1) Um homem foi morto a tiros em Campinas após ser baleado 13 vezes em um bar. A polícia investiga o crime sem saber a motivação.
2) Vereadores de Sumaré denunciaram ao Ministério Público o aumento da tarifa mínima de água de 5m3 para 10m3 pela concessionária Odebrecht sem melhorias no serviço.
3) A Sanasa justificou reajustes tarifários em Campinas devido à queda na arrecadação causada pela redução no consumo de água, o que revoltou moradores
1. 03
Quarta
22 | Jul • 2015
13º 21º
20%
Parcialmente
nublado
Americana Debaixo de saia
Com Peol, Câmara
esconde gasto de
gabinete há seis meses
Rio Branco dispensa
jogador acusado de
filmar adolescente
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Edição: Rodrigo Pereira | rodrigopereira@tododia.com.br | 19-3471-2784; Fabio Furlan | fabiofurlan@tododia.com.br | 19-3471-2753. Silvana Guaiume | silvanaguaiume@tododia.com.br | 19-3471-2784
Homem é morto com 13 tiros em Campinas
Um homem foi morto na madrugada de anteontem no Jardim Bassoli, em Campi-
nas, com 13 tiros. Alexandre Augusto Rocha, conhecido como Xande, estava em um
bar e foi baleado com uma pistola semi-automática. O corpo dele foi encontrado com
perfurações. O autor dos disparos não foi localizado. A polícia não sabe os motivos
do crime. O crime continuará em investigação, e familiares e amigos do Xande se-
rão chamados para serem escutados. O caso é investigado pela SHPP (Delegacia de
Homicídios e Proteção à Pessoa).
Os vereadores da CEI (Co-
missão Especial de Inqué-
rito) do DAE (Departamen-
to de Água e Esgoto) de Su-
maré protocolaram on-
tem uma representação no
MPE (Ministério Público Es-
tadual) para propor uma
Ação Civil Pública por conta
do aumento da tarifa míni-
ma de consumo d’água pra-
ticada pela concessionária
Odebrecht Ambiental. A ta-
rifa mínima foi elevada de 5
m³ para 10 m³.
De acordo com o site da
Odebrecht, o valor do metro
cúbico (mil litros) de água
é de R$ 1,77 e não foi al-
terado. Entretanto, a tari-
fa de consumo mínimo de 5
m³ (R$ 8,85) foi extinta, vi-
gorando apenas a de 10 m³
(R$ 17,70).
De acordo com a repre-
sentação, “consta que a
atual concessionária assu-
miu recentemente a conces-
são dos serviços de água e
esgoto nesta cidade, (...) e
de imediato, sem qualquer
estruturação de serviços de
água e esgoto, sem qualquer
melhoria estrutural do sis-
tema, aumentou em 100% a
tarifa mínima de água e es-
goto em nossa cidade.”
O vereador petista Geral-
do Medeiros da Silva con-
siderou a medida abusi-
va. “Nós sabemos que exis-
tem muitas famílias caren-
tes que passam o dia todo
fora de casa, trabalhando,
que gastam o mínimo possí-
vel, e agora terão que pagar
a mais por algo que não vão
usar. Além disso, essa me-
dida parece querer incenti-
var o consumo de água ao
invés de diminuir”, critica o
vereador.
Além de Medeiros, a co-
missão é formada pelos ve-
readores Cláudio Meskan
(PSB), Henrique Stein, o
Henrique do Paraíso (SD),
Joel Cardoso da Luz (PSDB)
e Ronaldo Mendes (PSDB),
e foi instaurada para inves-
tigar o processo de conces-
são do DAE (Departamen-
to de Água e Esgoto) para
a Odebrecht, que assumiu
o serviço de água e esgoto
em junho.
OUTRO LADO
Através da assessoria de
imprensa, a Odebrecht afir-
ma que a mudança na tarifa
já estava prevista pela pre-
feitura no edital. “A criação
de faixas de consumo dos
serviços, e com ela a mu-
dança da tarifa mínima de 5
m³ para 10 m³, estava pre-
vista no Edital de Licitação
elaborado em 2014”, diz a
nota.
Ainda de acordo com a
concessionária, o modelo
está de acordo com o que
prevê o Consórcio PCJ (das
bacias dos rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí).
A assessoria da Prefeitu-
ra de Sumaré informou que
lançará, nas próximas se-
manas, um programa de ta-
rifa social para a população
de baixa renda, que propor-
cionará “descontos de 40%
para quem consumir até
10 m³. Os que consumirem
até 20 m³ terão desconto de
30%”. | ANDRÉ ROSSI
AO MP
Vereadores denunciam aumento
na tarifa mínima de água
Consumo mínimo
passou de 5m³
para 10m³
CAMPINAS
Sanasa diz que elevou
tarifa de água porque
há menos consumo
Desde o início da crise hídrica, empresa pregava justamente
a economia; moradores se revoltam e se sentem penalizados
Arquivo | TODODIA Imagem
Arly apontou queda na arrecadação
O presidente da Sanasa (So-
ciedade de Abastecimento de
Água e Saneamento) de Cam-
pinas, Arly de Lara Romêo,
afirmou que o fato de a po-
pulação estar usando menos
água foi um dos motivos para
o segundo aumento da tari-
fa neste ano. A declaração foi
levada ao ar ontem pelo pro-
grama Bom Dia Brasil, da Re-
de Globo.
“Houve uma redução do
consumo, e consequentemen-
te resultou no faturamento da
empresa. É a necessidade da
empresa manter-se cumprin-
do com seus compromissos e
seus investimentos”, disse o
presidente no entrevista à TV.
Desde o início da crise hí-
drica, a Sanasa tem apelado
ao consumidor para que eco-
nomize água.
O fato de a economia ter
sido usada como justificati-
va justamente para um novo
aumento revoltou moradores
(leia abaixo).
Em 2015 foram aplicados
dois aumentos. O primeiro,
em fevereiro, foi de 11,98%.
ANDRÉ ROSSI
CAMPINAS
Neste mês, a Ares-PCJ (Agên-
cia Reguladora dos Serviços
de Saneamento das Bacias
dos Rios Piracicaba, Capivari
e Jundiaí), autorizou a Sana-
sa a aplicar um novo reajuste
de 15%, que começará a valer
em agosto.
Questionado pelo TODODIA
sobre a afirmação à TV, Lara
citou outros fatores para justi-
ficar os reajustes.
“Eu respondo pelo o que eu
falei, não pelo o que falaram
que eu falei. O que eu disse é
que há um conjunto de coisas
para isso (reajuste). Aumen-
tou energia elétrica, aumen-
tou a despesa com produtos
de tratamento, e a empre-
sa precisa cumprir com seus
compromissos”, disse.
Para o economista e consul-
tor financeiro Carlos Augusto
Machado da Motta, a Sanasa
optou pelo caminho mais fá-
cil para regularizar as contas.
Ele aponta outros meios que
poderiam ser utilizados.
“Para adequar as metas da
empresa, eles decidiram au-
mentar a tarifa. Ao invés dis-
so, eles deveriam ter buscado
formas de reduzir custos ope-
racionais, e não fazer o con-
sumidor pagar a mais por al-
go que ele está economizan-
do”, afirmou.
O químico e biólogo Renato
César Pereira, 55, protocolou
ontem no MPE (Ministério Pú-
blico Estadual) uma represen-
tação pedindo a suspensão dos
aumentos na tarifa d’água da
cidade.
“É muita coisa para a po-
pulação pagar. Nós fizemos a
nossa parte, economizamos
água, e agora eles querem di-
zer que isso é a causa do rea-
juste. É um absurdo. Não po-
demos aceitar que eles impo-
nham esse tipo de coisa goela
abaixo”, disse Pereira.
O morador também questio-
na os gastos com comissiona-
dos e publicidade da Sanasa.
“Eles mostraram que tiveram
prejuízo no balanço de 2014,
mas ficam gastando um mon-
te com comissionados e publi-
cidade. A população não pode
pagar por erros como esse”,
argumenta.
GASTOS QUESTIONADOS
O balanço da Sanasa de
2014 apontou prejuízo de R$
18,7 milhões e também mos-
trou que a empresa desembol-
sou R$ 5,6 milhões com publi-
cidade naquele ano, represen-
tando um aumento superior
a 3.000% em relação ao mes-
mo período de 2013, quando
a despesa foi de R$ 172,1 mil.
O número de comissionados
da Prefeitura de Campinas,
tanto da administração dire-
ta quanto indireta, é alvo de
uma ação impetrada pelo MPE
na Justiça, que pede a cassa-
ção de Jonas Donizette (PSB).
Na ação, é citado o caso do co-
missionado da Sanasa, Alaor
Viola, cedido à prefeitura, que
faltou durante três dias no ser-
viço para ir ao Rio de Janei-
ro, alegando que sua sobrinha
que mora na cidade, adulta e
casada, “passou mal”, e por is-
so ele viajou para ajudá-la.
O MPE também investiga
possíveis irregularidades na
realização de uma festa de 40
anos do Hospital Municipal
Dr. Mário Gatti em outubro de
2014 para políticos, autorida-
des e funcionários.
O maior patrocinador do
evento foi a Sanasa, que de-
sembolsou uma verba de R$
32,9 mil.
| AR
Morador pede suspensão de reajustes ao MPE
frase
É a
necessidade da
empresa manter-
se cumprindo
com seus
compromissos
(...)
Do presidente da Sanasa, Arly de Lara
A alegação dada pela Sa-
nasa de que o aumento do
preço foi causado pela dimi-
nuição do consumo é consi-
derada absurda por mora-
dores ouvidos pelo TODO-
DIA no Centro de Campinas.
A assistente financeira Ca-
mila de Sá, 32, reduziu o uso
da água pela metade e vem
mantendo a economia. “Es-
sa justificativa é absurda.
(...) Qual a vantagem se tudo
o que recebemos pelo nosso
sacrifício é um aumento de
despesas?” A dona de casa
Selma Rocha dos Santos, 36,
diz que o aumento dificulta a
vida do campineiro. “A gente
economiza esperando tam-
bém uma economia dos gas-
tos e ganhamos esse presen-
te. Muito absurdo.”
| LUIZA PELLICANI
Moradores se
revoltam
frases
Qual a
vantagem se
tudo o que
recebemos pelo
nosso sacrifício é
um aumento de
despesas?
Da assistente financeira Camila de Sá
A gente
economiza
esperando
também uma
economia dos
gastos (...)
Da dona de casa Selma Rocha dos Santos
Fotos: Matheus Reche | TODODIA Imagem