O documento apresenta uma introdução às instalações elétricas de baixa tensão, abordando os conceitos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, bem como os cálculos e projetos de instalações elétricas residenciais e comerciais. Inclui detalhes sobre dimensionamento de condutores elétricos considerando critérios como seção mínima, capacidade de condução de corrente e queda de tensão.
Introdução às Instalações Elétricas de Baixa Tensão
1. 1. Introdução às Instalações Elétricas de Baixa Tensão
1.1. Generalidades: É imprescindível que o projetista saiba onde se situa a sua instalação dentro de um sistema
elétrico mais complexo, a partir do gerador, até os pontos de utilização em baixa tensão. O sistema elétrico
compreende produção,transmissãoe distribuição,conformeilustraaFig.1.1.Asinstalaçõeselétricasdebaixatensão
sãoregulamentadaspelanormaNBR-5410,daABNT,que estabelece de 1000voltscomoo limite paraabaixatensão
em corrente alternada e de 1500 volts para a corrente contínua. A frequência máxima de aplicação desta norma é
de 400 Hz. Toda a energia gerada para atender a um sistema elétrico é sob a forma trifásica, alternada, tendo sido
fixada a frequência de 60 ciclos/segundo para uso em todo o território brasileiro, por decreto governamental.
1.2.Produção: A geração industrial de energia elétrica pode ser realizada por meio do uso da energia potencial da
água (geração hidrelétrica) ou utilizando a energia potencial dos combustíveis (geração termoelétrica).
1.3.Transmissão: Transmissão significa o transporte de energia elétrica gerada até os centros consumidores. Para
que seja economicamente viável, a tensão gerada nos geradores trifásicos de corrente alternada normalmente de
13,8 kV deve serelevadaavalorespadronizadosemfunçãodapotênciaasertransmitidae dasdistânciasaoscentros
consumidores.
1.4.Distribuição: A distribuição é a parte do sistema elétrico já dentro dos centros de utilização (cidades, bairros,
indústrias).
1.5.O Conceito de Projeto: Projetar, no sentido mais geral do termo, é apresentar soluções possíveis de serem
implementadasparaa resoluçãode determinadosproblemas.Parao projetista,asoluçãoprocurada visaatendera
uma necessidade,umresultadodesejado,umobjetivo.Assim, porexemplo,"definirde que formaaenergiaelétrica
será conduzida da rede de distribuição até os pontos de utilização em um determinado edifício", abragendotodos
os aspectos envolvidos,é o enunciado geral do problema que será o objeto do estudodo projetista de instalações
elétricas residenciais (único e coletivo).
1.7.A Responsabilidade Profissional do Projetista: Para o desempenhoprofissional de suasatividades,oprojetista
deverá obter habilitação específica através de formação em centros educacionais especializados (universidades,
faculdadesde engenharia,centrosde educaçãotecnológica,escolastécnicasetc.) e registronorespectivoConselho
Profissional.
2. 2. Projeto de Instalações Elétricas
2.1.Conceito: É a previsãoescritadainstalação,com todosos seusdetalhes,localizaçãodospontosde utilizaçãoda
energia elétrica, comandos, trajeto dos condutores, divisão em circuitos, seção dos condutores, dispositivos de
manobra, carga de cada circuito, carga total, etc. Ou seja, projetar uma instalação elétrica de um edifício consiste
basicamente em:
− quantificar, determinar os tipos e localizar os pontos de utilização de energia elétrica;
− dimensionar, definir o tipo e o caminhamento dos condutores e condutos;
− dimensionar,definirotipoe alocalizaçãodosdispositivosde proteção,de comando,demediçãode energia
elétrica e demais acessórios.
O objetivode umprojetode instalaçõeselétricasé garantir a transferênciade energiadesde umafonte,emgeral a
rede de distribuiçãodaconcessionáriaougeradoresparticulares,até ospontosdeutilização(pontosde luz,tomadas,
motores,etc).Paraque istosefaçade maneirasegurae eficazé necessárioqueoprojetosejaelaborado,observando
as prescrições das diversas normas técnicas aplicáveis.
O projeto de instalações elétricas pode ser dividido em categorias:
a) Residencial (único e coletivo);
b) Comercial;
c) Industrial;
2.2.Cálculos elétricos: Tomandocomo base a Norma Brasileira5410, elaboradapelaAssociaçãoBrasileirade
NormasTécnicas(ABNT),conhecida comoABNTNBR5410, podemosidentificarosprincipaiscálculosque devem
serefetuadosparaprojetoselétricos.Serãodestacadosquatroaspectosprincipaisnestaseção,sendo:
Levantamento da demanda de iluminação;
A NBR 5410 estabelece oscritériosde levantamentode demandade iluminaçãoparabaixa tensão.
De acordo com essa norma para áreas de habitação alguns aspectos devem ser levados em conta,
sendo:
• Instalaçãode pelomenosum ponto de luz fixo no teto em cada área (cômodo ou dependência);
• Previsãode cargamínimade 100 VA para osprimeiros6m²,acrescidode 60VA para cada aumento
de 4 m² inteiros, regra válida para áreas maiores que 6m2.
Levantamento das demandas de tomadas de uso geral (TUGs) e específico (TUEs);
Combase na NBR 5410, pode-se listaralgumascaracterísticas geraisque osprojetosde baixatensão
devem possuir:
• Em banheiros,é precisopreverpelomenosumpontode tomada de 600 VA de potência(valorde
potência mínimo);
• Para cozinhas, copas, áreas de serviço, lavanderias e locais similares, é necessário prever uma
tomada a cada 3,5 m, ou fração, de perímetro. Em áreas com bancada contendo pia devem ser
instaladas duas tomadas, podendo ser no mesmo ponto ou em pontos distintos, sendo 600 VA de
potência(valormínimo) paraosprimeirostrêspontosde tomadae paraosdemais100VA.Essaregra
é válida para até seis pontos de tomada;
• Para varandasé previstopelomenosumpontode tomada, de 100 VA de potência(valormínimo);
• Para salas e dormitórios,é precisopreverpelomenosumponto de tomada a cada 5 m ou fração,
de 100 VA por ponto (valor mínimo).
3. Divisão das cargas em circuitos conforme funcionalidade;
A divisão de cargas deve seguir algumas regras também, de acordo com a NBR 5410 de 2004:
• Deve-se estabelecerumcircuitoindependenteparaequipamentosque possuamcorrentenominal
superior a 10 A;
• Deve-se estabelecer circuitos exclusivos para a área de serviço, cozinha, copa, lavandeira e locais
similares;
• Oscircuitoscomunspodemalimentarcargasque não extrapolemacorrente nominal de16A.Deve-
se salientar que, para circuitos de iluminação e tomadas, não é recomendado o uso de apenas um
circuito, mesmo que este esteja abaixo da corrente nominal de 16 A.
Dimensionamento de condutores elétricos e proteções.
Para dimensionaroscondutoreselétricos,algunsaspectosdescritosnaNBR5410 devemserlevados
em consideração, sendo destacados três métodos para estes cálculos, a saber:
• Capacidadede conduçãode corrente (ampacidade): este métodoconsiste emcalcular acorrente
máxima que percorre o condutor e, de acordo com o método de instalação, identificar a seção
nominal que atende os critérios estabelecidos;
• Queda de tensão: este método estabelece que para instalações alimentadas através de
subestaçõespróprias sãoadmitidosnomáximo7% de quedade tensãodatensãonominal,tomando
como referência a tensão dos terminais do secundário do transformador (NBR 5410, 2004).
• Seção mínima: este método prevê que os circuitos de tomadas de força devem possuir seção
mínimade 2,5 mm² e circuitos de iluminaçãodevempossuiraseçãomínima de 1,5 mm² (NBR 5410,
2004).
Na próxima seção serão analisados detalhadamente estes cálculos para o dimensionamento do
condutor.
Simbologia e diagramas utilizados nos sistemas elétricos
Os símbolos e diagramas são ferramentas elaboradas a fim de facilitar a execução dos projetos
elétricos, tornando simples a identificação de diversos pontos de utilização nas instalações.
A AssociaçãoBrasileirade NormasTécnicas(ABNT) criouem1989uma normareferente aossímbolos
que devemserutilizadosnosprojetoselétricos,aNBR 5444. Algunsdossímbolosreferenciadospor
essa norma podem ser verificados nas Tabelas 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4.
4. 3. Dimensionamentode condutores elétricos
Odimensionamentocorretodoscondutoreselétricosé realizadoquandoaplicamosostrêscritériosbásicosdescritos
na NBR5410. É possível obterumvalordiferenteparaasseçõesmínimasde condutoresparacadacritérioaplicado,
porém é importante salientar que a maior seção entre as resultantes deve ser adotada.
3.1. Seção mínimados condutores: O critériodaseção mínimadeterminaabitoladocondutorfase a partir da
utilizaçãodocircuito.A Tabela1.8 fornece todasas informaçõesnecessárias.
3.2. Método da capacidade de condução de corrente: O método da capacidade de condução de corrente
consiste no cálculo da corrente máxima que percorre o condutor e de acordo com o método de instalação,
identificadaaseçãonominal queatendeaoscritériosestabelecidos.Pode-sedividiraaplicaçãodesse critérioem07
etapas.
A etapa 01: Tem por objetivo escolher o tipo de isolação utilizado nos condutores e, consequentemente,
determinaratemperaturamáximaaque elespoderãoestarsubmetidosemregimecontínuo,em sobrecarga
e/ou em condições de curto-circuito (CRUZ et al., 2012)
5. A etapa 02: Consiste naclassificaçãodométodode instalaçãodoscondutores. Esse aspectodeveserlevado
em conta, poisexerce grande influênciana capacidade de troca de calor entre os condutorese o ambiente
externo.
Ver tabela anexa!!
A etapa 03 desse critério tem por finalidade o cálculo da corrente nominal ou corrente de projeto (IB),
determinadaapartirdas especificações nominais e do tipo de circuito (monofásico, bifásico ou trifásico).
Os parâmetros utilizados nos cálculos são:
P = potência ativa [W]
S = potência aparente [VA]
v = tensão entre fase e neutro
V = tensão entre fases
η = rendimento
cos ϕ = fator de potência
Para circuitos monofásicos pode-se utilizar as seguintes equações:
6. Na etapa 04 são determinadososnúmerosde condutorescarregados,conforme adescriçãodaTabela1.11.
A etapa 05 consiste na determinação da bitola do condutor para uma temperatura ambiente de 30°C
(condutoresnãoenterradosno solo) ou para uma temperaturado solo de 20°C (condutoresenterradosno
solo), analisando os parâmetros pré-estabelecidos, que são:
tipo de isolação,
método de instalação do condutor,
corrente nominal ou de projeto e
número de condutores carregados.
Assim, a partir da Tabela Anexa ( Tabela 2 e 2A), é possível determinar a bitola dos condutores
utilizadosnainstalaçãoelétrica.Cabe salientarque aTabelaAnexaé apenasuma das tabelasdisponíveisna
NBR 5410, conforme as características identificadasdo condutor. Deve-se escolher a tabela correta para o
dimensionamento.
Por exemplo: Considere a seguinte situação: é necessário dimensionar os condutores para um
circuito bifásico de um chuveiro elétrico (5000 W, 220 V). O tipo de isolação utilizado é PVC, método de
instalação:B1. Paradeterminaraseçãomínima,de possede todosessesdados,é necessárioapenascalcular
a corrente de projeto:
A partir dessa corrente e dos dados expostos, pode-se verificar, na Tabela Anexa ( Tabela 2 e 2A),
que a seção mínima do condutor de cobre é de 2,5 mm2.
Na etapa 6: são aplicados os fatores de correção, o fator de correção de temperatura (FCT) e o fator de
correção de agrupamento (FCA), de acordo com a necessidade de cada caso específico.
OFCT é aplicadoparatemperaturas ambientesdiferentesde de30°C(ar) e 20°C (solo).A Tabela1.13fornece
as informações necessárias para essa correção.
7. O FCA é aplicado a circuitos instalados em conjunto com outros circuitos podendo estar no mesmo
eletroduto, calha, bandeja, entre outros. A Tabela 1.14 fornece as informações necessárias para essa
correção.
8. Por fim, a etapa 07: consiste no cálculo da corrente corrigida. Para obter essa corrente devemos utilizar a
seguinte equação:
Apósobteressacorrentecorrigida,deve-seretornaraumadastabelasespecificadasnaNBR5410,referentes
à capacidade de condução de corrente (exemplificada nesta seção na Tabela Anexa (Tabela 2 e 2A), e
determinar a seção do condutor após a aplicação dos fatores de correção.