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Nota técnica:
SETEMBRO DE 2023
Capacidade
de produção
de vacinas
no brasil
OXFAM BRASIL
Conselho Deliberativo
Bianca Santana, Clemente Gánz Lúcio, Graciela
Seleiman, Iara Pietricovsky de Oliveira, Hélio Santos
(presidente), Luciana Brito e Mário Theodoro.
Conselho Fiscal
Cristina Medeiros, Marisa Ohashi e Wander Telles
Direção Executiva
Kátia Maia
Equipe Gerência
Débora Borges (Gerente Mobilização, Comunicação
e Captação de Recursos), Maitê Gauto (Gerente de
Programas, Incidência e Campanhas) e Mirella Vieira
(Gerente de Operações).
Equipe
Alisson Gomes, Anderson Lourenço, Anna Carolina
Souza, Avelino da Silva Júnior, Bárbara Barboza,
Bárbara Barros, Cleizia Sales, Flávia Souza, Gustavo
Ferroni, Jefferson Nascimento, Jorge Cordeiro, Juliana
Vasco, Julianne Nestlehner, Luiz Franco, Marcus
Carvalho, Mariana Franco, Micoli Cerqueira, Marcus
Carvalho, Natália Gomes, Néia Limeira, Paula Carvalho,
Poka Nascimento, Selma Gomes, Sheila Horta, Talita
Hypólito, Ully Zizo e Vanessa Correia.
FICHA TÉCNICA
Coordenação
Maitê Gauto
Revisão final
Jefferson Nascimento
Pesquisa
Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário
(CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da
Universidade de São Paulo (USP)
Pesquisadoras
Cristiane Ribeiro e Deisy de Freitas Lima Ventura
Projeto Gráfico e Diagramação
Brief Comunicação
Sumário
1. Introdução: potencial do
Complexo Econômico-Industrial da
Saúde (CEIS) brasileiro na redução
de assimetrias globais .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .4
2. Condições atuais do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) .  .  .  .  .7
2.1. DEPENDÊNCIA MUNDIAL .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  8
2.2. MOBILIZAÇÃO PÓS-COVID .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  9
2.3. O QUE DIZEM AS EMPRESAS BRASILEIRAS .  .  .  .  9
2.4. UNIVERSIDADES E AGÊNCIAS REGULADORAS  .  . 11
2.5. UM RELEVANTE ESPAÇO DE
INCIDÊNCIA PARA A SOCIEDADE CIVIL .  .  .  .  .  . 12
2.6. CONCLUSÕES .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 15
3. Brasil e a Cooperação
Internacional em Saúde .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 16
4. Recomendações .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 17
5. Referências  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 18
Lista de figuras
Gráfico n°1
Desigualdade na distribuição de
doses de vacina  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 4
Gráfico n°2
Lucro das farmacêuticas ao longo
do anos (Fortune 500)  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .5
Figura n°1
Morfologia do Complexo Econômico-
Industrial da Saúde  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .7
Gráfico n°3
Produção atual de IFA de acordo com
a região do mundo  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .8
Gráfico n°4
Produção nacional de IFA  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 10
Figura n°2
Características do GECEIS .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 12
Figura n°3
Composição do GECEIS  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  . 13
4
1. Introdução: potencial do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde (CEIS)
brasileiro na redução de assimetrias
globais
A experiência da pandemia de covid-19 demonstrou
que as instituições, governos e atores responsáveis
pela governança em saúde no âmbito internacional
falharam em distribuir vacinas e outros insumos
médicos de forma equitativa. Em janeiro de 2021, o
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus,
reconheceu que a distribuição desigual de vacinas
representava uma “falha moral catastrófica”, pois
países de alta renda concentravam a maior parte
dos estoques de doses, ultrapassando até mesmo a
demanda interna1
. O “nacionalismo vacinal” pelo qual
os Estados mais ricos buscaram exclusivamente a
imunização dos seus cidadãos2
, além de antiético,
foi contraproducente, uma vez que a vacinação é uma
estratégia de saúde coletiva que depende da exten-
são da cobertura para garantir sua eficácia. O gráfico
n° 1 demonstra esta concentração.
GRÁFICO N° 1 - DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE DOSES DE VACINA
Doses administradas a cada 100 pessoas por nível de renda dos países. Todas as doses são contadas
individualmente, incluindo doses de reforço.
Fonte: Our World in Data - banco de dados dedicado ao coronavírus3
Dez 2020 Ago 2023
Set 2021 Mar 2022 Out 2022
0
50
100
150
200
Mais ricos
Renda
média
alta
Renda
média
baixa
Baixa
renda
5
As assimetrias não foram sanadas nem mesmo através
de iniciativas como o programa Covax, uma parceria
da OMS com a GAVI (Global Alliance for Vaccine and
Immunization), que visava promover a distribuição de
doses em países de média e baixa renda4
.
Ao mesmo tempo em que tentava estabelecer uma
estratégia global de distribuição, a OMS passava por
uma crise de autoridade com origem anterior à pan-
demia. Diante da crise do multilateralismo promovida
por atores como o ex-Presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump, que chegou a anunciar a retirada
do país da OMS, a organização já lidava com o sub-
financiamento e a redução do quadro funcionários
qualificados5
. Com a propagação do covid-19, gover-
nos e ativistas que já atuavam para descredibilizar a
instituição passaram a apontar a relação da OMS com
a China como um fator de desconfiança, uma vez que
o país era o seu segundo maior financiador.
Nesse cenário, em um documento demandando
atenção à aliança entre a OMS e a GAVI, a organização
Médicos Sem Fronteiras suscitou questões sobre a
prestação de contas da iniciativa Covax, ao enfatizar
que se tratava de iniciativa desenhada e executada
com pouca ou nenhuma participação civil ou de enti-
dades que atuavam na linha de frente dos cuidados
médicos. A falta de transparência estaria refletida
nas próprias diretrizes do programa, que não exigiam
das farmacêuticas participantes a divulgação dos
procedimentos utilizados na definição do preço final
de cada dose, que deveria estar próximo do custo de
produção6
.
Pesquisadores em saúde pública já vinham apon-
tando a preocupação de que a expansão da indústria
farmacêutica durante a pandemia estendesse para o
mercado de vacinas questões éticas e de prestação
de contas que esse setor já enfrentava com outros
medicamentos7
. Empresas farmacêuticas são acu-
sadas de receber forte financiamento público para
pesquisas, mas priorizar a manutenção de patentes
e preços lucrativos, em detrimento da distribuição
de medicamentos eficazes em países de baixa renda.
Trata-se de um dos setores produtivos mais lucrativos
do mundo, tal como mostra a série histórica abaixo.
Durante a pandemia, um pequeno número de farma-
cêuticas recebeu financiamento público próximo aos
5,8 bilhões de dólares8
.
GRÁFICO N° 2 - LUCRO DAS FARMACÊUTICAS AO LONGO DOS ANOS (FORTUNE 500)
Fonte: Stichting Onderzoek Multinationale Ondernemingen (SOMO) | Centre for Research on Multinational Corporations
30
20
10
0
-10
-20
Farmacêuticas
1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Mercado financeiro Energia Todos os outros Recessões
6
A concentração da oferta de doses finalizadas em
algumas empresas coincidiu com problemas na distri-
buição da matéria prima para a produção de vacinas,
um mercado dominado por China e Índia. A ascensão
da China e seu crescente predomínio na produção
global e inovação tecnológica vieram acompanhados
da desindustrialização do resto do mundo, incluindo
EUA e países europeus9
. Nesse movimento, etapas de
engenharia de produto, design e produção desloca-
ram-se para a China e algumas poucas empresas mul-
tinacionais passaram a dominar de forma predatória
as redes de inovação em diversos países.
Esse foi o cenário mundial que o Brasil enfrentou na
compra de vacinas para o Programa Nacional de Imuni-
zações (PNI) durante a pandemia. Alguns especialistas
entendem que o país poderia ter buscado parcerias
com diversos atores e investido em diferentes pro-
jetos desde o princípio10,11,12
. No entanto, o governo
federal optou por priorizar a parceria com a empresa
Astrazeneca e a Universidade de Oxford. Diante dessa
rigidez, entidades subnacionais brasileiras tomaram a
dianteira em firmar parcerias com outras empresas13
,
como o Instituto Butantã, em São Paulo, que firmou
parceria com a empresa chinesa Sinovac, e o Con-
sórcio Nordeste que adquiriu doses da Sputnik, do
Instituto de Pesquisa Gamaleya, da Rússia14
.
No entanto, mesmo após o estabelecimento dessas
parcerias, a vacinação no país atrasou devido à
dificuldade que os produtores nacionais enfrentaram
para obter insumos de produção e distribuição de
doses, tais como o IFA (Ingredientes Farmacêuticos
Ativos), produzido por China e Índia, seringas e agu-
lhas. Nesse ponto, especialistas em saúde pública
denunciam a inaptidão do governo federal em deixar
de lado rivalidades políticas para negociar com países
como a China, a escassa mobilização do Itamaraty nas
negociações, assim como a dependência nacional do
mercado externo.
Esse atraso contribuiu para o aprofundamento das
assimetrias estruturais no país, tal como apontado
em relatório anterior publicado pela Oxfam sobre as
desigualdades da vacina. Dentre as consequências,
destacamos: o aumento do número de mortes, pos-
sível surgimento de novas variantes mais resistentes
e transmissíveis, congelamento nos tratamentos
médicos de outras condições de saúde, além do pro-
longado fechamento de escolas e postos de trabalho.
Todas estas situações produzem efeitos em cadeia
sobre o acesso à renda para pessoas em situação de
vulnerabilidade, sobre o nível educacional do país,
o acesso à tratamento para pessoas com condições
crônicas, os índices de violência doméstica, entre
outros.
Atualmente, o SUS enfrenta o desafio de atender uma
fila de mais de meio milhão de pessoas esperando a
realização de procedimentos eletivos15
, enquanto
pesquisadores e cuidadores são desafiados pelos
efeitos da chamada Covid Longa - sintomas que
perduram após a fase aguda da doença16
. A vacinação
reduziu fortemente as infecções por covid-19, mas
especialistas temem novos surtos e alertam para o
perigo da redução na procura pelas doses de reforço.
Ao mesmo tempo, há a necessidade de preparar o
sistema de saúde para eventos futuros que possam
pressionar a demanda por cuidado, tal como o enve-
lhecimento da população previsto para as próximas
décadas e as mudanças climáticas.
A fim de fortalecer a capacidade de resiliência do SUS
diante de epidemias no futuro e também a capaci-
dade de atender demandas não emergenciais, neste
documento discutimos propostas de investimento
no Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS).
Além disso, entendendo que esse esforço só será
possível com cooperação internacional, finalizamos
com algumas propostas de como o Brasil pode incidir
na diplomacia da saúde a fim de reduzir as assimetrias
globais.
7
2. Condições atuais do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde (CEIS)
mecânicos, dispositivos de diagnósticos, próteses e
órteses, etc. Nessa dinâmica, ao Estado cabe o papel
de facilitar essa relação, assim como regulamentar as
trocas estabelecidas em cada etapa do ciclo que tem
o SUS como principal ambiente de trocas. Atualmente,
a saúde mobiliza cerca de 10% do PIB brasileiro, repre-
senta 1/3 do esforço científico e de pesquisa, além
de ser espaço privilegiado para geração de empregos,
com aproximadamente 9 milhões de ocupados17
.
FIGURA N° 1 - MORFOLOGIA DO COMPLEXO ECONÔMICO-INDUSTRIAL DA SAÚDE
Fonte: Gadelha, 202118
.
O Complexo Econômico-Industrial da Saúde com-
preende uma intrincada rede de atores e instituições,
que perpassa setores industriais e de tecnologia,
agências reguladoras, hospitais e demais entidades
de prestação de serviço em saúde. Tal como ilustra
a figura abaixo, sistemas de informação e conec-
tividade intermediam a relação entre a demanda
dos serviços de saúde e a oferta de indústrias que
produzem medicamentos, vacinas, equipamentos
Estado
Promoção
Regulação
Indústria Ceis
subsistema de serviços
subsistema de
informação e conectividade
Medicamentos
Insumos Farmacêuticos
ativos
Vacinas
Reagentes para
diagnósticos
SUS: Maior sistema
universal do Mundo
PIB: 10%
Empregos: 10%
P&D: 30%
Alto potencial para
estimular a economia
Área-chave para a 4ª
Revolução Industrial
Atenção
Primária
Hospitais Ambulatórios
Serviços de
Diagnósticos
Varejo e
Distribuição
Subsistema de Base
Química e Biotecnológica
A base econômica
e material do SUS
Equipamento mecânico
Equipamentos
eletroeletrônicos
Próteses e órteses
Materiais de consumo
Dispositivos de diagnóstico
Subsistema de Base
Mecânica, Eletrônica de
Materiais
8
2.1. DEPENDÊNCIA MUNDIAL
No entanto, há diversos gargalos na dinâmica de
produção do CEIS que afeta a capacidade do SUS de
atender as demandas que chegam ao sistema através
dos postos de atendimento em saúde. Segundo levan-
tamento feito pelo Ministério da Saúde, 90% da maté-
ria prima para produção de vacinas e medicamentos
é importada, em equipamentos médicos esse número
é de 50%, enquanto em medicamentos finais chega
a 60%19
. O ex-presidente do Instituto Butantã, Dimas
Covas20
, e a Abiquifi (Associação Brasileira da Indús-
tria de Insumos Farmacêuticos)21
vão além ao afirmar
que a dependência de insumos externos chega a 95%,
uma vez que o país domina apenas algumas etapas
desse intrincado processo de produção.
Não foi sempre assim. Gonzalo Vecina Neto, fundador
da Anvisa, afirma que, durante os anos 1980, o Brasil
investiu fortemente em instituições como a Bio-
-Manguinhos, Instituto Butantan, Fundação Ezequiel
Dias e Instituto Vital Brasil - o que permitia que o
país produzisse uma série de vacinas domestica-
mente, como a de febre amarela, tuberculose (BCG),
poliomielite, etc22
. Até então, o país produzia 50% da
demanda interna, porém a configuração da produção
de IFAs começou a mudar a partir dos anos 1990, após
o governo Collor de Mello promover uma abertura dos
mercados23
.
A situação de dependência foi agravada durante
as crises financeiras de 2007 e 2008, em que houve
uma ascensão de um movimento protecionista em
países europeus. Esse movimento tinha como função
proteger a indústria doméstica, especialmente as
atividades relacionadas aos CEIS, tais como as indús-
trias farmacêutica, de equipamentos e serviços médi-
cos. Essas ações eram feitas por meio de parcerias
público-privadas, e incluíam “medidas de proteção
à indústria local, concessão de subsídios, utilização
do poder de compra do Estado e instrumentos de
controle de entrada de capital estrangeiro” (p. 37). No
entanto, essa estratégia não foi suficiente, ainda que
aliada ao esforço de reshoring (iniciativa de trazer
de volta indústrias que tinham sido deslocadas para
outros países), devido à própria lógica competitiva e
monopolista da economia neoliberal.
Atualmente, o Brasil ainda conta com instituições de
ponta, como o Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz,
e o Instituto Butantan, em São Paulo, que é o décimo
maior produtor de vacinas no mundo. No entanto, o
país está longe de ser autossuficiente: enquanto a
China tem mais de mil fábricas produtoras de IFA24
, no
Brasil esse número é por volta de 15, com apenas duas
instituições produzindo vacinas - Fiocruz e Instituto
Butantã. Hoje o mundo fica à mercê das tendências
no relacionamento entre China, Estados Unidos e
Europa, principalmente em meio às tensões em torno
da guerra entre Rússia e Ucrânia.
GRÁFICO N° 3 - PRODUÇÃO ATUAL DE IFA DE
ACORDO COM A REGIÃO DO MUNDO
Fonte: Chandini, 2022
44%
36%
20%
Índia
China
Outros países
9
2.2. MOBILIZAÇÃO PÓS-COVID
Diversos países lançaram planos de recuperação dos
sistemas nacionais de saúde, entre esses os Estados
Unidos, que anunciaram o esforço de produzir 180
moléculas consideradas estratégicas nos próximos
anos, incluindo com o apoio de parceiros como o
Brasil. O país também criou uma agência, a Arpa-H,
para coordenar os esforços de pesquisa no setor, com
a proposta de dinamizar o financiamento de projetos
que já conta com orçamento de 2,5 bilhões de dóla-
res25
.
Países como China, EUA, Reino Unido, Espanha, Alema-
nha, França, Nova Zelândia, Itália, Vietnã e Coreia do
Sul desenvolveram planos de longo prazo que incluem
estratégias para lidar com as mudanças climáticas,
preparação econômica, investimentos nas áreas de
educação, tecnologia e os CEIS. Estimativas apontam
que o mercado de IFA no mundo vá crescer por volta
de 6,67% entre 2022 e 2028, recebendo investimento
de 312 bilhões de dólares26
, a Abiquifi estima que o
crescimento do mercado será de aproximadamente
200 bilhões de dólares até 2025.
2.3. O QUE DIZEM AS EMPRESAS
BRASILEIRAS
Empresas e associações apontam alguns empeci-
lhos para expandir a produção nacional, tais como
regulamentação imprecisa, dificuldade no acesso
ao financiamento público, diferenças que favorecem
produtos estrangeiros no pagamento de impostos e
burocracia, taxa cambial, padrões sanitários rígidos
e fiscalização insuficiente. A reclamação geral é que
as mudanças de diretrizes de acordo com os governos
geram insegurança jurídica para o estabelecimento
de novos projetos, principalmente numa indústria
que novos empreendimentos demoram anos para ser
idealizados e regulamentados.
Norberto Prestes, presidente da Abiquifi, afirma que
a associação enviou aos ministérios da Saúde e da
Ciência e Tecnologia um levantamento das 50 molé-
culas estratégicas para a produção nacional. Desse
levantamento, o Brasil produz apenas 7 moléculas
localmente - embora a patente de alguns produtos
já tenha caducado, não há investimento devido ao
baixo retorno. Antônio Bezerra, presidente executivo
da Associação Brasileira da Indústria de Química Fina,
Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), afirma
que o setor de antibióticos, por exemplo, precisará
sair da estaca zero no país.
10
As associações reivindicam que o Brasil dê à indústria
tratamento e subsídios semelhantes aos dados aos
remédios genéricos ou mesmo ao setor do agrone-
gócio. Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação
Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO)
argumenta:
A gente sonha ter para a área de dispositivos
médicos o mesmo projeto que o governo fez há
20 anos para os medicamentos genéricos. Criou
fontes de financiamento e incentivo para as
empresas farmacêuticas brasileiras que eram
pequenas, não representavam 12% do mercado.
Fez propaganda e criou farmácias populares para
comprar genéricos. Hoje 5 das 8 maiores empre-
sas farmacêuticas do Brasil são nacionais.
Ainda, segundo o representante da Abiquifi, a partir
das informações compartilhadas pela indústria:
“vamos começar a discutir um plano estratégico,
assim como foi feito em relação aos fertilizantes.
A indústria de base [química] para o fertilizante e
agrotóxico é a mesma do medicamento”. Empresários
defendem que a grande biodiversidade brasileira é
uma vantagem nesse mercado, mas entendem que
políticas de aproveitamento desses recursos naturais
devem vir acompanhadas de políticas de proteção
ambiental27
.
Já em 2020, a Associação Brasileira das Indústrias de
Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades
(ABIFINA), a Associação Brasileira da Indústria de
Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), a Associação dos
Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) e o
Grupo FarmaBrasil elaboraram uma proposta para o
governo brasileiro que previa, dentre outras coisas, a
verticalização da cadeia produtiva brasileira através
da aproximação entre a indústria petroquímica e a de
química de base28
. Nesse documento essas associa-
ções elaboraram uma série de eixos de atenção, tais
como apontar a produção de IFA como uma questão de
segurança nacional, debates em torno da propriedade
intelectual de insumos e produtos, além do uso de
poder de compra público.
À época, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
vações criou o grupo GT-Farma com a proposta de
discutir o desenvolvimento do setor com membros do
ministério, cientistas e representantes da sociedade
civil. Na ocasião, a ABIFINA e a Abiquifi apresentaram a
seguinte relação de IFAs produzidos no Brasil - 124 ao
todo, como revela o Gráfico n° 4.
GRÁFICO N° 4 - PRODUÇÃO NACIONAL DE IFA
Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) fabricados pelos associados da ABIFINA
e Abiquifi
O grupo de trabalho em si não trouxe muitos resultados,
mas algumas das suas recomendações permanecem,
tais como a instituição de um mecanismo de fast track
na Anvisa, além da adoção de inspeções semelhantes
para produtores estrangeiros e nacionais. Nessa
época, as associações reivindicavam a aproximação
das universidades com a demanda tecnológica do
complexo industrial.
85%
40%
12% 8%
Com Certificado de Boas
Práticas de Fabricação
(CBPF)
Com PDP
Inclusos na Relação Nacional
de Medicamentos Essenciais
(RENAME)
Inclusos nas três categorias
11
2.4. UNIVERSIDADES E AGÊNCIAS
REGULADORAS
Dentre as instituições com potencial para contribuir
no desenvolvimento do complexo industrial brasileiro,
está a Anvisa. Empresários apontam como é estra-
tégico a Anvisa ser a única agência da América do
Sul que faz parte do Comitê Gestor do ICH (Conselho
Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos
para Produtos Farmacêuticos de Uso Humano)29
. O ICH
é uma organização que reúne autoridades regulató-
rias e membros da indústria para discutir o desenvol-
vimento e registro de produtos farmacêuticos, com a
proposta de promover a harmonização e treinamento
dos seus membros.
No entanto, antes mesmo do processo de regula-
mentação, há um gargalo na relação entre o setor
industrial e as instituições que promovem projetos
de inovação no país. A diferença entre a capacidade
técnica dos pesquisadores e a capacidade produtiva
do parque industrial brasileiro é chamada pelos espe-
cialistas de “vale da morte”, pois não há como colocar
em prática o que é idealizado.
Mesmo nesse cenário, universidades têm se
mobilizado na solução de problemas no SUS, incluindo
a digitalização do sistema, tal como o aplicativo
produzido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)
para diagnóstico de câncer renal30
. No entanto,
Ricardo Palácios, ex diretor de pesquisa do Butantan,
aponta que o aproveitamento do potencial das
universidades exige proteger centros de pesquisa
de quedas cíclicas de financiamento, como ocorreu
nos anos anteriores à pandemia31,32
. Ciência se faz
por trabalho constante durante anos, não apenas em
momentos de emergência33
.
12
2.5. UM RELEVANTE ESPAÇO DE INCIDÊNCIA
PARA A SOCIEDADE CIVIL
Em abril de 2023, o governo do presidente Lula divul-
gou que o país iria retomar os investimentos no setor
a partir da retomada do Grupo Executivo do Complexo
Econômico-Industrial da Saúde (GECEIS). O grupo tem
a meta de acelerar a produção brasileira num ritmo
em que 70% da demanda nacional seja atendida por
fornecedores domésticos em até 10 anos. De acordo
com a norma que re-instituiu o grupo34
, o fortale-
Fonte: Elaborado pelos autores com base no Decreto n° 11.464/2023
cimento do complexo industrial da saúde brasileiro
engloba o investimento na produção e aquisição de
produtos essenciais, assim como o fortalecimento de
profissionais e gestores da saúde. Dentro os produ-
tos considerados estão as vacinas, medicamentos,
equipamentos para diagnóstico, assim como bens
não tangíveis como comunicação em saúde e acesso
a serviços, como demonstra a figura n° 2.
FIGURA N° 2 - CARACTERÍSTICAS DO GECEIS
Alcance Diretrizes estratégicas
Competências
reduzir a vulnerabilidade
tecnológica do SUS;
estimular a produção e a
inovação nacional em modelo
que favoreça a cooperação
regional e global;
promover a estabilidade, o
fortalecimento institucional e
as parcerias e redes
colaborativas voltadas para a
produção e inovação em saúde;
estabelecer regulação
convergente para a produção e
a inovação;
promover ambiente institucional
que garanta segurança jurídica
e sustentabilidade dos
investimentos em inovação e
produção local, destinado a
colaborar na redução da
vulnerabilidade do SUS;
aperfeiçoar o uso do poder de
compra do Estado, para
impulsionar a produção e a
inovação direcionada à saúde; e
estabelecer redes de suporte e
ambientes colaborativos para o
fortalecimento das
competências e capacidades
específicas e estruturantes
para o desenvolvimento do Ceis
uso do poder de compra do
Estado;
regulação em saúde;
pesquisa, desenvolvimento
tecnológico e inovação;
indução, financiamento e
estímulos para a produção
local;
cooperação regional e
global;
política tributária e
comercial;
educação e qualificação
profissional; e
investimentos nos
segmentos produtivos da
saúde
acompanhar as ações de
Governo para a produção e a
inovação em suporte ao SUS,
incluídas políticas públicas
relativas a:
medicamentos;
vacinas;
insumos farmacêuticos
ativos;
hemoderivados;
produtos biotecnológicos;
equipamentos e dispositivos
médicos;
produtos para disgnóstico;
materiais de uso em saúde e
de proteção individual;
bens e serviços de
informação e conectividade
em saúde;
serviços de saúde; e
outros produtos, serviços e
tecnologias essenciais para
a saúde
base econômica, produtiva e
tecnológica estratégica para
a produção e a inovação de:
propor medidas,
mecanismos e iniciativas
sobre tais ações
13
Embora instituído no âmbito do Ministério da Saúde,
que também é o Coordenador do grupo, a coordenação
adjunta será exercida pelo Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria, Comércio e Serviços. Já a Secretaria-
-Executiva do Geceis será exercida pela Secretaria de
Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do
Ministério da Saúde. A composição do grupo abrange
órgãos e entidades com experiência e interesse no
tema, como revela a figura n° 3.
FIGURA N° 3 - COMPOSIÇÃO DO GECEIS
Fonte: Elaborado pelos autores com base no Decreto n° 11.464/2023
Órgãos de
governo
Entidades
sociais
Órgãos vinculados
ao governo
Ministério da Saúde
Ministério do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços
Casa Civil da Presidência da
República
Secretaria de Relações
Institucionais da Presidência da
República
Misistério da Fazenda
Ministério do Planejamento e
Orçamento
Ministério da Gestão e da
Inovação em Serviços Públicos
Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação
Ministério das Relações
Exteriores
Ministério da Educação
Ministério do Trabalho e
Emprego
Agência Nacional de Saúde
Suplementar - ANS
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - Anvisa
Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares - EBSERH
Financiadora de Estudos e
Projetos - Finep
Instituto Nacional da
Propriedade Industrial - INPI
Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial - Inmetro
Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial -
ABDI
Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social - BNDES
Fundação Oswaldo Cruz -
Fiocruz
Conselho Nacional de Saúde -
CNS
Academia Brasileira de Ciência -
ABC
Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência - SBPC
Conselho Nacional de
Secretários de Saúde - CONASS
Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde
- CONASEMS
Associação Brasileira de Saúde
Coletiva - ABRASCO
Entidades de representação do
setor produtivo público e
privado
Centrais Sindicais
Outras entidades consideradas
relevantes, definidas pelo
Ministério da Saúde
14
As reuniões ordinárias do grupo serão semestrais,
podendo haver convocações extraordinárias, tendo
como quórum de reunião a maioria absoluta e o quórum
de aprovação a maioria simples. O Coordenador poderá
convidar profissionais de notório saber na matéria ou
especialistas de outros órgãos e entidades da admi-
nistração pública, representantes do setor produtivo
público e privado e da sociedade civil para prestar
assessoria às suas atividades, sem direito a voto.
Poderão ser instituídos grupos de trabalho. Segundo
informações fornecidas informalmente pelo Ministério
da Saúde, a primeira reunião do GECEIS ocorrerá em
setembro de 2023, e deverá ser cercada de intensa
cobertura midiática.
Focando no CEIS, a ministra da saúde, Nísia Trindade,
argumenta em favor da importância de associar o
direito à saúde constituído em 1988, direitos sociais
e de bem-estar com noções de desenvolvimento eco-
nômico nacional. Segundo a ministra, o investimento
em tecnologia e inovação em saúde daria sustentação
para o acesso universal à saúde e o direito à vida, em
suas palavras:
A pandemia da Covid-19 mostrou as raízes estru-
turais do direito à vida. Sem uma base econômica
e produtiva para suprir as necessidades de vaci-
nas, testes, ventiladores, serviços de atenção
primária ou terapias intensivas não poderíamos
cumprir nosso dever Constitucional (p. 10)35
.
Dentre os desafios futuros, o secretário de Ciência,
Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de
São Paulo, David Uip, entende que não será só ques-
tão de construir mais fábricas, mas sim de utilizar
de maneira mais eficiente o aparato industrial que o
Brasil já tem. Ele utiliza o exemplo da subutilização da
Fundação para o Remédio Popular (Furp), uma parceria
estadual que propunha ações intersetoriais e públi-
co-privadas para o planejamento, desenvolvimento,
pesquisa, produção e comercialização de produtos
farmacológicos.
A integração entre pesquisa, produção e a adoção de
políticas no SUS será um dos maiores desafios desta
empreitada, como menciona o secretário de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em
Saúde, Carlos Gadelha:
Para isso, precisamos de setores, empresas,
produtos e tecnologia, mas com uma inversão
onde o bem-estar e a sustentabilidade ambiental
se colocam como novos paradigmas.
Para Carlos Gadelha, não podemos dar crédito ao
paradigma que coloca saúde e economia em pólos
opostos, na verdade, devemos propor soluções que
integrem “campos econômicos, sociais e ambientais”,
colocando a economia à serviço da vida (p. 13)36
.
Gadelha, afirma:
Deve-se pensar em arranjos institucionais e
instrumentos para articular medidas de estí-
mulo ao investimento, desenhos de subvenção
econômica para projetos estratégicos, criação e
participação acionária em empresas nacionais,
utilização altiva e ativa do poder de compra tra-
tando o mercado interno como patrimônio nacio-
nal, controle de entrada de capital estrangeiro,
entre outros (p. 21).
O secretário também enfatiza a formação de profissio-
nais de saúde, pois acredita que o setor de cuidado
em saúde gerará empregos que exigirão qualificação
interdisciplinar com capacitação para operar novas
ferramentas e tecnologias digitais.
15
2.6. CONCLUSõES
A transição pela verticalização da produção, no
entanto, demandará tempo e estudos sobre como
incorporar cada etapa produtiva e, talvez, seja
interessante priorizar alguns produtos e permane-
cer importando os demais por um tempo. Todos os
processos precisarão ser aprovados pelas agências
reguladoras, tendo em mente que se trata de uma
indústria que utiliza matérias primas sensíveis e peri-
gosas para os trabalhadores que atuam diretamente
na produção.
Note-se que alguns problemas do SUS exigem mais
suporte logístico e gestão do que tecnologias super
avançadas. Um dos temas que mais afetaram a atua-
ção brasileira durante a pandemia incluía a dificuldade
no acesso a equipamentos básicos em regiões menos
assistidas do país. No relatório anterior, especialistas
apontaram que havia locais que não conseguiam
manter a base de dados sobre pacientes atualizada,
pois não havia computador.
Portanto, caberá à sociedade civil reivindicar que
os investimentos em saúde e no CEIS nos próximos
anos tenham como eixos norteadores atender às
necessidades do SUS e seus usuários. Isso implica
acompanhar com atenção as solicitações da indústria
farmacêutica, inclusive a local, para que o interesse
em expandir lucros não se sobreponha ao interesse
público. Nesse sentido, chama particular atenção o
desejo de atores da indústria de acessar os mesmos
incentivos e dinâmicas que o setor do agronegócio
tem no Brasil. Certamente, não é de interesse da
saúde pública importar alguns dos desafios enfrenta-
dos pelo ativismo ambiental, por exemplo, no que diz
respeito à facilidade com que substâncias nocivas à
saúde humana e animal são aprovadas para servir de
agrotóxico37
.
16
3. Brasil e a
Cooperação
Internacional
em Saúde
Dentre as justificativas utilizadas para defender o
investimento no CEIS, encontramos argumentos que
mencionam o investimento em saúde como uma ques-
tão de segurança nacional, inclusive de defesa contra
o bioterrorismo. Nesse sentido, chama a atenção
que a agência estadunidense criada recentemente
para investimento em biociência tenha ligação com
a agência de defesa norte-americana. Um argumento
persuasivo que deve ser considerado com cautela
para evitar movimentos securitizadores da saúde,
já criticados na literatura em saúde global por prio-
rizarem soluções militarizadas durante emergências
sanitárias. Investimentos em tecnologia militar
costumam ser competitivos e queremos evitar que
se repita a corrida pela vacina que ocorreu durante a
pandemia de covid-19 e que gerou as assimetrias na
distribuição já expostas.
Jorge Bermudez, pesquisador da Fiocruz, criticou
como a corrida entre Estados Unidos, Rússia e China
pela vacina era um esforço de apropriação, não soli-
dariedade38
. Os Estados Unidos têm uma tradição de
abordar temas de saúde de forma securitizadora que o
Brasil não precisa adotar por já ter tradição própria de
cooperação com diversos atores ao redor do mundo.
Durante a pandemia, houve um fluxo intenso de troca
de informações entre agências de saúde internacio-
nais, incluindo universidades, agências regulatórias e
fabricantes. É importante manter esse tipo de parce-
ria em momentos não emergenciais, de modo que os
cientistas brasileiros tenham acesso a informações
relevantes e se mantenham atualizados.
Angariar mais cooperação internacional inclui refletir
sobre a dinamização de processos alfandegários,
aumentando a celeridade dos processos sem reduzir
o rigor sanitário. Em processos de compra, é interes-
sante para o país negociar cláusulas de compensação
tecnológica, tal como ocorreu na aquisição da Astra-
Zeneca, na parceria entre a Universidade de Oxford
e o Bio Manguinhos39
. A experiência da produção da
CoronaVac também nos oferece exemplos interessan-
tes, pois os testes clínicos foram desenvolvidos no
Brasil e, segundo Ricardo Palacios, essa foi a principal
vacina na América Latina por alguns meses40
.
A América Latina é uma região de parceria estratégica,
uma vez que os desafios estruturais e doenças que
afetam a região não são de interesse para laborató-
rios de países no Norte global, por exemplo, os casos
da doença de chagas, a dengue, a malária e a tuber-
culose. Para além dos desafios partilhados, os países
da região têm o objetivo comum de defender coleti-
vamente os recursos ambientais e a biodiversidade
local. Atualmente, há fábricas de vacinas em apenas
três países da região, México, Brasil e Argentina, com
destaque para maior capacidade industrial brasileira.
Dentre os possíveis parceiros do Brasil, a Argentina
desponta pelo potencial da atuação conjunta, pois há
apenas 20 coincidências na lista de 350 insumos pro-
duzidos pelos dois países. Entre as ações realizáveis,
há o intercâmbio de profissionais e pesquisadores,
projetos industriais em conjunto, além do estabeleci-
mento de acordos de cooperação para o compartilha-
mento de insumos, produtos e tecnologias.
17
4. Recomendações
Estabelecer um marco regulatório que fomente
a indústria nacional ao mesmo tempo em que
priorize as demandas do SUS
Que os investimentos iniciais tenham como
prioridade lidar com necessidades emergenciais
do SUS, tal como reduzir a fila de procedimentos
eletivos e melhorar a estrutura e utilização de
dados do DATASUS
Valorizar saberes e recursos regionais e de comu-
nidades locais, de modo que os investimentos
sejam distribuídos equitativamente pelas regiões
do país
Valorizar a biodiversidade nacional tanto nas
pesquisas quanto nas políticas de proteção
ambiental
Fiscalizar o empenho dos investimentos no CEIS
para garantir a priorização do SUS e as necessi-
dades de seus usuários
Fomentar o debate internacional em torno das
patentes de insumos médicos essenciais
Evitar discursos securitizadores que reforçam a
noção de isolamento e militarização para lidar
com questões de saúde
Estabelecer redes de cooperação sul-sul, princi-
palmente na América Latina
18
11 BENITES, A.; JUCÁ. Carlos Lula, presidente do CONASS:
“Nosso trabalho na vacinação é desconstruir o imaginário
social de que o que vem da China é ruim”. El país Brasil.
Brasília e São Paulo, 10 jan. 2021. Disponível em: https://
brasil.elpais.com/brasil/2021-01-10/nosso-trabalho-na-
vacinacao-e-desconstruir-o-imaginario-de-que-o-que-
vem-da-china-e-ruim.html. Acesso em: 4 ago. 2023.
12 PASSARINHO, Nathalia. 3 erros que levaram à falta de vacinas
contra covid-19 no Brasil. BBC News Brasil, Londres, 23 fev.
2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/
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13 MARINELLI, Isabella. Epidemiologista Ethel Maciel fala dos
desafios da vacinação no Brasil. Claudia Saúde e Bem-
Estar. [S.l.], 14 jan. 2021. Disponível em: https://claudia.
abril.com.br/saude/vacina-entrevista-ethel-maciel/?f
bclid=IwAR2psucTyvevuyTGtGDGu7837o--rZxbo1FXUoul-
yYRvrOQ2D1SU1ARhBI. Acesso em: 4 ago. 2023.
14 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Anvisa
e Consórcio Nordeste discutem importação de vacina
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br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-
e-consorcio-nordeste-discutem-importacao-de-vacina-
sputnik. Acesso em: 4 ago. 2023.
15 PAGNO, M. Mais de um milhão de pessoas esperam por
cirurgias eletivas no SUS. Portal G1 de Notícias. [S.l], 10
junho 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/
noticia/2023/06/10/mais-de-um-milhao-de-pessoas-
esperam-por-cirurgias-eletivas-no-sus.ghtml. Acessado
em: 4 ago. 2023.
16 Covid longa carece de dados e de diretrizes de
encaminhamento no Brasil. Jornal da USP. 19 jan.
2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/
covid-longa-carece-de-dados-e-de-diretrizes-de-
encaminhamento-no-brasil/. Acessado em: 4 ago. 2023.
17 GADELHA CAG; KAMIA FD; MOREIRA JDD; MONTENEGRO KBM;
SAFATLE LP; NASCIMENTO MAC. Dinâmica global, impasses do
SUS e o CEIS como saída estruturante da crise. Cadernos do
Desenvolvimento. [S.l.], 2021; 16:281-302.
18 GADELHA, C. A. G. Complexo Econômico-Industrial da Saúde:
a base econômica e material do Sistema Único de Saúde.
Cadernos de Saúde Pública, v. 38, p. e00263321, 2022.
19 GOVERNO RECRIA GRUPO executivo para acelerar complexo
industrial. Futuro da Saúde. [S.l.], 5 abr. 2023. Disponível
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executivo-para-acelerar-complexo-industrial/. Acessado
em: 4 ago. 2023.
20 VAZQUEZ, R. Complexo industrial da saúde é desafio para
o governo eleito. Valor Econômico. São Paulo, 30 nov.
2022. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/
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2023.
21 COLLUCCI, C. Contra falta de remédio, Brasil busca
reduzir dependência de importação de insumos
farmacêuticos. Folha de São Paulo. São Paulo, 11 ago.
2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
equilibrioesaude/2022/08/contra-falta-de-remedio-
brasil-busca-reduzir-dependencia-de-importacao-de-
insumos-farmaceuticos.shtml. Acessado em: 4 ago. 2023.
Referências
1 Reuters. OMS alerta para ‘falha moral catastrófica’ com
distribuição desigual de vacinas contra Covid-19. O Globo.
Genebra, 18 jan. 2021. Disponível em: https://oglobo.
globo.com/saude/vacina/oms-alerta-para-falha-moral-
catastrofica-com-distribuicao-desigual-de-vacinas-
contra-covid-19-1-24843712. Acessado em: 04 ago. 2023.
2	​​​​​​​​ONU. Nacionalismo de vacinas pode custar até US$ 9,2
trilhõesàeconomiaglobal.ONUNews.26jan.2021.Disponível
em: https://news.un.org/pt/story/2021/01/1739662.
Acessado em: 04 ago. 2023.
3 https://ourworldindata.org/coronavirus
4 STEVANIM, Luiz Felipe. “Ainda estamos em alerta”: para a
epidemiologista Ethel Maciel, a revogação da emergência
sanitária no Brasil pode levar à descontinuidade dos
serviços. Radis Fiocruz. [S.l.], 09 maio 2022. Disponível
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entrevista/ainda-estamos-em-alerta#:~:text=A%20
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com/news-release/2023/07/25/2710128/0/en/Active-
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Facto - Abifina. [S.l.], maio-ago. 2020, ANO XIV, ISSN
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farmoquimica/. Acessado em: 4 ago. 2023.
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https://ufpi.br/ultimas-noticias-ufpi/47648-projeto-da-
ufpi-desenvolve-programa-que-facilita-o-diagnostico-
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der-certo-teremos-a-vacina-para-grupos-prioritarios-
no-brasil-no-primeiro-trimestre-de-2021.html. Acessado
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saude-coletiva-e-subfinanciamento-sus-pautas-
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33 “A CIÊNCIA É UM MOTOR PODEROSO para a humanidade,
não pode ser enfraquecida”, disse Ricardo Palacios, do
Butantan, em live do CNS. Conselho Nacional de Saúde –
CNS. [S.l.], 1 fev. 2021. Disponível em: https://conselho.
saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/1583-a-ciencia-e-
um-motor-poderoso-para-a-humanidade-nao-pode-ser-
enfraquecida-disse-ricardo-palacios-do-butantan-em-
live-do-cns. Acessado em: 4 ago. 2023.
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Especial para assuntos jurídicos. DECRETO Nº 11.464, DE 3
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planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/decreto/
D11464.htm. Acessado em: 4 ago. 2023.
35 LIMA, N. T. Prefácio. In: GADELHA, C. A. G. (coord.). Saúde é
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Saúde é desenvolvimento: o complexo econômico-
industrial da saúde como opção estratégica nacional. Rio
de Janeiro: Fiocruz - CEE, 2022. p.12-31.
37 ARTICULAÇÃO NACIONAL DE AGROECOLOGIA. Agrotóxicos
no Brasil: venda alta, tributação baixa e intoxicação
subnotificada. Mídia Ninja. 9 ago. 2023. Disponível
em: https://midianinja.org/news/agrotoxicos-no-
brasil-venda-alta-tributacao-baixa-e-intoxicacao-
subnotificada/. Acessado em: 4 ago. 2023.
38 VACINA CONTRA A COVID-19 precisa ser universal e gratuita,
sem agravar desigualdade. Rede Brasil Atual. Disponível em:
https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/
vacina-covid-19-acesso-universal/. Acessado em: 4 ago.
2023.
39 GUIMARÃES, Reinaldo. Vacinas Anticovid: um Olhar da Saúde
Coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, [S.l.], 25(9):3579-3585,
set. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/
5SCFJbDTxb9SkmKn8k7dPKP/?lang=pt. Acesso em: 27 out.
2022.
40 ELY, D. Infectologista à frente de pesquisa da vacina chinesa
prevê imunização para início de 2021: “Esperamos que a
covid-19 seja controlada”. GZH Saúde. [S.l.], 13 ago. 2020.
Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/
noticia/2020/08/infectologista-a-frente-de-pesquisa-
da-vacina-chinesa-preve-imunizacao-para-inicio-de-
2021-esperamos-que-a-covid-19-seja-controlada-
ckdsx9yvh0013013g1pvrajoe.html. Acesso em: 4 ago. 2023.
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Nota Técnica: Capacidade de Produção de Vacinas no Brasil [Oxfam]

  • 1. Nota técnica: SETEMBRO DE 2023 Capacidade de produção de vacinas no brasil
  • 2. OXFAM BRASIL Conselho Deliberativo Bianca Santana, Clemente Gánz Lúcio, Graciela Seleiman, Iara Pietricovsky de Oliveira, Hélio Santos (presidente), Luciana Brito e Mário Theodoro. Conselho Fiscal Cristina Medeiros, Marisa Ohashi e Wander Telles Direção Executiva Kátia Maia Equipe Gerência Débora Borges (Gerente Mobilização, Comunicação e Captação de Recursos), Maitê Gauto (Gerente de Programas, Incidência e Campanhas) e Mirella Vieira (Gerente de Operações). Equipe Alisson Gomes, Anderson Lourenço, Anna Carolina Souza, Avelino da Silva Júnior, Bárbara Barboza, Bárbara Barros, Cleizia Sales, Flávia Souza, Gustavo Ferroni, Jefferson Nascimento, Jorge Cordeiro, Juliana Vasco, Julianne Nestlehner, Luiz Franco, Marcus Carvalho, Mariana Franco, Micoli Cerqueira, Marcus Carvalho, Natália Gomes, Néia Limeira, Paula Carvalho, Poka Nascimento, Selma Gomes, Sheila Horta, Talita Hypólito, Ully Zizo e Vanessa Correia. FICHA TÉCNICA Coordenação Maitê Gauto Revisão final Jefferson Nascimento Pesquisa Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) Pesquisadoras Cristiane Ribeiro e Deisy de Freitas Lima Ventura Projeto Gráfico e Diagramação Brief Comunicação
  • 3. Sumário 1. Introdução: potencial do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) brasileiro na redução de assimetrias globais . . . . . . . . . . . . .4 2. Condições atuais do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) . . . . .7 2.1. DEPENDÊNCIA MUNDIAL . . . . . . . . . . . . . 8 2.2. MOBILIZAÇÃO PÓS-COVID . . . . . . . . . . . . 9 2.3. O QUE DIZEM AS EMPRESAS BRASILEIRAS . . . . 9 2.4. UNIVERSIDADES E AGÊNCIAS REGULADORAS . . 11 2.5. UM RELEVANTE ESPAÇO DE INCIDÊNCIA PARA A SOCIEDADE CIVIL . . . . . . 12 2.6. CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 3. Brasil e a Cooperação Internacional em Saúde . . . . . . . . . . . . 16 4. Recomendações . . . . . . . . . . . . . . . . 17 5. Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Lista de figuras Gráfico n°1 Desigualdade na distribuição de doses de vacina . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Gráfico n°2 Lucro das farmacêuticas ao longo do anos (Fortune 500) . . . . . . . . . . . . . . .5 Figura n°1 Morfologia do Complexo Econômico- Industrial da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . .7 Gráfico n°3 Produção atual de IFA de acordo com a região do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . .8 Gráfico n°4 Produção nacional de IFA . . . . . . . . . . . . 10 Figura n°2 Características do GECEIS . . . . . . . . . . . . 12 Figura n°3 Composição do GECEIS . . . . . . . . . . . . . . 13
  • 4. 4 1. Introdução: potencial do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) brasileiro na redução de assimetrias globais A experiência da pandemia de covid-19 demonstrou que as instituições, governos e atores responsáveis pela governança em saúde no âmbito internacional falharam em distribuir vacinas e outros insumos médicos de forma equitativa. Em janeiro de 2021, o Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reconheceu que a distribuição desigual de vacinas representava uma “falha moral catastrófica”, pois países de alta renda concentravam a maior parte dos estoques de doses, ultrapassando até mesmo a demanda interna1 . O “nacionalismo vacinal” pelo qual os Estados mais ricos buscaram exclusivamente a imunização dos seus cidadãos2 , além de antiético, foi contraproducente, uma vez que a vacinação é uma estratégia de saúde coletiva que depende da exten- são da cobertura para garantir sua eficácia. O gráfico n° 1 demonstra esta concentração. GRÁFICO N° 1 - DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE DOSES DE VACINA Doses administradas a cada 100 pessoas por nível de renda dos países. Todas as doses são contadas individualmente, incluindo doses de reforço. Fonte: Our World in Data - banco de dados dedicado ao coronavírus3 Dez 2020 Ago 2023 Set 2021 Mar 2022 Out 2022 0 50 100 150 200 Mais ricos Renda média alta Renda média baixa Baixa renda
  • 5. 5 As assimetrias não foram sanadas nem mesmo através de iniciativas como o programa Covax, uma parceria da OMS com a GAVI (Global Alliance for Vaccine and Immunization), que visava promover a distribuição de doses em países de média e baixa renda4 . Ao mesmo tempo em que tentava estabelecer uma estratégia global de distribuição, a OMS passava por uma crise de autoridade com origem anterior à pan- demia. Diante da crise do multilateralismo promovida por atores como o ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegou a anunciar a retirada do país da OMS, a organização já lidava com o sub- financiamento e a redução do quadro funcionários qualificados5 . Com a propagação do covid-19, gover- nos e ativistas que já atuavam para descredibilizar a instituição passaram a apontar a relação da OMS com a China como um fator de desconfiança, uma vez que o país era o seu segundo maior financiador. Nesse cenário, em um documento demandando atenção à aliança entre a OMS e a GAVI, a organização Médicos Sem Fronteiras suscitou questões sobre a prestação de contas da iniciativa Covax, ao enfatizar que se tratava de iniciativa desenhada e executada com pouca ou nenhuma participação civil ou de enti- dades que atuavam na linha de frente dos cuidados médicos. A falta de transparência estaria refletida nas próprias diretrizes do programa, que não exigiam das farmacêuticas participantes a divulgação dos procedimentos utilizados na definição do preço final de cada dose, que deveria estar próximo do custo de produção6 . Pesquisadores em saúde pública já vinham apon- tando a preocupação de que a expansão da indústria farmacêutica durante a pandemia estendesse para o mercado de vacinas questões éticas e de prestação de contas que esse setor já enfrentava com outros medicamentos7 . Empresas farmacêuticas são acu- sadas de receber forte financiamento público para pesquisas, mas priorizar a manutenção de patentes e preços lucrativos, em detrimento da distribuição de medicamentos eficazes em países de baixa renda. Trata-se de um dos setores produtivos mais lucrativos do mundo, tal como mostra a série histórica abaixo. Durante a pandemia, um pequeno número de farma- cêuticas recebeu financiamento público próximo aos 5,8 bilhões de dólares8 . GRÁFICO N° 2 - LUCRO DAS FARMACÊUTICAS AO LONGO DOS ANOS (FORTUNE 500) Fonte: Stichting Onderzoek Multinationale Ondernemingen (SOMO) | Centre for Research on Multinational Corporations 30 20 10 0 -10 -20 Farmacêuticas 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 Mercado financeiro Energia Todos os outros Recessões
  • 6. 6 A concentração da oferta de doses finalizadas em algumas empresas coincidiu com problemas na distri- buição da matéria prima para a produção de vacinas, um mercado dominado por China e Índia. A ascensão da China e seu crescente predomínio na produção global e inovação tecnológica vieram acompanhados da desindustrialização do resto do mundo, incluindo EUA e países europeus9 . Nesse movimento, etapas de engenharia de produto, design e produção desloca- ram-se para a China e algumas poucas empresas mul- tinacionais passaram a dominar de forma predatória as redes de inovação em diversos países. Esse foi o cenário mundial que o Brasil enfrentou na compra de vacinas para o Programa Nacional de Imuni- zações (PNI) durante a pandemia. Alguns especialistas entendem que o país poderia ter buscado parcerias com diversos atores e investido em diferentes pro- jetos desde o princípio10,11,12 . No entanto, o governo federal optou por priorizar a parceria com a empresa Astrazeneca e a Universidade de Oxford. Diante dessa rigidez, entidades subnacionais brasileiras tomaram a dianteira em firmar parcerias com outras empresas13 , como o Instituto Butantã, em São Paulo, que firmou parceria com a empresa chinesa Sinovac, e o Con- sórcio Nordeste que adquiriu doses da Sputnik, do Instituto de Pesquisa Gamaleya, da Rússia14 . No entanto, mesmo após o estabelecimento dessas parcerias, a vacinação no país atrasou devido à dificuldade que os produtores nacionais enfrentaram para obter insumos de produção e distribuição de doses, tais como o IFA (Ingredientes Farmacêuticos Ativos), produzido por China e Índia, seringas e agu- lhas. Nesse ponto, especialistas em saúde pública denunciam a inaptidão do governo federal em deixar de lado rivalidades políticas para negociar com países como a China, a escassa mobilização do Itamaraty nas negociações, assim como a dependência nacional do mercado externo. Esse atraso contribuiu para o aprofundamento das assimetrias estruturais no país, tal como apontado em relatório anterior publicado pela Oxfam sobre as desigualdades da vacina. Dentre as consequências, destacamos: o aumento do número de mortes, pos- sível surgimento de novas variantes mais resistentes e transmissíveis, congelamento nos tratamentos médicos de outras condições de saúde, além do pro- longado fechamento de escolas e postos de trabalho. Todas estas situações produzem efeitos em cadeia sobre o acesso à renda para pessoas em situação de vulnerabilidade, sobre o nível educacional do país, o acesso à tratamento para pessoas com condições crônicas, os índices de violência doméstica, entre outros. Atualmente, o SUS enfrenta o desafio de atender uma fila de mais de meio milhão de pessoas esperando a realização de procedimentos eletivos15 , enquanto pesquisadores e cuidadores são desafiados pelos efeitos da chamada Covid Longa - sintomas que perduram após a fase aguda da doença16 . A vacinação reduziu fortemente as infecções por covid-19, mas especialistas temem novos surtos e alertam para o perigo da redução na procura pelas doses de reforço. Ao mesmo tempo, há a necessidade de preparar o sistema de saúde para eventos futuros que possam pressionar a demanda por cuidado, tal como o enve- lhecimento da população previsto para as próximas décadas e as mudanças climáticas. A fim de fortalecer a capacidade de resiliência do SUS diante de epidemias no futuro e também a capaci- dade de atender demandas não emergenciais, neste documento discutimos propostas de investimento no Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS). Além disso, entendendo que esse esforço só será possível com cooperação internacional, finalizamos com algumas propostas de como o Brasil pode incidir na diplomacia da saúde a fim de reduzir as assimetrias globais.
  • 7. 7 2. Condições atuais do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) mecânicos, dispositivos de diagnósticos, próteses e órteses, etc. Nessa dinâmica, ao Estado cabe o papel de facilitar essa relação, assim como regulamentar as trocas estabelecidas em cada etapa do ciclo que tem o SUS como principal ambiente de trocas. Atualmente, a saúde mobiliza cerca de 10% do PIB brasileiro, repre- senta 1/3 do esforço científico e de pesquisa, além de ser espaço privilegiado para geração de empregos, com aproximadamente 9 milhões de ocupados17 . FIGURA N° 1 - MORFOLOGIA DO COMPLEXO ECONÔMICO-INDUSTRIAL DA SAÚDE Fonte: Gadelha, 202118 . O Complexo Econômico-Industrial da Saúde com- preende uma intrincada rede de atores e instituições, que perpassa setores industriais e de tecnologia, agências reguladoras, hospitais e demais entidades de prestação de serviço em saúde. Tal como ilustra a figura abaixo, sistemas de informação e conec- tividade intermediam a relação entre a demanda dos serviços de saúde e a oferta de indústrias que produzem medicamentos, vacinas, equipamentos Estado Promoção Regulação Indústria Ceis subsistema de serviços subsistema de informação e conectividade Medicamentos Insumos Farmacêuticos ativos Vacinas Reagentes para diagnósticos SUS: Maior sistema universal do Mundo PIB: 10% Empregos: 10% P&D: 30% Alto potencial para estimular a economia Área-chave para a 4ª Revolução Industrial Atenção Primária Hospitais Ambulatórios Serviços de Diagnósticos Varejo e Distribuição Subsistema de Base Química e Biotecnológica A base econômica e material do SUS Equipamento mecânico Equipamentos eletroeletrônicos Próteses e órteses Materiais de consumo Dispositivos de diagnóstico Subsistema de Base Mecânica, Eletrônica de Materiais
  • 8. 8 2.1. DEPENDÊNCIA MUNDIAL No entanto, há diversos gargalos na dinâmica de produção do CEIS que afeta a capacidade do SUS de atender as demandas que chegam ao sistema através dos postos de atendimento em saúde. Segundo levan- tamento feito pelo Ministério da Saúde, 90% da maté- ria prima para produção de vacinas e medicamentos é importada, em equipamentos médicos esse número é de 50%, enquanto em medicamentos finais chega a 60%19 . O ex-presidente do Instituto Butantã, Dimas Covas20 , e a Abiquifi (Associação Brasileira da Indús- tria de Insumos Farmacêuticos)21 vão além ao afirmar que a dependência de insumos externos chega a 95%, uma vez que o país domina apenas algumas etapas desse intrincado processo de produção. Não foi sempre assim. Gonzalo Vecina Neto, fundador da Anvisa, afirma que, durante os anos 1980, o Brasil investiu fortemente em instituições como a Bio- -Manguinhos, Instituto Butantan, Fundação Ezequiel Dias e Instituto Vital Brasil - o que permitia que o país produzisse uma série de vacinas domestica- mente, como a de febre amarela, tuberculose (BCG), poliomielite, etc22 . Até então, o país produzia 50% da demanda interna, porém a configuração da produção de IFAs começou a mudar a partir dos anos 1990, após o governo Collor de Mello promover uma abertura dos mercados23 . A situação de dependência foi agravada durante as crises financeiras de 2007 e 2008, em que houve uma ascensão de um movimento protecionista em países europeus. Esse movimento tinha como função proteger a indústria doméstica, especialmente as atividades relacionadas aos CEIS, tais como as indús- trias farmacêutica, de equipamentos e serviços médi- cos. Essas ações eram feitas por meio de parcerias público-privadas, e incluíam “medidas de proteção à indústria local, concessão de subsídios, utilização do poder de compra do Estado e instrumentos de controle de entrada de capital estrangeiro” (p. 37). No entanto, essa estratégia não foi suficiente, ainda que aliada ao esforço de reshoring (iniciativa de trazer de volta indústrias que tinham sido deslocadas para outros países), devido à própria lógica competitiva e monopolista da economia neoliberal. Atualmente, o Brasil ainda conta com instituições de ponta, como o Instituto Bio-Manguinhos, da Fiocruz, e o Instituto Butantan, em São Paulo, que é o décimo maior produtor de vacinas no mundo. No entanto, o país está longe de ser autossuficiente: enquanto a China tem mais de mil fábricas produtoras de IFA24 , no Brasil esse número é por volta de 15, com apenas duas instituições produzindo vacinas - Fiocruz e Instituto Butantã. Hoje o mundo fica à mercê das tendências no relacionamento entre China, Estados Unidos e Europa, principalmente em meio às tensões em torno da guerra entre Rússia e Ucrânia. GRÁFICO N° 3 - PRODUÇÃO ATUAL DE IFA DE ACORDO COM A REGIÃO DO MUNDO Fonte: Chandini, 2022 44% 36% 20% Índia China Outros países
  • 9. 9 2.2. MOBILIZAÇÃO PÓS-COVID Diversos países lançaram planos de recuperação dos sistemas nacionais de saúde, entre esses os Estados Unidos, que anunciaram o esforço de produzir 180 moléculas consideradas estratégicas nos próximos anos, incluindo com o apoio de parceiros como o Brasil. O país também criou uma agência, a Arpa-H, para coordenar os esforços de pesquisa no setor, com a proposta de dinamizar o financiamento de projetos que já conta com orçamento de 2,5 bilhões de dóla- res25 . Países como China, EUA, Reino Unido, Espanha, Alema- nha, França, Nova Zelândia, Itália, Vietnã e Coreia do Sul desenvolveram planos de longo prazo que incluem estratégias para lidar com as mudanças climáticas, preparação econômica, investimentos nas áreas de educação, tecnologia e os CEIS. Estimativas apontam que o mercado de IFA no mundo vá crescer por volta de 6,67% entre 2022 e 2028, recebendo investimento de 312 bilhões de dólares26 , a Abiquifi estima que o crescimento do mercado será de aproximadamente 200 bilhões de dólares até 2025. 2.3. O QUE DIZEM AS EMPRESAS BRASILEIRAS Empresas e associações apontam alguns empeci- lhos para expandir a produção nacional, tais como regulamentação imprecisa, dificuldade no acesso ao financiamento público, diferenças que favorecem produtos estrangeiros no pagamento de impostos e burocracia, taxa cambial, padrões sanitários rígidos e fiscalização insuficiente. A reclamação geral é que as mudanças de diretrizes de acordo com os governos geram insegurança jurídica para o estabelecimento de novos projetos, principalmente numa indústria que novos empreendimentos demoram anos para ser idealizados e regulamentados. Norberto Prestes, presidente da Abiquifi, afirma que a associação enviou aos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia um levantamento das 50 molé- culas estratégicas para a produção nacional. Desse levantamento, o Brasil produz apenas 7 moléculas localmente - embora a patente de alguns produtos já tenha caducado, não há investimento devido ao baixo retorno. Antônio Bezerra, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), afirma que o setor de antibióticos, por exemplo, precisará sair da estaca zero no país.
  • 10. 10 As associações reivindicam que o Brasil dê à indústria tratamento e subsídios semelhantes aos dados aos remédios genéricos ou mesmo ao setor do agrone- gócio. Paulo Henrique Fraccaro, CEO da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO) argumenta: A gente sonha ter para a área de dispositivos médicos o mesmo projeto que o governo fez há 20 anos para os medicamentos genéricos. Criou fontes de financiamento e incentivo para as empresas farmacêuticas brasileiras que eram pequenas, não representavam 12% do mercado. Fez propaganda e criou farmácias populares para comprar genéricos. Hoje 5 das 8 maiores empre- sas farmacêuticas do Brasil são nacionais. Ainda, segundo o representante da Abiquifi, a partir das informações compartilhadas pela indústria: “vamos começar a discutir um plano estratégico, assim como foi feito em relação aos fertilizantes. A indústria de base [química] para o fertilizante e agrotóxico é a mesma do medicamento”. Empresários defendem que a grande biodiversidade brasileira é uma vantagem nesse mercado, mas entendem que políticas de aproveitamento desses recursos naturais devem vir acompanhadas de políticas de proteção ambiental27 . Já em 2020, a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (ABIFINA), a Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac) e o Grupo FarmaBrasil elaboraram uma proposta para o governo brasileiro que previa, dentre outras coisas, a verticalização da cadeia produtiva brasileira através da aproximação entre a indústria petroquímica e a de química de base28 . Nesse documento essas associa- ções elaboraram uma série de eixos de atenção, tais como apontar a produção de IFA como uma questão de segurança nacional, debates em torno da propriedade intelectual de insumos e produtos, além do uso de poder de compra público. À época, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino- vações criou o grupo GT-Farma com a proposta de discutir o desenvolvimento do setor com membros do ministério, cientistas e representantes da sociedade civil. Na ocasião, a ABIFINA e a Abiquifi apresentaram a seguinte relação de IFAs produzidos no Brasil - 124 ao todo, como revela o Gráfico n° 4. GRÁFICO N° 4 - PRODUÇÃO NACIONAL DE IFA Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs) fabricados pelos associados da ABIFINA e Abiquifi O grupo de trabalho em si não trouxe muitos resultados, mas algumas das suas recomendações permanecem, tais como a instituição de um mecanismo de fast track na Anvisa, além da adoção de inspeções semelhantes para produtores estrangeiros e nacionais. Nessa época, as associações reivindicavam a aproximação das universidades com a demanda tecnológica do complexo industrial. 85% 40% 12% 8% Com Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF) Com PDP Inclusos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) Inclusos nas três categorias
  • 11. 11 2.4. UNIVERSIDADES E AGÊNCIAS REGULADORAS Dentre as instituições com potencial para contribuir no desenvolvimento do complexo industrial brasileiro, está a Anvisa. Empresários apontam como é estra- tégico a Anvisa ser a única agência da América do Sul que faz parte do Comitê Gestor do ICH (Conselho Internacional de Harmonização de Requisitos Técnicos para Produtos Farmacêuticos de Uso Humano)29 . O ICH é uma organização que reúne autoridades regulató- rias e membros da indústria para discutir o desenvol- vimento e registro de produtos farmacêuticos, com a proposta de promover a harmonização e treinamento dos seus membros. No entanto, antes mesmo do processo de regula- mentação, há um gargalo na relação entre o setor industrial e as instituições que promovem projetos de inovação no país. A diferença entre a capacidade técnica dos pesquisadores e a capacidade produtiva do parque industrial brasileiro é chamada pelos espe- cialistas de “vale da morte”, pois não há como colocar em prática o que é idealizado. Mesmo nesse cenário, universidades têm se mobilizado na solução de problemas no SUS, incluindo a digitalização do sistema, tal como o aplicativo produzido pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) para diagnóstico de câncer renal30 . No entanto, Ricardo Palácios, ex diretor de pesquisa do Butantan, aponta que o aproveitamento do potencial das universidades exige proteger centros de pesquisa de quedas cíclicas de financiamento, como ocorreu nos anos anteriores à pandemia31,32 . Ciência se faz por trabalho constante durante anos, não apenas em momentos de emergência33 .
  • 12. 12 2.5. UM RELEVANTE ESPAÇO DE INCIDÊNCIA PARA A SOCIEDADE CIVIL Em abril de 2023, o governo do presidente Lula divul- gou que o país iria retomar os investimentos no setor a partir da retomada do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (GECEIS). O grupo tem a meta de acelerar a produção brasileira num ritmo em que 70% da demanda nacional seja atendida por fornecedores domésticos em até 10 anos. De acordo com a norma que re-instituiu o grupo34 , o fortale- Fonte: Elaborado pelos autores com base no Decreto n° 11.464/2023 cimento do complexo industrial da saúde brasileiro engloba o investimento na produção e aquisição de produtos essenciais, assim como o fortalecimento de profissionais e gestores da saúde. Dentro os produ- tos considerados estão as vacinas, medicamentos, equipamentos para diagnóstico, assim como bens não tangíveis como comunicação em saúde e acesso a serviços, como demonstra a figura n° 2. FIGURA N° 2 - CARACTERÍSTICAS DO GECEIS Alcance Diretrizes estratégicas Competências reduzir a vulnerabilidade tecnológica do SUS; estimular a produção e a inovação nacional em modelo que favoreça a cooperação regional e global; promover a estabilidade, o fortalecimento institucional e as parcerias e redes colaborativas voltadas para a produção e inovação em saúde; estabelecer regulação convergente para a produção e a inovação; promover ambiente institucional que garanta segurança jurídica e sustentabilidade dos investimentos em inovação e produção local, destinado a colaborar na redução da vulnerabilidade do SUS; aperfeiçoar o uso do poder de compra do Estado, para impulsionar a produção e a inovação direcionada à saúde; e estabelecer redes de suporte e ambientes colaborativos para o fortalecimento das competências e capacidades específicas e estruturantes para o desenvolvimento do Ceis uso do poder de compra do Estado; regulação em saúde; pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação; indução, financiamento e estímulos para a produção local; cooperação regional e global; política tributária e comercial; educação e qualificação profissional; e investimentos nos segmentos produtivos da saúde acompanhar as ações de Governo para a produção e a inovação em suporte ao SUS, incluídas políticas públicas relativas a: medicamentos; vacinas; insumos farmacêuticos ativos; hemoderivados; produtos biotecnológicos; equipamentos e dispositivos médicos; produtos para disgnóstico; materiais de uso em saúde e de proteção individual; bens e serviços de informação e conectividade em saúde; serviços de saúde; e outros produtos, serviços e tecnologias essenciais para a saúde base econômica, produtiva e tecnológica estratégica para a produção e a inovação de: propor medidas, mecanismos e iniciativas sobre tais ações
  • 13. 13 Embora instituído no âmbito do Ministério da Saúde, que também é o Coordenador do grupo, a coordenação adjunta será exercida pelo Ministério do Desenvolvi- mento, Indústria, Comércio e Serviços. Já a Secretaria- -Executiva do Geceis será exercida pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde. A composição do grupo abrange órgãos e entidades com experiência e interesse no tema, como revela a figura n° 3. FIGURA N° 3 - COMPOSIÇÃO DO GECEIS Fonte: Elaborado pelos autores com base no Decreto n° 11.464/2023 Órgãos de governo Entidades sociais Órgãos vinculados ao governo Ministério da Saúde Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços Casa Civil da Presidência da República Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República Misistério da Fazenda Ministério do Planejamento e Orçamento Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Ministério das Relações Exteriores Ministério da Educação Ministério do Trabalho e Emprego Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - EBSERH Financiadora de Estudos e Projetos - Finep Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz Conselho Nacional de Saúde - CNS Academia Brasileira de Ciência - ABC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência - SBPC Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde - CONASEMS Associação Brasileira de Saúde Coletiva - ABRASCO Entidades de representação do setor produtivo público e privado Centrais Sindicais Outras entidades consideradas relevantes, definidas pelo Ministério da Saúde
  • 14. 14 As reuniões ordinárias do grupo serão semestrais, podendo haver convocações extraordinárias, tendo como quórum de reunião a maioria absoluta e o quórum de aprovação a maioria simples. O Coordenador poderá convidar profissionais de notório saber na matéria ou especialistas de outros órgãos e entidades da admi- nistração pública, representantes do setor produtivo público e privado e da sociedade civil para prestar assessoria às suas atividades, sem direito a voto. Poderão ser instituídos grupos de trabalho. Segundo informações fornecidas informalmente pelo Ministério da Saúde, a primeira reunião do GECEIS ocorrerá em setembro de 2023, e deverá ser cercada de intensa cobertura midiática. Focando no CEIS, a ministra da saúde, Nísia Trindade, argumenta em favor da importância de associar o direito à saúde constituído em 1988, direitos sociais e de bem-estar com noções de desenvolvimento eco- nômico nacional. Segundo a ministra, o investimento em tecnologia e inovação em saúde daria sustentação para o acesso universal à saúde e o direito à vida, em suas palavras: A pandemia da Covid-19 mostrou as raízes estru- turais do direito à vida. Sem uma base econômica e produtiva para suprir as necessidades de vaci- nas, testes, ventiladores, serviços de atenção primária ou terapias intensivas não poderíamos cumprir nosso dever Constitucional (p. 10)35 . Dentre os desafios futuros, o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, entende que não será só ques- tão de construir mais fábricas, mas sim de utilizar de maneira mais eficiente o aparato industrial que o Brasil já tem. Ele utiliza o exemplo da subutilização da Fundação para o Remédio Popular (Furp), uma parceria estadual que propunha ações intersetoriais e públi- co-privadas para o planejamento, desenvolvimento, pesquisa, produção e comercialização de produtos farmacológicos. A integração entre pesquisa, produção e a adoção de políticas no SUS será um dos maiores desafios desta empreitada, como menciona o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Carlos Gadelha: Para isso, precisamos de setores, empresas, produtos e tecnologia, mas com uma inversão onde o bem-estar e a sustentabilidade ambiental se colocam como novos paradigmas. Para Carlos Gadelha, não podemos dar crédito ao paradigma que coloca saúde e economia em pólos opostos, na verdade, devemos propor soluções que integrem “campos econômicos, sociais e ambientais”, colocando a economia à serviço da vida (p. 13)36 . Gadelha, afirma: Deve-se pensar em arranjos institucionais e instrumentos para articular medidas de estí- mulo ao investimento, desenhos de subvenção econômica para projetos estratégicos, criação e participação acionária em empresas nacionais, utilização altiva e ativa do poder de compra tra- tando o mercado interno como patrimônio nacio- nal, controle de entrada de capital estrangeiro, entre outros (p. 21). O secretário também enfatiza a formação de profissio- nais de saúde, pois acredita que o setor de cuidado em saúde gerará empregos que exigirão qualificação interdisciplinar com capacitação para operar novas ferramentas e tecnologias digitais.
  • 15. 15 2.6. CONCLUSõES A transição pela verticalização da produção, no entanto, demandará tempo e estudos sobre como incorporar cada etapa produtiva e, talvez, seja interessante priorizar alguns produtos e permane- cer importando os demais por um tempo. Todos os processos precisarão ser aprovados pelas agências reguladoras, tendo em mente que se trata de uma indústria que utiliza matérias primas sensíveis e peri- gosas para os trabalhadores que atuam diretamente na produção. Note-se que alguns problemas do SUS exigem mais suporte logístico e gestão do que tecnologias super avançadas. Um dos temas que mais afetaram a atua- ção brasileira durante a pandemia incluía a dificuldade no acesso a equipamentos básicos em regiões menos assistidas do país. No relatório anterior, especialistas apontaram que havia locais que não conseguiam manter a base de dados sobre pacientes atualizada, pois não havia computador. Portanto, caberá à sociedade civil reivindicar que os investimentos em saúde e no CEIS nos próximos anos tenham como eixos norteadores atender às necessidades do SUS e seus usuários. Isso implica acompanhar com atenção as solicitações da indústria farmacêutica, inclusive a local, para que o interesse em expandir lucros não se sobreponha ao interesse público. Nesse sentido, chama particular atenção o desejo de atores da indústria de acessar os mesmos incentivos e dinâmicas que o setor do agronegócio tem no Brasil. Certamente, não é de interesse da saúde pública importar alguns dos desafios enfrenta- dos pelo ativismo ambiental, por exemplo, no que diz respeito à facilidade com que substâncias nocivas à saúde humana e animal são aprovadas para servir de agrotóxico37 .
  • 16. 16 3. Brasil e a Cooperação Internacional em Saúde Dentre as justificativas utilizadas para defender o investimento no CEIS, encontramos argumentos que mencionam o investimento em saúde como uma ques- tão de segurança nacional, inclusive de defesa contra o bioterrorismo. Nesse sentido, chama a atenção que a agência estadunidense criada recentemente para investimento em biociência tenha ligação com a agência de defesa norte-americana. Um argumento persuasivo que deve ser considerado com cautela para evitar movimentos securitizadores da saúde, já criticados na literatura em saúde global por prio- rizarem soluções militarizadas durante emergências sanitárias. Investimentos em tecnologia militar costumam ser competitivos e queremos evitar que se repita a corrida pela vacina que ocorreu durante a pandemia de covid-19 e que gerou as assimetrias na distribuição já expostas. Jorge Bermudez, pesquisador da Fiocruz, criticou como a corrida entre Estados Unidos, Rússia e China pela vacina era um esforço de apropriação, não soli- dariedade38 . Os Estados Unidos têm uma tradição de abordar temas de saúde de forma securitizadora que o Brasil não precisa adotar por já ter tradição própria de cooperação com diversos atores ao redor do mundo. Durante a pandemia, houve um fluxo intenso de troca de informações entre agências de saúde internacio- nais, incluindo universidades, agências regulatórias e fabricantes. É importante manter esse tipo de parce- ria em momentos não emergenciais, de modo que os cientistas brasileiros tenham acesso a informações relevantes e se mantenham atualizados. Angariar mais cooperação internacional inclui refletir sobre a dinamização de processos alfandegários, aumentando a celeridade dos processos sem reduzir o rigor sanitário. Em processos de compra, é interes- sante para o país negociar cláusulas de compensação tecnológica, tal como ocorreu na aquisição da Astra- Zeneca, na parceria entre a Universidade de Oxford e o Bio Manguinhos39 . A experiência da produção da CoronaVac também nos oferece exemplos interessan- tes, pois os testes clínicos foram desenvolvidos no Brasil e, segundo Ricardo Palacios, essa foi a principal vacina na América Latina por alguns meses40 . A América Latina é uma região de parceria estratégica, uma vez que os desafios estruturais e doenças que afetam a região não são de interesse para laborató- rios de países no Norte global, por exemplo, os casos da doença de chagas, a dengue, a malária e a tuber- culose. Para além dos desafios partilhados, os países da região têm o objetivo comum de defender coleti- vamente os recursos ambientais e a biodiversidade local. Atualmente, há fábricas de vacinas em apenas três países da região, México, Brasil e Argentina, com destaque para maior capacidade industrial brasileira. Dentre os possíveis parceiros do Brasil, a Argentina desponta pelo potencial da atuação conjunta, pois há apenas 20 coincidências na lista de 350 insumos pro- duzidos pelos dois países. Entre as ações realizáveis, há o intercâmbio de profissionais e pesquisadores, projetos industriais em conjunto, além do estabeleci- mento de acordos de cooperação para o compartilha- mento de insumos, produtos e tecnologias.
  • 17. 17 4. Recomendações Estabelecer um marco regulatório que fomente a indústria nacional ao mesmo tempo em que priorize as demandas do SUS Que os investimentos iniciais tenham como prioridade lidar com necessidades emergenciais do SUS, tal como reduzir a fila de procedimentos eletivos e melhorar a estrutura e utilização de dados do DATASUS Valorizar saberes e recursos regionais e de comu- nidades locais, de modo que os investimentos sejam distribuídos equitativamente pelas regiões do país Valorizar a biodiversidade nacional tanto nas pesquisas quanto nas políticas de proteção ambiental Fiscalizar o empenho dos investimentos no CEIS para garantir a priorização do SUS e as necessi- dades de seus usuários Fomentar o debate internacional em torno das patentes de insumos médicos essenciais Evitar discursos securitizadores que reforçam a noção de isolamento e militarização para lidar com questões de saúde Estabelecer redes de cooperação sul-sul, princi- palmente na América Latina
  • 18. 18 11 BENITES, A.; JUCÁ. Carlos Lula, presidente do CONASS: “Nosso trabalho na vacinação é desconstruir o imaginário social de que o que vem da China é ruim”. El país Brasil. Brasília e São Paulo, 10 jan. 2021. Disponível em: https:// brasil.elpais.com/brasil/2021-01-10/nosso-trabalho-na- vacinacao-e-desconstruir-o-imaginario-de-que-o-que- vem-da-china-e-ruim.html. Acesso em: 4 ago. 2023. 12 PASSARINHO, Nathalia. 3 erros que levaram à falta de vacinas contra covid-19 no Brasil. BBC News Brasil, Londres, 23 fev. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ brasil-56160026. Acesso em: 4 ago. 2023. 13 MARINELLI, Isabella. Epidemiologista Ethel Maciel fala dos desafios da vacinação no Brasil. Claudia Saúde e Bem- Estar. [S.l.], 14 jan. 2021. Disponível em: https://claudia. abril.com.br/saude/vacina-entrevista-ethel-maciel/?f bclid=IwAR2psucTyvevuyTGtGDGu7837o--rZxbo1FXUoul- yYRvrOQ2D1SU1ARhBI. Acesso em: 4 ago. 2023. 14 Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Anvisa e Consórcio Nordeste discutem importação de vacina Sputnik. Portal Gov.Br. Disponível em: https://www.gov. br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa- e-consorcio-nordeste-discutem-importacao-de-vacina- sputnik. Acesso em: 4 ago. 2023. 15 PAGNO, M. Mais de um milhão de pessoas esperam por cirurgias eletivas no SUS. Portal G1 de Notícias. [S.l], 10 junho 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/ noticia/2023/06/10/mais-de-um-milhao-de-pessoas- esperam-por-cirurgias-eletivas-no-sus.ghtml. Acessado em: 4 ago. 2023. 16 Covid longa carece de dados e de diretrizes de encaminhamento no Brasil. Jornal da USP. 19 jan. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/ covid-longa-carece-de-dados-e-de-diretrizes-de- encaminhamento-no-brasil/. Acessado em: 4 ago. 2023. 17 GADELHA CAG; KAMIA FD; MOREIRA JDD; MONTENEGRO KBM; SAFATLE LP; NASCIMENTO MAC. Dinâmica global, impasses do SUS e o CEIS como saída estruturante da crise. Cadernos do Desenvolvimento. 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Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ equilibrioesaude/2022/08/contra-falta-de-remedio- brasil-busca-reduzir-dependencia-de-importacao-de- insumos-farmaceuticos.shtml. Acessado em: 4 ago. 2023. Referências 1 Reuters. OMS alerta para ‘falha moral catastrófica’ com distribuição desigual de vacinas contra Covid-19. O Globo. Genebra, 18 jan. 2021. Disponível em: https://oglobo. globo.com/saude/vacina/oms-alerta-para-falha-moral- catastrofica-com-distribuicao-desigual-de-vacinas- contra-covid-19-1-24843712. Acessado em: 04 ago. 2023. 2 ​​​​​​​​ONU. Nacionalismo de vacinas pode custar até US$ 9,2 trilhõesàeconomiaglobal.ONUNews.26jan.2021.Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2021/01/1739662. Acessado em: 04 ago. 2023. 3 https://ourworldindata.org/coronavirus 4 STEVANIM, Luiz Felipe. “Ainda estamos em alerta”: para a epidemiologista Ethel Maciel, a revogação da emergência sanitária no Brasil pode levar à descontinuidade dos serviços. Radis Fiocruz. [S.l.], 09 maio 2022. 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Covid: Falhamos na comunicação e precisamos ajustar expectativa com vacinas, diz ex- diretor do Butantan. BBC News Brasil. São Paulo, 22 set. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/ brasil-58645747. Acesso em: 4 ago. 2023.
  • 19. 19 22 PASSARINHO, N. Brasil tem quase 30 fábricas de vacina para gado e só duas para humanos. O Globo. [S.l.], 24 fev. 2021. Disponível em: https://oglobo.globo.com/epoca/brasil/ brasil-tem-quase-30-fabricas-de-vacina-para-gado-so- duas-para-humanos-24896064. Acessado em: 4 ago. 2023. 23 FAIRBANKS, M. Fármacos: Caminhos para reduzir a dependência do país. Química – Editora QD. [S.l.], 15 nov. 2022. Disponível em: https://www.quimica.com.br/ farmacos-caminhos-para-reduzir-a-dependencia-do- pais/. Acessado em: 4 ago. 2023. 24 CHANDINI, S. China Current State–Small Molecule Synthetic API Market. Beroe – Advantage Procurement. [S.l.], 11 Oct. 2022. Available at: https://www.beroeinc.com/whitepaper/ china-current-state-small-molecule-synthetic-api- market/. Accessed on: 4 Aug. 2023. 25 KOZLOV, M. ‘Open for business’: risk-taking US health agency ready to spend $2.5-billion budget. Nature. [S.l.], 21 March 2023. Available at: https://www.nature.com/articles/ d41586-023-00817-4. 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Vacinas Anticovid: um Olhar da Saúde Coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, [S.l.], 25(9):3579-3585, set. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/ 5SCFJbDTxb9SkmKn8k7dPKP/?lang=pt. Acesso em: 27 out. 2022. 40 ELY, D. Infectologista à frente de pesquisa da vacina chinesa prevê imunização para início de 2021: “Esperamos que a covid-19 seja controlada”. GZH Saúde. [S.l.], 13 ago. 2020. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/ noticia/2020/08/infectologista-a-frente-de-pesquisa- da-vacina-chinesa-preve-imunizacao-para-inicio-de- 2021-esperamos-que-a-covid-19-seja-controlada- ckdsx9yvh0013013g1pvrajoe.html. Acesso em: 4 ago. 2023.
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