Os textos discutem a corrupção no Brasil, abordando o escândalo do mensalão e seu impacto na popularidade do ex-presidente Lula. O texto 2 explica a origem da expressão "Lei de Gérson" em uma propaganda de cigarro e como passou a significar obter vantagens de forma desleal. A corrupção política é frequente no Brasil e a "Lei de Gérson" é usada quando há escândalos como fraude e superfaturamento.
1. Leia os textos abaixo e depois redija uma dissertação-argumentativa sobre o tema:
Até que ponto a corrupção é uma marca de nossa cultura?
Texto I
Imprensa internacional destaca o mensalão
29 de agosto de 2007 • 06h32 • atualizado às 07h33
A decisão do Supremo Tribunal Federal de indiciar o ex-ministro José Dirceu pelo caso
do mensalão intensificou nesta semana um escândalo que vinha pairando sobre o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva por dois anos, afirma em sua edição desta quarta-
feira o diário americano The New York Times.
O diário observa que "esta foi a primeira vez que o STF decidiu julgar acusações criminais
contra políticos de alto escalão", e comenta que "poucos políticos acusados de corrupção
realmente cumprem pena de prisão no País".
"O Supremo Tribunal anteriormente já havia se negado a processar o ex-presidente Fernando
Collor de Mello após sua renúncia em meio a um processo de impeachment em 1992. Foi
revelado que Collor havia operado um fundo secreto de desvios multimilionários", afirma a
reportagem.
O jornal comenta que Lula "se distanciou do escândalo (do mensalão) em 2005 e foi reeleito no
ano seguinte, mesmo após políticos tanto da direita quanto da esquerda terem o considerado
carta fora do baralho".
Segundo a reportagem, "o presidente conseguiu evitar danos políticos das acusações de
corrupção e por outras acusações de má-administração" e suas taxas de aprovação
permaneceram "virtualmente inalteradas".
A decisão do STF também ganhou destaque em outros jornais estrangeiros nesta quarta-feira.
Em sua edição online, o britânico Financial Times diz que a decisão está sendo considerada "o
primeiro enfrentamento sério à impunidade tradicionalmente gozada pelas figuras públicas
brasileiras".
A reportagem comenta que "no auge do escândalo, no fim de 2005, a popularidade do
presidente caiu tanto que muitos o consideravam um peso eleitoral para seu partido, o
esquerdista PT".
"Mas o público rapidamente cansou do escândalo, a oposição não conseguiu capitalizar e Lula
foi reeleito para um segundo mandato de quatro anos em outubro, com uma maioria
considerável", diz o FT.
O jornal espanhol El País afirma que "a decisão do Supremo esteve, em grande parte,
condicionada pelas pressões da opinião pública, que vem acompanhando ao vivo, pela
televisão, as discussões dos 11 membros do tribunal".
"A opinião pública vem criticando a impunidade com a qual costumam gozar os políticos
corruptos", diz a reportagem.
O jornal comenta, porém, que "agora serão necessários vários anos para que os tribunais
deem seu veredicto final, mas politicamente a decisão do Supremo acabou com a tese de que
se tratou somente de uma manobra da oposição para atacar o governo Lula".
O diário argentino Clarín destaca o fato de que, entre os 40 indiciados pelo STF, está o
publicitário Duda Mendonça, conhecido também na Argentina pelo fato de já ter trabalhado em
campanhas políticas locais.
O jornal relata que Duda foi acusado de "conspirar com ex-ministros, deputados e dirigentes
políticos na trama de subornos tecida no Congresso nacional nos dois primeiros anos do
governo Lula".
O Clarín comenta que Duda foi o responsável por "estilizar" a imagem de Lula e "tirou dele
qualquer conotação radical ao lançar na campanha de 2002 a famosa frase 'Lulinha paz e
amor'".
O jornal lembra que o publicitário "foi o principal assessor de campanha de vários políticos
argentinos, entre eles Eduardo Duhalde (que perdeu a eleição presidencial de 1999 para
Fernando de La Rúa e depois governou o país por um ano após a crise de 2001)".
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1864965-EI306,00.html
2. Texto II
A Lei de Gérson tem origem em uma propaganda que Gérson, um dos melhores meio-
campistas da história do futebol brasileiro e ex-jogador de grandes times como o São Paulo
Futebol Clube, fez para os cigarros Vila Rica no ano de 1976. Na peça publicitária, o boleiro
fala sobre as vantagens do cigarro e pronuncia a seguinte frase: “É gostoso, suave e não irrita
a garganta”. Na sequência diz: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu
quero de um bom cigarro?”. Depois de propagandear o cigarro e falar sobre o quanto o produto
era bom, Gérson dá um sorrisinho malandro e solta a última e infeliz frase da propaganda:
“Gosto de levar vantagem em tudo, certo?”. Desta forma, sintetizou de uma vez só o jeitinho
brasileiro de fazer o errado parecer certo.
Apesar de já ser um jogador consagrado na época, ficou marcado pela propaganda. Depois de
algum tempo, o “Canhotinha de Ouro” declarou que ficou arrependido de ter sua imagem
associada ao anúncio. Mas já era tarde, seu nome acabou batizando a Lei mais salafrária do
país e ficou no imaginário popular. Segundo o diretor do comercial, o publicitário José
Monserrat Filho, “houve um erro de interpretação, o pessoal começou a entender como ser
malandro. No segundo anúncio dizíamos: ‘levar vantagem não é passar ninguém para trás, é
chegar na frente’”.
Com os escândalos políticos que ocorrem frequentemente na política brasileira, tais como
fraude, corrupção, lavagem de dinheiro, superfaturamento, entre outros, a expressão Lei de
Gérson acaba surgindo na boca do povão todos os anos. Enraizada na cultura popular, virou
sinônimo de levar vantagem acima de tudo, sem respeitar códigos éticos ou morais.
http://www.infoescola.com/curiosidades/lei-de-gerson/
Texto III