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NEUROCIÊNCIA
CRÍTICA E
CRIATIVA NOS
TEMPOS DA
PANDEMIA DO
COVID-19
Instituto de Estudos Avançados da USP-RP
Grupo de Estudos "Rede Ciência, Arte, Educação e Sociedade: CienArtES"
Universidade de São Paulo
Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano
Prof. Titular do Departamento de Fisiologia
Diretor do Laboratório de Neurofisiologia e Neuroetologia Experimental (LNNE)
Departamento de Fisiologia - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Coordenador: Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Copyright © 2021 Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer
meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia ou gravação, etc. - nem
apropriada ou estocada em sistemas de bancos de dados, sem a expressa
autorização do proprietário dos direitos autorais.
Os textos e conteúdos temáticos dos vídeos são de exclusiva responsabilidade
dos autores e não da Coordenação do Projeto.
Projeto Gráfico e Capa
Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Jociany Lopes de Vasconcelos
Coordenação
Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Título
Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do Covid-19
Colaboração
Dra. Itiana Castro Menezes.
COMUNICADO SOBRE DIREITOS AUTORAIS
O presente e-book “Neurociência, Crítica e Criativa em tempos de
Pandemia de COVID-19” coordenado pelo Prof. Norberto Garcia
Cairasco, contém a produção no formato de textos e vídeos de 100 alunos
matriculados na Disciplina "RCG-212 Estrutura e Função do Sistema
Nervoso" e 30 alunos matriculados na Disciplina “Integração Sensorial e
Motora; Comportamento - RFI5774-6/2”. do Programa de Pós-Graduação
em Fisiologia, ambas ministradas na Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto da Universidade de São Paulo, FMRP-USP.
No contexto da Rede “Ciência, Arte, Educação e Sociedade -
CienArtES” do Instituto de Estudos Avançados da USP-RP, os alunos
participaram do “Projeto Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do
Cotidiano”. Suas participações se deram por meio remoto, portanto, as
produções aqui apresentadas, em vários casos contém imagens, recursos
e sons retirados da Rede Mundial de Computadores.
Enfatizamos que esse conteúdo é para fins educacionais e que, não tem o
objetivo de arrecadação, transação ou atividade comercial.
Sabemos, respeitamos e valorizamos direitos autorais e, sempre que
possível, citamos as fontes.
Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco
Coordenador do projeto
Carlos Germano Souza Palú (Turma 68)
Claudio Luiz da Silva (Pós Graduação)
Jociany Lopes de Vasconcelos (Turma 67)
Lara Teles Moreira (Turma 67)
Letícia Chagas Rocha (Turma 68)
Luísa Sampaio Onofri (Turma 68)
Lucas Flores Sartori (Turma 68)
Lucas Sato (Turma 68)
Luciana Mami Kiam (Turma 68)
Pedro Pereira Prado Bagnola (Turma 68)
Raquel Assumpção Sodré Matias de Lima (Turma 68)
Coordenação
Edição e Revisão
Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Ribeirão Preto
2021
Revisão Geral
Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
Colaboração
Dra. Itiana Castro Menezes
6
Sumário
Prefácio.................................................................................................................. 10
Introdução ............................................................................................................. 12
Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do segundo ano
(Turma 68) da FMRP em 09/04/2020 ..................................................................................... 12
Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” ...................... 16
Dicas e sugestões para a execução das atividades ............................................................. 17
Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do Cursão-Neuro em
06 de junho de 2020 ............................................................................................................... 25
Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” ...................... 30
Dicas e sugestões para a execução das atividades ............................................................. 31
Distribuição dos alunos durante o projeto .............................................................. 39
Leituras Sugeridas .................................................................................................. 43
Sentidos................................................................................................................. 44
No ritmo da música................................................................................................................. 45
Sons......................................................................................................................................... 48
A ciência por trás dos sons...................................................................................................... 51
Percepção dos sons: ciência e quarentena............................................................................. 58
Nossa integração ao ambiente por meio do som ................................................................... 60
Pavlov - Releitura .................................................................................................................... 62
Audição e Audiometria............................................................................................................ 65
Audição no Contexto da Pandemia......................................................................................... 68
Linguagem da música.............................................................................................................. 71
Aquiles..................................................................................................................................... 74
Abrindo a porta de madrugada…............................................................................................ 77
Reflexões sobre a surdez......................................................................................................... 79
A audição no dia a dia ............................................................................................................. 81
O sistema auditivo e a interação com o meio externo ........................................................... 84
A audição na vida rotineira ..................................................................................................... 88
A audição e a história humana................................................................................................ 91
A importância da musicalidade............................................................................................... 93
As Aventuras de Jojo parte 1 - Jojo e os sentidos ................................................................... 95
Música e memória................................................................................................................... 98
Os meios e as percepções do som ........................................................................................ 101
Sons do cotidiano.................................................................................................................. 105
Memória através do som ...................................................................................................... 108
A interpretação de sons durante a quarentena.................................................................... 112
Novos horizontes para a música ........................................................................................... 114
Os sons (des) percebidos no dia a dia................................................................................... 117
Almoço em Família................................................................................................................ 120
Audição e Imagens: diversas combinações........................................................................... 123
A audição como um importante sistema sensorial............................................................... 126
Movimento .......................................................................................................... 129
7
Brincadeira de criança........................................................................................................... 130
Luna....................................................................................................................................... 133
Movimento: aquilo que nos permite transformar o mundo ................................................ 136
Locomoção............................................................................................................................ 140
Marcha Humana: ciência e humanidade .............................................................................. 142
Aprendizagem motora .......................................................................................................... 144
Atividade cerebral ao violão.................................................................................................. 146
Adaptação do Movimento à Nova Realidade ....................................................................... 149
Tênis de Mesa, um esporte democrático.............................................................................. 151
Mantendo a postura ............................................................................................................. 154
Aprendendo algo novo.......................................................................................................... 157
“A Neurofisiologia do Thor” .................................................................................................. 160
A neurofisiologia do exercício físico: a ciência da dança ...................................................... 163
ON e OFF............................................................................................................................... 165
A arte do movimento humano.............................................................................................. 167
A modulação da marcha no cotidiano .................................................................................. 170
Aprendizado, prática e movimento....................................................................................... 173
As aventuras de Jojo parte 2: Jojo, o sono e os controles dos movimentos......................... 175
A imaginação do exercício físico ........................................................................................... 178
As nuances do aprendizado motor e do sono....................................................................... 180
A marcha ............................................................................................................................... 183
A marcha das espécies e a rotina.......................................................................................... 186
O controle do movimento..................................................................................................... 190
Marcha automática e consciente em cães............................................................................ 192
O elo entre cérebro, yoga e coordenação............................................................................. 195
A construção do Movimento................................................................................................. 198
Comparando a execução de tarefas simples e complexas de acordo com a idade.............. 201
Desafio: vigília e coordenação............................................................................................... 204
A coordenação do movimento dos seres.............................................................................. 206
Comportamento................................................................................................... 209
Atividade em Família............................................................................................................. 210
Café com pão......................................................................................................................... 213
Como usamos o cérebro para interagir com o meio?........................................................... 216
Percepção Emocional............................................................................................................ 219
Qual o valor da memória?..................................................................................................... 221
Relações interpessoais da quarentena ................................................................................. 223
O mau perdedor.................................................................................................................... 227
Castelo de cartas................................................................................................................... 229
Arte e neurobiologia de comportamento............................................................................. 231
Associações no Comportamento .......................................................................................... 234
Neurobiologia Comportamental e Atividades Cotidianas..................................................... 237
Córtices associativos no combate a doenças psiquiátricas................................................... 240
Gatilho................................................................................................................................... 243
Ano de vestibular, quarentena e expressão artística............................................................ 246
Um almoço de domingo e a neurofisiologia ......................................................................... 248
O futebol e as emoções......................................................................................................... 252
Distúrbios do sono EaD ......................................................................................................... 254
8
Neurobiologia do Isolamento................................................................................................ 256
Os Córtices e os processos sociais humanos......................................................................... 260
As aventuras de Jojo parte 3: Jojo e lesões cerebrais........................................................... 262
Seleção natural e expressões faciais..................................................................................... 265
O córtex, a Pandemia e o Governo ....................................................................................... 267
Atividades e habilidades........................................................................................................ 270
O efeito cortical no comportamento em atividades à distância........................................... 274
Levi tocando flauta doce....................................................................................................... 276
Movimentos e recompensas................................................................................................. 278
Poema desconstruído............................................................................................................ 282
Córtices associativos e neurobiologia do comportamento: reinventando-se na quarentena
............................................................................................................................................... 285
React às diferentes imagens ................................................................................................. 287
Bloco II................................................................................................................. 290
Sentidos & movimento - PG.................................................................................. 290
Ser Humano: The Good, The Bad and The Ugly .................................................................... 291
Sistemas sensoriais: emoções e sentimentos....................................................................... 294
Integração sociomotora em tempos de pandemia............................................................... 296
Repertórios sensoriais e os desafios de adaptação na pandemia ........................................ 300
Percepção sensorial em uma situação de isolamento social................................................ 303
Sistemas Sensoriais & Integração Motora ............................................................................ 305
Equilíbrio e visão sobre rodas e neurônios ........................................................................... 308
A estimulação sensorial e a integração do comportamento ................................................ 311
O conjunto polissensorial em nossa rotina........................................................................... 314
Os sentidos e o sentir-se seguro em meio ao isolamento social .......................................... 317
O que aprender com o distanciamento social durante a pandemia da COVID-19? ............. 320
Saudade sensorial: o despertar............................................................................................. 323
O dia a dia de um cérebro enclausurado .............................................................................. 326
Solitude, empatia e resiliência em tempos de pandemia COVID-19 .................................... 330
Sentidos especiais em meio à pandemia: O olhar para o interior........................................ 333
Á mesa com os sentidos aguçados em tempos de pandemia .............................................. 336
As respostas a estímulos sensoriais no cenário da pandemia COVID-19 ............................. 338
Comportamento _ PG........................................................................................... 342
Velhos hábitos versus novas rotinas, o novo comportamento no isolamento social........... 343
Um pedaço de carne bovina ou humana? ............................................................................ 345
Do piloto automático às percepções conscientes................................................................. 349
O processamento neural complexo e a produção do comportamento em tempos de pandemia
............................................................................................................................................... 351
Estresse, emoções e a percepção do mundo........................................................................ 354
Ansiedade no isolamento social............................................................................................ 356
Integração sensório motora e cognitiva nas artes marciais.................................................. 359
Sorrisos sob máscaras e alegrias, socialmente, isoladas....................................................... 361
Córtices associativos, isolamento social e a pandemia do COVID-19................................... 363
A busca pelo equilíbrio emocional e comportamental na pandemia................................... 367
Refletir ou não refletir? Eis a questão................................................................................... 369
O isolamento social e a saúde mental de idosos durante a pandemia da COVID-19........... 373
Associações: o despertar continua........................................................................................ 376
9
Quarentena: tomografia das emoções, comportamento e cognição................................... 378
Comportamento, cognição e isolamento.............................................................................. 381
O desafio das multitarefas em tempo de pandemia COVID-19............................................ 385
Mecanismos comuns, identidades distintas ......................................................................... 387
Como mudamos nossa forma de estudar durante a pandemia da COVID-19?.................... 391
O sentir físico e psíquico em tempos da pandemia do covid-19 ............................. 394
Projeto de pesquisa............................................................................................................... 395
O sentir físico e subjetivo em período de distanciamento/isolamento social durante pandemia
de covid-19. Análise qualitativa e quantitativa..................................................................... 395
Pósfacio ............................................................................................................... 406
Projeto Gráfico e Capa.......................................................................................... 407
ANEXOS ............................................................................................................... 410
Anexo 1 – Tabela de localidades nos mapas do Brasil e de São Paulo ................................. 410
Anexo 2 – Termo de Consentimento .................................................................................... 413
Anexo 3 – Direitos do uso de imagem/copyrights................................................................ 415
Anexo 4 - Direitos do uso de imagem/copyrights................................................................. 416
Agradecimentos ................................................................................................... 417
10
Prefácio
A implementação de aulas remotas na USP a partir de março de 2020, como
consequência da pandemia de Covid-19, trouxe à tona a possibilidade de modificar
drasticamente os métodos de ensino e aprendizado em todos os níveis de Educação, do
Ensino Básico/Fundamental, ao Ensino Médio, de Graduação e Pós-Graduação. No
cenário da FMRP, imediatamente após a comunicação de que deveríamos
ministrar/fornecer aos alunos aulas, recursos, conteúdos, avaliações, sem prejuízo de
conteúdos e da grade curricular, mas em cenário virtual/remoto, pensei em oferecer
uma versão diferente, muito mais humana do que acadêmica. Afinal estávamos todos
começando uma jornada que de entrada gerou muita apreensão, ansiedade e não
poucas vezes, depressão.
Meu raciocínio foi simples, mudaria o cenário, mas não o incentivo ao
pensamento crítico e criativo! De fato, nas até então aulas presenciais, sempre (por mais
de 30 anos na FMRP-USP) adotei recursos (além dos convencionais acadêmicos e
científicos) vindos das artes, da história e da filosofia. Diretrizes, material de trabalho e
aulas foram disponibilizados na Plataforma Moodle da FMRP aos alunos, tanto da
Graduação, quanto da Pós-Graduação, com explicações de como procederíamos. O
material que faz o corpo deste e-book é o produto dos textos e vídeos tematicamente
acoplados, referentes às aulas de Neurofisiologia ministradas por mim, e que os alunos
da Graduação da FMRP da Disciplina “Estrutura e Função do Sistema Nervoso - RCG212”
(Bloco I) e da Disciplina “RFI5774 Integração Sensorial e Motora: Comportamento”
(Bloco II) do Programa de Pós-Graduação de Fisiologia elaboraram, ao meu ver de
maneira magnífica, mesmo na situação de aperto emocional, pressão acadêmica e
contexto de total apreensão pelas incertezas da situação.
O Bloco III do presente e-book é a versão sintética do Projeto em colaboração
com a Dra. Itiana Castro Menezes, PhD em Saúde Mental “O sentir Físico e Subjetivo
em Período de Distanciamento/Isolamento Social durante a Pandemia de Covid-19.
Análise Qualitativa e Quantitativa” (Processo Plataforma Brasil nº
36963420.4.0000.5440; Parecer CEP HCFMRP/USP nº 4.249.063).
11
De fato, os indivíduos que preencheram planilhas, escores, escalas relacionadas
com Saúde Mental são, inicialmente, os alunos que tiveram aulas de Graduação e Pós-
Graduação mencionados acima. Este, denominado estudo piloto, atualmente em fase
de análise estatística, servirá de base para aplicar este Projeto também em escala
nacional.
Sinto-me extremamente realizado e gratificado por esta construção plural, muito
mais como ser humano, do que como Docente, Investigador e mesmo Divulgador de
Neuro (Ciência). Agradeço enormemente aos alunos da FMRP-Turma 68 e aos alunos do
“Cursão-Neuro” do PPG-Fisiologia da FMRP, pelo seu entusiasmo e dedicação. Embora
no início enxergaram o peso de mais uma série de tarefas que iriam executar em meio
a tantas dificuldades, no final sentiram o quanto estes exercícios, sobretudo de reflexão,
serviram não só a eles individualmente, mas aos seus colegas e mesmo às suas
famílias.
Agradeço imensamente aos alunos das equipes de produção e edição do e-book,
das Turmas 68 e 67 da FMRP, ao Cláudio Luiz da Silva do PPG-NNC da FMRP e à Itiana C.
Menezes, Co-Coordenadora do Projeto em Saúde Mental, que ao longo destes 13 meses
fizeram desta empreitada uma jornada de aprendizado mútuo e prazeroso comigo. Aos
leitores do e-book, agradeceríamos que se colocassem empaticamente em nosso lugar,
afinal todos estamos passando por esse período triste da humanidade, e esperamos que
outras novas reflexões, sobretudo de esperança, possam sair de sua leitura.
Prof. Norberto Garcia-Cairasco
Ribeirão Preto, SP. Brasil
Maio de 2021, após mais de um ano da Pandemia de Covid-19
***
12
Introdução
Projeto idealizado, criado e coordenado no primeiro semestre de 2020 pelo Prof.
Dr. Norberto Garcia-Cairasco, executado com 100 alunos do segundo ano de Graduação
em Medicina da FMRP-USP (Turma 68), que cursaram a Disciplina “RCG-0212 Estrutura
e Função do Sistema Nervoso”, e de 30 alunos (vários PPGs do Brasil) que cursaram a
Disciplina de Pós-Graduação “RFI5774 Integração Sensorial e Motora: Comportamento”
no Programa de Pós-Graduação em Fisiologia do Departamento de Fisiologia da FMRP-
USP.
Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP
aos alunos do segundo ano (Turma 68) da FMRP em
09/04/2020
Observação: Pequenas modificações foram feitas ao material original, como produto
dos acordos com os alunos ao longo do Curso. Outras modificações ou adaptações
foram feitas a texto semelhante enviado aos alunos de Pós-Graduação (veja abaixo).
Caros Alunos da Medicina 2º Ano. FMRP-USP
Bom dia/Boa tarde/Boa Noite!
Meu nome é Norberto Garcia-Cairasco, Biólogo e Neurofisiologista, Professor Titular
do Departamento de Fisiologia da FMRP-USP
Docente da Disciplina RCG-2012 Estrutura e Função do Sistema Nervoso.
Aulas sob minha responsabilidade:
1a. Sentidos Especiais-Audição (Tf12);
1b. Atividade Elétrica de vias Sensoriais (Tf13) & Integração Polissensorial (Tf14);
2a. Controle da Postura e do Movimento - Integração Motora (Tf24);
2b. Regulação da Atividade Elétrica Cerebral (Tf29);
3a. Córtex Associativo (Tf31);
3b. Neurobiologia do Comportamento (Tf36).
Estarei à disposição de vocês para discutir as minhas aulas que serão
disponibilizadas (formato Microsoft Power Point) no Moodle. Farei também
comentários na maioria dos slides, onde aparecem vídeos ou links para eles na internet,
13
como materiais complementares de estudo. Entendo claramente que não poderemos
ter uma aula convencional, mas enviarei perguntas ou receberei elas de vocês.
Observação: Em dias predeterminados as aulas acima mencionadas serão
apresentadas em formato síncrono, de modo a esclarecer dúvidas adicionais e repassar
todos os seus conteúdos.
De maneira complementar, mas muito valioso neste momento e dadas as
condições atuais, sobretudo de estresse e tensão por conta da Covid-19, gostaria de
propor atividades para futuros Médicos, de preferência os melhores, que se inserem no
contexto de ensino e aprendizado usando os Laboratórios do nosso Corpo e
do Cotidiano. Gostaria que entendessem que da minha parte me importo muito mais
pelas reflexões que em torno a estes temas possamos fazer, no contexto de altíssima
vulnerabilidade e estresse em que nos encontramos todos, do que pela retenção de
informações acadêmicas e científicas. As últimas virão em vários momentos, agora
certamente, e especialmente quando tudo se normalize, mas as reflexões são únicas
neste contexto!
A proposta geral está organizada dentro de Grupo de Estudos maior que
coordeno no Instituto de Estudos Avançados da USP-RP denominado Rede “Ciência,
Arte, Educação e Sociedade, CienArtES” (atividades iniciadas em 2012). Dentro do
“CienArtES” criei a “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano”.
No contexto da Oficina Cândido Portinari e usando como referência o programa
da Disciplina RCG-212, proponho que nas minhas aulas (detalhadas acima e agrupadas
como descrito a seguir) cada um de vocês, usando o laboratório do próprio corpo, o
cenário das vossas residências (familiares/repúblicas) façam práticas, registrem
eventos, comportamentos, usando criatividade, produzindo vídeos com telefone
celular, usando ou não editores de vídeo (som, legendas, efeitos especiais), tudo à
vontade. Cada vídeo de 2 minutos (nem mais, nem menos) deverá vir acompanhado de
um texto descritivo (tamanho de duas páginas (nem mais, nem menos); Word, Time
New Roman, fonte 12), associado com o tema e as questões da respectiva aula.
14
Detalhes e dicas passarei a seguir para cada aula. Para cada tema, o nível de
complexidade, questões estéticas, narração ou legendas, privilegiarão os conceitos, a
narrativa que possa ser entendida no contexto científico geral, mas ao mesmo tempo
de divulgação, esclarecimento para a Família, por exemplo, ou para a Sociedade em
geral. Entendendo que no ambiente familiar há, por exemplo, diferenças
de background educativo, idades (crianças, adultos, idosos), poderá haver restrições de
entendimento, ou pessoas com deficiências específicas sensoriais ou cognitivas. Dessa
maneira é interessante considerar também (embora não obrigatória) a confecção de
versões dos vídeos que incorporem inclusão (pelos motivos acima), quando
explicitamente detalhadas. A título de exemplo, surdez, de nascença ou por
envelhecimento, poderá estar presente na mesma família, com matizes diversos,
criança com surdez pós-tratamento com antibiótico (ototóxico), com zumbido
ou tinitus como consequência, e idoso com surdez de envelhecimento (presbiacusia).
De novo, pensem que estes vídeos poderão ser publicados na “Oficina Cândido
Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano”. Com isto, além de termos contribuído com o
aprendizado, do pensar crítico e criativo, de alunos de Medicina da FMRP-USP,
contribuiremos para a Divulgação Científica, desmistificação do conhecimento
científico. Isto é particularmente importante, num momento em que,
independentemente da origem geográfica, o hemisfério do planeta onde os países se
situem, sua riqueza comercial ou em biodiversidade, seu histórico de educação ou
patrimônio econômico, uma pandemia (Covid-19), produzida por uma nanopartícula
viral (Sars-CoV-2), nos lembrou que somos iguais e removeu a nossa arrogância. Nesse
cenário a Ciência e a Educação se mostram como os grandes alicerces para enfrentar o
maior desafio da Saúde Pública da Humanidade na Sociedade Contemporânea.
Tenho plena certeza de que não é o momento ideal para solicitar de vocês
concentração total, aproveitamento máximo, dadas as circunstâncias de estresse, em
alguns casos de pânico, ou dificuldade de concentração, porém a mudança de
paradigma que esta pandemia solicita inclui nossa maneira presente e futura de
enxergar o mundo e por consequência o ensino geral e o da Medicina. Não creio que
seja apenas fazermos aulas virtuais, num exercício potencialmente bem-sucedido de
educação à distância!
15
O registro das ações que aqui proponho, além de fazerem parte da Disciplina
RCG-212, poderão ser apresentadas também posteriormente na IX Semana Nacional do
Cérebro, que infelizmente e pelas mesmas circunstâncias (Covid-19) foi
cancelada/adiada neste ano. Durante vários anos (desde 2012) alunos da Liga de Neuro
da FMRP-USP, sob a minha coordenação, já participaram desta semana, que faz parte
da versão mundial da “Brain Awareness Week”, com enorme sucesso.
É muito importante e interessante que ao longo do semestre, sejam feitas
reuniões virtuais (datas a serem combinadas) para esclarecer dúvidas com vocês!
Observação Importante sobre a Avaliação das Atividades: No meu caso (NGC)
cada aluno, duplas ou máximo trios de alunos, deverão confeccionar três (3) vídeos e
três (3) textos.
Os vídeos e textos poderão ser colocados para observação de todos no Moodle e
como atividades associadas à “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano
Oficina Cândido Portinari” do Projeto “CienArtES” do IEA-USP-RP, para fins de
divulgação científica.
Mensagem Principal: As experiências individuais, com o contexto das famílias,
redescobrem um ambiente absolutamente real, do qual o Médico, o homem em geral,
nunca se livrará. A questão gritante é que no cenário da Covid-19 este contexto foi
recriado, com matizes de apreensão, medo e estresse.
Por favor, se ao estarmos aprendendo na RCG-212, resumindo o tema das
minhas aulas como “Neurofisiologia Sensorial, Motora e Comportamental”, sobretudo
do ser humano (Médico ou não), o objetivo maior é nos conhecermos melhor. Por isso,
certamente esta experiência será muito mais valiosa que a memorização de eventuais
conteúdos, com potencial obsolescência rápida, mas que muitas vezes representam
pouco aprendizado da nossa natureza humana, da qual o Médico nunca poderá
prescindir!
16
Agradeço muito que em situação tão delicada para a humanidade, possamos ter,
apesar de não estarmos cara a cara, um contato bem próximo. Contem comigo, de
verdade!
Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do
Cotidiano”
Justificativa: Com o fortuito isolamento pelo que todos estamos passando, como
consequência da Pandemia da Covid-19, percebemos o quanto a Ciência é fundamental
nas nossas vidas, ora para explicar quem somos, em que ambiente vivemos e como as
interações bidirecionais entre o homem (individual e social) e a natureza permitem que
a qualidade de vida de ambos o homem e o planeta em que ele habita, seja equilibrada,
harmonizada. Nesse contexto definimos também Saúde e Doença, de ambos, do
Planeta e do Homem!
Para entendermos o complexo sistema que chamamos de realidade, do ponto
de vista da Ciência e da Neurociência em particular, devemos entender quais são os
canais de comunicação entre o homem e o ambiente, como eles ativam o organismo,
inicialmente por meio de sensores específicos e graças a múltiplas transformações,
permitem que construções especiais sejam feitas de canais específicos ou modalidades
sensoriais, por exemplo auditiva, visual, tátil. Depois de processamentos, integração
com outros canais, as próximas etapas podem associar as respostas seletivas, agora de
maneira integrada. O resultado final é o comportamento, que não é mais do que uma
orquestração de todos esses sistemas, inicialmente sensoriais, seguidamente de
integração ou associativos e, finalmente, efetores ou de ações, muitas vezes motoras,
coerentes com as demandas que os sistemas sensoriais iniciaram e dos processamentos
que geraram. Poderíamos metaforicamente dizer que a realidade, criada pelo cérebro,
não seria mais do que multiversos conjugados, e que curiosa e intrigantemente, a sua
interpretação (científica) finalmente depende do próprio cérebro em funcionamento:
“Estudamos o Cérebro usando o Cérebro”.
Objetivos: Tendo o contexto acima mencionado como o gatilho para a criatividade e o
aprendizado, nos melhores laboratórios que são: nosso organismo, nosso cotidiano e
17
nossas experiências pessoais, propomos nas Aulas que ministro na Disciplina RCG-212
Estrutura e Função do Sistema Nervoso (listadas acima) atividades didáticas
complementares que no seio das casas/famílias (circunstância única e fortuita) visem
detectar, ilustrar, explicar conceitos, conforme a sequência das aulas (7), que deverão
ser registrados em vídeos (3, conforme agrupamento abaixo) de duração de 2
minutos, e em textos (1 que acompanha cada vídeo, com extensão máxima de 2
páginas) explicativos.
Dicas e sugestões para a execução das atividades
1. Vídeo e texto sobre as Aulas “Neurofisiologia da Audição (Tf12)” &
“Atividade Elétrica de vias Sensoriais (Tf13) - Integração Polissensorial (Tf14)”
Reflexões sobre o sistema auditivo, a audição como um importantíssimo sistema
de comunicação. Dos sons na natureza à música, à fala, aos ruídos, seu significado e
impacto como elementos de comunicação. No contexto da discussão do sistema
sensorial específico audição, podemos nos debruçar sobre cenas do nosso cotidiano.
Inicie fazendo uma lista de todos os tipos de sons que podem ser detectados
durante o dia e a noite estando dentro de sua casa. Classifique estes sons como naturais,
dentro destes os provenientes do homem ou de animais. Dos sons humanos consegue
classificar variações? Relação com a idade das pessoas, com o contexto cognitivo ou
emocional? Sons como agentes de comunicação? Voz, linguagem, relação com
gênero? Sem usar equipamentos ou ferramentas sofisticadas, sugira como mediria a
audição das pessoas que convivem com você.
Dia e noite, de maneira diferente potenciam/evidenciam ou mascaram sons?
Alguns desses sons são noturnos, outros apenas diurnos? Quais seriam os sons artificiais
dentro da casa, produzidos pelo homem, por ferramentas, equipamentos? E, fora da
casa, carros, outros? Qual o impacto, eventualmente deletério, desses sons na
capacidade auditiva? Surdez por hiperexposição, zumbido ou tinnitus como
consequências intratáveis? Relação entre presença de sons naturais e artificiais e
18
aspectos emocionais, cognitivos? O que são os sons enquanto parte de sistemas de
defesa do organismo?
Música erudita, sons tribais ou mesmo os simples/familiares podem afetar nosso
encéfalo e cérebro permitindo que evoquemos cenários ou memórias específicas.
Conectamos desta maneira o presente com o passado. Por outro lado, músicas ou ruídos
específicos também podem nos colocar em situações de repouso, descanso ou, quando
o conteúdo for traumático, se associam a eventos autobiográficos que, embora
quiséssemos nos livrar deles, teríamos muita dificuldade em conseguir fazê-lo. Por isto,
associações marcantes entre traumas da infância e adolescência podem explicar, meses
ou mesmo anos e décadas depois, o chamado estresse pós-traumático. O gatilho, um
som, uma música. Claro que em outras modalidades sensoriais o gatilho poderia ser um
cheiro ou uma imagem. Como, então, a audição interage com outras modalidades
sensoriais na produção pelo nosso encéfalo e cérebro da realidade
plural, polissensorial que nos cerca? Há exemplos, no ambiente familiar, de alguns
desses eventos?
Como detectar capacidade auditiva, limiares, perdas com resposta
comportamental simples? Quais seriam estes protocolos, ditos caseiros? Não é de outra
maneira que pais e professores(as) na pré-escola ou no ensino fundamental detectam
perdas auditivas precoces? Sobressalto e resposta em crianças. Qual é a diferença entre
adultos jovens e idosos? Complementarmente, no ambiente clínico e acadêmico, como
usar ferramentas para avaliar audição? Emissões oto-acústicas ou de detecção de sons
produzidos pelas células externas da cóclea ao se contraírem, ou
técnicas eletrofisiológicas: audiometria, potenciais evocados (induzidos), que
detectam as assinaturas eletrofisiológicas das vias sendo ativadas, no tronco cerebral e
corticais.
Uma vez que sejam identificadas todas as possíveis variações de sons, as suas
características e impacto em nossas vidas, dependendo da idade e de estados
emocionais, faça um vídeo de 2 minutos (anexe texto descritivo de até 2 páginas)
que resuma o que você acha seria a melhor representação desta experiência.
19
Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Neurofisiologia
da Audição” & “Atividade Elétrica de Vias Sensoriais – Integração Polissensorial” como
as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares
em pauta.
2. Vídeo e texto sobre as Aulas “Controle da Postura e do Movimento -
Integração Motora (Tf24)” & “Regulação da Atividade Elétrica Cerebral (Tf29)”.
Reconhecer que em nosso dia a dia andamos/vivemos em proporção muito alta
(perto de 70-80%) no piloto automático seria uma exageração? Mas o que é mesmo o
piloto automático? Pensem, no momento desta leitura quantos de vocês estão
respirando? Espero que 100%! Antes da minha pergunta, quantos de vocês, de fato,
estavam cientes de que estavam respirando? A diferença é o piloto automático! Que
ótimo que tenhamos Sistema Nervoso Autônomo, Marcapassos Cerebrais,
Respiratórios, Cardíacos, mas que sabidamente são modulados pelo nosso Cérebro
Cognitivo (Córtex Frontal)!
Nosso organismo funciona porque múltiplos sistemas de controle e processos
integrativos fazem que essa máquina chamada de corpo humano processe complexas
informações provenientes do meio ambiente, do seu interior, gerando impacto em
ambas as direções. Além dos sistemas sensoriais que já discutimos, os de associação ou
integração são vitais para a execução de respostas adaptativas. No miolo desses
processos de integração temos redes nervosas, sistemas músculo-esqueléticos,
sistemas endócrino e metabólico, renal, pulmonar, cardíaco e suas redes vasculares,
sistema imune. Um desses sistemas de execução de respostas adequadas, após
processamento de eventos sensoriais, é o sistema de controle da postura e do
movimento. Ele gera múltiplas soluções às necessidades do organismo, de maneira
enormemente integrada.
Nesse contexto e usando de novo o cotidiano como Laboratório, identifique no
cenário da família, eventos simples como por exemplo, a marcha (compare idades de
desenvolvimento) e descreva como ela é executada, inicialmente no chamado piloto
automático, depois como ela é modulada conforme estejamos em chão raso, ou subindo
ou descendo escadas, com as mãos ocupadas ou não, concentrados ou distraídos.
20
De fato, sabemos que em estruturas da medula espinhal temos os chamados
“geradores centrais de padrão” (conjunto de neurônios e interneurônios e suas
conexões excitatórias e inibitórias), neste caso que codificam o “padrão marcha”. Eles
apresentam relativa autonomia, por si sós explicam a alternância entre extensores e
flexores, mas recebem de maneira maciça e complexa influências da periferia sensorial,
do tronco cerebral, do cerebelo, dos núcleos da base e do córtex cerebral. Esses sistemas
sofrem as influências do ambiente, respondem com plasticidade à sua execução
repetida, tem memória. Em diferentes circunstâncias vários desses sistemas falham e as
manifestações neurológicas poderão ir de atonias, simples tremores,
quadros distônicos, marchas atáxicas, compulsões, até crises convulsivas, entre tantas
outras.
Nesse contexto, descreva padrões motores normais e eventualmente anormais
que você detecte em sua casa e relacione eles com idade ou desenvolvimento. Pense no
aprendizado de tarefas complexas motoras, como as explícitas na execução de
movimentos em esportes competitivos, radicais, execução de instrumentos musicais,
danças. Nessas situações mais complexas, os movimentos podem em algum momento
ser imaginados, justamente o produto da evocação das memórias ou aprendizados dos
padrões motores. Na sequência podem ser descritos e verbalizados e muitos deles
poderão ser usados para engatilhar padrões, por exemplo, que alimentam, via registros
de atividade cerebral (EEG, veja a aula correspondente abaixo) e engenharia reversa
aplicados a braços ou pernas robóticas em protocolos de reabilitação de alta
tecnologia.
Para completar estas atividades e seus relatos (vídeo e texto escrito),
contextualize se elas ocorrem durante a vigília (estar acordados), quando todos os
sistemas sensoriais estão em ação, ou durante o sono, seja o de ondas lentas, ou o dos
movimentos oculares rápidos (MOR). Levando em consideração o tema “Regulação da
Atividade Elétrica Cerebral”, substrato fundamental aos registros de
eletroencefalograma (EEG), descreva como há variações comportamentais, de atividade
muscular durante o ciclo vigília-sono. É bem possível que você verifique em algum
membro da família atividade muscular atenuada (corresponderia ao sono lento, caso
um EEG fosse realizado) ou atividade muscular inibida (atonia muscular, com exceção
21
de MOR). Paradoxalmente no sono MOR a atividade onírica (sonhos) é intensa (com EEG
semelhante ao da vigília).
Identifique todas as possíveis variações de posturas, as nuances dos nossos
movimentos no dia a dia (ou no ciclo sono-vigília), o aprendizado de tarefas motoras, as
suas características e impacto em nossas vidas, dependendo da idade e de estados
emocionais. Descreva sobre diferenças na execução destas tarefas, se associadas às
fases do ciclo sono-vigília. Procure documentar perdas motoras ou deficiências
funcionais. Doenças clássicas como a de Parkinson, crises convulsivas nas Epilepsias,
Coreia de Huntington, são exemplos destas alterações.
Com toda essa retaguarda conceitual, faça um vídeo de 2 minutos (anexe texto
descritivo de até 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação
desta experiência.
Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Controle da
Postura e do Movimento - Integração Motora” & “Regulação da Atividade Elétrica
Cerebral” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades
complementares em pauta.
3. Vídeo e texto sobre as Aulas “Córtex Associativo (Tf31)” & “Neurobiologia
do Comportamento (Tf36)”.
No cenário familiar você deverá identificar todas as possíveis variações de
eventos relacionados com as funções do córtex associativo frontal, do córtex
associativo temporal e do córtex associativo parietal. Evidentemente que a
reconstrução da realidade implica a interação e integração destes córtices (que
representam 75% do total cortical), alimentados pelos respectivos córtices sensoriais
primários, e conectados para a execução de tarefas pelos córtices motores (este
conjunto sensório-motor representa apenas 25% do total cortical).
No caso do córtex associativo frontal, é pré-requisito tentar detectar no
ambiente familiar/do cotidiano, exemplos de funções executivas, planejamento
complexo de atividades, antecipação do efeito ou impacto de nossos atos (filtro social),
22
elaboração de pensamento reflexivo, inibição consciente de hábitos com impacto
negativo, a percepção consciente de nosso papel e responsabilidades sociais. De
maneira genérica, o córtex frontal, agindo em conjunto com os córtices sensoriais e
motores, e os córtices associativos parietal e temporal, informam ao indivíduo
de si próprio em relação ao mundo externo. O paciente Phineas Gage é um exemplo
clássico na literatura neurológica de lesão frontal, com perda de filtro social.
No caso do córtex associativo temporal, é importante detectar e descrever no
cotidiano, funções como o reconhecimento de objetos e de faces, estas últimas com
conteúdo emocional, por exemplo reconhecimento de rostos familiares. O contexto
maior do que significam as expressões faciais e sua leitura, interpretação ou
processamento, é consequência de pesquisas excepcionais iniciadas por Charles Darwin
no Século XIX e contidas no seu famoso livro “A expressão das emoções no homem e
nos animais”. Na neuropsiquiatria contemporânea, há detecção de alterações clínicas
na interpretação de faces, por exemplo, com conteúdo de medo. Além deste fenômeno
se associar com depressão, há nestes pacientes um correlato de imagem de ressonância
funcional que indica atividade alterada em estruturas do lobo temporal como a
amígdala, fortemente envolvida em processamento de memórias emocionais.
A perda das funções de reconhecimento facial é denominada em geral agnosia,
predominante no lobo temporal direito. Quando há lesões no lobo temporal esquerdo,
usualmente o fenômeno é de alterações da linguagem. Genericamente o lobo temporal
é fundamental para processos de aprendizado e memória, de maneira que a solicitação
de evocação de memórias (e a confirmação de facilidade ou dificuldade) em várias
idades auxilia nesta tarefa. Alguns exemplos são amnésias, pós-traumáticas, passageiras
ou duradouras.
No caso do córtex associativo parietal é importante lembrar, quando se pensa
em procurar estes aspectos no cotidiano, no ambiente familiar, que estes circuitos ou
redes estão envolvidos em processos de atenção. Embora suas lesões se reflitam nos
déficits das síndromes de negligência contralateral, curiosamente não há déficits
primários sensoriais nem motores que impeçam que estes indivíduos vejam ou sintam
seus corpos ou objetos em volta. Por outro lado, eles podem apresentar dificuldade em
23
perceber (prestar atenção) em objetos ou partes do próprio corpo ou se orientar em
relação a estímulos apresentados no campo visual contralateral à lesão, particularmente
do lobo parietal direito.
No caso das atividades associadas com os conceitos sobre “Neurobiologia do
Comportamento” é interessante que seja contrastado no ambiente do cotidiano, das
famílias, o uso de nosso encéfalo para a execução de atividades razoavelmente simples
de serem executadas, pois trazem conforto e felicidade para quem as realiza, tais como
a generosidade, a empatia, a solidariedade. Esses eventos dependem primariamente de
sistemas sensoriais específicos, em interação com os córtices motores e os córtices
associativos. Outras atividades, executadas magistralmente, representam habilidades e
manifestações sublimes como as Artes e a Ciência. Se porventura, por exemplo, algum
dos alunos toca algum instrumento musical, executa tarefas literárias, dança, faz
esporte, seria interessante que discutisse como estes eventos modulam o nosso
comportamento, de maneira a serem ferramentas de tratamento de ansiedade ou
depressão, de geração de empatia, generosidade, pensamento coletivo ou solidário. No
cenário da Covid-19, estas atividades “nobres” ganham espaço ou ao contrário são
comprometidas pela nossa fragilidade, ansiedade, depressão?
O paradoxo é que esse mesmo encéfalo e cérebro descritos acima podem ser
usados também pela nossa espécie o Homo sapiens, para executar tarefas e condutas
nada nobres, como a violência, no trabalho ou a doméstica, agressão ou desprezo no
campo individual ou social, todas elas vistas como rejeições injustificadas, tais como a
homofobia, o racismo, a misoginia, a xenofobia e o bullying, entre muitas outras.
Numa complexa interação de eventos genéticos, de origem socioeconômica,
com profundas raízes históricas e políticas, de ambiente psicossocial, aspectos
epigenéticos, a Neurobiologia do Comportamento como evento multifatorial,
certamente nos permite refletir sobre quem somos e quanto do que decidimos ser
depende ou não de nós (e quanto podemos mudar ativamente), e de ambientes para o
desenvolvimento, enriquecidos ou não. As Artes e a Neuro(Ciência) conjugadas nos
auxiliam nesta avaliação.
24
Novamente o cenário atual vem à tona. O recolhimento obrigatório pela
pandemia facilita a reflexão, mas por outro lado aumenta chances de distúrbios
alimentares, aumento da ingesta de álcool (que pode potenciar violência e depressão),
incremento de dependência cibernética ou de videogames. Como utilizar essa mistura
de reflexão com atividades culturais para bem do aprendizado, sobretudo de quem
somos? Eis o desafio maior, não apenas para cada um de nós, mas para a Humanidade
como um todo.
Dadas as circunstâncias atuais de estresse e tensão, podemos perceber que no
cenário do cotidiano e familiar detectamos algumas mudanças comportamentais, como
mencionado acima, que talvez não teriam sido reveladas no ambiente corrido, do dia a
dia convencional, diga-se de passagem, de “piloto automático”, pouco reflexivo, prévio
à Covid-19?
A tarefa específica desta atividade é fazer um vídeo de 2 minutos (anexe texto
descritivo de até 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação
desta experiência. Neste caso particular gostaria de enfatizar que há que fundir no vídeo
os conceitos complementares contidos na descrição de funções dos Córtices
Associativos e a Neurobiologia do Comportamento. São, sem dúvida, conceitos e
processamentos absolutamente integrados em nosso cotidiano.
Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Córtex
Associativo” & “Neurobiologia do Comportamento” como as referências acadêmicas e
científicas que dão suporte as atividades complementares em pauta.
Ótimas atividades complementares.
Novamente contem comigo para a sua construção!
Professor Norberto Garcia Cairasco
ngcairas@usp.br
Ribeirão Preto, 09 de abril de 2020
***
25
Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP
aos alunos do Cursão-Neuro em 06 de junho de 2020
Observação: Pequenas modificações foram feitas ao material original, como produto
dos acordos com os alunos ao longo do Curso.
Caros Alunos da Disciplina RFI-5774 - PPG Fisiologia-FMRP-USP.
Bom dia/Boa tarde/Boa Noite!
Meu nome é Norberto Garcia Cairasco, Biólogo e Neurofisiologista, Professor Titular
do Departamento de Fisiologia da FMRP-USP.
Coordenador e Docente da Disciplina RFI-5774 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA –
COMPORTAMENTO.
Observação: Por favor, leiam com atenção o programa abaixo que foi adaptado
à nova modalidade, mantendo as minhas aulas, com leve mudança da sequência,
mas respeitando as datas. De fatos estas não foram modificadas, por isto deixei
essa sequência e não fiz nova numeração das aulas para não confundir!
DATA ATIVIDADES HORÁRIO
11.06.20
5a. feira
Aula: Recepção, Análise e Armazenamento de
Informações Sensoriais. Audição (NGC)
14:00 h
12.06.20
6a. feira
Aula: Recepção, Análise e Armazenamento de
Informações Sensoriais. Olfação e Sistema Límbico (NGC)
16:00 h
15.06.20
2a. feira
Discussão: Audição & Olfação/Sistema Límbico I
Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC)
16:00 h
16.06.20
3a. feira
Aula: Planejamento, Programação e Regulação de
Atividades Motoras. Medula Espinhal (NGC)
8:00 h
16.06.20
3a. feira
Discussão: Audição & Olfação/Sistema Límbico II
Perguntas e resolução de dúvidas (NGC)
10:00 h
17.06.20
4a. feira
Aula: Planejamento, Programação e Regulação de
Atividades Motoras. Estruturas Subcorticais: Núcleos da
Base, Tronco Cerebral e cerebelo) (NGC)
10:00 h
18.06.20
5a. feira
Aula: Planejamento, Programação e Regulação de
Atividades Motoras. Integração Motora - (NGC)
8:00 h
18.06.20
5a. feira
Discussão: Medula Espinhal
Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC)
10:00 h
26
22.06.20
2a. feira
Discussão: Estruturas Subcorticais: Núcleos da Base,
Tronco Cerebral e Cerebelo
Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC)
14:00 h
22.06.20
2a. feira
Discussão: Integração Motora I
Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC)
16:00 h
23.06.20
3a. feira
Aula: Comportamento. Córtex
Associativo & Neurobiologia do Comportamento (NGC)
8:00 h
25.06.20
5ª. Feira
Discussão: Integração Sensório-Motora
Apresentação de Vídeos e entrega de textos: “Sistemas
Sensoriais & Integração Motora” –
Veja Contexto e Instruções abaixo (NGC)
10:00 h
26.06.20
6ª. Feira
Discussão Geral 1 (NGC, GAL, EC) 14:00 h
03.07.20
6a. feira
Discussão: Córtex Associativo & Neurobiologia do
Comportamento II. Perguntas-Resolução de dúvidas
(NGC)
08:00 h
03.07.20
6ª feira
Discussão:
Apresentação de Vídeos e entrega de textos: “Córtex
Associativo & Neurobiologia do Comportamento” –
Veja Contexto e Instruções abaixo (NGC)
10:00 h
03.07.20
6ª. Feira
Discussão Geral 2 (NGC, GAL, EC) 14:00 h
Como comentei na aula inaugural no dia 01/06, estarei à disposição de vocês
para discutir as minhas aulas que serão disponibilizadas (formato Microsoft Power Point)
no Moodle. Farei também comentários na maioria dos slides, no qual aparecem vídeos
ou links para eles na internet, como materiais complementares de estudo. Entendo
27
claramente que não poderemos ter uma aula convencional, mas enviarei perguntas ou
receberei elas de vocês.
De maneira complementar, mas muito valioso neste momento e dadas as
condições atuais, sobretudo de estresse e tensão por conta da Covid-19, gostaria de
propor atividades para futuros Docentes e Investigadores, de preferência os melhores,
que se inserem no contexto de ensino e aprendizado usando os Laboratórios do nosso
Corpo e do Cotidiano. Gostaria que entendessem que da minha parte me importo muito
mais pelas reflexões que em torno a estes temas possamos fazer, no contexto de
altíssima vulnerabilidade e estresse em que nos encontramos todos, do que pela
retenção de informações apenas acadêmicas e científicas. As últimas virão em vários
momentos, agora certamente, e especialmente quando tudo se normalize, mas as
reflexões são únicas neste contexto!
A proposta geral está organizada dentro de um Grupo de Estudos maior que
coordeno no Instituto de Estudos Avançados da USP-RP denominado Rede “Ciência,
Arte, Educação e Sociedade, CienArtES” (atividades iniciadas em 2012). Dentro do
“CienArtES” criei a “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano”.
No contexto da Oficina Cândido Portinari e usando como referência o programa
da Disciplina RFI-5774, INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA – COMPORTAMENTO,
proponho que nas minhas aulas (detalhadas acima e agrupadas em dois blocos) cada
um de vocês individualmente, em duplas, ou máximo em trios, a serem definidos logo
na primeira aula, usando o laboratório do próprio corpo, o cenário das vossas
residências familiares (geralmente este é o caso neste momento) ou façam práticas,
registrem eventos, comportamentos, usando criatividade, produzam dois (2)
vídeos com telefone celular, usando ou não editores de vídeo (som, legendas, efeitos
especiais), tudo à vontade. Cada vídeo de 2 minutos (nem mais, nem menos) deverá
vir acompanhado de um texto descritivo (tamanho de 2 páginas, nem mais, nem
menos; Word, Time New Roman, fonte 12), associado com o tema e as questões do
respectivo bloco de aulas (vejam detalhes abaixo).
Para cada tema (bloco de aulas; vejam no programa modificado), o nível de
complexidade, questões estéticas, narração ou legendas, privilegiarão os conceitos, a
28
narrativa que possa ser entendida no contexto científico geral, mas ao mesmo tempo
de divulgação, esclarecimento para a Família, por exemplo, ou para a Sociedade em
geral. Entendendo que no ambiente familiar há, por exemplo, diferenças
de background educativo, idades (crianças, adultos, idosos), poderá haver restrições de
entendimento, ou pessoas com deficiências específicas sensoriais ou cognitivas. Dessa
maneira é interessante considerar também (embora não obrigatória) a confecção de
versões dos vídeos que incorporem inclusão (pelos motivos acima), quando
explicitamente detalhadas. A título de exemplo, surdez, de nascença ou por
envelhecimento, poderá estar presente na mesma família, com matizes diversos,
criança com surdez após tratamento com antibiótico (ototóxico), com zumbido
ou tinnitus como consequência, e idoso com surdez de envelhecimento (presbiacusia).
De novo, pensem que estes vídeos serão (após autorização e verificação de
direitos autorais; copyrights) ser publicados na “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e
Arte do Cotidiano”. Com isto, além de termos contribuído com o aprendizado, do pensar
crítico e criativo, de alunos de nosso PPG em Fisiologia da FMRP-USP, contribuiremos
para a Divulgação Científica, desmistificação do conhecimento científico. Isto é
particularmente importante, num momento em que, independentemente da origem
geográfica, o hemisfério do planeta onde os países se situem, sua riqueza comercial ou
em biodiversidade, seu histórico de educação ou patrimônio econômico, uma pandemia
(Covid-19), produzida por uma nanopartícula viral (Sars-CoV-2), nos lembrou que somos
iguais e removeu a nossa arrogância. Nesse cenário a Ciência e a Educação se mostram
como os grandes alicerces para enfrentar o maior desafio da Saúde Pública da
Humanidade na Sociedade Contemporânea.
Tenho plena certeza de que não é o momento ideal para solicitar de vocês
concentração total, aproveitamento máximo, dadas as circunstâncias de estresse, em
alguns casos de pânico, ou dificuldade de concentração, porém a mudança de
paradigma que esta pandemia solicita/inclui à nossa maneira presente e futura de
enxergar o mundo e por consequência o ensino geral e o das Ciências, entre elas a
Fisiologia. Não creio que seja apenas fazermos aulas virtuais, num exercício
potencialmente bem-sucedido de educação à distância!
29
O registro das ações que aqui proponho, além de fazer parte da Disciplina RFI-
5774, poderá ser apresentado também posteriormente em eventos de divulgação
científica, de caráter nacional ou internacional, como a IX Semana Nacional do Cérebro,
que infelizmente e pelas mesmas circunstâncias (Covid-19) foi cancelada/adiada neste
ano. Durante vários anos (desde 2012), alunos da Liga de Neuro da FMRP-USP e cada
vez mais alunos de vários Laboratórios de nosso PPG em Fisiologia, com o nosso
constante incentivo e coordenação, já participaram com enorme sucesso, desta semana
que faz parte da versão mundial da “Brain Awareness Week”.
É muito importante e interessante que ao longo da Disciplina vocês participem,
não somente das aulas, mas de todas as discussões virtuais nas datas já indicadas no
programa!
Observação Importante sobre a Avaliação das Atividades:
Serão duas avaliações que terão formatos específicos, conforme o Docente. A
nota final será a média das notas de todos os Docentes. Serão duas avaliações (PI e PII),
mas os Docentes poderão fracionar os seus valores com atividades complementares. No
meu caso (NGC) cada aluno, duplas ou máximo trios de alunos, deverão confeccionar
dois (2) vídeos e dois (2) textos. No final da Disciplina esses materiais poderão ser
colocados para observação de todos, se autorizados pelos seus autores, no Moodle e
como mencionado acima, como atividades associadas à “Oficina Cândido Portinari: A
Ciência e Arte do Cotidiano Oficina Cândido Portinari” do Projeto “CienArtES” do IEA-
USP-RP, para fins de divulgação científica.
Mensagem Principal: As experiências individuais, com o contexto das famílias,
facilitam a redescoberta de um ambiente absolutamente real, do qual cada um de nós,
o homem em geral, nunca se livrará. A questão gritante é que no cenário da Covid-19
este contexto foi recriado, com matizes de apreensão, medo e estresse.
Por favor, se ao estarmos aprendendo e estudando na Disciplina RFI-5774,
resumindo o tema das minhas aulas como “Neurofisiologia Sensorial, Motora e
Comportamental”, sobretudo do ser humano (Biólogo, Biomédico, Médico,
Farmacêutico, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Físico, outros), o objetivo maior é nos
30
conhecermos melhor. Por isso, certamente esta experiência será muito mais valiosa
que a memorização de eventuais conteúdos, com potencial obsolescência rápida, mas
que muitas vezes representam pouco aprendizado da nossa natureza humana, da qual
não poderemos prescindir! Agradeço muito que em situação tão delicada para a
humanidade, possamos ter, apesar de não estarmos cara a cara, um contato bem
próximo. Contem comigo, de verdade!
Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do
Cotidiano”
Justificativa: Com o fortuito isolamento pelo que todos estamos passando, como
consequência da Pandemia da Covid-19, percebemos o quanto a Ciência é fundamental
nas nossas vidas, ora para explicar quem somos, em que ambiente vivemos e como as
interações bidirecionais entre o homem (individual e social) e a natureza permitem que
a qualidade de vida de ambos o homem e o planeta em que ele habita, seja equilibrada,
harmonizada. Nesse contexto definimos também Saúde e Doença, de ambos, do
Planeta e do Homem!
Para entendermos o complexo sistema que chamamos de realidade, do ponto
de vista da Ciência e da Neurociência em particular, devemos entender quais são os
canais de comunicação entre o homem e o ambiente, como eles ativam o organismo,
inicialmente por meio de sensores específicos e graças a múltiplas transformações,
permitem que construções especiais sejam feitas de canais específicos ou modalidades
sensoriais, por exemplo auditiva, visual, tátil. Depois de processamentos, integração
com outros canais, as próximas etapas podem associar as respostas seletivas, agora de
maneira integrada. O resultado final é comportamento, que não é mais do que uma
orquestração de todos esses sistemas, inicialmente sensoriais, seguidamente de
integração ou associativos e, finalmente, efetores ou de ações, muitas vezes motoras,
coerentes com as demandas que os sistemas sensoriais iniciaram e dos processamentos
que geraram. Poderíamos metaforicamente dizer que a realidade, criada pelo cérebro,
não seria mais do que multiversos conjugados, e que curiosa e intrigantemente, a sua
interpretação (científica) finalmente depende do próprio cérebro em funcionamento:
“Estudamos o Cérebro usando o Cérebro”.
31
Objetivos: Tendo o contexto acima mencionado como o gatilho para a
criatividade e o aprendizado, nos melhores laboratórios que são: nosso organismo,
nosso cotidiano e nossas experiências pessoais, propomos nas Aulas que ministro na
Disciplina RFI-5774 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA - COMPORTAMENTO (listadas
acima) atividades didáticas complementares que no seio das casas/famílias
(circunstância única e fortuita) visem detectar, ilustrar, explicar conceitos, conforme a
sequência das aulas (7), que deverão ser registrados em vídeos (2, conforme
agrupamentos abaixo) de duração 2 minutos, e em textos (2, que acompanham cada
vídeo, com extensão máxima de 2 páginas) explicativos.
Dicas e sugestões para a execução das atividades
1. Vídeo e texto sobre as Aulas “Audição; Olfação e Sistema Límbico; Atividades
Motoras: Medula Espinhal, núcleos da base, tronco cerebral e cerebelo, córtex,
integração motora”.
Iniciarei com um exemplo de cenários no sistema auditivo, mas estas reflexões
são válidas para os outros sentidos! A audição é um importantíssimo sistema de
comunicação. No contexto da discussão do sistema sensorial específico audição,
podemos nos debruçar sobre cenas do nosso cotidiano. Poderíamos partir dos sons na
natureza passando pela música, a fala, os ruídos, seu significado e impacto como
elementos de comunicação. Por exemplo, inicie fazendo uma lista de todos os tipos de
sons que podem ser detectados durante o dia e a noite estando dentro de sua casa.
Classifique estes sons como naturais, dentro destes os provenientes do homem ou de
animais. Dos sons humanos consegue classificar variações? Qual é a relação destes sons
e sua detecção conforme a idade das pessoas, o contexto cognitivo ou emocional? Sons
como agentes de comunicação? Voz, linguagem, relação com gênero? Sem usar
equipamentos ou ferramentas sofisticadas, sugira como mediria a audição das pessoas
que convivem com você. Dia e noite, de maneira diferente potenciam/evidenciam ou
mascaram sons? Alguns desses sons são noturnos, outros apenas diurnos? Quais seriam
os sons artificiais dentro da casa, produzidos pelo homem, por ferramentas,
equipamentos? E, fora da casa, carros, outros? Impacto deletério desses sons na
capacidade auditiva? Surdez por hiperexposição, zumbido ou tinnitus como
32
consequências intratáveis? Relação entre presença de sons naturais e artificiais e
aspectos emocionais, cognitivos? O que são os sons enquanto parte de sistemas de
defesa do organismo?
Música erudita, sons tribais ou mesmo os simples/familiares podem afetar nosso
encéfalo e cérebro permitindo que evoquemos cenários ou memórias específicas.
Conectamos desta maneira o presente com o passado. Por outro lado, músicas ou ruídos
específicos também podem nos colocar em situações de repouso, descanso ou, quando
o conteúdo for traumático, se associam a eventos autobiográficos que, embora
quiséssemos nos livrar deles, teríamos muita dificuldade em conseguir fazê-lo. Por isto,
associações marcantes entre traumas da infância e adolescência podem explicar, meses
ou mesmo anos e décadas depois, o chamado estresse pós-traumático. O gatilho, um
som, uma música. Claro que em outras modalidades sensoriais o gatilho poderia ser um
cheiro ou uma imagem. Como, então, a audição interage com outras modalidades
sensoriais na produção pelo nosso encéfalo e cérebro da realidade
plural, polissensorial que nos cerca? Há exemplos, no ambiente familiar, de alguns
desses eventos?
Como detectar capacidade auditiva, limiares, perdas com resposta
comportamental simples? Quais seriam estes protocolos, ditos caseiros? Não é de outra
maneira que pais e professores(as) na pré-escola ou no ensino fundamental detectam
perdas auditivas precoces? Sobressalto e resposta em crianças. Qual é a diferença com
adultos jovens e idosos? Complementarmente, no ambiente clínico e acadêmico, como
usar ferramentas para avaliar audição? Emissões oto-acústicas ou de detecção de sons
produzidos pelas células externas da cóclea ao se contraírem, ou
técnicas eletrofisiológicas: audiometria, potenciais evocados (induzidos), que
detectam as assinaturas eletrofisiológicas das vias sendo ativadas, no tronco cerebral e
corticais.
Como se comportam vias e sistemas sensoriais como a audição na presença e na
ausência de outros sentidos como o tato, a visão e a olfação? Você consegue criar ou
verificar cenários polissensoriais? É esse o universo do nosso dia a dia ou esses sentidos
funcionam normalmente como canais bem específicos?
33
Complementando todos os aspectos sensoriais acima mencionados, seu
processamento e controle com aqueles do controle da postura e do movimento, faça a
seguinte reflexão inicial: Você reconhece que em nosso dia a dia andamos/vivemos em
proporção muito alta (perto de 70-80%) no piloto automático? Seria isto uma
exageração? Mas o que é mesmo o piloto automático? Pensem, no momento desta
leitura quantos de vocês estão respirando? Espero que 100%! Antes da minha
pergunta, quantos de vocês, de fato, estavam cientes de que estavam respirando? A
diferença é o piloto automático! Que ótimo que tenhamos Sistema Nervoso Autônomo,
Marcapassos Cerebrais, Respiratórios, Cardíacos, mas que sabidamente são modulados
pelo nosso Cérebro Cognitivo (Córtex Frontal)!
Nosso organismo funciona porque múltiplos sistemas de controle e processos
integrativos fazem que essa máquina chamada de corpo humano processe informação
proveniente do meio ambiente, do seu interior, gerando impacto em ambas as direções.
Além dos sistemas sensoriais que já discutimos, os de associação ou integração são vitais
para a execução de respostas adaptativas. No miolo desses processos de integração
temos redes nervosas, sistemas músculo-esqueléticos, sistemas endócrino e
metabólico, renal, pulmonar, cardíaco e suas redes vasculares, sistema imune. Um
desses sistemas de execução de respostas adequadas, após processamento de eventos
sensoriais, é o sistema de controle da postura e do movimento. Ele gera múltiplas
soluções às necessidades do organismo, de maneira enormemente integrada.
Usando de novo o cotidiano como Laboratório, identifique no cenário da família,
eventos simples como por exemplo, a marcha (compare idades de desenvolvimento) e
descreva como ela é executada, inicialmente no chamado piloto automático, depois
como ela é modulada conforme estejamos em chão raso, ou subindo ou descendo
escadas, com as mãos ocupadas ou não, concentrados ou distraídos.
De fato, sabemos que em estruturas da medula espinhal temos os chamados
“geradores centrais de padrão” (conjunto de neurônios e interneurônios e suas
conexões excitatórias e inibitórias), neste caso que codificam o “padrão marcha”. Eles
apresentam relativa autonomia, por si sós explicam a alternância entre extensores e
flexores, mas recebem de maneira maciça e complexa influências da periferia sensorial,
34
do tronco cerebral, do cerebelo, dos núcleos da base e do córtex cerebral. Esses sistemas
sofrem as influências do ambiente, respondem com plasticidade à sua execução
repetida, tem memória. Em diferentes circunstâncias vários desses sistemas falham e as
manifestações neurológicas poderão ir de atonias, simples tremores,
quadros distônicos, marchas atáxicas, compulsões, até crises convulsivas, entre tantas
outras.
Nesse contexto, descreva padrões motores normais e eventualmente anormais
que você detecte em sua casa e relacione eles com idade ou desenvolvimento. Pense no
aprendizado de tarefas complexas motoras, como as explícitas na execução de
movimentos em esportes competitivos, radicais, execução de instrumentos musicais,
danças. Nessas situações mais complexas, os movimentos podem em algum momento
ser imaginados, justamente o produto da evocação das memórias ou aprendizados dos
padrões motores. Na sequência podem ser descritos e verbalizados e muitos deles
poderão ser usados para engatilhar padrões, por exemplo, que alimentam, via
engenharia reversa aplicados a braços ou pernas robóticas em protocolos de
reabilitação de alta tecnologia.
Com toda essa retaguarda conceitual, façam o Vídeo I (nem mais, nem menos 2
minutos) e o Texto I (nem mais, nem menos que 2 páginas) que resuma o que você
acha ser a melhor representação desta experiência. Enfatizo que vocês devem utilizar
os slides e vídeos e discussões das Aulas “Audição” & “Olfação e Sistema Límbico”;
todas as aulas associadas com “Controle da Postura e do Movimento” como as
referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares
(Vídeo I e Texto I) em pauta.
2. Vídeo e texto sobre as Aulas “Córtex Associativo & Neurobiologia do
Comportamento.
No cenário familiar você deverá identificar todas as possíveis variações de
eventos relacionados com as funções do córtex associativo frontal, do córtex
associativo temporal e do córtex associativo parietal. Evidentemente que a
reconstrução da realidade implica a interação e integração destes córtices (que
representam 75% do total cortical), alimentados pelos respectivos córtices sensoriais
35
primários, e conectados para a execução de tarefas pelos córtices motores (este
conjunto sensório-motor representa apenas 25% do total cortical).
No caso do córtex associativo frontal, é pré-requisito tentar detectar no
ambiente familiar/do cotidiano, exemplos de funções executivas, planejamento
complexo de atividades, antecipação do efeito ou impacto de nossos atos (filtro social),
elaboração de pensamento reflexivo, inibição consciente de hábitos com impacto
negativo, a percepção consciente de nosso papel e responsabilidades sociais. De
maneira genérica, o córtex frontal, agindo em conjunto com os córtices sensoriais e
motores, e os córtices associativos parietal e temporal, informam ao indivíduo
de si próprio em relação ao mundo externo. O paciente Phineas Gage é um exemplo
clássico na literatura neurológica de lesão frontal, com perda de filtro social.
No caso do córtex associativo temporal, é importante detectar e descrever no
cotidiano, funções como o reconhecimento de objetos e de faces, estas últimas com
conteúdo emocional, por exemplo reconhecimento de rostos familiares. O contexto
maior do que significam as expressões faciais e sua leitura, interpretação ou
processamento, é consequência de pesquisas excepcionais iniciadas por Charles Darwin
no Século XIX e contidas no seu famoso livro “A expressão das emoções no homem e
nos animais”. Na neuropsiquiatria contemporânea, há detecção de alterações clínicas
na interpretação de faces, por exemplo, com conteúdo de medo. Além deste fenômeno
se associar com depressão, há nestes pacientes um correlato de imagem de ressonância
funcional que indica atividade alterada em estruturas do lobo temporal como a
amígdala, fortemente envolvida em processamento de memórias emocionais.
A perda das funções de reconhecimento facial é denominada em geral agnosia,
predominante no lobo temporal direito. Quando há lesões no lobo temporal esquerdo,
usualmente o fenômeno é de alterações da linguagem. Genericamente o lobo temporal
é fundamental para processos de aprendizado e memória, de maneira que a solicitação
de evocação de memórias (e a confirmação de facilidade ou dificuldade) em várias
idades auxilia nesta tarefa. Alguns exemplos são amnésias, pós-traumáticas, passageiras
ou duradouras.
36
No caso do córtex associativo parietal é importante lembrar, quando se pensa
em procurar estes aspectos no cotidiano, no ambiente familiar, que estes circuitos ou
redes estão envolvidos em processos de atenção. Embora suas lesões se reflitam nos
déficits das síndromes de negligência contralateral, curiosamente não há déficits
primários sensoriais nem motores que impeçam que estes indivíduos vejam ou sintam
seus corpos ou objetos em volta. Por outro lado, eles podem apresentar dificuldade em
perceber (prestar atenção) em objetos ou partes do próprio corpo ou se orientar em
relação a estímulos apresentados no campo visual contralateral à lesão, particularmente
do lobo parietal direito.
No caso das atividades associadas com os conceitos sobre “Neurobiologia do
Comportamento” é interessante que seja contrastado no ambiente do cotidiano, das
famílias, o uso de nosso encéfalo para a execução de atividades razoavelmente simples
de serem executadas, pois trazem conforto e felicidade para quem as realiza, tais como
a generosidade, a empatia, a solidariedade. Esses eventos dependem primariamente de
sistemas sensoriais específicos, em interação com os córtices motores e os córtices
associativos. Outras atividades, executadas magistralmente, representam habilidades e
manifestações sublimes como as Artes e a Ciência. Se porventura, por exemplo, algum
dos alunos toca algum instrumento musical, executa tarefas literárias, dança, faz
esporte, seria interessante que discutisse como estes eventos modulam o nosso
comportamento, de maneira a serem ferramentas de tratamento de ansiedade ou
depressão, de geração de empatia, generosidade, pensamento coletivo ou solidário. No
cenário da Covid-19, estas atividades “nobres” ganham espaço ou ao contrário são
comprometidas pela nossa fragilidade, ansiedade, depressão?
O paradoxo é que esse mesmo encéfalo e cérebro descritos acima podem ser
usados também pela nossa espécie o Homo sapiens, para executar tarefas e condutas
nada nobres, como a violência, no trabalho ou a doméstica, agressão ou desprezo no
campo individual ou social, todas elas vistas como rejeições injustificadas, tais como a
homofobia, o racismo, a misoginia, a xenofobia e o bullying, entre muitas outras.
Numa complexa interação de eventos genéticos, de origem sócio-econômica,
com profundas raízes históricas e políticas, de ambiente psico-social, aspectos
37
epigenéticos, a Neurobiologia do Comportamento como evento multifatorial,
certamente nos permite refletir sobre quem somos e quanto do que decidimos ser
depende ou não de nós (e quanto podemos mudar ativamente), e de ambientes para o
desenvolvimento, enriquecidos ou não. As Artes e a Neuro(Ciência) conjugadas nos
auxiliam nesta avaliação.
Novamente o cenário atual vem à tona. O recolhimento obrigatório pela
pandemia facilita a reflexão, mas por outro lado aumenta chances de distúrbios
alimentares, aumento da ingesta de álcool (que pode potenciar violência e depressão),
incremento de dependência cibernética ou de videogames. Como utilizar essa mistura
de reflexão com atividades culturais para bem do aprendizado, sobretudo de quem
somos? Eis o desafio maior, na apenas para cada um de nós, mas para a Humanidade
como um todo. Dadas as circunstâncias atuais de estresse e tensão, podemos perceber
que no cenário do cotidiano e familiar detectamos algumas mudanças
comportamentais, como mencionado acima, que talvez não teriam sido reveladas no
ambiente corrido, do dia a dia convencional, diga-se de passagem, de “piloto
automático”, pouco reflexivo, prévio à Covid-19?
Com toda essa retaguarda conceitual, façam o Vídeo II (nem mais, nem menos
que 2 minutos) e o Texto II (nem mais, nem menos que 2 páginas) que resuma o que
você acha seria a melhor representação desta experiência. Enfatizo que vocês devem
utilizar os slides e vídeos das Aulas “Córtex Associativo” & “Neurobiologia do
Comportamento” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as
atividades complementares (Vídeo II e Texto II) em pauta.
Ótimas aulas, atividades complementares, vídeos e textos associados!
Novamente contem comigo para a sua construção!
Professor Norberto Garcia Cairasco
ngcairas@usp.br
Ribeirão Preto, 06 de junho de 2020
***
38
Observação final válida para a programação dos alunos da Medicina e da PG. Todos as
aulas e todos os vídeos foram apresentados em atividade síncrona para as duas classes.
As apresentações dos vídeos também fizeram parte da avaliação que incluiu
comentários e diálogo entre o Docente e os alunos responsáveis. Experiência de
intercâmbio e aprendizado para todos, fora de série!
39
DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS DURANTE O
PROJETO
Mapas de distribuição dos lugares onde se encontravam no primeiro semestre
de 2020 os alunos da Turma 68 da FMRP-USP (azul) e os alunos da PPG-
Fisiologia (vermelho) no Brasil e no Estado de São Paulo, durante as aulas das
disciplinas objeto deste Projeto.
Note-se no mapa de calor (heat map) a densidade assimétrica com proporção
maior em cidades do Estado de São Paulo. A tabela completa com os nomes
das localidades se encontra no Anexo 1, ao final do livro. Os presentes mapas foram
gentilmente confeccionados por nossa solicitação para este projeto, utilizando o
programa QGIS, por Fábio A.Alzate Martinez, jovem arquiteto graduado da FAAP-SP.
40
Figura 1 Distribuição dos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de 2020 pelo
Brasil
41
Figura 2 Mapa de calor (heat map) do Brasil e do Estado de São Paulo referente aos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de
Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de 2020.
42
Figura 3 Detalhamento da distribuição dos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de
2020 no Estado de São Paulo e Região.
43
Leituras Sugeridas
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: Desvendando o
sistema nervoso. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
KANDEL, E. R. Principles of Neural Science, Sixth Edition. 2021.
PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. 2ª ed.
Editora Atheneu, 2010.
45
No ritmo da música
Vídeo disponível neste hiperlink
Alexia Viegas
Passando a quarentena na Serra de São Pedro, região rural e bucólica de uma
pequena cidade no interior de São Paulo, tenho a oportunidade de desfrutar de sons
muito distintos daqueles que me rodeavam na cidade de Ribeirão Preto. Aqui, a
convivência com a natureza e a presença da família, além da distância de um centro
urbano, parece diminuir a ansiedade e a angústia proporcionadas pelo desenvolvimento
e pelos desdobramentos da pandemia de Covid-19.
Uma vez que os centros urbanos têm se mostrado como o principal palco do
desenrolar das tragédias causadas pela disseminação de coronavírus, acredito que a
vida no campo possa ser muito benéfica, seja pela menor probabilidade de contágio,
devido à menor densidade populacional, seja pelos elementos naturais que se opõem à
poluição e à artificialidade das grandes cidades e que nos transportam para um estado
de calmaria.
Os sons da natureza são, certamente, um dos fatores que mais a caracteriza, pois
são muito diferentes dos sons presentes na cidade. Dentre os sons naturais percebidos
durante o dia, é marcante a presença do canto dos pássaros, do barulho do vento entre
as folhagens das plantas e de latidos dos cachorros, fora da casa. Dentro da casa, há
também sons naturais como a interação entre as pessoas da família (minha mãe, meu
irmão e meu padrasto) e o barulho das brincadeiras do meu irmão.
Durante a noite, os sons naturais são compostos pela cantoria de grilos e de
outros insetos. Também há a presença do canto de algumas aves noturnas, como o
urutau.
Dentro da casa e durante o dia também há sons artificiais, como uma caixa de
som ligada, eletrodomésticos como o liquidificador e o aspirador de pó. Fora da casa,
certas vezes o cortador de grama também ajuda a compor os barulhos do dia.
46
Dentre os sons artificiais e noturnos, existem os sons da televisão, sons da
atividade na cozinha, como o barulho da manipulação de talheres, pratos, etc.
Entretanto, o som que está presente ao longo do dia em maior quantidade vem
do meu irmão, um divertido garotinho de seis anos de idade que está sempre
inventando algo para fazer. Para ele, e com ele, os problemas atualmente enfrentados
pela humanidade se sublimam e eu aprendo com sua mente infantil a me concentrar no
presente.
Como conversar e produzir diferentes sons por meio de instrumentos, baquetas,
brinquedos e ferramentas são coisas que meu irmão faz durante a maior parte do dia, o
vídeo capta um momento como esse, de lazer, no qual, por meio de uma espécie de
karaokê, meu irmão ouve a música saindo da caixa de som e toca a bateria seguindo o
ritmo da música.
Além de meu irmão, tenho convivido com minha mãe e meu padrasto. Este
período em casa tem sido a primeira oportunidade para conviver com ele e conhecê-lo
melhor. Por ter trabalhado durante muitos anos como piloto de helicóptero, meu
padrasto desenvolveu uma leve perda auditiva e um zumbido devido a uma
hiperexposição aos barulhos da aeronave.
Tendo em vista que a capacidade auditiva entre os membros da casa difere, seria
possível medir a audição de cada pessoa através de um simples teste: posicionada ao
lado da pessoa a ser testada, eu estalaria os dedos para produzir um som e,
progressivamente, me afastaria da pessoa estalando os dedos novamente a cada passo.
Dessa forma, me afastaria da pessoa até que os estalos não fossem mais audíveis. A
pessoa que fosse capaz de ouvir os estalos por mais tempo, ou seja, que fosse capaz de
ouvir o som a uma distância maior, seria aquela com a maior capacidade auditiva,
enquanto a pessoa que parar de ouvir os estalos a uma distância menor, seria aquela
com menor capacidade auditiva, que, no caso, mais provavelmente seria meu padrasto.
Explicando a ação que se passa no vídeo de maneira científica, temos que as
ondas sonoras que saem da caixa de som são direcionadas pelo pavilhão auditivo
externo em direção ao meato acústico externo. Na profundidade do meato acústico
47
externo, encontra-se o tímpano, ou membrana timpânica, que vibra com a chegada da
onda sonora. A membrana timpânica se encontra posicionada entre o meato acústico
externo e a orelha média.
A orelha média é uma cavidade aérea dentro do osso temporal, e em seu interior
há uma cadeia de três ossículos: martelo, bigorna e estribo. O martelo se encontra fixado
na face interna da membrana timpânica e o estribo se situa encostado na janela oval,
também chamada de janela vestibular da cóclea. A música que meu irmão escuta produz
uma vibração na membrana timpânica, o que provoca deslocamentos na cadeia
articulada de ossículos. Ao se deslocar, o estribo desloca a coluna líquida no interior da
orelha interna, onde está a cóclea.
A cóclea se assemelha a um caracol e sua estrutura é dividida em três escalas ou
rampas preenchidas por líquido. No interior da escala média, encontra-se o Órgão de
Corti, onde estão as células sensoriais possuidoras de estereocílios. A inclinação dos
estereocílios apicais resulta em mudança de condutividade da membrana das células
sensoriais e os sons são transformados em sinais nervosos captados pelo nervo
vestibulococlear.
O destino final desses impulsos nervosos é o córtex auditivo primário, no lobo
temporal do cérebro. O córtex auditivo primário possui uma organização em colunas,
cada uma responsável pela percepção de uma frequência sonora. Áreas adjacentes no
córtex cerebral também são importantes na audição, como as áreas auditivas
secundárias e a área de Wernicke, no hemisfério cerebral esquerdo, responsável pela
interpretação da palavra falada.
Entretanto, para conseguir tocar a bateria no ritmo da música, o encéfalo de meu
irmão estabelece atividades muito mais complexas por meio de integrações entre
diferentes áreas, de modo que ele possa, através da audição e da memória, reconhecer
em qual momento da música ele está e prever quais deverão ser os próximos sons.
Concomitantemente, a visão possibilita que meu irmão compreenda sua
disposição espacial em relação ao instrumento musical prestes a ser tocado. A
sensibilidade somestésica do tato da mão de meu irmão em contato com a baqueta
48
envia informações sobre como segurá-la e informações proprioceptivas permitem a
manutenção de sua postura sentada sobre o banco. As áreas de integração
plurissensorial no córtex cerebral são as áreas 7a, 7b, 39 e 40 de Brodmann. Isso tudo
auxilia no planejamento motor que culmina na movimentação voluntária de seu braço
e de sua mão, para que ele consiga bater no prato da bateria aproximadamente no
mesmo momento em que a música emitida pela caixa de som atinge os sons mais
intensos.
Também é perceptível a ativação do sistema límbico e das emoções, por meio de
suas expressões faciais. É provável, também, que o córtex pré-frontal de meu irmão
esteja cumprindo seu papel na imaginação de um show de rock, no qual ele é um
talentoso baterista de uma banda famosa.
Concluindo, no meu dia a dia durante o isolamento social tenho vivenciado sons
diversos, que podem ser desde o calmo barulho do vento do campo até a mais intensa
música de rock tocada pelo meu irmão na bateria. Os sons são parte muito importante
para nossa percepção do ambiente e estão intimamente relacionados com nosso estado
de espírito.
Sons
Vídeo indisponível
Inajara Mills Siqueira Shimizu
Um apartamento localizado no nono andar que fica defronte a uma rua
localizada no centro da cidade de Campinas (SP) é costumeiramente movimentada, com
muita circulação de carros e pessoas no horário do “rush”, por volta das 18 horas. No
entanto, no contexto da pandemia mundial devido ao COVID-19, algumas mudanças
podem ser observadas com relação ao som circundante e à movimentação de pessoas.
O vídeo que apresento foi gravado em dois momentos distintos, no primeiro
momento tem-se a captação do movimento às 18 h de um dia de semana, e no segundo
tem-se o registro de uma ação cultural e espontânea promovida por músicos que
percorreram algumas ruas da cidade, por volta das 20 h também em um dia de semana.
49
Deste modo, ao se deparar com a primeira parte do referido vídeo, tem-se o
registro dos sons dos automóveis ao pôr-do-sol, no entanto, os mesmos são rompidos
por um som pouco comum em um dia normal, na hora do “rush”, e ouvido geralmente
aos domingos ou feriados, tal som é a cantoria de pássaros se despedindo do dia. O
canto dos pássaros, por sua vez, me leva a questionar: estaríamos vivendo um eterno
feriado? Os pássaros cantando, me incomoda, me preocupa, me intriga? Não era para
estar ouvindo pássaros cantando num dia como hoje. Tal pensamento é então invadido
por um alarme ao longe (uma campainha de garagem que indica que tem alguém
entrando ou saindo de algum lugar), penso: que bom, existe movimento, existe vida! E
ao mesmo tempo: por que essas pessoas estão nas ruas? Elas deveriam estar em casa!
Estamos em isolamento social! E um misto de sentimentos rompe novamente e neste
instante vejo carros passando, pessoas caminhando, alguém passeando com o
cachorro… Me surpreendo novamente, desta vez enquanto edito o vídeo, reparo o som
de alguém digitando em um teclado. Recordo que meu marido estava trabalhando neste
dia, sentado a poucos metros de onde eu estava filmando e de onde fica minha
escrivaninha, local onde tenho passado a maior parte dos meus dias estudando. Recordo
que, apesar do vírus, a vida não parou, temos que seguir, temos que trabalhar, estudar,
comer, dormir, cumprir tarefas, entregar trabalhos, produzir, produzir e produzir: não
podemos parar. Passa das 18 h, o expediente aqui em casa não termina, ele segue seu
fluxo de horários bagunçados e rotina restrita a alguns poucos metros quadrados de um
apartamento, de um quarto. Penso, hoje, enquanto revejo o vídeo e escrevo, estamos
parados, restritos, mas será que podemos parar?
O segundo momento do vídeo, sempre me provoca um aperto no peito, já era
noite corrida quando começamos a ouvir músicos tocando e aplausos ao longe.
Interrompemos nossas atividades novamente, desta vez para presenciar algo inédito,
que nem aos domingos ou feriados já havia ocorrido. Por volta desses dias, a Itália estava
apresentando seus piores números de mortes com relação ao COVID-19 e os novos
casos e mortes no Brasil começavam a aumentar de forma vertiginosa. Todos foram à
janela, não gravei o registro, mas nossos vizinhos ao lado disseram ser a música
do Titanic, não tenho certeza. Estava uma noite fria e esses músicos escoltados pela
polícia tocavam para todos nós. Tocariam para nossos ouvidos ou para nossos corações?
50
Para mim, os sons que chegavam aos meus ouvidos foram interpretados pelo meu
coração como uma marcha fúnebre, como uma despedida a todos os mortos pelo
COVID-19 aos quais as famílias, que não puderam, de forma digna, dizer as últimas
palavras ou se despedir de seus entes queridos. Percebe-se que os músicos desafinam,
retomam, se ajustam, se comunicam entre si por meio da música. Ao final, uma chuva
de aplausos, gritos e assovios… percebo que tem muito mais gente em isolamento,
muito mais pessoas vivenciando essa pandemia, muito mais do que sou capaz de prever
e imaginar. Os aplausos trazem uma certa alegria, no entanto, não me sinto feliz, nem
no dia, nem hoje que estou aqui descrevendo este vídeo. Há algo triste no ar, difícil de
nomear, o coração não cabe no peito e acelera, desejando que tudo volte ao normal,
que os velhos sons voltem aos seus lugares e que a vida se desenhe como estava
acostumada ao que era.
Neste sentido, os sons captados por esse registro, comunicam e confirmam que
algo está diferente, comunicam que as pessoas estão em casa, não porque querem, mas
sim por necessidade. Nos falam sobre a falta, no caso, do movimento, do barulho, das
freadas, das buzinas, do “zum zum zum” das conversas. Nos falam de um silêncio que
não tem dia nem hora para acabar.
Deste modo, em um contexto de centro de cidade, estamos acostumados com
sons artificiais, como os mencionados acima; os sons naturais (como os emitidos pelos
pássaros) nos geram desconforto, porque indicam que algo está fora do esperado e tido
como normal. Assim, começamos a aprender a viver com novos sons, novas realidades,
com as quais nos acostumamos com o tempo e passamos quase a não perceber. No
entanto, mesmo sem ter consciência deles, eles nos angustiam e nossa rotina parece
estar em descompasso com as nossas obrigações. Afinal, se ouço pássaros não deveria
ser este um dia de trabalho ou estudo, mas sim de descanso e lazer, estes que, por sua
vez, nunca chegam. Vivemos continuamente tensos, presos em nossas casas e
pensamentos.
Nesse sentido, a música tocada a noite, relembra, reforça e intensifica os
sentimentos provocados pela pandemia, e, no meu caso, não conforta.
51
Já com relação à avaliação da audição dentro do contexto familiar, pode-se
chamar por quem está perto quando a pessoa está de costas para ver se ela responde,
utilizando diferentes intensidades na voz. Além disso, pode-se perguntar se ela
consegue perceber determinado som, como os pássaros cantando, o carro passando, a
conversa no apartamento vizinho. No contexto da clínica, em uma avaliação formal, no
caso de uma criança, pode-se tocar um chocalho quando ela não está olhando a uma
distância específica e avaliar se ela vira o rosto em direção ao som. Ademais, podem-se
utilizar equipamentos específicos, em testes realizados por fonoaudiólogos, como a
audiometria que avalia não só se a pessoa ouve, mas também as frequências,
intensidades e a acuidade de sua audição. Com relação às diferenças entre a audição de
crianças, adultos e idosos, é possível identificar a perda da acuidade auditiva ao longo
dos anos.
Por fim, os sons que nos circundam podem alterar nossa percepção sobre o
mundo, nos alertam das mudanças e se algo está errado, auxiliando na nossa
compreensão sobre nós mesmos.
A ciência por trás dos sons
Vídeo indisponível
Pedro Antônio Gonçalves dos Santos
Podemos detectar a presença de um objeto, sua posição e natureza (e assim
tomar decisões acerca dos riscos envolvidos) através da audição, que também permite
a recepção de mensagens pela linguagem falada, além da exploração de sensações e
emoções provocadas pela música.
O som captado pelo pavilhão auditivo percorre o meato acústico externo até a
membrana timpânica, cuja superfície medial está conectada aos ossículos da orelha
média, que amplificam e transferem a pressão para a membrana que cobre a janela oval.
O músculo tensor do tímpano está ligado ao martelo, enquanto o músculo estapédio se
liga ao estribo. A contração desses músculos enrijece a cadeia de ossículos e o impacto
da condução do som, agora transduzido, ao ouvido interno diminui. Isso ocorre quando
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf
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E-book Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do COVID-19. 1ªEd 2021.pdf

  • 1.
  • 2. NEUROCIÊNCIA CRÍTICA E CRIATIVA NOS TEMPOS DA PANDEMIA DO COVID-19 Instituto de Estudos Avançados da USP-RP Grupo de Estudos "Rede Ciência, Arte, Educação e Sociedade: CienArtES" Universidade de São Paulo Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano Prof. Titular do Departamento de Fisiologia Diretor do Laboratório de Neurofisiologia e Neuroetologia Experimental (LNNE) Departamento de Fisiologia - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Coordenador: Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco
  • 3. Copyright © 2021 Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia ou gravação, etc. - nem apropriada ou estocada em sistemas de bancos de dados, sem a expressa autorização do proprietário dos direitos autorais. Os textos e conteúdos temáticos dos vídeos são de exclusiva responsabilidade dos autores e não da Coordenação do Projeto. Projeto Gráfico e Capa Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco Jociany Lopes de Vasconcelos Coordenação Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco Título Neurociência Crítica e Criativa nos Tempos da Pandemia do Covid-19 Colaboração Dra. Itiana Castro Menezes.
  • 4. COMUNICADO SOBRE DIREITOS AUTORAIS O presente e-book “Neurociência, Crítica e Criativa em tempos de Pandemia de COVID-19” coordenado pelo Prof. Norberto Garcia Cairasco, contém a produção no formato de textos e vídeos de 100 alunos matriculados na Disciplina "RCG-212 Estrutura e Função do Sistema Nervoso" e 30 alunos matriculados na Disciplina “Integração Sensorial e Motora; Comportamento - RFI5774-6/2”. do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia, ambas ministradas na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, FMRP-USP. No contexto da Rede “Ciência, Arte, Educação e Sociedade - CienArtES” do Instituto de Estudos Avançados da USP-RP, os alunos participaram do “Projeto Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano”. Suas participações se deram por meio remoto, portanto, as produções aqui apresentadas, em vários casos contém imagens, recursos e sons retirados da Rede Mundial de Computadores. Enfatizamos que esse conteúdo é para fins educacionais e que, não tem o objetivo de arrecadação, transação ou atividade comercial. Sabemos, respeitamos e valorizamos direitos autorais e, sempre que possível, citamos as fontes. Prof. Dr. Norberto Garcia Cairasco Coordenador do projeto
  • 5. Carlos Germano Souza Palú (Turma 68) Claudio Luiz da Silva (Pós Graduação) Jociany Lopes de Vasconcelos (Turma 67) Lara Teles Moreira (Turma 67) Letícia Chagas Rocha (Turma 68) Luísa Sampaio Onofri (Turma 68) Lucas Flores Sartori (Turma 68) Lucas Sato (Turma 68) Luciana Mami Kiam (Turma 68) Pedro Pereira Prado Bagnola (Turma 68) Raquel Assumpção Sodré Matias de Lima (Turma 68) Coordenação Edição e Revisão Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco Ribeirão Preto 2021 Revisão Geral Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco Colaboração Dra. Itiana Castro Menezes
  • 6. 6 Sumário Prefácio.................................................................................................................. 10 Introdução ............................................................................................................. 12 Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do segundo ano (Turma 68) da FMRP em 09/04/2020 ..................................................................................... 12 Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” ...................... 16 Dicas e sugestões para a execução das atividades ............................................................. 17 Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do Cursão-Neuro em 06 de junho de 2020 ............................................................................................................... 25 Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” ...................... 30 Dicas e sugestões para a execução das atividades ............................................................. 31 Distribuição dos alunos durante o projeto .............................................................. 39 Leituras Sugeridas .................................................................................................. 43 Sentidos................................................................................................................. 44 No ritmo da música................................................................................................................. 45 Sons......................................................................................................................................... 48 A ciência por trás dos sons...................................................................................................... 51 Percepção dos sons: ciência e quarentena............................................................................. 58 Nossa integração ao ambiente por meio do som ................................................................... 60 Pavlov - Releitura .................................................................................................................... 62 Audição e Audiometria............................................................................................................ 65 Audição no Contexto da Pandemia......................................................................................... 68 Linguagem da música.............................................................................................................. 71 Aquiles..................................................................................................................................... 74 Abrindo a porta de madrugada…............................................................................................ 77 Reflexões sobre a surdez......................................................................................................... 79 A audição no dia a dia ............................................................................................................. 81 O sistema auditivo e a interação com o meio externo ........................................................... 84 A audição na vida rotineira ..................................................................................................... 88 A audição e a história humana................................................................................................ 91 A importância da musicalidade............................................................................................... 93 As Aventuras de Jojo parte 1 - Jojo e os sentidos ................................................................... 95 Música e memória................................................................................................................... 98 Os meios e as percepções do som ........................................................................................ 101 Sons do cotidiano.................................................................................................................. 105 Memória através do som ...................................................................................................... 108 A interpretação de sons durante a quarentena.................................................................... 112 Novos horizontes para a música ........................................................................................... 114 Os sons (des) percebidos no dia a dia................................................................................... 117 Almoço em Família................................................................................................................ 120 Audição e Imagens: diversas combinações........................................................................... 123 A audição como um importante sistema sensorial............................................................... 126 Movimento .......................................................................................................... 129
  • 7. 7 Brincadeira de criança........................................................................................................... 130 Luna....................................................................................................................................... 133 Movimento: aquilo que nos permite transformar o mundo ................................................ 136 Locomoção............................................................................................................................ 140 Marcha Humana: ciência e humanidade .............................................................................. 142 Aprendizagem motora .......................................................................................................... 144 Atividade cerebral ao violão.................................................................................................. 146 Adaptação do Movimento à Nova Realidade ....................................................................... 149 Tênis de Mesa, um esporte democrático.............................................................................. 151 Mantendo a postura ............................................................................................................. 154 Aprendendo algo novo.......................................................................................................... 157 “A Neurofisiologia do Thor” .................................................................................................. 160 A neurofisiologia do exercício físico: a ciência da dança ...................................................... 163 ON e OFF............................................................................................................................... 165 A arte do movimento humano.............................................................................................. 167 A modulação da marcha no cotidiano .................................................................................. 170 Aprendizado, prática e movimento....................................................................................... 173 As aventuras de Jojo parte 2: Jojo, o sono e os controles dos movimentos......................... 175 A imaginação do exercício físico ........................................................................................... 178 As nuances do aprendizado motor e do sono....................................................................... 180 A marcha ............................................................................................................................... 183 A marcha das espécies e a rotina.......................................................................................... 186 O controle do movimento..................................................................................................... 190 Marcha automática e consciente em cães............................................................................ 192 O elo entre cérebro, yoga e coordenação............................................................................. 195 A construção do Movimento................................................................................................. 198 Comparando a execução de tarefas simples e complexas de acordo com a idade.............. 201 Desafio: vigília e coordenação............................................................................................... 204 A coordenação do movimento dos seres.............................................................................. 206 Comportamento................................................................................................... 209 Atividade em Família............................................................................................................. 210 Café com pão......................................................................................................................... 213 Como usamos o cérebro para interagir com o meio?........................................................... 216 Percepção Emocional............................................................................................................ 219 Qual o valor da memória?..................................................................................................... 221 Relações interpessoais da quarentena ................................................................................. 223 O mau perdedor.................................................................................................................... 227 Castelo de cartas................................................................................................................... 229 Arte e neurobiologia de comportamento............................................................................. 231 Associações no Comportamento .......................................................................................... 234 Neurobiologia Comportamental e Atividades Cotidianas..................................................... 237 Córtices associativos no combate a doenças psiquiátricas................................................... 240 Gatilho................................................................................................................................... 243 Ano de vestibular, quarentena e expressão artística............................................................ 246 Um almoço de domingo e a neurofisiologia ......................................................................... 248 O futebol e as emoções......................................................................................................... 252 Distúrbios do sono EaD ......................................................................................................... 254
  • 8. 8 Neurobiologia do Isolamento................................................................................................ 256 Os Córtices e os processos sociais humanos......................................................................... 260 As aventuras de Jojo parte 3: Jojo e lesões cerebrais........................................................... 262 Seleção natural e expressões faciais..................................................................................... 265 O córtex, a Pandemia e o Governo ....................................................................................... 267 Atividades e habilidades........................................................................................................ 270 O efeito cortical no comportamento em atividades à distância........................................... 274 Levi tocando flauta doce....................................................................................................... 276 Movimentos e recompensas................................................................................................. 278 Poema desconstruído............................................................................................................ 282 Córtices associativos e neurobiologia do comportamento: reinventando-se na quarentena ............................................................................................................................................... 285 React às diferentes imagens ................................................................................................. 287 Bloco II................................................................................................................. 290 Sentidos & movimento - PG.................................................................................. 290 Ser Humano: The Good, The Bad and The Ugly .................................................................... 291 Sistemas sensoriais: emoções e sentimentos....................................................................... 294 Integração sociomotora em tempos de pandemia............................................................... 296 Repertórios sensoriais e os desafios de adaptação na pandemia ........................................ 300 Percepção sensorial em uma situação de isolamento social................................................ 303 Sistemas Sensoriais & Integração Motora ............................................................................ 305 Equilíbrio e visão sobre rodas e neurônios ........................................................................... 308 A estimulação sensorial e a integração do comportamento ................................................ 311 O conjunto polissensorial em nossa rotina........................................................................... 314 Os sentidos e o sentir-se seguro em meio ao isolamento social .......................................... 317 O que aprender com o distanciamento social durante a pandemia da COVID-19? ............. 320 Saudade sensorial: o despertar............................................................................................. 323 O dia a dia de um cérebro enclausurado .............................................................................. 326 Solitude, empatia e resiliência em tempos de pandemia COVID-19 .................................... 330 Sentidos especiais em meio à pandemia: O olhar para o interior........................................ 333 Á mesa com os sentidos aguçados em tempos de pandemia .............................................. 336 As respostas a estímulos sensoriais no cenário da pandemia COVID-19 ............................. 338 Comportamento _ PG........................................................................................... 342 Velhos hábitos versus novas rotinas, o novo comportamento no isolamento social........... 343 Um pedaço de carne bovina ou humana? ............................................................................ 345 Do piloto automático às percepções conscientes................................................................. 349 O processamento neural complexo e a produção do comportamento em tempos de pandemia ............................................................................................................................................... 351 Estresse, emoções e a percepção do mundo........................................................................ 354 Ansiedade no isolamento social............................................................................................ 356 Integração sensório motora e cognitiva nas artes marciais.................................................. 359 Sorrisos sob máscaras e alegrias, socialmente, isoladas....................................................... 361 Córtices associativos, isolamento social e a pandemia do COVID-19................................... 363 A busca pelo equilíbrio emocional e comportamental na pandemia................................... 367 Refletir ou não refletir? Eis a questão................................................................................... 369 O isolamento social e a saúde mental de idosos durante a pandemia da COVID-19........... 373 Associações: o despertar continua........................................................................................ 376
  • 9. 9 Quarentena: tomografia das emoções, comportamento e cognição................................... 378 Comportamento, cognição e isolamento.............................................................................. 381 O desafio das multitarefas em tempo de pandemia COVID-19............................................ 385 Mecanismos comuns, identidades distintas ......................................................................... 387 Como mudamos nossa forma de estudar durante a pandemia da COVID-19?.................... 391 O sentir físico e psíquico em tempos da pandemia do covid-19 ............................. 394 Projeto de pesquisa............................................................................................................... 395 O sentir físico e subjetivo em período de distanciamento/isolamento social durante pandemia de covid-19. Análise qualitativa e quantitativa..................................................................... 395 Pósfacio ............................................................................................................... 406 Projeto Gráfico e Capa.......................................................................................... 407 ANEXOS ............................................................................................................... 410 Anexo 1 – Tabela de localidades nos mapas do Brasil e de São Paulo ................................. 410 Anexo 2 – Termo de Consentimento .................................................................................... 413 Anexo 3 – Direitos do uso de imagem/copyrights................................................................ 415 Anexo 4 - Direitos do uso de imagem/copyrights................................................................. 416 Agradecimentos ................................................................................................... 417
  • 10. 10 Prefácio A implementação de aulas remotas na USP a partir de março de 2020, como consequência da pandemia de Covid-19, trouxe à tona a possibilidade de modificar drasticamente os métodos de ensino e aprendizado em todos os níveis de Educação, do Ensino Básico/Fundamental, ao Ensino Médio, de Graduação e Pós-Graduação. No cenário da FMRP, imediatamente após a comunicação de que deveríamos ministrar/fornecer aos alunos aulas, recursos, conteúdos, avaliações, sem prejuízo de conteúdos e da grade curricular, mas em cenário virtual/remoto, pensei em oferecer uma versão diferente, muito mais humana do que acadêmica. Afinal estávamos todos começando uma jornada que de entrada gerou muita apreensão, ansiedade e não poucas vezes, depressão. Meu raciocínio foi simples, mudaria o cenário, mas não o incentivo ao pensamento crítico e criativo! De fato, nas até então aulas presenciais, sempre (por mais de 30 anos na FMRP-USP) adotei recursos (além dos convencionais acadêmicos e científicos) vindos das artes, da história e da filosofia. Diretrizes, material de trabalho e aulas foram disponibilizados na Plataforma Moodle da FMRP aos alunos, tanto da Graduação, quanto da Pós-Graduação, com explicações de como procederíamos. O material que faz o corpo deste e-book é o produto dos textos e vídeos tematicamente acoplados, referentes às aulas de Neurofisiologia ministradas por mim, e que os alunos da Graduação da FMRP da Disciplina “Estrutura e Função do Sistema Nervoso - RCG212” (Bloco I) e da Disciplina “RFI5774 Integração Sensorial e Motora: Comportamento” (Bloco II) do Programa de Pós-Graduação de Fisiologia elaboraram, ao meu ver de maneira magnífica, mesmo na situação de aperto emocional, pressão acadêmica e contexto de total apreensão pelas incertezas da situação. O Bloco III do presente e-book é a versão sintética do Projeto em colaboração com a Dra. Itiana Castro Menezes, PhD em Saúde Mental “O sentir Físico e Subjetivo em Período de Distanciamento/Isolamento Social durante a Pandemia de Covid-19. Análise Qualitativa e Quantitativa” (Processo Plataforma Brasil nº 36963420.4.0000.5440; Parecer CEP HCFMRP/USP nº 4.249.063).
  • 11. 11 De fato, os indivíduos que preencheram planilhas, escores, escalas relacionadas com Saúde Mental são, inicialmente, os alunos que tiveram aulas de Graduação e Pós- Graduação mencionados acima. Este, denominado estudo piloto, atualmente em fase de análise estatística, servirá de base para aplicar este Projeto também em escala nacional. Sinto-me extremamente realizado e gratificado por esta construção plural, muito mais como ser humano, do que como Docente, Investigador e mesmo Divulgador de Neuro (Ciência). Agradeço enormemente aos alunos da FMRP-Turma 68 e aos alunos do “Cursão-Neuro” do PPG-Fisiologia da FMRP, pelo seu entusiasmo e dedicação. Embora no início enxergaram o peso de mais uma série de tarefas que iriam executar em meio a tantas dificuldades, no final sentiram o quanto estes exercícios, sobretudo de reflexão, serviram não só a eles individualmente, mas aos seus colegas e mesmo às suas famílias. Agradeço imensamente aos alunos das equipes de produção e edição do e-book, das Turmas 68 e 67 da FMRP, ao Cláudio Luiz da Silva do PPG-NNC da FMRP e à Itiana C. Menezes, Co-Coordenadora do Projeto em Saúde Mental, que ao longo destes 13 meses fizeram desta empreitada uma jornada de aprendizado mútuo e prazeroso comigo. Aos leitores do e-book, agradeceríamos que se colocassem empaticamente em nosso lugar, afinal todos estamos passando por esse período triste da humanidade, e esperamos que outras novas reflexões, sobretudo de esperança, possam sair de sua leitura. Prof. Norberto Garcia-Cairasco Ribeirão Preto, SP. Brasil Maio de 2021, após mais de um ano da Pandemia de Covid-19 ***
  • 12. 12 Introdução Projeto idealizado, criado e coordenado no primeiro semestre de 2020 pelo Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco, executado com 100 alunos do segundo ano de Graduação em Medicina da FMRP-USP (Turma 68), que cursaram a Disciplina “RCG-0212 Estrutura e Função do Sistema Nervoso”, e de 30 alunos (vários PPGs do Brasil) que cursaram a Disciplina de Pós-Graduação “RFI5774 Integração Sensorial e Motora: Comportamento” no Programa de Pós-Graduação em Fisiologia do Departamento de Fisiologia da FMRP- USP. Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do segundo ano (Turma 68) da FMRP em 09/04/2020 Observação: Pequenas modificações foram feitas ao material original, como produto dos acordos com os alunos ao longo do Curso. Outras modificações ou adaptações foram feitas a texto semelhante enviado aos alunos de Pós-Graduação (veja abaixo). Caros Alunos da Medicina 2º Ano. FMRP-USP Bom dia/Boa tarde/Boa Noite! Meu nome é Norberto Garcia-Cairasco, Biólogo e Neurofisiologista, Professor Titular do Departamento de Fisiologia da FMRP-USP Docente da Disciplina RCG-2012 Estrutura e Função do Sistema Nervoso. Aulas sob minha responsabilidade: 1a. Sentidos Especiais-Audição (Tf12); 1b. Atividade Elétrica de vias Sensoriais (Tf13) & Integração Polissensorial (Tf14); 2a. Controle da Postura e do Movimento - Integração Motora (Tf24); 2b. Regulação da Atividade Elétrica Cerebral (Tf29); 3a. Córtex Associativo (Tf31); 3b. Neurobiologia do Comportamento (Tf36). Estarei à disposição de vocês para discutir as minhas aulas que serão disponibilizadas (formato Microsoft Power Point) no Moodle. Farei também comentários na maioria dos slides, onde aparecem vídeos ou links para eles na internet,
  • 13. 13 como materiais complementares de estudo. Entendo claramente que não poderemos ter uma aula convencional, mas enviarei perguntas ou receberei elas de vocês. Observação: Em dias predeterminados as aulas acima mencionadas serão apresentadas em formato síncrono, de modo a esclarecer dúvidas adicionais e repassar todos os seus conteúdos. De maneira complementar, mas muito valioso neste momento e dadas as condições atuais, sobretudo de estresse e tensão por conta da Covid-19, gostaria de propor atividades para futuros Médicos, de preferência os melhores, que se inserem no contexto de ensino e aprendizado usando os Laboratórios do nosso Corpo e do Cotidiano. Gostaria que entendessem que da minha parte me importo muito mais pelas reflexões que em torno a estes temas possamos fazer, no contexto de altíssima vulnerabilidade e estresse em que nos encontramos todos, do que pela retenção de informações acadêmicas e científicas. As últimas virão em vários momentos, agora certamente, e especialmente quando tudo se normalize, mas as reflexões são únicas neste contexto! A proposta geral está organizada dentro de Grupo de Estudos maior que coordeno no Instituto de Estudos Avançados da USP-RP denominado Rede “Ciência, Arte, Educação e Sociedade, CienArtES” (atividades iniciadas em 2012). Dentro do “CienArtES” criei a “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano”. No contexto da Oficina Cândido Portinari e usando como referência o programa da Disciplina RCG-212, proponho que nas minhas aulas (detalhadas acima e agrupadas como descrito a seguir) cada um de vocês, usando o laboratório do próprio corpo, o cenário das vossas residências (familiares/repúblicas) façam práticas, registrem eventos, comportamentos, usando criatividade, produzindo vídeos com telefone celular, usando ou não editores de vídeo (som, legendas, efeitos especiais), tudo à vontade. Cada vídeo de 2 minutos (nem mais, nem menos) deverá vir acompanhado de um texto descritivo (tamanho de duas páginas (nem mais, nem menos); Word, Time New Roman, fonte 12), associado com o tema e as questões da respectiva aula.
  • 14. 14 Detalhes e dicas passarei a seguir para cada aula. Para cada tema, o nível de complexidade, questões estéticas, narração ou legendas, privilegiarão os conceitos, a narrativa que possa ser entendida no contexto científico geral, mas ao mesmo tempo de divulgação, esclarecimento para a Família, por exemplo, ou para a Sociedade em geral. Entendendo que no ambiente familiar há, por exemplo, diferenças de background educativo, idades (crianças, adultos, idosos), poderá haver restrições de entendimento, ou pessoas com deficiências específicas sensoriais ou cognitivas. Dessa maneira é interessante considerar também (embora não obrigatória) a confecção de versões dos vídeos que incorporem inclusão (pelos motivos acima), quando explicitamente detalhadas. A título de exemplo, surdez, de nascença ou por envelhecimento, poderá estar presente na mesma família, com matizes diversos, criança com surdez pós-tratamento com antibiótico (ototóxico), com zumbido ou tinitus como consequência, e idoso com surdez de envelhecimento (presbiacusia). De novo, pensem que estes vídeos poderão ser publicados na “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano”. Com isto, além de termos contribuído com o aprendizado, do pensar crítico e criativo, de alunos de Medicina da FMRP-USP, contribuiremos para a Divulgação Científica, desmistificação do conhecimento científico. Isto é particularmente importante, num momento em que, independentemente da origem geográfica, o hemisfério do planeta onde os países se situem, sua riqueza comercial ou em biodiversidade, seu histórico de educação ou patrimônio econômico, uma pandemia (Covid-19), produzida por uma nanopartícula viral (Sars-CoV-2), nos lembrou que somos iguais e removeu a nossa arrogância. Nesse cenário a Ciência e a Educação se mostram como os grandes alicerces para enfrentar o maior desafio da Saúde Pública da Humanidade na Sociedade Contemporânea. Tenho plena certeza de que não é o momento ideal para solicitar de vocês concentração total, aproveitamento máximo, dadas as circunstâncias de estresse, em alguns casos de pânico, ou dificuldade de concentração, porém a mudança de paradigma que esta pandemia solicita inclui nossa maneira presente e futura de enxergar o mundo e por consequência o ensino geral e o da Medicina. Não creio que seja apenas fazermos aulas virtuais, num exercício potencialmente bem-sucedido de educação à distância!
  • 15. 15 O registro das ações que aqui proponho, além de fazerem parte da Disciplina RCG-212, poderão ser apresentadas também posteriormente na IX Semana Nacional do Cérebro, que infelizmente e pelas mesmas circunstâncias (Covid-19) foi cancelada/adiada neste ano. Durante vários anos (desde 2012) alunos da Liga de Neuro da FMRP-USP, sob a minha coordenação, já participaram desta semana, que faz parte da versão mundial da “Brain Awareness Week”, com enorme sucesso. É muito importante e interessante que ao longo do semestre, sejam feitas reuniões virtuais (datas a serem combinadas) para esclarecer dúvidas com vocês! Observação Importante sobre a Avaliação das Atividades: No meu caso (NGC) cada aluno, duplas ou máximo trios de alunos, deverão confeccionar três (3) vídeos e três (3) textos. Os vídeos e textos poderão ser colocados para observação de todos no Moodle e como atividades associadas à “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano Oficina Cândido Portinari” do Projeto “CienArtES” do IEA-USP-RP, para fins de divulgação científica. Mensagem Principal: As experiências individuais, com o contexto das famílias, redescobrem um ambiente absolutamente real, do qual o Médico, o homem em geral, nunca se livrará. A questão gritante é que no cenário da Covid-19 este contexto foi recriado, com matizes de apreensão, medo e estresse. Por favor, se ao estarmos aprendendo na RCG-212, resumindo o tema das minhas aulas como “Neurofisiologia Sensorial, Motora e Comportamental”, sobretudo do ser humano (Médico ou não), o objetivo maior é nos conhecermos melhor. Por isso, certamente esta experiência será muito mais valiosa que a memorização de eventuais conteúdos, com potencial obsolescência rápida, mas que muitas vezes representam pouco aprendizado da nossa natureza humana, da qual o Médico nunca poderá prescindir!
  • 16. 16 Agradeço muito que em situação tão delicada para a humanidade, possamos ter, apesar de não estarmos cara a cara, um contato bem próximo. Contem comigo, de verdade! Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” Justificativa: Com o fortuito isolamento pelo que todos estamos passando, como consequência da Pandemia da Covid-19, percebemos o quanto a Ciência é fundamental nas nossas vidas, ora para explicar quem somos, em que ambiente vivemos e como as interações bidirecionais entre o homem (individual e social) e a natureza permitem que a qualidade de vida de ambos o homem e o planeta em que ele habita, seja equilibrada, harmonizada. Nesse contexto definimos também Saúde e Doença, de ambos, do Planeta e do Homem! Para entendermos o complexo sistema que chamamos de realidade, do ponto de vista da Ciência e da Neurociência em particular, devemos entender quais são os canais de comunicação entre o homem e o ambiente, como eles ativam o organismo, inicialmente por meio de sensores específicos e graças a múltiplas transformações, permitem que construções especiais sejam feitas de canais específicos ou modalidades sensoriais, por exemplo auditiva, visual, tátil. Depois de processamentos, integração com outros canais, as próximas etapas podem associar as respostas seletivas, agora de maneira integrada. O resultado final é o comportamento, que não é mais do que uma orquestração de todos esses sistemas, inicialmente sensoriais, seguidamente de integração ou associativos e, finalmente, efetores ou de ações, muitas vezes motoras, coerentes com as demandas que os sistemas sensoriais iniciaram e dos processamentos que geraram. Poderíamos metaforicamente dizer que a realidade, criada pelo cérebro, não seria mais do que multiversos conjugados, e que curiosa e intrigantemente, a sua interpretação (científica) finalmente depende do próprio cérebro em funcionamento: “Estudamos o Cérebro usando o Cérebro”. Objetivos: Tendo o contexto acima mencionado como o gatilho para a criatividade e o aprendizado, nos melhores laboratórios que são: nosso organismo, nosso cotidiano e
  • 17. 17 nossas experiências pessoais, propomos nas Aulas que ministro na Disciplina RCG-212 Estrutura e Função do Sistema Nervoso (listadas acima) atividades didáticas complementares que no seio das casas/famílias (circunstância única e fortuita) visem detectar, ilustrar, explicar conceitos, conforme a sequência das aulas (7), que deverão ser registrados em vídeos (3, conforme agrupamento abaixo) de duração de 2 minutos, e em textos (1 que acompanha cada vídeo, com extensão máxima de 2 páginas) explicativos. Dicas e sugestões para a execução das atividades 1. Vídeo e texto sobre as Aulas “Neurofisiologia da Audição (Tf12)” & “Atividade Elétrica de vias Sensoriais (Tf13) - Integração Polissensorial (Tf14)” Reflexões sobre o sistema auditivo, a audição como um importantíssimo sistema de comunicação. Dos sons na natureza à música, à fala, aos ruídos, seu significado e impacto como elementos de comunicação. No contexto da discussão do sistema sensorial específico audição, podemos nos debruçar sobre cenas do nosso cotidiano. Inicie fazendo uma lista de todos os tipos de sons que podem ser detectados durante o dia e a noite estando dentro de sua casa. Classifique estes sons como naturais, dentro destes os provenientes do homem ou de animais. Dos sons humanos consegue classificar variações? Relação com a idade das pessoas, com o contexto cognitivo ou emocional? Sons como agentes de comunicação? Voz, linguagem, relação com gênero? Sem usar equipamentos ou ferramentas sofisticadas, sugira como mediria a audição das pessoas que convivem com você. Dia e noite, de maneira diferente potenciam/evidenciam ou mascaram sons? Alguns desses sons são noturnos, outros apenas diurnos? Quais seriam os sons artificiais dentro da casa, produzidos pelo homem, por ferramentas, equipamentos? E, fora da casa, carros, outros? Qual o impacto, eventualmente deletério, desses sons na capacidade auditiva? Surdez por hiperexposição, zumbido ou tinnitus como consequências intratáveis? Relação entre presença de sons naturais e artificiais e
  • 18. 18 aspectos emocionais, cognitivos? O que são os sons enquanto parte de sistemas de defesa do organismo? Música erudita, sons tribais ou mesmo os simples/familiares podem afetar nosso encéfalo e cérebro permitindo que evoquemos cenários ou memórias específicas. Conectamos desta maneira o presente com o passado. Por outro lado, músicas ou ruídos específicos também podem nos colocar em situações de repouso, descanso ou, quando o conteúdo for traumático, se associam a eventos autobiográficos que, embora quiséssemos nos livrar deles, teríamos muita dificuldade em conseguir fazê-lo. Por isto, associações marcantes entre traumas da infância e adolescência podem explicar, meses ou mesmo anos e décadas depois, o chamado estresse pós-traumático. O gatilho, um som, uma música. Claro que em outras modalidades sensoriais o gatilho poderia ser um cheiro ou uma imagem. Como, então, a audição interage com outras modalidades sensoriais na produção pelo nosso encéfalo e cérebro da realidade plural, polissensorial que nos cerca? Há exemplos, no ambiente familiar, de alguns desses eventos? Como detectar capacidade auditiva, limiares, perdas com resposta comportamental simples? Quais seriam estes protocolos, ditos caseiros? Não é de outra maneira que pais e professores(as) na pré-escola ou no ensino fundamental detectam perdas auditivas precoces? Sobressalto e resposta em crianças. Qual é a diferença entre adultos jovens e idosos? Complementarmente, no ambiente clínico e acadêmico, como usar ferramentas para avaliar audição? Emissões oto-acústicas ou de detecção de sons produzidos pelas células externas da cóclea ao se contraírem, ou técnicas eletrofisiológicas: audiometria, potenciais evocados (induzidos), que detectam as assinaturas eletrofisiológicas das vias sendo ativadas, no tronco cerebral e corticais. Uma vez que sejam identificadas todas as possíveis variações de sons, as suas características e impacto em nossas vidas, dependendo da idade e de estados emocionais, faça um vídeo de 2 minutos (anexe texto descritivo de até 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação desta experiência.
  • 19. 19 Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Neurofisiologia da Audição” & “Atividade Elétrica de Vias Sensoriais – Integração Polissensorial” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares em pauta. 2. Vídeo e texto sobre as Aulas “Controle da Postura e do Movimento - Integração Motora (Tf24)” & “Regulação da Atividade Elétrica Cerebral (Tf29)”. Reconhecer que em nosso dia a dia andamos/vivemos em proporção muito alta (perto de 70-80%) no piloto automático seria uma exageração? Mas o que é mesmo o piloto automático? Pensem, no momento desta leitura quantos de vocês estão respirando? Espero que 100%! Antes da minha pergunta, quantos de vocês, de fato, estavam cientes de que estavam respirando? A diferença é o piloto automático! Que ótimo que tenhamos Sistema Nervoso Autônomo, Marcapassos Cerebrais, Respiratórios, Cardíacos, mas que sabidamente são modulados pelo nosso Cérebro Cognitivo (Córtex Frontal)! Nosso organismo funciona porque múltiplos sistemas de controle e processos integrativos fazem que essa máquina chamada de corpo humano processe complexas informações provenientes do meio ambiente, do seu interior, gerando impacto em ambas as direções. Além dos sistemas sensoriais que já discutimos, os de associação ou integração são vitais para a execução de respostas adaptativas. No miolo desses processos de integração temos redes nervosas, sistemas músculo-esqueléticos, sistemas endócrino e metabólico, renal, pulmonar, cardíaco e suas redes vasculares, sistema imune. Um desses sistemas de execução de respostas adequadas, após processamento de eventos sensoriais, é o sistema de controle da postura e do movimento. Ele gera múltiplas soluções às necessidades do organismo, de maneira enormemente integrada. Nesse contexto e usando de novo o cotidiano como Laboratório, identifique no cenário da família, eventos simples como por exemplo, a marcha (compare idades de desenvolvimento) e descreva como ela é executada, inicialmente no chamado piloto automático, depois como ela é modulada conforme estejamos em chão raso, ou subindo ou descendo escadas, com as mãos ocupadas ou não, concentrados ou distraídos.
  • 20. 20 De fato, sabemos que em estruturas da medula espinhal temos os chamados “geradores centrais de padrão” (conjunto de neurônios e interneurônios e suas conexões excitatórias e inibitórias), neste caso que codificam o “padrão marcha”. Eles apresentam relativa autonomia, por si sós explicam a alternância entre extensores e flexores, mas recebem de maneira maciça e complexa influências da periferia sensorial, do tronco cerebral, do cerebelo, dos núcleos da base e do córtex cerebral. Esses sistemas sofrem as influências do ambiente, respondem com plasticidade à sua execução repetida, tem memória. Em diferentes circunstâncias vários desses sistemas falham e as manifestações neurológicas poderão ir de atonias, simples tremores, quadros distônicos, marchas atáxicas, compulsões, até crises convulsivas, entre tantas outras. Nesse contexto, descreva padrões motores normais e eventualmente anormais que você detecte em sua casa e relacione eles com idade ou desenvolvimento. Pense no aprendizado de tarefas complexas motoras, como as explícitas na execução de movimentos em esportes competitivos, radicais, execução de instrumentos musicais, danças. Nessas situações mais complexas, os movimentos podem em algum momento ser imaginados, justamente o produto da evocação das memórias ou aprendizados dos padrões motores. Na sequência podem ser descritos e verbalizados e muitos deles poderão ser usados para engatilhar padrões, por exemplo, que alimentam, via registros de atividade cerebral (EEG, veja a aula correspondente abaixo) e engenharia reversa aplicados a braços ou pernas robóticas em protocolos de reabilitação de alta tecnologia. Para completar estas atividades e seus relatos (vídeo e texto escrito), contextualize se elas ocorrem durante a vigília (estar acordados), quando todos os sistemas sensoriais estão em ação, ou durante o sono, seja o de ondas lentas, ou o dos movimentos oculares rápidos (MOR). Levando em consideração o tema “Regulação da Atividade Elétrica Cerebral”, substrato fundamental aos registros de eletroencefalograma (EEG), descreva como há variações comportamentais, de atividade muscular durante o ciclo vigília-sono. É bem possível que você verifique em algum membro da família atividade muscular atenuada (corresponderia ao sono lento, caso um EEG fosse realizado) ou atividade muscular inibida (atonia muscular, com exceção
  • 21. 21 de MOR). Paradoxalmente no sono MOR a atividade onírica (sonhos) é intensa (com EEG semelhante ao da vigília). Identifique todas as possíveis variações de posturas, as nuances dos nossos movimentos no dia a dia (ou no ciclo sono-vigília), o aprendizado de tarefas motoras, as suas características e impacto em nossas vidas, dependendo da idade e de estados emocionais. Descreva sobre diferenças na execução destas tarefas, se associadas às fases do ciclo sono-vigília. Procure documentar perdas motoras ou deficiências funcionais. Doenças clássicas como a de Parkinson, crises convulsivas nas Epilepsias, Coreia de Huntington, são exemplos destas alterações. Com toda essa retaguarda conceitual, faça um vídeo de 2 minutos (anexe texto descritivo de até 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação desta experiência. Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Controle da Postura e do Movimento - Integração Motora” & “Regulação da Atividade Elétrica Cerebral” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares em pauta. 3. Vídeo e texto sobre as Aulas “Córtex Associativo (Tf31)” & “Neurobiologia do Comportamento (Tf36)”. No cenário familiar você deverá identificar todas as possíveis variações de eventos relacionados com as funções do córtex associativo frontal, do córtex associativo temporal e do córtex associativo parietal. Evidentemente que a reconstrução da realidade implica a interação e integração destes córtices (que representam 75% do total cortical), alimentados pelos respectivos córtices sensoriais primários, e conectados para a execução de tarefas pelos córtices motores (este conjunto sensório-motor representa apenas 25% do total cortical). No caso do córtex associativo frontal, é pré-requisito tentar detectar no ambiente familiar/do cotidiano, exemplos de funções executivas, planejamento complexo de atividades, antecipação do efeito ou impacto de nossos atos (filtro social),
  • 22. 22 elaboração de pensamento reflexivo, inibição consciente de hábitos com impacto negativo, a percepção consciente de nosso papel e responsabilidades sociais. De maneira genérica, o córtex frontal, agindo em conjunto com os córtices sensoriais e motores, e os córtices associativos parietal e temporal, informam ao indivíduo de si próprio em relação ao mundo externo. O paciente Phineas Gage é um exemplo clássico na literatura neurológica de lesão frontal, com perda de filtro social. No caso do córtex associativo temporal, é importante detectar e descrever no cotidiano, funções como o reconhecimento de objetos e de faces, estas últimas com conteúdo emocional, por exemplo reconhecimento de rostos familiares. O contexto maior do que significam as expressões faciais e sua leitura, interpretação ou processamento, é consequência de pesquisas excepcionais iniciadas por Charles Darwin no Século XIX e contidas no seu famoso livro “A expressão das emoções no homem e nos animais”. Na neuropsiquiatria contemporânea, há detecção de alterações clínicas na interpretação de faces, por exemplo, com conteúdo de medo. Além deste fenômeno se associar com depressão, há nestes pacientes um correlato de imagem de ressonância funcional que indica atividade alterada em estruturas do lobo temporal como a amígdala, fortemente envolvida em processamento de memórias emocionais. A perda das funções de reconhecimento facial é denominada em geral agnosia, predominante no lobo temporal direito. Quando há lesões no lobo temporal esquerdo, usualmente o fenômeno é de alterações da linguagem. Genericamente o lobo temporal é fundamental para processos de aprendizado e memória, de maneira que a solicitação de evocação de memórias (e a confirmação de facilidade ou dificuldade) em várias idades auxilia nesta tarefa. Alguns exemplos são amnésias, pós-traumáticas, passageiras ou duradouras. No caso do córtex associativo parietal é importante lembrar, quando se pensa em procurar estes aspectos no cotidiano, no ambiente familiar, que estes circuitos ou redes estão envolvidos em processos de atenção. Embora suas lesões se reflitam nos déficits das síndromes de negligência contralateral, curiosamente não há déficits primários sensoriais nem motores que impeçam que estes indivíduos vejam ou sintam seus corpos ou objetos em volta. Por outro lado, eles podem apresentar dificuldade em
  • 23. 23 perceber (prestar atenção) em objetos ou partes do próprio corpo ou se orientar em relação a estímulos apresentados no campo visual contralateral à lesão, particularmente do lobo parietal direito. No caso das atividades associadas com os conceitos sobre “Neurobiologia do Comportamento” é interessante que seja contrastado no ambiente do cotidiano, das famílias, o uso de nosso encéfalo para a execução de atividades razoavelmente simples de serem executadas, pois trazem conforto e felicidade para quem as realiza, tais como a generosidade, a empatia, a solidariedade. Esses eventos dependem primariamente de sistemas sensoriais específicos, em interação com os córtices motores e os córtices associativos. Outras atividades, executadas magistralmente, representam habilidades e manifestações sublimes como as Artes e a Ciência. Se porventura, por exemplo, algum dos alunos toca algum instrumento musical, executa tarefas literárias, dança, faz esporte, seria interessante que discutisse como estes eventos modulam o nosso comportamento, de maneira a serem ferramentas de tratamento de ansiedade ou depressão, de geração de empatia, generosidade, pensamento coletivo ou solidário. No cenário da Covid-19, estas atividades “nobres” ganham espaço ou ao contrário são comprometidas pela nossa fragilidade, ansiedade, depressão? O paradoxo é que esse mesmo encéfalo e cérebro descritos acima podem ser usados também pela nossa espécie o Homo sapiens, para executar tarefas e condutas nada nobres, como a violência, no trabalho ou a doméstica, agressão ou desprezo no campo individual ou social, todas elas vistas como rejeições injustificadas, tais como a homofobia, o racismo, a misoginia, a xenofobia e o bullying, entre muitas outras. Numa complexa interação de eventos genéticos, de origem socioeconômica, com profundas raízes históricas e políticas, de ambiente psicossocial, aspectos epigenéticos, a Neurobiologia do Comportamento como evento multifatorial, certamente nos permite refletir sobre quem somos e quanto do que decidimos ser depende ou não de nós (e quanto podemos mudar ativamente), e de ambientes para o desenvolvimento, enriquecidos ou não. As Artes e a Neuro(Ciência) conjugadas nos auxiliam nesta avaliação.
  • 24. 24 Novamente o cenário atual vem à tona. O recolhimento obrigatório pela pandemia facilita a reflexão, mas por outro lado aumenta chances de distúrbios alimentares, aumento da ingesta de álcool (que pode potenciar violência e depressão), incremento de dependência cibernética ou de videogames. Como utilizar essa mistura de reflexão com atividades culturais para bem do aprendizado, sobretudo de quem somos? Eis o desafio maior, não apenas para cada um de nós, mas para a Humanidade como um todo. Dadas as circunstâncias atuais de estresse e tensão, podemos perceber que no cenário do cotidiano e familiar detectamos algumas mudanças comportamentais, como mencionado acima, que talvez não teriam sido reveladas no ambiente corrido, do dia a dia convencional, diga-se de passagem, de “piloto automático”, pouco reflexivo, prévio à Covid-19? A tarefa específica desta atividade é fazer um vídeo de 2 minutos (anexe texto descritivo de até 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação desta experiência. Neste caso particular gostaria de enfatizar que há que fundir no vídeo os conceitos complementares contidos na descrição de funções dos Córtices Associativos e a Neurobiologia do Comportamento. São, sem dúvida, conceitos e processamentos absolutamente integrados em nosso cotidiano. Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Córtex Associativo” & “Neurobiologia do Comportamento” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares em pauta. Ótimas atividades complementares. Novamente contem comigo para a sua construção! Professor Norberto Garcia Cairasco ngcairas@usp.br Ribeirão Preto, 09 de abril de 2020 ***
  • 25. 25 Material introdutório disponibilizado no Moodle-FMRP-USP aos alunos do Cursão-Neuro em 06 de junho de 2020 Observação: Pequenas modificações foram feitas ao material original, como produto dos acordos com os alunos ao longo do Curso. Caros Alunos da Disciplina RFI-5774 - PPG Fisiologia-FMRP-USP. Bom dia/Boa tarde/Boa Noite! Meu nome é Norberto Garcia Cairasco, Biólogo e Neurofisiologista, Professor Titular do Departamento de Fisiologia da FMRP-USP. Coordenador e Docente da Disciplina RFI-5774 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA – COMPORTAMENTO. Observação: Por favor, leiam com atenção o programa abaixo que foi adaptado à nova modalidade, mantendo as minhas aulas, com leve mudança da sequência, mas respeitando as datas. De fatos estas não foram modificadas, por isto deixei essa sequência e não fiz nova numeração das aulas para não confundir! DATA ATIVIDADES HORÁRIO 11.06.20 5a. feira Aula: Recepção, Análise e Armazenamento de Informações Sensoriais. Audição (NGC) 14:00 h 12.06.20 6a. feira Aula: Recepção, Análise e Armazenamento de Informações Sensoriais. Olfação e Sistema Límbico (NGC) 16:00 h 15.06.20 2a. feira Discussão: Audição & Olfação/Sistema Límbico I Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC) 16:00 h 16.06.20 3a. feira Aula: Planejamento, Programação e Regulação de Atividades Motoras. Medula Espinhal (NGC) 8:00 h 16.06.20 3a. feira Discussão: Audição & Olfação/Sistema Límbico II Perguntas e resolução de dúvidas (NGC) 10:00 h 17.06.20 4a. feira Aula: Planejamento, Programação e Regulação de Atividades Motoras. Estruturas Subcorticais: Núcleos da Base, Tronco Cerebral e cerebelo) (NGC) 10:00 h 18.06.20 5a. feira Aula: Planejamento, Programação e Regulação de Atividades Motoras. Integração Motora - (NGC) 8:00 h 18.06.20 5a. feira Discussão: Medula Espinhal Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC) 10:00 h
  • 26. 26 22.06.20 2a. feira Discussão: Estruturas Subcorticais: Núcleos da Base, Tronco Cerebral e Cerebelo Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC) 14:00 h 22.06.20 2a. feira Discussão: Integração Motora I Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC) 16:00 h 23.06.20 3a. feira Aula: Comportamento. Córtex Associativo & Neurobiologia do Comportamento (NGC) 8:00 h 25.06.20 5ª. Feira Discussão: Integração Sensório-Motora Apresentação de Vídeos e entrega de textos: “Sistemas Sensoriais & Integração Motora” – Veja Contexto e Instruções abaixo (NGC) 10:00 h 26.06.20 6ª. Feira Discussão Geral 1 (NGC, GAL, EC) 14:00 h 03.07.20 6a. feira Discussão: Córtex Associativo & Neurobiologia do Comportamento II. Perguntas-Resolução de dúvidas (NGC) 08:00 h 03.07.20 6ª feira Discussão: Apresentação de Vídeos e entrega de textos: “Córtex Associativo & Neurobiologia do Comportamento” – Veja Contexto e Instruções abaixo (NGC) 10:00 h 03.07.20 6ª. Feira Discussão Geral 2 (NGC, GAL, EC) 14:00 h Como comentei na aula inaugural no dia 01/06, estarei à disposição de vocês para discutir as minhas aulas que serão disponibilizadas (formato Microsoft Power Point) no Moodle. Farei também comentários na maioria dos slides, no qual aparecem vídeos ou links para eles na internet, como materiais complementares de estudo. Entendo
  • 27. 27 claramente que não poderemos ter uma aula convencional, mas enviarei perguntas ou receberei elas de vocês. De maneira complementar, mas muito valioso neste momento e dadas as condições atuais, sobretudo de estresse e tensão por conta da Covid-19, gostaria de propor atividades para futuros Docentes e Investigadores, de preferência os melhores, que se inserem no contexto de ensino e aprendizado usando os Laboratórios do nosso Corpo e do Cotidiano. Gostaria que entendessem que da minha parte me importo muito mais pelas reflexões que em torno a estes temas possamos fazer, no contexto de altíssima vulnerabilidade e estresse em que nos encontramos todos, do que pela retenção de informações apenas acadêmicas e científicas. As últimas virão em vários momentos, agora certamente, e especialmente quando tudo se normalize, mas as reflexões são únicas neste contexto! A proposta geral está organizada dentro de um Grupo de Estudos maior que coordeno no Instituto de Estudos Avançados da USP-RP denominado Rede “Ciência, Arte, Educação e Sociedade, CienArtES” (atividades iniciadas em 2012). Dentro do “CienArtES” criei a “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano”. No contexto da Oficina Cândido Portinari e usando como referência o programa da Disciplina RFI-5774, INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA – COMPORTAMENTO, proponho que nas minhas aulas (detalhadas acima e agrupadas em dois blocos) cada um de vocês individualmente, em duplas, ou máximo em trios, a serem definidos logo na primeira aula, usando o laboratório do próprio corpo, o cenário das vossas residências familiares (geralmente este é o caso neste momento) ou façam práticas, registrem eventos, comportamentos, usando criatividade, produzam dois (2) vídeos com telefone celular, usando ou não editores de vídeo (som, legendas, efeitos especiais), tudo à vontade. Cada vídeo de 2 minutos (nem mais, nem menos) deverá vir acompanhado de um texto descritivo (tamanho de 2 páginas, nem mais, nem menos; Word, Time New Roman, fonte 12), associado com o tema e as questões do respectivo bloco de aulas (vejam detalhes abaixo). Para cada tema (bloco de aulas; vejam no programa modificado), o nível de complexidade, questões estéticas, narração ou legendas, privilegiarão os conceitos, a
  • 28. 28 narrativa que possa ser entendida no contexto científico geral, mas ao mesmo tempo de divulgação, esclarecimento para a Família, por exemplo, ou para a Sociedade em geral. Entendendo que no ambiente familiar há, por exemplo, diferenças de background educativo, idades (crianças, adultos, idosos), poderá haver restrições de entendimento, ou pessoas com deficiências específicas sensoriais ou cognitivas. Dessa maneira é interessante considerar também (embora não obrigatória) a confecção de versões dos vídeos que incorporem inclusão (pelos motivos acima), quando explicitamente detalhadas. A título de exemplo, surdez, de nascença ou por envelhecimento, poderá estar presente na mesma família, com matizes diversos, criança com surdez após tratamento com antibiótico (ototóxico), com zumbido ou tinnitus como consequência, e idoso com surdez de envelhecimento (presbiacusia). De novo, pensem que estes vídeos serão (após autorização e verificação de direitos autorais; copyrights) ser publicados na “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano”. Com isto, além de termos contribuído com o aprendizado, do pensar crítico e criativo, de alunos de nosso PPG em Fisiologia da FMRP-USP, contribuiremos para a Divulgação Científica, desmistificação do conhecimento científico. Isto é particularmente importante, num momento em que, independentemente da origem geográfica, o hemisfério do planeta onde os países se situem, sua riqueza comercial ou em biodiversidade, seu histórico de educação ou patrimônio econômico, uma pandemia (Covid-19), produzida por uma nanopartícula viral (Sars-CoV-2), nos lembrou que somos iguais e removeu a nossa arrogância. Nesse cenário a Ciência e a Educação se mostram como os grandes alicerces para enfrentar o maior desafio da Saúde Pública da Humanidade na Sociedade Contemporânea. Tenho plena certeza de que não é o momento ideal para solicitar de vocês concentração total, aproveitamento máximo, dadas as circunstâncias de estresse, em alguns casos de pânico, ou dificuldade de concentração, porém a mudança de paradigma que esta pandemia solicita/inclui à nossa maneira presente e futura de enxergar o mundo e por consequência o ensino geral e o das Ciências, entre elas a Fisiologia. Não creio que seja apenas fazermos aulas virtuais, num exercício potencialmente bem-sucedido de educação à distância!
  • 29. 29 O registro das ações que aqui proponho, além de fazer parte da Disciplina RFI- 5774, poderá ser apresentado também posteriormente em eventos de divulgação científica, de caráter nacional ou internacional, como a IX Semana Nacional do Cérebro, que infelizmente e pelas mesmas circunstâncias (Covid-19) foi cancelada/adiada neste ano. Durante vários anos (desde 2012), alunos da Liga de Neuro da FMRP-USP e cada vez mais alunos de vários Laboratórios de nosso PPG em Fisiologia, com o nosso constante incentivo e coordenação, já participaram com enorme sucesso, desta semana que faz parte da versão mundial da “Brain Awareness Week”. É muito importante e interessante que ao longo da Disciplina vocês participem, não somente das aulas, mas de todas as discussões virtuais nas datas já indicadas no programa! Observação Importante sobre a Avaliação das Atividades: Serão duas avaliações que terão formatos específicos, conforme o Docente. A nota final será a média das notas de todos os Docentes. Serão duas avaliações (PI e PII), mas os Docentes poderão fracionar os seus valores com atividades complementares. No meu caso (NGC) cada aluno, duplas ou máximo trios de alunos, deverão confeccionar dois (2) vídeos e dois (2) textos. No final da Disciplina esses materiais poderão ser colocados para observação de todos, se autorizados pelos seus autores, no Moodle e como mencionado acima, como atividades associadas à “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e Arte do Cotidiano Oficina Cândido Portinari” do Projeto “CienArtES” do IEA- USP-RP, para fins de divulgação científica. Mensagem Principal: As experiências individuais, com o contexto das famílias, facilitam a redescoberta de um ambiente absolutamente real, do qual cada um de nós, o homem em geral, nunca se livrará. A questão gritante é que no cenário da Covid-19 este contexto foi recriado, com matizes de apreensão, medo e estresse. Por favor, se ao estarmos aprendendo e estudando na Disciplina RFI-5774, resumindo o tema das minhas aulas como “Neurofisiologia Sensorial, Motora e Comportamental”, sobretudo do ser humano (Biólogo, Biomédico, Médico, Farmacêutico, Enfermeiro, Fisioterapeuta, Físico, outros), o objetivo maior é nos
  • 30. 30 conhecermos melhor. Por isso, certamente esta experiência será muito mais valiosa que a memorização de eventuais conteúdos, com potencial obsolescência rápida, mas que muitas vezes representam pouco aprendizado da nossa natureza humana, da qual não poderemos prescindir! Agradeço muito que em situação tão delicada para a humanidade, possamos ter, apesar de não estarmos cara a cara, um contato bem próximo. Contem comigo, de verdade! Atividades da “Oficina Cândido Portinari: A Ciência e a Arte do Cotidiano” Justificativa: Com o fortuito isolamento pelo que todos estamos passando, como consequência da Pandemia da Covid-19, percebemos o quanto a Ciência é fundamental nas nossas vidas, ora para explicar quem somos, em que ambiente vivemos e como as interações bidirecionais entre o homem (individual e social) e a natureza permitem que a qualidade de vida de ambos o homem e o planeta em que ele habita, seja equilibrada, harmonizada. Nesse contexto definimos também Saúde e Doença, de ambos, do Planeta e do Homem! Para entendermos o complexo sistema que chamamos de realidade, do ponto de vista da Ciência e da Neurociência em particular, devemos entender quais são os canais de comunicação entre o homem e o ambiente, como eles ativam o organismo, inicialmente por meio de sensores específicos e graças a múltiplas transformações, permitem que construções especiais sejam feitas de canais específicos ou modalidades sensoriais, por exemplo auditiva, visual, tátil. Depois de processamentos, integração com outros canais, as próximas etapas podem associar as respostas seletivas, agora de maneira integrada. O resultado final é comportamento, que não é mais do que uma orquestração de todos esses sistemas, inicialmente sensoriais, seguidamente de integração ou associativos e, finalmente, efetores ou de ações, muitas vezes motoras, coerentes com as demandas que os sistemas sensoriais iniciaram e dos processamentos que geraram. Poderíamos metaforicamente dizer que a realidade, criada pelo cérebro, não seria mais do que multiversos conjugados, e que curiosa e intrigantemente, a sua interpretação (científica) finalmente depende do próprio cérebro em funcionamento: “Estudamos o Cérebro usando o Cérebro”.
  • 31. 31 Objetivos: Tendo o contexto acima mencionado como o gatilho para a criatividade e o aprendizado, nos melhores laboratórios que são: nosso organismo, nosso cotidiano e nossas experiências pessoais, propomos nas Aulas que ministro na Disciplina RFI-5774 INTEGRAÇÃO SENSORIAL E MOTORA - COMPORTAMENTO (listadas acima) atividades didáticas complementares que no seio das casas/famílias (circunstância única e fortuita) visem detectar, ilustrar, explicar conceitos, conforme a sequência das aulas (7), que deverão ser registrados em vídeos (2, conforme agrupamentos abaixo) de duração 2 minutos, e em textos (2, que acompanham cada vídeo, com extensão máxima de 2 páginas) explicativos. Dicas e sugestões para a execução das atividades 1. Vídeo e texto sobre as Aulas “Audição; Olfação e Sistema Límbico; Atividades Motoras: Medula Espinhal, núcleos da base, tronco cerebral e cerebelo, córtex, integração motora”. Iniciarei com um exemplo de cenários no sistema auditivo, mas estas reflexões são válidas para os outros sentidos! A audição é um importantíssimo sistema de comunicação. No contexto da discussão do sistema sensorial específico audição, podemos nos debruçar sobre cenas do nosso cotidiano. Poderíamos partir dos sons na natureza passando pela música, a fala, os ruídos, seu significado e impacto como elementos de comunicação. Por exemplo, inicie fazendo uma lista de todos os tipos de sons que podem ser detectados durante o dia e a noite estando dentro de sua casa. Classifique estes sons como naturais, dentro destes os provenientes do homem ou de animais. Dos sons humanos consegue classificar variações? Qual é a relação destes sons e sua detecção conforme a idade das pessoas, o contexto cognitivo ou emocional? Sons como agentes de comunicação? Voz, linguagem, relação com gênero? Sem usar equipamentos ou ferramentas sofisticadas, sugira como mediria a audição das pessoas que convivem com você. Dia e noite, de maneira diferente potenciam/evidenciam ou mascaram sons? Alguns desses sons são noturnos, outros apenas diurnos? Quais seriam os sons artificiais dentro da casa, produzidos pelo homem, por ferramentas, equipamentos? E, fora da casa, carros, outros? Impacto deletério desses sons na capacidade auditiva? Surdez por hiperexposição, zumbido ou tinnitus como
  • 32. 32 consequências intratáveis? Relação entre presença de sons naturais e artificiais e aspectos emocionais, cognitivos? O que são os sons enquanto parte de sistemas de defesa do organismo? Música erudita, sons tribais ou mesmo os simples/familiares podem afetar nosso encéfalo e cérebro permitindo que evoquemos cenários ou memórias específicas. Conectamos desta maneira o presente com o passado. Por outro lado, músicas ou ruídos específicos também podem nos colocar em situações de repouso, descanso ou, quando o conteúdo for traumático, se associam a eventos autobiográficos que, embora quiséssemos nos livrar deles, teríamos muita dificuldade em conseguir fazê-lo. Por isto, associações marcantes entre traumas da infância e adolescência podem explicar, meses ou mesmo anos e décadas depois, o chamado estresse pós-traumático. O gatilho, um som, uma música. Claro que em outras modalidades sensoriais o gatilho poderia ser um cheiro ou uma imagem. Como, então, a audição interage com outras modalidades sensoriais na produção pelo nosso encéfalo e cérebro da realidade plural, polissensorial que nos cerca? Há exemplos, no ambiente familiar, de alguns desses eventos? Como detectar capacidade auditiva, limiares, perdas com resposta comportamental simples? Quais seriam estes protocolos, ditos caseiros? Não é de outra maneira que pais e professores(as) na pré-escola ou no ensino fundamental detectam perdas auditivas precoces? Sobressalto e resposta em crianças. Qual é a diferença com adultos jovens e idosos? Complementarmente, no ambiente clínico e acadêmico, como usar ferramentas para avaliar audição? Emissões oto-acústicas ou de detecção de sons produzidos pelas células externas da cóclea ao se contraírem, ou técnicas eletrofisiológicas: audiometria, potenciais evocados (induzidos), que detectam as assinaturas eletrofisiológicas das vias sendo ativadas, no tronco cerebral e corticais. Como se comportam vias e sistemas sensoriais como a audição na presença e na ausência de outros sentidos como o tato, a visão e a olfação? Você consegue criar ou verificar cenários polissensoriais? É esse o universo do nosso dia a dia ou esses sentidos funcionam normalmente como canais bem específicos?
  • 33. 33 Complementando todos os aspectos sensoriais acima mencionados, seu processamento e controle com aqueles do controle da postura e do movimento, faça a seguinte reflexão inicial: Você reconhece que em nosso dia a dia andamos/vivemos em proporção muito alta (perto de 70-80%) no piloto automático? Seria isto uma exageração? Mas o que é mesmo o piloto automático? Pensem, no momento desta leitura quantos de vocês estão respirando? Espero que 100%! Antes da minha pergunta, quantos de vocês, de fato, estavam cientes de que estavam respirando? A diferença é o piloto automático! Que ótimo que tenhamos Sistema Nervoso Autônomo, Marcapassos Cerebrais, Respiratórios, Cardíacos, mas que sabidamente são modulados pelo nosso Cérebro Cognitivo (Córtex Frontal)! Nosso organismo funciona porque múltiplos sistemas de controle e processos integrativos fazem que essa máquina chamada de corpo humano processe informação proveniente do meio ambiente, do seu interior, gerando impacto em ambas as direções. Além dos sistemas sensoriais que já discutimos, os de associação ou integração são vitais para a execução de respostas adaptativas. No miolo desses processos de integração temos redes nervosas, sistemas músculo-esqueléticos, sistemas endócrino e metabólico, renal, pulmonar, cardíaco e suas redes vasculares, sistema imune. Um desses sistemas de execução de respostas adequadas, após processamento de eventos sensoriais, é o sistema de controle da postura e do movimento. Ele gera múltiplas soluções às necessidades do organismo, de maneira enormemente integrada. Usando de novo o cotidiano como Laboratório, identifique no cenário da família, eventos simples como por exemplo, a marcha (compare idades de desenvolvimento) e descreva como ela é executada, inicialmente no chamado piloto automático, depois como ela é modulada conforme estejamos em chão raso, ou subindo ou descendo escadas, com as mãos ocupadas ou não, concentrados ou distraídos. De fato, sabemos que em estruturas da medula espinhal temos os chamados “geradores centrais de padrão” (conjunto de neurônios e interneurônios e suas conexões excitatórias e inibitórias), neste caso que codificam o “padrão marcha”. Eles apresentam relativa autonomia, por si sós explicam a alternância entre extensores e flexores, mas recebem de maneira maciça e complexa influências da periferia sensorial,
  • 34. 34 do tronco cerebral, do cerebelo, dos núcleos da base e do córtex cerebral. Esses sistemas sofrem as influências do ambiente, respondem com plasticidade à sua execução repetida, tem memória. Em diferentes circunstâncias vários desses sistemas falham e as manifestações neurológicas poderão ir de atonias, simples tremores, quadros distônicos, marchas atáxicas, compulsões, até crises convulsivas, entre tantas outras. Nesse contexto, descreva padrões motores normais e eventualmente anormais que você detecte em sua casa e relacione eles com idade ou desenvolvimento. Pense no aprendizado de tarefas complexas motoras, como as explícitas na execução de movimentos em esportes competitivos, radicais, execução de instrumentos musicais, danças. Nessas situações mais complexas, os movimentos podem em algum momento ser imaginados, justamente o produto da evocação das memórias ou aprendizados dos padrões motores. Na sequência podem ser descritos e verbalizados e muitos deles poderão ser usados para engatilhar padrões, por exemplo, que alimentam, via engenharia reversa aplicados a braços ou pernas robóticas em protocolos de reabilitação de alta tecnologia. Com toda essa retaguarda conceitual, façam o Vídeo I (nem mais, nem menos 2 minutos) e o Texto I (nem mais, nem menos que 2 páginas) que resuma o que você acha ser a melhor representação desta experiência. Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos e discussões das Aulas “Audição” & “Olfação e Sistema Límbico”; todas as aulas associadas com “Controle da Postura e do Movimento” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares (Vídeo I e Texto I) em pauta. 2. Vídeo e texto sobre as Aulas “Córtex Associativo & Neurobiologia do Comportamento. No cenário familiar você deverá identificar todas as possíveis variações de eventos relacionados com as funções do córtex associativo frontal, do córtex associativo temporal e do córtex associativo parietal. Evidentemente que a reconstrução da realidade implica a interação e integração destes córtices (que representam 75% do total cortical), alimentados pelos respectivos córtices sensoriais
  • 35. 35 primários, e conectados para a execução de tarefas pelos córtices motores (este conjunto sensório-motor representa apenas 25% do total cortical). No caso do córtex associativo frontal, é pré-requisito tentar detectar no ambiente familiar/do cotidiano, exemplos de funções executivas, planejamento complexo de atividades, antecipação do efeito ou impacto de nossos atos (filtro social), elaboração de pensamento reflexivo, inibição consciente de hábitos com impacto negativo, a percepção consciente de nosso papel e responsabilidades sociais. De maneira genérica, o córtex frontal, agindo em conjunto com os córtices sensoriais e motores, e os córtices associativos parietal e temporal, informam ao indivíduo de si próprio em relação ao mundo externo. O paciente Phineas Gage é um exemplo clássico na literatura neurológica de lesão frontal, com perda de filtro social. No caso do córtex associativo temporal, é importante detectar e descrever no cotidiano, funções como o reconhecimento de objetos e de faces, estas últimas com conteúdo emocional, por exemplo reconhecimento de rostos familiares. O contexto maior do que significam as expressões faciais e sua leitura, interpretação ou processamento, é consequência de pesquisas excepcionais iniciadas por Charles Darwin no Século XIX e contidas no seu famoso livro “A expressão das emoções no homem e nos animais”. Na neuropsiquiatria contemporânea, há detecção de alterações clínicas na interpretação de faces, por exemplo, com conteúdo de medo. Além deste fenômeno se associar com depressão, há nestes pacientes um correlato de imagem de ressonância funcional que indica atividade alterada em estruturas do lobo temporal como a amígdala, fortemente envolvida em processamento de memórias emocionais. A perda das funções de reconhecimento facial é denominada em geral agnosia, predominante no lobo temporal direito. Quando há lesões no lobo temporal esquerdo, usualmente o fenômeno é de alterações da linguagem. Genericamente o lobo temporal é fundamental para processos de aprendizado e memória, de maneira que a solicitação de evocação de memórias (e a confirmação de facilidade ou dificuldade) em várias idades auxilia nesta tarefa. Alguns exemplos são amnésias, pós-traumáticas, passageiras ou duradouras.
  • 36. 36 No caso do córtex associativo parietal é importante lembrar, quando se pensa em procurar estes aspectos no cotidiano, no ambiente familiar, que estes circuitos ou redes estão envolvidos em processos de atenção. Embora suas lesões se reflitam nos déficits das síndromes de negligência contralateral, curiosamente não há déficits primários sensoriais nem motores que impeçam que estes indivíduos vejam ou sintam seus corpos ou objetos em volta. Por outro lado, eles podem apresentar dificuldade em perceber (prestar atenção) em objetos ou partes do próprio corpo ou se orientar em relação a estímulos apresentados no campo visual contralateral à lesão, particularmente do lobo parietal direito. No caso das atividades associadas com os conceitos sobre “Neurobiologia do Comportamento” é interessante que seja contrastado no ambiente do cotidiano, das famílias, o uso de nosso encéfalo para a execução de atividades razoavelmente simples de serem executadas, pois trazem conforto e felicidade para quem as realiza, tais como a generosidade, a empatia, a solidariedade. Esses eventos dependem primariamente de sistemas sensoriais específicos, em interação com os córtices motores e os córtices associativos. Outras atividades, executadas magistralmente, representam habilidades e manifestações sublimes como as Artes e a Ciência. Se porventura, por exemplo, algum dos alunos toca algum instrumento musical, executa tarefas literárias, dança, faz esporte, seria interessante que discutisse como estes eventos modulam o nosso comportamento, de maneira a serem ferramentas de tratamento de ansiedade ou depressão, de geração de empatia, generosidade, pensamento coletivo ou solidário. No cenário da Covid-19, estas atividades “nobres” ganham espaço ou ao contrário são comprometidas pela nossa fragilidade, ansiedade, depressão? O paradoxo é que esse mesmo encéfalo e cérebro descritos acima podem ser usados também pela nossa espécie o Homo sapiens, para executar tarefas e condutas nada nobres, como a violência, no trabalho ou a doméstica, agressão ou desprezo no campo individual ou social, todas elas vistas como rejeições injustificadas, tais como a homofobia, o racismo, a misoginia, a xenofobia e o bullying, entre muitas outras. Numa complexa interação de eventos genéticos, de origem sócio-econômica, com profundas raízes históricas e políticas, de ambiente psico-social, aspectos
  • 37. 37 epigenéticos, a Neurobiologia do Comportamento como evento multifatorial, certamente nos permite refletir sobre quem somos e quanto do que decidimos ser depende ou não de nós (e quanto podemos mudar ativamente), e de ambientes para o desenvolvimento, enriquecidos ou não. As Artes e a Neuro(Ciência) conjugadas nos auxiliam nesta avaliação. Novamente o cenário atual vem à tona. O recolhimento obrigatório pela pandemia facilita a reflexão, mas por outro lado aumenta chances de distúrbios alimentares, aumento da ingesta de álcool (que pode potenciar violência e depressão), incremento de dependência cibernética ou de videogames. Como utilizar essa mistura de reflexão com atividades culturais para bem do aprendizado, sobretudo de quem somos? Eis o desafio maior, na apenas para cada um de nós, mas para a Humanidade como um todo. Dadas as circunstâncias atuais de estresse e tensão, podemos perceber que no cenário do cotidiano e familiar detectamos algumas mudanças comportamentais, como mencionado acima, que talvez não teriam sido reveladas no ambiente corrido, do dia a dia convencional, diga-se de passagem, de “piloto automático”, pouco reflexivo, prévio à Covid-19? Com toda essa retaguarda conceitual, façam o Vídeo II (nem mais, nem menos que 2 minutos) e o Texto II (nem mais, nem menos que 2 páginas) que resuma o que você acha seria a melhor representação desta experiência. Enfatizo que vocês devem utilizar os slides e vídeos das Aulas “Córtex Associativo” & “Neurobiologia do Comportamento” como as referências acadêmicas e científicas que dão suporte as atividades complementares (Vídeo II e Texto II) em pauta. Ótimas aulas, atividades complementares, vídeos e textos associados! Novamente contem comigo para a sua construção! Professor Norberto Garcia Cairasco ngcairas@usp.br Ribeirão Preto, 06 de junho de 2020 ***
  • 38. 38 Observação final válida para a programação dos alunos da Medicina e da PG. Todos as aulas e todos os vídeos foram apresentados em atividade síncrona para as duas classes. As apresentações dos vídeos também fizeram parte da avaliação que incluiu comentários e diálogo entre o Docente e os alunos responsáveis. Experiência de intercâmbio e aprendizado para todos, fora de série!
  • 39. 39 DISTRIBUIÇÃO DOS ALUNOS DURANTE O PROJETO Mapas de distribuição dos lugares onde se encontravam no primeiro semestre de 2020 os alunos da Turma 68 da FMRP-USP (azul) e os alunos da PPG- Fisiologia (vermelho) no Brasil e no Estado de São Paulo, durante as aulas das disciplinas objeto deste Projeto. Note-se no mapa de calor (heat map) a densidade assimétrica com proporção maior em cidades do Estado de São Paulo. A tabela completa com os nomes das localidades se encontra no Anexo 1, ao final do livro. Os presentes mapas foram gentilmente confeccionados por nossa solicitação para este projeto, utilizando o programa QGIS, por Fábio A.Alzate Martinez, jovem arquiteto graduado da FAAP-SP.
  • 40. 40 Figura 1 Distribuição dos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de 2020 pelo Brasil
  • 41. 41 Figura 2 Mapa de calor (heat map) do Brasil e do Estado de São Paulo referente aos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de 2020.
  • 42. 42 Figura 3 Detalhamento da distribuição dos alunos de Graduação (Turma 68 da Medicina) e Pós-Graduação (Curso de Neurofisiologia) da FMRP-USP no ano de 2020 no Estado de São Paulo e Região.
  • 43. 43 Leituras Sugeridas BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: Desvendando o sistema nervoso. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. KANDEL, E. R. Principles of Neural Science, Sixth Edition. 2021. PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. LENT, R. Cem bilhões de neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. 2ª ed. Editora Atheneu, 2010.
  • 44.
  • 45. 45 No ritmo da música Vídeo disponível neste hiperlink Alexia Viegas Passando a quarentena na Serra de São Pedro, região rural e bucólica de uma pequena cidade no interior de São Paulo, tenho a oportunidade de desfrutar de sons muito distintos daqueles que me rodeavam na cidade de Ribeirão Preto. Aqui, a convivência com a natureza e a presença da família, além da distância de um centro urbano, parece diminuir a ansiedade e a angústia proporcionadas pelo desenvolvimento e pelos desdobramentos da pandemia de Covid-19. Uma vez que os centros urbanos têm se mostrado como o principal palco do desenrolar das tragédias causadas pela disseminação de coronavírus, acredito que a vida no campo possa ser muito benéfica, seja pela menor probabilidade de contágio, devido à menor densidade populacional, seja pelos elementos naturais que se opõem à poluição e à artificialidade das grandes cidades e que nos transportam para um estado de calmaria. Os sons da natureza são, certamente, um dos fatores que mais a caracteriza, pois são muito diferentes dos sons presentes na cidade. Dentre os sons naturais percebidos durante o dia, é marcante a presença do canto dos pássaros, do barulho do vento entre as folhagens das plantas e de latidos dos cachorros, fora da casa. Dentro da casa, há também sons naturais como a interação entre as pessoas da família (minha mãe, meu irmão e meu padrasto) e o barulho das brincadeiras do meu irmão. Durante a noite, os sons naturais são compostos pela cantoria de grilos e de outros insetos. Também há a presença do canto de algumas aves noturnas, como o urutau. Dentro da casa e durante o dia também há sons artificiais, como uma caixa de som ligada, eletrodomésticos como o liquidificador e o aspirador de pó. Fora da casa, certas vezes o cortador de grama também ajuda a compor os barulhos do dia.
  • 46. 46 Dentre os sons artificiais e noturnos, existem os sons da televisão, sons da atividade na cozinha, como o barulho da manipulação de talheres, pratos, etc. Entretanto, o som que está presente ao longo do dia em maior quantidade vem do meu irmão, um divertido garotinho de seis anos de idade que está sempre inventando algo para fazer. Para ele, e com ele, os problemas atualmente enfrentados pela humanidade se sublimam e eu aprendo com sua mente infantil a me concentrar no presente. Como conversar e produzir diferentes sons por meio de instrumentos, baquetas, brinquedos e ferramentas são coisas que meu irmão faz durante a maior parte do dia, o vídeo capta um momento como esse, de lazer, no qual, por meio de uma espécie de karaokê, meu irmão ouve a música saindo da caixa de som e toca a bateria seguindo o ritmo da música. Além de meu irmão, tenho convivido com minha mãe e meu padrasto. Este período em casa tem sido a primeira oportunidade para conviver com ele e conhecê-lo melhor. Por ter trabalhado durante muitos anos como piloto de helicóptero, meu padrasto desenvolveu uma leve perda auditiva e um zumbido devido a uma hiperexposição aos barulhos da aeronave. Tendo em vista que a capacidade auditiva entre os membros da casa difere, seria possível medir a audição de cada pessoa através de um simples teste: posicionada ao lado da pessoa a ser testada, eu estalaria os dedos para produzir um som e, progressivamente, me afastaria da pessoa estalando os dedos novamente a cada passo. Dessa forma, me afastaria da pessoa até que os estalos não fossem mais audíveis. A pessoa que fosse capaz de ouvir os estalos por mais tempo, ou seja, que fosse capaz de ouvir o som a uma distância maior, seria aquela com a maior capacidade auditiva, enquanto a pessoa que parar de ouvir os estalos a uma distância menor, seria aquela com menor capacidade auditiva, que, no caso, mais provavelmente seria meu padrasto. Explicando a ação que se passa no vídeo de maneira científica, temos que as ondas sonoras que saem da caixa de som são direcionadas pelo pavilhão auditivo externo em direção ao meato acústico externo. Na profundidade do meato acústico
  • 47. 47 externo, encontra-se o tímpano, ou membrana timpânica, que vibra com a chegada da onda sonora. A membrana timpânica se encontra posicionada entre o meato acústico externo e a orelha média. A orelha média é uma cavidade aérea dentro do osso temporal, e em seu interior há uma cadeia de três ossículos: martelo, bigorna e estribo. O martelo se encontra fixado na face interna da membrana timpânica e o estribo se situa encostado na janela oval, também chamada de janela vestibular da cóclea. A música que meu irmão escuta produz uma vibração na membrana timpânica, o que provoca deslocamentos na cadeia articulada de ossículos. Ao se deslocar, o estribo desloca a coluna líquida no interior da orelha interna, onde está a cóclea. A cóclea se assemelha a um caracol e sua estrutura é dividida em três escalas ou rampas preenchidas por líquido. No interior da escala média, encontra-se o Órgão de Corti, onde estão as células sensoriais possuidoras de estereocílios. A inclinação dos estereocílios apicais resulta em mudança de condutividade da membrana das células sensoriais e os sons são transformados em sinais nervosos captados pelo nervo vestibulococlear. O destino final desses impulsos nervosos é o córtex auditivo primário, no lobo temporal do cérebro. O córtex auditivo primário possui uma organização em colunas, cada uma responsável pela percepção de uma frequência sonora. Áreas adjacentes no córtex cerebral também são importantes na audição, como as áreas auditivas secundárias e a área de Wernicke, no hemisfério cerebral esquerdo, responsável pela interpretação da palavra falada. Entretanto, para conseguir tocar a bateria no ritmo da música, o encéfalo de meu irmão estabelece atividades muito mais complexas por meio de integrações entre diferentes áreas, de modo que ele possa, através da audição e da memória, reconhecer em qual momento da música ele está e prever quais deverão ser os próximos sons. Concomitantemente, a visão possibilita que meu irmão compreenda sua disposição espacial em relação ao instrumento musical prestes a ser tocado. A sensibilidade somestésica do tato da mão de meu irmão em contato com a baqueta
  • 48. 48 envia informações sobre como segurá-la e informações proprioceptivas permitem a manutenção de sua postura sentada sobre o banco. As áreas de integração plurissensorial no córtex cerebral são as áreas 7a, 7b, 39 e 40 de Brodmann. Isso tudo auxilia no planejamento motor que culmina na movimentação voluntária de seu braço e de sua mão, para que ele consiga bater no prato da bateria aproximadamente no mesmo momento em que a música emitida pela caixa de som atinge os sons mais intensos. Também é perceptível a ativação do sistema límbico e das emoções, por meio de suas expressões faciais. É provável, também, que o córtex pré-frontal de meu irmão esteja cumprindo seu papel na imaginação de um show de rock, no qual ele é um talentoso baterista de uma banda famosa. Concluindo, no meu dia a dia durante o isolamento social tenho vivenciado sons diversos, que podem ser desde o calmo barulho do vento do campo até a mais intensa música de rock tocada pelo meu irmão na bateria. Os sons são parte muito importante para nossa percepção do ambiente e estão intimamente relacionados com nosso estado de espírito. Sons Vídeo indisponível Inajara Mills Siqueira Shimizu Um apartamento localizado no nono andar que fica defronte a uma rua localizada no centro da cidade de Campinas (SP) é costumeiramente movimentada, com muita circulação de carros e pessoas no horário do “rush”, por volta das 18 horas. No entanto, no contexto da pandemia mundial devido ao COVID-19, algumas mudanças podem ser observadas com relação ao som circundante e à movimentação de pessoas. O vídeo que apresento foi gravado em dois momentos distintos, no primeiro momento tem-se a captação do movimento às 18 h de um dia de semana, e no segundo tem-se o registro de uma ação cultural e espontânea promovida por músicos que percorreram algumas ruas da cidade, por volta das 20 h também em um dia de semana.
  • 49. 49 Deste modo, ao se deparar com a primeira parte do referido vídeo, tem-se o registro dos sons dos automóveis ao pôr-do-sol, no entanto, os mesmos são rompidos por um som pouco comum em um dia normal, na hora do “rush”, e ouvido geralmente aos domingos ou feriados, tal som é a cantoria de pássaros se despedindo do dia. O canto dos pássaros, por sua vez, me leva a questionar: estaríamos vivendo um eterno feriado? Os pássaros cantando, me incomoda, me preocupa, me intriga? Não era para estar ouvindo pássaros cantando num dia como hoje. Tal pensamento é então invadido por um alarme ao longe (uma campainha de garagem que indica que tem alguém entrando ou saindo de algum lugar), penso: que bom, existe movimento, existe vida! E ao mesmo tempo: por que essas pessoas estão nas ruas? Elas deveriam estar em casa! Estamos em isolamento social! E um misto de sentimentos rompe novamente e neste instante vejo carros passando, pessoas caminhando, alguém passeando com o cachorro… Me surpreendo novamente, desta vez enquanto edito o vídeo, reparo o som de alguém digitando em um teclado. Recordo que meu marido estava trabalhando neste dia, sentado a poucos metros de onde eu estava filmando e de onde fica minha escrivaninha, local onde tenho passado a maior parte dos meus dias estudando. Recordo que, apesar do vírus, a vida não parou, temos que seguir, temos que trabalhar, estudar, comer, dormir, cumprir tarefas, entregar trabalhos, produzir, produzir e produzir: não podemos parar. Passa das 18 h, o expediente aqui em casa não termina, ele segue seu fluxo de horários bagunçados e rotina restrita a alguns poucos metros quadrados de um apartamento, de um quarto. Penso, hoje, enquanto revejo o vídeo e escrevo, estamos parados, restritos, mas será que podemos parar? O segundo momento do vídeo, sempre me provoca um aperto no peito, já era noite corrida quando começamos a ouvir músicos tocando e aplausos ao longe. Interrompemos nossas atividades novamente, desta vez para presenciar algo inédito, que nem aos domingos ou feriados já havia ocorrido. Por volta desses dias, a Itália estava apresentando seus piores números de mortes com relação ao COVID-19 e os novos casos e mortes no Brasil começavam a aumentar de forma vertiginosa. Todos foram à janela, não gravei o registro, mas nossos vizinhos ao lado disseram ser a música do Titanic, não tenho certeza. Estava uma noite fria e esses músicos escoltados pela polícia tocavam para todos nós. Tocariam para nossos ouvidos ou para nossos corações?
  • 50. 50 Para mim, os sons que chegavam aos meus ouvidos foram interpretados pelo meu coração como uma marcha fúnebre, como uma despedida a todos os mortos pelo COVID-19 aos quais as famílias, que não puderam, de forma digna, dizer as últimas palavras ou se despedir de seus entes queridos. Percebe-se que os músicos desafinam, retomam, se ajustam, se comunicam entre si por meio da música. Ao final, uma chuva de aplausos, gritos e assovios… percebo que tem muito mais gente em isolamento, muito mais pessoas vivenciando essa pandemia, muito mais do que sou capaz de prever e imaginar. Os aplausos trazem uma certa alegria, no entanto, não me sinto feliz, nem no dia, nem hoje que estou aqui descrevendo este vídeo. Há algo triste no ar, difícil de nomear, o coração não cabe no peito e acelera, desejando que tudo volte ao normal, que os velhos sons voltem aos seus lugares e que a vida se desenhe como estava acostumada ao que era. Neste sentido, os sons captados por esse registro, comunicam e confirmam que algo está diferente, comunicam que as pessoas estão em casa, não porque querem, mas sim por necessidade. Nos falam sobre a falta, no caso, do movimento, do barulho, das freadas, das buzinas, do “zum zum zum” das conversas. Nos falam de um silêncio que não tem dia nem hora para acabar. Deste modo, em um contexto de centro de cidade, estamos acostumados com sons artificiais, como os mencionados acima; os sons naturais (como os emitidos pelos pássaros) nos geram desconforto, porque indicam que algo está fora do esperado e tido como normal. Assim, começamos a aprender a viver com novos sons, novas realidades, com as quais nos acostumamos com o tempo e passamos quase a não perceber. No entanto, mesmo sem ter consciência deles, eles nos angustiam e nossa rotina parece estar em descompasso com as nossas obrigações. Afinal, se ouço pássaros não deveria ser este um dia de trabalho ou estudo, mas sim de descanso e lazer, estes que, por sua vez, nunca chegam. Vivemos continuamente tensos, presos em nossas casas e pensamentos. Nesse sentido, a música tocada a noite, relembra, reforça e intensifica os sentimentos provocados pela pandemia, e, no meu caso, não conforta.
  • 51. 51 Já com relação à avaliação da audição dentro do contexto familiar, pode-se chamar por quem está perto quando a pessoa está de costas para ver se ela responde, utilizando diferentes intensidades na voz. Além disso, pode-se perguntar se ela consegue perceber determinado som, como os pássaros cantando, o carro passando, a conversa no apartamento vizinho. No contexto da clínica, em uma avaliação formal, no caso de uma criança, pode-se tocar um chocalho quando ela não está olhando a uma distância específica e avaliar se ela vira o rosto em direção ao som. Ademais, podem-se utilizar equipamentos específicos, em testes realizados por fonoaudiólogos, como a audiometria que avalia não só se a pessoa ouve, mas também as frequências, intensidades e a acuidade de sua audição. Com relação às diferenças entre a audição de crianças, adultos e idosos, é possível identificar a perda da acuidade auditiva ao longo dos anos. Por fim, os sons que nos circundam podem alterar nossa percepção sobre o mundo, nos alertam das mudanças e se algo está errado, auxiliando na nossa compreensão sobre nós mesmos. A ciência por trás dos sons Vídeo indisponível Pedro Antônio Gonçalves dos Santos Podemos detectar a presença de um objeto, sua posição e natureza (e assim tomar decisões acerca dos riscos envolvidos) através da audição, que também permite a recepção de mensagens pela linguagem falada, além da exploração de sensações e emoções provocadas pela música. O som captado pelo pavilhão auditivo percorre o meato acústico externo até a membrana timpânica, cuja superfície medial está conectada aos ossículos da orelha média, que amplificam e transferem a pressão para a membrana que cobre a janela oval. O músculo tensor do tímpano está ligado ao martelo, enquanto o músculo estapédio se liga ao estribo. A contração desses músculos enrijece a cadeia de ossículos e o impacto da condução do som, agora transduzido, ao ouvido interno diminui. Isso ocorre quando