O documento discute o crescimento dos empregos verdes no Brasil. Aponta que os empregos verdes crescem mais rápido que outros empregos e representam 3 milhões de vagas no país. No entanto, há escassez de profissionais qualificados nessa área. Discutem a necessidade de formação adequada para atender a demanda por diferentes profissões ligadas à sustentabilidade.
1. Com base nos textos abaixo, redija uma dissertação-argumentativa sobre o tema:
O emprego verde e as escolhas do jovem na sociedade brasileira.
Emprego verde bate os demais
O GLOBO
RIO - Os empregos verdes crescem e se espalham por diferentes setores e, principalmente, profissões. O
mercado de trabalho não procura apenas gente ligada a áreas afins, como quem trabalha com reciclagem,
engenheiros ambientais ou geólogos, mas também advogados, administradores, jornalistas e publicitários, por
exemplo, especializados na questão da sustentabilidade.
Às vésperas da Rio+20, consultores apontam uma escassez de mão de obra qualificada com especialização
em meio ambiente no Brasil. Enquanto isso, tanto a iniciativa privada quanto a esfera pública estão
aumentando seu contingente de funcionários trabalhando especificamente no setor. Prova disso é a pesquisa
recém-divulgada pela Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade (Abraps), que revela que
26% das empresas do país pretendem ampliar o quadro de funcionários na área, este ano.
Mercado emprega hoje três milhões
Segundo Peter Poschen, diretor do Departamento de Criação de Empregos e Empresas Sustentáveis da
Organização Internacional do Trabalho (OIT), hoje existem cerca de três milhões de empregos verdes no
Brasil, que correspondem a apenas 6,6% do total de postos de trabalho formais. Embora o país ainda esteja
iniciando sua caminhada na área, diz ele, os empregos verdes já crescem mais rapidamente que os demais.
Estudo da instituição registrou alta de 26,73% na oferta de empregos verdes no país, entre 2006 e 2010,
enquanto o total de vagas formais subiu 25,35%.
— As empresas que estão crescendo têm necessidade de inserir produtos e serviços verdes no mercado, ou,
ao menos, de serem ambientalmente responsáveis — disse Poschen ao GLOBO, por telefone.
O diretor da OIT ressalta que houve avanço no Brasil em matéria de proteção ao meio ambiente, citando a
política nacional de resíduos sólidos — que determina a destinação correta ao lixo produzido, bem como
estipula prazos para o término de lixões (2014), além de diretrizes para futuras regulamentações. Mas afirma
que é necessário que a iniciativa privada e o poder público façam avaliações do mercado, a fim de medir a
demanda de profissionais verdes, e em que áreas são mais necessários.
— É necessário entender as demandas, para fornecer a formação adequada — destacou Poschen, lembrando
que há alguns anos, por exemplo, não existia mão de obra qualificada para trabalhar com etanol. — A
capacidade técnica crescia mais que os recursos humanos. Hoje essa defasagem foi reduzida, mas ocorre em
outras áreas.
O setor de compostagem, por exemplo, ainda é pouco representativo na economia verde — considerando que
apenas 5% dos resíduos orgânicos no Brasil são destinados ao processo —, mas tem papel fundamental. A
transformação de matéria orgânica em adubo ecologicamente correto foi justamente o que atraiu o advogado
Marcos Rangel, especialista em direito ambiental. Ele criou a VideVerde, empresa de compostagem, com
fábricas em Magé e Resende.
— O adubo que resulta da compostagem dá destinação correta ao lixo orgânico e reduz seu impacto nos
aterros sanitários e lixões — diz Rangel, que emprega 20 pessoas.
Segundo a professora Susana Feichas, coordenadora do MBA em gestão do ambiente e sustentabilidade da
FGV, os profissionais devem investir num "diferencial" na carreira que, dentro de pouco tempo, diz, será uma
competência essencial para estar bem colocado no mercado de trabalho:
— O mundo empresarial percebeu que gerir com foco em gestão do ambiente e responsabilidade social dá
retorno, seja financeiro, de fidelização de clientes e de imagem.
2. Especialização na área é necessária
Susana ressalta que cresceu a demanda por maior conhecimento em gestão do ambiente e sustentabilidade
no setor bancário e de seguros. E que a área de turismo começa a seguir o mesmo caminho.
O professor do Ibmec Dario Menezes diz que houve três momentos em termos do comportamento das
corporações brasileiras quanto ao assunto. Primeiro, nas décadas de 1970 e meados de 80, quando as
empresas ainda entendiam sustentabilidade como custo, e apenas cumpriam a legislação. Daí até o fim dos
90, elas começaram a compreender que a questão produzia diferenças competitivas. Até que veio a "terceira
onda", a atual, explica Menezes, que começou no início dos anos 2000 e trouxe a consciência de que a
preocupação ambiental transcende as barreiras de uma organização e é uma necessidade de toda a cadeia
produtiva.
— Hoje todos devem ter uma boa formação em meio ambiente. Dos profissionais dos setores de compras,
marketing e logística até os da área administrativa ou de operações. Sustentabilidade tem, na verdade, que
fazer parte do planejamento estratégico de qualquer organização.