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Artigo publicado hoje, 15/04, no jornal Folha da Manhã.
Lava Jato em Campos: quem tem medo?
Logo após a apreensão de planilhas da Odebrecht durante a 23ª fase da operação Lava Jato, na casa
de Benedicto Barbosa Júnior, executivo da empreiteira que assinou com a prefeita Rosinha Garotinho
o contrato da primeira etapa do programa “Morar Feliz”, o secretário de Governo Anthony Garotinho
fez questão de afirmar que sua família “não deve e não teme”. Além do ex-governador, aparecem nas
planilhas a prefeita Rosinha e a deputada Clarissa.
Mas existe um abismo entre o discurso da família Garotinho e a prática. Na última terça-feira, os
aliados do governo Rosinha rejeitaram requerimento de autoria do vereador Marcão (Rede) que
solicitava informações sobre contrato da Odebrecht em Campos. A ideia era checar os valores pagos,
quantas e quais foram as subempreitadas, cópias dos processos financeiros, informações dos
gestores responsáveis pelos contratos, relatórios de todas medições e uma perícia técnica capaz de
mensurar se o volume das obras está condizente com o desembolso financeiro. Mas afinal de contas,
se não devem e não temem, por que querem esconder essas informações? Vale lembrar que o
contrato da Prefeitura com a Odebrecht é o maior da história da nossa cidade, em torno de R$ 1
bilhão, com os aditivos.
Em relação a prefeita Rosinha, a revista “Veja” classificou os repasses como “bônus” e afirmou que
ela recebeu R$ 1 milhão. Como o valor na planilha é registrado em 1.000, a deputada Clarissa, que
aparece com 500, teria recebido R$ 500 mil. Ao contrário do marido da prefeita, que tem o costume
de condenar antes de julgar, a oposição cobrou uma explicação do governo Rosinha sobre o contrato
com a empreiteira. Bastava aparecer, levar documentos e mostrar que era tudo legal. Mas a ausência
de reposta, após quatro sessões canceladas por falta de quórum, só serviu para deixar muitas
dúvidas no ar.
Ao negar as informações, a bancada da prefeita Rosinha evita que a população, responsável por
pagar toda esta conta, tome conhecimento sobre o maior contrato da história de Campos e as
relações do governo Rosinha com a empreiteira investigada na operação Lava Jato. Em tempos de
desgaste e crise, seria uma excelente forma de começar a passar o atual governo a limpo. O
problema é que a coragem está apenas nos discursos. Na prática, o governo da prefeita Rosinha, que
em dois mandatos foi cassada três vezes, deve muito e teme mais ainda.
	
  

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Lava Jato Campos: Governo Rosinha deve e teme Odebrecht

  • 1. Artigo publicado hoje, 15/04, no jornal Folha da Manhã. Lava Jato em Campos: quem tem medo? Logo após a apreensão de planilhas da Odebrecht durante a 23ª fase da operação Lava Jato, na casa de Benedicto Barbosa Júnior, executivo da empreiteira que assinou com a prefeita Rosinha Garotinho o contrato da primeira etapa do programa “Morar Feliz”, o secretário de Governo Anthony Garotinho fez questão de afirmar que sua família “não deve e não teme”. Além do ex-governador, aparecem nas planilhas a prefeita Rosinha e a deputada Clarissa. Mas existe um abismo entre o discurso da família Garotinho e a prática. Na última terça-feira, os aliados do governo Rosinha rejeitaram requerimento de autoria do vereador Marcão (Rede) que solicitava informações sobre contrato da Odebrecht em Campos. A ideia era checar os valores pagos, quantas e quais foram as subempreitadas, cópias dos processos financeiros, informações dos gestores responsáveis pelos contratos, relatórios de todas medições e uma perícia técnica capaz de mensurar se o volume das obras está condizente com o desembolso financeiro. Mas afinal de contas, se não devem e não temem, por que querem esconder essas informações? Vale lembrar que o contrato da Prefeitura com a Odebrecht é o maior da história da nossa cidade, em torno de R$ 1 bilhão, com os aditivos. Em relação a prefeita Rosinha, a revista “Veja” classificou os repasses como “bônus” e afirmou que ela recebeu R$ 1 milhão. Como o valor na planilha é registrado em 1.000, a deputada Clarissa, que aparece com 500, teria recebido R$ 500 mil. Ao contrário do marido da prefeita, que tem o costume de condenar antes de julgar, a oposição cobrou uma explicação do governo Rosinha sobre o contrato com a empreiteira. Bastava aparecer, levar documentos e mostrar que era tudo legal. Mas a ausência de reposta, após quatro sessões canceladas por falta de quórum, só serviu para deixar muitas dúvidas no ar. Ao negar as informações, a bancada da prefeita Rosinha evita que a população, responsável por pagar toda esta conta, tome conhecimento sobre o maior contrato da história de Campos e as relações do governo Rosinha com a empreiteira investigada na operação Lava Jato. Em tempos de desgaste e crise, seria uma excelente forma de começar a passar o atual governo a limpo. O problema é que a coragem está apenas nos discursos. Na prática, o governo da prefeita Rosinha, que em dois mandatos foi cassada três vezes, deve muito e teme mais ainda.