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UNIDADE III
Sociologia Rural e Urbana
Roteiro da Unidade III
5. Cidadania seletiva: divisão e determinação do trabalho
5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução
5.2. As mãos no trabalho esfacelado
5.3.Campos do capital, da urbanização disruptiva
5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
5.5. Problemas urbanos: a vida na cidade
Sociologia rural e urbana
 Habitação; especulação imobiliária;
 Violência, insegurança e medo;
 Desemprego e precarização do trabalho;
 Os circuitos da economia e a informalidade;
 Sistema viário; transporte coletivo, individual e o trânsito;
 Sistemas condutores de energia e alimentação das cidades;
 Saneamento e saúde; educação;
 Fronteiras urbanas.
Problemas urbanos: a vida na cidade
6. A sociedade determinada: mensagem e vozes da normatização
6.1. Cidadania seletiva para os habitantes dos espaços rural e urbano: o peso da norma
6.2. Ações sobre o mundo rural
6.3. Ações sobre o meio urbano
6.4. A fenomenologia do mercado
6.5. Sensação das perdas
Problemas urbanos: a vida na cidade
 Como vimos, a motivação mais importante para a manutenção dos sistemas de ação social
do capitalismo tardio consiste em uma atitude privada na vida pública dos cidadãos, bem
como em sua vida profissional e familiar.
 A tese de Habermas é a de que estes modelos de motivação são destruídos em razão de
uma dinâmica interna às sociedades do capitalismo tardio. Para defender essa tese, ele deve
mostrar não só o esgotamento das tradições que sustentam tais atitudes, mas também que o
capitalismo não pode mobilizar novos recursos de motivação a fim de substituir
funcionalmente os primeiros.
 Naquilo que concerne às tradições culturais ligadas aos
modelos de motivação da atitude privada, Habermas afirma
que se trata de uma mistura entre elementos tradicionais
burgueses e pré-capitalistas (PEREIRA, 2013, p. 76).
5. Cidadania seletiva: divisão e determinação do trabalho
 Apresenta uma considerável determinação em conseguir se impor. Não precisamos,
portanto, nos preocupar com ele. O fato de o analfabeto secundário não ter ideia de que é
um analfabeto secundário contribui para seu bem-estar. Ele se considera bem informado,
consegue decodificar instruções, pictogramas e cheques e se movimenta em um mundo que
o isola de qualquer desafio à sua confiança. É impensável que ele possa ficar frustrado pelo
seu ambiente. Afinal de contas, foi este ambiente que o gerou e o formou para garantir sua
própria sobrevivência sem problemas.
 O analfabeto secundário é o produto de uma nova fase da
industrialização. Uma economia cujo problema não é mais a
produção, mas sim a venda, já não necessita de um
contingente disciplinado de reserva. Ela precisa de
consumidores qualificados (ENZENSBERGER,
1995, p. 49-50).
5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução
 Na medida em que os clássicos trabalhadores de produção e funcionários de escritório se
tornam supérfluos, o mesmo ocorre com o treinamento rígido ao qual eles eram
sujeitados, e o analfabetismo passa a ser uma algema da qual é necessário se livrar
o mais depressa possível.
 Simultaneamente com a formulação desse problema, nossa tecnologia também desenvolveu
a solução adequada.
 A mídia ideal para o analfabeto secundário é a televisão (ENZENSBERGER, 1995, p. 49-50).
5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução
As questões trazidas por Habermas e Enzensberger tocam nosso tema, pois:
a) Estamos tratando, criticamente, das formas de socialização para a execução das atividades
produtivas segundo os desígnios do capital.
b) A alfabetização e as racionalidades sociais são sempre favoráveis ao desenvolvimento do
ser humano inteiro.
c) Habermas acha que as tradições são diretamente fortalecidas pelo capitalismo.
d) Enzensberger defende que a educação sirva para adaptar as pessoas ao
movimento do capital.
e) A comunicação vai perdendo importância na filosofia de cada autor.
Interatividade
As questões trazidas por Habermas e Enzensberger tocam nosso tema, pois:
a) Estamos tratando, criticamente, das formas de socialização para a execução das atividades
produtivas segundo os desígnios do capital.
b) A alfabetização e as racionalidades sociais são sempre favoráveis ao desenvolvimento do
ser humano inteiro.
c) Habermas acha que as tradições são diretamente fortalecidas pelo capitalismo.
d) Enzensberger defende que a educação sirva para adaptar as pessoas ao
movimento do capital.
e) A comunicação vai perdendo importância na filosofia de cada autor.
Resposta
 Fragmentação do trabalho e da consciência que dele se pudesse ter, aqui, não apenas como
componente institucional (mental), mas como trabalho localizado nos lugares de
agronegócios, corporações verticais de atividades, com especialização contínua
(fragmentação e seleção daquilo que interessa às relações de trabalho), sob o funcionalismo.
A todo momento estamos sob a máxima dos “hábitos apropriados”. São mercados violentos,
descritos em seus estratagemas por Margarida Maria Moura, Robert Kurz, Márcio
Pochmann, Ricardo Antunes.
 O corpo assim enquadrado, encaixado, submetido e ajustado,
desenvolve-se (que é o contrário do que seria desejável fazer)
dominado pelo excesso de mediações normativas do
capitalismo globalizado, em busca incessante de eficiência dos
processos de reprodução, em redes que coadunam
padronização e customização.
5.2. As mãos no trabalho esfacelado
 Milton Santos, nos textos citados, aponta-nos o campo como tendo as condições mais
favoráveis às modernizações capitalistas; modernizações normalmente com determinações
externas aos lugares (chamados por Milton Santos de verticalidades).
Tais processos são disruptivos, proporcionam fios de desenvolvimentos, no sentido preciso,
exato, da palavra (des-envolver ou afastar), trazendo-nos ao mundo das relações sem sentido.
Como ficam os projetos se o mundo não tem sentido?
 Deveríamos pedir ajuda a Jean-Paul Sartre, para quem todos somos projetos (1987).
5.2. As mãos no trabalho esfacelado
 A alusão de Milton Santos a uma “sociedade dos tradutores” vai direto ao ponto: há uma
espécie de camada que se vem interpondo entre as pessoas e suas consciências sobre os
objetos (1996). O que significa que os mundos dos objetos colocados diante de nós tornam-
se realidades parciais e fragmentárias para os observadores e usuários, requerendo toda
sorte de manuais das mãos de novos especialistas que sabem escrevê-los uns para os
outros em jargão próprio e aqueles que vão traduzir esses cadernos complicados em
cartilhas para todos os outros.
 Portanto, há um mundo de coisas desconhecidas por dentro,
cuja expressão material, objetiva, é insignificante, indicando
possibilidades tanto de aprendizado quanto de
embrutecimento. Podemos aprender com informações,
bem como sermos soterrados por elas e, paradoxalmente,
isolarmo-nos politicamente.
5.2. As mãos no trabalho esfacelado
 O isolamento social dos indivíduos é o contrário de vida política, convívio; é o caos social.
 E aí é que entram as complicações geradas pela enorme quantidade de “redes” e “conexões”
nas quais estamos envolvidos.
 Há uma célebre anedota sociológica de Zygmunt Bauman sobre o que o autor denominou
“amizade Facebook”: ele disse que ninguém tem realmente aquela lista enorme de amigos
que tem na rede.
5.2. As mãos no trabalho esfacelado
 Não enxergar leva ao embrutecimento e à violência... às cercas...
 Conflitos entre camponeses e capitalistas: não há diálogo, apenas contradições
profundas com incorporação dos camponeses pelas relações que os vêm
enredando progressivamente.
 Como é possível estudarmos tal assimilação sem preconceitos? Como a igualdade jurídica
pode ser tão violenta?
 Haverá em algum tempo, de fato, espaço para a diversidade?
 Um pouco de cor na imagem das cercas no campo, na letra
da banda Skank – A Cerca (Samuel Rosa; Francisco Amaral,
1994).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
Aponte a alternativa que apresente a relação correta entre o “fracionamento do saber” e a
divisão social do trabalho.
a) A crescente especialização dos conhecimentos contribui para a unidade humana.
b) O especialismo é o melhor caminho para a consciência da totalidade social.
c) A educação moderna, iluminista, é baseada nas experiências individuais,
associadas ao tecido coletivo.
d) As modernizações capitalistas trazem sempre novos conteúdos sustentáveis
às comunidades.
e) Divisão territorial e divisão social do trabalho expressam
conhecimentos próprios e deveriam promover tanto
processos de escolarização correspondentes às
necessidades locais, quanto universais.
Interatividade
Aponte a alternativa que apresente a relação correta entre o “fracionamento do saber” e a
divisão social do trabalho.
a) A crescente especialização dos conhecimentos contribui para a unidade humana.
b) O especialismo é o melhor caminho para a consciência da totalidade social.
c) A educação moderna, iluminista, é baseada nas experiências individuais,
associadas ao tecido coletivo.
d) As modernizações capitalistas trazem sempre novos conteúdos sustentáveis
às comunidades.
e) Divisão territorial e divisão social do trabalho expressam
conhecimentos próprios e deveriam promover tanto
processos de escolarização correspondentes às
necessidades locais, quanto universais.
Resposta
 O caráter público de um Estado não é natural, mas conquistado, construído pelo trabalho
coletivo, de um lado, e o ser social privado, corporativo, de outro; que formam a própria
configuração econômica do Estado territorial/nacional.
Resumindo a ideia: a quem esse aparato “público” atende, de fato, com suas portarias, leis,
sentenças e decretos, considerados os três poderes?
 Raymond Williams fala das transformações sofridas pela vida rural, com impossibilidade,
porém, de identificar uma evolução linear, do tipo “o que passou, passou”; pois ela reaparece
de várias maneiras, mantêm-se e pode até parecer que deixou de existir; porém, estará
sempre lá. (WILLIAMS, 1989, p. 56).
 Atavismo de nossas imagens. Continuamos estudando e
intervindo naquilo que não existe mais.
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
São imensos contingentes de pessoas que devem ceder suas moradias (e boa parte de
pertences) de agregados às terras e famílias de senhores de terras para empregarem-se sob
as novas leis trabalhistas e procurar lugares onde morar em novas condições (MOURA, 1988).
E como diz Williams:
 A ênfase dada à obrigação, à caridade, à porta aberta aos pobres da vizinhança é
contrastada, numa forma bem conhecida de radicalismo retrospectivo, com a investida
capitalista, a redução utilitarista de todas as relações sociais a uma ordem impiedosa
baseada no dinheiro (WILLIAMS, 1989, p. 56).
 A santidade da propriedade tem de coexistir com violentas
mudanças de relações de propriedade e um ideal de caridade
deve conviver com relações de trabalho rigorosas tanto no
velho sistema quanto no novo (WILLIAMS, 1989, p. 68).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
 Esse trabalho abstrato promove certo desenvolvimento exógeno, voltado para fora das
regiões que recebem investimentos e mudanças; para fora, vai o grosso dos benefícios e a
riqueza; dentro, ficam os problemas. Os usos e os sentidos da história...
 O peso das normas começa por aí e estas passma pelas mudanças ambientais não
negociadas pelas comunidades, impostas àqueles que têm suas atividades nativas,
autóctones, originais da ocupação do lugar, também chamadas de vernáculas. Na cidade, os
procedimentos são parecidos, pois tudo se passa como movimento inexorável da história,
modernização contra a qual não se pode opor.
 O ambiente é moldado para atender aos interesses externos,
então, faremos as seguintes análises teórico-metodológicas
sobre a avaliação de impacto socioambiental ligada à
ocupação e apropriação social dos recursos naturais.
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
 Estamos tratando dos problemas ambientais desde o início, porém, neste momento, eles
devem ficar mais evidentes. Poluição, envenenamento, toxidade, doenças, são eventos,
também com possibilidades de diagnósticos sistêmicos, tomando-se recursos como
elementos dos sistemas e cadeias produtivas convencionais. Nosso tema requer que
sejamos radicais já nas concepções do problema, em suas causas.
Quais os sentidos das organizações dos espaços rurais? Quais as revisões alternativas e
participativas nos modelos de gestão e de planejamento ambiental?
 Agroecologia, etnoagricultura e demais utopias, no melhor sentido da palavra.
 Debates sobre os transgênicos: 1) saídas tecnológicas a favor
da produtividade (escalas); 2) temores dos efeitos
indesejáveis ou impactos à saúde, não previstos pelas
pesquisas com tempo ainda insuficiente para avaliação da
eficiência ambiental (não econômica).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
 Devemos nos perguntar sobre os caminhos que tomamos para podermos discutir outros, e o
que nos interessa produzir e consumir. Economia com sentido.
 É preciso ir além dos exotismos. Crosby (1993) expõe a irradiação dos padrões alimentares
de boa parte do mundo a partir da Europa, o que explicaria também os circuitos produtivos
de alimentos, insumos, cardápios inteiros baseados em regiões que milhões de pessoas
nunca viram, forçando ecossistemas de modo artificial a produzirem espécies exóticas.
 Há, também, “lendas” sobre “solos pobres”: a verdade é que
os solos não têm eficiência com cultivares estranhos; é o caso
dos solos de nossas florestas tropicais, que não são
adequados ao plantio de espécies do gosto do colonizador
europeu. Esse processo moldou a estrutura fundiária e as
bases produtivas dos povos subjugados pela força e pelo
comércio dos europeus.
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
 Uma lista sem fim de situações mostrando a negação da complexidade alimentar poderia ser
citada, como lanchonetes, restaurantes, supermercados vendendo reduções simplificadas de
pratos anteriormente comuns, habitualmente mais complexos e preparados em casa; é o
reino do funcional, do fácil, quase sempre solitário, do comer apressado.
 Não haverá lugar para pratos complexos, pois a experiência tanto para o preparo quanto
para comê-los não estará disponível.
 É preciso encarar as dificuldades para se encontrar
“verdadeiros hábitos” em meio às imposições de povos
conquistadores e transformações de estruturas milenares.
 Os problemas com a Revolução Verde na forma de
envenenamento dos rios e dos solos também são
descritos por Standage (2010).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
 Todo o conhecimento biológico, estatístico e de outras áreas sem o qual nenhuma das
sementes altamente produtivas e resistentes a doenças poderia ter sido desenvolvida. Tudo
isso chega à empresa sem custo, um presente do passado. Ao apropriar-se do direito sobre
o produto final e, ao travar desenvolvimentos paralelos, a empresa canaliza para si
gigantescos lucros da totalidade do esforço social, que ela não teve de financiar.
 Trata-se de um pedágio sobre o esforço dos outros.
 Se não é legítimo, pelo menos funciona? A compreensão do caráter particular do
conhecimento como fator de produção já é antiga (DOWBOR, 2010a, p. 55).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
Assinale a alternativa correta quanto às separações sociais ou “cercas”.
a) A promoção de ambientes higiênicos e limpos, como os shoppings centers, é bastante
adequada à melhoria do convívio social.
b) Espaços privados e públicos são similares em suas delimitações e conteúdos.
c) Naomi Klein trata somente de cercas físicas, tangíveis.
d) As cercas mais atuantes nas nossas sociedades são aquelas de difícil identificação, que
operam escondidas.
e) Os problemas e as funções das cidades não passam por essa ideia de separação, pois os
governos não podem permitir que isso aconteça.
Interatividade
Assinale a alternativa correta quanto às separações sociais ou “cercas”.
a) A promoção de ambientes higiênicos e limpos, como os shoppings centers, é bastante
adequada à melhoria do convívio social.
b) Espaços privados e públicos são similares em suas delimitações e conteúdos.
c) Naomi Klein trata somente de cercas físicas, tangíveis.
d) As cercas mais atuantes nas nossas sociedades são aquelas de difícil identificação, que
operam escondidas.
e) Os problemas e as funções das cidades não passam por essa ideia de separação, pois os
governos não podem permitir que isso aconteça.
Resposta
 Temos, assim, o uso da ecologia subordinada aos interesses dos investidores, não do
humano de modo geral. É o negócio com o ambiente, sem preocupação ambiental, que
anima os modelos trazidos anteriormente, bem como as metodologias de diagnóstico
ambiental e seus instrumentos, como avaliações de impacto ambiental, a reciclagem como
negócio, a ideia de pegadas ecológicas. Os sistemas e as cadeias produtivas
uniformizadoras e concentradoras, convencionais, com sua economia e tecnologia duras,
derivam dessa concepção. (SANTOS, 1998).
5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
Naomi Klein faz os seguintes apontamentos sobre as atuais cercas e separações nas cidades:
 Percebi alguns temas e imagens recorrentes. Primeiro era a cerca. A imagem surgia
repetidamente: barreiras separando as pessoas de recursos que antes eram públicos,
excluindo-as das tão necessárias terra e água, restringindo sua capacidade de atravessar as
fronteiras, expressar sua discordância política, fazer manifestações nas ruas, até impedir que
os políticos sancionem políticas que beneficiem as pessoas que os elegem...
 É difícil ver algumas dessas cercas, mas todas elas existem.
Uma cerca virtual é erguida em torno das escolas na Zâmbia
quando uma "taxa de usuário" de educação é introduzida por
sugestão do Banco Mundial, deixando as salas de aula fora do
alcance de milhões de pessoas. (KLEIN, 2003, p. 5-6).
 Vejam o filme “O menino que descobriu o vento”, de 2019.
5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
 Operações usurárias que colocam barras em torno das nações livres, escreveu Eduardo
Galeano em As veias abertas da América Latina. Referia-se aos termos de um empréstimo
britânico à Argentina em 1824.
 Algumas cercas muito necessárias estão sob ataque: na corrida pela privatização, as
barreiras que antes existiam entre muitos espaços públicos e privados mantendo a
publicidade fora das escolas, como o interesse no lucro fora da assistência médica, ou
evitando que distribuidores servissem puramente de veículos promocionais para outras
empresas de seus proprietários - foram quase todas derrubadas. Cada espaço público
protegido veio abaixo, apenas para ser fechado novamente pelo mercado.
(KLEIN, 2003, p. 9).
5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
 As empresas de segurança fazem seus maiores negócios nas cidades onde o abismo entre
ricos e pobres é maior – Johannesburgo, São Paulo, Nova Délhi – vendendo portões de
ferro, carros blindados e elaborados sistemas de alarme, e alugando exércitos de
seguranças particulares. (KLEIN, 2003, p. 9).
 Os brasileiros, por exemplo, gastam 4,5 bilhões de dólares por ano em segurança particular,
e os quatrocentos mil seguranças armados superam em número os policiais em uma
proporção de quase 4 para 1 (KLEIN, 2003, p. 9).
 É preciso refletir sobre a citação de Naomi Klein sobre as
cercas modernas, expressas principalmente nas cidades,
no meio urbano.
5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
 Não é possível caracterizar a vida urbana sem falar do que nela funciona mal. Por isso,
segue uma relação de alguns dos importantes problemas de moradia, preço da terra,
segurança, trabalho e emprego, transporte, educação, saneamento e fronteiras que
atormentam a vida dos governos e da sociedade.
Importantes problemas:
 de moradia, preço da terra;
 segurança;
 trabalho e emprego;
 transporte;
 educação;
 saneamento;
 fronteiras e regiões.
5.5. Problemas urbanos: a vida na cidade
 Para Harvey: “o bem-estar da população e a qualidade de vida não estão sendo cuidados em
nenhum lugar do mundo pelos processos de urbanização em massa que acontecem há 30
anos, sendo a desigualdade o maior motor da segregação urbana” ressalta David Harvey.
 Destruição do conceito de cidade como espaço de convivência, com desenvolvimento
insustentável, neoliberal, urbanização militarizada, especulação imobiliária, falta de
mobilidade e de liberdade embalados como um mero conceito político.
 Tudo é submetido a um cálculo monetário no qual nós não importamos, mas o dinheiro sim,
e isso é o centro de um processo de urbanização que está sendo impulsionado pelo
poder do valor monetário.
 Como serão nossas cidades daqui a 40 anos?
(MORSOLIN, 2015).
6. A sociedade determinada: ampliação da normatização
 Como ficarão os espaços rurais e urbanos sob o pós-fordismo?
 Práticas sociais são monitoradas com letreiros e justificativas de segurança pública (os
números, de capital e pessoas investidos nessa tarefa são exorbitantes), tudo visando as
normatizações para o “mundo determinado” de Maurice Merleau-Ponty.
 Redução dos meios (recursos) e, agora, mensagens que se vão estreitando...
 Ao nos referirmos à cidadania seletiva, tocamos num ponto nodal da estrutura social
brasileira, qual seja, a intensa hierarquia de posições ou status quo: o que é trazido tanto
pela sociologia quanto pela economia rural-urbana, com o humano aos pedaços (mãos,
cabeças e mentes com propósitos direcionadas), controlado por aparato técnico com vistas
ao seu encaixamento na realização da moderna economia
internacional globalizada, nas múltiplas escalas.
6. A sociedade determinada: ampliação da normatização
Assinale a alternativa que confirme a ideia de desintegração como maior representante do
momento em que estamos vivendo.
a) O que caracteriza os movimentos sociais é a busca por soluções de problemas seguindo
as diretrizes e permissões do Estado.
b) O mundo determinado refere-se à condição de liberdade plena.
c) José de Souza Martins trata da contribuição absoluta da sociologia rural para o
desvendamento de relações e processos reais do campo.
d) A “sensação de perdas” contemporânea envolve
esquecimento social dos saberes tradicionais e dos
porquês da ação produtiva e consumidora; restando
práticas vazias de significado.
e) O papel da sociologia rural, para José de Souza Martins,
seria o de justificar a modernização e o desenvolvimento
seletivo do capitalismo.
Interatividade
Assinale a alternativa que confirme a ideia de desintegração como maior representante do
momento em que estamos vivendo.
a) O que caracteriza os movimentos sociais é a busca por soluções de problemas seguindo
as diretrizes e permissões do Estado.
b) O mundo determinado refere-se à condição de liberdade plena.
c) José de Souza Martins trata da contribuição absoluta da sociologia rural para o
desvendamento de relações e processos reais do campo.
d) A “sensação de perdas” contemporânea envolve
esquecimento social dos saberes tradicionais e dos
porquês da ação produtiva e consumidora, restando
práticas vazias de significado.
e) O papel da sociologia rural, para José de Souza Martins,
seria o de justificar a modernização e o desenvolvimento
seletivo do capitalismo.
Resposta
 CROSBY, A. W. Imperialismo ecológico: a expansão biológica da Europa (900-1900). São
Paulo: Companhia das Letras, 1993.
 DOWBOR, L. Da propriedade intelectual a economia do conhecimento (Primeira Parte).
Economia global e gestão, Lisboa, v. 15, n. 1, 2010a.
 ENZENSBERGER, H. M. Elogio ao analfabetismo. In: ENZENSBERGER, H. M.
Mediocridade e loucura: e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1995.
 HARVEY, D. O direito a cidade. Lutas sociais. São Paulo, n. 29, p. 73-89, jul./dez., 2012.
 KLEIN, N. Cercas e janelas. Rio de Janeiro: Record, 2003.
 MORSOLIN, C. Segregação urbana, redução da maioridade
penal e educação popular são temas do V Congresso
Internacional de pedagogia social. EcoDebate, 31 ago., 2015.
 PEREIRA, L. J. da H. Retomar a critica interna do capitalismo?
Revisitando a analise das crises em problemas de legitimação
no capitalismo tardio de Habermas. Cadernos de filosofia
alemã, n. 21, jan./jun. 2013.
Referências
 SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec,
1996.
 SANTOS, M. A seca social. Carta Capital, São Paulo, p. 60-62, 27 mai. 1998.
 SARTRE. J. P. O existencialismo é um humanismo. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
 STANDAGE, T. Uma historia comestível da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
 WILLIAMS, R. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das
Letras, 1989.
Referências
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  • 1. Prof. Me. Alexandre Furniel UNIDADE III Sociologia Rural e Urbana
  • 2. Roteiro da Unidade III 5. Cidadania seletiva: divisão e determinação do trabalho 5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução 5.2. As mãos no trabalho esfacelado 5.3.Campos do capital, da urbanização disruptiva 5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos 5.5. Problemas urbanos: a vida na cidade Sociologia rural e urbana
  • 3.  Habitação; especulação imobiliária;  Violência, insegurança e medo;  Desemprego e precarização do trabalho;  Os circuitos da economia e a informalidade;  Sistema viário; transporte coletivo, individual e o trânsito;  Sistemas condutores de energia e alimentação das cidades;  Saneamento e saúde; educação;  Fronteiras urbanas. Problemas urbanos: a vida na cidade
  • 4. 6. A sociedade determinada: mensagem e vozes da normatização 6.1. Cidadania seletiva para os habitantes dos espaços rural e urbano: o peso da norma 6.2. Ações sobre o mundo rural 6.3. Ações sobre o meio urbano 6.4. A fenomenologia do mercado 6.5. Sensação das perdas Problemas urbanos: a vida na cidade
  • 5.  Como vimos, a motivação mais importante para a manutenção dos sistemas de ação social do capitalismo tardio consiste em uma atitude privada na vida pública dos cidadãos, bem como em sua vida profissional e familiar.  A tese de Habermas é a de que estes modelos de motivação são destruídos em razão de uma dinâmica interna às sociedades do capitalismo tardio. Para defender essa tese, ele deve mostrar não só o esgotamento das tradições que sustentam tais atitudes, mas também que o capitalismo não pode mobilizar novos recursos de motivação a fim de substituir funcionalmente os primeiros.  Naquilo que concerne às tradições culturais ligadas aos modelos de motivação da atitude privada, Habermas afirma que se trata de uma mistura entre elementos tradicionais burgueses e pré-capitalistas (PEREIRA, 2013, p. 76). 5. Cidadania seletiva: divisão e determinação do trabalho
  • 6.  Apresenta uma considerável determinação em conseguir se impor. Não precisamos, portanto, nos preocupar com ele. O fato de o analfabeto secundário não ter ideia de que é um analfabeto secundário contribui para seu bem-estar. Ele se considera bem informado, consegue decodificar instruções, pictogramas e cheques e se movimenta em um mundo que o isola de qualquer desafio à sua confiança. É impensável que ele possa ficar frustrado pelo seu ambiente. Afinal de contas, foi este ambiente que o gerou e o formou para garantir sua própria sobrevivência sem problemas.  O analfabeto secundário é o produto de uma nova fase da industrialização. Uma economia cujo problema não é mais a produção, mas sim a venda, já não necessita de um contingente disciplinado de reserva. Ela precisa de consumidores qualificados (ENZENSBERGER, 1995, p. 49-50). 5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução
  • 7.  Na medida em que os clássicos trabalhadores de produção e funcionários de escritório se tornam supérfluos, o mesmo ocorre com o treinamento rígido ao qual eles eram sujeitados, e o analfabetismo passa a ser uma algema da qual é necessário se livrar o mais depressa possível.  Simultaneamente com a formulação desse problema, nossa tecnologia também desenvolveu a solução adequada.  A mídia ideal para o analfabeto secundário é a televisão (ENZENSBERGER, 1995, p. 49-50). 5.1. Alfabetização finalitária: atalhos da redução
  • 8. As questões trazidas por Habermas e Enzensberger tocam nosso tema, pois: a) Estamos tratando, criticamente, das formas de socialização para a execução das atividades produtivas segundo os desígnios do capital. b) A alfabetização e as racionalidades sociais são sempre favoráveis ao desenvolvimento do ser humano inteiro. c) Habermas acha que as tradições são diretamente fortalecidas pelo capitalismo. d) Enzensberger defende que a educação sirva para adaptar as pessoas ao movimento do capital. e) A comunicação vai perdendo importância na filosofia de cada autor. Interatividade
  • 9. As questões trazidas por Habermas e Enzensberger tocam nosso tema, pois: a) Estamos tratando, criticamente, das formas de socialização para a execução das atividades produtivas segundo os desígnios do capital. b) A alfabetização e as racionalidades sociais são sempre favoráveis ao desenvolvimento do ser humano inteiro. c) Habermas acha que as tradições são diretamente fortalecidas pelo capitalismo. d) Enzensberger defende que a educação sirva para adaptar as pessoas ao movimento do capital. e) A comunicação vai perdendo importância na filosofia de cada autor. Resposta
  • 10.  Fragmentação do trabalho e da consciência que dele se pudesse ter, aqui, não apenas como componente institucional (mental), mas como trabalho localizado nos lugares de agronegócios, corporações verticais de atividades, com especialização contínua (fragmentação e seleção daquilo que interessa às relações de trabalho), sob o funcionalismo. A todo momento estamos sob a máxima dos “hábitos apropriados”. São mercados violentos, descritos em seus estratagemas por Margarida Maria Moura, Robert Kurz, Márcio Pochmann, Ricardo Antunes.  O corpo assim enquadrado, encaixado, submetido e ajustado, desenvolve-se (que é o contrário do que seria desejável fazer) dominado pelo excesso de mediações normativas do capitalismo globalizado, em busca incessante de eficiência dos processos de reprodução, em redes que coadunam padronização e customização. 5.2. As mãos no trabalho esfacelado
  • 11.  Milton Santos, nos textos citados, aponta-nos o campo como tendo as condições mais favoráveis às modernizações capitalistas; modernizações normalmente com determinações externas aos lugares (chamados por Milton Santos de verticalidades). Tais processos são disruptivos, proporcionam fios de desenvolvimentos, no sentido preciso, exato, da palavra (des-envolver ou afastar), trazendo-nos ao mundo das relações sem sentido. Como ficam os projetos se o mundo não tem sentido?  Deveríamos pedir ajuda a Jean-Paul Sartre, para quem todos somos projetos (1987). 5.2. As mãos no trabalho esfacelado
  • 12.  A alusão de Milton Santos a uma “sociedade dos tradutores” vai direto ao ponto: há uma espécie de camada que se vem interpondo entre as pessoas e suas consciências sobre os objetos (1996). O que significa que os mundos dos objetos colocados diante de nós tornam- se realidades parciais e fragmentárias para os observadores e usuários, requerendo toda sorte de manuais das mãos de novos especialistas que sabem escrevê-los uns para os outros em jargão próprio e aqueles que vão traduzir esses cadernos complicados em cartilhas para todos os outros.  Portanto, há um mundo de coisas desconhecidas por dentro, cuja expressão material, objetiva, é insignificante, indicando possibilidades tanto de aprendizado quanto de embrutecimento. Podemos aprender com informações, bem como sermos soterrados por elas e, paradoxalmente, isolarmo-nos politicamente. 5.2. As mãos no trabalho esfacelado
  • 13.  O isolamento social dos indivíduos é o contrário de vida política, convívio; é o caos social.  E aí é que entram as complicações geradas pela enorme quantidade de “redes” e “conexões” nas quais estamos envolvidos.  Há uma célebre anedota sociológica de Zygmunt Bauman sobre o que o autor denominou “amizade Facebook”: ele disse que ninguém tem realmente aquela lista enorme de amigos que tem na rede. 5.2. As mãos no trabalho esfacelado
  • 14.  Não enxergar leva ao embrutecimento e à violência... às cercas...  Conflitos entre camponeses e capitalistas: não há diálogo, apenas contradições profundas com incorporação dos camponeses pelas relações que os vêm enredando progressivamente.  Como é possível estudarmos tal assimilação sem preconceitos? Como a igualdade jurídica pode ser tão violenta?  Haverá em algum tempo, de fato, espaço para a diversidade?  Um pouco de cor na imagem das cercas no campo, na letra da banda Skank – A Cerca (Samuel Rosa; Francisco Amaral, 1994). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 15. Aponte a alternativa que apresente a relação correta entre o “fracionamento do saber” e a divisão social do trabalho. a) A crescente especialização dos conhecimentos contribui para a unidade humana. b) O especialismo é o melhor caminho para a consciência da totalidade social. c) A educação moderna, iluminista, é baseada nas experiências individuais, associadas ao tecido coletivo. d) As modernizações capitalistas trazem sempre novos conteúdos sustentáveis às comunidades. e) Divisão territorial e divisão social do trabalho expressam conhecimentos próprios e deveriam promover tanto processos de escolarização correspondentes às necessidades locais, quanto universais. Interatividade
  • 16. Aponte a alternativa que apresente a relação correta entre o “fracionamento do saber” e a divisão social do trabalho. a) A crescente especialização dos conhecimentos contribui para a unidade humana. b) O especialismo é o melhor caminho para a consciência da totalidade social. c) A educação moderna, iluminista, é baseada nas experiências individuais, associadas ao tecido coletivo. d) As modernizações capitalistas trazem sempre novos conteúdos sustentáveis às comunidades. e) Divisão territorial e divisão social do trabalho expressam conhecimentos próprios e deveriam promover tanto processos de escolarização correspondentes às necessidades locais, quanto universais. Resposta
  • 17.  O caráter público de um Estado não é natural, mas conquistado, construído pelo trabalho coletivo, de um lado, e o ser social privado, corporativo, de outro; que formam a própria configuração econômica do Estado territorial/nacional. Resumindo a ideia: a quem esse aparato “público” atende, de fato, com suas portarias, leis, sentenças e decretos, considerados os três poderes?  Raymond Williams fala das transformações sofridas pela vida rural, com impossibilidade, porém, de identificar uma evolução linear, do tipo “o que passou, passou”; pois ela reaparece de várias maneiras, mantêm-se e pode até parecer que deixou de existir; porém, estará sempre lá. (WILLIAMS, 1989, p. 56).  Atavismo de nossas imagens. Continuamos estudando e intervindo naquilo que não existe mais. 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 18. São imensos contingentes de pessoas que devem ceder suas moradias (e boa parte de pertences) de agregados às terras e famílias de senhores de terras para empregarem-se sob as novas leis trabalhistas e procurar lugares onde morar em novas condições (MOURA, 1988). E como diz Williams:  A ênfase dada à obrigação, à caridade, à porta aberta aos pobres da vizinhança é contrastada, numa forma bem conhecida de radicalismo retrospectivo, com a investida capitalista, a redução utilitarista de todas as relações sociais a uma ordem impiedosa baseada no dinheiro (WILLIAMS, 1989, p. 56).  A santidade da propriedade tem de coexistir com violentas mudanças de relações de propriedade e um ideal de caridade deve conviver com relações de trabalho rigorosas tanto no velho sistema quanto no novo (WILLIAMS, 1989, p. 68). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 19.  Esse trabalho abstrato promove certo desenvolvimento exógeno, voltado para fora das regiões que recebem investimentos e mudanças; para fora, vai o grosso dos benefícios e a riqueza; dentro, ficam os problemas. Os usos e os sentidos da história...  O peso das normas começa por aí e estas passma pelas mudanças ambientais não negociadas pelas comunidades, impostas àqueles que têm suas atividades nativas, autóctones, originais da ocupação do lugar, também chamadas de vernáculas. Na cidade, os procedimentos são parecidos, pois tudo se passa como movimento inexorável da história, modernização contra a qual não se pode opor.  O ambiente é moldado para atender aos interesses externos, então, faremos as seguintes análises teórico-metodológicas sobre a avaliação de impacto socioambiental ligada à ocupação e apropriação social dos recursos naturais. 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 20.  Estamos tratando dos problemas ambientais desde o início, porém, neste momento, eles devem ficar mais evidentes. Poluição, envenenamento, toxidade, doenças, são eventos, também com possibilidades de diagnósticos sistêmicos, tomando-se recursos como elementos dos sistemas e cadeias produtivas convencionais. Nosso tema requer que sejamos radicais já nas concepções do problema, em suas causas. Quais os sentidos das organizações dos espaços rurais? Quais as revisões alternativas e participativas nos modelos de gestão e de planejamento ambiental?  Agroecologia, etnoagricultura e demais utopias, no melhor sentido da palavra.  Debates sobre os transgênicos: 1) saídas tecnológicas a favor da produtividade (escalas); 2) temores dos efeitos indesejáveis ou impactos à saúde, não previstos pelas pesquisas com tempo ainda insuficiente para avaliação da eficiência ambiental (não econômica). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 21.  Devemos nos perguntar sobre os caminhos que tomamos para podermos discutir outros, e o que nos interessa produzir e consumir. Economia com sentido.  É preciso ir além dos exotismos. Crosby (1993) expõe a irradiação dos padrões alimentares de boa parte do mundo a partir da Europa, o que explicaria também os circuitos produtivos de alimentos, insumos, cardápios inteiros baseados em regiões que milhões de pessoas nunca viram, forçando ecossistemas de modo artificial a produzirem espécies exóticas.  Há, também, “lendas” sobre “solos pobres”: a verdade é que os solos não têm eficiência com cultivares estranhos; é o caso dos solos de nossas florestas tropicais, que não são adequados ao plantio de espécies do gosto do colonizador europeu. Esse processo moldou a estrutura fundiária e as bases produtivas dos povos subjugados pela força e pelo comércio dos europeus. 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 22.  Uma lista sem fim de situações mostrando a negação da complexidade alimentar poderia ser citada, como lanchonetes, restaurantes, supermercados vendendo reduções simplificadas de pratos anteriormente comuns, habitualmente mais complexos e preparados em casa; é o reino do funcional, do fácil, quase sempre solitário, do comer apressado.  Não haverá lugar para pratos complexos, pois a experiência tanto para o preparo quanto para comê-los não estará disponível.  É preciso encarar as dificuldades para se encontrar “verdadeiros hábitos” em meio às imposições de povos conquistadores e transformações de estruturas milenares.  Os problemas com a Revolução Verde na forma de envenenamento dos rios e dos solos também são descritos por Standage (2010). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 23.  Todo o conhecimento biológico, estatístico e de outras áreas sem o qual nenhuma das sementes altamente produtivas e resistentes a doenças poderia ter sido desenvolvida. Tudo isso chega à empresa sem custo, um presente do passado. Ao apropriar-se do direito sobre o produto final e, ao travar desenvolvimentos paralelos, a empresa canaliza para si gigantescos lucros da totalidade do esforço social, que ela não teve de financiar.  Trata-se de um pedágio sobre o esforço dos outros.  Se não é legítimo, pelo menos funciona? A compreensão do caráter particular do conhecimento como fator de produção já é antiga (DOWBOR, 2010a, p. 55). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 24. Assinale a alternativa correta quanto às separações sociais ou “cercas”. a) A promoção de ambientes higiênicos e limpos, como os shoppings centers, é bastante adequada à melhoria do convívio social. b) Espaços privados e públicos são similares em suas delimitações e conteúdos. c) Naomi Klein trata somente de cercas físicas, tangíveis. d) As cercas mais atuantes nas nossas sociedades são aquelas de difícil identificação, que operam escondidas. e) Os problemas e as funções das cidades não passam por essa ideia de separação, pois os governos não podem permitir que isso aconteça. Interatividade
  • 25. Assinale a alternativa correta quanto às separações sociais ou “cercas”. a) A promoção de ambientes higiênicos e limpos, como os shoppings centers, é bastante adequada à melhoria do convívio social. b) Espaços privados e públicos são similares em suas delimitações e conteúdos. c) Naomi Klein trata somente de cercas físicas, tangíveis. d) As cercas mais atuantes nas nossas sociedades são aquelas de difícil identificação, que operam escondidas. e) Os problemas e as funções das cidades não passam por essa ideia de separação, pois os governos não podem permitir que isso aconteça. Resposta
  • 26.  Temos, assim, o uso da ecologia subordinada aos interesses dos investidores, não do humano de modo geral. É o negócio com o ambiente, sem preocupação ambiental, que anima os modelos trazidos anteriormente, bem como as metodologias de diagnóstico ambiental e seus instrumentos, como avaliações de impacto ambiental, a reciclagem como negócio, a ideia de pegadas ecológicas. Os sistemas e as cadeias produtivas uniformizadoras e concentradoras, convencionais, com sua economia e tecnologia duras, derivam dessa concepção. (SANTOS, 1998). 5.3. Campos do capital, da urbanização disruptiva
  • 27. Naomi Klein faz os seguintes apontamentos sobre as atuais cercas e separações nas cidades:  Percebi alguns temas e imagens recorrentes. Primeiro era a cerca. A imagem surgia repetidamente: barreiras separando as pessoas de recursos que antes eram públicos, excluindo-as das tão necessárias terra e água, restringindo sua capacidade de atravessar as fronteiras, expressar sua discordância política, fazer manifestações nas ruas, até impedir que os políticos sancionem políticas que beneficiem as pessoas que os elegem...  É difícil ver algumas dessas cercas, mas todas elas existem. Uma cerca virtual é erguida em torno das escolas na Zâmbia quando uma "taxa de usuário" de educação é introduzida por sugestão do Banco Mundial, deixando as salas de aula fora do alcance de milhões de pessoas. (KLEIN, 2003, p. 5-6).  Vejam o filme “O menino que descobriu o vento”, de 2019. 5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
  • 28.  Operações usurárias que colocam barras em torno das nações livres, escreveu Eduardo Galeano em As veias abertas da América Latina. Referia-se aos termos de um empréstimo britânico à Argentina em 1824.  Algumas cercas muito necessárias estão sob ataque: na corrida pela privatização, as barreiras que antes existiam entre muitos espaços públicos e privados mantendo a publicidade fora das escolas, como o interesse no lucro fora da assistência médica, ou evitando que distribuidores servissem puramente de veículos promocionais para outras empresas de seus proprietários - foram quase todas derrubadas. Cada espaço público protegido veio abaixo, apenas para ser fechado novamente pelo mercado. (KLEIN, 2003, p. 9). 5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
  • 29.  As empresas de segurança fazem seus maiores negócios nas cidades onde o abismo entre ricos e pobres é maior – Johannesburgo, São Paulo, Nova Délhi – vendendo portões de ferro, carros blindados e elaborados sistemas de alarme, e alugando exércitos de seguranças particulares. (KLEIN, 2003, p. 9).  Os brasileiros, por exemplo, gastam 4,5 bilhões de dólares por ano em segurança particular, e os quatrocentos mil seguranças armados superam em número os policiais em uma proporção de quase 4 para 1 (KLEIN, 2003, p. 9).  É preciso refletir sobre a citação de Naomi Klein sobre as cercas modernas, expressas principalmente nas cidades, no meio urbano. 5.4. Cidades esfaceladas: bairros e distritos
  • 30.  Não é possível caracterizar a vida urbana sem falar do que nela funciona mal. Por isso, segue uma relação de alguns dos importantes problemas de moradia, preço da terra, segurança, trabalho e emprego, transporte, educação, saneamento e fronteiras que atormentam a vida dos governos e da sociedade. Importantes problemas:  de moradia, preço da terra;  segurança;  trabalho e emprego;  transporte;  educação;  saneamento;  fronteiras e regiões. 5.5. Problemas urbanos: a vida na cidade
  • 31.  Para Harvey: “o bem-estar da população e a qualidade de vida não estão sendo cuidados em nenhum lugar do mundo pelos processos de urbanização em massa que acontecem há 30 anos, sendo a desigualdade o maior motor da segregação urbana” ressalta David Harvey.  Destruição do conceito de cidade como espaço de convivência, com desenvolvimento insustentável, neoliberal, urbanização militarizada, especulação imobiliária, falta de mobilidade e de liberdade embalados como um mero conceito político.  Tudo é submetido a um cálculo monetário no qual nós não importamos, mas o dinheiro sim, e isso é o centro de um processo de urbanização que está sendo impulsionado pelo poder do valor monetário.  Como serão nossas cidades daqui a 40 anos? (MORSOLIN, 2015). 6. A sociedade determinada: ampliação da normatização
  • 32.  Como ficarão os espaços rurais e urbanos sob o pós-fordismo?  Práticas sociais são monitoradas com letreiros e justificativas de segurança pública (os números, de capital e pessoas investidos nessa tarefa são exorbitantes), tudo visando as normatizações para o “mundo determinado” de Maurice Merleau-Ponty.  Redução dos meios (recursos) e, agora, mensagens que se vão estreitando...  Ao nos referirmos à cidadania seletiva, tocamos num ponto nodal da estrutura social brasileira, qual seja, a intensa hierarquia de posições ou status quo: o que é trazido tanto pela sociologia quanto pela economia rural-urbana, com o humano aos pedaços (mãos, cabeças e mentes com propósitos direcionadas), controlado por aparato técnico com vistas ao seu encaixamento na realização da moderna economia internacional globalizada, nas múltiplas escalas. 6. A sociedade determinada: ampliação da normatização
  • 33. Assinale a alternativa que confirme a ideia de desintegração como maior representante do momento em que estamos vivendo. a) O que caracteriza os movimentos sociais é a busca por soluções de problemas seguindo as diretrizes e permissões do Estado. b) O mundo determinado refere-se à condição de liberdade plena. c) José de Souza Martins trata da contribuição absoluta da sociologia rural para o desvendamento de relações e processos reais do campo. d) A “sensação de perdas” contemporânea envolve esquecimento social dos saberes tradicionais e dos porquês da ação produtiva e consumidora; restando práticas vazias de significado. e) O papel da sociologia rural, para José de Souza Martins, seria o de justificar a modernização e o desenvolvimento seletivo do capitalismo. Interatividade
  • 34. Assinale a alternativa que confirme a ideia de desintegração como maior representante do momento em que estamos vivendo. a) O que caracteriza os movimentos sociais é a busca por soluções de problemas seguindo as diretrizes e permissões do Estado. b) O mundo determinado refere-se à condição de liberdade plena. c) José de Souza Martins trata da contribuição absoluta da sociologia rural para o desvendamento de relações e processos reais do campo. d) A “sensação de perdas” contemporânea envolve esquecimento social dos saberes tradicionais e dos porquês da ação produtiva e consumidora, restando práticas vazias de significado. e) O papel da sociologia rural, para José de Souza Martins, seria o de justificar a modernização e o desenvolvimento seletivo do capitalismo. Resposta
  • 35.  CROSBY, A. W. Imperialismo ecológico: a expansão biológica da Europa (900-1900). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.  DOWBOR, L. Da propriedade intelectual a economia do conhecimento (Primeira Parte). Economia global e gestão, Lisboa, v. 15, n. 1, 2010a.  ENZENSBERGER, H. M. Elogio ao analfabetismo. In: ENZENSBERGER, H. M. Mediocridade e loucura: e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1995.  HARVEY, D. O direito a cidade. Lutas sociais. São Paulo, n. 29, p. 73-89, jul./dez., 2012.  KLEIN, N. Cercas e janelas. Rio de Janeiro: Record, 2003.  MORSOLIN, C. Segregação urbana, redução da maioridade penal e educação popular são temas do V Congresso Internacional de pedagogia social. EcoDebate, 31 ago., 2015.  PEREIRA, L. J. da H. Retomar a critica interna do capitalismo? Revisitando a analise das crises em problemas de legitimação no capitalismo tardio de Habermas. Cadernos de filosofia alemã, n. 21, jan./jun. 2013. Referências
  • 36.  SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.  SANTOS, M. A seca social. Carta Capital, São Paulo, p. 60-62, 27 mai. 1998.  SARTRE. J. P. O existencialismo é um humanismo. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987.  STANDAGE, T. Uma historia comestível da humanidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.  WILLIAMS, R. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. Referências