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Apoio
Aterramentoselétricos
	 Neste capítulo, será abordada a utilização
do terrômetro alicate. Devido à praticidade e à
facilidade de transporte e de manuseio, a medição
com esse equipamento vem se popularizando e
se mostrando bastante eficiente na determinação
da resistência (impedância) de aterramento nos
sistemas que servem as instalações elétricas,
principalmente em áreas densamente edificadas.
O método da queda de potencial, especificamente
quando executado pelo terrômetro convencional,
mostra-se completamente ineficaz e a ABNT NBR
15749 trata do assunto em seu anexo E.
Construção, funcionamento e aplicação
	 A maior parte desses medidores é construída
na forma de um alicate de dois núcleos partidos
e com dimensões para envolver os condutores do
sistema de aterramento. Um dos núcleos gera uma
força eletromotriz (f.e.m), que, por sua vez, produz
a corrente elétrica que circula pelo circuito de
Capítulo VII
Métodos normalizados para medição
de resistência de aterramento
Parte 2
Jobson Modena e Hélio Sueta*
ensaio e o outro é um transformador para medida
de corrente. Visando a atenuar perturbações
provocadas pela presença de tensões indesejáveis,
o que produziria erros nos resultados obtidos ou
até mesmo inviabilizaria a execução do ensaio,
os equipamentos geralmente trabalham com
frequências de medição diferentes (entre 1,5 kHz e
2,5 kHz) da frequência industrial.
		 O equipamento possui núcleo
ferromagnético e bobinas de N espiras que o
envolvem. Esse núcleo, na forma de um alicate,
deve “abraçar” um condutor auxiliar (ca)
propositalmente conectado entre o eletrodo a ser
medido (em) e um eletrodo auxiliar (ea), formando
o circuito de ensaio (visto pelo terrômetro alicate
como o elemento secundário de espira única):
(em) + (ca) + (ea) e o trecho de solo entre eles. A
medição é feita quando, pela bobina de tensão, o
aparelho provoca uma f.e.m conhecida que induz
corrente elétrica no circuito de ensaio:
29
Apoio
	 A outra bobina de corrente do aparelho proporciona a medição
da corrente induzida:
	 A soma dos valores das resistências (impedâncias) é obtida
pela relação entre a tensão gerada e a corrente circulante, mas,
dependendo do modelo do aparelho, é o valor apresentado em
seu visor. Em que:
Rca
= resistência (impedância) ôhmica do cabo de ensaio
auxiliar;
Rx
= resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado
pelo eletrodo a ser ensaiado, mais a região do solo sob a zona
de influência desse eletrodo; e
Rc
= resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado
pelo eletrodo auxiliar mais a região do solo sob a zona de
influência desse eletrodo.
Figura 1 – Identificação do circuito de ensaio – aplicação da f.e.m.
Figura 2 – Equipamento – surgimento e medição da corrente induzida.
30
Apoio
Aterramentoselétricos
2.	 A resistência do sistema de aterramento que fecha o laço (Rca
+ Rc) deve ser muito menor que a resistência do aterramento
sob medição. Para casos em que a resistência estiver na casa de
unidades de Ohm, a boa prática da engenharia recomenda que
(Rca + Rc) não ultrapasse a casa dos centésimos de Ohm;
3.	 Para todas as situações, a distância entre os eletrodos de
aterramento sob ensaio deve ser suficiente para que não haja
interpolação das suas respectivas zonas de influência;
4.	 Para o caso de vários eletrodos interligados, o ensaio só é
válido em casos bastante específicos, como para a determinação
da integridade dos condutores e conexões existentes no trecho
(laço) ensaiado. A desconexão dos eletrodos para execução
separada da medição de cada um, calculando posteriormente
a resistência total pela soma dos resultados encontrados, não
é um artifício válido especialmente por não se ter controle das
zonas de influência de cada eletrodo;
5.	 O sistema sob medição deve ser percorrido por quase
a totalidade da corrente injetada no terreno, ou seja, o
posicionamento do equipamento e do condutor auxiliar é de
extrema importância para o sucesso do ensaio.
	
	 A ABNT NBR 15749 ainda apresenta outros métodos de
ensaio que serão abordados nos próximos capítulos.
	 Comumente, vê-se o terrômetro sendo inserido
em uma descida do SPDA (para-raios) de uma
edificação e o valor obtido nessa “medição” é
fornecido como a resistência ôhmica do eletrodo.
ESTA PRÁTICA É ERRADA!
	 Neste caso, dependendo de outras restrições
que serão mencionadas a seguir, apenas
consegue-se um resultado confiável no ensaio se o
eletrodo for desconectado do restante do SPDA e o
aterramento do condutor PEN, que eventualmente
servirá como eletrodo auxiliar, estiver distante
o suficiente da edificação para que não haja
superposição das suas zonas de influência.
Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro
de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como
coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas
atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia.
Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica,
diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que
revisa a ABNT NBR 5419:2005.
Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Figura 3 – Sistema multiaterrado para referência – circulação
preferencial da corrente elétrica.
		
	 Para simplificarmos a condição apresentada, devemos
sempre procurar tomar um eletrodo auxiliar que esteja
interligado a um conjunto de outros eletrodos ligados em
paralelo, por exemplo, os aterramentos do condutor PEN da
concessionária ou o aterramento do cabo para-raios das torres
de transmissão.
Sob essas condições:
RX
= [ Valor _ no _ aparelho ] - RCA
, pois
RC
= +...+ + ≅ 0 ;
Ainda:
Rca
= pode ser medido diretamente com o próprio terrômetro
alicate. Basta inserir o equipamento na espira única criada
quando se fecha as duas pontas do cabo auxiliar. Cuidados
especiais devem ser tomados para que o cabo auxiliar não
esteja enrolado ou forme espiras que possam influir no
resultado da medição.
Restrições para utilização
	 A vantagem da não necessidade em se cravar hastes
auxiliares no solo e a redução da quantidade de condutores
utilizados criam a tendência natural de se tentar realizar
o ensaio em todos os eletrodos de aterramento com um
terrômetro alicate. Não existe método universal para medição
da resistência ôhmica de eletrodo de aterramento, portanto,
todos os casos devem ser analisados individualmente e o
melhor método de ensaio sempre será aquele que proporcione
valores que traduzam o mais fielmente possível a realidade
local, independentemente do nível de complexidade envolvido
na execução do ensaio ou na obtenção dos resultados.
	 As seguintes restrições devem ser consideradas para este método:
1.	 Necessariamente deve existir um circuito fechado (laço),
incluindo a resistência do aterramento que se deseja medir o
eletrodo auxiliar de referência e o solo comum que os envolve.
Dessa maneira, o equipamento não pode ser utilizado na
medição de eletrodos que não formam parte de um laço;
1 1 1
R1 Rn-1
Rn

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  • 1. 28 Apoio Aterramentoselétricos Neste capítulo, será abordada a utilização do terrômetro alicate. Devido à praticidade e à facilidade de transporte e de manuseio, a medição com esse equipamento vem se popularizando e se mostrando bastante eficiente na determinação da resistência (impedância) de aterramento nos sistemas que servem as instalações elétricas, principalmente em áreas densamente edificadas. O método da queda de potencial, especificamente quando executado pelo terrômetro convencional, mostra-se completamente ineficaz e a ABNT NBR 15749 trata do assunto em seu anexo E. Construção, funcionamento e aplicação A maior parte desses medidores é construída na forma de um alicate de dois núcleos partidos e com dimensões para envolver os condutores do sistema de aterramento. Um dos núcleos gera uma força eletromotriz (f.e.m), que, por sua vez, produz a corrente elétrica que circula pelo circuito de Capítulo VII Métodos normalizados para medição de resistência de aterramento Parte 2 Jobson Modena e Hélio Sueta* ensaio e o outro é um transformador para medida de corrente. Visando a atenuar perturbações provocadas pela presença de tensões indesejáveis, o que produziria erros nos resultados obtidos ou até mesmo inviabilizaria a execução do ensaio, os equipamentos geralmente trabalham com frequências de medição diferentes (entre 1,5 kHz e 2,5 kHz) da frequência industrial. O equipamento possui núcleo ferromagnético e bobinas de N espiras que o envolvem. Esse núcleo, na forma de um alicate, deve “abraçar” um condutor auxiliar (ca) propositalmente conectado entre o eletrodo a ser medido (em) e um eletrodo auxiliar (ea), formando o circuito de ensaio (visto pelo terrômetro alicate como o elemento secundário de espira única): (em) + (ca) + (ea) e o trecho de solo entre eles. A medição é feita quando, pela bobina de tensão, o aparelho provoca uma f.e.m conhecida que induz corrente elétrica no circuito de ensaio:
  • 2. 29 Apoio A outra bobina de corrente do aparelho proporciona a medição da corrente induzida: A soma dos valores das resistências (impedâncias) é obtida pela relação entre a tensão gerada e a corrente circulante, mas, dependendo do modelo do aparelho, é o valor apresentado em seu visor. Em que: Rca = resistência (impedância) ôhmica do cabo de ensaio auxiliar; Rx = resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado pelo eletrodo a ser ensaiado, mais a região do solo sob a zona de influência desse eletrodo; e Rc = resistência (impedância) ôhmica do conjunto formado pelo eletrodo auxiliar mais a região do solo sob a zona de influência desse eletrodo. Figura 1 – Identificação do circuito de ensaio – aplicação da f.e.m. Figura 2 – Equipamento – surgimento e medição da corrente induzida.
  • 3. 30 Apoio Aterramentoselétricos 2. A resistência do sistema de aterramento que fecha o laço (Rca + Rc) deve ser muito menor que a resistência do aterramento sob medição. Para casos em que a resistência estiver na casa de unidades de Ohm, a boa prática da engenharia recomenda que (Rca + Rc) não ultrapasse a casa dos centésimos de Ohm; 3. Para todas as situações, a distância entre os eletrodos de aterramento sob ensaio deve ser suficiente para que não haja interpolação das suas respectivas zonas de influência; 4. Para o caso de vários eletrodos interligados, o ensaio só é válido em casos bastante específicos, como para a determinação da integridade dos condutores e conexões existentes no trecho (laço) ensaiado. A desconexão dos eletrodos para execução separada da medição de cada um, calculando posteriormente a resistência total pela soma dos resultados encontrados, não é um artifício válido especialmente por não se ter controle das zonas de influência de cada eletrodo; 5. O sistema sob medição deve ser percorrido por quase a totalidade da corrente injetada no terreno, ou seja, o posicionamento do equipamento e do condutor auxiliar é de extrema importância para o sucesso do ensaio. A ABNT NBR 15749 ainda apresenta outros métodos de ensaio que serão abordados nos próximos capítulos. Comumente, vê-se o terrômetro sendo inserido em uma descida do SPDA (para-raios) de uma edificação e o valor obtido nessa “medição” é fornecido como a resistência ôhmica do eletrodo. ESTA PRÁTICA É ERRADA! Neste caso, dependendo de outras restrições que serão mencionadas a seguir, apenas consegue-se um resultado confiável no ensaio se o eletrodo for desconectado do restante do SPDA e o aterramento do condutor PEN, que eventualmente servirá como eletrodo auxiliar, estiver distante o suficiente da edificação para que não haja superposição das suas zonas de influência. Jobson Modena é engenheiro eletricista, membro do Comitê Brasileiro de Eletricidade (Cobei), CB-3 da ABNT, em que participa atualmente como coordenador da comissão revisora da norma de proteção contra descargas atmosféricas (ABNT NBR 5419). É diretor da Guismo Engenharia. Hélio Sueta é engenheiro eletricista, mestre e doutor em Engenharia Elétrica, diretor da divisão de potência do IEE-USP e secretário da comissão de estudos que revisa a ABNT NBR 5419:2005. Continua na próxima edição Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br Figura 3 – Sistema multiaterrado para referência – circulação preferencial da corrente elétrica. Para simplificarmos a condição apresentada, devemos sempre procurar tomar um eletrodo auxiliar que esteja interligado a um conjunto de outros eletrodos ligados em paralelo, por exemplo, os aterramentos do condutor PEN da concessionária ou o aterramento do cabo para-raios das torres de transmissão. Sob essas condições: RX = [ Valor _ no _ aparelho ] - RCA , pois RC = +...+ + ≅ 0 ; Ainda: Rca = pode ser medido diretamente com o próprio terrômetro alicate. Basta inserir o equipamento na espira única criada quando se fecha as duas pontas do cabo auxiliar. Cuidados especiais devem ser tomados para que o cabo auxiliar não esteja enrolado ou forme espiras que possam influir no resultado da medição. Restrições para utilização A vantagem da não necessidade em se cravar hastes auxiliares no solo e a redução da quantidade de condutores utilizados criam a tendência natural de se tentar realizar o ensaio em todos os eletrodos de aterramento com um terrômetro alicate. Não existe método universal para medição da resistência ôhmica de eletrodo de aterramento, portanto, todos os casos devem ser analisados individualmente e o melhor método de ensaio sempre será aquele que proporcione valores que traduzam o mais fielmente possível a realidade local, independentemente do nível de complexidade envolvido na execução do ensaio ou na obtenção dos resultados. As seguintes restrições devem ser consideradas para este método: 1. Necessariamente deve existir um circuito fechado (laço), incluindo a resistência do aterramento que se deseja medir o eletrodo auxiliar de referência e o solo comum que os envolve. Dessa maneira, o equipamento não pode ser utilizado na medição de eletrodos que não formam parte de um laço; 1 1 1 R1 Rn-1 Rn