e
troca mútua de experiências que amplificam o valor e a importância de tudo que se
faz em conjunto. Um valor que cresce quando surgem demonstrações de respeito e
confiança, envolvendo pessoas na busca pela realização de aspirações e planos
futuros. Este envolvimento, que ocorre em relações interpessoais, pode acontecer em
escala mais ampla, onde a socialização seja maior, como nos relacionamentos entre
organizações. Entretanto, esta “magia” não se desenvolve espontaneamente e em
alguns casos seu efeito pode ser negativo; o equilíbrio interno dentro de cada
componente influencia o efeito amplificador; e não se pode ficar esperando que esta
magnificação ocorra independente da nossa vontade. Portanto, precisamos adotar o
sinergismo como atitude e norma comportamental.
        Sinergismo neste contexto não vem a ser uma doutrina,1 mas um modo
coletivo de proceder tal que em conjunto o resultado obtido passa a ser muito mais
significativo do que soma de tudo que se consegue obter em separado. Dentro deste
conceito, diz-se que o procedimento é sinérgico e atua-se com sinergia.

O conceito Sinergia
        Sob o ponto de vista etimológico, sinergia vem do grego Syn (junto) Ergo
(trabalho), assim seu significado seria “trabalhar em conjunto”. Não é um conceito
novo e, nesse sentido de cooperação, sabemos que já era abordado há muito tempo em
contos, lendas e parábolas através das quais se transmitiam lições e ensinamentos. Isto
é o que se vê na Bíblia, de onde extraímos ensinamentos voltados para as vantagens
da luta, do trabalho, da sobrevivência e da vida em conjunto.
          É melhor serem dois do que um só, pois obterão mais rendimento no seu
          trabalho. Se um cair, o outro o levanta. Mas ai do homem que está só: se cair
          não há ninguém para o levantar! Também, se dormirem dois juntos, se
          aquecerão mutuamente; mas um homem só, como se há de aquecer? Se um
          dominar outro que está sozinho, dois resistem-lhe; o cordel triplicado não se
          rompe facilmente. (Eclesiastes, 4/9-12)

       Padre Antônio Vieira, no século 17, já abordava em seus sermões o valor da
união (no sentido de sinergia) e do que se perde sem ela:
          “...uma união de pedras é edifício; uma união de tábuas é navio; uma união de
          homens é exército. E sem essa união, tudo perde o nome e mais o ser. O edifício
          sem união é ruína; o navio sem união é naufrágio; o exército sem união é
          despojo. Até o homem (cuja vida consiste na união de alma e corpo) com união
          é homem, sem união é cadáver...”[27]

       Sinergia é a palavra que denomina a atuação conjunta de duas ou mais pessoas,
famílias, grupos de trabalho, empresas, ou organizações, que contribuindo entre si

1
  No final do século 16 uma facção da igreja luterana criou a doutrina Sinergismo que negava ser Deus o
único agente de transformação da humanidade, colocando a colaboração entre os homens como
fundamental para o processo.[29]
                                                   13
Comportamentos sinergísticos

alcançam um aprimoramento mútuo. No estudo das organizações, o conceito Sinergia
emerge quando se aborda planejamento estratégico,[02] planejamento corporativo,[19]
gestão da mudança,[05] sistemas de informação,[13] eficácia pessoal,[17] inovação,[11]
estratégia competitiva,[15] processos gerenciais,[14] dinâmica industrial,[08] concepção
sinergética,[09] comportamento de grupo,[12] etc.
         O conceito Sinergia também é usado extensivamente nas ciências físicas, na
antropologia, na psicologia e num conjunto muito grande de disciplinas científicas
com diversas denominações. Pesquisa em banco de dados sobre ciências biológicas
envolvendo o período 1991-1995 produziu 3400 referências a “synerg”.[22] Em recente
pesquisa, este autor encontrou mais de 20.000 referências ao termo “sinerg”,
aparecendo em diversas áreas de interesse e até como nome de empresa.
         No campo da sociobiologia, que estuda o comportamento cooperativo entre
espécies, encontramos espécies altamente organizadas, como as abelhas e as formigas,
que apresentam diferentes formas de sinergia social. Podemos citar:
compartilhamento de informações, caçada cooperativa, defesa mútua, cuidados
mútuos, construção cooperativa de ninhos, termo-regulação,2 etc. Não obstante serem
casos típicos de comportamento sinérgico, são muitas vezes denominados nos
trabalhos científicos como “seleção parental”, “altruísmo recíproco”, “divisão do
trabalho”, “emergência”, “mutualismo” ou simplesmente “cooperação”. Seja qual for
a denominação adotada, os estudos da sociobiologia demonstram a presença de
sinergia no comportamento de diversas espécies.
         Só os seres humanos, em seus relacionamentos interpessoais e na elaboração
dos seus projetos é que parecem não levar em conta problemas que podem ocorrer
quando se ignora o efeito da sinergia. Segundo Fuller,[09] nessa cultura orientada para
especialização, nós estamos cegos para o princípio sinergístico e como conseqüência
não percebemos a extinção galopante das espécies biológicas e a exagerada
especialização.
         Sinergia é o comportamento de um sistema total que não pode ser previsto pelo
comportamento de suas partes.[04] Um comportamento coerente com um princípio
científico presente em numerosos casos em que o todo é mais do que a soma de suas
partes. Este todo pode ser maior em força, coesão, resistência, atração, significado,
complexidade, ou até mesmo tamanho. Por exemplo, a liga cromo-níquel-aço é
imensamente mais resistente do que qualquer um dos metais que a compõem, e mais
do que todos eles juntos. A aplicação do efeito desta sinergia evita a fusão da turbina
a jato,[09] demonstrando um comportamento desta liga que jamais poderia ser previsto
pela análise das características físico-químicas de seus componentes metálicos.

Referências
Livros
[01] ALLEE, Verna. The Knowledge Evolution: expanding organizational intelligence. Newton, MA.:
     Butterworth-Heinemann, 1997.
[02] ANSOFF, Igor H. Strategic Management. London: Macmillan Press Ltd., 1979.
[03] BENNETT, William J. O Livro das Virtudes: Uma Antologia. Rio de Janeiro: Editora Nova
     Fronteira, 1993.
2
  As operárias de uma espécie de formiga guerreira encontrada na América Central, em uma estratégia
adaptativa, são capazes de manter a temperatura interna do ninho variando em ±1oC. [06]
                                                    14
Sinergia Organizacional

[04] BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Editora Vozes, 1975.
[05] CONNER, Daryl R. Managing at the Speed of Change: how resilient managers succeed and prosper
      where others fail. New York: Villard Books, 1993.
[06] CORNING, Peter A. Nature’s Magic: Synergy in Evolution and the Fate of Humankind. Cambridge,
      MA: Cambridge University Press, 2003.
[07] COVEY, Stephen R. Os 7 hábitos das pessoas muito eficazes. São Paulo: Editora Best Seller, 1989.
[08] FORRESTER, Jay W. Industrial Dynamics. Cambridge, MA: M.I.T. Press, 1961.
[09] FULLER, Buckminster. Synergetics: Explorations in the Geometry of Thinking. New York: Collier
      Books, 1982.
[10] GRILLO, Nícia Q. Histórias da Tradição Sufis. Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993.
[11] KANTER, Rosabeth Moss. When Giants Learn to Dance: mastering the challenges of strategy,
      management and careers in 1990s. New York: Simon and Schuster, 1989.
[12] LITTLEJOHN, Stephen W. Fundamentos Teóricos da Comunicação Humana. Rio de Janeiro: Zahar
      Editores, 1978.
[13] MURDICK, Robert G. & ROSS, Joel E. Information Systems for Modern Management. New Jersey:
      Prentice-Hall, Inc, 1975.
[14] NEWMAN, William & SUMMER, Charles & WARREN Kirby. The Process of Management.
      Concepts, Behavior, and Practice. New Jersey: Prentice-Hall Inc., 1972.
[15] PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1985.
[16] SAGAN, Carl. Os Dragões do Éden. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S/A, 1977.
[17] SENGE, Peter. The Fifth Discipline. New York: Doubleday, 1990.
[18] SPRINGER, Sally P. & DEUTSCH, Georg. Left Brain, Right Brain. New York: W.H. Freeman,
      1989.
[19] STEINER, George, A. Top Management Planning. New York: Macmillan Publishing Co. Inc., 1969.
[20] WAITLEY, Denis E. & TUCKER, Robert B. Winning the Innovation Game. New York: Berkley
      Books, 1986.
[21] WATZLAWICK, Paul & WEAKLAND, John & FISH, Richard. Mudança: princípio de formação e
      resolução de problema. São Paulo: São Paulo, 1977.
Artigos, recortes e anotações




                                                 15
Comportamentos sinergísticos

[22] CORNING, Peter A. Holistic Darwinism “Synergistic Selection” and the Evolutionary Process. Palo
     Alto, CA: Journal of Social and Evolutionary Systems, 1997.
[23] CORNING, Peter A. The Co-Operative Gene on the Role of Synergy in Evolution. Palo Alto, CA:
     Institute for the Study of Complex Systems, 1996.
[24] PECK, Scott. The story of the rabbi´s gift. In:. Storytelling The Art Form Of Painting Pictures With
     Your Tongue. Patterson, 1999. Michael. Granville, MA: www.hollowtop.com/ acessado em
     10-12-2004
[25] VASSALO, Cláudia. Decolou! A EMBRAER é a Empresa do ano. Revista Exame. 30 de Junho de
     1999.
[26] VEJA. Quebra-Cabeça Gigante. Airbus A380. Uma megaoperação para montar o maior avião do
     mundo com peças feitas em quatro países. São Paulo: VEJA, 12 de novembro de 2003.
[27] VIEIRA, Padre Antônio. Sermão do Santíssimo Sacramento. Pregado em Santa Engrácia. 1662, apud
     Anthropos Consulting. A União. www.anthropos.com.br acessado em 10-12-2004.
[28] www.saniblakas.faithweb.com/ acesso em 12/11/2001. ‘Saniblakas’? Synergism? Attempts at
     Enlightening Clarifications. SanibLakas ng TaongBayan Foundation. Aurelio C. Reyes.




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Comportamentos Sinergisticos

  • 1. Sinergia Organizacional Comportamentos sinergísticos Muitas vezes, no relacionamento onde ocorre a interdependência uma espécie de “magia” se produz. Um fascínio e um encantamento decorrente da aprendizagem e troca mútua de experiências que amplificam o valor e a importância de tudo que se faz em conjunto. Um valor que cresce quando surgem demonstrações de respeito e confiança, envolvendo pessoas na busca pela realização de aspirações e planos futuros. Este envolvimento, que ocorre em relações interpessoais, pode acontecer em escala mais ampla, onde a socialização seja maior, como nos relacionamentos entre organizações. Entretanto, esta “magia” não se desenvolve espontaneamente e em alguns casos seu efeito pode ser negativo; o equilíbrio interno dentro de cada componente influencia o efeito amplificador; e não se pode ficar esperando que esta magnificação ocorra independente da nossa vontade. Portanto, precisamos adotar o sinergismo como atitude e norma comportamental. Sinergismo neste contexto não vem a ser uma doutrina,1 mas um modo coletivo de proceder tal que em conjunto o resultado obtido passa a ser muito mais significativo do que soma de tudo que se consegue obter em separado. Dentro deste conceito, diz-se que o procedimento é sinérgico e atua-se com sinergia. O conceito Sinergia Sob o ponto de vista etimológico, sinergia vem do grego Syn (junto) Ergo (trabalho), assim seu significado seria “trabalhar em conjunto”. Não é um conceito novo e, nesse sentido de cooperação, sabemos que já era abordado há muito tempo em contos, lendas e parábolas através das quais se transmitiam lições e ensinamentos. Isto é o que se vê na Bíblia, de onde extraímos ensinamentos voltados para as vantagens da luta, do trabalho, da sobrevivência e da vida em conjunto. É melhor serem dois do que um só, pois obterão mais rendimento no seu trabalho. Se um cair, o outro o levanta. Mas ai do homem que está só: se cair não há ninguém para o levantar! Também, se dormirem dois juntos, se aquecerão mutuamente; mas um homem só, como se há de aquecer? Se um dominar outro que está sozinho, dois resistem-lhe; o cordel triplicado não se rompe facilmente. (Eclesiastes, 4/9-12) Padre Antônio Vieira, no século 17, já abordava em seus sermões o valor da união (no sentido de sinergia) e do que se perde sem ela: “...uma união de pedras é edifício; uma união de tábuas é navio; uma união de homens é exército. E sem essa união, tudo perde o nome e mais o ser. O edifício sem união é ruína; o navio sem união é naufrágio; o exército sem união é despojo. Até o homem (cuja vida consiste na união de alma e corpo) com união é homem, sem união é cadáver...”[27] Sinergia é a palavra que denomina a atuação conjunta de duas ou mais pessoas, famílias, grupos de trabalho, empresas, ou organizações, que contribuindo entre si 1 No final do século 16 uma facção da igreja luterana criou a doutrina Sinergismo que negava ser Deus o único agente de transformação da humanidade, colocando a colaboração entre os homens como fundamental para o processo.[29] 13
  • 2. Comportamentos sinergísticos alcançam um aprimoramento mútuo. No estudo das organizações, o conceito Sinergia emerge quando se aborda planejamento estratégico,[02] planejamento corporativo,[19] gestão da mudança,[05] sistemas de informação,[13] eficácia pessoal,[17] inovação,[11] estratégia competitiva,[15] processos gerenciais,[14] dinâmica industrial,[08] concepção sinergética,[09] comportamento de grupo,[12] etc. O conceito Sinergia também é usado extensivamente nas ciências físicas, na antropologia, na psicologia e num conjunto muito grande de disciplinas científicas com diversas denominações. Pesquisa em banco de dados sobre ciências biológicas envolvendo o período 1991-1995 produziu 3400 referências a “synerg”.[22] Em recente pesquisa, este autor encontrou mais de 20.000 referências ao termo “sinerg”, aparecendo em diversas áreas de interesse e até como nome de empresa. No campo da sociobiologia, que estuda o comportamento cooperativo entre espécies, encontramos espécies altamente organizadas, como as abelhas e as formigas, que apresentam diferentes formas de sinergia social. Podemos citar: compartilhamento de informações, caçada cooperativa, defesa mútua, cuidados mútuos, construção cooperativa de ninhos, termo-regulação,2 etc. Não obstante serem casos típicos de comportamento sinérgico, são muitas vezes denominados nos trabalhos científicos como “seleção parental”, “altruísmo recíproco”, “divisão do trabalho”, “emergência”, “mutualismo” ou simplesmente “cooperação”. Seja qual for a denominação adotada, os estudos da sociobiologia demonstram a presença de sinergia no comportamento de diversas espécies. Só os seres humanos, em seus relacionamentos interpessoais e na elaboração dos seus projetos é que parecem não levar em conta problemas que podem ocorrer quando se ignora o efeito da sinergia. Segundo Fuller,[09] nessa cultura orientada para especialização, nós estamos cegos para o princípio sinergístico e como conseqüência não percebemos a extinção galopante das espécies biológicas e a exagerada especialização. Sinergia é o comportamento de um sistema total que não pode ser previsto pelo comportamento de suas partes.[04] Um comportamento coerente com um princípio científico presente em numerosos casos em que o todo é mais do que a soma de suas partes. Este todo pode ser maior em força, coesão, resistência, atração, significado, complexidade, ou até mesmo tamanho. Por exemplo, a liga cromo-níquel-aço é imensamente mais resistente do que qualquer um dos metais que a compõem, e mais do que todos eles juntos. A aplicação do efeito desta sinergia evita a fusão da turbina a jato,[09] demonstrando um comportamento desta liga que jamais poderia ser previsto pela análise das características físico-químicas de seus componentes metálicos. Referências Livros [01] ALLEE, Verna. The Knowledge Evolution: expanding organizational intelligence. Newton, MA.: Butterworth-Heinemann, 1997. [02] ANSOFF, Igor H. Strategic Management. London: Macmillan Press Ltd., 1979. [03] BENNETT, William J. O Livro das Virtudes: Uma Antologia. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1993. 2 As operárias de uma espécie de formiga guerreira encontrada na América Central, em uma estratégia adaptativa, são capazes de manter a temperatura interna do ninho variando em ±1oC. [06] 14
  • 3. Sinergia Organizacional [04] BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Editora Vozes, 1975. [05] CONNER, Daryl R. Managing at the Speed of Change: how resilient managers succeed and prosper where others fail. New York: Villard Books, 1993. [06] CORNING, Peter A. Nature’s Magic: Synergy in Evolution and the Fate of Humankind. Cambridge, MA: Cambridge University Press, 2003. [07] COVEY, Stephen R. Os 7 hábitos das pessoas muito eficazes. São Paulo: Editora Best Seller, 1989. [08] FORRESTER, Jay W. Industrial Dynamics. Cambridge, MA: M.I.T. Press, 1961. [09] FULLER, Buckminster. Synergetics: Explorations in the Geometry of Thinking. New York: Collier Books, 1982. [10] GRILLO, Nícia Q. Histórias da Tradição Sufis. Rio de Janeiro: Edições Dervish, 1993. [11] KANTER, Rosabeth Moss. When Giants Learn to Dance: mastering the challenges of strategy, management and careers in 1990s. New York: Simon and Schuster, 1989. [12] LITTLEJOHN, Stephen W. Fundamentos Teóricos da Comunicação Humana. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1978. [13] MURDICK, Robert G. & ROSS, Joel E. Information Systems for Modern Management. New Jersey: Prentice-Hall, Inc, 1975. [14] NEWMAN, William & SUMMER, Charles & WARREN Kirby. The Process of Management. Concepts, Behavior, and Practice. New Jersey: Prentice-Hall Inc., 1972. [15] PORTER, Michael. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1985. [16] SAGAN, Carl. Os Dragões do Éden. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S/A, 1977. [17] SENGE, Peter. The Fifth Discipline. New York: Doubleday, 1990. [18] SPRINGER, Sally P. & DEUTSCH, Georg. Left Brain, Right Brain. New York: W.H. Freeman, 1989. [19] STEINER, George, A. Top Management Planning. New York: Macmillan Publishing Co. Inc., 1969. [20] WAITLEY, Denis E. & TUCKER, Robert B. Winning the Innovation Game. New York: Berkley Books, 1986. [21] WATZLAWICK, Paul & WEAKLAND, John & FISH, Richard. Mudança: princípio de formação e resolução de problema. São Paulo: São Paulo, 1977. Artigos, recortes e anotações 15
  • 4. Comportamentos sinergísticos [22] CORNING, Peter A. Holistic Darwinism “Synergistic Selection” and the Evolutionary Process. Palo Alto, CA: Journal of Social and Evolutionary Systems, 1997. [23] CORNING, Peter A. The Co-Operative Gene on the Role of Synergy in Evolution. Palo Alto, CA: Institute for the Study of Complex Systems, 1996. [24] PECK, Scott. The story of the rabbi´s gift. In:. Storytelling The Art Form Of Painting Pictures With Your Tongue. Patterson, 1999. Michael. Granville, MA: www.hollowtop.com/ acessado em 10-12-2004 [25] VASSALO, Cláudia. Decolou! A EMBRAER é a Empresa do ano. Revista Exame. 30 de Junho de 1999. [26] VEJA. Quebra-Cabeça Gigante. Airbus A380. Uma megaoperação para montar o maior avião do mundo com peças feitas em quatro países. São Paulo: VEJA, 12 de novembro de 2003. [27] VIEIRA, Padre Antônio. Sermão do Santíssimo Sacramento. Pregado em Santa Engrácia. 1662, apud Anthropos Consulting. A União. www.anthropos.com.br acessado em 10-12-2004. [28] www.saniblakas.faithweb.com/ acesso em 12/11/2001. ‘Saniblakas’? Synergism? Attempts at Enlightening Clarifications. SanibLakas ng TaongBayan Foundation. Aurelio C. Reyes. 16