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A busca por descobertas que estão relacionados a nossas origens, a nossa construção histórica, cultural e evolutiva. Inclusive a
busca de nossas origens parece ser intrínseca ao ser humano. Há ainda muito “mistério” sobre nós. A começar sobre nossos
sentimentos e identidade seja ela local, regional ou nacional. Essa busca por nossas identidades se torna mais premente
quando não temos de modo sistematizado muitas respostas aos nossos anseios. Esse questionamento sobre essas possíveis e
imagináveis origens do Município de Gonçalves Dias comporta hoje ao menos três datas distintas para sua criação,a saber:
• Primeira data – 31/12/1958.Esta data é comumente associada a lei de criação de número 1.715.
• Segunda data – 19/02/1959.Nesta data o município teria sido instalado solenemente.
• Terceira data – 11 ou 18/06/1959.Nesta data a Lei de Criação do Município teria sido publicada no Diário Oficial do Estado.
Essa lei que criou o município fora apresentada juntamente com muitos outros projetos de lei em fins de 1958, dificilmente
os deputados se reuniram no recesso de final de ano para votar leis ou qualquer outro ato. Nos últimos oito anos essa
primeira data foi incorporada as festividades locais como sendo a gênese da cidade, sendo que para efeitos legais um
projeto de lei não tem validade até sua promulgação. Nas pesquisas que já realizei no Arquivo Público em São Luís, no Diário
Oficial do ano de 1958 e inicio 1959 não encontrei referência nenhuma a lei 1.715, logo não poderia existir a municipalidade
pelos parâmetros legais como já apontei.
Entretanto ficou inscrito por alguns poucos moradores que o município foi instalado exatamente há 54 anos, no dia 19 de
fevereiro, contudo essa data é raramente lembrada pelos gonçalvinos. Abre-se inclusive um paradoxo, instalar um município
que não havia amparo legal é algo meio estranho, mas se observarmos os anseios daqueles moradores dessa região na
década de 1950, observa-se que havia uma pressa para criação da municipalidade.
As duas últimas datas parecem mais plausíveis, inclusive com documentação que lhe ampare legalmente. A lei municipal
número 430, de 13 de julho de 1959 da cidade de Caxias, aponta outra lei estadual sobre a demarcação das fronteiras do
município de número 1.743/1959, do dia 11 de junho de 1959 noutro documento aponta essa última lei como sendo do dia
18 de junho de 1959. Corroborando com a tese sobre a prevalência legal da última data está o fato do interventor, o prefeito
interino, Prudêncio Alves Feitosa ter tomado posse apenas em agosto de 1959, sua interventoria se estende até 15 de
outubro de 1960.
A lei municipal número 430, de 13 de julho de 1959 da cidade
de Caxias – Lei de demarcação.
Essa miríade de datas só torna a construção de uma ‘tradição’
cada vez mais afastada da realidade histórica ou algo que o
valha, mas, cabe sempre historiar sobre esse processo não
muito fácil pelo qual passou os primeiros moradores na luta pela
emancipação política que lhes garantissem serviços básicos.
O início do processo de emancipação municipal no Brasil ocorreu por volta da década de 1930. Esse processo se
intensificou nas décadas de 1950 e 1960 e foi restringido pelos governos militares entre 1970 e 1980. Após o término do
regime militar, as emancipações se intensificaram novamente.
Com a Constituição Federal de 1988, os municípios passaram a ser considerados entes federativos e a desempenhar um
papel mais relevante na administração pública brasileira. As comunas passaram a integrar expressamente a Federação,
juntamente com os estados e o Distrito Federal. Em decorrência, os municípios receberam extenso e detalhado
tratamento constitucional, com competências privativas ou em colaboração com o estado e a União.
Nessa linha de autonomia, a Constituição de 1988 atribuiu aos municípios competências tributárias próprias e
participações no produto da arrecadação de impostos da União e dos estados. Em contrapartida, foi ampliada a esfera
de obrigações dos municípios na prestação de serviços públicos essenciais.
Desde 1985, a intensa criação e instalação de municípios no Brasil têm sido parte de um processo mais geral de
descentralização. De 1984 a 2000 foram instalados (a instalação corresponde ao início de funcionamento efetivo do
município, o que se dá com a eleição do primeiro prefeito) 1.405 municípios no país, sendo as regiões Sul e Nordeste as
que mais contribuíram em termos absolutos para esse crescimento. Como, em 1984, existiam 4.102 municípios no
Brasil, os novos municípios correspondem a um aumento de 34,3%.
O povoamento do Centro dos Pedrosas cresceu de modo significativo cresceu de modo significativo, principalmente devido
as sucessivas ondas migratórias de pessoas muitas vezes anônimas, mas que deram essencial contribuição ao adensamento
populacional do que viria a se constituir a cidade de Gonçalves Dias. Um bom exemplo desse processo será as levas de
migrantes que virão do Estado do Piauí e Ceará fugindo de severas secas. Depois dos migrantes de outros Estados, vieram
vários comerciantes para região, para produzir o máximo possível neste solo.
Desses migrantes salienta-se a presença significativa de estrangeiros, especialmente de origem árabe, como por exemplo
Abdom Braid (Pai do então futuro Prefeito Nonato Braid) e Habib Assis. Esses comerciantes que se instalaram nas décadas
de 1930 e 1940, darão impulso não só as vendas, mas também a produção de algodão, cachaça, rapaduras, arroz e muitos
outros produtos agrícolas. Ainda na década de 1930 irá migrar para Pedrosas muitos outros comerciantes que serão
influentes nas questões políticas locais, a posteriori.
Por que os comerciantes terão um papel preponderante no adensamento populacional da região do Povoado Pedrosas?
Porque antes de sua chegada existia uma carência na oferta de todos os gêneros de primeira necessidade. E este comércio
fará com que as pessoas das mais diversas regiões venham fazer um comércio quase que de escambo, haja vista que o
dinheiro era escaço mais ainda onde se pudesse gastá-lo, ou seja o agricultor vendia seus fardos de algodão, em troca
recebia os gêneros de consumo para casa, desde o sal até o querosene para iluminar as noites escuras.
Portanto sem os comerciantes com um forte intercambio com a Cidade de Caxias, não haveria o movimento populacional
de vendas e trocas; Consequentemente não haveria os interesses políticos que movimentaram o desejo por emancipação
do então cada vez mais crescente Povoado Pedrosas.
As famílias influente do povoado sempre buscaram contato com os políticos de Caxias, no intuito de conseguir benefícios
ao povoado, como destaca Milton Alves Feitosa:
[…] Bem aí no Instituto Histórico tinha o Mundico Leite que eu não sei se ainda está vivo, era filho dele… Aí Joaquim Leite
pegou ele e levou em Caxias e apresentou pra Eugênio Barros e Oscar Soares. Seu Oscar tinha um comércio muito grande,
vendia por esses interiores todos, lá na Fazendinha. Tinha a Trizidela em Caxias e lá tinha um bairro chamado Fazendinha.
Lá onde morava o Oscar, tinha um comércio que abastecia toda a zona rural de Caxias: o Terceiro Distrito chamado e
Eugênio Barros era o dono da fabrica, era comerciante que comprava algodão e babaçu, tecidos da fabrica Sanharol.
Nos tempos anteriores a emancipação política do povoado, amizades com políticos e comerciantes influentes ao então
município sede era essencial, não só por criar laços de amizades, como também ajudava nos futuros pleitos, cobranças de
favores mútuos.
O desejo de se emancipar
Segundo Milton Feitosa, os planos em que os pedrosinos buscavam a emancipação era acalentado e buscado a partir dos
contatos políticos, como salienta:
Nessa época (1957) eu fui crismado, o padre tinha autorização pra crismar, que o bispo deu. Aí o deputado Paulo Matos tava
lá aí eu escolhi para ser meu padrinho de crisma e ele aceitou. Nessa época os vereadores de Caxias tavam lá, Luís Gonzaga
era meu sobrinho, aí fizemos amizade. Aí cheguei lá em Caxias e falei com o Abreu: Abreu por que nós não vamos criar o
município de Gonçalves Dias, no centro dos Pedrosas, – nesse tempo não se falava em Gonçalves Dias ainda. Vamos ver, o
Paulo Matos já é teu padrinho vamos lá conversar com ele. (sic)
O ardente desejo de se tornar independente da Cidade de Caxias vai se manifestar não só por meio dos poucos e influentes
comerciantes locais, mas será acalentado pelos moradores do povoado que serão carentes de todos os serviços mais
básicos, como a carência de um serviço básico de saúde, escolas, energia, água potável, transporte, dentre outras. Tudo era
muito precário, a necessidade de mudar essa realidade, mesmo que timidamente vai ser recorrente entre os moradores. O
Povoado Pedrosas, que pertencia a então cidade de Caxias, contudo não obtinha nenhuma benesse dos poderes locais e
regionais, essencialmente devido as distâncias e pelos escassos recursos distribuídos pelos poderes estadual e federal.
A maioria dos povoados das redondezas foram conseguindo paulatinamente sua ‘independência’, como por exemplo o
Curador (Presidente Dutra) ainda na década de 1943 e Mata do Nascimento (Dom Pedro) no inicio da década de 1950. Esses
acontecimentos irão causar uma certa euforia nos moradores de Pedrosas, que juntamente com as famílias mais influentes
irão se aliar aos proeminentes políticos da cidade de Caxias, como o deputado federal Paulo Matos, que trará ao povoado
pequenas obras, como a construção do pequeno açude no inicio da década de 1950 e posteriormente a construção de uma
escola, chamada a época de Nossa Senhora de Lourdes, no lugar que posteriormente veio ser construído a atual escola
Presidente Castelo Branco.
Apesar de já representar um grande avanço nos desejos e anseios daquela população, ainda era insuficiente essas obras
que ‘paleavam’ apenas as graves deficiências da infraestrutura do povoado Pedrosas.
Neste período há cerca de sessenta anos atrás, o povoado Centro dos Pedrosas se resumia a existência da Rua dos
Lucenas, Rua Almir Assis, Rua do Açude, Travessa da Igrejinha de Santana (Newton Bello), Rua Nova, Rua São José e Rua
Grande (Rua Rui Barbosa).
A aglomeração urbana ainda era bem diversificada, com casas construídas distantes uma da outra, com raras construídas
de tijolos e cobertas de telha, havia a predominância de casas de taipa cobertas com palha de palmeiras, material
abundantemente usado em sua maioria pelos migrantes recém-chegados e sua numerosas famílias.
Emancipação de fato
Sobre a emancipação de fato do Povoado Centro dos Pedrosas, temos o testemunho do ex-prefeito de Caxias, João Elzimar da
Costa Machado, que fale de seu empenho para que o povoado alcançasseemancipação política-administrativa:
[…] Como candidato que fui a prefeito de Caxias no ano de 1955, ocasião em que acompanhado do ex-deputado Paulo Matos e
outros políticos de Caxias, passamos aí em Centro dos Pedrosas, naquela época aproximadamente uns 15 dias em campanha
política, e uma das metas principais a que me debati foi em prometer ao povo daquele grande povoado, hoje município, pela sua
emancipação de Caxias, eleito portanto, e assumindo a prefeitura aqui hoje (Caxias) em janeiro de 1956, um dos meus primeiros
atos foi reunir a câmara municipal e tratar sobre a emancipação do Centro dos Pedrosas, encaminhando para o legislativo um
projeto, nesse sentido devidamente aprovado por unanimidade aproximadamente no ano 1956 e encaminhado a Assembleia
Legislativa através do nosso eminente amigo deputado Paulo Rocha Matos, o que foi com satisfação aprovado o
desmembramento e instalado em outubro daquele mesmo ano com a minha presença e do governador Matos Carvalho e o Juiz
de Direito de Caxias, Luís Belo e tantos outros líderes. […] Que seja feito justiça e inserido o meu nome como o prefeito de Caxias
que efetivamente trabalhou pela fundação e instalou o município no ano já acima citado, fazendo deste modo justiça a um
político que muito trabalhou por esta terra, inclusive também emancipando e instalando o Município de Governador Eugênio
Barros, antigo Creoli do Macralio, logo no meu primeiro mandato de deputado estadual. ( João Elzimar da Costa Machado, ex-
prefeito de Caxias em 11 de junho de 2011).
Os testemunhos de personagens históricos deixam lacunas que as vezes a mente nos trai, mas fica o registro e o depoimento
para que seja o quanto antes sistematizado essa história diversificada sobre os caminhos que levaram a emancipação política da
cidade gonçalvina. Com esforços tento dá essa pequena contribuição a atualidade.

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  • 2.
  • 3. A busca por descobertas que estão relacionados a nossas origens, a nossa construção histórica, cultural e evolutiva. Inclusive a busca de nossas origens parece ser intrínseca ao ser humano. Há ainda muito “mistério” sobre nós. A começar sobre nossos sentimentos e identidade seja ela local, regional ou nacional. Essa busca por nossas identidades se torna mais premente quando não temos de modo sistematizado muitas respostas aos nossos anseios. Esse questionamento sobre essas possíveis e imagináveis origens do Município de Gonçalves Dias comporta hoje ao menos três datas distintas para sua criação,a saber: • Primeira data – 31/12/1958.Esta data é comumente associada a lei de criação de número 1.715. • Segunda data – 19/02/1959.Nesta data o município teria sido instalado solenemente. • Terceira data – 11 ou 18/06/1959.Nesta data a Lei de Criação do Município teria sido publicada no Diário Oficial do Estado.
  • 4. Essa lei que criou o município fora apresentada juntamente com muitos outros projetos de lei em fins de 1958, dificilmente os deputados se reuniram no recesso de final de ano para votar leis ou qualquer outro ato. Nos últimos oito anos essa primeira data foi incorporada as festividades locais como sendo a gênese da cidade, sendo que para efeitos legais um projeto de lei não tem validade até sua promulgação. Nas pesquisas que já realizei no Arquivo Público em São Luís, no Diário Oficial do ano de 1958 e inicio 1959 não encontrei referência nenhuma a lei 1.715, logo não poderia existir a municipalidade pelos parâmetros legais como já apontei. Entretanto ficou inscrito por alguns poucos moradores que o município foi instalado exatamente há 54 anos, no dia 19 de fevereiro, contudo essa data é raramente lembrada pelos gonçalvinos. Abre-se inclusive um paradoxo, instalar um município que não havia amparo legal é algo meio estranho, mas se observarmos os anseios daqueles moradores dessa região na década de 1950, observa-se que havia uma pressa para criação da municipalidade. As duas últimas datas parecem mais plausíveis, inclusive com documentação que lhe ampare legalmente. A lei municipal número 430, de 13 de julho de 1959 da cidade de Caxias, aponta outra lei estadual sobre a demarcação das fronteiras do município de número 1.743/1959, do dia 11 de junho de 1959 noutro documento aponta essa última lei como sendo do dia 18 de junho de 1959. Corroborando com a tese sobre a prevalência legal da última data está o fato do interventor, o prefeito interino, Prudêncio Alves Feitosa ter tomado posse apenas em agosto de 1959, sua interventoria se estende até 15 de outubro de 1960.
  • 5. A lei municipal número 430, de 13 de julho de 1959 da cidade de Caxias – Lei de demarcação. Essa miríade de datas só torna a construção de uma ‘tradição’ cada vez mais afastada da realidade histórica ou algo que o valha, mas, cabe sempre historiar sobre esse processo não muito fácil pelo qual passou os primeiros moradores na luta pela emancipação política que lhes garantissem serviços básicos.
  • 6. O início do processo de emancipação municipal no Brasil ocorreu por volta da década de 1930. Esse processo se intensificou nas décadas de 1950 e 1960 e foi restringido pelos governos militares entre 1970 e 1980. Após o término do regime militar, as emancipações se intensificaram novamente. Com a Constituição Federal de 1988, os municípios passaram a ser considerados entes federativos e a desempenhar um papel mais relevante na administração pública brasileira. As comunas passaram a integrar expressamente a Federação, juntamente com os estados e o Distrito Federal. Em decorrência, os municípios receberam extenso e detalhado tratamento constitucional, com competências privativas ou em colaboração com o estado e a União. Nessa linha de autonomia, a Constituição de 1988 atribuiu aos municípios competências tributárias próprias e participações no produto da arrecadação de impostos da União e dos estados. Em contrapartida, foi ampliada a esfera de obrigações dos municípios na prestação de serviços públicos essenciais. Desde 1985, a intensa criação e instalação de municípios no Brasil têm sido parte de um processo mais geral de descentralização. De 1984 a 2000 foram instalados (a instalação corresponde ao início de funcionamento efetivo do município, o que se dá com a eleição do primeiro prefeito) 1.405 municípios no país, sendo as regiões Sul e Nordeste as que mais contribuíram em termos absolutos para esse crescimento. Como, em 1984, existiam 4.102 municípios no Brasil, os novos municípios correspondem a um aumento de 34,3%.
  • 7. O povoamento do Centro dos Pedrosas cresceu de modo significativo cresceu de modo significativo, principalmente devido as sucessivas ondas migratórias de pessoas muitas vezes anônimas, mas que deram essencial contribuição ao adensamento populacional do que viria a se constituir a cidade de Gonçalves Dias. Um bom exemplo desse processo será as levas de migrantes que virão do Estado do Piauí e Ceará fugindo de severas secas. Depois dos migrantes de outros Estados, vieram vários comerciantes para região, para produzir o máximo possível neste solo. Desses migrantes salienta-se a presença significativa de estrangeiros, especialmente de origem árabe, como por exemplo Abdom Braid (Pai do então futuro Prefeito Nonato Braid) e Habib Assis. Esses comerciantes que se instalaram nas décadas de 1930 e 1940, darão impulso não só as vendas, mas também a produção de algodão, cachaça, rapaduras, arroz e muitos outros produtos agrícolas. Ainda na década de 1930 irá migrar para Pedrosas muitos outros comerciantes que serão influentes nas questões políticas locais, a posteriori. Por que os comerciantes terão um papel preponderante no adensamento populacional da região do Povoado Pedrosas? Porque antes de sua chegada existia uma carência na oferta de todos os gêneros de primeira necessidade. E este comércio fará com que as pessoas das mais diversas regiões venham fazer um comércio quase que de escambo, haja vista que o dinheiro era escaço mais ainda onde se pudesse gastá-lo, ou seja o agricultor vendia seus fardos de algodão, em troca recebia os gêneros de consumo para casa, desde o sal até o querosene para iluminar as noites escuras.
  • 8. Portanto sem os comerciantes com um forte intercambio com a Cidade de Caxias, não haveria o movimento populacional de vendas e trocas; Consequentemente não haveria os interesses políticos que movimentaram o desejo por emancipação do então cada vez mais crescente Povoado Pedrosas. As famílias influente do povoado sempre buscaram contato com os políticos de Caxias, no intuito de conseguir benefícios ao povoado, como destaca Milton Alves Feitosa: […] Bem aí no Instituto Histórico tinha o Mundico Leite que eu não sei se ainda está vivo, era filho dele… Aí Joaquim Leite pegou ele e levou em Caxias e apresentou pra Eugênio Barros e Oscar Soares. Seu Oscar tinha um comércio muito grande, vendia por esses interiores todos, lá na Fazendinha. Tinha a Trizidela em Caxias e lá tinha um bairro chamado Fazendinha. Lá onde morava o Oscar, tinha um comércio que abastecia toda a zona rural de Caxias: o Terceiro Distrito chamado e Eugênio Barros era o dono da fabrica, era comerciante que comprava algodão e babaçu, tecidos da fabrica Sanharol. Nos tempos anteriores a emancipação política do povoado, amizades com políticos e comerciantes influentes ao então município sede era essencial, não só por criar laços de amizades, como também ajudava nos futuros pleitos, cobranças de favores mútuos.
  • 9. O desejo de se emancipar Segundo Milton Feitosa, os planos em que os pedrosinos buscavam a emancipação era acalentado e buscado a partir dos contatos políticos, como salienta: Nessa época (1957) eu fui crismado, o padre tinha autorização pra crismar, que o bispo deu. Aí o deputado Paulo Matos tava lá aí eu escolhi para ser meu padrinho de crisma e ele aceitou. Nessa época os vereadores de Caxias tavam lá, Luís Gonzaga era meu sobrinho, aí fizemos amizade. Aí cheguei lá em Caxias e falei com o Abreu: Abreu por que nós não vamos criar o município de Gonçalves Dias, no centro dos Pedrosas, – nesse tempo não se falava em Gonçalves Dias ainda. Vamos ver, o Paulo Matos já é teu padrinho vamos lá conversar com ele. (sic) O ardente desejo de se tornar independente da Cidade de Caxias vai se manifestar não só por meio dos poucos e influentes comerciantes locais, mas será acalentado pelos moradores do povoado que serão carentes de todos os serviços mais básicos, como a carência de um serviço básico de saúde, escolas, energia, água potável, transporte, dentre outras. Tudo era muito precário, a necessidade de mudar essa realidade, mesmo que timidamente vai ser recorrente entre os moradores. O Povoado Pedrosas, que pertencia a então cidade de Caxias, contudo não obtinha nenhuma benesse dos poderes locais e regionais, essencialmente devido as distâncias e pelos escassos recursos distribuídos pelos poderes estadual e federal. A maioria dos povoados das redondezas foram conseguindo paulatinamente sua ‘independência’, como por exemplo o Curador (Presidente Dutra) ainda na década de 1943 e Mata do Nascimento (Dom Pedro) no inicio da década de 1950. Esses acontecimentos irão causar uma certa euforia nos moradores de Pedrosas, que juntamente com as famílias mais influentes irão se aliar aos proeminentes políticos da cidade de Caxias, como o deputado federal Paulo Matos, que trará ao povoado pequenas obras, como a construção do pequeno açude no inicio da década de 1950 e posteriormente a construção de uma escola, chamada a época de Nossa Senhora de Lourdes, no lugar que posteriormente veio ser construído a atual escola Presidente Castelo Branco.
  • 10. Apesar de já representar um grande avanço nos desejos e anseios daquela população, ainda era insuficiente essas obras que ‘paleavam’ apenas as graves deficiências da infraestrutura do povoado Pedrosas. Neste período há cerca de sessenta anos atrás, o povoado Centro dos Pedrosas se resumia a existência da Rua dos Lucenas, Rua Almir Assis, Rua do Açude, Travessa da Igrejinha de Santana (Newton Bello), Rua Nova, Rua São José e Rua Grande (Rua Rui Barbosa). A aglomeração urbana ainda era bem diversificada, com casas construídas distantes uma da outra, com raras construídas de tijolos e cobertas de telha, havia a predominância de casas de taipa cobertas com palha de palmeiras, material abundantemente usado em sua maioria pelos migrantes recém-chegados e sua numerosas famílias.
  • 11. Emancipação de fato Sobre a emancipação de fato do Povoado Centro dos Pedrosas, temos o testemunho do ex-prefeito de Caxias, João Elzimar da Costa Machado, que fale de seu empenho para que o povoado alcançasseemancipação política-administrativa: […] Como candidato que fui a prefeito de Caxias no ano de 1955, ocasião em que acompanhado do ex-deputado Paulo Matos e outros políticos de Caxias, passamos aí em Centro dos Pedrosas, naquela época aproximadamente uns 15 dias em campanha política, e uma das metas principais a que me debati foi em prometer ao povo daquele grande povoado, hoje município, pela sua emancipação de Caxias, eleito portanto, e assumindo a prefeitura aqui hoje (Caxias) em janeiro de 1956, um dos meus primeiros atos foi reunir a câmara municipal e tratar sobre a emancipação do Centro dos Pedrosas, encaminhando para o legislativo um projeto, nesse sentido devidamente aprovado por unanimidade aproximadamente no ano 1956 e encaminhado a Assembleia Legislativa através do nosso eminente amigo deputado Paulo Rocha Matos, o que foi com satisfação aprovado o desmembramento e instalado em outubro daquele mesmo ano com a minha presença e do governador Matos Carvalho e o Juiz de Direito de Caxias, Luís Belo e tantos outros líderes. […] Que seja feito justiça e inserido o meu nome como o prefeito de Caxias que efetivamente trabalhou pela fundação e instalou o município no ano já acima citado, fazendo deste modo justiça a um político que muito trabalhou por esta terra, inclusive também emancipando e instalando o Município de Governador Eugênio Barros, antigo Creoli do Macralio, logo no meu primeiro mandato de deputado estadual. ( João Elzimar da Costa Machado, ex- prefeito de Caxias em 11 de junho de 2011). Os testemunhos de personagens históricos deixam lacunas que as vezes a mente nos trai, mas fica o registro e o depoimento para que seja o quanto antes sistematizado essa história diversificada sobre os caminhos que levaram a emancipação política da cidade gonçalvina. Com esforços tento dá essa pequena contribuição a atualidade.