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Uma observação desconcertante...
 Os departamentos de responsabilidade
 social das empresas estão tentando juntar
 ações setoriais que não têm muita relação
 entre si, como se combinando 800
 miligramas de operação econômica, com
 150 miligramas de preocupação ambiental
 e 50 miligramas de ação social,
 pudéssemos desencadear algum tipo de
 reação química capaz de catalisar um
 processo sustentável.
Por que?
Porque, infelizmente, ao que tudo indica,
fórmulas como essa não poderão produzir
1 grama de sustentabilidade...
Os desafios da sustentabilidade
Vamos ver aqui os principais desafios
colocados para as empresas que
quiserem se manter na busca da
sustentabilidade neste início do século 21
a partir de uma única constatação básica:
a de que tudo que é sustentável tem o
padrão de rede.
Tudo que é sustentável...
... Tem o padrão de rede!

Todas as evidências disponíveis
corroboram essa afirmativa.
Ecossistemas, organismos vivos e partes
de organismos são os melhores exemplos
de entidades sustentáveis.
E...
Todos esses tipos de sistema têm o
padrão de organização de rede:
estruturam-se e funcionam como redes.

Essa constatação nos leva a duas
conclusões...
Primeira conclusão
Abandonar agora nossas velhas maneiras
de tratar a questão, desvencilhando-nos
daquelas idéias e tentativas de formular
teorias sobre a sustentabilidade que não
tenham como foco a organização, a
estrutura e a dinâmica de rede.
O que não devemos fazer?
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e práticas (ou
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sobre
sustentabilidade
empresarial que
devemos abandonar.
Primeira idéia para jogar no lixo
Reduzir a
sustentabilidade à
sua dimensão
ambiental.

Sustentabilidade não
é propriedade do
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Segunda idéia para jogar no lixo
Dirigir todas as
nossas preocupações
com a
sustentabilidade para
“salvar o planeta”.

É mais provável que
o planeta se canse de
nos salvar...
Terceira idéia para jogar no lixo
Avaliar que o que
está em risco é
apenas a vida como
realidade biológica.

A vida é um valor
principal, mas não o
único!
Quarta idéia para jogar no lixo
Encarar a
sustentabilidade
como resultado da
soma artificial de
ações setoriais
(econômicas,
ambientais e sociais)
que têm como
objetivo garantir que
a empresa continue
dando lucro.
Tríplice Resultado
Quando Elkington propôs, em 1998, o
conceito de “Tríplice Resultado”, ele
estava sugerindo que as empresas
avaliassem o sucesso não só com base
no desempenho financeiro (lucro, retorno
sobre o investimento ― ROI ou valor para
os acionistas), mas também sob o ponto
de vista de seu impacto sobre a economia
mais ampla, o meio ambiente e a
sociedade em que atuam.
Uma definição insustentável
“Empresa sustentável é aquela que gera
lucro para os acionistas, ao mesmo tempo
em que protege o meio ambiente e
melhora a vida das pessoas com que
mantém interações”.

Andrew Savitz e Karl Weber (2006)
Uma definição sustentável
Empresa insustentável é aquela em que o
empresário (ou os acionistas e seus
representantes) age apenas visando o
lucro e seus empregados trabalham
apenas para receber um salário ou uma
vantagem material qualquer.
Quinta idéia para jogar no lixo
 Tomar a
 sustentabilidade
 como uma espécie de
 programa (ou
 conjunto de idéias)
 que possa ser
 aplicado
 independentemente
 de ação política.
Sexta idéia para jogar no lixo
Imaginar que a
sustentabilidade pode
ser obtida por meio
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tradicional da
responsabilidade
social.
Responsabilidade
social como marketing
não adianta muito!
Sétima idéia para jogar no lixo
Pensar que a
sustentabilidade é um
objetivo a ser
alcançado no futuro.

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empresa que
“funciona bem” não
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Oitava idéia para jogar no lixo
 Definir
 sustentabilidade
 como durabilidade.

 Nada pode durar para
 sempre: sustentável é
 o que muda, não o
 que permanece como
 está!
Nona idéia para jogar no lixo
Tentar encontrar uma
fórmula ou um
caminho para que a
sustentabilidade seja
alcançada.

Não existe um
caminho para
sustentabilidade: ela
é o caminho.
Décima idéia para jogar no lixo
Acreditar que a
sustentabilidade será
alcançada se
fizermos alguma
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nosso modo de ser.

Não é um know-how,
não é um “saber-
fazer”...
Segunda conclusão
Se tudo que é sustentável tem o padrão de
rede, então, temos que parar de ficar
contornando o problema e ir direto ao ponto.

Vamos falar a verdade: nossas empresas não
estão organizadas como redes. Elas não têm
um funcionamento compatível com a estrutura
de rede. Logo... elas não são sustentáveis.
Ponto.
O que devemos fazer?
Não é viável desmontar os modelos de
gestão hierárquicos atuais ―
predominantemente baseados em
comando e controle, mas que mal ou bem
estão funcionando ― sem ter o que
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A mudança para uma empresa-rede não
poderá ser feita abruptamente ou de uma
vez.

O que significa que um novo padrão (em
rede) terá de surgir convivendo com o
velho padrão (hierárquico) e que,
portanto, deverá haver uma transição.
A primeira coisa
      que devemos fazer...
... para iniciar a transição da organização-
mainframe para a organização-network:

Em primeiro lugar, procurar saber o que é
uma rede, como ela se organiza,
estrutura-se e funciona e procurar
conhecer as relações entre seu
funcionamento (fenomenologia da rede) e
sua estrutura (topologia).
A segunda coisa
      que devemos fazer...
... para iniciar a transição da organização-
mainframe para a organização-network:

Em segundo lugar, procurar saber o que é
uma rede social (pois as empresas são
organizações sociais) e aprender a fazer
netweaving em redes sociais, quer dizer,
aprender como articular e animar essas
redes.
A terceira coisa
      que devemos fazer...
... para iniciar a transição da organização-
mainframe para a organização-network:

Em terceiro lugar, tentar, então, aplicar
esses conhecimentos para iniciar a
transição da empresa-pirâmide para a
empresa-rede.
Netweaving
 Netweaving é: articulação e animação de
 redes sociais!

• Mas o que são redes?
• E o que são redes sociais?
• Como as redes sociais se estruturam e
  funcionam?
• E como articulá-las e animá-las?
O que são redes?
Redes são sistemas de nodos e conexões

Existem muitos tipos de redes:
• Redes biológicas (a teia da vida nos
  ecossistemas, as redes neurais)
• Redes de máquinas
• Redes sociais
Rede Neural
Rede Urbana
Rede de uma turma de escola
Rede Social
O que são redes sociais?
Seres humanos vivendo em coletividades
estabelecem relações entre si.

Tais relações podem ser vistas como
conexões, caminhos ou dutos pelos quais
trafegam mensagens.

Os nodos são pessoas e as conexões são
relações entre as pessoas.
Qualquer coletivo de três ou mais seres
humanos pode conformar uma rede
social, que nada mais é do que um
conjunto de relações, conexões ou
caminhos.

Há rede quando são múltiplos os
caminhos entre dois nodos.
Redes distribuídas
Redes propriamente ditas são apenas as
redes distribuídas

Em geral (> 90% dos casos)
denominamos indevidamente de rede
estruturas descentralizadas que tentam
conectar horizontalmente organizações
verticais (hierárquicas)
Topologias de Rede
  Diagramas de Paul Baran
Colocando os
“óculos de ver rede”
As conexões existem em outro espaço-
tempo: no espaço-tempo dos fluxos (que
não é visível para os olhos).

É necessário colocar “os óculos de ver
rede”...
Fluxos luminosos
Os grafos são
meras representações
Fenomenologia da rede
A partir de certo número de conexões em
relação ao número de nodos começam a
ocorrer na rede fenômenos
surpreendentes.

Tais fenômenos não dependem do
conteúdo das mensagens que trafegam
por essas conexões.
Quanto mais distribuída (ou menos
 centralizada) for a topologia da rede,
 maiores são as chances de tais
 fenômenos ocorrerem:

• Clustering (aglomeramento)
• Swarming (enxameamento)
• Crunch = Redução do tamanho
  (social) do mundo (amassamento)
• Autoregulação sistêmica
• Produção de ordem emergente bottom
  up (a partir da cooperação)
Clustering
A tendência que têm dois conhecidos
comuns a um terceiro de conhecer-se
entre si.

Tudo “clusteriza”: idéias (que “dão em
cachos, como as uvas”), grupos
criativos, doenças...
Aglomeramento
Clusters centralizados
  e descentralizados
Swarming

Distintos grupos e tendências, não
coordenados explicitamente entre si,
vão aumentando o alcance e a
virulências de suas ações...

Exemplo: 11 a 13 de março de 2004
na Espanha (papel do SMS = celular).
Insetos enxameando
Nuvem de insetos
Cupins enxameando
Crunch
Redução do tamanho (social) do mundo

Small-World Networks

Experimento de Milgram-Travers (1967): 5,5
graus de separação.

Experimento de Duncan Watts et all. (2002): seis
graus de separação.
Rede “amassando”
Milgram: 160 pessoas que moravam
em Omaha tentaram enviar cartas
para um corretor de valores que
trabalhava em Boston utilizando
apenas intermediários que se
conhecessem pelo nome de batismo.

Watts: 60 mil usuários de e-mail
tentaram se comunicar com uma de
dezoito pessoas-alvo em 13 países,
encaminhando mensagens a alguém
conhecido.
Autoregulação sistêmica

Capacidade de mudar o próprio programa de
adaptação conservando seu padrão de
organização.

Exemplos: organismos, partes de
organismos, ecossistemas, redes sociais
com alto grau de distribuição.
Emergência
Produção de ordem emergente
bottom up (a partir da cooperação)

Capital Social

Jane Jacobs (1961)
A “rede-mãe”
Diferença entre a rede que existe e as
redes que articulamos voluntariamente

As redes que articulamos são interfaces
para “conversar” com a “rede-mãe”

A “rede-mãe” é o ‘social’: uma rede
distribuída nisi quatenos não está rodando
programas verticalizadores...
As redes sociais
  sempre existiram
Não é agora que a sociedade está se
constituindo como uma sociedade-rede
Toda vez que sociedades humanas
não são invadidas por padrões de
organização hierárquicos ou
piramidais e por modos de regulação
autocráticos, elas se estruturam
como redes (distribuídas)
A Sociedade-Rede
A convergência de fatores sociais,
econômicos, culturais, políticos e
tecnológicos está possibilitando a
conexão em tempo-real (= sem-distância)
entre o local e o global

E está acelerando e potencializando os
seus efeitos e tornando visível sua
fenomenologia!
Redes sociais
não são redes digitais
Não são Bebo, hi5 e Orkut
Não é Internet (interconected network)
Não estão no mundo digital
Como o nome está dizendo: estão na
sociedade...
Redes sociais
não são “clubes de anjos”
Não são associações de pessoas
cooperativas

As pessoas não tem que ficar “menos
competitivas” para se conectar às redes

É a dinâmica da rede (distribuída) que
converte competição em cooperação
Para fazer netweaving
 Condição 1 - Conectar pessoas (ou
 redes distribuídas de pessoas) e
 não instituições hierárquicas.

 Condição 2 - Conectar pessoas
 entre si e não apenas com um
 centro articulador.
As 4 tentações...
1 – Fazer redes de instituições (em vez de
pessoas)
2 – Fazer reunião para discutir e decidir o
que os outros devem fazer (em vez de
fazer)
3 – Tratar os outros como “massa” a ser
mobilizada (em vez de amigos a serem
conquistados)
4 – Monopolizar a liderança (em vez de
estimular a multiliderança)
As redes não duram
    para sempre
Redes voluntariamente articuladas são eventos
limitados no espaço e no tempo

Cada rede tem um tempo de vida

Elas são móveis: se fazem e se refazem

Somem e reaparecem, muitas vezes como
outras redes
As redes não crescem
   indefinidamente
As redes são móveis: crescem até certo
ponto e depois param de crescer

Depois de certo tempo, tendem a diminuir
ou até a desaparecer

Por que elas deveriam crescer
indefinidamente?
A rede não é
    um instrumento
A rede não é um instrumento para fazer
qualquer coisa
Nem mesmo para fazer a mudança social
A rede já é a mudança
Essa mudança não é uma transformação
do que existe em uma coisa que não
existe e sim a liberdade para o que o que
já existe possa regular a si mesmo!
Uma rede só funciona
  quando existe
Quando se configura segundo a
morfologia de rede (distribuída) e
manifesta a dinâmica de rede

Nenhuma tecnologia pode construir uma
rede (celular, Internet, blogs etc.) se as
pessoas não constituírem uma
comunidade
Uma rede começa
sempre com uma rede
Uma hierarquia não pode construir uma
rede

Se uma organização hierárquica quiser
articular uma rede, deve dar autonomia a
um grupo inicial estruturado segundo um
padrão de rede
Animando a rede
A rede é o ambiente. Seu papel é
amplificar e processar em paralelo
miríades de estímulos provenientes
de seus nodos, transformá-los e
recombiná-los em inúmeras
variações, reverberando, pulsando,
para estabelecer uma regulação
emergente...
Animando a rede
A – Ter sempre campanhas e metas

B – Ter sempre devolução ou retorno

C – Disponibilizar amplamente todas as
informações

D – Estimular sempre a conexão P2P
A rede “acontecendo”
A animação é um esforço permanente
mas sempre inicial
E como empurrar um carro sem partida
A rede só vai “acontecer” se o carro
“pegar no tranco”
Só se as pessoas gerarem uma nova
identidade no mundo...
Ou só se a rede conseguir “conversar”
com a “rede-mãe”
Como aplicar tudo isso
     em uma empresa?
Não é muito fácil...

 A empresa-pirâmide é quase
monárquica, regida por modos de
regulação autocráticos, próprios das
estruturas verticais de poder baseadas
em comando-execução, ordem,
hierarquia, disciplina, obediência,
vigilância e sanção.
É um salto no escuro
A empresa-rede é regida por modos de
regulação democráticos, mais
compatíveis com a estrutura de rede
distribuída.

Mas não existem muitos exemplos
concretos de empresa-rede...
Resistir às tentações...
... de querer usar as redes para crescer,
para aumentar a produtividade ou a
lucratividade.

As redes só devem ser “usadas” para a
empresa se desenvolver, quer dizer, para
aumentar as suas condições de
sustentabilidade.
Abandonar a ilusão...
... de urdir um marketing de rede – como
o chamado marketing viral – para
suplantar os concorrentes comerciais.

Não podemos conhecer de antemão
como desencadear um processo de
contaminação viral capaz de atingir um
tipping point!
Começando a conversa
Afastadas as tentações de usar a rede
instrumentalmente para crescer e bater a
concorrência ou para descobrir uma
“fórmula” milagrosa de marketing capaz
de provocar uma explosão nas vendas,
podemos começar a conversar
seriamente.
Não será sustentável
        nenhuma empresa:

• enquanto unidade administrativo-
  produtiva isolada;

• exclusivamente por razões de mercado;

• em que seus empregados trabalhem
  apenas em troca de salário ou de outras
  recompensas materiais;
Não será sustentável
         nenhuma empresa:

• sem uma causa capaz de mobilizar seus
  stakeholders;
• que não invista no capital social;
• que não promova o desenvolvimento
  (humano, social e sustentável); e
• que não tenha um padrão de rede.
Sintetizando...
Como tudo que é sustentável tem o
padrão de rede, o último requisito da lista
deve sintetizar os anteriores.

Portanto, é na transição para a empresa-
rede que tais requisitos devem ser
abordados.
Um roteiro para a transição
• 1 - Tomar a decisão de iniciar a transição.

• 2 - Constituir um grupo inicial de
  voluntários (embrião da rede).

• 3 - Formular o propósito (“finalidade
  inicial”).
Um roteiro para a transição
• 4 - Dar autonomia ao embrião da rede
  para começar a articular e animar a rede
  (netweaving) com outros voluntários de
  dentro e de fora da organização atual
  (envolvendo a diversidade dos
  stakeholders).
• 5 - Executar ações concretas de
  promoção do desenvolvimento como
  exercício de responsabilidade corporativa.
Um roteiro para a transição
• 6 - Definir uma causa para a nova
  empresa (“finalidade final”).

• 7 - Redefinir a identidade da empresa
  (incluindo branding-em-rede).

• 8 - Começar a ensaiar novos modelos de
  gestão e de governança da empresa-
  rede.
E depois?
Se quisermos ir direto ao ponto, não há o
que fazer depois.

Por quê?

Porque, na verdade, não sabemos, e,
provavelmente, nem possamos fazer mais
nada, além disso.
O objetivo é a própria rede
O objetivo não é usar a rede para obter
um resultado esperado ou para atingir um
fim planejado (que não seja a própria
rede).
O objetivo é mudar o padrão
O objetivo é mudar o padrão de
organização: de hierarquia (rede
centralizada ou descentralizada) para
rede (distribuída).
O objetivo é a sustentabilidade
Não há mais nada o que fazer depois.
Não há nenhum “depois”.

Por que haveria?

Você acha pouco se manter no
caminho da busca da
sustentabilidade?
Muito obrigado
Augusto de Franco
www.augustodefranco.com.br




Escola-de-Redes
www.escoladeredes.org.br

www.redes.org.br
Como transformar empresas em redes sustentáveis

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Como transformar empresas em redes sustentáveis

  • 1.
  • 2. Uma observação desconcertante... Os departamentos de responsabilidade social das empresas estão tentando juntar ações setoriais que não têm muita relação entre si, como se combinando 800 miligramas de operação econômica, com 150 miligramas de preocupação ambiental e 50 miligramas de ação social, pudéssemos desencadear algum tipo de reação química capaz de catalisar um processo sustentável.
  • 3. Por que? Porque, infelizmente, ao que tudo indica, fórmulas como essa não poderão produzir 1 grama de sustentabilidade...
  • 4. Os desafios da sustentabilidade Vamos ver aqui os principais desafios colocados para as empresas que quiserem se manter na busca da sustentabilidade neste início do século 21 a partir de uma única constatação básica: a de que tudo que é sustentável tem o padrão de rede.
  • 5. Tudo que é sustentável... ... Tem o padrão de rede! Todas as evidências disponíveis corroboram essa afirmativa. Ecossistemas, organismos vivos e partes de organismos são os melhores exemplos de entidades sustentáveis.
  • 6. E... Todos esses tipos de sistema têm o padrão de organização de rede: estruturam-se e funcionam como redes. Essa constatação nos leva a duas conclusões...
  • 7. Primeira conclusão Abandonar agora nossas velhas maneiras de tratar a questão, desvencilhando-nos daquelas idéias e tentativas de formular teorias sobre a sustentabilidade que não tenham como foco a organização, a estrutura e a dinâmica de rede.
  • 8. O que não devemos fazer? 10 idéias (ou crenças) e práticas (ou comportamentos) sobre sustentabilidade empresarial que devemos abandonar.
  • 9. Primeira idéia para jogar no lixo Reduzir a sustentabilidade à sua dimensão ambiental. Sustentabilidade não é propriedade do ambientalismo
  • 10. Segunda idéia para jogar no lixo Dirigir todas as nossas preocupações com a sustentabilidade para “salvar o planeta”. É mais provável que o planeta se canse de nos salvar...
  • 11. Terceira idéia para jogar no lixo Avaliar que o que está em risco é apenas a vida como realidade biológica. A vida é um valor principal, mas não o único!
  • 12. Quarta idéia para jogar no lixo Encarar a sustentabilidade como resultado da soma artificial de ações setoriais (econômicas, ambientais e sociais) que têm como objetivo garantir que a empresa continue dando lucro.
  • 13. Tríplice Resultado Quando Elkington propôs, em 1998, o conceito de “Tríplice Resultado”, ele estava sugerindo que as empresas avaliassem o sucesso não só com base no desempenho financeiro (lucro, retorno sobre o investimento ― ROI ou valor para os acionistas), mas também sob o ponto de vista de seu impacto sobre a economia mais ampla, o meio ambiente e a sociedade em que atuam.
  • 14.
  • 15. Uma definição insustentável “Empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com que mantém interações”. Andrew Savitz e Karl Weber (2006)
  • 16. Uma definição sustentável Empresa insustentável é aquela em que o empresário (ou os acionistas e seus representantes) age apenas visando o lucro e seus empregados trabalham apenas para receber um salário ou uma vantagem material qualquer.
  • 17. Quinta idéia para jogar no lixo Tomar a sustentabilidade como uma espécie de programa (ou conjunto de idéias) que possa ser aplicado independentemente de ação política.
  • 18. Sexta idéia para jogar no lixo Imaginar que a sustentabilidade pode ser obtida por meio do exercício tradicional da responsabilidade social. Responsabilidade social como marketing não adianta muito!
  • 19. Sétima idéia para jogar no lixo Pensar que a sustentabilidade é um objetivo a ser alcançado no futuro. O modelo da empresa que “funciona bem” não serve!
  • 20. Oitava idéia para jogar no lixo Definir sustentabilidade como durabilidade. Nada pode durar para sempre: sustentável é o que muda, não o que permanece como está!
  • 21. Nona idéia para jogar no lixo Tentar encontrar uma fórmula ou um caminho para que a sustentabilidade seja alcançada. Não existe um caminho para sustentabilidade: ela é o caminho.
  • 22. Décima idéia para jogar no lixo Acreditar que a sustentabilidade será alcançada se fizermos alguma coisa a mais sem mudar realmente nosso modo de ser. Não é um know-how, não é um “saber- fazer”...
  • 23. Segunda conclusão Se tudo que é sustentável tem o padrão de rede, então, temos que parar de ficar contornando o problema e ir direto ao ponto. Vamos falar a verdade: nossas empresas não estão organizadas como redes. Elas não têm um funcionamento compatível com a estrutura de rede. Logo... elas não são sustentáveis. Ponto.
  • 24. O que devemos fazer? Não é viável desmontar os modelos de gestão hierárquicos atuais ― predominantemente baseados em comando e controle, mas que mal ou bem estão funcionando ― sem ter o que colocar no lugar.
  • 25. O que devemos fazer? A mudança para uma empresa-rede não poderá ser feita abruptamente ou de uma vez. O que significa que um novo padrão (em rede) terá de surgir convivendo com o velho padrão (hierárquico) e que, portanto, deverá haver uma transição.
  • 26. A primeira coisa que devemos fazer... ... para iniciar a transição da organização- mainframe para a organização-network: Em primeiro lugar, procurar saber o que é uma rede, como ela se organiza, estrutura-se e funciona e procurar conhecer as relações entre seu funcionamento (fenomenologia da rede) e sua estrutura (topologia).
  • 27. A segunda coisa que devemos fazer... ... para iniciar a transição da organização- mainframe para a organização-network: Em segundo lugar, procurar saber o que é uma rede social (pois as empresas são organizações sociais) e aprender a fazer netweaving em redes sociais, quer dizer, aprender como articular e animar essas redes.
  • 28. A terceira coisa que devemos fazer... ... para iniciar a transição da organização- mainframe para a organização-network: Em terceiro lugar, tentar, então, aplicar esses conhecimentos para iniciar a transição da empresa-pirâmide para a empresa-rede.
  • 29. Netweaving Netweaving é: articulação e animação de redes sociais! • Mas o que são redes? • E o que são redes sociais? • Como as redes sociais se estruturam e funcionam? • E como articulá-las e animá-las?
  • 30. O que são redes? Redes são sistemas de nodos e conexões Existem muitos tipos de redes: • Redes biológicas (a teia da vida nos ecossistemas, as redes neurais) • Redes de máquinas • Redes sociais
  • 33. Rede de uma turma de escola
  • 35. O que são redes sociais? Seres humanos vivendo em coletividades estabelecem relações entre si. Tais relações podem ser vistas como conexões, caminhos ou dutos pelos quais trafegam mensagens. Os nodos são pessoas e as conexões são relações entre as pessoas.
  • 36. Qualquer coletivo de três ou mais seres humanos pode conformar uma rede social, que nada mais é do que um conjunto de relações, conexões ou caminhos. Há rede quando são múltiplos os caminhos entre dois nodos.
  • 37.
  • 38.
  • 39. Redes distribuídas Redes propriamente ditas são apenas as redes distribuídas Em geral (> 90% dos casos) denominamos indevidamente de rede estruturas descentralizadas que tentam conectar horizontalmente organizações verticais (hierárquicas)
  • 40. Topologias de Rede Diagramas de Paul Baran
  • 41.
  • 42.
  • 43. Colocando os “óculos de ver rede” As conexões existem em outro espaço- tempo: no espaço-tempo dos fluxos (que não é visível para os olhos). É necessário colocar “os óculos de ver rede”...
  • 45. Os grafos são meras representações
  • 46. Fenomenologia da rede A partir de certo número de conexões em relação ao número de nodos começam a ocorrer na rede fenômenos surpreendentes. Tais fenômenos não dependem do conteúdo das mensagens que trafegam por essas conexões.
  • 47. Quanto mais distribuída (ou menos centralizada) for a topologia da rede, maiores são as chances de tais fenômenos ocorrerem: • Clustering (aglomeramento) • Swarming (enxameamento) • Crunch = Redução do tamanho (social) do mundo (amassamento) • Autoregulação sistêmica • Produção de ordem emergente bottom up (a partir da cooperação)
  • 48. Clustering A tendência que têm dois conhecidos comuns a um terceiro de conhecer-se entre si. Tudo “clusteriza”: idéias (que “dão em cachos, como as uvas”), grupos criativos, doenças...
  • 50. Clusters centralizados e descentralizados
  • 51. Swarming Distintos grupos e tendências, não coordenados explicitamente entre si, vão aumentando o alcance e a virulências de suas ações... Exemplo: 11 a 13 de março de 2004 na Espanha (papel do SMS = celular).
  • 55. Crunch Redução do tamanho (social) do mundo Small-World Networks Experimento de Milgram-Travers (1967): 5,5 graus de separação. Experimento de Duncan Watts et all. (2002): seis graus de separação.
  • 57. Milgram: 160 pessoas que moravam em Omaha tentaram enviar cartas para um corretor de valores que trabalhava em Boston utilizando apenas intermediários que se conhecessem pelo nome de batismo. Watts: 60 mil usuários de e-mail tentaram se comunicar com uma de dezoito pessoas-alvo em 13 países, encaminhando mensagens a alguém conhecido.
  • 58. Autoregulação sistêmica Capacidade de mudar o próprio programa de adaptação conservando seu padrão de organização. Exemplos: organismos, partes de organismos, ecossistemas, redes sociais com alto grau de distribuição.
  • 59. Emergência Produção de ordem emergente bottom up (a partir da cooperação) Capital Social Jane Jacobs (1961)
  • 60. A “rede-mãe” Diferença entre a rede que existe e as redes que articulamos voluntariamente As redes que articulamos são interfaces para “conversar” com a “rede-mãe” A “rede-mãe” é o ‘social’: uma rede distribuída nisi quatenos não está rodando programas verticalizadores...
  • 61. As redes sociais sempre existiram Não é agora que a sociedade está se constituindo como uma sociedade-rede Toda vez que sociedades humanas não são invadidas por padrões de organização hierárquicos ou piramidais e por modos de regulação autocráticos, elas se estruturam como redes (distribuídas)
  • 62. A Sociedade-Rede A convergência de fatores sociais, econômicos, culturais, políticos e tecnológicos está possibilitando a conexão em tempo-real (= sem-distância) entre o local e o global E está acelerando e potencializando os seus efeitos e tornando visível sua fenomenologia!
  • 63. Redes sociais não são redes digitais Não são Bebo, hi5 e Orkut Não é Internet (interconected network) Não estão no mundo digital Como o nome está dizendo: estão na sociedade...
  • 64. Redes sociais não são “clubes de anjos” Não são associações de pessoas cooperativas As pessoas não tem que ficar “menos competitivas” para se conectar às redes É a dinâmica da rede (distribuída) que converte competição em cooperação
  • 65. Para fazer netweaving Condição 1 - Conectar pessoas (ou redes distribuídas de pessoas) e não instituições hierárquicas. Condição 2 - Conectar pessoas entre si e não apenas com um centro articulador.
  • 66. As 4 tentações... 1 – Fazer redes de instituições (em vez de pessoas) 2 – Fazer reunião para discutir e decidir o que os outros devem fazer (em vez de fazer) 3 – Tratar os outros como “massa” a ser mobilizada (em vez de amigos a serem conquistados) 4 – Monopolizar a liderança (em vez de estimular a multiliderança)
  • 67. As redes não duram para sempre Redes voluntariamente articuladas são eventos limitados no espaço e no tempo Cada rede tem um tempo de vida Elas são móveis: se fazem e se refazem Somem e reaparecem, muitas vezes como outras redes
  • 68. As redes não crescem indefinidamente As redes são móveis: crescem até certo ponto e depois param de crescer Depois de certo tempo, tendem a diminuir ou até a desaparecer Por que elas deveriam crescer indefinidamente?
  • 69. A rede não é um instrumento A rede não é um instrumento para fazer qualquer coisa Nem mesmo para fazer a mudança social A rede já é a mudança Essa mudança não é uma transformação do que existe em uma coisa que não existe e sim a liberdade para o que o que já existe possa regular a si mesmo!
  • 70. Uma rede só funciona quando existe Quando se configura segundo a morfologia de rede (distribuída) e manifesta a dinâmica de rede Nenhuma tecnologia pode construir uma rede (celular, Internet, blogs etc.) se as pessoas não constituírem uma comunidade
  • 71. Uma rede começa sempre com uma rede Uma hierarquia não pode construir uma rede Se uma organização hierárquica quiser articular uma rede, deve dar autonomia a um grupo inicial estruturado segundo um padrão de rede
  • 72. Animando a rede A rede é o ambiente. Seu papel é amplificar e processar em paralelo miríades de estímulos provenientes de seus nodos, transformá-los e recombiná-los em inúmeras variações, reverberando, pulsando, para estabelecer uma regulação emergente...
  • 73. Animando a rede A – Ter sempre campanhas e metas B – Ter sempre devolução ou retorno C – Disponibilizar amplamente todas as informações D – Estimular sempre a conexão P2P
  • 74. A rede “acontecendo” A animação é um esforço permanente mas sempre inicial E como empurrar um carro sem partida A rede só vai “acontecer” se o carro “pegar no tranco” Só se as pessoas gerarem uma nova identidade no mundo... Ou só se a rede conseguir “conversar” com a “rede-mãe”
  • 75. Como aplicar tudo isso em uma empresa? Não é muito fácil... A empresa-pirâmide é quase monárquica, regida por modos de regulação autocráticos, próprios das estruturas verticais de poder baseadas em comando-execução, ordem, hierarquia, disciplina, obediência, vigilância e sanção.
  • 76. É um salto no escuro A empresa-rede é regida por modos de regulação democráticos, mais compatíveis com a estrutura de rede distribuída. Mas não existem muitos exemplos concretos de empresa-rede...
  • 77. Resistir às tentações... ... de querer usar as redes para crescer, para aumentar a produtividade ou a lucratividade. As redes só devem ser “usadas” para a empresa se desenvolver, quer dizer, para aumentar as suas condições de sustentabilidade.
  • 78. Abandonar a ilusão... ... de urdir um marketing de rede – como o chamado marketing viral – para suplantar os concorrentes comerciais. Não podemos conhecer de antemão como desencadear um processo de contaminação viral capaz de atingir um tipping point!
  • 79. Começando a conversa Afastadas as tentações de usar a rede instrumentalmente para crescer e bater a concorrência ou para descobrir uma “fórmula” milagrosa de marketing capaz de provocar uma explosão nas vendas, podemos começar a conversar seriamente.
  • 80.
  • 81. Não será sustentável nenhuma empresa: • enquanto unidade administrativo- produtiva isolada; • exclusivamente por razões de mercado; • em que seus empregados trabalhem apenas em troca de salário ou de outras recompensas materiais;
  • 82. Não será sustentável nenhuma empresa: • sem uma causa capaz de mobilizar seus stakeholders; • que não invista no capital social; • que não promova o desenvolvimento (humano, social e sustentável); e • que não tenha um padrão de rede.
  • 83. Sintetizando... Como tudo que é sustentável tem o padrão de rede, o último requisito da lista deve sintetizar os anteriores. Portanto, é na transição para a empresa- rede que tais requisitos devem ser abordados.
  • 84. Um roteiro para a transição • 1 - Tomar a decisão de iniciar a transição. • 2 - Constituir um grupo inicial de voluntários (embrião da rede). • 3 - Formular o propósito (“finalidade inicial”).
  • 85. Um roteiro para a transição • 4 - Dar autonomia ao embrião da rede para começar a articular e animar a rede (netweaving) com outros voluntários de dentro e de fora da organização atual (envolvendo a diversidade dos stakeholders). • 5 - Executar ações concretas de promoção do desenvolvimento como exercício de responsabilidade corporativa.
  • 86. Um roteiro para a transição • 6 - Definir uma causa para a nova empresa (“finalidade final”). • 7 - Redefinir a identidade da empresa (incluindo branding-em-rede). • 8 - Começar a ensaiar novos modelos de gestão e de governança da empresa- rede.
  • 87. E depois? Se quisermos ir direto ao ponto, não há o que fazer depois. Por quê? Porque, na verdade, não sabemos, e, provavelmente, nem possamos fazer mais nada, além disso.
  • 88. O objetivo é a própria rede O objetivo não é usar a rede para obter um resultado esperado ou para atingir um fim planejado (que não seja a própria rede).
  • 89. O objetivo é mudar o padrão O objetivo é mudar o padrão de organização: de hierarquia (rede centralizada ou descentralizada) para rede (distribuída).
  • 90. O objetivo é a sustentabilidade Não há mais nada o que fazer depois. Não há nenhum “depois”. Por que haveria? Você acha pouco se manter no caminho da busca da sustentabilidade?
  • 91. Muito obrigado Augusto de Franco www.augustodefranco.com.br Escola-de-Redes www.escoladeredes.org.br www.redes.org.br