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151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM
30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO
CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO
PAULO E RIO DE JANEIRO
MC2R
INTELIGÊNCIA
ESTRATÉGICA
TELEFONE: + 55 21 99607-3012
E-MAIL: mc2rinteligenciaestrategica@gmail.com
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM 30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO
CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO
RILEY RODRIGUES DE OLIVEIRA - DIRETOR-PRESIDENTE
Economista, diplomado em Gestão Estratégica para Dirigentes Empresariais pelo INSEAD –
França, mestre em Engenharia de Produção (Análise de Projetos Industriais e Tecnológicos)
pela COPPE/UFRJ, diplomado em Logística Empresarial pelo COPPEAD/UFRJ. É pesquisador do
grupo de pesquisa GETEMA/COPPE/UFRJ, integrante do Global Leaders Panel – Economist
Intelligence Unit.
Atua como consultor para o Banco Mundial no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano
Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, responsável pelo eixo Expansão
Econômica. Atuou para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID no Plano de
Desenvolvimento Sustentável da Mesorregião do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro.
Atuou como consultor da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa e
Segurança e do Sindicato Nacional da Indústria de Materiais de Defesa na estruturação das
propostas brasileiras para o II Diálogo da Indústria de Defesa Brasil - EUA, realizado em
Washington, em outubro de 2017.
Pesquisador com artigos, notas técnicas e livros publicados.
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM 30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO
CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO
45 mil pessoas vão morrer na Região Metropolitana do Rio de Janeiro até 2045 caso não sejam
reduzidos os altos índices de poluição do ar nos 21 municípios metropolitanos, em especial a
cidade do Rio de Janeiro. Deste total, a poluição causada pelas chamadas fontes móveis (o
sistema de transportes, incluindo rodoviário, metroferroviário, aeroviário e aquaviário), que
respondem por 77% da poluição do ar na Região Metropolitana, serão responsáveis por 31,5
mil mortes. As chamadas fontes fixas (indústrias, queimadas e outras) serão responsáveis por
13,5 mil mortes.
Segundo o estudo "Urban outdoor air pollution", da Organização Mundial da Saúde (OMS),
10,1 mil pessoas morrem todos os dias (3,7 milhões/ano) no mundo por complicações de
saúde causadas pela poluição atmosférica, que provoca, principalmente, asma, doenças
pulmonares obstrutivas crônicas, enfisemas, câncer de pulmão e doenças cardíacas. Segundo a
OMS, a poluição ambiental é responsável por 40% das doenças isquêmica do coração, 40% dos
casos de acidente vascular cerebral, 11% das doenças pulmonares obstrutivas crônicas, 6% dos
casos de câncer de pulmão e 3% das infecções respiratórias agudas em crianças.
Os números globais da OMS foram usados no estudo divulgado em 19 de outubro de 2017
pela "The Lancet Commission on pollution and health", segundo o qual a poluição ambiental
matou 9 milhões de pessoas em 2015, o que equivaleu a 16% das mortes registradas no
mundo naquele ano. A poluição atmosférica indoor e outdoor (em casa e nas ruas) o no ar
contaminado, foi responsável pelas mortes de 6,5 milhões de pessoas em 2015, sendo a que
mais mata. Nesse grupo, a poluição outdoor, causada principalmente pela emissão das
chamadas fontes móveis (meios de transporte, em especial veículos - maior concentração de
emissão de poluentes nos caminhões e ônibus, pelo uso do diesel como combustível), foi
responsáveis por 3,7 milhões de mortes.
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
Considerando esses dados e a relação entre mortes prematuras, doenças cuja origem está
relacionada á poluição e os níveis de poluição atmosférica nas regiões metropolitanas do Rio
de Janeiro e em São Paulo, é possível estimar que as mortes relacionadas à poluição originada
no trânsito atingiram 1.050 no Rio de Janeiro e 4.000 em São Paulo em 2015. As projeções
para os próximos 30 anos, caso os níveis de poluição sejam mantidos nos limites atuais,
demonstram um total de 151 mil mortes, mais que a população de Itu ou Francisco Morato,
em São Paulo, e quase a população de Teresópolis, no Rio de Janeiro. Ou o equivalente 97%
dos municípios brasileiros..
Apenas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o número de mortes projetadas para 30
anos equivale à população de 87,3% dos 5.570 municípios brasileiros, que possuem população
até 45 mil habitantes. É como se fossem dizimadas, por ano, as populações de Borá (SP) e
Serra da Saudade (MG). Ou, em 30 anos, a população do município de Tramandaí (RS).
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro registra um índice de 64 microgramas/m³ de
material particulado inalável (o máximo aceitável, segundo a OMS, é de 20 microgramas), em
especial gases de efeito estufa gerados principalmente pela queima de combustíveis fósseis
(gasolina e diesel, principalmente). Respirar esta quantidade de material particulado equivale a
inalar um volume de poluentes comparável ao de dois cigarros fumados até o filtro todos os
dias. Desta forma, as doenças causadas pela poluição atmosférica podem ser comparadas
àquelas causadas pelo fumo.
A solução para salvar estas vidas está em um grupo de medidas que vêm sendo postergadas
pelos governos, que não percebem que o custo social e econômico de não fazer nada é maior
do que o custo de tomar uma atitude para solucionar o problema. Estas medidas passam por
algumas variáveis, todas destinadas a reduzir o número de viagens, principalmente
rodoviárias. São elas:
Criar mecanismos de incentivo não para a indústria automobilística e para os combustíveis
fósseis, mas para o transporte de massa, com redução do imposto e isenções de tributos,
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
assim como financiamentos parta a expansão dos sistemas sobre trilhos, em especial elétricos.
Isso significa investir em metrô pesado e leve, trem, monotrilhos e VLT, reduzindo a febre
pelos BRTs, propostos até para locais onde a demanda e o perfil da infraestrutura viária o
tornam uma opção errada, por não atender à necessidade ou por causar um impacto negativo
sobre a cidade, em sua área de influência, maior que o benefício que poderia gerar para uma
parcela dos usuários;
No caso do Rio de Janeiro e de outras regiões metropolitanas onde for possível, adotar os
mesmos procedimentos para o transporte hidroviário (no Rio de Janeiro, retornando ao final
do século 19, quando a Baía da Guanabara era utilizada de forma intensa para o transporte de
pessoas e bens – o futuro está no passado);
Investir em programas de substituição de combustíveis, com a concessão de subsídios e
vantagens para a troca da gasolina e do diesel por álcool (polui 20% menos) e o gás natural
(polui até 80% menos). Na região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 1º de dezembro de
2015, existiam 321.269 veículos movidos a álcool (emitiram 1.285.076 toneladas de
poluentes); 2.071.147 veículos a gasolina (emitiram 6.627.670 toneladas de poluentes);
236.829 veículos a diesel (emitiram 994.682 toneladas de poluentes); 1.322.589 veículos flex,
movidos a gasolina e álcool (emitiram 5.290.356 toneladas de poluentes); 280.937 veículos
tricombusíveis, movidos a gasolina, álcool e GNV (emitiram 1.123.748 toneladas de poluentes);
508.991 veículos movidos a GNV (emitiram 101.789 toneladas de poluentes); e outros 46.285
veículos que utilizam outros combustíveis (emitiram 185.106 toneladas de poluentes).
Substituir os combustíveis carburantes por outros, menos poluentes, combinado com um
programa de ampliação do transporte de massa sobre trilhos e hidroviário, poderia salvar as
vidas de 40 mil desses 45 mil condenados à morte pela poluição na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro.
Outra medida é a substituição da frota de veículos, em especial a que passa mais tempo
circulando, como táxis e ônibus, por veículos elétricos. A substituição dos 36 mil táxis da
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
Região Metropolitana do Rio de Janeiro por veículos elétricos reduziria enormemente as
emissões. Considerando que 30 mil táxis utilizam GNV e que cada táxi, pelo tempo de
circulação, equivale a 7 veículos de passeio, isso implica dizer que a substituição iria reduzir as
emissões em 168 mil toneladas/ano. Os 6 mil táxis restantes utilizam álcool ou gasolina
(principalmente gasolina, uma vez que o álcool não é a opção mais econômica), se fossem
substituídos pelos veículos elétricos também reduziriam as emissões em 168 mil
toneladas/ano (de onde se verifica o impacto positivo do GNV e mais ainda do veículo
elétrico).
Porém, a medida definitiva passa pelo reordenamento territorial, com a melhor distribuição de
funções urbanas pelo território, garantindo que as pessoas possam ter, a 10 km de casa,
serviços como educação, saúde, lazer, atendimento público e, principalmente, ofertas de
emprego. É preciso levar as funções urbanas para onde as pessoas moram e as pessoas para
onde as funções urbanas são largamente oferecidas. Este é o caminho e a solução.
Considerando que, estatisticamente, uma pessoa morre por causa de 15.019 toneladas de
poluentes lançados na atmosfera pelas fontes móveis, a substituição da frota de táxis por
veículos elétricos salvaria, por ano, 22,4 vidas, o que, em 30 anos, significaria 672 pessoas
salvas da morte por poluição na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Haveria ainda redução nos custos com o tratamento de milhares de pessoas com problemas
relacionados à poluição, em especial doenças cardíacas, neoplasias (câncer, principalmente do
aparelho respiratório) e outras, além dos efeitos econômicos causados pelas faltas ao trabalho
devido aos problemas de saúde e outros efeitos diretamente ligados à poluição.
Na Região Metropolitana de São Paulo, onde o índice de poluição é de 38 microgramas/m³ de
material inalável e as fontes móveis respondem por 95% da poluição, o número de mortes
causadas pela poluição nos próximos 30 anos vai chegar a 120 mil. Isso equivale à população
de 95,5% dos municípios brasileiros.
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
Apenas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, 151 mil pessoas irão morrer
nos 30 anos por causas relacionadas à poluição, principalmente dos transportes e
particularmente pelo tipo de combustíveis e pelos programas de incentivo oferecidos pelos
governos para o transporte rodoviário.
Além de contabilizar as mortes, é preciso valorar economicamente essas ocorrências. Embora
esse seja um processo que gere polêmica, por estabelecer um valor à vida, não é possível fazer
uma análise de mortes prematuras causadas por doenças relacionadas à poluição atmosférica
sem que essas perdas sociais recebam uma valoração econômica.
Para estabelecer as ocorrências de mortes prematuras e prevalência de doenças causadas pela
poluição e, especificamente, pelas emissões do sistema de transporte, utilizou-se o método
DALY (Disability Adjusted Life Years). Desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde em
conjunto com a Universidade de Harvard, o método conjuga, em uma única medida, a
mortalidade prematura e a prevalência de doenças. O método sintetiza a saúde da população
e apresenta o gap em termos de morte e doenças em relação a um padrão ideal de saúde.
Desta forma, representa uma medida absoluta de perda de saúde, ao contabilizar quantos
anos de vida saudável são perdidos em termos de morte prematura e doenças não fatais ou
incapacidade.
O método pode ser aplicado para medir a carga de doenças relacionada a algum evento
específico, no caso a poluição atmosférica. Dessa forma, as mortes analisadas são aquelas
atribuíveis às complicações de saúde causadas pela poluição atmosférica. Para se obter esta
informação aplica-se o risco relativo de morte pelos agentes poluidores, encontrado a partir de
técnicas de regressão que conjugam informações sobre poluição atmosférica no curto ou
longo prazo e acompanhamento longitudinal da população para verificar se existe uma relação
estatística entre picos de poluição e picos de morte.
Os dados de mortalidade foram extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM),
disponível no Datasus, com base em um grupo de doenças selecionadas (doença isquêmica do
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
coração, doença cerebrovascular, tumores malignos do trato respiratório e cavidade
intratorácica, doenças crônicas das vias aéreas inferiores e pneumonia, influenza e outras
infecções agudas das vias aéreas inferiores). Com base nestes dados foi possível mensurar
economicamente o custo das mortes prematuras, adotando-se para tal a metodologia do Valor
de Vida Estatístico, ou VVE.
Relacionando o potencial de geração de PIB ao longo da vida produtiva (não a renda per
capita, mas o valor da produção bruta per capita), obteve-se um valor médio, para a região
metropolitana do Rio de Janeiro de R$ 27,8 milhões. Multiplicando esse valor pelas
ocorrências de mortes relacionadas à poluição do tráfego (1.050 ocorrências), obtém-se R$
29,2 bilhões. Esse foi o custo econômico das mortes prematuras causadas pela poluição
oriunda do tráfego na Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2015. Já na região
metropolitana de São Paulo, onde aplicando-se a mesma metodologia, chegou-se a um valor
médio de vida de R$ 36,2 milhões. Multiplicando-se pelas 4 mil mortes relacionadas á poluição
obteve-se R$ 144,6 bilhões.
Apenas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo o custo econômico das
mortes prematuras causadas pela poluição originada do tráfego atingiu R$ 173,8 bilhões.
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
CONCLUSÃO
A poluição atmosférica precisa ser tratada como um pandemia. O avanço da poluição, um dos
efeitos mais perversos da industrialização e da falta de ações para mitigar as emissões, em
especial em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, é a causa de milhões de mortes
todos os anos, além do alto custo econômico. Apenas nas regiões metropolitanas do Rio de
Janeiro e São Paulo, em 2015, foram 5.050 mortes causadas diretamente pelas emissões de
poluentes pelo trânsito, com um custo econômico de R$ 173,8 bilhões.
Mantidos os atuais níveis de poluição atmosférica, as duas regiões metropolitanas registrarão,
em 30 anos, um total de 151 mil mortes causadas pela poluição. Os custos relacionados para a
sociedade, como os atendimentos médicos, os benefícios continuados pela incapacitação, a
produção econômica sacrificada, além dos custos emocionais das famílias, podem ser
mensurados, mas são incalculáveis.
Há soluções para esse problema, mas passam por medidas que exigem determinação política
que, nas últimas décadas, além de não ter sido demonstrada, verifica-se estar no sentido
contrário das ações tomadas pelos governantes.
151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro
Outubro / 2017
FONTES
Fundação Getúlio Vargas
Harvard University
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios
Ministério da Saúde, DATASUS
Organização Mundial da Saúde
Secretarias Estaduais de Saúde de São Paulo e Rio de Janeiro
Secretarias Municipais de Saúde
The Lancet Commission on pollution and health

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151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em são paulo e rio de janeiro

  • 1. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM 30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO MC2R INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA TELEFONE: + 55 21 99607-3012 E-MAIL: mc2rinteligenciaestrategica@gmail.com
  • 2. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM 30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO RILEY RODRIGUES DE OLIVEIRA - DIRETOR-PRESIDENTE Economista, diplomado em Gestão Estratégica para Dirigentes Empresariais pelo INSEAD – França, mestre em Engenharia de Produção (Análise de Projetos Industriais e Tecnológicos) pela COPPE/UFRJ, diplomado em Logística Empresarial pelo COPPEAD/UFRJ. É pesquisador do grupo de pesquisa GETEMA/COPPE/UFRJ, integrante do Global Leaders Panel – Economist Intelligence Unit. Atua como consultor para o Banco Mundial no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, responsável pelo eixo Expansão Econômica. Atuou para o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID no Plano de Desenvolvimento Sustentável da Mesorregião do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. Atuou como consultor da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Defesa e Segurança e do Sindicato Nacional da Indústria de Materiais de Defesa na estruturação das propostas brasileiras para o II Diálogo da Indústria de Defesa Brasil - EUA, realizado em Washington, em outubro de 2017. Pesquisador com artigos, notas técnicas e livros publicados.
  • 3. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 151 MIL PESSOAS VÃO MORRER EM 30 ANOS POR CAUSA DA POLUIÇÃO CAUSADA PELO TRÂNSITO EM SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO 45 mil pessoas vão morrer na Região Metropolitana do Rio de Janeiro até 2045 caso não sejam reduzidos os altos índices de poluição do ar nos 21 municípios metropolitanos, em especial a cidade do Rio de Janeiro. Deste total, a poluição causada pelas chamadas fontes móveis (o sistema de transportes, incluindo rodoviário, metroferroviário, aeroviário e aquaviário), que respondem por 77% da poluição do ar na Região Metropolitana, serão responsáveis por 31,5 mil mortes. As chamadas fontes fixas (indústrias, queimadas e outras) serão responsáveis por 13,5 mil mortes. Segundo o estudo "Urban outdoor air pollution", da Organização Mundial da Saúde (OMS), 10,1 mil pessoas morrem todos os dias (3,7 milhões/ano) no mundo por complicações de saúde causadas pela poluição atmosférica, que provoca, principalmente, asma, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, enfisemas, câncer de pulmão e doenças cardíacas. Segundo a OMS, a poluição ambiental é responsável por 40% das doenças isquêmica do coração, 40% dos casos de acidente vascular cerebral, 11% das doenças pulmonares obstrutivas crônicas, 6% dos casos de câncer de pulmão e 3% das infecções respiratórias agudas em crianças. Os números globais da OMS foram usados no estudo divulgado em 19 de outubro de 2017 pela "The Lancet Commission on pollution and health", segundo o qual a poluição ambiental matou 9 milhões de pessoas em 2015, o que equivaleu a 16% das mortes registradas no mundo naquele ano. A poluição atmosférica indoor e outdoor (em casa e nas ruas) o no ar contaminado, foi responsável pelas mortes de 6,5 milhões de pessoas em 2015, sendo a que mais mata. Nesse grupo, a poluição outdoor, causada principalmente pela emissão das chamadas fontes móveis (meios de transporte, em especial veículos - maior concentração de emissão de poluentes nos caminhões e ônibus, pelo uso do diesel como combustível), foi responsáveis por 3,7 milhões de mortes.
  • 4. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 Considerando esses dados e a relação entre mortes prematuras, doenças cuja origem está relacionada á poluição e os níveis de poluição atmosférica nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e em São Paulo, é possível estimar que as mortes relacionadas à poluição originada no trânsito atingiram 1.050 no Rio de Janeiro e 4.000 em São Paulo em 2015. As projeções para os próximos 30 anos, caso os níveis de poluição sejam mantidos nos limites atuais, demonstram um total de 151 mil mortes, mais que a população de Itu ou Francisco Morato, em São Paulo, e quase a população de Teresópolis, no Rio de Janeiro. Ou o equivalente 97% dos municípios brasileiros.. Apenas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o número de mortes projetadas para 30 anos equivale à população de 87,3% dos 5.570 municípios brasileiros, que possuem população até 45 mil habitantes. É como se fossem dizimadas, por ano, as populações de Borá (SP) e Serra da Saudade (MG). Ou, em 30 anos, a população do município de Tramandaí (RS). A Região Metropolitana do Rio de Janeiro registra um índice de 64 microgramas/m³ de material particulado inalável (o máximo aceitável, segundo a OMS, é de 20 microgramas), em especial gases de efeito estufa gerados principalmente pela queima de combustíveis fósseis (gasolina e diesel, principalmente). Respirar esta quantidade de material particulado equivale a inalar um volume de poluentes comparável ao de dois cigarros fumados até o filtro todos os dias. Desta forma, as doenças causadas pela poluição atmosférica podem ser comparadas àquelas causadas pelo fumo. A solução para salvar estas vidas está em um grupo de medidas que vêm sendo postergadas pelos governos, que não percebem que o custo social e econômico de não fazer nada é maior do que o custo de tomar uma atitude para solucionar o problema. Estas medidas passam por algumas variáveis, todas destinadas a reduzir o número de viagens, principalmente rodoviárias. São elas: Criar mecanismos de incentivo não para a indústria automobilística e para os combustíveis fósseis, mas para o transporte de massa, com redução do imposto e isenções de tributos,
  • 5. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 assim como financiamentos parta a expansão dos sistemas sobre trilhos, em especial elétricos. Isso significa investir em metrô pesado e leve, trem, monotrilhos e VLT, reduzindo a febre pelos BRTs, propostos até para locais onde a demanda e o perfil da infraestrutura viária o tornam uma opção errada, por não atender à necessidade ou por causar um impacto negativo sobre a cidade, em sua área de influência, maior que o benefício que poderia gerar para uma parcela dos usuários; No caso do Rio de Janeiro e de outras regiões metropolitanas onde for possível, adotar os mesmos procedimentos para o transporte hidroviário (no Rio de Janeiro, retornando ao final do século 19, quando a Baía da Guanabara era utilizada de forma intensa para o transporte de pessoas e bens – o futuro está no passado); Investir em programas de substituição de combustíveis, com a concessão de subsídios e vantagens para a troca da gasolina e do diesel por álcool (polui 20% menos) e o gás natural (polui até 80% menos). Na região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 1º de dezembro de 2015, existiam 321.269 veículos movidos a álcool (emitiram 1.285.076 toneladas de poluentes); 2.071.147 veículos a gasolina (emitiram 6.627.670 toneladas de poluentes); 236.829 veículos a diesel (emitiram 994.682 toneladas de poluentes); 1.322.589 veículos flex, movidos a gasolina e álcool (emitiram 5.290.356 toneladas de poluentes); 280.937 veículos tricombusíveis, movidos a gasolina, álcool e GNV (emitiram 1.123.748 toneladas de poluentes); 508.991 veículos movidos a GNV (emitiram 101.789 toneladas de poluentes); e outros 46.285 veículos que utilizam outros combustíveis (emitiram 185.106 toneladas de poluentes). Substituir os combustíveis carburantes por outros, menos poluentes, combinado com um programa de ampliação do transporte de massa sobre trilhos e hidroviário, poderia salvar as vidas de 40 mil desses 45 mil condenados à morte pela poluição na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Outra medida é a substituição da frota de veículos, em especial a que passa mais tempo circulando, como táxis e ônibus, por veículos elétricos. A substituição dos 36 mil táxis da
  • 6. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 Região Metropolitana do Rio de Janeiro por veículos elétricos reduziria enormemente as emissões. Considerando que 30 mil táxis utilizam GNV e que cada táxi, pelo tempo de circulação, equivale a 7 veículos de passeio, isso implica dizer que a substituição iria reduzir as emissões em 168 mil toneladas/ano. Os 6 mil táxis restantes utilizam álcool ou gasolina (principalmente gasolina, uma vez que o álcool não é a opção mais econômica), se fossem substituídos pelos veículos elétricos também reduziriam as emissões em 168 mil toneladas/ano (de onde se verifica o impacto positivo do GNV e mais ainda do veículo elétrico). Porém, a medida definitiva passa pelo reordenamento territorial, com a melhor distribuição de funções urbanas pelo território, garantindo que as pessoas possam ter, a 10 km de casa, serviços como educação, saúde, lazer, atendimento público e, principalmente, ofertas de emprego. É preciso levar as funções urbanas para onde as pessoas moram e as pessoas para onde as funções urbanas são largamente oferecidas. Este é o caminho e a solução. Considerando que, estatisticamente, uma pessoa morre por causa de 15.019 toneladas de poluentes lançados na atmosfera pelas fontes móveis, a substituição da frota de táxis por veículos elétricos salvaria, por ano, 22,4 vidas, o que, em 30 anos, significaria 672 pessoas salvas da morte por poluição na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Haveria ainda redução nos custos com o tratamento de milhares de pessoas com problemas relacionados à poluição, em especial doenças cardíacas, neoplasias (câncer, principalmente do aparelho respiratório) e outras, além dos efeitos econômicos causados pelas faltas ao trabalho devido aos problemas de saúde e outros efeitos diretamente ligados à poluição. Na Região Metropolitana de São Paulo, onde o índice de poluição é de 38 microgramas/m³ de material inalável e as fontes móveis respondem por 95% da poluição, o número de mortes causadas pela poluição nos próximos 30 anos vai chegar a 120 mil. Isso equivale à população de 95,5% dos municípios brasileiros.
  • 7. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 Apenas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, 151 mil pessoas irão morrer nos 30 anos por causas relacionadas à poluição, principalmente dos transportes e particularmente pelo tipo de combustíveis e pelos programas de incentivo oferecidos pelos governos para o transporte rodoviário. Além de contabilizar as mortes, é preciso valorar economicamente essas ocorrências. Embora esse seja um processo que gere polêmica, por estabelecer um valor à vida, não é possível fazer uma análise de mortes prematuras causadas por doenças relacionadas à poluição atmosférica sem que essas perdas sociais recebam uma valoração econômica. Para estabelecer as ocorrências de mortes prematuras e prevalência de doenças causadas pela poluição e, especificamente, pelas emissões do sistema de transporte, utilizou-se o método DALY (Disability Adjusted Life Years). Desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde em conjunto com a Universidade de Harvard, o método conjuga, em uma única medida, a mortalidade prematura e a prevalência de doenças. O método sintetiza a saúde da população e apresenta o gap em termos de morte e doenças em relação a um padrão ideal de saúde. Desta forma, representa uma medida absoluta de perda de saúde, ao contabilizar quantos anos de vida saudável são perdidos em termos de morte prematura e doenças não fatais ou incapacidade. O método pode ser aplicado para medir a carga de doenças relacionada a algum evento específico, no caso a poluição atmosférica. Dessa forma, as mortes analisadas são aquelas atribuíveis às complicações de saúde causadas pela poluição atmosférica. Para se obter esta informação aplica-se o risco relativo de morte pelos agentes poluidores, encontrado a partir de técnicas de regressão que conjugam informações sobre poluição atmosférica no curto ou longo prazo e acompanhamento longitudinal da população para verificar se existe uma relação estatística entre picos de poluição e picos de morte. Os dados de mortalidade foram extraídos do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), disponível no Datasus, com base em um grupo de doenças selecionadas (doença isquêmica do
  • 8. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 coração, doença cerebrovascular, tumores malignos do trato respiratório e cavidade intratorácica, doenças crônicas das vias aéreas inferiores e pneumonia, influenza e outras infecções agudas das vias aéreas inferiores). Com base nestes dados foi possível mensurar economicamente o custo das mortes prematuras, adotando-se para tal a metodologia do Valor de Vida Estatístico, ou VVE. Relacionando o potencial de geração de PIB ao longo da vida produtiva (não a renda per capita, mas o valor da produção bruta per capita), obteve-se um valor médio, para a região metropolitana do Rio de Janeiro de R$ 27,8 milhões. Multiplicando esse valor pelas ocorrências de mortes relacionadas à poluição do tráfego (1.050 ocorrências), obtém-se R$ 29,2 bilhões. Esse foi o custo econômico das mortes prematuras causadas pela poluição oriunda do tráfego na Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2015. Já na região metropolitana de São Paulo, onde aplicando-se a mesma metodologia, chegou-se a um valor médio de vida de R$ 36,2 milhões. Multiplicando-se pelas 4 mil mortes relacionadas á poluição obteve-se R$ 144,6 bilhões. Apenas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo o custo econômico das mortes prematuras causadas pela poluição originada do tráfego atingiu R$ 173,8 bilhões.
  • 9. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 CONCLUSÃO A poluição atmosférica precisa ser tratada como um pandemia. O avanço da poluição, um dos efeitos mais perversos da industrialização e da falta de ações para mitigar as emissões, em especial em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, é a causa de milhões de mortes todos os anos, além do alto custo econômico. Apenas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e São Paulo, em 2015, foram 5.050 mortes causadas diretamente pelas emissões de poluentes pelo trânsito, com um custo econômico de R$ 173,8 bilhões. Mantidos os atuais níveis de poluição atmosférica, as duas regiões metropolitanas registrarão, em 30 anos, um total de 151 mil mortes causadas pela poluição. Os custos relacionados para a sociedade, como os atendimentos médicos, os benefícios continuados pela incapacitação, a produção econômica sacrificada, além dos custos emocionais das famílias, podem ser mensurados, mas são incalculáveis. Há soluções para esse problema, mas passam por medidas que exigem determinação política que, nas últimas décadas, além de não ter sido demonstrada, verifica-se estar no sentido contrário das ações tomadas pelos governantes.
  • 10. 151 mil pessoas vão morrer em 30 anos por causa da poluição causada pelo trânsito em São Paulo e Rio de Janeiro Outubro / 2017 FONTES Fundação Getúlio Vargas Harvard University Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Ministério da Saúde, DATASUS Organização Mundial da Saúde Secretarias Estaduais de Saúde de São Paulo e Rio de Janeiro Secretarias Municipais de Saúde The Lancet Commission on pollution and health