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TEORIAS E
SISTEMAS
PSICOLÓGICOS II
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
	
> Descrever os preceitos básicos do behaviorismo, da psicologia humanista
e da psicanálise.
	
> Estabelecer um paralelo entre as perspectivas da subjetividade propostas
pelas três teorias.
	
> Identificar semelhanças e diferenças na concepção de sujeito entre as três
correntes teóricas.
Introdução
Após o surgimento da psicologia experimental e sua emancipação como
ciência, diferentes teóricos dos estudos da psique humana criaram objeções
referentes a como buscar uma psicologia ainda mais científica e precisa,
dando início ao behaviorismo nos Estados Unidos. Na Europa, igualmente
com a intenção de crescimento e evolução da área, nascia a psicanálise,
guiada pelo jovem médico Sigmund Freud. Depois que essas duas linhas se
tornaram fortes teorias na psicologia, ocorreu o surgimento de uma terceira
via igualmente elaborada: a psicologia humanista, que chega para dar uma
imagem diferente da natureza humana, de forma até mesmo conciliadora.
Neste capítulo, você lerá sobre as contribuições dos teóricos do beha-
viorismo, da psicanálise e da psicologia humanista. Serão apresentadas as
Psicanálise, o
behaviorismo e
psicologia humanista
Igor Boito Teixeira
principais ideias motivadoras de cada uma das escolas dessa grande tríade de
pensamento na psicologia. Iniciaremos com o behaviorismo e sua concepção
altamente objetiva da psicologia. Em seguida, passaremos à psicanálise e à sua
perspectiva subjetiva, que se contrapõe ao behaviorismo e ao seu positivismo
intrínseco. No tópico final deste capítulo, estudaremos o humanismo, que
se coloca numa posição pacificadora, fazendo abjeções a ambas as teorias
apresentadas anteriormente e postulando uma nova visão.
O behaviorismo como psicologia científica
do comportamento
Neste tópico, veremos o surgimento do behaviorismo, suas ideias basais e
as teorias mais importantes para entender esse assunto. Você encontrará
também ideias sobre Watson e Skinner, os dois principais teóricos da linha
de pensamento comportamentalista.
O behaviorismo é uma teoria psicológica que surgiu no começo do século XX
como uma forma teórica de tornar o comportamento em si o objeto de estudo
da psicologia. Assim, sua proposta não está interessada no comportamento
apenas como um indicador de fenômenos mentais, como ocorre com outras
escolas psicológicas (MATOS, 1995). Estudiosos da psicologia comportamental
como William M. Baum (2019) consideram que o início do behaviorismo se deu
com a publicação do artigo “Psychology as the behaviorist views it” em 1913,
do norte-americano John Broadus Watson (1878-1958), em que o psicólogo
manifesta sua insatisfação com o método da introspecção e da analogia
para estudos psicológicos. Watson (1913) alega que a introspecção depende
demais do sujeito e isso traz inconfiabilidade para os estudos. Nesse sentido,
manifesta seu descontentamento com a psicologia vigente, considerando
que definir a psicologia como ciência da consciência era o erro que a tornava
confusa e infrutífera. Em sua opinião, para que houvesse avanços na área,
a nova vertente deveria assumir-se uma ciência do comportamento. Desse
modo, deixando de lado os termos referentes à consciência e à mente, os
psicólogos estariam aptos a estudar de fato o comportamento humano.
Watson defendia também a queda do antropocentrismo nas ciências, pois,
em sua visão, nem tudo gira em torno do ser humano, e a psicologia deveria
abarcar o estudo comportamental de todas as espécies animais.
Desde então, o behaviorismo sofreu diversos questionamentos, e mesmo
os behavioristas contemporâneos de Watson discutiam o que constitui e
qual é a origem do comportamento, questões que foram deixadas por ele
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista
2
em aberto (BAUM, 2019). Watson apenas considerava um objeto-alvo de in-
vestigação quando dois ou mais observadores chegassem a um consenso;
caso o contrário, não seria possível manter tal estudo.
Mesmo desaprovando a introspecção e negando-se a estudar critérios
que não fossem confirmadamente observáveis, Watson aceitava
a existência dos processos mentais e cognitivos, mas postulava apenas sua
impossibilidade de estudo (RODRIGUES, 2006).
Após Watson, o behaviorista que mais se destaca é Burrhus Frederic Skinner
(1904-1990). Skinner ia no caminho oposto de muitos behavioristas da época
que focavam seus esforços na adoção de métodos das ciências naturais. Ele
acreditava que uma ciência do comportamento se daria pelo desenvolvimento
de termos e conceitos que proporcionariam explicações verdadeiramente
científicas. Dessa forma, o psicólogo denominou sua corrente behaviorismo
radical, e a corrente oposta, a de Watson, behaviorismo metodológico. As
teorias behavioristas de Skinner invalidam a ideia de livre-arbítrio e reforçam
que os indivíduos não têm poder de comandar seus próprios comportamentos.
Sob essa lógica, assim como em qualquer outra ciência, para que haja uma
ciência do comportamento o objeto de estudo deve ser ordenado, explicado
e previsto sem causas que o façam divergir tornando-o relativo. Isso situa
o behaviorismo como uma teoria dentro do determinismo, tendo em vista o
entendimento de que o comportamento é determinado apenas por fatores
históricos do sujeito (BAUM, 2019).
Por esse prisma, essa determinação do comportamento é um produto
da trajetória pessoal do indivíduo, do histórico de seus antepassados e do
grupo cultural em que está estabelecido (RODRIGUES, 2006). Contudo, essa
concepção skinneriana de sujeito foi vastamente criticada, pois, ao invés de
ser um sujeito determinador de suas ações, o ser humano se torna objeto,
afinal não seria capaz de tomar decisões pelo seu comportamento. Não é
um ser ativo, mas passivo, representando apenas um espelho dos fatores
externos que o envolvem (MICHELETTO; SÉRIO, 1993).
Como visto anteriormente, a concepção de Watson de existência de uma
mente que não pode ser observada ou mensurada leva a uma ideia extrema-
mente dualista da psicologia. A visão dualista pode se tornar incompatível
com a ciência, uma vez que leva a perguntas que não podem ser respondidas
com clareza. No dualismo, concebe-se a ideia de dois mundos opostos, duas
realidades diferentes: uma externa e palpável e outra interna, na forma de
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 3
fenômeno impalpável, como um “força vital”, alma, mente ou espírito. O
mundo externo é natural e o mundo interno, uma vez que separado dele, não
nos permite entender como afeta o mundo natural. Assim, os behavioristas
metodológicos são realistas e acreditam num mundo objetivo separado do
mundo subjetivo. Já os behavioristas radicais são pragmáticos, rejeitando o
dualismo e considerando apenas que a análise do comportamento trabalha
com o mundo em si. Nesse âmbito, o termo mentalismo foi criado por Skinner
para denominar o dualismo que ocorre entre fenômenos objetivos e subjetivos
dentro das áreas da psicologia, tratando-se de mente (BAUM, 2019).
Em 1978, Peter Harzem (1930-2008), psicólogo estudioso do campo beha-
viorista, e o psicólogo inglês Thomas Richard Miles (1923-2008), propuseram
uma classificação que divide o behaviorismo em três variedades: metafísico,
metodológico e analítico. O metafísico defende a inexistência das mentes ou
de eventos mentais; o metodológico concebe existência da mente, mas não a
situa como objeto de estudo; e o analítico, por sua vez, alega que os eventos
mentais, quando analisados, nada mais são que comportamentos em si.
Nesse contexto, a chamada análise do comportamento é uma área da
psicologia que objetiva estudar as interações dos indivíduos com o meio
ambiente. Há também a análise experimental do comportamento, que se
propõe a dialogar com estudos comportamentais envolvendo ambientes
controlados e condicionados, observando seus efeitos conforme variáveis
(TODOROV; HANNA, 2010). Já para a análise do comportamento radical (ou
skinneriana), é preciso dominar alguns conceitos importantes do behaviorismo.
Na visão de Rodrigues (2006), Skinner considera a introspecção um ele-
mento a ser investigado, e encara os eventos internos como comportamentos
privados. Os eventos privados compreendem uma série de fatores que ocorrem
com um indivíduo em momentos que se encontra só e não o relata aos demais.
Os eventos públicos são aqueles que podem ser relatados pelos demais, e
os eventos naturais são aqueles que compreendem as ciências naturais e
ocorrem de forma orgânica. Segundo Baum (2019), Skinner postula que os
eventos privados podem ser incorporados na análise comportamental, mesmo
que com cautela, visto que permanecem com inconfiabilidade por serem
relatados sem uma forma real de atestar sua veracidade. Eventos fictícios
são aqueles que não se pode observar: mente, ânsia, personalidade, humor,
impulso; são todos percebidos a partir do comportamento, mas nunca são
vistos materialmente.
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista
4
De acordo com essa visão, quando uma pessoa é gentil, podemos dizer
que ela tem uma personalidade amigável; todavia, a personalidade
jamais será vista, apenas o comportamento.
Por fim, uma parte importante da análise comportamental proposta por
Skinner é entender o comportamento verbal. Ao fazer um autorrelato de
eventos privados (sentimentos, por exemplo), o indivíduo pode falar que os
tem (o que sente, o que entende estar ocorrendo consigo mesmo); porém,
deve-se analisar a natureza do que foi dito e suas circunstâncias. Pela ver-
balização dos eventos internos, os comportamentos privados poderão ser
estudados; entretanto, será uma tarefa difícil, posto que é demasiadamente
subjetivo e de difícil aquisição (MATOS, 1995).
Neste tópico, vimos como se iniciou e se desenvolveu o behaviorismo e
o que dizem seus principais proponentes. No tópico a seguir, estudaremos a
psicanálise, seu surgimento e conceitos importantes para seu entendimento.
Nele, encontraremos as ideias inovadoras do médico vienense Sigmund Freud,
de modo a trabalhar com os conceitos mais importantes da psicanálise e o
que serviu de base para seu surgimento.
O surgimento da psicanálise e sua relação
com o behaviorismo
Para compreender como a psicanálise surgiu e como se desenvolveu, é inte-
ressante destacar alguns marcos históricos que evidenciam seu nascimento
e sua evolução enquanto corrente de pensamento na psicologia. Para tanto,
será utilizada uma linha temporal proposta por Jorge (2017).
	
„ A psicanálise origina-se no final do século XIX e começo do século XX
com as obras de Sigmund Freud (1856-1939). Foi uma época de irrom-
pimento da modernidade e crescimento notável do discurso científico
sobre o teológico.
	
„ A segunda metade do século XIX representa uma era de avanços no
campo médico; as intercorrências da mente começam a ser reconhe-
cidas como processos patológicos e não mais de maneira religiosa:
o que antes era entendido como possessão demoníaca passa a ser
conhecido como histeria.
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 5
„ Freud era um jovem médico quando começou seus estudos sobre o
tratamento de pacientes histéricas por meio de hipnose com Jean-
-Martin Charcot (1825-1893), na França. Charcot foi um notável psiquiatra
e neurologista que tratava a histeria pela hipnose, tendo sido um dos
mestres de Freud.
	
„ Em artigo escrito em 1890, intitulado “Tratamento psíquico (ou mental)”,
Freud cita que durante as reuniões organizadas por Charcot em sua
casa no Boulevard Saint-Germain, ouviu inúmeras vezes seus mestres
comentarem jocosamente a importância da sexualidade na gênese dos
sintomas de histeria. Porém, o tom de pilhéria de tais comentários não
davam espaço para que fossem levados a fundo e teorizados.
	
„ Ainda no ano de 1890, mesmo antes de ter desenvolvido a teoria da
sexualidade que serve de base para toda a psicanálise, Freud já afir-
mava o poder da linguagem no tratamento psíquico, usando o termo
“mágica” para descrever o desparecimento dos sintomas de histeria
em pacientes que verbalizavam suas queixas, alegando o poder das
palavras.
	
„ Em 1900, Freud publica sua primeira obra psicanalítica, A interpretação
dos sonhos, que é considerado o marco inicial da psicanálise.
De acordo com Jorge (2017), Freud lançou as bases da psicanálise tratando
também da relação entre transferência e o poder das palavras. Iniciou seus
estudos interessado pela hipnose, e após a orientação em Paris seu foco
de estudos tornou-se a histeria. O fenômeno da histeria de destacava pela
Europa, e ao procurar desvendar o sofrimento psíquico de pacientes histé-
ricas, Freud começou a construir conceitos que fundamentam a psicanálise.
Observando as queixas, entendia o sintoma como algo que traz angústia ao
indivíduo e tem origem em conflitos entre desejos e senso de autopreservação.
Nesses estudos com seus primeiros pacientes, Freud desvendou uma até
então desconhecida parte da psique humana, que chamou de inconsciente.
Posteriormente, teorizou que o inconsciente é responsável pela edificação da
subjetividade, sendo uma fase inevitável e natural dos processos psíquicos.
Os atos psíquicos iniciam-se no inconsciente e vêm à consciência ou não
dependendo da existência ou ausência de barreiras. Dessa forma, Freud
determinou que os sintomas histéricos são uma maneira de apresentação
do inconsciente, a partir de fatores que estavam incubados nessa instância
psíquica (MELO; ALMEIDA, 2020).
Para Freud, há áreas da vida anímica que ele denominou ego, ou eu. Ao ego
cabe a função de autopreservação, sendo também a parte mais externa do
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista
6
aparelho psíquico. Ao perceber os estímulos exteriores, guarda as experiências
vivenciadas. O ego, através da fuga, evade-se de estímulos intensos demais;
por adaptação, vivencia os estímulos moderados e modifica o mundo exterior
de modo conveniente para si. Tratando-se de mundo interior, o ego controla-
-o dominando as pulsões e decidindo se elas serão satisfeitas ou não. A
satisfação das pulsões pode ser adiada para um momento oportuno ou pode
ser reprimida totalmente no inconsciente, causando angústia, e, por sua vez,
os sintomas associados (FREUD, 2014). Freud a classifica a pulsão como um
impulso proveniente do mundo interno, agindo diretamente sobre o anímico
e requirindo formas diferentes dos estímulos fisiológicos para ser sanada. Os
estímulos fisiológicos sensoriais agem no arco reflexo neuronal diretamente,
enquanto as pulsões têm a ver com vontade e libido, representando forças
psíquicas (FREUD, 2013).
Como aponta Melo e Almeida (2020), dentre as propostas teóricas de
Freud, o conceito de pulsões merece destaque. Trata-se de algo presente
desde a tenra infância e que permeia a vida da criança ao longo de fases do
desenvolvimento sexual. Em cada uma dessas fases, a criança tem uma relação
diferente com o exterior. A primeira fase do desenvolvimento é denominada
fase oral, quando a zona erógena é a boca e a oralidade é a forma de satisfa-
ção da pulsão estabelecida. A criança desenvolve atos de sucção, e mesmo a
amamentação passa a ser mais que natural, também é uma apreensão de afeto.
A próxima fase é a anal sádica, quando se desenvolve muitas vezes o hábito
de manuseio das fezes. Na fase anal, há impulsos agressivos e destrutivos.
A terceira fase é a fálica, estágio em que se inicia a evidenciação das
diferenças sexuais entre os sexos. Nessa fase, o menino entra na relação
edipiana, e após isso entra no período de latência, em que a libido (ener-
gia) se concentrará em atos secundários e não referentes à zona erógena
genital. No amadurecimento sexual (entrada da fase genital), essa energia é
redirecionada à função sexual propriamente dita. Na menina, por sua vez, o
estádio fálico ocorre de forma distinta, e não há representação psíquica. É
necessário para ela, então, ir à erotização vaginal e não à clitoriana, que seria
o correspondente do falo. Abandona o caráter de pulsão ativa por confirmar
sua inferioridade anatômica e transforma suas pulsões sexuais em passivas.
Ela sente inveja do pênis, e acredita que ele foi retirado dela. Freud fala sobre
inveja caracterizando o pênis como os privilégios sociais vigentes aos homens
e negados às mulheres (MELO; ALMEIDA, 2020).
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 7
Vimos anteriormente que o behaviorismo é uma instância da psi-
cologia que nega a subjetividade, assume uma linha determinista
e tenta fundar uma ciência pragmática ao extremo, usando a análise dos com-
portamentos que são moldados pelo ambiente de forma racional. Por sua vez,
na psicanálise podemos notar que o cerne se dá justamente pelo subjetivo:
os processos psíquicos complexos que ocorrem com cada indivíduo. Sob a
perspectiva psicanalítica, os comportamentos são explicados como eventos
que acontecem no interior do sujeito, de forma inconsciente; já o behaviorismo
explica os comportamentos apenas pelo que ocorre de forma exterior ao sujeito,
que é determinado por hereditariedade e ambiente (JOÃO, 2010).
Neste tópico, conhecemos o início da carreira do médico Freud e a origem
da psicanálise e seus princípios, examinando suas contribuições para uma
nova noção de psique. No tópico a seguir, veremos as objeções da teoria hu-
manista às duas teorias apresentadas anteriormente. No último tópico deste
capítulo, estudaremos como se deu o surgimento da psicologia humanista a
partir de críticas à psicanálise e ao behaviorismo, conhecendo as principais
ideias dessa nova psicologia e se seus fundadores Maslow e Rogers.
O humanismo como uma nova forma de
compreender o ser humano
O termo humanismo serve para designar um viés filosófico que valoriza e tenta
compreender e pensar o ser humano pelo que mais o caracteriza. Em termos
gerais, podemos chamar de humanismo qualquer doutrina que analise o ser
humano pelas suas características singulares e que o distinguem dos outros
seres, incluindo doutrinas que entendam o ser humano em sua existência
extremamente particular. Mais especificamente, o movimento da psicologia
humanista nasceu nos Estados Unidos e teve seus primeiros trabalhos pu-
blicados na década de 1940, mas seu reconhecimento foi obtido apenas na
década subsequente (BUYS, 2006).
Abraham Harold Maslow (1908-1970) foi um dos pioneiros da psicologia hu-
manista, tendo sido aluno de Edward Bradford Titchener, um dos precursores
da psicologia experimental nos Estados Unidos. Mesmo nessa época, já ficou
um tanto decepcionado com a psicologia científica. Formou-se doutor pela
Universidade de Wisconsin, desenvolvendo então estudos sobre psicanálise
e análises comportamentais. Foi influenciado pela psicologia da gestalt e,
insatisfeito com o behaviorismo e a psicanálise, resolveu criar uma proposta
alternativa aos dois campos da psicologia mais proeminentes à época.
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista
8
Maslow pode ser reconhecido como o principal fundador da psi-
cologia humanista, porque, após ter artigos negados nas revistas
convencionais da American Psychological Association (APA), criou uma lista com
nomes de outros psicólogos que ultrapassavam os conceitos da dupla vigente
(comportamental e psicanálise) para que se juntassem para publicarem juntos.
Em 1961, finalmente foi criado o Journal of Humanistic Psychology, e com isso
a psicologia humanista estava agora dentro da APA, tendo a possibilidade de
fazer suas pesquisas fora do campo pós-positivista que reinava na psicologia
(vide psicologia comportamental) (BRANCO; SILVA, 2017).
Os humanistas acreditavam que a forma como o behaviorismo enxerga o
ser humano é extremamente desumanizadora, numa abordagem artificial e
limitada que reduz as pessoas a animais ou máquinas. Segundo essa visão,
mesmo que fosse possível o behaviorismo construir um inventário inteiro dos
diversos comportamentos humanos, ainda assim não seria uma descrição
suficiente do âmago humano. Os humanistas também faziam oposição à
psicanálise freudiana. As principais críticas giravam em torno do papel da
consciência ser minimizada demais e por Freud estudar apenas sujeitos psi-
cóticos e neuróticos. De acordo com essa argumentação, ao estudar apenas
disfunções, não era possível compreender a saúde mental e as virtudes do
ser humano. Forças exclusivamente humanas como perseverança, genero-
sidade, bondade, alegria seriam simplesmente excluídas, e a única imagem
da psique humana seria voltada para traumas, natureza sexual e angústia
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2020).
Como citado por Branco e Silva (2017), os humanistas cultivavam pressu-
posições positivas sobre os seres humanos e sobre como poderiam prosperar
em qualquer ambiente, mesmo naqueles adversos, desde que estivessem
motivados e prontos para satisfazerem suas demandas. Nesse âmbito, Mas-
low criticava o determinismo e postulava que, quando são, o indivíduo pode
ultrapassar as condições culturais e sociais em que se encontra e substituir
seus valores (BUYS, 2006).
Nesse sentido, Frick (1975, p. 25) classifica a psicologia humanista como:
[...] uma vigorosa “terceira força” em psicologia, [que] surgiu como veemente ex-
pressão de protesto contra as imagens limitadas e limitadoras do homem exibidas
pelas duas outras principais escolas de psicologia: a psicanálise e o behaviorismo.
Conquanto não negue suas importantes contribuições, a psicologia humanista
sustenta a posição de que as imagens do homem apresentadas por esses dois
sistemas teóricos apenas são como páginas arrancadas de um livro, partes que
contribuem para um todo maior e, portanto, incompletas.
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 9
Além de Maslow, Carl Ransom Rogers (1902-1987) foi um dos mais notáveis
psicólogos humanistas. A ideia principal de seus trabalhos girava em torno
da tendência atualizante, que, segundo ele, é uma propensão inata dos
seres a desenvolver maturidade, atualizar potencialidades e crescer. Para o
referido psicólogo norte-americano, o papel do psicoterapeuta deveria ser a
facilitação do crescimento humano, fornecendo as condições necessárias para
que haja compreensão empática e aceitação positiva incondicional. Ademais,
trabalhou durante a vida inteira na abordagem centrada na pessoa (ACP), que
é um método de psicoterapia que não apresenta uma técnica-padrão, em que
apenas devem ser seguidas as condições facilitadoras postuladas por Rogers,
confiando que cada indivíduo vislumbrará os melhores caminhos para tomar.
Para isso, o psicólogo deve se colocar como um companheiro na procura da
direção ideal, e não como um guia (BRITO; MOREIRA, 2011).
Podemos perceber como a história da psicologia, apesar das divergências,
se mantém coerente e coesa em seu ideal de cientificidade de método empírico
e de embasamento teórico. O behaviorismo compreende, de maneira geral, o
comportamento como o objeto positivo capaz de ser alcançado, compreendido
e descrito por uma ciência psicológica. Sendo o comportamento humano um
objeto positivo, a psicologia se enquadraria no escopo das ciências positi-
vistas. Ademais, essa delimitação do estudo permitiu também determinar o
que é ser humano para os psicólogos dessa linhagem de pensamento. Já a
psicanálise pode ser compreendida, em comparação, como o oposto, pois seu
objeto de estudo é abstrato: o inconsciente. Por fim, o humanismo surge como
uma terceira via, opondo-se às anteriores ao mesmo tempo que as concilia,
compreendendo a realidade humana de maneira holística: o indivíduo é um
todo e, como a própria palavra define, indivisível em partes menores.
Referências
BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura, evolução. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2019.
BRANCO, P. C. C.; SILVA, L. X. B. Psicologia humanista de Abraham Maslow: recepção
e circulação no Brasil. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 23, n. 2, p. 189-199, 2017.
BRITO, R. M. M.; MOREIRA, V. “Ser o que se é” na psicoterapia de Carl Rogers: um estado
ou um processo? Memorandum, n. 20, p. 201-210, 2011.
BUYS, R. C. A psicologia humanista. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F.
T. (org.). História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2006. p. 339-348.
FREUD, S. As pulsões e seus destinos. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
FREUD, S. Compêndio de psicanálise e outros escritos inacabados. Belo Horizonte:
Autêntica, 2014. (Obras Incompletas de Sigmund Freud).
Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista
10
FRICK, W. Psicologia humanista: entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de
Janeiro: Zahar, 1975.
JOÃO, R. B. Behaviorismo radical e psicanálise: (im)possilidades de articulação con-
ceitual. Universitas: Ciências da Saúde, v. 8, n. 1, p. 111-134, 2010.
JORGE, M. A. C. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: a prática analítica. Rio
de Janeiro: Zahar, 2017. v. 3.
MATOS, M. A. O behaviorismo metodológico e suas relações com o mentalismo e o
behaviorismo radical. In: RANGÉ, B. (org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva:
pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: Psy, 1995. p. 27-34.
MELO, J. R.; ALMEIDA, M. T. F. O surgimento da psicanálise: uma escuta do sintoma e da
histeria. Psicologia em Ênfase, v. 1, n. 2, p. 96-106, 2020.
MICHELETTO, N.; SÉRIO, T. M. A. P. Homem: objeto ou sujeito para skinner? Temas em
Psicologia, v. 1, n. 2, p. 11-21, 1993.
RODRIGUES, M. E. Behaviorismo: mitos, discordâncias, conceitos e preconceitos. Educere
et Educare, v. 1, n. 2, p. 141-164, 2006.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage, 2020.
TODOROV, J. C.; HANNA, E. S. Análise do comportamento no Brasil. Psicologia: Teoria e
Pesquisa, v. 26, p. 143-153, 2010.
WATSON, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychological Review, v. 20, p.
158-177, 1913.
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Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 11
Teorias Psicológicas Behaviorismo, Psicanálise e Humanismo

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Teorias Psicológicas Behaviorismo, Psicanálise e Humanismo

  • 2. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Descrever os preceitos básicos do behaviorismo, da psicologia humanista e da psicanálise. > Estabelecer um paralelo entre as perspectivas da subjetividade propostas pelas três teorias. > Identificar semelhanças e diferenças na concepção de sujeito entre as três correntes teóricas. Introdução Após o surgimento da psicologia experimental e sua emancipação como ciência, diferentes teóricos dos estudos da psique humana criaram objeções referentes a como buscar uma psicologia ainda mais científica e precisa, dando início ao behaviorismo nos Estados Unidos. Na Europa, igualmente com a intenção de crescimento e evolução da área, nascia a psicanálise, guiada pelo jovem médico Sigmund Freud. Depois que essas duas linhas se tornaram fortes teorias na psicologia, ocorreu o surgimento de uma terceira via igualmente elaborada: a psicologia humanista, que chega para dar uma imagem diferente da natureza humana, de forma até mesmo conciliadora. Neste capítulo, você lerá sobre as contribuições dos teóricos do beha- viorismo, da psicanálise e da psicologia humanista. Serão apresentadas as Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista Igor Boito Teixeira
  • 3. principais ideias motivadoras de cada uma das escolas dessa grande tríade de pensamento na psicologia. Iniciaremos com o behaviorismo e sua concepção altamente objetiva da psicologia. Em seguida, passaremos à psicanálise e à sua perspectiva subjetiva, que se contrapõe ao behaviorismo e ao seu positivismo intrínseco. No tópico final deste capítulo, estudaremos o humanismo, que se coloca numa posição pacificadora, fazendo abjeções a ambas as teorias apresentadas anteriormente e postulando uma nova visão. O behaviorismo como psicologia científica do comportamento Neste tópico, veremos o surgimento do behaviorismo, suas ideias basais e as teorias mais importantes para entender esse assunto. Você encontrará também ideias sobre Watson e Skinner, os dois principais teóricos da linha de pensamento comportamentalista. O behaviorismo é uma teoria psicológica que surgiu no começo do século XX como uma forma teórica de tornar o comportamento em si o objeto de estudo da psicologia. Assim, sua proposta não está interessada no comportamento apenas como um indicador de fenômenos mentais, como ocorre com outras escolas psicológicas (MATOS, 1995). Estudiosos da psicologia comportamental como William M. Baum (2019) consideram que o início do behaviorismo se deu com a publicação do artigo “Psychology as the behaviorist views it” em 1913, do norte-americano John Broadus Watson (1878-1958), em que o psicólogo manifesta sua insatisfação com o método da introspecção e da analogia para estudos psicológicos. Watson (1913) alega que a introspecção depende demais do sujeito e isso traz inconfiabilidade para os estudos. Nesse sentido, manifesta seu descontentamento com a psicologia vigente, considerando que definir a psicologia como ciência da consciência era o erro que a tornava confusa e infrutífera. Em sua opinião, para que houvesse avanços na área, a nova vertente deveria assumir-se uma ciência do comportamento. Desse modo, deixando de lado os termos referentes à consciência e à mente, os psicólogos estariam aptos a estudar de fato o comportamento humano. Watson defendia também a queda do antropocentrismo nas ciências, pois, em sua visão, nem tudo gira em torno do ser humano, e a psicologia deveria abarcar o estudo comportamental de todas as espécies animais. Desde então, o behaviorismo sofreu diversos questionamentos, e mesmo os behavioristas contemporâneos de Watson discutiam o que constitui e qual é a origem do comportamento, questões que foram deixadas por ele Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 2
  • 4. em aberto (BAUM, 2019). Watson apenas considerava um objeto-alvo de in- vestigação quando dois ou mais observadores chegassem a um consenso; caso o contrário, não seria possível manter tal estudo. Mesmo desaprovando a introspecção e negando-se a estudar critérios que não fossem confirmadamente observáveis, Watson aceitava a existência dos processos mentais e cognitivos, mas postulava apenas sua impossibilidade de estudo (RODRIGUES, 2006). Após Watson, o behaviorista que mais se destaca é Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Skinner ia no caminho oposto de muitos behavioristas da época que focavam seus esforços na adoção de métodos das ciências naturais. Ele acreditava que uma ciência do comportamento se daria pelo desenvolvimento de termos e conceitos que proporcionariam explicações verdadeiramente científicas. Dessa forma, o psicólogo denominou sua corrente behaviorismo radical, e a corrente oposta, a de Watson, behaviorismo metodológico. As teorias behavioristas de Skinner invalidam a ideia de livre-arbítrio e reforçam que os indivíduos não têm poder de comandar seus próprios comportamentos. Sob essa lógica, assim como em qualquer outra ciência, para que haja uma ciência do comportamento o objeto de estudo deve ser ordenado, explicado e previsto sem causas que o façam divergir tornando-o relativo. Isso situa o behaviorismo como uma teoria dentro do determinismo, tendo em vista o entendimento de que o comportamento é determinado apenas por fatores históricos do sujeito (BAUM, 2019). Por esse prisma, essa determinação do comportamento é um produto da trajetória pessoal do indivíduo, do histórico de seus antepassados e do grupo cultural em que está estabelecido (RODRIGUES, 2006). Contudo, essa concepção skinneriana de sujeito foi vastamente criticada, pois, ao invés de ser um sujeito determinador de suas ações, o ser humano se torna objeto, afinal não seria capaz de tomar decisões pelo seu comportamento. Não é um ser ativo, mas passivo, representando apenas um espelho dos fatores externos que o envolvem (MICHELETTO; SÉRIO, 1993). Como visto anteriormente, a concepção de Watson de existência de uma mente que não pode ser observada ou mensurada leva a uma ideia extrema- mente dualista da psicologia. A visão dualista pode se tornar incompatível com a ciência, uma vez que leva a perguntas que não podem ser respondidas com clareza. No dualismo, concebe-se a ideia de dois mundos opostos, duas realidades diferentes: uma externa e palpável e outra interna, na forma de Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 3
  • 5. fenômeno impalpável, como um “força vital”, alma, mente ou espírito. O mundo externo é natural e o mundo interno, uma vez que separado dele, não nos permite entender como afeta o mundo natural. Assim, os behavioristas metodológicos são realistas e acreditam num mundo objetivo separado do mundo subjetivo. Já os behavioristas radicais são pragmáticos, rejeitando o dualismo e considerando apenas que a análise do comportamento trabalha com o mundo em si. Nesse âmbito, o termo mentalismo foi criado por Skinner para denominar o dualismo que ocorre entre fenômenos objetivos e subjetivos dentro das áreas da psicologia, tratando-se de mente (BAUM, 2019). Em 1978, Peter Harzem (1930-2008), psicólogo estudioso do campo beha- viorista, e o psicólogo inglês Thomas Richard Miles (1923-2008), propuseram uma classificação que divide o behaviorismo em três variedades: metafísico, metodológico e analítico. O metafísico defende a inexistência das mentes ou de eventos mentais; o metodológico concebe existência da mente, mas não a situa como objeto de estudo; e o analítico, por sua vez, alega que os eventos mentais, quando analisados, nada mais são que comportamentos em si. Nesse contexto, a chamada análise do comportamento é uma área da psicologia que objetiva estudar as interações dos indivíduos com o meio ambiente. Há também a análise experimental do comportamento, que se propõe a dialogar com estudos comportamentais envolvendo ambientes controlados e condicionados, observando seus efeitos conforme variáveis (TODOROV; HANNA, 2010). Já para a análise do comportamento radical (ou skinneriana), é preciso dominar alguns conceitos importantes do behaviorismo. Na visão de Rodrigues (2006), Skinner considera a introspecção um ele- mento a ser investigado, e encara os eventos internos como comportamentos privados. Os eventos privados compreendem uma série de fatores que ocorrem com um indivíduo em momentos que se encontra só e não o relata aos demais. Os eventos públicos são aqueles que podem ser relatados pelos demais, e os eventos naturais são aqueles que compreendem as ciências naturais e ocorrem de forma orgânica. Segundo Baum (2019), Skinner postula que os eventos privados podem ser incorporados na análise comportamental, mesmo que com cautela, visto que permanecem com inconfiabilidade por serem relatados sem uma forma real de atestar sua veracidade. Eventos fictícios são aqueles que não se pode observar: mente, ânsia, personalidade, humor, impulso; são todos percebidos a partir do comportamento, mas nunca são vistos materialmente. Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 4
  • 6. De acordo com essa visão, quando uma pessoa é gentil, podemos dizer que ela tem uma personalidade amigável; todavia, a personalidade jamais será vista, apenas o comportamento. Por fim, uma parte importante da análise comportamental proposta por Skinner é entender o comportamento verbal. Ao fazer um autorrelato de eventos privados (sentimentos, por exemplo), o indivíduo pode falar que os tem (o que sente, o que entende estar ocorrendo consigo mesmo); porém, deve-se analisar a natureza do que foi dito e suas circunstâncias. Pela ver- balização dos eventos internos, os comportamentos privados poderão ser estudados; entretanto, será uma tarefa difícil, posto que é demasiadamente subjetivo e de difícil aquisição (MATOS, 1995). Neste tópico, vimos como se iniciou e se desenvolveu o behaviorismo e o que dizem seus principais proponentes. No tópico a seguir, estudaremos a psicanálise, seu surgimento e conceitos importantes para seu entendimento. Nele, encontraremos as ideias inovadoras do médico vienense Sigmund Freud, de modo a trabalhar com os conceitos mais importantes da psicanálise e o que serviu de base para seu surgimento. O surgimento da psicanálise e sua relação com o behaviorismo Para compreender como a psicanálise surgiu e como se desenvolveu, é inte- ressante destacar alguns marcos históricos que evidenciam seu nascimento e sua evolução enquanto corrente de pensamento na psicologia. Para tanto, será utilizada uma linha temporal proposta por Jorge (2017). „ A psicanálise origina-se no final do século XIX e começo do século XX com as obras de Sigmund Freud (1856-1939). Foi uma época de irrom- pimento da modernidade e crescimento notável do discurso científico sobre o teológico. „ A segunda metade do século XIX representa uma era de avanços no campo médico; as intercorrências da mente começam a ser reconhe- cidas como processos patológicos e não mais de maneira religiosa: o que antes era entendido como possessão demoníaca passa a ser conhecido como histeria. Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 5
  • 7. „ Freud era um jovem médico quando começou seus estudos sobre o tratamento de pacientes histéricas por meio de hipnose com Jean- -Martin Charcot (1825-1893), na França. Charcot foi um notável psiquiatra e neurologista que tratava a histeria pela hipnose, tendo sido um dos mestres de Freud. „ Em artigo escrito em 1890, intitulado “Tratamento psíquico (ou mental)”, Freud cita que durante as reuniões organizadas por Charcot em sua casa no Boulevard Saint-Germain, ouviu inúmeras vezes seus mestres comentarem jocosamente a importância da sexualidade na gênese dos sintomas de histeria. Porém, o tom de pilhéria de tais comentários não davam espaço para que fossem levados a fundo e teorizados. „ Ainda no ano de 1890, mesmo antes de ter desenvolvido a teoria da sexualidade que serve de base para toda a psicanálise, Freud já afir- mava o poder da linguagem no tratamento psíquico, usando o termo “mágica” para descrever o desparecimento dos sintomas de histeria em pacientes que verbalizavam suas queixas, alegando o poder das palavras. „ Em 1900, Freud publica sua primeira obra psicanalítica, A interpretação dos sonhos, que é considerado o marco inicial da psicanálise. De acordo com Jorge (2017), Freud lançou as bases da psicanálise tratando também da relação entre transferência e o poder das palavras. Iniciou seus estudos interessado pela hipnose, e após a orientação em Paris seu foco de estudos tornou-se a histeria. O fenômeno da histeria de destacava pela Europa, e ao procurar desvendar o sofrimento psíquico de pacientes histé- ricas, Freud começou a construir conceitos que fundamentam a psicanálise. Observando as queixas, entendia o sintoma como algo que traz angústia ao indivíduo e tem origem em conflitos entre desejos e senso de autopreservação. Nesses estudos com seus primeiros pacientes, Freud desvendou uma até então desconhecida parte da psique humana, que chamou de inconsciente. Posteriormente, teorizou que o inconsciente é responsável pela edificação da subjetividade, sendo uma fase inevitável e natural dos processos psíquicos. Os atos psíquicos iniciam-se no inconsciente e vêm à consciência ou não dependendo da existência ou ausência de barreiras. Dessa forma, Freud determinou que os sintomas histéricos são uma maneira de apresentação do inconsciente, a partir de fatores que estavam incubados nessa instância psíquica (MELO; ALMEIDA, 2020). Para Freud, há áreas da vida anímica que ele denominou ego, ou eu. Ao ego cabe a função de autopreservação, sendo também a parte mais externa do Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 6
  • 8. aparelho psíquico. Ao perceber os estímulos exteriores, guarda as experiências vivenciadas. O ego, através da fuga, evade-se de estímulos intensos demais; por adaptação, vivencia os estímulos moderados e modifica o mundo exterior de modo conveniente para si. Tratando-se de mundo interior, o ego controla- -o dominando as pulsões e decidindo se elas serão satisfeitas ou não. A satisfação das pulsões pode ser adiada para um momento oportuno ou pode ser reprimida totalmente no inconsciente, causando angústia, e, por sua vez, os sintomas associados (FREUD, 2014). Freud a classifica a pulsão como um impulso proveniente do mundo interno, agindo diretamente sobre o anímico e requirindo formas diferentes dos estímulos fisiológicos para ser sanada. Os estímulos fisiológicos sensoriais agem no arco reflexo neuronal diretamente, enquanto as pulsões têm a ver com vontade e libido, representando forças psíquicas (FREUD, 2013). Como aponta Melo e Almeida (2020), dentre as propostas teóricas de Freud, o conceito de pulsões merece destaque. Trata-se de algo presente desde a tenra infância e que permeia a vida da criança ao longo de fases do desenvolvimento sexual. Em cada uma dessas fases, a criança tem uma relação diferente com o exterior. A primeira fase do desenvolvimento é denominada fase oral, quando a zona erógena é a boca e a oralidade é a forma de satisfa- ção da pulsão estabelecida. A criança desenvolve atos de sucção, e mesmo a amamentação passa a ser mais que natural, também é uma apreensão de afeto. A próxima fase é a anal sádica, quando se desenvolve muitas vezes o hábito de manuseio das fezes. Na fase anal, há impulsos agressivos e destrutivos. A terceira fase é a fálica, estágio em que se inicia a evidenciação das diferenças sexuais entre os sexos. Nessa fase, o menino entra na relação edipiana, e após isso entra no período de latência, em que a libido (ener- gia) se concentrará em atos secundários e não referentes à zona erógena genital. No amadurecimento sexual (entrada da fase genital), essa energia é redirecionada à função sexual propriamente dita. Na menina, por sua vez, o estádio fálico ocorre de forma distinta, e não há representação psíquica. É necessário para ela, então, ir à erotização vaginal e não à clitoriana, que seria o correspondente do falo. Abandona o caráter de pulsão ativa por confirmar sua inferioridade anatômica e transforma suas pulsões sexuais em passivas. Ela sente inveja do pênis, e acredita que ele foi retirado dela. Freud fala sobre inveja caracterizando o pênis como os privilégios sociais vigentes aos homens e negados às mulheres (MELO; ALMEIDA, 2020). Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 7
  • 9. Vimos anteriormente que o behaviorismo é uma instância da psi- cologia que nega a subjetividade, assume uma linha determinista e tenta fundar uma ciência pragmática ao extremo, usando a análise dos com- portamentos que são moldados pelo ambiente de forma racional. Por sua vez, na psicanálise podemos notar que o cerne se dá justamente pelo subjetivo: os processos psíquicos complexos que ocorrem com cada indivíduo. Sob a perspectiva psicanalítica, os comportamentos são explicados como eventos que acontecem no interior do sujeito, de forma inconsciente; já o behaviorismo explica os comportamentos apenas pelo que ocorre de forma exterior ao sujeito, que é determinado por hereditariedade e ambiente (JOÃO, 2010). Neste tópico, conhecemos o início da carreira do médico Freud e a origem da psicanálise e seus princípios, examinando suas contribuições para uma nova noção de psique. No tópico a seguir, veremos as objeções da teoria hu- manista às duas teorias apresentadas anteriormente. No último tópico deste capítulo, estudaremos como se deu o surgimento da psicologia humanista a partir de críticas à psicanálise e ao behaviorismo, conhecendo as principais ideias dessa nova psicologia e se seus fundadores Maslow e Rogers. O humanismo como uma nova forma de compreender o ser humano O termo humanismo serve para designar um viés filosófico que valoriza e tenta compreender e pensar o ser humano pelo que mais o caracteriza. Em termos gerais, podemos chamar de humanismo qualquer doutrina que analise o ser humano pelas suas características singulares e que o distinguem dos outros seres, incluindo doutrinas que entendam o ser humano em sua existência extremamente particular. Mais especificamente, o movimento da psicologia humanista nasceu nos Estados Unidos e teve seus primeiros trabalhos pu- blicados na década de 1940, mas seu reconhecimento foi obtido apenas na década subsequente (BUYS, 2006). Abraham Harold Maslow (1908-1970) foi um dos pioneiros da psicologia hu- manista, tendo sido aluno de Edward Bradford Titchener, um dos precursores da psicologia experimental nos Estados Unidos. Mesmo nessa época, já ficou um tanto decepcionado com a psicologia científica. Formou-se doutor pela Universidade de Wisconsin, desenvolvendo então estudos sobre psicanálise e análises comportamentais. Foi influenciado pela psicologia da gestalt e, insatisfeito com o behaviorismo e a psicanálise, resolveu criar uma proposta alternativa aos dois campos da psicologia mais proeminentes à época. Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 8
  • 10. Maslow pode ser reconhecido como o principal fundador da psi- cologia humanista, porque, após ter artigos negados nas revistas convencionais da American Psychological Association (APA), criou uma lista com nomes de outros psicólogos que ultrapassavam os conceitos da dupla vigente (comportamental e psicanálise) para que se juntassem para publicarem juntos. Em 1961, finalmente foi criado o Journal of Humanistic Psychology, e com isso a psicologia humanista estava agora dentro da APA, tendo a possibilidade de fazer suas pesquisas fora do campo pós-positivista que reinava na psicologia (vide psicologia comportamental) (BRANCO; SILVA, 2017). Os humanistas acreditavam que a forma como o behaviorismo enxerga o ser humano é extremamente desumanizadora, numa abordagem artificial e limitada que reduz as pessoas a animais ou máquinas. Segundo essa visão, mesmo que fosse possível o behaviorismo construir um inventário inteiro dos diversos comportamentos humanos, ainda assim não seria uma descrição suficiente do âmago humano. Os humanistas também faziam oposição à psicanálise freudiana. As principais críticas giravam em torno do papel da consciência ser minimizada demais e por Freud estudar apenas sujeitos psi- cóticos e neuróticos. De acordo com essa argumentação, ao estudar apenas disfunções, não era possível compreender a saúde mental e as virtudes do ser humano. Forças exclusivamente humanas como perseverança, genero- sidade, bondade, alegria seriam simplesmente excluídas, e a única imagem da psique humana seria voltada para traumas, natureza sexual e angústia (SCHULTZ; SCHULTZ, 2020). Como citado por Branco e Silva (2017), os humanistas cultivavam pressu- posições positivas sobre os seres humanos e sobre como poderiam prosperar em qualquer ambiente, mesmo naqueles adversos, desde que estivessem motivados e prontos para satisfazerem suas demandas. Nesse âmbito, Mas- low criticava o determinismo e postulava que, quando são, o indivíduo pode ultrapassar as condições culturais e sociais em que se encontra e substituir seus valores (BUYS, 2006). Nesse sentido, Frick (1975, p. 25) classifica a psicologia humanista como: [...] uma vigorosa “terceira força” em psicologia, [que] surgiu como veemente ex- pressão de protesto contra as imagens limitadas e limitadoras do homem exibidas pelas duas outras principais escolas de psicologia: a psicanálise e o behaviorismo. Conquanto não negue suas importantes contribuições, a psicologia humanista sustenta a posição de que as imagens do homem apresentadas por esses dois sistemas teóricos apenas são como páginas arrancadas de um livro, partes que contribuem para um todo maior e, portanto, incompletas. Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 9
  • 11. Além de Maslow, Carl Ransom Rogers (1902-1987) foi um dos mais notáveis psicólogos humanistas. A ideia principal de seus trabalhos girava em torno da tendência atualizante, que, segundo ele, é uma propensão inata dos seres a desenvolver maturidade, atualizar potencialidades e crescer. Para o referido psicólogo norte-americano, o papel do psicoterapeuta deveria ser a facilitação do crescimento humano, fornecendo as condições necessárias para que haja compreensão empática e aceitação positiva incondicional. Ademais, trabalhou durante a vida inteira na abordagem centrada na pessoa (ACP), que é um método de psicoterapia que não apresenta uma técnica-padrão, em que apenas devem ser seguidas as condições facilitadoras postuladas por Rogers, confiando que cada indivíduo vislumbrará os melhores caminhos para tomar. Para isso, o psicólogo deve se colocar como um companheiro na procura da direção ideal, e não como um guia (BRITO; MOREIRA, 2011). Podemos perceber como a história da psicologia, apesar das divergências, se mantém coerente e coesa em seu ideal de cientificidade de método empírico e de embasamento teórico. O behaviorismo compreende, de maneira geral, o comportamento como o objeto positivo capaz de ser alcançado, compreendido e descrito por uma ciência psicológica. Sendo o comportamento humano um objeto positivo, a psicologia se enquadraria no escopo das ciências positi- vistas. Ademais, essa delimitação do estudo permitiu também determinar o que é ser humano para os psicólogos dessa linhagem de pensamento. Já a psicanálise pode ser compreendida, em comparação, como o oposto, pois seu objeto de estudo é abstrato: o inconsciente. Por fim, o humanismo surge como uma terceira via, opondo-se às anteriores ao mesmo tempo que as concilia, compreendendo a realidade humana de maneira holística: o indivíduo é um todo e, como a própria palavra define, indivisível em partes menores. Referências BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura, evolução. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. BRANCO, P. C. C.; SILVA, L. X. B. Psicologia humanista de Abraham Maslow: recepção e circulação no Brasil. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 23, n. 2, p. 189-199, 2017. BRITO, R. M. M.; MOREIRA, V. “Ser o que se é” na psicoterapia de Carl Rogers: um estado ou um processo? Memorandum, n. 20, p. 201-210, 2011. BUYS, R. C. A psicologia humanista. In: JACÓ-VILELA, A. M.; FERREIRA, A. A. L.; PORTUGAL, F. T. (org.). História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2006. p. 339-348. FREUD, S. As pulsões e seus destinos. Belo Horizonte: Autêntica, 2013. FREUD, S. Compêndio de psicanálise e outros escritos inacabados. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. (Obras Incompletas de Sigmund Freud). Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 10
  • 12. FRICK, W. Psicologia humanista: entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. JOÃO, R. B. Behaviorismo radical e psicanálise: (im)possilidades de articulação con- ceitual. Universitas: Ciências da Saúde, v. 8, n. 1, p. 111-134, 2010. JORGE, M. A. C. Fundamentos da psicanálise de Freud a Lacan: a prática analítica. Rio de Janeiro: Zahar, 2017. v. 3. MATOS, M. A. O behaviorismo metodológico e suas relações com o mentalismo e o behaviorismo radical. In: RANGÉ, B. (org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: Psy, 1995. p. 27-34. MELO, J. R.; ALMEIDA, M. T. F. O surgimento da psicanálise: uma escuta do sintoma e da histeria. Psicologia em Ênfase, v. 1, n. 2, p. 96-106, 2020. MICHELETTO, N.; SÉRIO, T. M. A. P. Homem: objeto ou sujeito para skinner? Temas em Psicologia, v. 1, n. 2, p. 11-21, 1993. RODRIGUES, M. E. Behaviorismo: mitos, discordâncias, conceitos e preconceitos. Educere et Educare, v. 1, n. 2, p. 141-164, 2006. SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage, 2020. TODOROV, J. C.; HANNA, E. S. Análise do comportamento no Brasil. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, p. 143-153, 2010. WATSON, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychological Review, v. 20, p. 158-177, 1913. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Psicanálise, o behaviorismo e psicologia humanista 11